Exames Clínicos Dos Pares Cranianos - Monografia
Exames Clínicos Dos Pares Cranianos - Monografia
Exames Clínicos Dos Pares Cranianos - Monografia
Janduy Souza
Juliana A. Chile
Jurraine Herculano
Kim Costa Barros
Luciano Reciputti
Nathalia Vétere
Turma 1
RIO DE JANEIRO
2010
RIO DE JANEIRO
2
2010
AVALIADORES
________________________________
Professor Geraldo de Oliveira Júnior e Professor Luciano A. Favorito
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
3
RESUMO
4
ABSTRACT
This study aims to describe the main clinical exams realized in the medical
daily routine to evaluate the cranial nerves, with special focus on their anatomy. It is
hoped to demonstrate the importance of the anatomical knowledge concerning this
structures to give a precise and conscious diagnoses.
Besides, it is relevante to emphasize the importance of a good clinical practice
to avoid unnecessary and expensive use of technological resources.
For this, we used the medical literature and as a mean of research and
knowledge acquisition. It is hoped, therefore, that the topic is fully explained and that
their issues are very clear by the end of this paper.
5
SUMÁRIO
1. Introdução..............................................................................................................08
2. Desenvolvimento....................................................................................................09
2.1 Os nervos cranianos..................................................................................09
2.2 Componentes funcionais dos nervos cranianos........................................10
2.3. Anatomia e trajeto dos nervos cranianos.................................................11
2.3.1 Nervo Olfatório (NC I).....................................................................11
2.3.2 Nervo Óptico (NC II).......................................................................12
2.3.3 Nervo Oculomotor (NC III)..............................................................17
2.3.4 Nervo Troclear (NC IV)...................................................................18
2.3.5 Nervo Trigêmeo (NC V)..................................................................19
2.3.6 Nervo Abducente (NC VI)...............................................................22
2.3.7 Nervo Facial (NC VII.......................................................................22
2.3.8 Nervo Vestibulococlear (NC VIII)....................................................24
2.3.9 Nervo Glossofaríngeo (NC IX)........................................................27
2.3.10 Nervo Vago (NC X).......................................................................29
2.3.11 Nervo Acessório (NC XI)..............................................................34
2.3.12 Nervo Hipoglosso (NC XII)...........................................................35
3. Exames clínicos dos nervos cranianos..................................................................36
3.1 Nervo Olfatório (NC I)........................................................................36
3.2 Nervo Óptico (NC II) .........................................................................36
3.3 Nervos Oculomotor (NC III), Troclear (NC IV) e Abducente (NC
VI)............................................................................................................49
3.4 Nervo Trigêmeo (NC V) ....................................................................50
3.5 Nervo Facial (NC VII) .......................................................................52
3.6 Nervo Vestibulococlear (NC VIII) .....................................................56
3.7 Nervos Glossofaríngeo (NC IX) e Vago (NC X) ...............................59
3.8 Nervo Acessório (NC XI) ..................................................................60
3.9 Nervo Hipoglosso (NC XII) ...............................................................61
4. Principais lesões e síndromes dos nervos cranianos............................................63
4.1 Nervo Olfatório (NC I) ......................................................................63
6
4.2 Nervo Óptico (NC II) ........................................................................63
4.3 Nervo Oculomotor (NC III) .............................................................75.
4.4 Nervo Troclear (NC IV) ..................................................................77
4.5 Nervo Trigêmeo (NC V) .................................................................79
4.6 Nervo Abducente (NC VI) ..............................................................80
4.7 Nervo Facial (NC VII) .....................................................................82
4.8 Nervo Vestibulococlear (NC VIII) ...................................................82
4.9 Nervo Glossofaríngeo (NC IX) .......................................................83
4.10 Nervo Vago (NC X) ......................................................................83
4.11 Nervo Acessório (NC XI) ..............................................................84
4.12 Nervo Hipoglosso (NC XII) ...........................................................85
3. Conclusão...........................................................................................................87
4. Bibliografia...........................................................................................................88
7
1. INTRODUÇÃO
Para que o exame clínico seja realizado é necessário que o paciente
disponha de um ambiente apropriado, o que inclui uma luz aconchegante que não
cause desconforto, um ambiente calmo que possibilite a tranquilidade e a
concentração de ambas as partes na hora do exame. É essencial uma boa dinâmica
técnica para a execução dos exames clínicos dos pares de nervos cranianos.
Instrumentos simples são utilizados para o exame clínico dos pares de nervos
cranianos. Hoje existem outros métodos até mais caros que dispõem de ferramentas
dotadas de tecnologia avançada, porém nos casos estudados esses instrumentos,
apesar de mais simples, são bastante eficazes para o exame e detecção de lesões e
síndromes. A utilização dos instrumentos é abordada mais profundamente em cada
par de nervos cranianos.
8
2. Desenvolvimento
2.1 Generalidades
O sistema nervoso periférico inclui todos os neurônios exceto os restritos ao
encéfalo e à medula espinhal, ou seja, exceto os neurônios do sistema nervoso
central. As vias de fibras nervosas entre o sistema nervoso central e as diversas
estruturas espalhadas pelo corpo constituem o sistema nervoso periférico e estão
em trinta e um pares de nervos espinais e doze pares de nervos cranianos, sendo
três sensoriais, quatro mistos e cinco motores.
9
As fibras aferentes conduzem impulsos do corpo e das vísceras ao sistema
nervoso central. Os corpos celulares desses neurônios sensitivos se encontram nos
gânglios que estão fora do sistema nervoso central, assim como nos nervos
espinhais, e se dividem em somáticos e viscerais. A evolução dos mamíferos
proporcionou órgãos de sentido mais complexo como visão, audição, gustação e
olfação, por isso os receptores desses órgãos são classificados como especiais. Os
outros tipos de receptores são encontrados nas demais partes do corpo e por isso
são considerados gerais. As fibras sensitivas somáticas gerais se originam de
proprioceptores e exteroceptores e conduzem impulsos de temperatura dor,
pressão, tato e propriocepção. As somáticas especiais originam-se na retina e no
ouvido interno e relacionam-se à visão, audição e equilíbrio. Fibras somáticas
viscerais gerais têm sua origem em visceroceptores e estão relacionadas à dor
visceral. As especiais se originam em receptores gustativos e olfatórios,
considerados receptores viscerais por se localizarem em sistemas viscerais como o
sistema respiratório e o digestivo.
10
nervoso autônomo, terminam em gânglios viscerais e destes são levados os
impulsos até as estruturas viscerais. Fibras motoras viscerais gerais são, portanto,
pré-ganglionares e fazem a inervação pré-ganglionar das estruturas viscerais
11
não se liga ao tronco encefálico como os demais nervos cranianos, ele é o único a
entrar diretamente no telencéfalo.
12
intra-ocular do nervo óptico. A cabeça do nervo é uma elipse vertical de 1,5 mm por
1,8 mm e aparece como um disco rosa a branco amarelado. Ela não contém células
receptoras, não responde a estímulos visuais e é responsável pelo ponto cego
fisiológico. É na mácula e não no disco que constitui o coentro da retina, e o ponto
de fixação macular é o centro do campo visual clínico (CV).
13
• Neurônio IV. Pelos axônios das células do corpo geniculado lateral, os
impulsos visuais seguem pela radiação óptica através da porção
sublentiforme da cápsula interna, e pelos lobos temporal e occipital, até o
centro receptor visual, situado nas margens do sulco calcarino e adjacências.
Tornam-se assim conscientes. Atualmente sabe-se que existem outros
centros que completam o processamento da informação visual. O córtex
estriado é o córtex visual sensorial. Ele recebe aferentes pela tira mielinizada
da Gennari, que dá a esta área sua aparência e seu nome característicos.
Circundando o córtex estriado estão as áreas associativas visuais. A área 18,
o córtex paraestriado ou pararreceptivo, recebe e interpreta impulsos da área
17. A área 19, o córtex periestriado ou perirreceptivo, tem conexões com as
áreas 17 e 18 e com outras partes do córtex. Ela funciona em casos mais
complexos de reconhecimento visual, discriminação de tamanho e forma,
visão de cores e orientação espacial.
14
cerca de 90% se originam da mácula. Devido a essa preponderância de fibras
maculares, os primeiros sinais de acometimento do nervo óptico refletem a função
macular: comprometimento da visão de cores, comprometimento da acuidade e
escotoma central. Todos os axônios da mácula se reúnem no feixe papilomacular
(FPM) quando ele entra no nervo óptico. As fibras do FPM são muito vulneráveis a
toxinas, isquemia a pressão.
O nervo óptico estende-se da retina até o quiasma óptico; ele tem cerca de 5
cm de comprimento. É convencionalmente divido em 4 partes: intra-ocular (1 mm; o
disco), intra-orbital (cerca de 25 mm), intracanalicular (cerca de 9 mm) e
intracraniana (12 – 16 mm). O nervo é organizado em 400 a 600 fascículos
separados por septos de tecido conectivo. A parte intra-orbital é circulada por tecido
adiposo.
