Aprovado Por Deus

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In memoriam

“Porque, quando meu pai e minha mãe me desampararem, o Senhor me recolherá”


Salmos 27.10

Aos meus pais, José da Silva Cardoso e Francisca Lima da Costa, pelo grande
amor e carinho e pela doce saudade que me deixaram.

1
Prefácio

A presente obra é esmerada em um breve estudo, que contém informações sobre


a mudança espiritual do ser humano, quando este se encontra com o SENHOR Jesus
Cristo. Ao que entendemos, não há possibilidade de transformação radical que alcance
os parâmetros divinos a não ser através de uma vida entregue aos cuidados do Espírito
Santo e exaustiva dedicação ao estudo da Palavra de Deus.
Conforme entendemos, a grande virtude do cristão, que lhe identificará como
verdadeiro servo de Deus, é a seguinte: Produzir o fruto do Espírito. Ninguém, jamais,
será aprovado pelo SENHOR se não produzi-lo. Quem conquista o coração Dele,
apresentar-se-á amando-O, bem como ao nosso próximo de forma incondicional.
Tudo começa com uma chamada divina. Somos chamados para recebermos a
salvação; para trabalhar e, um dia, prestarmos contas de nossos feitos quando
receberemos do SENHOR o nosso galardão que nos for merecido. Leitor, você tem feito
algo para Deus?
Jairo Cardoso da Costa, dedicado jovem na obra de Deus, traz nesta obra por seu
conhecimento e pesquisa uma coletânea de informações, que vão se complementando,
dando-nos um norteamento de que tudo o que o SENHOR permite acontecer conosco
tem propósito real, o que designa a Sua soberania.
Que Deus abençõe esta obra!
Fortaleza, janeiro de 2010

Pr. Wellington Cardoso Lopes


Vice – Presidente da Assembleia de Deus Ministério Templo Central do Campo de
Messejana – Fortaleza – Ce.

2
Introdução

Deus tem um propósito definido em cada etapa de nossas aflições, a exemplo


dos grandes homens de fé registrados nas sagradas escrituras. É salutar lembrar que em
alguns momentos chegamos a derramar lágrimas, sofrer angústias; há ocasiões em que
pensamos até mesmo em desistir, momentos dolorosos que nos fazem crescer
espiritualmente, fundamentam nosso caráter tornando-nos um excêntrico Filho de Deus.
É peremptório falar sobre o sofrimento humano, principalmente nestes últimos
dias em que vidas estão sofrendo, a exemplo de atrocidades que estão acontecendo no
planeta. O que mais me chama atenção é a carência do amor nas pessoas, até mesmo no
povo de Deus.
O propósito de Deus através das provações é gerar em nós o fruto do Espírito, ou
seja, seu amor ágape em nossos corações. Tendo em vista isso, procurei em cada
capítulo realçar a relevância do propósito Dele em realizar seu intento na humanidade.
Afinal a vontade divina é que nenhuma vida se perca, motivando com isso o homem a
ver as provações não só sob a perspectiva negativa, mas também positiva. O SENHOR
está trabalhando em nossas vidas, agindo em nosso favor e transformando nosso caráter.
No capítulo I, ressalto a importância da chamada Divina (Rm 9.25,26) para a
humanidade, chamada esta impulsionada pelo Seu extremo amor (Jo 3.16). Fomos
escolhidos primeiramente por Deus (Jo 15.16). Sua vontade é que esta mensagem
chegue aos nossos corações e resulte em fruto.
No capítulo II, descrevo o propósito de Deus ao nos provar. Do capítulo III ao
V, descortino como se deslancham as provações divinas desde as primeiras aflições
(provado nas águas), as perseguições (provado no fogo), a solidão (provado no deserto),
diversas maneiras ou etapas, através de linguagem figurada, por meio de metáforas, a
exemplo dos grandes homens de fé que foram aprovados pelo Senhor.
Argumento acerca do que acontece na vida do crente ao passar pelas provações
divinas e ser aprovado. Através da mudança em seu caráter e em sua mente e
principalmente em seu coração, como bem disse Paulo, “o crente passa a viver em
novidade de vida”. Deus realiza uma verdadeira operação cirúrgica em nós,
transformando nosso coração de pedra em um de carne (Ez 36.26), o que nos leva a
construir um coração divino (At 13.20). Este tesouro, porém, é consubstanciado em
vaso de barro para que a excelência do poder seja Dele e não nossa, fazendo isso parte
da máxima sabedoria divina ao passo que pelas provações somos moldados e
transformados.

3
Capítulo I
A Chamada Divina

“O Senhor me chamou desde o ventre, desde as entranhas de minha mãe fez menção do meu nome”
(Isaías 49.1).

“Deus tem uma grande obra para realizar na sua vida” é a frase mais comum
usada pela maioria dos cristãos quando estão evangelizando. Porém, poucos sabem da
profundidade dessa mensagem: É uma verdade inerente ao grande propósito de Deus na
vida do homem registrada nas Sagradas Escrituras. Como bem disse o profeta Isaías que
o Senhor o chamou desde o ventre de sua mãe; é um mistério tão glorioso que Davi
assim se expressou:
“Eu te louvarei, porque de um modo terrível e tão maravilhoso fui formado...
Os meus ossos não te foram encobertos, quando no oculto fui formado e
entretecido como nas profundezas da terra. Os teus olhos viram o meu corpo
ainda informe, e no teu livro todas estas coisas foram escritas, as quais iam
sendo dia a dia formadas, quando nem ainda uma delas havia” (Salmos
139.14-16).

Não somos frutos do acaso, nascemos para cumprir o propósito de Deus! Você é
especial. Davi relatou minuciosamente o agir divino quando em processo de formação;
Ele o escolheu; não importa qual seja seu nome. O Senhor o ama e chama por seu nome.
Amado, você é insubstituível! Através de sua vida, o Senhor realizará as mais gloriosas
proezas, acredite!
“Eu o Senhor te chamei em justiça, e te tomei pela tua mão, e te guardarei, e
te darei por conserto do povo, e para luz dos gentios” (Isaías 42.6). “Porque
o Senhor te chamou como a mulher desamparada e triste de espírito, como a
mulher da mocidade, que é desprezada, diz teu Deus” (Isaías 54.5,6).

E, como afirmou Paulo, “Isaías foi ousado em dizer que Deus foi achado pelos
que não o buscavam, foi manifestado aos que por Deus não perguntavam”. Jesus
ratifica quando disse a todos que ao recebê-lo Ele lhes concedeu o poder de serem
chamados filhos de Deus (João 1.12). “Fomos reconciliados com Deus por meio de
Jesus Cristo” (Romanos 5. 6;10). “Agora sendo libertos do pecado fomos feitos servos
da justiça” (Romanos 6.18). Novas Criaturas em Cristo (2 Coríntios 5.17).
Dessa forma, passamos a ser co-herdeiros de Cristo, compartilharemos de um
mesmo corpo ressurreto de Jesus e participantes da promessa de Cristo pelo evangelho.
“Somos geração eleita de Deus, nação santa, povo adquirido por Deus” (I Pedro 2.9).
Tudo isso por intermédio de seu imensurável amor que nem mesmo João Evangelista,
considerado por muitos como o apóstolo do amor, conseguiu compreender e
dimensionar este sentimento máximo de Deus pelo homem.
“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que enviou seu filho unigênito
para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”
(João 3.1).

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A Mensagem ao Coração

“Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma
de dois gumes, e penetra até a divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e
é apta para discernir os pensamentos intenções do coração” (Hebreus 4.12).

Uma das mais magníficas virtudes de Jesus é a forma específica de ele falar
diretamente ao coração do homem. Ele é conciso e objetivo, entregando a mensagem e a
resposta que o nosso coração mais anseia ouvir. Impressiona-me o desempenho com
que João descreve este atributo de Jesus: “E não necessitava de que alguém testificasse
do homem, porque ele bem sabia o que havia no homem” (João 2.24).
Nicodemos, quando foi conversar à noite com Jesus, não relatou de imediato o
que seu coração mais desejava ouvir; no entanto, o elogiou por seus sinais
caracterizando-o por uma pessoa vinda de Deus. De repente, após um silêncio, a mais
maravilhosa resposta vem à tona: “... aquele que não nascer de novo não pode ver o
reino de Deus”. Que majestoso! Jesus estava falando que para Deus a mudança na vida
do homem é de dentro para fora, e não de fora para dentro, ou seja, rito e cerimônia não
salvam nem, muito menos, um mero conhecimento intelectual. Faz-se necessária uma
experiência íntima com Ele. As letras das Sagradas Escrituras precisam brilhar em seus
olhos a ponto de fazerem chorar, comovendo o seu coração.
Jesus ressalta que para termos a certeza de nossa salvação é preciso que sua
mensagem chegue aos nossos corações e produza frutos, para a glória de Deus. Quantos
o aceitam, porém não permitem que a mensagem de Cristo entre em seus corações! Esta
conduta impossibilita causar-lhes um impacto profundo em suas vidas e impede-lhes
que operem uma transformação de dentro para fora.

Falando por Parábolas

“Falou-lhe de muitas coisas por parábolas, dizendo: Eis que o semeador saiu
a semear. E, quando semeava, uma parte da semente caiu ao pé do caminho, e
vieram as aves e comeram-na; e outra caiu em pedregais, onde não havia
terra bastante, e logo nasceu, porque não tinha terra funda. Mas, vindo o sol,
queimou-se e secou-se, porque não tinha raiz. E outra caiu entre espinhos, e
os espinhos cresceram e sufocaram-na. E outra caiu em boa terra e deu fruto:
um a cem, outro, a sessenta, e outro, a trinta. Quem tem ouvidos para ouvir,
que ouça.” (Mt 13.1-9).

A parábola é uma palavra originária do vocábulo grego parabolé, que significa


colocar uma coisa ao lado de outra; comparando-as. Segundo a hermenêutica, parábola
é uma narrativa alegórica constituída de personagens, coisas, incidentes e atitudes que,
através de comparações, facilitam a compreensão de realidades que se acham além do
nosso entendimento.
Particularmente, Jesus usou parábolas por duas razões:
a) Aos seus discípulos e a outros ouvintes; Para estas pessoas o ensino por
meio de parábolas lançava luz sobre a verdade.
b) Encobrir a verdade aos que não aceitavam o Cristo como messias de Deus.
A esta última, aos discípulos que perguntaram “porque lhes falas por
parábola?”. Jesus respondeu “porque a vós outros é dado a conhecer os mistérios do
reino dos céus, mas não lhes é isso concedido”. Elas revelam verdades conhecidas.
Uma relevante observação que o amado leitor deve sempre levar em
consideração, ao querer compreender uma parábola, é relacioná-la com Cristo e seu

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Reino. Portanto, a primeira pergunta que devemos fazer a nós mesmos ao estudá-la é
“o que esta parábola tem a ver com Cristo”.
Na parábola do Semeador Jesus nos mostra como o coração reage frente a sua
mensagem; ele ensina que nem todos são igualmente receptivos à “boa semente”
(Palavra de Deus).
“Isso decorre da ação degenerante, deformadora e maligna do pecado no ser
humano. Deus fez tudo bom no princípio (Gn 1.31; Ec 7.29). Hoje não há ninguém
bom; só Deus é bom (Mt 19.17)”. (CABRAL, ElienaI. 2005).
Jesus caracteriza os tipos de terrenos em nossos corações: a) A beira do
caminho (Mt 13.19). São todos aqueles cristãos que, embora frequentem os cultos da
Igreja, ouvem de fato, porém não compreendem a palavra de Deus. São pessoas
inconscientes, sem a menor noção das verdades de Cristo. Para esses, como bem frisou
o Dr. Larry Crabb, “ser cristão é uma convenção social, uma rotina tradicional, não é
uma experiência interior”.
Não basta apenas um crescimento quantitativo, uma mudança exterior. O
importante é a transformação interior. b) Em pedregais (Mt 13.20). São os crentes que
praticam uma religiosidade, mas são pessoas superficiais que não têm uma experiência
profunda com Deus. Conhecem-no só de ouvir falar, na esfera intelectual. Não
permitiram que a palavra de Dele produzisse raiz em suas vidas, tanto que, ao
receberem a mensagem, a primeira intenção é aceitá-la; no entanto, quando lhes
sobrevêm as primeiras aflições (provado nas águas), logo se frustram e abandonam a fé
ou, por outra, ficam perdidos dentro do templo como exemplificou Jesus na parábola da
dracma perdida (Lc 15.8).
c) Entre espinhos (Mt 13.22). Esta mensagem é destinada aos crentes que são
levados pelas preocupações da vida às cobranças de uma sociedade ímpia, pelos
prazeres ilusórios da vida e pelo engano do acúmulo de riquezas materiais (Mt 4.19; Lc
8.14).
Nessas riquezas há espinhos que transpassam seus donos “com muitas dores”
(I Tm 6.10). A possessão de riquezas sem o temor a Deus tem provocado sofrimento e
sufocado a vida de muitos crentes que ficam sem tempo para a oração, para os estudos
da Bíblia e para o serviço ao Senhor. Assim, o terreno entre espinhos mostra-nos que o
crente pode até permanecer na fé, entretanto não se dispõe a ser consagrado ao Senhor.
d) O terreno em boa terra (Mt 13.23) A “boa terra” acolhe bem a semente
porque é maneira, funda, limpa, úmida e apropriadamente nela a semente, como diz o
profeta “tornará a lançar raízes para baixo, e dará fruto para cima” (Is 37.31). As
pessoas simbolizadas por este tipo de terreno ouvem e entendem a palavra. Esta não
volta vazia, mas prosperará (Is 55.11).
Em 2 Timóteo 3.15-17 e no Sl 119, encontramos inúmeras bênçãos para aqueles
que buscam e amam a Palavra de Deus. Nesta mesma parábola em Lc 8.15 Jesus aludiu
a este coração como “honesto e bom”. Muito embora Jesus tenha falado que do
“interior do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição,
furtos, falsos testemunhos e blasfêmias” (Mt 15.19). Na parábola Jesus está se referindo
ao coração aprovado por Deus, que, mediante sua palavra, fora regenerado e renovado.
Como disse “e vos darei um novo coração, e um novo espírito; e tirarei o coração de pedra de
vossa carne, e vos darei um coração de carne” (Ez 36.26).

