63 Perguntas e Respostas Sobre Títulos de Crédito

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TOMO III
63 PERGUNTAS E RESPOSTAS SOBRE TTULO DE CRDITO

1. Defina: a) crdito
b) Ttulo de crdito
2. Quais so os elementos do crdito? Disserte sobre eles.
3. Qual a principal funo do crdito?
4. Qual o principal requisito para o recebimento dos ttulos de crdito?
5. Quais so as caractersticas (atributos) dos ttulos de crdito?
6. Como se classificam os ttulos de crdito?
7. Quais as espcies de ttulos de crdito?
8. Porque se diz que a letra de cmbio promessa direta e a nota promissria promessa
indireta.
9. Qual o conceito de declaraes cambiais?
10. No estando em posse do ttulo, pode, o credor do ttulo, efetuar a cobrana? Justifique
a resposta.
11. Como realizada a quitao do ttulo de crdito?
12. Os ttulos de crdito dependem de relao causal para sua existncia? Explique e
justifique a resposta.
13. Quais as normas aplicveis aos ttulos de crdito?
14. Explique o que e como surgiu a LUG (Lei Uniforme de Genebra) e sua aplicabilidade
no Brasil.
15. Qual a posio do STF quanto a aplicabilidade da LUG?
16. Joo vende um automvel a Jos que efetua metade do pagamento vista e para outra
parcela assina uma nota promissria com vencimento para 60 dias. Joo em pagamento
a uma dvida transfere o ttulo para Antonio. Aps 20 dias o carro apresenta um vcio
redibitrio grave, tendo seu valor reduzido em 50% (devido a este vcio). Jos lhe
procura em seu escritrio e pergunta:
a) Se continua obrigado ao pagamento perante Joo?
b) Se est obrigado ao pagamento perante Antnio?
c) Qual atitude correta a tomar neste caso?
17. Quais as inovaes trazidas pelo CC/2002 no tocante aos ttulos de crdito? Como e
quando se lhes aplica?
18. O que a doutrina quer dizer ao se referir a desmaterializao dos ttulos de crdito no
comrcio eletrnico (internet)?

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19. D o conceito de letra de cmbio e como se denominam as partes que participam do
negcio jurdico?
20. Qual a origem da letra de cmbio e da nota promissria e quais os fatores determinantes
para o seu surgimento?
21. Quais as caractersticas da letra de cmbio?
22. A quais situaes jurdicas distintas a emisso da letra de cmbio d ensejo?
23. Quais os perodos marcantes na evoluo da histria da letra de cmbio?
24. Como se d o saque da letra de cmbio?
25. Quais os requisitos legais indispensveis letra de cmbio?
26. O que vem a ser clusula-mandato?
27. O ttulo em branco ou incompleto tem validade jurdica? Justifique a resposta.
28. Como se d o aceite na letra de cmbio?
29. Como se d a recusa parcial do aceite? Pode haver recusa total?
30. Explique o vem a ser a clusula no aceitvel .
31. Como se outorga o endosso da letra de cmbio?
32. Quais os tipos de endosso?
33. Como pode ser praticado o endosso?
34. Qual o efeito do endosso em branco na letra de cmbio?
35. Quais os tipos de obrigao criadas pelo endosso?
36. Quais as alternativas que possui o portador de uma letra de cmbio em branco para
transferi-la?
37. Qual a diferena entre circulao cambial e circulao civil?
38. Pode haver endosso parcial?
39. Defina o aval na letra de cmbio.
40. Qual a equivalncia entre o aval, em relao obrigao avalizada na letra de cmbio?
41. o que so avais simultneos?
42. correta a afirmao de que a relao cambiria entre sacador, aceitante, endossantes
e qualquer avalista solidria? Justifique a resposta.
43. H alguma situao onde se verifique solidariedade entre os devedores de uma letra de
cmbio?
44. Distinga avais simultneos e avais sucessivos.
45. O que vem a ser aval em branco? E qual a interpretao do STF sobre esta questo?
46. Como se define o vencimento da letra de cmbio?
47. Qual a diferena entre a quebra do devedor principal da cambial e a do co-devedor?
48. A falncia do sacador, endossante e avalista so casos de vencimento extraordinrio?
49. Como se classificam as letras segundo o vencimento?