15
aracnóide num pequeno espaço subdural e num espaço subaracnóideo maior. O
nervo óptico orbital é sinuoso, com cerca de 8 mm de comprimento redundante para
acomodar os movimentos oculares. Esse comprimento excessivo propicia cerca de 9
mm de proptose antes do nervo começas a fixar.
16
aproximado à proporção entre a área do campo temporal e do nasal. Os tratos
contém aproximadamente 80% de aferentes visuais e 20% de aferentes pupilares.
Os tratos estendem-se do quiasma ao CGL, onde termina a maioria das fibras. A
organização retinotópica nos tratos ópticos não é tão precisa como em outros locais,
o que pode contribuir para a incongruência dos defeitos do CV que são
característicos de lesões do trato óptico.
17
fossa interpeduncular na superfície anterior do mesencéfalo logo acima da ponte.
Ele se dirige anteriormente e passa entre as artérias cerebelar superior e cerebral
posterior. E segue para diante paralelamente a artéria comunicante posterior.
Paralisia do terceiro nervo é um sinal clássico e importante de aneurisma
comunicante posterior. Em seu trajeto em direção ao seio cavernoso, ele se situa
sobre a borda livre do tentório cerebelar medialmente ao lobo temporal. Aí ele se
encontra em risco de compressão por herniação do unco. Devido ao trajeto
subaracnóideo do nervo, as fibras parasimpáticas situam-se superficialmente sobre
a superfície dorso medial. A localização dessas fibras influencia a probabilidade de
uma paralisia do terceiro nervo envolver ou não a pupila, um aspecto importante do
diagnostico diferencial. O terceiro nervo craniano penetra a dura imediatamente
lateral e anterior aos processos clinóides posteriores e entra no seio cavernoso,
onde se situa na face superior, próximo a parede lateral. No seio cavernoso, o
terceiro nervo craniano tem relações importantes com a artéria carótida, com fibras
simpáticas perecarotídeas ascendentes e com o IV, V, e VI nervo craniano. O
terceiro nervo craniano separa-se na suas divisões superior e inferior no seio
cavernoso anterior, penetrando então na orbita pela fissura orbital superior e
atravessando o anel de Zinn. Ele envia uma raiz curta até o glânglio ciliar para suprir
o músculo ciliar e o esfíncter da pupila. O esfíncter pupilar causa constricção da
pupila. Contração do músculo ciliar causa relaxamento da zônula ciliar, diminuindo a
tensão na capsula da lente e permitindo que ela se torne mais convexa para
acomodar a visão de perto. Constricçao, convergência e acomodação pupilar fazem
parte todas do reflexo de proximidade.
18
cranianos), perfura a duramáter e passa anteriormente na parede lateral do seio
cavernoso nas proximidades do III NC, acima dos ramos trigêmeos, continua após o
seio para passar na fissura orbital superior, entra na órbita e cruza sobre o III nervo
craniano onde supre o músculo oblíquo superior do lado oposto ao núcleo de
origem. Ele não passa pelo anel de Zinn.
19
dermátomos, há pequena superposição na inervação pelas divisões; as lesões de
um único nervo resultam em área de dormência bem dermacadas.
As fibras da raiz motora do NC V passam inferiormente ao gânglio trigeminal
ao longo do assoalho da cavidade trigeminal, desviando-se do gânglio assim como
as raízes anteriores dos nervos espinais desviam-se dos gânglios sensitivos
espinais. São distribuídas exclusivamente através do nervo mandibular (NC V3),
fundindo-se com as fibras sensitivas à medida que o nervo atravessa o forame oval
no crânio; os ramos que entram seguem até os músculos da mastigação, o milo-
hióide, ventre anterior do digástrico, tensor do véu palatino e tensor do tímpano, que
são derivados do 1° arco faríngeo.
Embora o NC V não conduza fibras parassimpáticas pré-sinápticas (eferentes
viscerais) do SNC, todos os quatro gânglios parassimpáticos estão associados a
divisões do NC V. As fibras parassimpáticas pós-sináticas dos gânglios unem-se aos
ramos do NC V e são conduzidas até seus destinos justamente com as fibras
sensitivas e motoras do NC V.
Nervo oftálmico (NC V1): Ao contrário das duas divisões do NC V, o NC V1
não é um nervo “branquial” (isto é, não supre derivados do arco faríngeo). Serve a
estruturas derivadas do mesoderma paraxial do processo frontonasal embrionário. A
associação do nervo oftálmico com as outras divisões do NC V é uma ocorrência
secundária. As fibras sensitivas (aferentes somáticas) do NC V1 são distribuídas
para pele e mucosas e conjuntiva da parte anterior da cabeça e nariz.
Nervo maxilar (NC V2): O NC V2 inerva derivados da proeminência maxilar do
1°arco faríngeo. Saindo da cavidade craniana através do forame redondo, suas
fibras sensitivas (aferentes somáticas) geralmente são distribuídas para a pele e as
mucosas associadas à maxila. O gânglio pterigopalatino (parassimpático) está
associado a esta divisão do NC V, envolvida na inervação das glândulas lacrimais e
mucosas.
Nervo mandibular: O NC V3 inerva derivados da proeminência mandibular do
1° arco faríngeo. O NC V3 é a única divisão do NC V a conduzir fibras motoras
(eferentes branquiais), distribuídas para o músculo estriado derivado do mesoderma
da proeminência mandibular, basicamente os músculos da mastigação. Dois
20
gânglios parassimpáticos, o ótico e o submandibular, estão associados a esta
divisão do NC V; ambos estão relacionados à inervação das glândulas salivares.
Quadro 1.1 As divisões do nervo trigêmeo, os forames pelos quais elas passam,
seus ramos terminais e seus campos de inervação cutânea
DIVISÃO FORAME RAMOS INERVAÇÃO CUTÂNEA DA
CRANIANO TERMINAIS DIVISÃO
21
meninges da fossa craniana
anterior e média
22
O nervo facial (NC VII) emerge da junção da ponte e do bulbo como duas
divisões, a raiz motora e o nervo intermédio. A raiz motora maior (nervo facial
propriamente dito) inerva os músculos da expressão facial, e o nervo intermédio,
menor, conduz fibras do paladar, parassimpáticas e sensitivas somáticas. Durante
seu trajeto, o NC VII atravessa a fossa posterior do crânio, o meato acústico interno,
o canal facial, o forame estilomastóideo do osso temporal e a glândula parótida.
Após atravessar o meato acústico interno, o nervo prossegue por uma curta
distância anteriormente no osso temporal e depois faz uma volta abrupta
posteriormente para seguir ao longo da parede medial da cavidade timpânica. A
curva aguda é o joelho do nervo facial, algumas vezes denominado joelho externo
do NC VII, o local do gânglio geniculado (gânglio sensitivo do NC VII). Enquanto
atravessa o osso temporal dentro do canal facial, o NC VII dá origem ao:
• Nervo petroso maior.
• Nervo para o músculo estapédio.
• Nervo corda do tímpano.
Em seguida, após percorrer o mais longo trajeto intra-ósseo de qualquer
nervo craniano, o NC VII emerge do crânio através do forame estilomastóideo, dá
origem ao ramo auricular posterior, entra na glândula parótida e forma o plexo
intraparotídeo, que dá origem aos seguintes cinco ramos motores terminais:
temporal, zigomático, bucal, marginal da mandíbula e cervical.
Motor Branquial: Como o nervo do 2° arco faríngeo, o nervo facial supre
músculos estriados derivados do seu mesoderma, principalmente os músculos da
expressão facial e os músculos da orelha. Também supre os ventres posteriores dos
músculos digástrico, estilo-hióideo e estapédio.
Parassimpático Pré-sináptico: O NC VII envia fibras parassimpáticas pré-
sinápticas ao gânglio pterigopalatino para inervação das glândulas mucosas
lacrimais e ao gânglio submandibular para inervação das glândulas salivares
sublinguais e submandibulares. O gânglio pterigopalatino está associado ao nervo
maxilar (NC V2), que distribui suas fibras pós-sinápticas, enquanto o gânglio
submandibular está associado ao nervo mandibular (NC V3). As fibras
parassimpáticas fazem sinapse nesses gânglios, enquanto as fibras simpáticas e
outras os atravessam.
23
Sensitivo Geral: Algumas fibras do gânglio geniculado suprem uma pequena
área da pele da concha da orelha, perto do meato acústico externo.
Paladar (sensitivo especial): As fibras conduzidas pelo nervo corda do
tímpano se unem ao nervo lingual para conduzir a sensibilidade gustativa dos dois
terços anteriores da língua e do palato mole.
24
quando ondas sonoras são transmitidas do ar para a perilinfa atrás da janela oval. A
janela oval abre-se no vestíbulo do ouvido interno, que se liga de um lado À cóclea e
do outro aos canais semicirculares. A base da cóclea está voltada para o meato
acústico interno e contém miríades de fenestrações que admitem os filamentos do
nervo coclear.
25
Os canais semicirculares são o labirinto cinético que visam detectar
aceleração angular ou rotação, sua orientação em três planos perpendiculares e sua
estrutura oval garantem que será detectado movimentos da cabeça em qualquer
direção. Os três canais são: horizontal (localiza-se horizontalmente), anterior e
posterior (situam-se verticalmente).