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Capítulo II
O Propósito das Provações
“Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz em nós um peso eterno de glória mui excelente”
(II Corintios 4.17)

Iniciarei este capítulo descrevendo os vários significados da palavra Provar.


Segundo o escritor Emílio Conde, em seu livro Tesouros de Conhecimento Bíblico,

“Provar tem duplo significado. Um deles é demonstrar, sujeitar ao exame, à


experiência, para se conhecer uma qualidade de alguma coisa. O substantivo
prova também tem duplo sentido, que tanto pode ser o de provar como o de
provação, aflição. Colocar à prova, do grego “peirazo” não implica uma
tentação, mas um convite para que a pessoa viva uma experiência mais intensa e
tendo sua relação mais profunda, quer com Deus, quer com o próximo. Nesse
sentido, o Senhor pôs à prova os seus amigos, como Abraão e Jó, Adão e Eva; os
crentes (Atos 20.14; II Co 13.5; Tg 1.2,12; I Pe 1.6; 4.12); o Altíssimo preserva os
crentes, adaptando a prova às forças do homem. O outro sentido de provar é
verificar uma atitude, apreciar, aprovar, do grego “dokimazo”. O crente deve
examinar as coisas e deve examinar-se a si mesmo. (Rm 12.2; I Co 11.28; Gl 6.4;
I Tm 3.10; Hb 11.29). Provação é coisa diferente; provação nas Escrituras, tanto
pode ser o ato permissivo de Deus, no sentido de provar a fé através de
dificuldades e sofrimentos físicos, como no caso de Jó, como também pode ser
castigo por um pecado cometido ou pela desobediência, como no caso do rei Davi
que teve contra sua própria casa a espada por ordem do Senhor” (II Sm 12. 1-
10).

Deus tem um propósito em cada provação. Ele usa circunstâncias muitas vezes
adversas para produzir em nós o fruto do Espírito em nosso caráter. Como bem
expressou João Batista: “E agora está posto o machado à raiz das árvores; toda
árvore, pois que não produz bom fruto, é cortada e lançada ao fogo” (Mt 3.10).
Ao aceitarmos a Jesus, recebemos dele as sementes deste fruto (o amor de Deus)
através do Espírito Santo derramado em nossos corações (Rm 5.5). Aos coríntios, Paulo
escreve “O qual também nos selou e deu penhor do Espírito em nossos corações” (II
Co 1.22). Portanto, não digo como uma obrigação nem muito menos como um dever,
porém como uma missão. O propósito de vida cristã é produzir, ou melhor, desenvolver
em nossos corações o fruto do Espírito de Deus. Ao escrever aos Gálatas, Paulo o
descreve “Mas o fruto do Espírito é Amor, Gozo, Paz, Longanimidade, Benignidade, Bondade,
Fé, Mansidão e Temperança” (Gl 5.22).

“Numa análise do fruto do Espírito, apontando o amor como o aspecto exaltado


do mesmo fruto, escreve o Dr. Boyd: Gozo é o amor obedecendo. Paz é o amor
repousando, Longanimidade é o amor sofrendo. Bondade é o amor agindo. Fé é o
amor confiando. Mansidão é o amor suportando. Temperança é o amor
controlando” (Apout. OLIVEIRA. 1994).

É pelo fruto que Jesus conhece-nos (Mt 7.16). E ratificando o que por sua vez
nos falou João batista, Jesus disse: “Toda árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-
se ao fogo” (Mt 7.19).

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Por que somos provados?

“Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não
nossa” (II Coríntios 4.7).

Neste instante, quando indagamos porque somos provados, poderemos


encontrar várias respostas, mas a ideal é no propósito de darmos fruto, ou seja, para que
o nosso coração dantes mau (Mt 15.19), agora aprovado por Deus, tenha a missão de
desenvolver bons frutos.
Para que o amado leitor possa ter uma compreensão da utilização do termo
fruto, Deus emprega na sua palavra figuras extraídas da vida cotidiana para que
possamos entender profundas verdades espirituais que, de outro modo, não
conseguiríamos compreender.
É um modo de dar um nome, conceito, um símbolo, a uma realidade espiritual
tornando-a compreensível para a mente humana, comparando coisas terrestres a coisas
espirituais (João 3.12).
No reino vegetal, o aparecimento do fruto é resultado de um longo processo de
crescimento e desenvolvimento da árvore; também na esfera espiritual, o Espírito de
Deus opera de modo progressivo, aperfeiçoando gradativamente a obra iniciada no
momento da conversão (Fp 1.6). “Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora,
que vai brilhando mais e mais até a ser dia perfeito” (Pv 4.18). “Produzir fruto não
está reservado somente para alguns crentes especialmente dotados, mas é para nós
uma questão de sobrevivência, e a condição necessária para permanecer na vida
espiritual” (Jo 15.2). Acima de tudo, um mandamento dado pelo próprio Cristo: “O
meu mandamento é este que vos ameis uns aos outros, assim como vos amei” (Jo
15.12). (COUTO, 1996)

O Pastor Antônio Gilberto salienta quatro propósitos da frutificação espiritual,


vejamos a seguir:
Expressar o caráter de Cristo. Todo fruto revela sua árvore de origem. Da
mesma maneira, como membros do corpo de Cristo, devemos refletir naturalmente o
seu caráter para que o mundo o veja em nós.
Evidenciar o discipulado. Jesus ensinou que devemos dar “muito fruto” a fim
de confirmarmos que somos seus discípulos (Jo 15.8).
Abençoar outras pessoas. A manifestação do fruto abençoa os ímpios que nos
cercam e também os crentes que veem a evidência do fruto espiritual em nós.
Glorificar a Deus (Jo 15.8). O fruto do Espírito é o resultado de uma vida
abundante em Cristo. Quando permitimos que a imagem dEle seja refletida em nós, as
pessoas glorificam a Deus (Mt 5.16).

O Propósito Divino

“... Eis que como o vaso na mão do Oleiro, assim sois vós na minha mão, diz o Senhor” (Jeremias 18.6).

Promover nossa maturidade espiritual é um dos propósitos divinos na vida do


crente.
“Maturidade em seu sentido secular é o estágio de vida em que o ser humano
apresenta claros sinais de pleno desenvolvimento em todas as áreas pessoais.
É a época caracterizada pela prudência, inteireza de caráter, clareza nas
decisões, firmezas nas atitudes, propósitos definidos e senso de segurança. No
sentido espiritual, além de abarcar os pontos já enfocados, maturidade é o

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pleno desenvolvimento das potencialidades espirituais de cada um, em que os
dons e o fruto do Espírito se manifestam em perfeito equilíbrio, a graça e o
conhecimento se revelam na mesma proporção, a fé e a segurança caminham
em plena harmonia e o senso do bem servir, aqui e agora e a certeza da vida
eterna se imaginam ajuntadas numa vida exemplar. O próprio Senhor Jesus
experimentou todas as fases de crescimento até chegar à maturidade. Em (Lc
2.52), está escrito que Ele crescia em sabedoria (crescimento espiritual), em
estatura (crescimento físico), em graças para Deus (crescimento espiritual) e
em graça para o homem (crescimento social)”.
(Op.cit. 1996)

Tanto os dons quanto os frutos são indispensáveis para a igreja, sendo que o
fruto tem suas singularidades, senão vejamos como Raimundo de Oliveira os diferencia:
“Os dons são dados, recebidos, enquanto o fruto é gerado em nós.
- Os dons vêm após o batismo com o Espírito Santo, enquanto o fruto começa
com a obra do Espírito, a partir da regeneração.
- Os dons vêm de fora, do Alto, enquanto o fruto vem do interior.
- Os dons vêm completos, perfeitos, enquanto o fruto requer tempo para
crescer e desenvolver-se.
- Os dons são dotações de poder de Deus, enquanto que o fruto é uma
expressão do caráter de Cristo.
- Os dons revelam concessão de poder e graça especial, enquanto o fruto se
relaciona com o caráter do portador.
- Os dons são a operação soberana do Espírito Santo, enquanto o fruto
(também do Espírito) nos vem mediante Jesus Cristo.
- Os dons são distintos, enquanto o fruto, sendo nônuplo, é indispensável.
- Os dons conferem poder, enquanto que o fruto confere autoridade.
- Os dons comunicam espiritualidade, enquanto que o fruto, irrepreensão.
- Os dons identificam-se com o que fazemos, enquanto que o fruto com o que
somos.
- Os dons podem ser imitados, enquanto que o fruto jamais será”.

Um sinal básico da maturidade espiritual é a manifestação do fruto, logo este é a


marca autêntica do verdadeiro discípulo de Jesus.
À medida que isso acontece, Deus manifestará em sua vida os resultados do
fruto do Espírito, que são os seguintes: o amor, da palavra grega ágape, isto é,
sentimento divino que não busca seus próprios interesses, mas os de outrem; gozo, isto
é, prazer que se fundamenta na intensa e constante comunhão com Deus; paz, isto é,
sem restrições com o Criador; longanimidade, isto é, paciência que não se entrega à
precipitação; benignidade, isto é, desejo de praticar o bem; bondade, isto é, ausência de
maldade como princípio ativo da vida; fé, isto é, fidelidade que implica em
compromisso inaliável com Deus; mansidão (Humildade), e temperança, isto é,
autocontrole e domínio dos desejos e apetites carnais. Paulo, escrevendo aos
Colossenses, exorta os irmãos a terem compaixão dos demais, do íntimo de seu ser.
“Com entranhas de misericórdia” (Cl 3.12).
A bíblia nos exorta que, havendo queixa de uns contra os outros, o caminho não
é agir pelo ego, exigir justiça, mas pelo espírito, ou seja, “suportar os outros e perdoar-
lhes” (Cl 3.13).
Somente age desta forma aquele que foi provado por Deus nas águas, no fogo,
no deserto para ser aprovado pelo Grande Oleiro.

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Sendo Aprovado por Deus

“Procura apresentar-te aprovado a Deus, como obreiro que não tem de que se
envergonhar, que maneje bem a palavra da verdade” (II Tm 2.15).

Somente quando aprovados por Deus, temos um terreno preparado em nosso


coração para gerar Seu memorável fruto. Esse deve ser o fator motivador que nos
impulsionará a buscá-lo, adorá-lo em Sua santidade, nos motivando a evangelizar,
ajudar as pessoas, firmando nossos passos em Seus caminhos, com segurança,
convicção e maturidade.
É a nossa motivação que Deus levará em conta na hora de conceder os
galardões. É perfeitamente possível alguém realizar uma boa ação por motivos errados.
O bem pode ser praticado em troca de vantagens, visando exclusivamente o beneficio
pessoal, ao invés de estar olhando de fato o interesse de outrem. Vejamos como Paulo
aborda este tema expressando tão maravilhoso sentimento como a fonte correta de todas
as nossas motivações.

“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria
como metal que soa ou como um tine. E ainda que tivesse o dom de profecia e
conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, ainda que tivesse toda a fé, de maneira
que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria. Ainda que distribuísse toda
a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse meu corpo para ser
queimado, e não tivesse amor, nada me aproveitaria. O amor é sofredor, é benigno, o
amor não é invejoso, o amor não luta com leviandade, não se ensoberbece. Não se
porta com indecência, não busca seus interesses, não se irrita, não suspeita mal, não
folga com a injustiça, mas folga com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo
suporta. O amor nunca falha; mas havendo ciência, desaparecerá; Agora, pois
permanecem a fé, a esperança e o amor, destas três a maior é o AMOR”. (I Coríntios
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A palavra Amor é marcante e profunda, está é chave da aprovação. Existem


algumas palavras gregas que definem os tipos de amor. Ágape: amor abnegado, o amor
divino; Philia: amor fraternal; relativo à amizade; Storge: amor familiar; relacionado à
família; Eros: amor físico, voltado para o erotismo.

“O amor, em seu conceito mais sublime, é personificado em Deus. A melhor e mais


curta definição do amor é Deus, pois, Deus é amor. Este foi manifesto à humanidade
por Jesus Cristo (Rm 5.8; Jo 13.1). A quem Jesus tanto amou que voluntariamente deu
sua própria vida? A indivíduos perfeitos? Não! Um dos discípulos negou-o; outro
duvidou dele; três dos que compunham, o círculo interno dormiram enquanto Ele
agonizava no Jardim do Getsêmani; dois desses almejavam elevadas posições em seu
Reino; outro tornou-se o traidor. E quando Jesus ressuscitou, alguns não creram. Mas
Jesus amou-os até ao fim - até à plena extensão do seu amor. Ele foi abandonado,
traído, desapontado e rejeitado, contudo, amou!” (GILBERTO, Antônio. 2005).
O apóstolo Paulo, quando escreveu aos I Coríntios, capítulo 13, foi inspirado
pelo amor ágape, o amor de Cristo, derramado em nossos corações. À exceção deste,
todas as demais são egoístas, uma vez que pessoas que amam assim só se importam
com o próprio grupo, com a própria família e com o ente amado.
Porém, o amor de Cristo, o ágape, que Paulo nos relata, não tem preconceito,
não busca seus próprios interesses; este amor só visa ajudar, independente de retorno e
de segundas intenções. Transcendendo todas as relações humanas, é impossível o ser
humano compreendê-lo.