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50. Qual a(s) conseqncia(s) jurdica do pagamento da letra de cmbio?
51. Como se d a cadeia anterioridade-posterioridade dos devedores cambiais?
52. Explique as regras sobre prazo de apresentao da letra de cmbio para pagamento?
53. Quais so as cautelas que se deve observar ao se efetuar o pagamento de uma letra de
cmbio?
54. O ttulo pode existir sem aceite? Justifique.
55. Quando a data mister no aceite?
56. Defina declarao sucednea.
57. O que declarao cambial e quando ela indispensvel?
58. Como a lei define protesto?
59. Como se d o protesto na letra de cmbio? Quais as hipteses possveis de sua
aplicabilidade?
60. Como, quando e porque se d o pagamento em cartrio de uma letra de cmbio?
61. No havendo o protesto da letra de cmbio dentro do prazo estipulado pela Lei, qual a
conseqncia para o credor?
62. Como ocorre o cancelamento de protesto?
63. O que ao cambial? E quando ela se verifica?

RESPOSTAS

1. a) Poder de compra conferido a uma pessoa que no dispe do quantum necessrio


para realizao do negocio no momento presente.
b) Documento que incorpora uma promessa de pagamento futura do devedor ao credor
(professor)
Ttulo de crdito o documento necessrio para o exerccio do direito, literal e autnomo
nele mencionado (Vivante).
2. a) Confiana (fidcia) expectativa do cumprimento da obrigao, interna (crena no
pagamento) ou externa (garantias1).
b) Tempo lapso entre a criao da obrigao e o seu pagamento.
3. Promover a circulao de riquezas e, consequentemente, aumentar o desenvolvimento.
4. A posse do documento, pois ela que confere ao detentor do ttulo o direito de
cobrana.
5. A.A.I.I.L.
1

Garantias pessoais: aval, fiana. Garantias reais: hipoteca penhor e anticrese. No ttulo de crdito tem-se aval, fiana s em
contratos.

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a) Autonomia pode ser: 1) de direito: o direito do atual possuidor do ttulo
autnomo em relao aos anteriores.

2) de obrigao: quando um nico ttulo

documenta mais de uma obrigao, a eventual nulidade de qualquer delas no


prejudicas as demais; possibilitando ao portador em caso de nulidade parcial cobrar as
remanescentes (se uma nula as outras prevalecem).
b) Abstrao a desvinculao do ato ou negcio jurdico que deu ensejo a sua
criao, p.ex., pagamento de drogas com cheque, o fato da venda de drogas ser ilegal
no retira do devedor a obrigao de saldar a dvida (pagar o cheque). Exceo a
duplicata que vinculada venda ou prestao de servios.
c) Independncia observados os requisitos de formalidade necessrios para a criao
do ttulo, no necessita de nenhum outro requisito legal, p.ex., reconhecimento de
assinatura (firma).
d) Incorporao (cartularidade) o direito est materializado no ttulo, sem ttulo no h
direito. O credor do ttulo deve provar que se encontra na posse do documento para
exercer o direito nele mencionado.
e) Literalidade o contedo do direito contido no ttulo literal no sentido de que, quanto
ao contedo, extenso e s modalidades desse direito, decisivo exclusivamente o
teor do ttulo.
6. a) Emitente 1) pblicos ou 2) privados, de acordo com o ente jurdico responsvel pela
emisso.
b) Forma de emisso 1) individual ou singular 2) em srie (normalmente so ttulos a
longo prazo emitidos pelo poder pblico).
c) Causa 1) ttulo causal (depende de relao causal, ex., duplicata) ttulo abstrato
(no depende de relao causal, p.ex., cheque e nota promissria).
d) Circulao 1) ao portador (transfere-se pela simples tradio) 2) ordem ou
endossvel (transfere-se por endosso) 3) nominativos (emitido atravs de lanamento
em registro prprio).
7. a) Letra de cmbio (principal ttulo de crdito);
b) Nota promissria (evoluo da letra de cmbio, circulao facilitada)
c) Duplicata (ttulo vinculado, s existe no Brasil)
d) Ttulos rurais (objetiva a guarda, venda ou crditos rurais)
e) Ttulos industriais (financiam o desenvolvimento industrial)
f) cheque
g) Duplicata e nota promissria virtual
8. Porque a letra de cambio uma ordem de pagamento que emitida pelo sacador e
entregue ao tomador, que dever procurar o sacado, normalmente duas vezes: a

