MIP - Pragas Açai e Pupunha

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1.

INTRODUO
O dendezeiro (Elaeais guineensis Jaquim)O

aaizeiro (Euterpe oleraceae Mart.) e a

pupunheira (Bactris gasipaes Kunth. var. gasipaes Henderson) so plantas nativas da


regio tropical das Amricas. No territrio brasileiro, so

nativas em toda a bacia

Amaznica, compreendendo os estados do Acre, Amazonas, Par, Maranho, Amap,


Roraima, Rondnia e norte do Mato Grosso (Bovi, 1999; Kulchetschi; Gardingo, 2001).
Essas palmeiras amaznica tem despertado interesse crescente da sociedade, pois os
frutos da pupunha, a polpa do aai e o palmito de ambas so muito utilizados para
consumo principalmente pela populao do Norte do Brasil (Souza; Lemos, 2004),
particularmente no Estado do Par, onde tem sido alvo de diversos estudos na rea
agronmica (Lemos et al., 2006).
O aai e a pupunha so culturas de grande importncia para o agronegcio por terem
alcanado novos mercados consumidores no Brasil e em diferentes pases. No entanto, a
expanso comercial crescente que o essas culturas vem apresentando nos ltimos anos tem
refletido, tambm, no aumento significativo de sua rea plantada, o que poder resultar na
incidncia de insetos-praga associados a esses agroecossistemas, exigindo, assim, aes de
pesquisas voltadas para o manejo e controle alternativo dessas limitaes biticas.
Diferentes espcies de insetos apresentam potencial para causar danos a plantios de
dessas palmeiras. Na literatura nacional possvel encontrar descries de insetos-praga
que antes causavam danos em outras palmceas e que recentemente esto atacando o
aaizeiro e a pupunheira como por exemplo, o pulgo-preto-do-coqueiro Cerataphis
brasiliensis (Hemiptera: Aphididae) (Lunz et al., 2010).
Tendo em vista a crescente importncia da pupunheira e do aaizeiro no Brasil, este
trabalho objetiva contribuir para a discusso das insetos-pragas associadas a essas culturas
com relao sintomatologia, etiologia, epidemiologia e estratgias de controle.

2. INCIDNCIA DE PRAGAS NO AAZEIO E NA PUPUNHEIRA


Dentre os fatores que comprometem a produo racional do aaizeiroe da
pupunheira, pode ser destacada a ocorrncia de insetos. Com a expanso de cultivos
comerciais na Regio Norte do Brasil, os problemas causados por esses organismos tm
surgido com maior evidncia e aumentado a preocupao quanto aos prejuzos que vm
causando aestas culturas. Diversos insetos so capazes de atacar estas palmeiras, desde a
fase de sementeira at o plantio adulto. As pragas que atacam o essas culturas ainda so
pouco conhecidas, fato que d importncia s informaes sobre o assunto.
2.1.
Principais pragas
2.1.1. Cerataphis lataniae Boisudval, 1867 (Heteroptera: Aphididae).
Conhecida como o pulgo-preto-do-coqueiro, ataca mais intensamente as palmeiras
no viveiro e durante os 3 primeiros anos de vida no campo (Fig. 1).

Foto: Lindurea Alves de Souza


Fig. 1. Ataque do pulgo-preto-do-coqueiro (Cerataphis lataniae) em aaizeiro jovem

- Descrio: Esse pulgo tem o formato circular, mede cerca de 2 mm de dimetro,


tem a colorao quase preta e locomoo lenta, podendo ser de forma alada ou sem asas.
Excreta uma substncia adocicada que atrai vespas, moscas e, principalmente, formigas,
que impedem a presena de inimigos naturais dessa praga. Ataca, preferencialmente, a
flecha da palmeira e a insero das folhas jovens ao estipe.

- Ocorrncia: No Brasil, ocorre nos Estados do Amazonas, Bahia, Par, Paraba,


Pernambuco, Piau, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Maranho, Rio Grande do Sul, Santa
Catarina e So Paulo.
- Sintomas: Esse inseto provoca o atraso no desenvolvimento das mudas do
aaizeiro, tornando-as raquticas e com as folhas amareladas, por causa da seiva que tanto
as ninfas como os adultos sugam para se alimentarem.
- Controle: No viveiro, o controle feito separando as mudas atacadas das sadias e
os insetos retirados manualmente com auxlio de um pano umedecido em gua. As mudas
atacadas so mantidas isoladas fora do viveiro e observadas, por cerca de 10 dias, at que
haja a certeza de que a praga foi completamente eliminada, quando ento podero retornar
ao viveiro. Ainda no existe um mtodo de controle dessa praga no campo, por isso, deve
haver o cuidado de no levar mudas atacadas para o plantio definitivo.