10
“Oh, Corinto, vocês têm um problema em cada banco da igreja. Egoísmo territorial.
Falta de vergonha moral. Negligência teológica. E imprudência generalizada. Será
possível ajudar uma congregação desse tipo? A solução é uma palavra grega de cinco
letras: Á-G-A-P-E. Ágape. Paulo vislumbra um amor ágape. Paulo poderia ter usado
a palavra grega Eros. Mas não está se relacionando ao amor sexual. Ele poderia ter
usado Phileo, no entanto, mostra mais do que amizade. Ou poderia ter usado Storge,
um termo carinhoso para o amor familiar. Mas Paulo tem mais do que a paz
doméstica em mente. Ele vislumbra um amor ágape. O amor ágape se preocupa com
os outros porque Deus se preocupado conosco. O amor ágape vai além dos
sentimentos e dos bons votos. Por Deus ter nos amado primeiro, o amor ágape
responde. Por Deus ter nos tratado com sua graça, o amor ágape perdoa o erro
quando a ofensa é grande. Ágape oferece paciência quando o estresse é abundante e
aumenta a bondade quando ela é escassa. Por quê? Porque Deus nos oferece ambas.
O amor ágape “tudo sofre, tudo crê, tudo suporta” (I Co 13.7). Este é o tipo de amor
que Paulo prescreve para a igreja em Corinto. Não precisamos da mesma receita
hoje? Nossos grupos também não brigam entre si? Não flertamos com quem não
deveríamos? Às vezes não nos calamos quando deveríamos falar? E aqueles que
encontram a liberdade não sofrem devido àqueles que não a tem? Um dia haverá uma
comunidade onde todos se comportarão bem e ninguém reclamará. Mas não será
deste lado do céu. Até lá, o que faremos? Devemos argumentar. Devemos confrontar.
Devemos ensinar. Mas acima de tudo, devemos amar. Um amor assim não é fácil.
Nem para você, nem para mim. Também não foi para Jesus. Você quer uma prova?
Ouça as suas frustrações: “Ó geração incrédula! Até quando estarei convosco? Até
quando vos sofrerei ainda?” (Mc 9.19). Até o Filho de Deus teve que lidar com a
questão da comida ruim. Saber que Jesus perguntava essas coisas nos tranquiliza.
Mas saber como Ele mesmo respondeu nos transformará. “Até quando terei que
suportá-los?”. (LUCADO, Max. 2003).

Deus pesará na balança não só as boas obras em si mesmas, mas os motivos que
as geraram. Se forem erradas, elas terão o mesmo destino da madeira, do ferro e da
palha. Se forem corretas, passarão pelo fogo do julgamento e darão direito ao vencedor
de receber a premiação prometida por Deus. “Se a obra de alguém se queimar, sofrerá
derretimento, mas o tal será salvo, todavia pelo fogo. Se permanecer, esse receberá
galardão” (I Co 3. 14,15). Ver também (Mt 20.1,8; 25.19,21,23; II Tm 4.7,8).
Assim sendo, posso ter 25 anos de fé, ir todos os dias ao templo, pagar
mensalmente o dízimo, dar ofertas, ser um excelente pregador, mas se a minha
motivação não for o amor, corro o sério risco de no mínimo perder o meu galardão
quando no máximo não ser salvo. Esta é a grande realidade como vimos no capítulo
anterior em que relatei que Jesus olha tão somente ao coração do homem, qual fez com
o mestre Nicodemos, bem como ao jovem rico. Este por toda sua vida guardava os
mandamentos, porém não permitiu que seu coração fosse transformado por Deus, de tal
forma que em sua pessoa gerasse boas motivações permitindo um coração contrito,
renovado, purificado, cheio do amor ágape em sua vida. O SENHOR o conserve um
coração assim, amado leitor, gerando em sua vida o bendito fruto vindo dele.

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Capítulo III
Provado nas Águas da Aflição

“Ainda que as águas rujam e se perturbem...” (Salmos 46.3).


“(...) Tirou-me das muitas águas” (II Samuel 22.17).
“Jesus é o porto onde a alma pode ancorar, Ele acalma a maré...”. (Shirley Carvalhães).

Água, líquido incolor, inodoro, insípido, encontrada nos mares, rios e lagos; em
estado sólido, constituindo o gelo e a neve; em estado de vapor, visível formando a
neblina e as nuvens; e em estado invisível, o ar.
Segundo o escritor Emílio Conde, a palavra água é do hebraico “náyim”
(sempre no plural – águas) e do grego “hidro”.
Apresentaremos o sentido contraditório, metafísico da água nas Escrituras. Este
elemento pode simbolizar bênçãos de prosperidade como também flagelos e castigos
(Nm 24.7; Is 8.7).
No início de nossa fé, Deus permite que se levantem pequenos “tsunamis” em
nossas vidas para que o nosso viver seja moldado, lavado, regenerado e, por fim,
purificado por Ele, pois seremos usados com grande poder, como instrumentos de
justiça para levar sua mensagem aos caídos, aos miseráveis e até mesmo aos loucos. A
primeira prova é o teste divino para saber como está o nosso coração, se está voltado
para Ele ou para o mundo.

Ao descer o Batismo

O batismo é o banho simbólico que significa arrependimento, lavado do


pecado, e início de uma nova vida. Desta forma, designo o batismo como o testemunho
público de nossa fé perante os homens, como Paulo falou simbolicamente aos Romanos.
Ele afirmou que somos sepultados com Cristo pelo batismo na morte; ao imergir
ressuscitamos juntamente com ele, andamos em novidade de vida (Rm 6.4-14). É um
ato simbólico peremptório em termos da salvação (Mc 16.16; Mt 28.19). O próprio
Cristo nos deixou o exemplo ao permitir que João Batista o batizasse. Esse ato é a
confirmação, ou seja, é como se você estivesse dizendo para Deus o seguinte:
“Eu aceito teu plano em minha vida e desejo ser usado por ti para meu crescimento
espiritual e para glória de teu nome” salvando muitas pessoas, libertando-as com a
palavra da verdade (Jo 8.32,36).
Ressalto que o batismo não pode ser experimentado por pessoas que não
sentiram o chamado de Deus em suas vidas, pois ele é confirmação e não convicção.
Como disse Felipe ao Eunuco quando este lhe perguntou “que me impede de ser
batizado”, e aquele o respondeu: “É lícito se crês de todo o coração” (Atos 8.26-40).

Ouvindo a Voz de Deus

“Dai atentamente ouvidos ao estrondo da voz de Deus e ao sonido que sai da sua
boca. Ele o envia por debaixo de todo o céu, e o seu relâmpago até os confins da terra.
Depois do relâmpago ruge uma grande voz; ele troveja com a sua voz majestosa; e
não retarda os raios, quando é ouvida a sua voz. Com a sua voz troveja Deus
maravilhosamente; faz grandes coisas, que nós não compreendemos. Pois à neve diz:
Cai sobre a terra; como também às chuvas e aos aguaceiros: Sede copiosos. Ele sela

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as mãos de todo homem, para que todos saibam que ele os fez. E as feras entram nos
esconderijos e ficam nos seus covis. Da recâmara do sul sai o tufão, e do norte o frio.
Ao sopro de Deus forma-se o gelo, e as largas águas são congeladas. Também de
umidade carrega as grossas nuvens; as nuvens espalham relâmpagos. Fazem
evoluções sob a sua direção, para efetuar tudo quanto lhes ordena sobre a superfície
do mundo habitável: seja para disciplina, ou para a sua terra, ou para beneficência,
que as faça vir”.(Jó 37.2-13)

A voz de Deus se faz necessária ser ouvida pelo homem. Seja de que maneira
for o Pai sempre fala em direção ao coração do homem, seja por intermédio de sonhos
como fizera com José (Gên 37.7-11), ora através de uma sarça ardente (espinheiro), (Êx
3.4), ou usando um animal, neste caso a jumenta de Balaão (Núm 22.28). Em casos
extremos, o próprio Deus se revela como foi na vida de Jó, desta feita em um
redemoinho (Jó 38.1), outra em visão como foi na vida de Saulo (Paulo) (At 4.3), uma
aparição reluzente, resplandecente e incandiadora.
Medite agora, independente de sua crença ou posição social, o que é ter seu
nome pronunciado por Deus: “José, Roberto, Estevão, Cristiano, Ricardo, Lívia,
Marcos, Nara... Eu o amei antes mesmo de nascer, tenho uma obra gloriosa a fazer em
sua vida, quero que creia em mim de todo o coração, com a convicção de que estou
agindo em você, realizando todos os seus sonhos. Farei grandes proezas em sua vida;
basta me aceitar; ter a experiência de minha presença em seu coração para desfrutar
de minha intimidade, estando com você em todos os seus momentos. Então, quer me
aceitar?” Se disser sim, você ouviu a voz e atendeu ao chamado divino.

A primeira Provação

“O principal não é não sofrer – o principal é saber sofrer” Huberto Rohden.

Nenhuma pessoa em sã consciência gosta de sofrer, isto é óbvio, porém


descobrimos, desde cedo, em nossa infância, que só aprendemos a andar quando
caímos. Quando doentes, tomamos remédios que por sua vez são amargos, mas nos
curam. Concernente à salvação, Jesus afirmou: “esforçai-vos por entrar pela porta
estreita...” (Lc 13.24). É preciso “renunciar a si mesmo” (Mt 16. 24,25), e Ele é mais
profundo “quem não renunciar a tudo quanto tem, não pode ser meu discípulo” (Lc
14.33).
Dissertando acerca de sua missão, Jesus assim argumentava: “Não cuideis que
vim trazer paz a terra, não vim trazer paz, mas espada” (Mt 10.34) “vim lançar fogo
na terra” (Lc 12.49).
Conheça agora, amado leitor, a máxima sabedoria de Deus em prover o
sofrimento como fator mediador neste mundo que nos leva ao nosso aperfeiçoamento,
crescimento e experiência, condescendentes com o criador de todas as coisas.
Mas, se o homem passa a vida em brancas nuvens, como diz o poeta, Francisco
Octaviano, nada acontecerá.

“Quem passou a vida em brancas nuvens


E em plácido repouso adormeceu,
Quem não sentiu o frio da desgraça,
Quem passou pela vida e não sofreu
Foi espectro de homem, não foi homem,
Só passou pela vida, não viveu”.

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Ênfase do primeiro amor

Deus nos prova nas águas da aflição no intuito de gerar em nós o fruto de seu
Espírito. Principalmente quando neófitos, isto é, quando somos novos convertidos
estamos na ênfase do primeiro amor, quando dedicados quase totalmente nos caminhos
do Senhor, quer evangelizando, quer contribuindo, ou participando das orações. É algo
contagiante e maravilhoso.
Deus usa o sofrimento com o imprescindível propósito de nos mostrar o que
realmente amamos de verdade, se ao Senhor ou a nós mesmos, a família, os bens, a
carreira profissional, ou até mesmo o cargo na Igreja. Será que estamos dispostos a
aceitar este desafio divino em nossas vidas, renunciando a tudo que temos, semelhante a
Jó, Abraão, Paulo?
O SENHOR sabe o que realmente nos motiva a estar em seus caminhos. Como
exemplifiquei no capítulo II. Examine: (Dt 13.3; 8.3; Mt 27.36,37; Lc 14.26).

A Purificação Divina

Ficamos aliviados quando em primeira mão tomamos conhecimento que as


provações estão no plano soberano e global de Deus em nossas vidas.
A purificação divina é o propósito das primeiras provações do Senhor na vida do
Cristão, daquele que depositou sua confiança Nele. Podemos chamar de a prova do
primeiro amor “a prova da água”, segundo o relato abaixo:

“Uma maneira segura de se testar a autenticidade de um diamante é por meio do


que os joalheiros chamam de teste da água. A imitação nunca cintila tão
brilhantemente quanto a pedra verdadeira, mas isto nem sempre é fácil de ser
detectado pela simples observação. Os joalheiros sabem que, colocando-se na
água, lado a lado o diamante genuíno e a imitação as diferenças aparecem. A
pedra verdadeira continua a brilhar sob a água, enquanto que a falsa
praticamente perde todo brilho”(MACHUTUR,, John Jr. 1999) G.K. Chesterton
também usou a metáfora da água para dizer a mesma coisa: “Creio no entrar em
águas quentes (dificuldades). Isto faz com que nos mantenhamos limpos”.

Com isso obtemos a purificação divina, ou seja, a lavagem espiritual vinda de


Deus que por intermédio das águas do mar da vida nos prova, semelhante a Pedro que
foi provado ao andar sobre as águas.

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Capítulo IV
Prova de Fogo
“Sim, o Senhor Jesus não veio para apagar, e sim para reavivar, reacender, lançar mais lenha ao fogo,
mais carvão a brasa. Ele é o álcool que transforma a brasa mortiça em fogaréu”. Caio Fábio

Quanto maior for a prova, maior será a obra que Deus realizará na vida do
homem que entregou seus caminhos ao plano Dele. Quanto mais for provado seu
coração, tanto mais estará comovendo o coração do Pai, que decerto moverá os céus,
agitará o universo, a natureza, toda a terra no intuito de entregar-lhe sua vitória.

“Desde a antiguidade não se ouviu nem com os ouvidos se percebeu, nem com os
olhos se viu um Deus além de ti, que age para aqueles que nele espera.” (Is 64.6).