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primeira, para consult-lo sobre se aceita ou no cumprir a ordem; caso aceite, a
segunda, para receber o pagamento, ou seja, uma ordem indireta de pagamento. J a
nota promissria uma promessa direta de pagamento.
9. uma manifestao de vontade do signatrio, expressa por uma assinatura2, com o
objetivo de criar, completar, garantir (aval), declarar uma transmisso (endosso). No
existe declarao cambial se est na estiver expressa no ttulo (cartularidade).
10. No, porque falta um dos atributos do ttulo de crdito que a incorporao (posse do
ttulo).
11. No prprio ttulo ou com a devoluo deste (ttulo) ao devedor.
12. Em regra no, a nica exceo a duplicata.
13. Primeiro a LUG, observadas as reservas, depois as Leis Especiais (LC, LD, etc.), o CC
s se aplica quando no houver Leis especiais disciplinando o assunto.
14. A LUG surgiu em Genebra em 1930, quando governantes de 31 pases resolveram
uniformizar a legislao sobre ttulos de crditos (letra de cmbio e nota promissria). A
LUG composta de dois anexos I e II, sendo que, o anexo II contm 23 dispositivos,
com a funo de dar operacionalidade a LUG, 13 dos quais foram adotados pelo Brasil.
15. Em que pese a celeuma doutrinria sobre o reconhecimento e eficcia da LUG o STF a
reconheceu como vlida, estando assim, perfeitamente consolidada e reconhecida em
nosso ordenamento jurdico.
16. a) No. Se o ttulo de crdito estiver em posse de Joo, Jos no precisar pag-lo,
pois, independentemente de Joo ter agido de m-f ou no, responder pelo vcio
redibitrio.
b) Sim. Antnio terceiro de boa-f e sendo a nota promissria um documento
autnomo a obrigao de Jos com Antnio persiste. Jos dever efetuar o pagamento
a Antnio e mover uma ao de regresso contra Joo (cobrando-lhe o prejuzo, mais
danos materiais ou morais, conforme o caso).
c) Pagar Antnio e processar Joo.
17. O regramento do CC/2002 sobre ttulos de crdito, encontram-se insertos nos arts. 887 a
926, s so aplicveis quando no colidirem com a LUG.
18. A assinatura vem sendo suprimida no comrcio eletrnico, por isso a desmaterializao,
antes a assinatura era o requisito mais importante do ttulo de crdito, no comrcio
eletrnico no se utiliza assinatura, criando (desmaterializando) uma nova modalidade
de ttulo de crdito.

A assinatura a coisa mais importante do ttulo, sem assinatura o ttulo na existe.

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19. Tipo de ttulo negocivel no mercado. Consiste numa ordem de pagamento em que uma
pessoa ordena que uma segunda pessoa pague determinado valor para um terceira.
Deve trazer, de forma explcita, o valor do pagamento, a data e o local para efetu-lo. As
partes que participam do negcio jurdico so: a) o sacador como sendo aquela parte
que faz o saque, oportunidade em que fica criada a letra de cmbio como documento.
Esta pessoa quem d a ordem de pagamento; b) o sacado que representa a parte a
quem a ordem dada, ou seja, quem deve efetuar o pagamento; c) o beneficirio,
tambm chamado de tomador, sendo a pessoa que receber o pagamento, sendo assim
o beneficirio da ordem. Sendo o sacador a pessoa que d a ordem ao sacado para
efetuar o pagamento ao beneficirio, tem-se assim o seguinte exemplo para a redao
de uma letra de cmbio:
aos trinta dias do ms de outubro de........, V.Sa.(sacado) pagar por esta nica via de
letra de cmbio, a importncia de R$.......(.................) ao Sr. Fulano de Tal (beneficirio).
Local........, data..........., assinatura (sacador)............
20. A letra de cmbio teve origem na idade mdia, com o crescimento do comercio. Neste
perodo existia uma multiplicidade de Estados, cada um com sua moeda prpria, assim,
o comrcio entre Estados era difcil e perigoso, pois, o transporte de grandes somas em
moedas de ouro gerava dificuldade no transporte alm do risco de roubo ser grande.
Neste cenrio desenvolveu-se a letra de cmbio. Com ela (LC) os comerciantes no
precisavam mais carregar grandes quantidades de moedas de ouro, no lugar desta,
transporta apenas a letra de cmbio e, ao chegar no pas de origem, ou dirigia-se ao
representante do banco para efetuar a troca da letra de cmbio ou efetua o pagamento
ao comerciante diretamente com a letra, e este mais tarde efetua o desconto da letra. A
nota promissria surgiu como uma evoluo da letra de cmbio.
21. Abstrato; literal, independente (completo) e formal.
ALIF
22. D origem a trs situaes jurdicas distintas: 1) a do credor com o sacador; 2) a do
credor com o sacado; 3) a do sacador com o sacado.
23. Temos quatro perodos marcantes: 1) Italiano at 1673; 2) Francs 1673 a 1868; 3)
Alemo 1868 a 1930; 4) Moderno a partir de 1930.
24. O saque na letra de cmbio o ato de criao do ttulo: 1) em um primeiro momento
ocorre a criao do ttulo com a assinatura do sacador; 2) em um segundo momento
ocorre a entra do documento ao sacado, ato pelo qual o ttulo efetivamente ganha
importncia econmica e passa a gerar efeitos.
25. Lei Uniforme