As células ciliadas tanto das máculas como das cristas produzem uma
descarga tônica no nervo vestibular. A freqüência de descarga aumenta e diminui
em resposta à inclinação das células ciliadas. O fluxo de endolinfa em direção ao
utrículo é excitatório. Normalmente os dois labirintos estão em equilíbrio, com
atividade simétrica nos dois nervos vestibulares e alterações recíprocas induzidas
por movimento da cabeça.
26
sinapses, até finalmente chegar ao córtex cerebral no giro temporal transverso
anterior (área auditiva primária).
1
Fazem parte da divisão parassimpática do Sistema Nervoso Autônomo.
2
“Os núcleos dos nervos cranianos nos quais terminam as fibras sensitivas ou aferentes
e dos quais se originam fibras motoras ou eferentes” (MOORE, 2007).
3
“Nos núcleos desta coluna estão os neurônios pré-ganglionares do parassimpático
craniano. As fibras que saem destes núcleos (fibras pré-ganglionares), antes de atingir as
vísceras, fazem sinapse em um gânglio” (MACHADO, 2006).
27
do nervo acessório. Pelo nervo glossofaríngeo saem as fibras que inervam os
músculos constrictor superior da faringe e estilofaríngeo.
A coluna aferente somática geral abriga núcleos onde terminam fibras que
trazem parte da sensibilidade somática da cabeça, entre elas um pequeno grupo de
fibras aferentes somáticas gerais do NC IX (o ramo sensitivo do NC IX que mantêm
contato com esse núcleo é o timpânico). Essas fibras respondem pela sensibilidade
geral de parte do pavilhão auditivo e do meato acústico externo.
O núcleo do tracto solitário forma a coluna aferente visceral, localizada no
bulbo. Esse núcleo é comum às fibras aferentes viscerais gerais (os ramos
sensitivos do IX NC que mantêm contato com esse núcleo são: o nervo do seio
carotídeo, os nervos faríngeos, tonsilar e lingual. Sendo responsáveis pela
sensibilidade visceral do terço posterior da língua, da faringe, úvula, tonsila, tuba
auditiva, e seio e corpo carotídeos) e especiais (envolvidas com a gustação) que
chegam pelos nervos facial, glossofaríngeo e vago. “Essa fibras são os
prolongamentos centrais dos nervos sensitivos situados nos gânglios geniculado
(nervo facial), inferior do vago e inferior do glossofaríngeo” (Machado, 2006).
O NC IX emerge do sulco lateral posterior do bulbo (origem aparente no
encéfalo) e segue antero-lateralmente para o exterior do crânio atravessando o
forame jugular (origem aparente no crânio). É no forame jugular que se localizam os
gânglios4 superior e inferior contendo os corpos celulares dos neurônios sensitivos
que originam as fibras aferentes do nervo. Ao terminar seu trajeto pelo forame
jugular e sair do crânio, o nervo glossofaríngeo segue descendente passando pelo
músculo estilofaríngeo e pelos músculos constrictores superior e médio da faringe,
ramificando-se na raiz da língua e na faringe (daí seu nome).
É importante ressaltar a íntima relação, e semelhança, que o nervo
glossofaríngeo mantém com o nervo vago. Ambos são nervos mistos que
apresentam os mesmos componentes funcionais (ou seja, os mesmo tipos de fibras:
AVE, AVG, ASG, EVG e EVE), compartilhando três núcleos no bulbo, além de
compartilharem parte de seus trajetos (ambos saem juntos do crânio pelo forame
jugular, percorrem o mesmo trajeto no pescoço e inervam algumas estruturas
comuns). Por isso, esses dois nervos participam simultaneamente de algumas
4
Os gânglios superior e inferior também podem ser chamados de jugular e petroso,
respectivamente (MACHADO, 2006).
28
patologias, sendo muitas vezes difícil distinguir as atuações individuais dos mesmos
nesses quadros mórbidos.
29
Há dez grandes ramos terminais que se originam em diferentes níveis:
meníngeo, auricular, faríngeo, carotídeo, laríngeo superior, laríngeo recorrente,
cardíaco, esofágico, pulmonar e gastro-intestinal.
30
esôfago e a traquéia, atrás da artéria carótida comum e da glândula
tireóide até a laringe; distribuem-se para todos os músculos da laringe,
exceto o cricotireóide; suprem sensação às membranas mucosas da
laringe abaixo das pregas vocais
- Parte Motora
O centro cortical que regula a função do vago situa-se na parte inferior do giro
pré-central; a inervação supranuclear é bilateral, mas basicamente cruzada. As
fibras descem pelos tratos corticobulbares e fazem sinapse no núcleo ambíguo. As
fibras branquiomotoras vagais seguem o mesmo trajeto circular intramedular das
fibras do IX NC . Há três ramos branquiomotores principais: faríngeo, laríngeo
superior e laríngeo recorrente.
31
torno da artéria subclávia e à esquerda em torno do arco aórtico. Cada nervo emite
ramos cardíaco, traqueal e esofágico, terminando de cada lado como o nervo
laríngeo inferior, que supre os músculos intrínsecos da laringe.
- Parte Parassimpática
Em seu trajeto através do tórax, o nervo vago direito emite ramos pulmonares
e esofágicos, passa pela abertura esofágica do diafragma posteriormente ao
esôfago e se divide então em ramos gástricos e celíaco. O vago esquerdo também
emite ramos pulmonares e esofágicos e passa então ao abdome anteriormente ao
esôfago se dividindo em vários ramos gástricos.
- Parte sensorial
32
gânglio superior transmite principalmente sensações somáticas, e a maior parte de
sua comunicação é com o nervo auricular. O gânglio inferior retransmite sensações
viscerais gerais e sensações gustativas.
33
O nervo acessório é essencialmente motor e possui duas raízes5, uma
craniana (bulbar) e uma espinhal. A raiz espinhal se origina de filamentos radiculares
que surgem da face lateral dos primeiros cinco ou seis segmentos cervicais da
medula espinhal e formam um tronco único que acessa o crânio através do forame
magno. Já a raiz craniana tem origem no sulco lateral posterior do bulbo. As raízes
craniana e espinhal se unem formando um tronco comum que atravessa o forame
jugular ao lado do nervo glossofaríngeo e do nervo vago. Após passar pelo forame
jugular o tronco comum se divide em dois ramos um interno e outro externo.
O ramo interno possui as fibras da raiz craniana, e se une ao nervo vago
(atravessando o gânglio nodoso do vago) prosseguindo trajeto com ele. Há dois
tipos de fibras oriundas da raiz craniana: EVE (fibras vindas do núcleo ambíguo no
bulbo, na coluna eferente visceral especial), que inervam músculos da laringe pelo
nervo laríngeo recorrente, e EVG (fibras vindas do núcleo dorsal do vago, situado no
bulbo, na coluna eferente visceral geral), que inervam vísceras torácicas assim como
as fibras do nervo vago.
Já o ramo externo contém as fibras da raiz espinhal, que são EVE e inervam
os músculos trapézio e esternocleidomastóideo (ECM)6. Ao sair do crânio póstero-
medialmente ao processo estilóide, o ramo esterno desce pelo pescoço próximo à
veia jugular interna, passa atrás dos músculos digástrico e estilo-hióideo, e entra
profundamente no músculo ECM, ele emite ramos nesse músculo e sai do mesmo
pela sua borda posterior, passando pelo nervo grande auricular. Após passar pelo
ECM o IX nervo segue obliquamente até o triângulo posterior do pescoço,
superficialmente sobre o músculo levantador da escápula em íntimo contato com os
linfonodos do triângulo cervical posterior. Ele então, aproximadamente três dedos
acima da clavícula, ele adentra a profundamente o músculo trapézio a partir de sua
borda anterior.
5
Alguns autores afirmam que, na verdade, o que existe são dois nervos diferentes que
por uma curta distância correm em um mesmo feixe, ou seja, a raiz craniana é na
verdade um componente eferente visceral especial (EVE) acessório do nervo vago, e a
raiz espinhal é o nervo espinhal acessório (EA).
6
Os músculos trapézio e esternocleidomastóideo, assim como os músculos da laringe,
têm origem embrionária branquiomérica, por isso são inervados por fibras EVE
(MACHADO, 2006)
34
2.3.12 Nervo Hipoglosso (NC XII)
O nervo hipoglosso é exclusivamente motor, sua origem real é na coluna
eferente somática, onde está o núcleo do hipoglosso. O núcleo do hipoglosso se
localiza no bulbo imediatamente sob o assoalho do quarto ventrículo, próximo á linha
média, sob a face medial do trígono hipoglosso.
É do núcleo hipoglosso que partem as fibras radiculares que emergem do
sulco lateral anterior do bulbo (origem aparente no encéfalo do XII nervo) e formam
o tronco do nervo. O tronco do nervo hipoglosso por sua vez deixa o crânio pelo
canal do hipoglosso (origem aparente no crânio do XII nervo), segue trajeto
descendente, medial ao ângulo da mandíbula, até se curvar anteriormente
distribuindo-se aos músculos da língua. Nesse trajeto o nervo passa sob a artéria
carótida interna e próximo ao nervo vago.