2.1.2.

Alleurodicus cocois (Curtis, 1846) (Heteroptera: Alyrodiae).

Conhecida por mosca branca causa maior dano ao aaizeiro e a pupunheira no


viveiro, mas pode atacar essas palmceas nos primeiros anos de vida no campo.

Foto: Omena et al, 2012.

Fig. 2. Aleurodicus pseudugesii em Cocos nucifera. (a, b) - folhas com uma


aparncia prateada, que uma caracterstica do ataque de insectos; (c, d) das colnias de
insetos cobertos com uma secreo serosa e filamentos brancos.

- Descrio: O adulto se assemelha a uma pequena mosca, tem a cor branca, mede
cerca de 2mm de comprimento por 4mm de envergadura, possui 4 asas membranosas e
cobertas por uma secreo pulverulenta. As ninfas medem cerca de 1mm de comprimento,
tm colorao amarelada, rodeada de serosidade branca e vivem na face inferior da folha,
onde excretam uma substncia adocicada, proporcionando o aparecimento de formigas e
do fungo fumagina. As ninfas e os adultos formam colnias e, na maioria das vezes,
ocupam toda a rea dos fololos.
- Ocorrncia: A mosca branca ataca um grande nmero de fruteiras e diversas
palmeiras. encontra de Norte ao Sul do Brasil (Silva et al. 1968).
- Sintomas: Por se alimentar da seiva, torna a planta amarelada, debilitada e depois
clortica, atrasando o desenvolvimento e a produo, podendo causar a morte do aaizeiro
no caso de ataque severo. Esse inseto favorece o aparecimento do fungo fumagina, que
provoca a diminuio na fotossntese da planta.
- Controle: Tanto no viveiro como no campo, as medidas de controle so as mesmas
propostas para C. lataniae.

2.1.3.

Atta spp. (Hymenoptera: Formicidae).

Conhecidas popularmente por savas, tanajura e formigas-savas, atacam as


plntulas de palmeiras na sementeira, as mudas no viveiro e as plantas nos primeiros anos
de vida no campo. No entanto, os ataques so mais drsticos na sementeira e no viveiro,
em virtude das folhas estarem muito tenras (Fig. 3). As espcies mais comuns so: A.
laevigata (sava-da-mata), A. cephalotes (sava-cabea-de-vidro) e A. sexdens sexdens
(sava-limo-do-norte ou formiga-da-mandioca).
- Descrio: So insetos sociais que vivem em ninhos subterrneos, onde se
alimentam e se reproduzem. O ninho formado por dezenas ou centenas de cmaras ou
panelas, com comunicao entre si por meio de galerias. No nvel do solo, chamam a
ateno, pois formam montes de terra solta com muitos orifcios (olheiros). As savas se
alimentam do fungo Gonylophora pholiota (Rhozitles) Moeller, 1893, que so cultivados
com folhas trazidas pelas prprias savas para o interior do sauveiro.

- Ocorrncia: Essas savas so encontradas em todos os Estados do Brasil. A savada-mata, alm do aaizeiro e a pupunheira, ataca diversas fruteiras; a sava-cabea-devidro tambm ataca diversas fruteiras, assim como o aaizeiro, pupunheira, coqueiro
(Cocos nucifera L.) e o dendezeiro (Elaeis guineensis Jack.) e a sava-limo-do-norte ou
formiga-da-mandioca ataca o aaizeiro pupunheira, e outras palmeiras e fruteiras.

Foto: Lindurea Alves de Souza


Fig. 3. Ataque de savas (Atta spp.) em folhas jovens de aaizeiro.
- Sintomas: As savas cortam os fololos do aaizeiro no viveiro, provocando o
desfolhamento parcial ou total das mudas, concorrendo para o atraso no desenvolvimento
ou at mesmo a morte da planta.
- Controle: Como controle preventivo so observados os locais de instalaes dos
viveiros. Devem ser evitadas as proximidades de reas de matas, pois so os ambientes
preferidos das savas. Outro fator a ser observado se existem sauveiros s proximidades
e, quando se tratar de reas infestadas, esses so retirados e queimados, seguidos de
tratamento do solo com inseticida. Essas providncias so de grande importncia, no s
antes da instalao do viveiro, como antecedendo ao plantio do aaizeiro no local
definitivo.