de

Genebra,

art.

2:

a)

expresso letra de cmbio;

b) a quantia que deve ser paga (o ttulo deve conter expressamente o valor a ser pago,

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sendo que, por fora do princpio da literalidade, tal valor prevalece at a data de
vencimento do ttulo, podendo ento o credor acrescentar juros de mora e as despesas
que incorrer com a cobrana do ttulo); c) o nome de quem deve pagar (sacado); d) o
nome da pessoa a quem ou ordem de quem deve ser paga (beneficirio ou tomador);
e)

assinatura

de

quem

emite

letra

de

cmbio

(sacador).

Ao par dos requisitos essenciais acima elencados, a Lei Uniforme concedera como
requisitos no-essenciais (artigo 20); f) data e lugar de emisso (ou saque) da letra de
cmbio (podem ser inseridas pelo beneficirio); g) data de vencimento do ttulo (a sua
ausncia implica no seu vencimento vista. h) lugar de pagamento da letra de cmbio.
(Quando o ttulo no especificar o lugar de seu pagamento, deve ser considerado como
tal o de domicilio do sacado).
26. a clusula atravs da qual a pessoa se obriga, em decorrncia de ato cambial, atravs
de procurador (procurao por instrumento pblico com poderes especiais).
plenamente jurdica.
27. A cambial emitida ou aceita com omisses ou em branco, pode ser completada pelo
credor de boa-f antes da cobrana ou protesto (Smula, 387 STF). O nico requisito
realmente imprescindvel para a cambial a assinatura, os demais podem ser
preenchidos posteriormente.
28. O aceite. o reconhecimento do debito constante da letra. Apresentada a letra de
cmbio o sacado ao receb-la a aceita, lanando na letra sua assinatura (o aceite deve
ser lanado na prpria letra se lanado em documento separado, no valer em
relao a terceiros).
29. O aceite pode ser parcial, distinguindo-se duas espcies: a) aceite limitativo e b) aceite
modificativo. Pelo aceite limitativo o sacado reduz o valor da obrigao que ele assume,
p.ex., LC 1000,00 sacado aceita 500,00. Pelo aceite modificativo (tambm chamado de
aceite domiciliado), o sacado introduz mudanas nas condies de pagamento da letra
de cmbio, postergando seu vencimento por exemplo, ou alterando a praa em que
deve ser realizado, etc. O sacado pode tambm sujeitar sua obrigao a condio
suspensiva ou resolutiva, representando tambm um aceite modificativo. Opera-se com
o aceite modificativo ou limitativo, o vencimento antecipado do ttulo, podendo o tomador
execut-lo, de imediato e pela totalidade, contra o sacador. Ressalte-se o sacador deve
honrar o cumprimento do ttulo junto ao tomador (ou outro portador), mas poder depois
cobr-lo em regresso do aceitante parcial. Se o sacado recusar a lanar o aceite, no se
obrigar cambialmente pelo dbito.
30. A recusa do aceite total ou parcial gera o vencimento antecipado do ttulo, ou seja,
produz efeitos contrrios ao sacador. Para evitar a antecipao, provocada pela recusa