As fibras que partem do nervo hipoglosso são eferentes somáticas, e
promovem a inervação dos músculos intrínsecos e extrínsecos (exceto o
palatoglosso) da língua (estiloglosso, hioglosso e genioglosso). Os músculos
intrínsecos promovem a alteração do comprimento, da largura e da superfície dorsal
da língua, além de virarem sua ponta não protrusa de um lado para o outro. Já os
músculos extrínsecos protraem e retraem a língua, além de moverem sua raiz para
cima e para baixo.
35
3.1 Nervo Olfatório (NC I)
O exame clínico dos nervos olfatórios visa identificar déficits olfativos
relacionados a problemas sensorineurais ou neurogênicos. Antes de iniciar o teste
do olfato é necessário avaliar ao historio médico do paciente buscando por recentes
infecções no trato respiratório superior, lesões craniocefálicas prévias, tabagismo,
doenças sistêmicas e exposição a drogas ilícitas, medicamentos ou toxinas. Outra
medida importante é certificar-se de que as vias áreas estejam desobstruídas,
descartando-se assim hiposmias7 ou anosmias8 devido a déficits condutivos por
obstruções das passagens nasais, o que impede o contato das partículas odoríferas
com o epitélio olfativo.
Feito isto, testa-se o olfato pedindo para que o paciente feche os olhos, então
uma das narinas é ocluída, e aproxima-se na narina livre a substância teste (é
importante que essa substância tenha odor característico e não irritativo), o paciente
então deve inspirar e informar se está sentido o cheiro de alguma coisa e, em caso
afirmativo, identificar o odor. Cada narina deve ser testada individualmente. Sendo
distúrbios unilaterais de olfato mais preocupantes do que distúrbios bilaterais, já que
estes são mais comuns devido à obstrução condutiva.
7
Hioposmia é a diminuição do sentido do olfato (CAMPBELL, 2007)
8
Anosmia é a ausência de olfato (CAMPBELL, 2007)
36
É ideal que os olhos sejam examinados individualmente. Ao testar a acuidade
visual e a visão de cores, é importante ocluir o olho que não esta sendo testado.
Antes de realizar o exame do nervo óptico, procure anormalidades oculares focais
como cataratas, irritação conjuntival, cicatrizes ou opacidades da córnea, irite,
corpos estranhos, fotofobia, arco senil, glaucoma ou uma prótese ocular.
• Acuidade Visual:
37
Em lactentes e crianças, a acuidade pode ser estimada por piscar a ameaça
ou a luz forte, por acompanhamento de movimentos e pelas reações pupilares. A
acuidade aumenta gradualmente, atingindo níveis normais na idade de
aproximadamente 5 anos.
38
de iluminação mais fraca do que ocorre normalmente. É comum na retinite
pigmentosa e pode ocorrer em casos de alcoolismo crônico, neuropatia óptica
hereditária de Leber (NOHL) e xeroftalmia por deficiência de vitamina A.
• Os campos visuais
39
Os clínicos usam vários métodos diferentes para a avaliação do campo visual.
O tempo e a energia gastos no teste de confronto junto ao leito dependem da
historia do paciente e das instalações disponíveis para o teste formal de campo com
tela tangente (central, 30°) ou perimetria (campo inteiro). Mesmo um teste de
confronto sofisticado não pode aproximar-se da precisão dos campos formais.
40
No caso de qualquer indicação de uma anormalidade, ou caso o paciente
tenha um problema visual ou se espere que ele o tenha, testes de nível superior
estão indicados. As técnicas de exame monocular incluem fazer o paciente avaliar o
brilho e a nitidez das mãos do examinador mantidas nos hemicampos direito e
esquerdo, nos quadrantes superiores e inferiores ou fazer o paciente contar dedos
fugazmente apresentados em diversas partes do campo.
O teste dos campos centrais pode incluir fazer o paciente olhar para a face
dos examinados e relatar quaisquer defeitos, como um nariz faltando ou
obscurecido. Fazer o paciente olhar para um papel quadriculado (grade de Amsler,
41
papel gráfico ou uma versão domestica preparada rapidamente) enquanto fica um
ponto central é um método sensível para detectar escotomas. A sondagem do
campo central com um pequeno objeto branco ou vermelho pode revelar escotomas
moderados ou grandes. No caso de um paciente cooperativo, pode-se estimar o
tamanho do ponto cego.
a) Escotomas
42
objetos menores e objetos coloridos têm maior probabilidade de detectar a
anormalidade. Um escotoma positivo causa escuridão ou uma impressão de
bloqueio da visão, como se houvesse um objeto interposto; ele sugere uma doença
da retina, especialmente da macula ou da coróide. Escotomas positivos se devem
freqüentemente a exudato ou hemorragia envolvendo a retina ou a opacidade nos
meios oculares. Um escotoma negativo é uma ausência de visão, um ponto em
branco como se parte do campo tivesse sido apagada; ele sugere doença do nervo
óptico, mas pode ocorrer em lesões mais posteriores. Num escotoma negativo, o
defeito pode não ser percebido até que seja feito um exame do CV.
43
feixe papilomacular. Qualquer escotoma que envolva o ponto cego indica uma
neuropatia óptica.
44
Outros tipos de escotomas ocorrem em conseqüência de uma doença
primária, como retinite, coriorretinite e glaucoma, que não estão diretamente
relacionados a uma doença do sistema nervoso.
b) Hemianopsia
45
defeitos de forma diferente nos dois olhos. Quanto mais incongruente for o defeito,
mais anterior é a lesão. As hemianopsias mais incongruentes ocorrem em lesões do
trato óptico e do geniculado lateral. Numa hemianopsia completa, não se consegue
avaliar a congruência; a única localização possível é a identificação da lesão como
contralateral e retoquiasmática. Uma quadranpsia superior indica uma lesão do lobo
temporal que afeta a alça de Meyer (fibras inferiores da retina): “torta no céu”. Uma
quadranpsia inferior indica uma lesão do lobo parietal que afeta fibras superiores da
retina. Uma hemianopsia que poupa a mácula é aquela que poupa uma área
imediatamente em torno da fixação; ela indica uma lesão do lobo occipital.
Explicação para a mácula poupada ainda não foi estabelecida. Houve conjeturas em
relação a uma dupla representação da mácula em cada pólo occipital, mas isto
nunca foi confirmado anatomicamente. O mais provável é que o suprimento
sanguíneo colateral da artéria cerebral anterior ou cerebral media projeta região
macular de isquemia. Ou pode ser simplesmente que a extensa representação
cortical da mácula tanto no pólo occipital como anteriormente nas profundezes da
fissura calcarina torne difícil que uma única lesão afete toda a função macular. Um
pequeno grau de ocorrência da mácula poupada pode dever-se a desvios de fixação
durante teste.
46
decussantes, lesões que comprimam de baixo para cima produzem defeitos do
campo temporal superior, que evoluem para uma hemianopsia bitemporal. Lesões
que comprimem de cima para baixo tendem a causar inicialmente defeitos temporais
inferiores. O defeito será observado primeiro e pior nos quadrantes superiores no
caso de massas infraquiasmáticas (por ex., adenoma hipofisário) e se evidenciará
primeiro e pior nos quadrantes inferiores com massas supraquiasmáticas (por ex.,
craniofaringioma). Pacientes com quiasmas pós-fixados e tumores hipofisários
podem apresentar-se com defeitos do nervo óptico e aqueles com quiasmas pré-
fixados podem ter defeitos do trato óptico.
c) Defeitos da altitude
47
uma redução prograssiva, mais ou menos uniforme, no diâmetro do campo em todos
os meridianos. Constrição concêntricas dos CV pode ocorrer na atrofia óptica,
especialmente quando secundaria a papiledema ou a glaucoma avançado, ou em
doenças da retina, especialmente retinite pigmentosa. Estreitamente dos campos
devido a fadiga, atenção deficiente ou iluminação inadequada deve ser afastado, o
mesmo ocorrendo com a constrição espúria decorrente de diminuição da acuidade
visual ou retardo do tempo de reação. Constrição ligeira do CV pode ocorrer quando
há um erro de refração significativo. Depressão difusa é o equivalente perimétrico
estático de constrição na perimetria cinética.
• O exame oftalmoscópico
48
visão mais ampla, mas ainda revelam apenas o pólo posterior. É importante
familiarizar-se com elas praticando oftalmoscopia direta em todos os pacientes, pois
o exame é inevitavelmente mais difícil do ponto de vista técnico em situações em
que o exame do fundo do olho é mais critico.
3.3 Nervos Oculomotor (NC III), Troclear (NC IV) e Abducente (NC VI)
Esses três nervos são examinados em conjunto pois inervam os vários
músculos que tem por função a motilidade dos globos oculares. Tais músculos
compreendem o reto medial, o reto superior, o reto inferior, o obliquo inferior, o
obliquo superior e o reto lateral. A investigação semiológica desses nervos podem
ser assim sistematizados:
49
observa a resposta nos dois lados. Chama-se reflexo fotomotor direto a contração
da pupila na qual se fez o estimulo, e de reflexo fotomotor consensual a contração
da pupila oposta. Em seguida, aproxima-se dos olhos um objeto e as pupilas se
contrairão normalmente (é o reflexo da acomodação).