Em outras palavras, quanto mais provado, mais abençoado, quanto mais


vitorioso e poderoso mais você será em Deus!
O grande erro cometido pelas igrejas neopetencostais é considerarem o
sofrimento como algo que nos distancia de Deus, quando na verdade nos aproxima mais
Dele. Veja a reação de Jó, depois que fora aprovado por Deus “Eu te conhecia só de
ouvir, mas agora, meus olhos te veem” (Jó 42.5).
Exatamente o sofrimento numa expectativa positiva nos faz enxergar coisas que
de outra maneira jamais veríamos, tal como reconhecer nossas fraquezas, falhas e
fragilidade. Isso nos revela que realmente somos pó e cinza, intrinsecamente sedentos
por Deus!
Quando sentimos dor física ou emocional, não temos disposição para orações
superficiais. O rei Ezequias nos provou isso quando recebeu a palavra do profeta Isaías
dizendo que aquele iria morrer. É relatado pelas sagradas escrituras que ele não
blasfemou, nem xingou a Deus nem muito menos se decepcionou, porém frente a esta
prova de fogo, ele reagiu como verdadeiro crente aprovado por Deus, quebrantou o seu
coração perante o SENHOR que não demorou muito e enviou-lhe a resposta de sua
oração:“Ouvi tua oração e vi tuas lágrimas”.
Ezequias recebeu a vitória porque não se conformou com a primeira palavra dita
pelo SENHOR. Ressalto aqui que ele não colocou Deus na parede e nem mesmo exigiu
ou determinou nada, a exemplo do que nas Igrejas neopetencostais se costuma ensinar.
Então, como Ezequias conseguiu comover o coração Dele a ponto de Este acrescentar-
lhe mais 15 anos de vida? Ele teve seu coração aprovado pelo Senhor.
Quantos perdem a oportunidade de serem aprovados por Deus, de lavarem sua
alma através das lágrimas quentes que porventura percorrerão os seus rostos por
intermédio do sofrimento! De certo, se assim o fizermos, Ele tocará os nossos corações
e nos dirá as palavras que disse a Ezequias “Ouvi tua oração e vi tuas lágrimas”.

Perseguição

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“E disse eu (Jeremias): não me lembrarei do Senhor, e não falarei o seu nome; mas
isso foi no meu coração como fogo ardente, encerrando nos meus ossos e estou
fatigado de sofrer, e não posso” (Jeremias 20.9).

Jeremias (Jeová Rejeita) começou a profetizar no décimo ano do reinado de


Jonas, 625 a.C. (Jr 1.2; 25. 1,3) e continuou até o exílio. Era de linhagem sacerdotal. Ele
iniciou sua carreira ainda moço quando criança (Jr 1.2; 25. 1,3). Na opinião popular ele
era o profeta Chorão.
“Oxalá a minha cabeça se tornasse em águas, e os meus olhos numa
fonte de lágrimas! Então choraria de dia e de noite os mortos da filha
de meu povo” (Jr 9.1).

Estas palavras queimam o nosso coração a exemplo do que ocorreu nos corações
dos discípulos de Emaús quando Jesus falava com eles. (Lc 24.14-18).
Quando Jesus fala com você, meu amado leitor, é diferente, porque como frisei
no capítulo I Jesus direciona sua mensagem exclusivamente ao coração do homem, seja
ele quem for!
Esse mesmo sentimento tomou conta de Jeremias quando foi ferido por Passur, e
logo, quando pensou em desistir, algo se apoderou dele: “Que no seu coração foi como
se acendesse um fogo abrasador, encerrando seus ossos”. Somente quando somos
provados no Fogo em plena missão somos tocados por Deus nas entranhas de nosso ser.
É aí, onde Deus quer habitar e fazer em nós morada eterna; não é no intelecto, no
formalismo religioso, mas em nosso coração.

Brasa Viva do Poder de Deus

“Eu, na verdade, batizo-vos com Água, mas eis que vem aquele que é mais poderoso
que eu, a quem eu não sou digno de desatar as correias das alparcas; esse vos batizará com o
Espírito Santo e com Fogo” (Lc 4.16).

Jesus nos dá livramento em plena luta, em plena dor e nos enche de seu poder e
de seu amor. Lembro da Igreja primitiva com temor e medo dos judeus reunidos no
templo sem nenhuma coragem de encarar o adversário quando num determinado dia
Deus os visitou.
“E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as
quais pousaram sobre cada um deles” (At 2.3).

O medo deu lugar à coragem, a tristeza pulou de alegria, a fraqueza não se viu
mais, a energia e a força tomaram conta do ambiente e todos se tornaram uma BRASA
VIVA DO PODER DE DEUS! Os frutos, as conversões, os milagres e a ação social
foram respostas do maravilhoso amor divino concedido ao coração dos homens.
Paulo e Silas são outros exemplos. Presos e açoitados, porém, perto da meia
noite, eles encontraram forças onde não havia, a fé transcendeu ao natural, e ambos
oravam e cantavam, dando louvores ao Senhor (Lc 16.25,26). De repente, o impossível
aconteceu, sobreveio um poderoso terremoto que abalou os alicerces da prisão, as portas
se abriram e até mesmo as cadeias que prendiam os prisioneiros foram quebradas. Uma
vez aprovado por Deus, o homem não é mais o mesmo, ele agora vive pelo Seu poder
(Rm 1.16).

Vaso de Barro
“Mas o homem não entende a vontade de Deus
Iludido até pensa ser maior que os céus

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Na verdade não é nada é pó é cinza
É o Barro que sobrou”
J. Neto

A palavra do SENHOR, que veio a Jeremias dizendo: “Levanta-te, e desce a


casa do oleiro, e lá te farei ouvir as minhas palavras. E desci a casa do oleiro, e eis que
ele estava fazendo sua obra sobre as rodas. Como o vaso, que ele fazia de barro, se
quebrou na mão do oleiro, tornou a fazer dele outro vaso, conforme o que parece bem
aos seus olhos fazer. Então veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: não poderei
fazer de vós como fez este oleiro, oh!, Casa de Israel? Diz o SENHOR? Eis que como o
barro na mão do oleiro, assim sóis vóis na minha mão”. (Jeremias 18. 1-6).

Oleiro do hebraico: yõser, de ”yãsar”, formar e do grego “Keramos”, de


“Keramos”, argila, jarra, telha, telhado. Era um artesão que fabricava vasos
em um termo para cozê-los num forno. Oleiro é aquele que trabalha com
barro e dá a ele a forma que deseja; é o que trabalha em olaria, onde se
fabricava tijolos e louças de barro. Oleiro é o que se dedica à fabricação de
cerâmica. Oleiro, olaria e tijolo que eram o produto primitivo fabricado pelos
oleiros, tudo isso é tão antigo quanto antiguíssima e famosa torre de babel
(Gn 11.3). Os hebreus no Egito fabricavam tijolos, manipulando o barro,
eram, portanto, oleiros. Até aqui focalizamos somente o ângulo mais fácil e
mais rude na profissão do oleiro. Entretanto, essa profissão exige
conhecimento, arte e bom gosto para selecionar o barro, para modelar o
objetivo e para acompanhar o cozimento na temperatura ideal do fogo.
(CONDE, Emílio 2003).

Deus nos ensina uma grande lição através desta figura de linguagem ao nos
comparar com o vaso de barro, pois sabiamente conhece nossa estrutura; sabe que
somos pó, argila, barro, matéria prima da qual fomos formados (Gn 2.7; João 10.9; Rm
9.21).
O oleiro trabalha o barro da maneira que lhe achar conveniente. Amassa,
modela-o, faz e desfaz, para tanto é maleável, porém para que possa adquirir
durabilidade se faz necessário passar pelo fogo.
Ressalto que primeiramente o barro deve ser molhado, para que possa ganhar
flexibilidade ao agir do oleiro. Recorda-se o amado leitor da prova da água no capítulo
III? Pois bem, o barro só é submetido ao fogo logo após passar pela água. Portanto,
quem primeiro é aprovado pela prova da água pode ser submetido à prova do fogo no
propósito de ser moldado e trabalhado por Deus. Nesta etapa nossa fé é posta sob
perseguição.
Deus em sua vontade permissiva permite que o crente seja afligido, atribulado e
muitas das vezes angustiado.
É, meu amado, ao sermos submetidos a ela sentimos dor. Mas nada temos a
temer, pois é neste momento que o SENHOR fala para nós: “Não temas, mas fala, e
não te cales” (Atos 18.9,10). Aleluia! Essas palavras enchem nosso coração de alegria,
conseguimos forças mesmo na fraqueza e dizemos como Paulo “Tudo posso naquele
que me fortalece” (Fp 4.13). Mesmo tendo fome, ou estando em abundância, ainda que
abatido, jamais Deus permitirá que sejamos destruídos. Ele é quem dirige nossos seus
passos.

Forte quando Fraco

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“Quando penso que estou forte, estou fraco; quando fraco, aí neste caso estou forte”. Paulo de Tarso
“Diga o fraco: eu sou forte” Joel 3.10.

Foi assim na vida dos grandes homens de Deus. A luta poderia ser interminável,
após terem sido aprovados por Ele, deixaram de ter medo e passaram a crer.

“O adúltero Davi se tornou um homem segundo o coração de Deus (At 13.22); João,
um dos arrogantes “filhos do trovão”, se tornou o “apóstolo do amor”. Moisés, cuja
fraqueza era seu gênio em virtude de seu temperamento, assassinou um egípcio, feriu
a rocha com a qual deveria conversar e quebrou as tábuas dos dez mandamentos.
Ainda assim, Deus o transformou num homem muito paciente, mais do que qualquer
outro que houve na terra” (Nm 12.3). Em Gideão, predominava a fraqueza da baixa
estatura e profunda insegurança, mas Deus o provou, o modelou e o transformou em
um poderoso homem de valor (Jz 6.12). Deus é especialista em transformar fraqueza
em força. Ele quer pegar sua maior fraqueza e transformá-la. O grande missionário
Hundson Taylor disse: “Todos os gigantes de Deus são pessoas fracas”. Deus sabe
prontamente que eu e você temos nossas fraquezas quer físicas, quer emocionais, quer
intelectuais e espirituais. Passamos por obstáculos financeiros, profissionais e de
relacionamento que nos abatem e nos enfraquecem. É vital do homem negar, se
defender, dar desculpas e esconder suas fraquezas. É natural de nosso ego demonstrar
nossa força, virtude, dons, enfim aquilo que temos de melhor, porém jamais as
fraquezas. Deus nunca ficou impressionado com as forças ou autossuficiência. Aliás,
Ele é atraído por pessoas que são fracas e admitem isso. “Mas Deus escolheu as
coisas fracas deste mundo para confundir as fortes e as coisas vis, as desprezíveis, as
que não são, para aniquilar aquelas que são”. (I Co 1.27,28). Ao sermos provados
pelo fogo, mostramos nossa fragilidade e fraqueza, ficando totalmente expostas.
Nesse aspecto reconhecemos que nada podemos fazer (João 15.5), que nada sabemos
e por nós mesmos não conseguimos realizar o bem (Rm 7.15). Contudo, quando
fracos, Deus revela sua força em nossa ignorância, porque nos revela sua sabedoria.
A fraqueza ou “espinho”, como Paulo o chamou, não é um pecado ou vício de caráter
que você pode mudar, como, por exemplo, exagerar na comida ou ser impaciente. A
fraqueza é qualquer limitação que você herdou ou não tem meios de alterar. Poderá
ser uma limitação física, como uma deficiência, uma doença crônica, a vitalidade
natural baixa ou uma inaptidão. Poderá também ser uma limitação emocional, como
sequela de um trauma, uma lembrança dolorosa, um comportamento peculiar ou
algum fator hereditário. Ou poderá ainda ser uma limitação intelectual ou de suas
habilidades. (WARREN, RICK. 2003. grifo nosso).

O poder de Deus se manifesta na vaidade e fragilidade do homem. É


peremptório sermos aprovados por Deus por meio das provações. Vê-Lo-emos agir
mediante nossas fraquezas, o que nos prevenirá da arrogância, e nos manterá humildes,
como frisou o escritor Warren Rick.
Ao mesmo tempo, afirma ainda, que nossas fraquezas nos motivam à comunhão
com os crentes. Enquanto a força gera um espírito independente (não preciso de
ninguém), nossas limitações demonstram quanto precisamos uns dos outros. Vance
Havner brincava: ”Os Cristãos são como flocos de neve: isolados, são frágeis, mas
juntos, param o trânsito”.
O autor do livro uma vida com propósito afirma ainda que, acima de tudo,
nossas fraquezas aumentam nossa capacidade de ministrar e de sentir compaixão. Elas
nos tornam mais propensos a ser atenciosos e a sentir compaixão pelas fraquezas dos
outros. “Minha mensagem mais profunda de vida e de meu ministério mais eficientes
surgiram, conclui o autor, de minhas dores mais profundas”.
É no fogo da fornalha que somos cheios do poder de Deus, nossa fé é
revigorada, transformando-nos em meio à aflição. Isso nos motiva a pregar, a louvar e a
perdoar, colocando-nos no lugar do outro. Se soubermos suportar a fraqueza do

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próximo, bem como consolá-los e exortá-los uns aos outros, estaremos exercendo o
mandamento de Jesus: “Ameis uns aos outros” (João 15.12).

O Paradoxo do Sofrimento

“Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados; abatidos,
mas não destruídos” (II Coríntios 4.8,9).

Parece um paradoxo, mas aprouve a Deus o sofrimento, pois sem este jamais
seríamos aperfeiçoados, transformados por Ele. Somente através das tribulações, você
demonstra o tamanho de sua fé, de seu amor, a ponto de não renunciar, mesmo se
derramando em prantos para ver o agir Dele por seus filhos “E disse o Senhor: E Deus
não fará justiça aos seus escolhidos, que a ele clamam de dia e de noite, ainda que tardio
para com eles? Digo-vos que depressa lhes fará justiça” (Lc 18.6-8).
Joni Eaneckson Tada observa: “Quando há vida em mar de rosas, podemos
passar o tempo adquirindo conhecimentos sobre Jesus, imitando-o, citando-o e falando
sobre ele, mas é somente ao sofrer que conheceremos Jesus”.
Reafirmo: No sofrimento, aprendemos coisas a respeito de Deus que não
podemos aprender de nenhuma outra forma.
A Bíblia frequentemente compara a prova do fogo semelhante à ação que refina
o metal queimando as impurezas. Pedro afirmou: “Essa dificuldade vem para provar
que sua fé é pura” (I Pe 1.7). Essa pureza da fé vale mais que ouro. Foi feita a seguinte
pergunta a um ouvinte: “Como você sabe que a prata é pura?” Ele respondeu:
“Quando vejo meu reflexo nela”. Quando você é refinado pelas provações do fogo, as
pessoas podem ver o reflexo de Jesus em você. Tiago disse: “Sob pressão, a sua fé é
forçada para fora e verdadeiramente se expõe” (Tg 1.3).