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do aceite, a lei possibilita ao sacador a introduo de clusula na letra de cmbio,
proibindo sua apresentao ao sacado antes do vencimento, a clusula noaceitvel. Note-se que a clusula no aceitvel no exonerativa da responsabilidade
do sacador (este sempre responde pela ordem que expediu), mas apenas evita o
vencimento antecipado. A lei uniforme tambm autoriza que o sacador fixe, na letra,
uma data limite, antes da qual sua apresentao ao sacado vedada.
31. Endosso o ato pelo qual um ttulo de crdito com clusula ordem transmite seus
direitos a outra pessoa. O endosso um ato unilateral de declarao de vontade que
exige a forma escrita. O endosso introduz duas novas situaes jurdicas: a do
endossante3 e a do endossatrio4. O endosso se d com a assinatura do endossante no
verso da letra, ou em outro lugar (por endosso) e pode ser lanado ainda, no alongue.
Para cancelar o endosso basta risc-lo.
32. O endosso pode ser em branco ou em preto. No primeiro caso, o ato de transferncia da
titularidade de crdito no identifica o endossatrio; no segundo, identifica.
33. O endosso pode ser praticado por trs formas diferentes: 1) a simples assinatura do
credor no verso do ttulo; 2) a assinatura do credor, no verso ou anverso, sob a
expresso pague-se, ou outra equivalente; 3) a assinatura do credor, no verso ou
anverso, sob a expresso pague-se a Fulano. Nas duas primeiras temos o endosso em
branco, pois, no indica a pessoa a quem o crdito ser transferido; na ltima,

endosso em preto, porque o endossatrio est identificado.


34. Com o endosso em branco, a letra de cambio se torna um ttulo ao portador e passa, por
essa razo, a circular por simples tradio. O portador de uma letra endossada em
branco, portanto, pode transferi-la a outras pessoas, sem assin-la; ou seja, sem se
tornar responsvel pelo cumprimento da obrigao creditcia nela documentada.
35. O endosso cria obrigao subsidiria e de regresso (obrigao indireta).
36. Possui cinco alternativas: 1) inserir o seu nome no endosso, para cobrana do crdito;
2) inserir o nome de outra pessoa no endosso, transferindo-lhe o crdito sem assumir
responsabilidade cambiria; 3) endossar a letra em preto; 4) endossa-la em branco;
5)entregar o ttulo, simplesmente, a outra pessoa.
37. A clusula ordem, expressa ou implcita no titulo, define como cambial a circulao do
crdito. J se o ttulo contm expressamente a clusula no ordem, isso significa que
ser civil o regime de transferncia da titularidade do crdito mencionado. Entre a
circulao cambial e a civil existem duas diferenas: enquanto o endossante, em regra,
responde pela solvncia do devedor, o cedente geralmente responde apenas pela
3
4

Credor do ttulo que resolve transferi-lo a outra pessoa.


Para quem o crdito foi passado.