50
Não há nenhum método confiável ou realista para exame dos outros
músculos supridos pelo NC V. Devido a inervação bilateral, lesões unilaterais do
neurônio motor superior raramente causam comprometimento significativo da função
motora trigêmea. Pode haver fraqueza unilateral discreta e transitória. O grau de
envolvimento depende da extensão da decussação. Em lesões supra-nucleares
bilaterais, pode haver paresia acentuada.
b) Raízes sensitivas que compreendem os nervos oftálmico, maxilar e
mandibular.
As raízes sensitivas responsabilizam-se pela sensibilidade superficial (ver
Quadro 1.0), cabendo apenas acrescentar a pesquisa da sensibilidade corneana,
feita com uma mecha de algodão que toca suavemente entre a esclerótica e a
córnea. O paciente deve estar com os olhos virados para o lado oposto, a fim de
perceber o menos possível a prova. Resposta normal é a contração do orbicular das
pálpebras. Daí a denominação de reflexo córneo-palpebral.
Numa lesão trigêmea unilateral, tanto a resposta direta como a consensual
podem estar ausentes; nenhum dos olhos pisca. A estimulação do outro olho produz
respostas direta e consensual normais. Numa lesão unilateral do NC VII, a resposta
direta pode estar comprometida, mas o reflexo consensual deve estar normal. A
estimulação do lado oposto produz uma resposta direta normal mas uma resposta
consensual comprometida.
A mucosa nasal pode também ser estimulada por substâncias irritantes
inaladas; este é um reflexo nasal que não deve ser confundido com o olfato.
Considerações necessárias para a realização deste exame clínico em
crianças: Deve-se utilizar uma espátula de madeira para realizar o teste de
sensibilidade da face (agulha não deve ser utilizada porquê fere a pele do bebê).
51
alternando-se os tubos.
52
Na parilisia unilateral, observam-se lagoftalmia (o olho permanece sempre
aberto), ausência do ato de piscar, epífora (lacrimejamento), desvio da boca para o
lado normal, sobretudo quando se pede ao paciente mostrar os dentes ou abrir
amplamente a boca, incapacidade para contrair o platisma, para assobiar e para
manter a boca inflada.
A paralisia da face se chama prosoplegia e, quando bilateral, fala-se em
diplegia facial.
Tem importância prática a distinção entre paralisia por lesão do nervo facial
(paralisia infranuclear ou periférica) e a por lesão da via corticonuclear ou feixe
geniculado (paralisia central ou supranuclear). No tipo periférico, toda a hemiface
homolateral é atingida, enquanto na central somente a metade inferior da face
contralateral se mostra alterada. Este último tipo ocorre com freqüência nos
acidentes vasculares e nas neoplasias cerebrais.
Observe as pregas nasolabiais quanto a profundidade e simetria e note se há
alguma assimetria nas rugas da testa ou na largura das fissuras palpebrais com a
face em repouso. Uma prega nasolabial achatada com rugas da fronte simétricas
sugere uma paralisia facial central (neurônio motor superior); uma prega nasolabial
achatada com rugas da fronte lisas do mesmo lado sugere uma paralisia facial
periférica (neurônio motor inferior).
Localização da paralisia periférica do nervo facial: paralisia facial periférica
(PFP) pode ocorrer por uma lesão envolvendo o núcleo do nervo facial na ponte ou
em qualquer ponto ao longo do segmento infranuclear. A fraqueza dos músculos da
expressão facial é a mesma em lesões de qualquer ponto ao longo do trajeto do
nervo. A localização diagnóstica depende dos achados associados, como
hiperacusia, diminuição da lacrimação, comprometimento do paladar e envolvimento
de estruturas neurais além do NC VII. A causa mais comum da PFP é sem dúvida a
paralisia de Bell (paralisia facial idiopática sobrevém frequentemente após uma
infecção virótica ou uma vacinação).
53
Os sintomas que mais comumente acompanham a paralisia de Bell são
lacrimação aumentada, dor no ouvido e em torno dele e anormalidades do paladar.
Disgeusia ocorre em cerca de sessenta porcento dos pacientes e ageusia em cerca
de dez porcento deles. Pode haver baba e dificuldade de falar devido aos músculos
faciais flácidos. Os pacientes frequentemente são incapazes de fechar o olho;
líquidos e saliva podem escorrer pelo canto da boca afetado elágrimas podem correr
pela bochecha abaixo.
Regeneração aberrante é comum após paralisia de Bell e após lesões
traumáticas do nervo. Os axônios destinados a um músculo crescem novamente e
inervam um outro músculo, de modo que há contrações anormais da face fora da
área do movimento pretendido. Ao piscar, o canto da boca pode contrair-se. Ao
sorrir, o olho pode fechar-se.
Fraqueza facial de origem central (PFC): Numa paralisia facial supranuclear,
do neurônio motor superior ou central, há fraqueza da região inferior da face, sendo
a região superior da face relativamente poupada(pode haver fraqueza sutil do
orbicular do olho, a fissura palpebral pode estar ligeiramente mais larga do lado
envolvido e pode haver diminuição nas vibrações palpebrais.
Mesmo quando há algum grau de envolvimento da região facial superior
numa PFC, o paciente sempre é capaz de fechar o olho, o fenômeno de Bell está
ausente, o reflexo corneano está presente e o reflexo do orbicular do olho pode estar
exagerado. Na PFC, a região inferior da face está fraca, a prega nasolabial é
superficial e a mobilidade facial está diminuída. Entretanto, a fraqueza da região
inferior da face nunca é tão grave quanto na PFP, o que sugere poder haver alguma
inervação cortical direta tanto para a região superior da face como para a inferior.
Raramente é difícil distinguir PFC de PFP.
Há duas variações da PFC: (a) volitiva, ou involuntária; e (b) emocional, ou
mimética. Movimentos espontâneos e movimentos volitivos deliberados podem
evidenciar graus diferentes de fraqueza. Quando a assimetria é mais evidente num
tipo de movimento que no outro, diz-se que a fraqueza facial é dissociada.
Assimetria facial mais evidente com expressão espontânea, como ao rir, é
designada como paralisia facial mimética, emotiva ou emocional (PFE). Fraqueza
mais acentuada mediante contração voluntária, quando o paciente é solicitado a
54
sorrir ou a mostrar os dentes, é designada como paralisia facial volitiva (PFV). PFV
pode ocorrer de uma lesão envolvendo o centro cortical no terço inferior do giro pré-
central que controla os movimentos faciais ou o trato corticobulbar. A lesão pode ser
portanto no córtex ou nas vias corticobulbares subcorticais em sua passagem pela
cápsula interna, pelo pedúnculo cerebral ou pela ponte acima do núcleo facial. A
dissociação pode dever-se a inervação supranuclear bilateral para movimentos
emocionais espontâneos da região inferior da face não presente para os
movimentos volitivos. Na PFE, a fraqueza é mais acentuada com movimentos faciais
espontâneos, e o paciente consegue contrair os músculos faciais inferiores sob
comando sem dificuldade. A explicação anatômica para a PFE não foi esclarecida.
Fraqueza facial vista apenas com movimentos emocionais decorre mais comumente
de lesões talâmicas ou estriadocapsulares, geralmente infartos, e em raras ocasiões
com lesões do tronco cerebral.
Investigando as funções secretoras: O reflexo lacrimal consiste em
lacrimação, geralmente bilateral, causada por estimulação da córnea. O reflexo
nasolacrimal é evocado por estimulação mecânica da mucosa nasal. As
anormalidades da salivação são geralmente sugeridas pela história.
Otorrinolaringologistas e cirurgiões orais podem usar técnicas especiais para
quantificar o fluxo salivar.
Resta fazer algumas considerações sobre o nervo intermédio ou nervo
intermédio de Wrisberg, que tem curto trajeto junto ao nervo facial. Por um de seus
ramos principais (corda do tímpano), o nervo intermédio recolhe as impressões
gustativas dos dois terços anteriores da língua.
Às vezes, na vigência de paralisia facial periférica, é possível caracterizar
alguma anormalidade da gustação, seja por informação do paciente, seja mediante
exame deste sensório. Para isto, empregam-se soluções saturadas com os sabores
doce, amargo, salgado e ácido, colocadas na língua para serem identificados pelo
paciente. Não se esquecer de que, entre uma e outra prova, a boca deve ser lavada
convenientemente.
55
Como o VII nervo craniano medeia apenas o paladar nos dois terços
anteriores da língua, quando a língua é retraída para dentro da boca, há dispersão
rápida da substância teste para fora da área de interesse. A língua deve pois
permanecer protusa durante o teste inteiro de determinada substância. Caso se vá
testar o amargo, deve-se fazê-lo por último, porque seu gosto permanece por mais
tempo.