Capítulo V
Provado no Deserto

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“A maior genialidade não é aquela que vem da carga genética nem a que é produzida pela cultura
acadêmica, mas a que é construída nos vales dos medos, no deserto das dificuldades, nos invernos da
existência, no mercado dos desafios” (CURY).

Vivendo no Deserto

“E te lembrarás de todo caminho pelo qual o Senhor teu Deus te guiou no deserto
estes quarenta anos. Para te humilhar, e te tentar, para saber o que estava no teu
coração se guardarias os seus mandamentos, ou não. E te humilhou, e te deixou ter
fome, e te sustentou com maná, que tu não conheceste, nem teus pais o conheceram,
para te dar a entender que o homem não viverá só de pão, mas que de tudo o que sai
da boca do Senhor viverá o homem.(...) Nunca se envelheceu o teu vestido sobre ti,
nem se inchou o teu pé estes quarenta anos. Confessa pois no teu coração que, como
um homem castiga a seu filho, assim te castiga o Senhor teu Deus. Que te guiou por
aquele grande e terrível deserto de serpentes ardentes, e de escorpiões e de secura, em
que não havia água, e tirou água para ti da rocha do seixal, ... para no teu fim te fazer
bem”. (Det 8.2-5,15-16)

O deserto é o clímax das provações divinas. O momento mais espinhoso na vida


daqueles que se entregaram nas mãos do SENHOR. É a prova que requer o maior
esforço e a experiência do discípulo.
Quem superou as primeiras aflições, provado nas águas, suportou as
perseguições; provado no fogo, tem condições físicas, mentais, psicológicas e
espirituais de ser também provado no deserto.
O deserto propalado nas Escrituras significa, geralmente, um terreno aberto, não
cultivado. Espiritualmente nas escrituras ele é a mais difícil prova de Deus na vida
daqueles que confiam em Sua palavra. O SENHOR nos conduz ao nosso limite
máximo.
No deserto podemos ver os nossos sonhos aparentemente frustrados, nossos
amigos e até mesmo nossa família nos abandonar, os irmãos da Igreja nos decepcionar.
É, meu amado, o deserto é a maior provação divina. Somente os grandes homens de
Deus passaram pelo deserto e foram por Ele aprovados.
Parece um paradoxo, embora nesta prova você perceba Deus mais ausente, o
sentirá mais próximo, concedendo-lhe sonhos (Gn. 37.5-7,9), falando ao seu coração
(Os. 2.14) e chamando seu nome (Ex. 3.4). Ele nos faz renascer das cinzas (Jó 42.10)
nos concedendo um coração segundo o seu coração (At. 13.22) e finalmente prova-nos
naquilo que mais amamos para testar nosso primeiro amor (Gn. 22.2).
A seguir, exemplos de homens de Deus que foram aprovados pelo Senhor ao
passarem pelo deserto da vida e, por fim, concluo o livro com o modelo máximo de
nossa fé cristã a ser seguido. Refiro-me a Jesus Cristo, o cordeiro de Deus, e aos
atributos de Seu caráter.

A Prova de Amor

Deus chamou Abraão tirando-o do meio de um povo idólatra. Antes se chamava


Abrão (pai elevado). Após a chamada divina seu nome passou a ser Abraão (pai de
multidão). Neste propósito lhe concedeu um filho por nome Isaque.
Isaque tinha sonhos, aliás, foi a grande promessa de Deus na vida de Abraão
(Em. 17.16). Mesmo em detrimento dos sonhos daquele, este teve que sacrificá-lo a
pedido do Senhor, perdendo ente que mais amava. O pai da fé (Que homem de fé foi
Abraão!) não duvidou de Deus o questionou. Simplesmente entregou Isaque ao
sacrifício. O autor dos hebreus nos esclarece acerca deste acontecimento inesquecível na
vida deste grande homem de Deus.

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“Pela fé ofereceu a Isaque quando foi provado; sim aquele que
recebera as promessas ofereceu o seu unigênito. Tendo lhe dito: - Em
Isaque será chamada a tua descendência, considerando que Deus era
poderoso para até dos mortos o ressuscitar” (Hb. 11. 17,18).
Portanto, somente no deserto reconhecemos nossa vulnerabilidade e, por
conseguinte, a grandeza e a sabedoria de Deus. Sim, é no deserto que verdadeiramente
ampliamos nossa intimidade com o Pai, numa experiência transcendental com o
altíssimo, adquirindo assim uma preciosa maturidade espiritual. (Gn. 50. 19,20).

Zefanate-Paneia

José passou por várias situações constrangedoras após contar os seus


maravilhosos sonhos, a começar por seus irmãos que por inveja o venderam como
escravo para comerciantes do Egito. Em terra estrangeira, fora tentado, caluniado e
esquecido por seu companheiro de prisão.
José viu-se agora frustrado, desanimado. Deus conduziu-o ao deserto, porém,
deu-lhe sonhos.
Dois anos no cárcere, isolado, acredito que José foi fortemente atormentado pelo
inimigo, que tentou afligi-lo com dúvidas acerca do propósito de Deus em sua vida e
com astúcia fez diversas indagações no intuito de levá-lo a abandonar o SENHOR.
Onde está teu Deus agora, José? O que aconteceu com teus sonhos? Deus te
abandonou... Você está só! Mata-te; é a melhor coisa que podes fazer!
Porém, José não deu ouvidos. Sabe por que, amado leitor? Porque José tinha
sonhos! E ele acreditava piamente em seus sonhos, a ponto de fazê-lo triunfar e
transcender em todas as lutas e frustrações da vida.
Que homem de Deus era José! Mesmo em terra estrangeira, traído por seus
irmãos, vendido como escravo, caluniado e encarcerado ele não abandonou a fé, não
deu ouvido às ciladas de Satanás. Era um idealista prático, jovem de caráter! Que
exemplo para a mocidade de nosso tempo!
“A presença dos sonhos transforma os miseráveis em reis, e a ausência dos sonhos
transforma milionários em mendigos. A presença de sonhos faz de idosos jovens, e a
ausência de sonhos faz de jovens, idosos”. (CURY, Augusto. 2003)

Jovem, não desista de sonhar, sonhe, pois Deus gosta de sonhadores,


principalmente daqueles que estão conscientes do propósito Dele em suas vidas e
aceitam o Seu majestoso projeto. O SENHOR jamais nos abandona no deserto. Ele
acompanha nossos passos etapa por etapa, como bem frisou o profeta Isaías:
“Já me desamparou o Senhor, e o Senhor se esqueceu de mim. Pode uma mulher esquecer-
se do filho que cria, que se não compadeça dele, do filho de seu ventre? Mas ainda que
esta se esquecesse, eu, todavia, não me esquecerei de ti” (Isaias 49. 14,15).
Ressalto novamente que foi a presença dos sonhos que fizeram com que José
fosse capaz de vencer, sendo aprovado no deserto. Sim, os sonhos em sua vida. E José
acreditou neles porque quem os revelou foi Deus e não o homem. “Assim será a palavra
que sair da minha boca: ela não voltará para mim vazia, antes fará o que me apraz e prosperará naquilo
em que a enviei” (Isaias 55.11).

“José é um dos mais atraentes personagens da Bíblia. Ross observa que era um “idealista
prático” que no inicio de sua vida teve sonhos que o animaram e guiaram pelo resto de
sua existência. Ele manifestou o caráter de que foi talvez o mais cristão de todas as
pessoas no antigo testamento. Nota-se a importância de José no fato que a ele é importante
porque foi o elo entre a vida nômade dos hebreus em Canaã e sua vida sedentária no
Egito”. (HOFF, Paul. 2003).
.

21
Como bem salientou Paul Hoff: Deus usou José para levar a cabo o plano de
transferir seu povo para o Egito. Em toda a vida de José operou a providência divina.
A palavra providência deriva do latim – providere: videre significa: “ver” e
“pro” antes. De modo que quer dizer “ver com antecedência ou “prever”. A esse
respeito, o dicionário Aurélio ensina: “a suprema sabedoria com que Deus conduz
todas as coisas”. E em nenhum outro relato da Bíblia brilha mais a providência de Deus
do que nessa história. Ele lança mão dos desígnios distorcidos do homem e os converte
em meios, para efetuar seus planos. (Gn. 50.20). Dispõe de todas as coisas para o bem
daqueles que o amam. (Rn. 8.28). “Vois bem intentastes o mal contra mim, porém Deus
o tornou em bem, para fazer como se vê neste dia, para conservar em vida um povo
grande” (Gn. 50. 19,20).

“Se alguém teve um motivo válido para ficar decepcionado com Deus, esse alguém
foi José. Suas corajosas investidas, querendo fazer o bem, nada lhe proporcionaram
senão problemas. Interpretou um sonho para seus irmãos, e estes o jogaram numa
cisterna. Resistiu a um convite sexual, e foi parar numa prisão egípcia. Interpretou
um outro sonho para salvar a vida de um companheiro de cela, e o companheiro de
cela imediatamente o esqueceu. Fico imaginando se, enquanto José apodrecia num
calabouço egípcio, não ocorriam em sua mente perguntas como:
- Deus é injusto?
- Está calado?
- Escondido?” (PHILIP, Yancey. 1997).

Outra admirável atitude foi a maturidade que José obteve ao passar pelo
deserto quando assim expressou a seus irmãos:
“Agora, pois, não vos entristeçais, nem vos pese aos vossos olhos por me haverdes vendido
para cá; porque para conservação da vida Deus me enviou diante da vossa face, para
conservar vossa sucessão na terra, e para guardai-vos em vida por um grande livramento.
Assim, não fostes vós que me enviastes para cá senão Deus, que me tem posto por pai de
Faraó, e por Senhor de toda a sua casa, e como resgate em toda terra do Egito.” (Gn 45. 5-
8).

O perdão que José deu aos seus irmãos foi algo que só o SENHOR faz na vida
do homem.
“Os nomes que José deu a seus filhos indicavam que Deus havia mostrado seu
favor. O nome de Manassés, o que faz esquecer, demonstra que José havia vencido a
mágoa, o que fez com que ele olvidasse de todo o trabalho de longos anos de
provações e saudades de seu lar em Canaã. Foi a maior vitória em sua vida. Depois
chamou a seu segundo, filho, “Efraim” (fértil). Deus frutifica os que sabem perdoar
e esquecer. José pôde frutificar porque tinha raízes em Deus, mantendo-se
mediante a comunhão com Ele”. (HOFF, Paul. 2003 - grifo nosso).

José foi provado no deserto e aprovado por Deus que o exaltou soberanamente
e ficou conhecido no Egito por Zefanate-Panéia que significa Salvador do Mundo.
Amado leitor, não abandone o caminho do SENHOR!. Ele realizará uma
extraordinária obra em sua vida. Deus ama demais, não quer perdê-lo jamais.
Sou jovem, suportei humilhações, traições, houve dias em que pensei em
desistir, porém algo me fez continuar não atentando para as adversidades da vida. Passo
por momentos difíceis. São os sonhos de Deus em minha vida que revigora meu viver
diariamente e acredito piamente neles.
Quem tem promessa de Deus não morre. Fiel é o SENHOR que, decerto,
executará seus desígnios em nossas vidas. Aleluia!
“Devemos ter consciência de que há perdas e frustrações inevitáveis. Aliás, as
maiores decepções são geradas pelas pessoas que mais amamos. Por isso, se você
quiser uma família perfeita, amigos que não frustrem e colegas de trabalho

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superagradáveis, é melhor você morar na lua (...)É possível destruir um sonho de um
ser humano quando ele sonha para si, mas é impossível destruir seu sonho quando ele
sonha para os outros, a não ser que lhe tirem a vida(...) Quem fica preso num casulo
com medo dos acidentes da vida, além de não eliminá-los, será sempre frustrado”
(CURY, Augusto)

Deus Prova os nossos Corações

Deus não havia esquecido da promessa feita ao patriarca Abraão, como vimos no
início deste capítulo. Por esta razão fez de Israel uma poderosa nação. A nação Israelita
prosperou. Deus a abençoara de maneira que a terra se encheu de israelitas (Ex 1.7).
Todavia se levantou no Egito um rei que não conhecera a José, assim lhes fizera
amargar a vida com dura servidão. (Ex 1.14).
Deus enviou Moisés que tirou Israel do Egito para conduzir seu povo em direção
à bendita terra prometida pelo Senhor. No entanto, embora livres fisicamente, os seus
corações se encontravam ainda lá. As algemas não estavam mais em suas mãos, mas em
suas consciências. (Ex 14.11-12).
No propósito de mudar a situação de Israel transformando os seus corações,
Deus conduziu-os ao deserto. (Os 2.14). Para que assim, e somente assim, sermos
exaltados pelo Senhor. Contudo, é imprescindível que nos humilhemos diante de Dele,
tal como afirma Tiago em sua epistola dizendo: “Humilhai-vos perante a potente mão
de Deus, que em seu tempo oportuno vos exaltará”.
Desta forma, passamos pelo deserto semelhantemente ao povo de Israel, que
caminhou por quarenta anos. Contudo, não foram aprovados por Deus, pois não
permitiram que o Senhor transformasse os seus corações.
Afirma a epístola aos Hebreus, que eles endureceram os corações, não
possibilitando que em suas vidas houvesse uma real transformação de caráter.
E da mesma forma nos exorta a epístola para que possamos não seguir o
exemplo de Israel, porém os nossos corações precisam ser aprovados por Deus de tal
maneira que o amor do Pai seja neles derramados e possam fluir em suas vidas as
virtudes do fruto do Espírito divino. Vale lembrar as advertências de Moisés quando
escreveu:

