Prova Modelo 2 Português 9 Ano
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Prova Modelo 2 Português 9 Ano
PROVA 2
ESCOLA: ___________________________________________________________________
GRUPO I
Parte A
Elogio do Subrbio
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30
Cresci nos subrbios de Lisboa, em Benfica, ento quintinhas, travessas, casas baixas, a ouvir as
mes chamarem ao crepsculo Vtor, num grito que, partido da Rua Ernesto da Silva,
alcanava as cegonhas no cume das rvores mais altas e afogava os paves no lago sob os lamos.
Cresci junto ao castelito das Portas que nos separava da Venda Nova e da Estrada Militar, num
pas cujos postos fronteirios eram a drogaria do senhor Jardim, a mercearia do Careca, a pastelaria
do senhor Madureira e a capelista Havaneza do senhor Silvino, e demorava-me tarde na oficina
de sapateiro do senhor Florindo, a bater sola num cubculo escuro rodeado de cegos sentados em
banquinhos baixos, envoltos no cheiro de cabedal e misria que se mantm como o nico odor
de santidade que conheo. ()
Na poca em que aos treze anos me estreei no hquei em patins do Futebol Benfica, o guarda-redes
enchumaado como um baro medieval apontou-me ao pasmo dos colegas O pai do ruo
doutor no que constituiu de imediato a minha primeira glria desportiva e a primeira tenebrosa
responsabilidade, a partir do momento em que o treinador, a apalpar-me os msculos com os
olhos, preveniu numa careta de dvida Sempre estou para ver se lhes chegas ruo que o teu
pai no ringue era lixado para a porrada.
O dono da Farmcia Unio jogava o pau, () o sineiro a quem chamavam Z. Martelo e que
tocava o Papagaio Loiro na Elevao da missa do meio-dia em vez do A treze de Maio obrigatrio, possua
uma agncia funerria cujo prospeto-reclame comeava Para que teima Vossa Excelncia
em viver se por cem escudos pode ter um lindo funeral?, e eu escrevia versos no intervalo do
hquei, fumava s escondidas, uma das minhas extremidades tocava o Jesus Correia e a outra
Cames, e era indecentemente feliz.
Hoje, se vou a Benfica, no encontro Benfica.
Os paves calaram-se, nenhuma cegonha na palmeira dos Correios (j no existe a palmeira
dos Correios, a quinta dos Lobo Antunes foi vendida) o senhor Silvino, o senhor Florindo e o senhor
Jardim morreram, ergueram prdios no lugar das casas ()
No h paves nem cegonhas e contudo a accia dos meus pais, teimosa, resiste. Talvez que
s a accia resista, que s ela sobeje desse tempo como o mastro, furando as ondas, de um navio
submerso. A accia basta-me. Arrasaram as lojas e os ptios, no tocam o Papagaio Loiro no
sino, mas a accia resiste. Resiste. E sei que junto do seu tronco, se fechar os olhos e encostar a
or
orelha
ao seu tronco, hei de ouvir a voz da minha me chamar Antnio e um mido
ruo atravessar o quintal, com um saco de berlindes na algibeira, passar por mim sem me ver
e sumir-se- l em cima no quarto ().
Antnio Lobo Antunes, Livro de Crnicas, Publicaes Dom Quixote
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Novas Leituras 9 | Guia do Professor
Responde aos itens que seguem, de acordo com as orientaes que te so dadas.
1. As afirmaes apresentadas de (A) a (G) correspondem a ideias-chave do texto apresentado acima.
Ordena a sequncia de letras que corresponde ordem pela qual essas ideias aparecem no texto.
Comea pela letra (D).
(A) O nico elemento que resiste ao do tempo a accia permitir ao narrador recuperar
a infncia perdida.
(B) Ao iniciar a prtica de hquei em patins, o narrador descobriu que recebera uma herana nesta
modalidade desportiva.
(C) Vrias figuras e espaos representativos de vrias profisses delimitaram a geografia da sua infncia.
(D) O narrador recorda o local onde cresceu, Benfica, nos subrbios de Lisboa.
(E) Uma das suas memrias mais intensas de carter auditivo.
(F) O tempo transformou o espao de tal modo que o narrador j no o reconhece.
(G) Um sentimento de profunda felicidade envolve a memria da infncia do narrador.