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existncia do crdito; o devedor no pode alegar contra o endossatrio de boa-f
excees pessoais, mas pode suscit-las contra o cessionrio.
38. Tanto no Cdigo Civil como na legislao cambiria h a nulidade do endosso parcial.
39. Aval a garantia do pagamento do dbito expresso pela letra de cmbio. Pode ser dado
por terceiro ou mesmo por um dos signatrios da letra. O avalista responsvel pela
obrigao da mesma maneira que o avalizado. responsvel, ainda que nula,
inexistente ou ineficaz a obrigao garantida, desde que o vcio no seja de forma. O
aval pode ser completo ou parcial (o Cdigo Civil proibiu o aval parcial, mas deve ser
observada a LUG, que o admite). O aval dispensa a outorga uxria ou marital. Ficando
vedado, to somente, quando no tiver expressa previso do aval parcial.
40. O avalista assume, perante o credor do ttulo, uma obrigao autnoma, mas
equivalente obrigao do avalizado, em outros termos, o aval dotado e autonomia
substancial e acessoriedade formal.
41. O devedor cambial pode ter a sua obrigao garantida por mais de um avalista. a
hiptese de avais simultneos, ou co-avais. Se o anverso da letra de cmbio apresenta,
alm da assinatura do sacador e do aceitante, tambm a de outras pessoas, define-se
que essas praticaram aval em branco. Outra hiptese a existncia de mais de um aval
em preto, em favor do mesmo avalizado. Nos dois casos, os avalistas so simultneos,
no sentido de que garantem solidariamente o cumprimento da obrigao avalizada. Se a
letra de cmbio cobrada, por seu valor integral, de um endossante, este poder voltarse contra o aceitante, sacador, ou respectivos avalistas, e dele receber tambm, em
regresso, a totalidade da obrigao cambial.
42. A obrigao cambiaria em geral (a do sacador, aceitante, endossantes e qualquer
avalista) , muitas vezes, conceituado como solidria, porque o credor pode exigir a
totalidade do valor do ttulo de qualquer um dos deveres. Porm, essa noo doutrinria
no apropriada, tendo em vista que o exerccio do direito de regresso no segue, no
direito cambirio, as regras da solidariedade passiva do direito civil. De fato, se a letra de
cmbio cobrada, por seu valor integral, de um endossante, este poder voltar-se
contra o aceitante, sacador ou respectivos avalistas, e dele receber tambm, em
regresso, a totalidade da obrigao cambial. Na solidariedade passiva no ocorre assim,
j que o devedor, aps satisfazer a obrigao por inteiro junto ao credor, tem direito de
cobrar, em regresso, a quota-parte de cada um dos demais solidrios (CC, art. 283). Em
concluso, os devedores cambiais no so, em regra, solidrios.
43. Verifica-se a solidariedade entre devedores de um ttulo de crdito em situaes
excepcionais, p.ex., se so dois sacadores da letra de cambio, haver solidariedade
entre eles; se um dos co-sacadores cobrado pela totalidade do valor do ttulo, ele pode

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cobrar do outro co-sacador, em regresso, a metade do montante despendido ou optar
por cobrar todo o ttulo, tambm em regresso, do aceitante. A mesma solidariedade
verifica-se entre co-aceitantes, co-endossantes e co-avalistas.
44. Devem-se distinguir os avais simultneos dos sucessivos. No caso de simultneos,
mais de um avalista assumem a responsabilidade solidria (entre eles) em favor do
mesmo devedor. No caso de sucessivos, o avalista garante o pagamento do ttulo em
favor de um devedor, e tem a sua prpria obrigao garantida tambm por aval.
45. O aval se pratica por uma das seguintes formas: a) assinatura do avalista, lanada no
anverso do ttulo; b) assinatura do avalista no verso ou anverso, sob a expresso por
aval; c) assinatura do avalista no versou ou anverso, sob a expresso por aval de
fulano Nos itens a e b, como o avalizado no identificado, reputa-se o aval em branco.
J na c o aval considerado em preto, porque nele se encontra a identificao do
avalizado. No caso da letra de cmbio, o avalizado no aval em branco o sacador. O
STF considera que avais em branco e superpostos consideram-se simultneos e no
sucessivos (smula 189).
46. O vencimento o fato jurdico que torna exigvel o crdito cambirio na letra
mencionado. Distingues-se vencimento ordinrio do extraordinrio. O primeiro,
normalmente, se verifica com o decurso do tempo. Se o ttulo diz aos trinta e um de
janeiro, pagar V. S. Por esta nica via de letra de cmbio, etc., o que tornar exigvel
do devedor o montante referido o suceder dos dias. Mas h, tambm, a hiptese de
vencimento ordinrio, que diz respeito aos ttulos vista. Neles, o fato que torna exigvel
a obrigao cambiria a apresentao da letra de cmbio ao sacado. Se ele, diante da
ordem que lhe dirigiu o sacador, assente em cumpri-la, deve faz-lo de imediato. Se no
aceita a ordem, o ttulo se torna igualmente exigvel desde ento, porque o tomador
pode cobr-lo do sacador. A segunda circunstncia ocorre quando da falncia do
aceitante, a exigibilidade antecipada garantia dos credores. Ressalte-se que efeito
de qualquer falncia a antecipao do vencimento de todas as obrigaes do falido (LF,
art. 25).
47. Quando falir o aceitante da letra, vencer antecipadamente o ttulo, de modo que o
credor poder optar entre habilitar seu crdito na massa falida do devedor principal ou
cobr-lo, de imediato, de qualquer co-devedor, mas no poder executar o ttulo contra
os demais obrigados, nem mesmo o devedor principal. E isso porque, na ltima
hiptese, o ttulo no venceu antecipadamente, mas apenas a obrigao do falido, nele
mencionada.
48. No, vide questo 45.