“E te lembrarás de todo caminho pelo qual o Senhor teu Deus te guiou no deserto
estes quarenta anos. Para te humilhar, e te tentar, para saber o que estava no teu
coração se guardarias os seus mandamentos, ou não. E te humilhou, e te deixou ter
fome, e te sustentou com maná, que tu não conhecestes, nem teus pais o conheceram,
para te dar a entender que o homem não viverá só de pão, mas que de tudo o que sai
da boca do Senhor viverá o homem.(...) Nunca se envelheceu o teu vestido sobre ti,
nem se inchou o teu pé estes quarenta anos. Confessa pois no teu coração que, como
um homem castiga a seu filho, assim te castiga o Senhor teu Deus. Que te guiou por
aquele grande e terrível deserto de serpentes ardentes, e de escorpiões e de secura, em
que não havia água, e tirou água para ti da rocha do seixal, ... para no teu fim te fazer
bem”. (Dt 8.2-5,15-16)

Deus Reacende a Chama de seu Amor em nossos Corações

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É no deserto que Deus reacende a chama de seu amor em nossos corações dantes
frios devido aos sofrimentos e lutas da vida.
Moisés esteve cerca de quarenta anos no deserto. Agora casado, estando em terra
estrangeira, no entanto lembranças de seu povo vinham à sua mente, embora ficasse
comovido, Moisés não tinha a menor ideia de como agir, toda aquela coragem e força
procedente de uma chama amorosa que dantes ardia em seu coração na intenção de
ajudá-los parecia ter se esfriado.
Ele nasceu no Egito, no tempo da opressão vivida pelos Israelitas. Ainda muito
pequeno, foi posto na arca de juncos colocado entre as plantas aquáticas à margem do
rio Nilo, onde foi encontrado pela filha de Faraó. Criado no palácio de Faraó, fora
instruído em toda sabedoria no Egito.
Deus tem os seus propósitos, seus desígnios jamais falham. O Senhor permitiu
que Moisés ficasse aos cuidados da filha de Faraó para prepará-lo a executar seu
maravilhoso projeto de libertar Israel.
Estava sendo preparado no Egito um dos maiores líderes da história do Antigo
Testamento no contexto histórico do povo hebreu.
Embora possuindo todo o conhecimento adquirido na universidade do Egito,
Moisés por si só jamais poderia melhorar seu caráter a não ser por meio das
adversidades da vida. Esta foi a razão pela qual Deus o conduziu ao deserto durante
aqueles quarenta anos. O Senhor reascendeu a chama de seu amor em seu coração para
cumprir Seu grande propósito: Resgatar Israel do Egito.
Só através das tribulações podemos construir e moldar nossa maneira de ser e
viver segundo os princípios das Sagradas Escrituras.
Humildade, mansidão e domínio próprio são requisitos essenciais de Deus na
vida daquele que almeja que o Senhor realize seus propósitos. Moisés precisava
aprender estas características e desenvolvê-las em sua vida.
O projeto de Deus para Moisés não era ser rei do Egito, porém, ser um dos
maiores líderes de seu povo como está supracitado. Por conseguinte, era necessário
Deus trabalhar seu caráter, capacitando-o a controlar seu temperamento.
A fraqueza de Moisés era o seu gênio. Em virtude de seu temperamento
assassinou um egípcio e quebrou as tabuas dos Dez Mandamentos. Mesmo assim, Deus
o moldou e o provou no deserto por quarenta anos quebrantando-o e o transformando-o
em um homem muito paciente e manso, mais do que qualquer outro que havia na terra.
“E era o varão Moisés mui manso, mais do que todos os homens que havia sobre a
terra” (Nm 12.3).
Meu caro leitor, quando o tempo se prolonga, os anos se passam cada vez mais,
pensamos muitas das vezes que Deus esqueceu-se de nós, a derrota parece eminente,
começamos a estacionar, parar de vez, porém quando menos se espera o Senhor age, e
tudo fica diferente. É justamente em nossos momentos de fraqueza e fragilidade que
vemos seu poder operar em nossas vidas. Não foi assim na vida de Moisés?
Ele tinha conhecimento e força, era um jovem valente e corajoso príncipe do
Egito. Um homem preparado para ser um grande líder. E ele assim realmente
reconhecia, pois enfrentou um egípcio livrando um homem hebreu de ser molestado,
porém não era o momento adequado, não era o tempo de Deus. Pois bem, depois da
longa jornada de Moisés ao deserto houve a chamada Divina. É engraçado como as
coisas acontecem com a gente, quando menos esperamos vêm as bênçãos de Deus. É
justamente quando nos achamos menos capazes, Deus nos capacita, quando nos
achamos fracos, Ele nos diz: Diga o fraco: Eu sou forte!. Quando dizemos eu não
posso, ele inspira o apóstolo Paulo a nos dizer: Tudo posso naquele que me fortalece.
Quando nos achamos um nada, um zero a esquerda, o Senhor nos diz: Eu tudo posso na
sua vida. Quando você diz: Eu não posso, Deus fala em seu coração: eu faço tudo por

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você. Quando muitas vezes iludidos chegamos a dizer: ninguém me ama, Deus fala: Eu
o amo e faço tudo por você só por você!

Fênix: Renascendo das Cinzas

“Porque há esperança para a árvore, que se for cortada, ainda se renovará, e não cessarão os seus
renovos. Se envelhecer na terra a sua raiz, e morrer o seu tronco no pó, ao cheiro das águas brotará, e
dará ramos como a planta”. (Jó 14. 7-9)

Como relatei no início deste capítulo, o clímax das provações divinas é o


deserto. Mas é nele que DEUS NOS FAZ RENASCER DAS CINZAS. Restituindo-nos
tudo que perdemos na mesma proporção anterior ou de forma duplicada. “... e o Senhor
acrescentou a Jó outro tanto em dobro a tudo quanto dantes possuía” (Jó 42.10).
Particularmente considero o livro de Jó um dos mais maravilhosos no tema do
sofrimento dos justos. Ele literalmente passou por um deserto. Muitos teólogos crentes
da teologia da prosperidade gostariam que o livro de Jó fosse uma mera obra de ficção
e jamais uma realidade. Por esta razão muitos deles quando não o ignoram questionam
se o patriarca realmente existiu.
Deus nos prova, e em cada provação há um propósito específico. No caso de Jó
o escopo era promover em sua vida uma experiência íntima e profunda com o
SENHOR, a fim de produzir em sua vida um fruto mui excelente do Espírito Santo, que
segundo escreveu Tiago, é a paciência.

“Eis que temos por bem-aventurados os que sofreram. Ouviste qual foi a paciência de Jó, e
vistes o que o Senhor lhe concedeu; porque o Senhor é muito misericordioso e piedoso”
(Tiago 5.11).
Disse o filósofo Kant “A paciência é amarga, mas seus frutos são doces” e
Plutarco, filósofo grego, disse: “A paciência tem mais poder do que a força”.
Paulo, escrevendo aos Gálatas, cita a paciência como uma das virtudes do fruto
do Espírito. Aos Romanos, ele afirma que esta virtude só é produzida no sofrimento.
“E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações, sabendo que a
tribulação produz em nós a paciência” (Rm 5.4).
Porém, fazemos do tempo nosso grande inimigo; muitas das vezes queremos ser
imediatistas, não toleramos o sofrimento prolongado, almejamos que Deus intervenha
em nosso favor e nos tire de imediato do deserto. Todavia, meu caro leitor, Deus fala
com você: “Não se precipite, pois o tempo a mim pertence, meu filho”.
O Dr. Larry Crabb nos lembra um importante princípio: “Quando tudo vai mal e
principalmente quando a situação se prolonga por muito tempo, quando nosso coração
experimenta mais dor do que alegria, somos fortemente tentados a deixar que nossa ânsia de
alívio se transforme em cobrança. E quanto maior for o sofrimento, maior será a tentação”.
Ainda, segundo o autor, em vez de se render à vontade soberana de Deus, Jó
afirmou não merecer as dificuldades pelas quais estava passando. E afirmou que se
Deus o matasse, iria para o túmulo convencido de que se tudo ficara esclarecido, todos
iriam ver que ele foi injustiçado.
Uma vez quando nos deparamos com o deserto pensamos que não vamos
superar; o tempo passa e a aflição aumenta, o que torna nosso sofrimento ainda maior.
Quando a angústia e a perseguição nos afrontam de maneira estarrecedora,
somos realmente tentados a cobrar de Deus uma atitude, exigindo que alivie o nosso
sofrimento, que parece não ter fim.
No propósito de nos ensinar a eliminar este espírito de cobrança em nossa vida e
para obtermos o reconhecimento de que ele é Deus e não nós, o SENHOR consente que
atravessemos o deserto da vida.

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“Portanto, não temos o menor direito de cobrar nada de ninguém, por mais que
nossa alma deseje alívio de seus sofrimentos. É errado ficar interrompendo,
exigindo que nossos entes queridos se convertam, que nosso cônjuge pare de beber,
que o resultado da biópsia seja negativo, ou que nosso filho deixe de ser rebelde.
Devemos desejar muito, orar pedindo muitas bênçãos de Deus, não exigir nada.
Confiar em Deus implica não cobrar nada dele”. (SEAMANDS, David. 1984).

Como afirmou Philip Yancen, Jó foi provado por Deus a ponto de


“Pouco a pouco, entretanto, o sofrimento vai minando as crenças mais preciosas de Jó.
Como Deus pôde estar a seu lado? Jó fica imaginando. Afinal de contas ele está de
cócoras num monte de cinzas, o que sobrou de sua antiga vida antes que Deus o “traísse”.
É um homem alquebrado, desesperado. “Olhai para mim, e pasmai e ponde a mão sobre a
boca, ele grita” (Jó 21.5) Uma crise de fé fermenta dentro dele. Deus é injusto? Uma ideia
dessas põe em xeque tudo que em que Jó crê, mas de que outra forma pode ele explicar o
que aconteceu? Procura em redor outros exemplos de justiça e vê que algumas vezes as
pessoas más chegam a prosperar – não são punidas, como ele não gostaria de acreditar.
Só os inocentes sofrem. Ao passo que muitos outros levam uma vida alegre e de
abundância sem jamais pensarem em Deus. “Só de pensar nisso me perturbo, e um
calafrio se apodera de minha carne” (Jó 21.6) Para Jó os fatos simplesmente não se
encaixam”. (PHILIP, Yancey 1997).

Não devemos nos preocupar com o tempo. Pois, ele pertence a Deus.
O tempo serve para nos preparar. Quando compreendo e admito isso, consigo ver o tempo
como algo que não é ruim, que serve para amadurecer-me e não pode tirar minha
felicidade, porque está firmada em Deus. Nós sabemos, pela Palavra de Deus, que o
sofrimento tem fim, a demora também. Logo, o propósito de Deus na minha vida é usar o
tempo para ajustar ao ponto ideal Ad augusta per angusta – Chega-se a resultados
sublimes por caminhos estreitos. Desde que apenas nesta dimensão encontro demora e
sofrimento, e lá, então aqui e o hoje são dotados de instrumentos de Deus para forjar o
meu ser. Disse o salmista Davi, em salmos 31.15 “Os meus tempos estão em tuas mãos”.
Quando entrego tudo a vontade de Deus, entrego não apenas a minha vida, mas o tempo
também. E isto significa que a administração de meu tempo passou a ser orientada por
Deus. (ANDRADE, Claudionor. 1998).

Para que realmente possamos entender a lição de Deus precisamos deixar nosso
coração nas mãos do Grande Cirurgião. Para ser transformado, desta forma, temos a
compreensão do grande e maravilhoso projeto Dele em nossas vidas, a exemplo do que
ocorreu na vida de Jó que foi aprovado pelo SENHOR. Vejamos como fala o homem
cujo coração experimentou o deserto. Suas palavras demonstram uma pessoa
verdadeiramente transformada por Deus. “Na verdade falei do que não entendia; coisas
maravilhosas demais para mim, coisas que eu não conhecia. Eu te conhecia só de ouvir
falar, mas agora os meus olhos te veem. Por isso me abomino, e me arrependo no pó e
na cinza” (Jó 42. 5,6).

Um coração conforme o coração de Deus.

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“Achei a Davi, filho de Jessé, um homem conforme o meu coração, que executará toda a minha
vontade” (Atos 13.22).

No deserto Deus nos concede um coração segundo o Seu coração. Davi (heb.
Amado), o segundo e maior rei de Israel, filho mais moço de Jessé, que nasceu em
Belém, passou a primeira parte de sua juventude como pastor. Ele também foi
conduzido ao deserto. Foi lá que Davi obteve inspiração divina para compor os mais
belos salmos.
Nesse período, o forte e jovem Davi se defronta com sua fraqueza e fragilidade.
Embora corajoso, decidido e guerreiro, era também uma pessoa sujeita ao medo, à
dúvida, à depressão e ao desânimo.
A causa ou a provação atribuída a todo o sofrimento de Davi no deserto foi se
defrontar com os trágicos acontecimentos após ser ungido rei em Israel: a ira e a inveja
de Saul, a notícia da morte de seu amigo Jônatas, o adultério com a esposa de Urias, a
rebelião e morte de seu filho Absalaão.
Porém, Davi superou cada sofrimento. Deus renovou suas forças, enxugou suas
lágrimas e concedeu-lhe grandes vitórias, provando ao máximo sua fé, e o
transformando em um vaso precioso em Suas mãos.
Davi adquiriu em seu caráter uma expressiva humildade:

Senhor, o meu coração não se elevou nem meus olhos se levantaram; não me exercito
em grandes assuntos, nem em coisas elevadas para mim. Decerto fiz calar minha
alma; qual criança, desmamada, para com sua mãe, tal é minha alma para comigo. (Sl
131.1,2).

Davi aprendeu ao passar no deserto a amar a Deus de todo a sua índole, a tal
ponto de as Escrituras registrarem que ele era um homem conforme o coração divino.
(Atos 13.22).
“Louvarei ao Senhor de todo o coração”
“Amo ao Senhor”
“A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo...”.
“Mas eu confio na tua longanimidade, na tua salvação meu coração se alegrará”.