A situação que mais comumente exige uma avaliação do paladar é a
avaliação de paralisia do nervo facial. Se um paciente com um padrão periférico de
fraqueza facial tiver o paladar comprometido, a lesão é proximal à junção com a
corda timpânica. Uma lesão no forame estilomastóideo ou distalmente a ele (p.ex.,
na glândula parótida) não afeta o paladar.
Considerações necessárias para a realização deste exame clínico em
crianças: Pode-se observar a expressão facial do bebê quando este chora ou sorri,
reforçando o sulco nasogeniano; quando acompanha um objeto com os olhos,
elevando os supercílios e, também, durante o piscamento. Observando-se o bebê
dormindo, o fechamento incompleto das pálpebras (uni ou bilateralmente) pode ser
sinal de comprometimento periférico do nervo facial. A função gustativa pode ser
avaliada com gotas de limão, sal ou açúcar.
56
O teste consiste em colocar um diapasão ativado, primeiro no processo
mastóide e depois imediatamente atrasa do ouvido, perguntando-se ao paciente
qual foi o som mais alto; o som deve ser sempre mais alto junto ao ouvido.
57
e tenta corrigir, levando ao desequilíbrio para o lado lesado (Romberg
vestibular).
• Teste da passada de Fukuda- pede-se ao paciente que feche os olhos e
“marche no mesmo lugar”. Pessoas com lesão vestibular tende a se desviar
sempre para o lado lesado.
• Marcha em estrela de Babinski-Weill- o paciente, com os olhos fechados, dá
vários passos adiante e depois para trás, repetidas vezes. Um indivíduo
normal começará e terminará aproximadamente ao longo da mesma linha.
Um paciente com vestibulopatia continuará a se desviar durante a fase de
andar para trás, resultando em um trajeto com um padrão de estrela.
• Teste dos braços estendidos: pede-se ao paciente que, de olhos fechados,
estenda os braços, ficando nesta posição por alguns segundos. Em pessoas
com lesões observa-se uma queda para o lado lesionado.
58
Teste do NC VIII em recém-nascidos: A audição deve ser testada desde o dia
do nascimento, pois é condição necessária para o desenvolvimento da linguagem.
Ao ouvir o som de uma campainha, ou de um chocalho, o bebê modifica o padrão
respiratório, fica “alerta”, ou modifica o movimento de seu corpo, denunciando ter
recebido o som. Até o final do 1º mês, os bebês se voltam em direção ao som. Até o
6º mês, localiza o som à altura e abaixo dos ouvidos, estando sentados, e até o 13º
mês, acima da cabeça. A porção vestibular é testada nas provas de equilíbrio R. De
“olhos de boneca”: ao se desviar a cabeça para um dos lados, há desvio conjugado
dos olhos para o lado oposto. Este é um reflexo normal no indivíduo, indicando
integridade das vias vestíbulo-oculares. Porém, estando o indivíduo em vigília, o
mesmo é substituído ou inibido pelo sinergismo óculo-cefálico, isto é, aos se desviar
a cabeça os olhos acompanham o movimento, fixando os objetos à sua frente.
59
superior da faringe (que recebe inervação do glossofaríngeo) pode provocar um
movimento característico da faringe durante a pronúncia das vogais ou durante o
reflexo da ânsia, o “sinal da cortina”, no qual a parede posterior da faringe desloca-
se para o lado normal.
O exame sensitivo: consiste no reflexo da ânsia, que é causado ao tocar-se a
faringe ou o palato. Para tal usa-se um abaixador de língua, ou objeto semelhante
para tocar a lateral da orofaringe, um lado do palato mole, a base da língua ou a
úvula. O IX nervo media a porção aferente (sensitiva) do reflexo e o X nervo media a
alça eferente (motora), sendo no bulbo, o centro reflexo. A reação motora ocorre por
constrição e elevação da orofaringe, o que promove elevação da rafe da linha média
do palato e da úvula, além da contração dos músculos constrictores da faringe. A
atividade dos dois lados deve ser comparada. Se o reflexo do vômito não ocorrer há
algum tipo de lesão do IX e/ou X nervos.
60
cabeça na linha média, ou pedir que o paciente resista à tentativa do avaliador de
rotacionar sua cabeça para o lado (os testes devem ser feitos dos dois lados). Essas
ações fazem os ECM se destacar bem, permitindo a avaliação bilateral de sua
contração. Outra opção é testar os músculos ECM simultaneamente pedindo para
que o paciente flexione a cabeça para frente contra a resistência do avaliador.
A atrofia unilateral do ECM não causa alteração da posição da cabeça em
repouso, mas causa a não contração do mesmo quando se tenta rotacionar a
cabeça contralateralmente ou flexionar o pescoço contra resistência. A atrofia de
ambos os ECM dificulta a flexão do pescoço anteriormente, e pode fazer com que a
cabeça assuma uma posição estendida.
O teste do músculo trapézio pode ser feito de duas formas, pode-se pedir
para o paciente erguer os ombros contra a resistência, ou pedir que o paciente
aproxime a região occipital do acrômio sob resistência.
A atrofia unilateral do músculo trapézio altera o contorno do pescoço, pois o
ombro se deprime com o deslocamento da escápula para baixo e para o lado, e o
braço pende. Além disso, a abdução do braço é comprometida (fraqueza do trapézio
médio leva à síndrome da escápula alada, bem verificada na abdução lateral do
braço). Já a atrofia bilateral do trapézio gera fraqueza na extensão do pescoço,
incapacidade de levantar o queixo, tendência de queda da cabeça para frente
(síndrome da cabeça caída) e ombros com aparência caída.
9
Fasciculações são contrações espasmódicas musculares resultantes de pequenas
contrações musculares locais ou a contração espasmódica de um único grupo muscular
servido por uma única fibra ou filamento nervoso motor.
61
depois rapidamente. Um dos principais testes é o da protrusão da língua, pois a
partir desse teste pode-se diagnosticar casos de lesões unilaterais do hipoglosso.
Para testar-se a força motora pede-se para o paciente pressionar a ponta da
língua contra a bochecha e mantê-la mesmo contra a resistência do dedo do
examinador tentando movê-la. Na ausência de patologias a língua consegue se
manter no lugar. Pode-se também realizar outro teste, esse mais exato, para avaliar
a força da contração muscular da língua: com a mesma protraída pressiona-se um
abaixador de língua contra os seus lados e compara-se a força de resistência dos
dois lados.
É importante avaliar também a consistência da língua palpando-a para avaliar
o tônus muscular e possíveis fasciculações.
62
4.1 Nervo Olfatório (NC I)
10
Idiopatia é toda doença que surge espontâneamente por causa obscura ou
desconhecida.
11
Meningiomas são tumores das meninges, envoltórios de tecido conjuntivo que
revestem os órgãos do sistema nervoso central.
63
anormal dependendo da localização exata da lesão. Lesões do quiasma causam
defeitos heterônimos bitemporal, com preservação da acuidade visual e da
percepção de cores e um disco óptico de aparência normal. Lesões
retroquiasmáticas causam uma hemianopsia homônima contralateral e não tem
nenhum efeito sobre a acuidade ou a aparência do disco. Em geral não há nenhum
efeito sobre a visão de cores, mas algumas lesões centrais podem causar
acromatopsia.
• Lesões pré-quiasmáticas
64
- Transtornos do disco óptico
- Papiledema
65
da superfície do disco, formação de uma saliência por parte dos vasos que cruzam a
margem do disco, obliteração das margens do disco, hemorragias peripapilares,
exsudatos em lã de algodão, veias retinianas ingurgitadas e tortuosas e hiperemia
acentuada do disco. O reconhecimento de papiledema inicial é muito mais
problemático. Ocasionalmente, o único meio de se resolver papiledema inicial é por
observação seriada. A primeira alteração é perda das pulsações venosas
espontâneas (PVE) anteriormente observadas. Pulsações venosas são mais bem
vistas no ponto em que as grandes veias mergulham no disco centralmente. O
movimento é uma oscilação rítmica para diante e para trás da extremidade da
coluna sanguínea, que se assemelha a uma língua de cobra projetando-se
lentamente. É muito mais difícil ver a expansão de uma veia de um lado para outro.
A presença de PVE indica pressão intracraniana abaixo de aproximadamente 200
mm H2O. No entanto, como elas estão ausentes em 10% a 20% dos indivíduos
normais, somente o desaparecimento de PVE anteriormente observadas é
claramente patológica.
66
horas. A medida das dioptrias de elevação do disco por meio de oftalmoscópio tem
pouca utilidade.