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49. As letras classificam-se em quatro espcies: 1) letra com vencimento em dia certo; 2)
letra vista; 3) letra a certo termo de vista; 4) letra a certo termo de data.
50. O pagamento da letra de cambio extingue uma, algumas ou todas as obrigaes
cambiais nela mencionadas, dependendo de quem paga. Se o devedor principal paga a
letra, o ato jurdico correspondente extingue todas as obrigaes documentadas no
ttulo, se o pagamento realizado pelo aceitante, assim, opera-se a desconstituio da
totalidade dos vnculos creditcios, liberando-se sacador, endossantes e avalistas da
letra. Se o co-devedor que paga, o pagamento extingue a obrigao que pagou e a
dos devedores posteriores, e aquele que pagou pode exercer, em regresso, o direito
creditcio contra os devedores anteriores. Em resumo, a liberao dos devedores
cambirios segue uma nica regra, que a de desfazimento das obrigaes posteriores
do devedor que cumpriu a obrigao documentada no ttulo.
51. Organiza-se a partir de trs critrios: 1) devedor principal o primeiro; 2) sacador e
endossantes se localizam, pelo critrio cronolgico; c) o avalista o devedor
imediatamente posterior ao seu avalizado. Assim, se Antonio saca letra de cambio
contra Benedito (que a aceita), em favor de Carlos, e esse a endossa a Darcy, que a
endossa a Evaristo; e alm disso, se Fabrcio presta aval em branco (que beneficia o
sacador), Germano avaliza Benedito, Hebe d aval a Carlos e Irene a Darcy, ento
teremos uma letra de cmbio com sete devedores: o aceitante Benedito, o sacador
Antonio, os endossantes Carlos e Darcy e os avalistas Fabrcio, Germano, Hebe e Irene.
A cadeia de anterioridade neste exemplo seria: Benedito Germano Antonio
Fabrcio Carlos Hebe Darcy Irene.
O credor Evaristo, no vencimento, deve procurador o devedor principal, para dele obter o
pagamento da letra de cmbio. Se o aceitante paga, todos os devedores so liberados
de suas obrigaes. Se no paga, surge da o direito de cobrana dos co-devedores5.
Apresentada a letra para pagamento ao aceitante, se ele no pagar, o credor (depois de
providenciar o protesto do ttulo) pode escolher qualquer um dos co-devedores para,
amigvel ou judicialmente exigir o valor do crdito. Se Evaristo escolhe no exemplo
acima, Carlos, o pagamento da letra opera a desobrigao dos co-devedores posteriores
(Hebe, Darcy e Irene); e Carlos poder cobrar, em regresso, os anteriores (Benedito,
Germano, Antonio e Fabrcio). Caso opte em proceder cobrana de Fabrcio, o
pagamento desse importa apenas a extino de sua prpria obrigao, j que nenhum
co-devedor se localiza entre ele e Carlos. Por sua vez, ao pagar a letra, Fabrcio passa a
5

Cumpre lembrar que a apresentao da letra de cambio ao devedor principal, para fins de pagamento condio sine qua non
para exigibilidade do crdito contra os co-devedores. Se o credor no tentou o recebimento do crdito, amigavelmente, do
principal devedor do ttulo, ele no tem, no direito cambirio, condies de ajuizar ao contra os co-devedores. A tentativa de
cobrana extrajudicial do devedor principal imprescindvel para exigibilidade cambial do ttulo.