Meu caro leitor, você não gostaria de desfrutar do privilégio de ter o seu coração
conforme o coração de Deus? Pois, ao passar pelo deserto, o seu coração mudará.
Deus o provará e o transformará em um novo conforme as palavras do profeta
Ezequiel que diz: “Eis que vos darei um novo coração, tirarei o vosso coração de
pedra e vos darei um coração carne e vos concederei o meu espírito para que possais
andar e observar os meus preceitos, diz o Senhor”.
É uma benção quando entregamos nosso viver nas mãos de Deus e Ele idealiza
em nossas vidas o seu propósito maravilhoso e nos concede as mais ricas bênçãos dos
céus.
Deus nos prova no propósito de resgatar nossa condição humana, como ser
criado à imagem e semelhança Dele em verdadeira justiça e santidade, educando-nos
para a paz, justiça, quietude, convivência e sustentabilidade planetária.
O Senhor interage com a humanidade em meio ao sofrimento (provações) e nos
tornar capaz de resistir a toda ansiedade, solidão e vazio que assola o homem moderno,
tornando-nos uma nova criatura, como frisou Paulo em uma de suas epístolas: “Assim
quem está em Cristo nova criatura é: as coisas velhas já passaram, eis que tudo se fez
novo” (II Co 5.17).
“Você foi criado para se tornar semelhante a Cristo. Então disse Deus: façamos o homem
à nossa imagem, conforme a nossa semelhança. Como vimos, somente o homem foi feito à
imagem de Deus. Esse é um grande privilégio que nos honra sobremaneira. O supremo

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objetivo de Deus para sua vida na terra não é o conforto, mas o desenvolvimento de seu
caráter. Ele quer que você cresça espiritualmente e se torne semelhante a Cristo. Deus
quer que você desenvolva o tipo de caráter descrito nas bem-aventuranças de Jesus, no
fruto do Espírito. No grande capítulo de Paulo sobre o amor, e na lista de Pedro das
características produtivas e eficientes. Toda vez que você esquece que o caráter é um dos
propósitos de Deus para sua vida, você se torna frustrado pela situação que o cerca. Você
pensa consigo mesmo: por que isso acontece comigo? Por que estou passando por
momentos tão difíceis? A resposta é que a vida é difícil! É isso que nos possibilita crescer.
Lembre-se que a terra não é o céu!”. (Rick WARREN, 2003).

O sofrimento é o preço da provação de Deus em nossas vidas. As lutas em vez


de nos enfraquecer, muito pelo contrário, nos fortalecem (Fp 4.12,13). Reflita como
afirmou o grande imitador de Cristo que foi Paulo:“Temos porém este tesouro em vasos
de barro, para que a excelência do poder seja de Deus e não de nós. Em tudo somos
atribulados, mas não angustiados; perplexos, ma não desanimados; perseguidos, mas
não desamparados; abatidos, mas não destruídos” (II Co 4.7-9).
Jesus nos concedeu um auxiliador que nos ajudará a produzir o caráter de Dele
em nossa vida. As características de Cristo não são produzidas por imitação, mas por
habitação. Nós permitimos que Cristo viva em nós. Pois este é o segredo: “Cristo vive
em vós” (Cl 1.27).

“Mas todos nós com cara descoberta, refletindo como um espelho à glória do Senhor,
somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do
Senhor” (II Co 3.18).
Há uma estreita ligação entre a atuação do Espírito e a atuação do Filho, Jesus,
no processo através do qual Deus obra o milagre no homem pela regeneração. Pensando
nisso, Myer Pealrman afirma:

“Notem especialmente a relação de Cristo com a regeneração do homem. Ele é o doador da vida. De
que maneira ele vivifica o homem? Vivifica-os por morrer por eles, de forma que, ao comerem sua carne
e beberem seu sangue (que significa crer em sua morte expiatória), eles recebem a vida eterna. Qual é o
processo de conceder a vida aos homens? Uma parte da prerrogativa de Cristo de conceder o Espírito
Santo (Jo 3.3;13; Gl 3.13,14), e ele ascendeu aos céus para que pudesse se tornar fonte de vida e
energia espiritual (Jo 6.22; At 2.33). Estritamente falando, o homem não pode cooperar no ato de
regeneração que é um ato soberano de Deus, mas o homem pode tornar parte na preparação para o
novo nascimento. Que é essa preparação? Resposta: Arrependimento e fé” (PEALRMAN, Myer: 1999).

Zaqueu - Aprovado por Deus

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“Ele, (Jesus) preferiu começar do zero, trabalhar com os jovens completamente desqualificados a
trabalhar com os fariseus saturados de vícios e preconceitos. Preferiu a pedra bruta a mal lapidada”
(CURY, Augusto).

Esta é a diferença do Cristianismo em comparação as demais religiões. Ao


homem, que dantes estava em trevas sem esperança de vida, morto em delitos e
pecados, Jesus Cristo recebe-o de braços abertos e o regenera, transformando-o em seu
discípulo.
“E Jesus respondendo disse-lhes: Não necessitam de médico os que estão são, mas,
sim os que estão enfermos. Eu não vim chamar os justos, mas, sim os pecadores, ao
arrependimento” (Lc 5.31,32).
Jesus, não quer que sejamos crentes superficiais, legalistas e religiosos. Ele
almeja que as pessoas que o aceitam possam permitir que o recebam em seus corações,
transformando radicalmente seu viver, pois Ele está à porta. “Eis que estou à porta e
bato, se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta entrarei em sua casa e com ele
cearei e ele comigo” (Apocalipse 3.20).
A Bíblia registra uma transformação magnífica na vida de Zaqueu, um homem
perdido, chefe dos publicanos, cobrador de impostos e rico.
Os judeus não gostavam dos cobradores de impostos, pois muitas das vezes
cobravam além do que deviam. O que mais me comove na vida de Zaqueu foi quando
ele ouviu falar de Jesus, isso lhe causou um impacto profundo. Ele não era mais tomado
por um forte desejo insaciável em busca do ouro e da prata. Todo este sentimento
perdera para ele o sentido.
Na primeira oportunidade que teve foi ao encontro de Jesus. O homem, ao ter
um encontro com Ele, não é mais o mesmo. Algo em sua vida acontece. Passa a ter um
novo direcionamento, uma nova maneira de viver.

“E levantou-se Zaqueu, disse ao Senhor: Senhor, eis que eu dou aos pobres metade dos
meus bens, e se alguma coisa tenho defraudado alguém, o restituo quadriplicadamente.
Disse-lhe Jesus: “Hoje veio salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão.
Porque o filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido”. (Lc 19.8-10)

A transformação divina na vida do homem não é uma mudança evolucionária e


sim revolucionária, afirma o pastor Raimundo de Oliveira, pois a transformação é um
ato divino. Essa mudança recebe vários nomes na bíblia, tais como: Novo Nascimento
(João 3.3), Regeneração (Tito 3.5), Nova Criatura (II Cor 5.17), em que fomos gerados
de uma semente incorruptível, pela palavra de Deus viva e que permanece para sempre
(I Ped 1.23). Ressalta Pedro ainda: “Somos participantes da natureza divina, havendo
escapado da corrupção, que pela concupiscência há no mundo”. (II Ped 1.4).
Tudo isso faz parte do projeto de Deus, que abrange a doutrina da Salvação na
vida do homem pecador. Inicia-se através da conversão, quer dizer “virar-se para a
direção oposta”. De acordo com a bíblia, é o ato divino pelo qual o pecador se volta
para Jesus, tendo o perdão dos pecados, bem como o libertando deles. Isso inclui
livramento da pena do pecado.

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O Caráter de Jesus Cristo
“E JESUS, vendo a multidão, subiu a um monte, e, assentando-se, aproximaram-se
dele os seus discípulos; E, abrindo a sua boca, os ensinava, dizendo: Bem-aventurados
os pobres de espírito, porque deles é o reino dos céus; Bem-aventurados os que
choram, porque eles serão consolados; Bem-aventurados os mansos, porque eles
herdarão a terra; Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles
serão fartos; Bem-aventurados os misericordiosos, porque eles alcançarão
misericórdia; Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus; Bem-
aventurados os pacificadores, porque eles serão chamados filhos de Deus; Bem-
aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o reino
dos céus; Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e,
mentindo, disserem o mal contra vós por minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque é
grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram
antes de vós”.
(Mateus 5.1-12)

Conceito de caráter.

Conheçamos primeiramente o significado da palavra caráter, acompanhemos no


texto de Ady Lopes a origem desta palavra.

“A palavra caráter procede do grego “charassein” ou “charasso”,


significando “coisa gravada” ou “eu gravo” caráter é o conjunto da
personalidade. Segundo René de Senner, filosofo francês, psicólogo,
caracterólogo, o caráter é formado por traços com sentido moral e ético.
Assim sendo características como honestidade, afabilidade, indelicadeza,
perseverança, inconstância e disposição para o trabalho são traços do caráter
porque são socialmente aceitos ou repudiados e são tidos como certos ou
errados. A personalidade cristã possui caráter cujo modelo é Cristo.”(ADY.
Lopes, 2005)

Como vimos a palavra caráter tem um significado profundo, e em nosso modelo,


que é Jesus, as Escrituras bem como pensadores cristãos expressam testemunhos do
caráter maravilhoso de Jesus; como ele mesmo falou: “Sou manso e humilde de coração”.
“O caráter imaculado de Jesus Cristo tem recebido a aprovação e a
recomendação não apenas de Deus Pai, dos seus anjos e dos santos, mas até
os demônios têm reconhecido isto. Ao longe de quase dois milênios o seu nome
e a sua vida impõem respeito, ternura e têm sido motivo inspirador de milhões
em toda terra e em todos os tempos. Analise o testemunho de tais
pesquisadores cristãos quanto ao caráter de Cristo. “O caráter de Jesus dá
tremenda força à nossa crença nele. Sua vida foi tudo quanto uma vida deve
ser quando julgada segundo os padrões mais elevados” (Bispo Macdowell)
“Ainda que algo do caráter de Cristo se tenha revelado em uma era e algo
mais dele em outra, a própria eternidade, todavia, não é suficiente para
manifestá-la inteiramente”.(Glovel). “Seu caráter saiu aprovado através dos
artigos maliciosos de dois mil anos e hoje, presente o mundo apresenta-se
impecável em todos os sentidos. Seu nome é sinônimo de Deus na Terra”.
(Bispo Forta)

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(apout, OLIVEIRA, Raimundo. 1994).

A Santidade de Jesus Cristo

Observamos o depoimento das Sagradas Escrituras quanto à Santidade de Jesus


Cristo. Na primeira epistola que escreveu João Evangelista diz: “E bem sabeis que ele
se manifestou para tirar o pecado de muitos; e nele não há pecado” (João 3.5). João
esta indicando que Jesus estava isento de toda contaminação. No verso três, João afirma
que Jesus era absoluta e imaculadamente puro. “Ele possuía todos os elementos de
pureza positiva e perfeita santidade”.
Vejamos o que escreveu Raimundo de Oliveira sobre a santidade de Jesus:
“A santidade de Jesus foi testemunhada pelos espíritos imundos, por
Judas Iscariotes, Pilatos, pela esposa de Pilatos, pelo malfeitor
moribundo na cruz, pelo Centurião Romano, por ocasião da
crucificação, pelos apóstolos Pedro e João, Ananias de Damasco, por
todo o grupo de apóstolo, pelo apóstolo Paulo, pelo próprio Jesus
Cristo, por Deus Pai.
Examine: (Mc 1.23, 24; Mt 27.3, 4; Jo 18-38; Mt 27.19; Lc 23.41; At
3.14; I Jo 3.5; At 22.14; 4.27; 2 Co 5.21; Jo 8.46; Hb 1.8.9)”.
Acompanhe o relato muito patente nos seguintes casos do Novo Testamento a
respeito da santidade de Jesus.
a) por sua atitude para com o pecado e a justiça (Hb 1.9);
b) por suas ações referentes ao pecado e à vontade de Deus (I Pd 2.22);
c) pela sua exigência de santidade por parte dos outros (Mt 5.48);
d) pela sua repreensão dos pecadores (Mt 26.23);
e) mediante seu sacrifício para salvar os homens do pecado (I Pd 2.24);
f) pelo castigo destinado aos impenitentes (2 Tess 1.7-9).

Quando somos aprovados por Deus, essa característica tem o caráter de Jesus e
deve estar presente no crente. Pedro ratifica em sua epistola: “mas como é santo aquele
que nos chamou, sede vós também santo em toda a vossa maneira de viver” (I Pd 1.15,16).
Porque escrito está “Sede santo, porque eu sou santo”.
Escrevendo aos Tessalonicenses, Paulo conclui que “A vontade de Deus é a
nossa santificação” (I Tess 4.3).
Jesus disse se dirigindo ao Pai “santifica-os na verdade; tua palavra é a
verdade”.
A Palavra de Deus é a verdade que o crente ao se deleitar em sua leitura é
santificado por ela. E finalizando, em apocalipse está escrito. “Quem é injusto faça
injustiça ainda, e quem está sujo, suje-se ainda: e quem é justo faça justiça ainda; e
quem é santo, seja santificado ainda” (Apocalipse 22.11).
Agora é importante atentarmos para a seguinte observação: a santificação é um
dos processos da salvação. “É a obra da graça de Deus pela qual o homem é separado
do ego e de sua pecaminosidade interior, e, pela concessão do Espírito Santo, separado
para a santidade e a serviço de Deus”. E como bem salienta o escritor Henrry
Hollomen: é um processo para toda vida cristã.