- Neurite óptica
67
Inflamação ou desmielinização do nervo óptico pode ocorrer em varias
condições, incluindo EM, síndromes pós-viróticas, sarcoidose, doenças vasculares
do colágeno, neurosífilis e outras. Muitos casos são idiopáticos. A maioria dos
pacientes é constituída de mulheres. Neurite óptica (NO) ocorre em 70% dos
pacientes em algum momento durante a evolução de EM e é característica inicial em
25% deles. Cerca de 50% a 70% dos pacientes com neurite óptica acabam por
desenvolver outras evidencias de EM. os fatores que aumentam a probabilidade de
EM subjacente em pacientes com NO incluem a presença do fenômeno de Uhthoff
(sintomas aumentados com elevação da temperatura corporal ou após exercícios),
positividade ao HLA-DR2 e um episodio recorrente. Diminuição da acuidade,
comprometimento da percepção de cores, escotomas centrais ou cecocentrais,
edema do disco e um DPA são os achados típicos. Perda visual na neurite óptica
ocorre subitamente e tende a evoluir em 1 a 2 semanas, com recuperação
substancial em 4 a 6 semanas. Perda visual grave aguda não implica
necessariamente em recuperação inadequada. Dor ocular esta presente em 90%
dos pacientes, e muitos deles têm fenômenos visuais positivos com cores ou luzes
piscando (fotopsias, fosfenos). Em cerca de 65% dos casos, o disco parece normal.
Pode ocorrer dor quer haja ou não edema do disco.
68
relacionada a hipertensão sistêmica, diabete, arterioclerose ou aterosclerose. Alguns
casos se devem a um comprometimento da perfusão microvascular relacionada a
uma hipotensão sistêmica ou a um aumento da pressão intra-ocular. Há uma
síndrome de neuropatia óptica isquêmica posterior, mas ela é rara e não tão bem
definida quanto as síndromes isquêmicas anteriores. Pode ser difícil distinguir NO de
neuropatia óptica isquêmica.
- Pseudopapiledema
69
branco-amareladas de tamanho variável concentradas no pólo posterior. Fibras
nervosas mielinizadas estendem-se ocasionalmente além da margem do disco até a
retina, o que causa uma imagem do disco muito notável mas não significa nada.
Outras causas de psedopapiledema incluem remanescentes da artéria hialóide
primitiva (papila de Bergmeister), discos inclinados e hiperopia extrema.
- Atrofia óptica
Atrofia óptica pode sobrevir após alguma outra condição (NO, NOIA ou
papiledema) e é então designado como atrofia óptica secundaria ou consecutiva.
70
Atrofia óptica primaria aparecendo de novo, ocorre como uma condição
heredofamiliar (por ex., neuropatia óptica hereditária de Leber [NOHL]) ou outra
lesão toxica, metabólica, nutricional, compressiva ou glaucomatosa do nervo. O
termo atrofia óptica cavernosa, ou pseudoglaucomatosa, é usado quando há
recessão acentuada do disco. Glaucoma é uma causa comum de atrofia óptica; ele
produz tanto aumento na profundidade do cálice fisiológico como atrofia do nervo. A
NOHL é uma condição rara que afeta apenas indivíduos masculinos; ela pode
ocasionar a aparência de edema do disco agudamente, mas evolui para atrofia
óptica. Telangiectasias peripapilares características estão freqüentemente
presentes, mesmo no olho não envolvido. O termo atrofia óptica em gravata
borboleta ou em faixa designa palidez do disco que pode ocorrer num olho mediante
perda do CV temporal após uma lesão do quiasma ou do trato óptico.
Um paciente pode ter edema do disco num dos olhos e atrofia óptica no outro
olho. A síndrome de Foster Kennedy se deve a um meningioma do sulco olfativo,
com atrofia óptica decorrente de compressão direta ipsilateralmente à neoplasia e
papiledema contralateral tardiamente. Atrofia óptica num dos olhos com edema de
disco no outro é atualmente vista em freqüência muito maior na NOIA (psedo-
síndrome de Foster Kennedy), quando a doença acomete o olho oposto semanas a
meses depois de um episodio inicial tornar atrofiado o disco originalmente afetado.
A parte retrobulbar do nervo pode ser afetada pela maioria das doenças que
afetam o disco óptico. O quadro clínico é semelhante exceto por não haver nenhum
edema do disco agudamente, mas atrofia óptica pode sobrevir posteriormente.
Quando neurite óptica acomete a parte retrobulbar do nervo há comprometimento
visual acentuado, mas a aparência do disco permanece normal, pois a patologia é
posterior à papila. As papilopatias ópticas resultam portanto em comprometimento
da visão e em um disco anormal; a neuropatia óptica retrobulbar resulta em
comprometimento da visão e em um disco normal; e o papiledema resulta em um
disco anormal mas não afeta agudamente a visão. Um ditado antigo descreve
adequadamente essas diferenças: quando o paciente vê (tem visão normal) e o
medico vê (observa anormalidades no disco), trata-se de papiledema; quando o
71
paciente não vê (comprometimento da visão) e o medico vê (observa anormalidades
do disco), trata-se de papilite; quando o paciente não vê (tem visão comprometida) e
o medico não vê (não observa nenhuma anormalidade no disco), trata-se de neurite
retrobulbar.
Os transtornos que afetam a parte distal do nervo óptico próximo a sua junção
com o quiasma são semelhantes a outras neuropatias ópticas retrobulbares, exceto
pelo falto de que o envolvimento das fibras do joelho de Wilbrand pode produzir um
escotoma juncional, que é muito localizante. Por esta razão, é particularmente
importante prestar atenção especial no campo temporal o olho oposto ao examinar
um paciente com neuropatia óptica. A causa mais comum é um tumor hipofisário.
- Lesões do quiasma
72
supre-selar de um tumor hipofisário e é uma manifestação tardia não inicial do efeito
expansivo sobre o quiasma. O envolvimento de fibras maculares pode produzir
escotomas bitemporais. Lesões do quiasma raramente produzem hemianopsias
bitemporais do tipo figura de livro. Há com freqüência uma combinação de defeitos
do quiasma e do nervo óptico ou do trato óptico dependendo de estar o quiasma
pré-fixado, pós-fixado ou na posição normal e dos atributos específicos da massa e
seus valores de forca. Em geral, os defeitos são binoculares e geralmente
heterônimos. Acuidade, visão de cores e função pupilar não são afetadas, a não ser
que haja envolvimento do nervo óptico. Embora possam ocorrer hemianopsias
binasais por doenças do quiasma, neuropatia óptica, glaucoma e anomalias
congênitas são causas mais comuns.
- Lesões retroquiasmaticas
73
Em lesões da via geniculocalcarina (radiação óptica), patologia do lobo
temporal produz tipicamente quadranpsias superiores, ou hemianopsias homônimas,
contralaterais piores nos quadrantes superiores e processos do lobo parietal
produzem quadranpsias inferiores ou hemianopsias homônimas, contralaterais
piores nos quadrantes inferiores. Quanto mais posterior for a lesão, mais congruente
será o defeito. Lesões parietais estão associadas a respostas assimétricas do
nistagmo optocinético.
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devida a hemianopsias homônimas bilaterais, com um distúrbio visual extremo em
que o paciente não percebe o defeito e nega sua existência.
75
As paralisias isoladas do terceiro nervo se devem mais comumente a
microvasculopatia relacionada a diabete e hipertensão, mas elas podem ser uma
característica de vasculites, especialmente arterite de células gigantes. Pacientes
com paralisias esquêmicas são tipicamentes mais idosos que aqueles com
aneurismas. Paralisias microvasculares do terceiro nervo têm inicio súbito, são
dolorosas, geralmente poupam a pupila, começa a se resolver em torno de dois
meses e não causam regeneração aberrante.
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do reto inferior e disfunção pupilar, porem sem pitose ou fraqueza do reto superior
associada. Lesões envolvendo o terceiro nervo craniano no ápice da órbita muitas
vezes acometem também o segundo nervo craniano e podem causar propitose.
Outras causas de paralisia isolada do terceiro nervo incluem tumores da bainha
nervosa, doenças de Lyme, sarcoidose, artérias basilares dolicoectásicas,
enxaqueca oftamoplégica, mal formações artério venosas durais, síndromes pós
infecciosas, sinusite ou mucocele esfenoidal, carcinoma nasofaringia, herpes zoster,
inflamação ou infiltração meníngea. Em pacientes pediátricos, paralisia congênita do
terceiro nervo craniano é comum. Paralisia oculomotora cíclica é uma condição
curiosa, vista geralmente em crianças em que a paralisia vem e vai, alternando-se
com espasmos, e a periodicidade varia de um paciente para o outro.
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Lyme, enxaqueca oftalmoplégica, sarcoidose, síndrome de Guillain-Barré, doenças
meníngeas e síndrome de Tolosa-Hunt.
À exceção de que uma lesão nuclear causa paralisia do quarto nervo do lado
contralateral, lesões no nível nuclear e fascicular no mesencéfalo causam a mesma
aparência clinica de lesões que envolvem o próprio nervo no espaço subaracnóideo,
no seio cavernoso ou na órbita. O III e o IV nervos cranianos podem ser envolvidos
conjuntamente em processos que afetam o mesencéfalo ou os seios cavernosos.
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Fraqueza unilateral de músculos inervados pelo NC V indica em geral uma
lesão envolvendo o tronco cerebral, o gânglio gasseriano ou a raiz motora do NC V
na base do crânio. Fraqueza bilateral grave dos músculos da mastigação com
incapacidade de fechar a boca (queixo caído) sugere doença do neurônio motor, um
transtorno da transmissão neuromuscular ou uma miopatia. No caso de atrofia
significativa de um masseter, pode-se evidenciar um achatamento da mandíbula do
lado afetado. Na atrofia temporal, pode haver uma têmpora oca. Em raras ocasiões
ocorrem fasciculações ou outros movimentos involuntários anormais.