2. Indica a que se refere o pronome que sublinhado na frase O dono da Farmcia Unio jogava o pau,
() o sineiro a quem chamavam Z Martelo e que tocava o Papagaio Loiro na Elevao da missa do
meio-dia em vez do A treze de Maio obrigatrio (). (linhas 16-17)
3. Para responderes a cada item (3.1 a 3.5.), seleciona a nica opo que permite obter uma afirmao
adequada ao sentido do texto.
Escreve o nmero do item e a letra que identifica a opo escolhida.
3.1. A expresso Cresci nos subrbios de Lisboa
a) narrado na primeira pessoa.
b) narrado na terceira pessoa.
c) tem um narrador no participante.
(linha 1)
(linha 12)
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3. Testes de Avaliao| Novas Leituras 9
3.5. O texto Elogio do subrbio uma crnica, pois, entre outros aspetos, apresenta por parte do autor
a) uma viso objetiva e rigorosa dos factos narrados.
b) um claro distanciamento face aos eventos narrados.
c) passagens plurissignificativas e com recurso a uma linguagem conotativa.
d) aborda uma temtica que interessa exclusivamente a si prprio.
Parte B
10
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VOCABULRIO
1 Pedra, de cor azul-ferrete, empregada em joalharia.; 2 Sorte; 3 Melancolia, tristeza.
(verso 7)
e o meu condado
(verso 12)
7. Tendo em conta a globalidade do poema, explicita o sentido do verso Naquela idade em que se
conde assim... (verso 14)
8. Descreve de forma completa a estrutura externa do poema (estrofe, mtrica e rima).
9. Atendendo ao facto de apresentarem semelhanas temticas, os textos Elogio do Subrbio e
Na praia l da Boa Nova, um dia vo integrar uma mesma antologia.
Seleciona, de entre os ttulos seguintes, aquele que melhor evidencia as caractersticas comuns.
a) Saudades da infncia.
b) Memrias da infncia.
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Novas Leituras 9 | Guia do Professor
Parte C
L o excerto do Auto da Barca do Inferno a seguir transcrito, e responde, de forma completa e
bem estruturada, ao item 10. Em caso de necessidade, consulta o vocabulrio apresentado.
Fidalgo Ao Inferno todavia!
Inferno h i pera mi?
triste! Enquanto vivi
No cuidei que o i havia.
Tive que era fantesia;
5 Ti
folgava ser adorado;
confiei em meu estado
e no vi que me perdia.
10
Diabo
15
10. Redige um texto expositivo com um mnimo de 70 e um mximo de 120 palavras, no qual apresentes
linhas fundamentais de leitura do excerto da pea Auto da Barca do Inferno.
O teu texto deve incluir uma parte introdutria, uma parte de desenvolvimento e uma parte de concluso.
Organiza a informao do modo que considerares adequado, abordando os tpicos seguintes:
a) identificao das personagens e do espao onde se encontram;
b) explicitao da funo de cada uma das personagens;
c) referncia a momentos anteriores da mesma cena que permitam entender a reflexo que o
Fidalgo faz sobre o seu percurso de vida;
d) explicitao da resposta irnica do Diabo;
e) referncia inteno do Fidalgo em tornar vida terrena e resposta do Diabo;
f) apresentao da funo crtica desta cena na globalidade da pea.
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3. Testes de Avaliao| Novas Leituras 9
GRUPO II
1. Refere a funo sinttica desempenhada pela expresso sublinhada.
J no existe a palmeira dos Correios.
2. Indica a alnea em que a palavra se um pronome.
a) Se fechar os olhos e encostar a orelha ao seu tronco, hei de ouvir a voz da minha me.
b) As pessoas estavam envoltas no cheiro
heiro de cabedal e misria que se mantm como o
o. 10
nico odor de santidade que conheo.
3. L a frase seguinte.
Um mido ruo [] passar por mim sem me ver e sumir-se- l em cima no quarto.
(Texto Parte A,
linhas 30-32)
GRUPO III
O sonho um elemento determinante nas nossas vidas. Todas as pessoas tm projetos que desejam
concretizar e tu, certamente, tens tambm as tuas expectativas face vida, sonhos que desejas
realizar.
Num texto correto e bem estruturado com um mnimo de 180 e um mximo de 240 palavras, apresenta
a tua opinio sobre a importncia do sonho na vida de cada um de ns, fundamentando a tua
posio em dois argumentos.
Deves respeitar a estrutura do texto argumentativo.