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titular do crdito, contra os devedores anteriores (Benedito, Germano e Antonio),
podendo exercer seu direito contra qualquer um deles.
52. A letra de cmbio deve ser apresentada, ao aceitante, para pagamento, no dia do
vencimento. Se o ttulo vence num dia no til, a apresentao deve ser feita no primeiro
dia til seguinte6 (Dec. 2044/08, art. 20). De acordo com o art. 38 da LUG, a letra de
cmbio pagvel em dia fixo ou a certo termo de data ou vista, deve ser apresentada ao
aceitante no dia do vencimento ou nos dois dias teis seguintes.
53. Em razo do princpio da literalidade deve-se exigir a quitao no prprio ttulo, j que
no produz efeitos jurdico-cambiais o ato lanado em instrumento parte. Outra cautela
decorre do princpio da cartularidade, e consiste em exigir a entrega do ttulo,
indispensvel para o exerccio do direito de regresso ou, pelo menos, para impedir que o
documento seja transferido a terceiro de boa-f. Por fim, deve-se registrar a conferencia
da regularidade dos endossos como medida de cautela no pagamento dos ttulos de
crdito (LUG, art. 40).
54. Em se tratando de letra de cmbio, o aceite no obrigatrio se a letra for vista sendo,
porm, obrigatrio, nas modalidades de letra de cmbio com vencimento a prazo. Em
caso de recusa do aceite por parte do sacado, a letra de cmbio deve ser encaminhada
para protesto, tendo o seu vencimento antecipado data de referido protesto.
55. Aceite no precisa de data, exceto na letra de cmbio a certo termo de vista, onde o
prazo para pagamento comea a contar a partir do aceite, destarte, faz-se mister, a
insero da data no aceite.
56. Quando uma pessoa assina um ttulo apresentando-se como mandatria de terceira
pessoa, deve ter um mandato (procurao por instrumento pblico) com poderes
especiais. No preenchendo esse requisito passar a ser diretamente obrigado pela
obrigao (sucedendo o devedor originrio).
57. a manifestao de vontade do signatrio com o objetivo de criar, completar ou garantir
ou transmitir o ttulo, em outras palavras, a assinatura. A declarao originria (saque)
deve ser completa, ou seja, a assinatura para a criao do ttulo imprescindvel, as
demais (endosso, aval, etc.) podem ser completadas posteriormente.
58. Protesto ato formal e solene pelo qual se prova a inadimplncia e o descumprimento
da obrigao originada em ttulo e outros documentos de dvida (Lei 9492/97, art. 1).

Para direito comercial til dia com expediente bancrio. Se feriado ou as autoridades com competncia para o ato
suspendem o atendimento bancrio, o dia no se considera til para todos os efeitos da legislao comercialista. Tambm
compromete a utilidade do dia, para o direito comercial,, a anormalidade do expediente, provocada por greve dos bancrios ou
qualquer outra razo (Lei 9492/97, art. 12, 2).

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59. Protesto ato praticado pelo credor, perante o competente cartrio, para fins de
incorporar ao ttulo de crdito a prova de fato relevante para as relaes cambiais, p.ex.,
a falta de aceite ou de pagamento na letra de cmbio.
60. Se o aceitante no paga a letra de cmbio, no vencimento, o credor deve protest-la por
falta de pagamento. Em se tratando de ttulo com vencimento em dia certo (o mais
usual), a providencia deve ser adotada nos dois dias teis seguintes quele em que
pagvel (LUG, art. 44). A partir do vencimento do ttulo, incidem juros7 de mora e
correo monetria8. Tambm ser devido o reembolso das despesas e custas
incorridas pelo credor, na tentativa de protestar a cambial. O credor deve, ao
encaminhar o ttulo ao cartrio, apresentar tambm o demonstrativo do valor atualizado
e do critrio de atualizao (Lei 9492/97, art. 11).
61. Se o credor perde o prazo da efetivao do protesto o credito mencionado na letra
passa a ser inexigvel dos co-devedores e seus avalistas. Se o endossatrio, assim, no
obedece ao prazo legal para o protesto por falta de pagamento, ele no poder cobrar a
letra do sacador, endossante e seus avalistas (LUG, art. 53). Mas continua com o direito
creditcio contra o aceitante e o avalista do aceitante, devedores perante os quais o
desatendimento do prazo no produz efeitos.
62. O cancelamento se d quando o devedor paga o ttulo, aps o protesto (Lei 9492/97, art.
26).
63. Ao cambial a de cobrana do direito creditcio mencionado em ttulo de crdito. Em
outros termos a ao cambial se o demandante, se terceiro de boa-f, tem o direito de
invocar a inoponibilidade de excees pessoais, para postular a desconsiderao, pelo
juiz, de matrias de defesa estranhas sua relao com a parte demandada. Quando
admitida essa desconsiderao, a ao cambial.

A incidncia de juros no depende de protesto (LUG, art. 48).


A correo monetria devida em decorrncia do previsto na Lei 6899/81, que assegura, a partir do vencimento, nas
execues de ttulos extrajudiciais.
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