Transtornos da função: Lesões do nervo trigêmeo podem causar fraqueza,
movimentos involuntários anormais, perda sensorial ou outras anormalidades
sensoriais, dores faciais, anormalidades tróficas, disfunção autonômica ou
anormalidades dos reflexos mediados pelo nervo trigêmeo. As condições mais
comumente vistas são dores faciais, especialmente nevralgia do trigêmeo e
dormência facial.
Localização das lesões do nervo trigêmeo: Em revisões da patologia regional
do nervo trigêmeo por uma perspectiva de aquisição de imagens, as lesões comuns
do tronco cerebral foram neoplasias, doenças vasculares e processos
desmielinizantes. As causas mais comuns no segmento do tronco cerebral à base
do crânio – incluindo os segmentos cisternal, da caverna de Meckel e do seio
cavernoso – forma compressão neurovascular, seguida de schwanoma acústico ou
trigêmeo, meningioma, linfoma, adenoma hipofisário, metástases e aneurismas. As
anormalidades da base do crânio incluíam cordomas, condrosarcomas, metástases,
displasias ósseas e doença de Paget. As divisões periféricas do nervo trigêmeo
eram comumente afetadas por doença inflamatória adjacente nos seios paranasais,
disseminação perineural de condições de condições malignas e schwanoma.
Alterações no trigêmeo podem também ser conseqüência de herpes zoster,
traumatismo e neoplasias.
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O herpes zoster (HZ) agudo do nervo trigêmeo é extremamente doloroso. Ele
é visto em geral em pacientes idosos ou imunocomprometidos e afeta mais
comumente NC V1, causando dor e a formação de vesículas sobre a fronte, as
pálpebras e a córnea(herpes zoster oftálmico). A inflamação causa perda neuronal
no gânglio acometido e redução tanto de axônios como de mielina no nervo afetado.
É comum a formação de cicatrizes cutâneas. Envolvimento oftálmico pode causar
ceratite, ulcerações da córnea, cicatrizes da córnea residuais e por vezes cegueira.
O zoster pode afetar qualquer uma das divisões do trigêmeo, e pode haver
envolvimento motor. Em raras ocasiões, o HZ trigêmeo pode ser complicado por
encefalite ou uma síndrome de hemiparesia contralateral tardia decorrente de
arterite.
Comprometida a raiz sensitiva, o paciente vai referir dor, limitada à área
correspondente à sua atribuição. Em tais casos, usa-se a designação de neuralgia
do trigêmeo ou de trigeminalgia. Cumpre diferenciar a trigeminalgia secundária da
trigeminalgia essencial ou idiopática. Entre as características que as diferenciam,
sobressai o fato de que, na essencial, não se encontram alterações objetivas
deficitárias de sensibilidade da face, enquanto na secundária tais alterações estão
presentes
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Lesões do tronco cerebral não produzem necessariamente outros sinais e
podem ser uma causa de paralisia aparentemente isolada do sexto nervo. O núcleo
do VI nervo craniano contém tanto neurônios motores do reto lateral como
interneurônios que se projetam para o fascículo longitudinal medial, de modo que
uma lesão envolvendo o núcleo causa uma paralisia do olhar ipsilateral e não uma
paralisia do sexto nervo.
81
4.7 Nervo Facial (NC VII)
A maior parte das lesões do nervo facial leva à paralisia facial, e cerca de
oitenta porcento destas paralisias são chamadas a frigore e têm caráter benigno.
Admite-se, atualmente, que as paralisias a frigore sejam provocadas por infecções
virais que se acompanham de reação edematosa do nervo. Outras causas incluem o
diabetes mellitus , as neoplasias, a otite média, os traumatismos, o herpes zoster e a
hanseníase. Na hanseníase, a paralisia pode ser incompleta do tipo ramuscular, isto
é, apenas ramos terminais são lesados.
Mais sobre os tipo de paralisai facial foi anteriormente exposta no tópico 3.5.
A perda auditiva também pode ser condutiva, que está associada à processos
que interferem na condução de ondas sonoras nas orelhas média e
externa,impossibilitando que as ondas sonoras cheguem ao ouvido interno.
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Esses distúrbios podem se manifestar por desequilíbrio corporal (ataxia de
tronco), vertigem (sensação ilusória de movimento) e movimentos oculares
involuntários oscilatórios (nistagmo).
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no canal auditivo externo, devido à suplência do nervo glossofaríngeo. O reflexo do
vômito está ausente de um lado. Os reflexos autonômicos (vômito, tosse, espirro)
geralmente não são afetados. Podem ocorrer taquicardia e perda do reflexo
oculocardíaco envolvido, mas comumente não há sintomas cardíacos. Distúrbios
gastrointestinais não são evidentes.
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Já as lesões periféricas (que ocorrem fora da medula, mas dentro do crânio,
no forame jugular ou no pescoço) são as principais causas de dano à função da raiz
espinhal do nervo acessório. São causadas por meningites, neoplasias
extramedulares dentro do crânio, fraturas na base do crânio ou processos no forame
jugular.
Vale ressaltar que é no triângulo posterior do pescoço que a raiz espinhal do
IX nervo está mais exposta, a sua localização superficial protegida apenas pela pele
e tecido subcutâneo torna-a suscetível a lesões por traumatismo, principalmente.
São comuns traumas iatrogênicos nessa região durante biopsia de linfonodos,
canulação da vaie jugular interna, endarterectomia da carótida e outras.
A distonia13 cervical frequentemente acomete os músculos ECM e trapézio
causando torcicolo espasmódico, anterocolo ou retrocolo. Esses músculos são
afetados por muitos transtornos neuromusculares como miastenia grave14,
poliomiosite,dermatomiosite, doenças da células do corno anterior, entre outras. A
distrofia miotônica causa atrofia e fraqueza dos dois ECM. A síndrome da cabeça
caída é causada por diminuição de força nos músculos extensores do pescoço
sendo encontrada em diversas doenças neuromusculares.
13
Distonia é uma doença do sistema nervoso, que causa o congelamento dos
movimentos durante uma ação, devido a contrações musculares involuntárias, lentas e
repetitivas. Pode conduzir a posições anormais e movimentos de torção de todo o corpo
ou de algumas partes.
14
A miastenia grave é uma doença neuromuscular auot-imune que causa fraqueza e
fadiga dos músculos voluntários.
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seja, a ação da musculatura do lado normal não é contrabalançada pela metade
paralisada.
Lesões bilatérias são mais graves e dificultam a maior parte das atividades da
língua. Elas geram atrofia, impedem a protrusão e a lateralização linguais, além de
dificultar a articulação das palavras, a mastigação e a deglutição.
As causas das lesões do XII nervo são as mais variadas incluindo: processos
envolvendo a base do crânio (fraturas da base do crânio, impressão basilar,
platibasia, entre outras), meningites, neoplasias, hemorragias subaracnóideas,
traumas na região do côndilo occipital (síndrome do côndilo occipital, que causa
paralisia isolada do hipoglosso), aneurismas da carótida, tumores ou infecções no
espaço retroparotídeo ou retrofaríngeo, adenopatia cervical profunda. O nervo XII,
juntamente com outros nervos cranianos inferiores e ramos simpáticos cervicais,
também pode ser envolvido em lesões no espaço retroparotídeo (síndromes de
Collet-Sincard ou de Villaret). Esse nervo também pode ser afetado uni ou
bilateralmente pela síndrome de Guillain-Barré e em polineurites.
3. CONCLUSÃO
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No exame clínico dos pares de nervos cranianos a anatomia é de suma
importância, pois ao tomar conhecimento de todas as lesões que acometem esses
nervos percebe-se que saber o trajeto e as respectivas estruturas inervadas é
fundamental para interpretar sinais e sintomas, e desta forma escolher os exames
clínicos adequados. Assim é possível diagnosticar as possíveis patologias e indicar
o tratamento mais adequado possível ao paciente.
Além disso, vale destacar que esses exames clínicos são rápidos, precisos e
de fácil avaliação, uma vez que podem ser realizados próximo ao leito do paciente
ou em consultórios médicos. Outro beneficio é o baixo custo destes, já que não
necessitam de demasiado aparato tecnológico.
4. BIBLIOGRAFIA
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CAMPBELL, William Wesley Campbell. DeJong, o exame neurológico. 6ª ed;
[revisão técnica Péricles Maranhão Filho; tradução Fernando Diniz Mundim]. – Rio
de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.
MOORE, Keith L.; DALLEY, Arthur F. Dalley; Anatomia Orientada para a Clínica. 5ª
ed. com a colaboração de Anne M. R. Agur; a assistência no desenvolvimento de
Marion E. Moore; [revisão técnica Marco Aurélio Fonseca Passos; tradução Cláudia
Lúcia Caetano de Araújo]. - Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.
PORTO, Celmo Celeno. Semiologia Médica. 6ª ed.; co-editor Arnaldo Lemos Porto. -
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009.
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