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“Em vez de acreditar que a santificação é um processo para toda vida ou que
a maturidade espiritual requer “tempo” (Hb 5.12) “é prática” (Hb 5.14),
alguns cristãos tentam encontrar atalhos para se tornarem espiritualmente
maduros. O pensamento atual promove a visão do imediatismo. Os anúncios
modernos têm ensinado às pessoas que elas devem querer tudo que se coloca
diante delas de maneira imediata. As virtudes do autocontrole e da paciência
para postergar a gratificação, com o objeto de alcançar um prêmio mais
elevado ou um valor mais alto, raramente são considerados como opções no
pensamento atual. Os métodos rápidos de se obter maturidade são ineficientes
e inevitáveis desapontadores. Dallas Willard faz uma observação correta: “A
lição que aprendemos de todas as fontes disponíveis é que não existe um
reparo rápido para a condição humana. A inteireza só pode ser alcançada
pela humanidade através de um processo longo e difícil que envolve o máximo
de todas as forças, durante uma experiência de longa duração. Nós não
gostamos disso. De alguma maneira, somos enganados pelos relatórios de
experiência de diversos grandes líderes espirituais e associamos a grandeza a
esses grandes momentos em que viveram, negligenciando os anos de lento
progresso que eles enfrentaram”. Métodos instantâneos para obter
maturidade certamente batalharam do mesmo modo que dietas radicais podem
trazer rápido perda de peso, mas fracassarem em alcançar resultados
permanentes. As pessoas conscientes que se submetem às dietas precisam
seguir um plano adequado de alimentação e exercício que possa ajudá-lo a
alcançar boa saúde e perda de peso duradouro. Os cristãos precisam seguir o
plano bíblico de capacitação do espírito, nutrição espiritual da palavra e
prática nas disciplinas bíblicas para obter a maturidade espiritual. (Hb 12.
6.1)” (HOLLOMAN, Honry. 2003).

O Amor de Jesus Cristo

O amor é outra característica do caráter de Cristo. Respaldado neste sentimento,


são objetivos de seu amor:
Deus Pai (Jó 14.31);
A Igreja (Ef 5.25);
Os crentes como Indivíduos (Gl 2.20);
Aqueles que lhe pertencem (Jo 13.1);
Os discípulos obedientes (Jo 14.21);
Seus próprios inimigos (Lc 22.34);
Seus próprios familiares (Jó 19.25,23);
As crianças (Mc 10. 13-16);
Os pecados perdidos (Rm 5. 6-8).

“Porque o amor de Cristo nos constrange, julgando-


nos assim: que, se um morreu por todos, logo todos
morreram. E ele morreu por todos, para os que vivem
não vivam mais para si, mas para aquele que por ele
morreu e ressuscitou” (II Co 5.14,15).

Jesus demonstrou seu grande amor quando por vontade própria deixou a glória
do pai e encarnou-se e habitou entre os homens (Jo 1.14), vivendo entre eles e sofrendo

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as dores da crucificação em favor da humanidade. Como de forma precisa o profeta
messiânico, chamado Isaías, vaticinara:
“Mas ele foi ferido pelas nossas transgressões; e moído pelas
nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e
pelas suas pisaduras fomos sarados... e nós o reputávamos por
aflito, ferido de Deus e oprimido” (Is 53. 4,5).
Jesus demonstrou seu amor de maneira prática pela multidão que o seguia, tendo
compaixão, operou o milagre da multiplicação dos pães (Mc 6. 30-44), ao comover-se
de íntima compaixão pelo filho da viúva da cidade de Naim, que estava morto, porém o
ressuscitou (Lc 7.11-17).
Ao comover-se muito em espírito e perturbar-se ao ver a incredulidade de seu
povo, os judeus, na ocasião da ressurreição de Lázaro. (Jo11)
E ao chorar pelo povo de Israel (Lc 19.40-44).
Por fim ao demonstrar a maior prova de Seu amor, dando sua vida pelos seus
amigos (Jo 15.13).

A Humildade de Jesus Cristo

“De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus,
que sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas
aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante
aos homens; E achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo
obediente até à morte, e morte de cruz. Pelo que Deus o exaltou
soberanamente e lhe deu um nome que é sobre todo o nome, para que no nome
de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus e na terra, e toda
língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus pai” (Fl 2. 5-
11).

Nesse trecho das Escrituras, Paulo deixou claro para os filipenses a maior
demonstração prática da humildade de Jesus que foi ter deixado o trono de glória e se
ter feito homem, humilhando-se, tomando a forma de servo, fazendo-se à semelhança
dos homens.
A humildade é uma virtude intimamente ligada à mansidão: “com toda a
humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros” (Ef 4.2).
“A humildade contrapõe-se ao orgulho. È uma atitude de submissão e respeito aos
outros” (GILBERTO, Antônio, 2005).
A humildade de Jesus também é descrita admiravelmente em (João 13.5). Esta
passagem mostra a humildade de Jesus ao lavar os pés de seus discípulos, demonstrando
como devemos servir aos outros.

“Depois que lhe lavou os pés, e todos os seus vestidos, se assentou outra vez à
mesa, e disse-lhes: Entendeis o que vos tenho feito? “Jesus esvaziou-se a si
mesmo, tomando a forma de servo. Quando foi a última vez que você se
esvaziou a si mesmo em benefício de alguém? Você não pode ser servo se
estiver cheio de si mesmo”. É somente quando nos esquecemos de nós mesmos
que fazemos coisas que merecem ser lembradas. Infelizmente, grande parte do
serviço que prestamos é em causa própria. Servimos para que os outros
gostem de nós, para sermos admirados ou para alcançarmos nossos objetivos.
Isso é manipulação, e não ministério (...) algumas pessoas tentam barganhar
com Deus: “Venho fazer isso por você, Deus, se você fizer aquilo por mim”.
Os verdadeiros servos não usam a Deus para seus propósitos; muito pelo
contrário, eles deixam que Deus os use para os propósitos Dele...pensar como

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servo é difícil, pois isso implica entrar em choque com o principal problema
de nossa vida: somos, por natureza, egoístas. Pensamos demais em nós
mesmos. Por esse motivo, a prática de ser humilde é uma luta diária, uma
lição que temos que aprender repetidamente. As oportunidades de sermos
servos colocam-se à nossa frente dezenas de vezes por dia, nos quais temos a
chance de decidir entre satisfazer as nossas necessidades ou as necessidades
dos outros. A abnegação é a essência do serviço” (WARREN, Rick,2003).

Ao sermos aprovados por Deus desenvolvemos em nossa vida essa virtude


maravilhosa chamada humildade, que nada tem a ver com o sentir-se maltratado, ser
pobre, ou alguma coisa que segundo o censo comum algumas pessoas possam imaginar.
Porém, humildade refere-se ao caráter, aludindo às coisas práticas como, por exemplo,
perdoar a ofensa de um irmão, pensar mais no próximo, reconhecer as próprias
fraquezas e fragilidades e não ostentar coisas muito elevadas que estão acima de nossa
capacidade. Quem dera tivéssemos a humildade de Davi, como está expresso no Salmo
131. “Senhor, o meu coração não se elevou nem os meus olhos se levantaram; não me exercito
em grandes assuntos, nem em coisas muito elevadas para mim. De certo fiz calar e sossegar a
minha alma; qual criança desmamada para sua mãe, tal é a minha alma para contigo” (Sl
131.1,2).
Vejamos o conselho do apóstolo Pedro para nós: “semelhantemente vós,
mancebos, sede sujeitos aos anciãos; e sede sujeitos uns aos outro; e revesti-vos de
humildade, porque Deus resiste ao soberbo, mas dá graça aos humildes” (I Pe 5.5).
O apóstolo Paulo nos dá também o exemplo dessa virtude ao discursar perante
os anciãos da igreja de Éfeso. “Servindo ao Senhor com toda humildade, e com muitas
lágrimas e tentações” (Atos 20.19 a).

A Mansidão de Jesus Cristo

“Vinde a mim todos os que estais cansados e oprimidos e eu vos aliviarei. Tomai sobre
vós o meu jugo e aprendei de mim que sou manso e humilde de coração e encontrareis
descanso para vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (Mt
11.28-30).

A mansidão é uma das virtudes do fruto do Espírito Santo que deve ser
desenvolvida na vida dos servos de Deus, na medida em que entregam o coração nas
mãos do Senhor.
Jesus afirmou: “sou manso e humilde de coração”. É dele que devemos
aprender, muito embora isso possa nos custar muito esforço, abnegação, subjugar o
nosso corpo, no entanto, vale a pena desfrutar desta rica virtude em nosso caráter.
Vejamos o significado da palavra mansidão nas escrituras:
“prautês” ou “praotes” denota mansidão. Em seu uso nas Escrituras, tem um
significado mais extenso que nos escritos gregos seculares. Não consiste só no
comportamento exterior da pessoa, nem ainda em suas relações com o próximo;
tampouco na sua mera disposição natural. Antes, é uma entretecida graça da alma,
cujos exercícios são primeira e primariamente para com Deus. É o temperamento de
espírito no qual aceitamos seus procedimentos como bons e, portanto, sem despontar
ou resistir (...). Esta mansidão, porém, sendo, em primeiro lugar, uma mansidão
perante Deus, também o é diante dos homens, até de homens maus, proveniente de um
senso de que estes, com os insultos e danos que possam infringir, são permitidos e
empregados por Ele para castigo e purificação dos eleitos. Deve ser entendido
claramente que a mansidão manifestada pelo Senhor e recomendada para o crente é
fruto de poder. A suposição comum é que quando o homem é manso, é porque ele não

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pode se ajudar; mas o Senhor era manso porque ele tinha os recursos infinitos de
Deus à sua disposição (VINE, E. W. 2002).

Paulo, aconselhando a Timóteo, pede que ele seja, entre outras coisas, manso.
“Mas tu és homem de Deus, foge destas coisas, e segue a justiça, a
piedade, a fé, o amor, a paciência e a mansidão” (I Tm 6.11).

Em outra passagem, Paulo assevera: “E ao servo do Senhor não convém


contender, mas sim ser manso para com todos, apto para ensinar e sofredor” (II Tm
2.24). E Paulo ainda diz como deve ser nosso ensino: “Instruindo com mansidão os que
resistem, a ver se porventura Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade; e
tornarem a despertar, desprendendo-se dos laços do diabo, em que à vontade dele estão
presos” (II Tm 6.25-26).
O Pr. Antonio Gilberto escrevendo acerca da virtude da mansidão na Bíblia nos
dá três conceitos principais desta virtude espiritual. Vejamos:
A) Ser sempre submisso à vontade de Deus. Esta virtude é característica de
alguém que se submeteu totalmente à vontade de Dele;
B) Ser apto para aprender. É estar sempre alerta à aprendizagem, ou seja,
não ser orgulhoso quanto ao que se sabe e o que precisa aprender. (Tg
1.21)
C) Ser atencioso. Na maioria das vezes, este vocábulo significa demonstrar
consideração, moderação, tranquilidade, atenção ou cuidado, ou ser
paciente com os outros por amor como explanado em I Co 1-7.

O Pr. Antonio Gilberto ainda assevera que: “A mansidão, segundo a Bíblia,


nada tem a ver com covardia ou fraqueza. Na Bíblia, vemos esta característica
relacionada a coragem, fortaleza e resolução. Moisés era homem mui manso, mas ao
mesmo tempo estava pronto para agir em momentos críticos”.
Em Mateus 11.29, Jesus fez notória a sua mansidão e humildade. Ele próprio
demonstrou quando, certa feita uma aldeia de samaritanos recusou-se a dar boas vindas
a ele, alguns discípulos perguntaram se Jesus permitia que eles clamassem por fogo do
céu para destruir a aldeia. Sem demora, Jesus os repreendeu: “Vós não sabeis de que
Espírito sois, porque o filho do homem não veio para destruir as almas dos
homens,mas para salvá-las” (Lc. 9 .55-56).
Eis a maior prova da mansidão de Jesus nas horas que precederam a sua
crucificação:
A) Em sua submissão. Suas súplicas foram de submissão total à vontade do pai,
embora esta significasse sofrimento indizível e morte (Mt 26.39);
B) Em seu consentimento. No momento da prisão, Jesus podia ter chamado mais doze
legiões de anjos para salvá-lo, no entanto, voluntariamente ele permitiu que os
soldados o aprisionassem (Mt 26.50-59);
C) Em seu silêncio. Mesmo sendo acusado pelos principais sacerdotes e anciãos
injustamente, Jesus não lhes respondeu (Mt 27.14).
O cordeiro eterno de Deus, em espírito de amor e mansidão, se entregou de boa
vontade para fazer expiação pelos pecados de toda a humanidade. Ainda na cruz,
pronunciou palavras de perdão aos que o crucificaram.
Na Bíblia, a mansidão está frequentemente associada a outros atributos.
Consideremos, portanto, alguns textos bíblicos e seus ensinamentos para nós:

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• Mansidão e benignidade. Em 2 Coríntios 10.1, o apóstolo Paulo fez um
apelo aos coríntios “pela mansidão e benignidade de Cristo”. Segundo o Pastor
Antônio Gilberto, benignidade nesta passagem diz respeito a suportar ofensas com
paciência e sem ressentimento, por amor a Cristo. Mansidão refere-se à brandura na
conduta ou atitude, e opõe-se à rispidez, à severidade, à violência ou a grosserias
carnais, de natureza adâmica;
• Mansidão e humildade. “Com toda a humildade e mansidão, com
longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor” (Ef 4.2);
• Mansidão e sabedoria. “Quem dentre vós é sábio e inteligente? Mostre
pelo seu bom trato, as suas obras em mansidão de sabedoria”;
• Mansidão e salvação. “Porque o Senhor se agrada do seu povo; ele
adornará os mansos com a salvação” (Sl 94.4).
Portanto, para verdadeiramente ser gerado em nós o fruto do Espírito Santo
precisamos ser aprovados por Deus. Para tanto é imprescindível que nosso viver possa
dar o testemunho do caráter de Jesus, haja vista que só por meio Dele as pessoas que
não conhecem a verdade podem viver e reconhecer de fato e de direito que somos filhos
do Altíssimo ( Mt 5.16 ).

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