O controle qumico com gases liquefeitos (metil bromide) o mais utilizado, mas
podem ser aplicados produtos lquidos (termonebulizveis _ fenitrothion e deltametrin) e
iscas granuladas (diflubenzuron), que so mais prticos, eficientes e econmicos.
As savas tambm podem ser controladas por inimigos naturais, como fungos,
nematides, caros parasitas, formigas predadoras e um coleptero da famlia
Scarabaeidae, predador das rainhas (Della Lcia, 1993). Pode tambm ser feita a gradagem
do terreno para destruir os ninhos no solo.

2.1.4.

Rhynchophorus palmarum Linnaeus, 1746 (Coleptera: Curculionidae).

Conhecida por broca-do-olho-do-coqueiro, bicudo e broca-do-coqueiro (Fig. 4),


ataca o aaizeiro, no campo, a partir dos 3 anos de idade, quando as plantas esto com o
estipe suficientemente desenvolvido. Alm do aaizeiro, essa praga ataca outras palmeiras,
principalmente a pupunheira, o coqueiro e o dendezeiro.

Foto: Paulo Manoel Pontes Lins


Fig. 4. Adultos (macho e fmea) de broca-do-coqueiro (Rhynchophorus palmarum).

- Descrio: Essa praga possui hbito diurno e, pelo seu tamanho, facilmente vista
voando dentro de plantaes atacadas. A larva, completamente desenvolvida, mede 75 mm
de comprimento por 25 mm de largura, possui corpo recurvado de colorao brancocremosa. A pupa tem a colorao amarelada, onde possvel observar todos os membros

do besouro adulto. O adulto recm emergido, depois de algumas horas, comea a voar
procura de fmea para acasalar e uma palmeira para se alimentar. O adulto vive de 45 a 60
dias e as fmeas pem, em mdia, 250 ovos durante o seu ciclo de vida. Na fase adulta
um besouro de cor preto-aveludada, medindo, em mdia, 5 cm de comprimento, sendo
possvel observar machos e fmeas em constantes acasalamentos, tanto no campo como
sob condies de laboratrio (Bondar, 1940; Genty et al. 1978; Ferreira et al. 1998).
- Ocorrncia: O gnero Rhynchophorus encontrado disperso por todo o Brasil.
- Sintomas: O aaizeiro atacado apresenta porte reduzido, folhas mais curtas e
amareladas, com o pecolo bronzeado, reduo do nmero de folhas, reduo ou ausncia
de cachos, inflorescncias abortadas e estipe com furos enegrecidos junto regio da
coroa. Quando o aaizeiro est muito atacado, as folhas mais jovens so mais curtas e no
se abrem completamente, tomando o formato de uma vassoura. Essa praga alm de fazer
enormes galerias no estipe e na regio da coroa foliar, bloqueando a passagem dos
nutrientes, provocando o enfraquecimento ou at a morte da planta, propicia a entrada de
microrganismos como fungos, bactrias e vrus, ou insetos secundrios capazes de
provocar novos danos. Alm disso, o vetor do nematide causador, nas palmceas, da
doena conhecida por "anel-vermelho".
- Controle: As plantas decadentes ou mortas, que so focos e servem de criadouro
para a broca-do-coqueiro, quando eliminadas concorrem para a reduo da ocorrncia
dessa praga. Tambm devem ser evitados ferimentos mecnicos acentuados durante a
colheita dos cachos, para que os adultos no sejam atrados pela seiva exudada. Os estipes
eliminados so cortados em pedaos e queimados fora da plantao. O uso de armadilhas
o mtodo mais seguro para o controle dessa praga e pode ser feita com o aproveitamento
de recipientes descartveis de plstico (20 litros), utilizados no envasamento de leo para
mquinas agrcolas. A parte superior dos recipientes retirada e, no local, adaptada uma
tampa de madeira, com um furo de aproximadamente 10 cm ao centro, no qual fixado um
funil feito com a parte superior de garrafa de plstico descartvel de refrigerante (2 litros),
com a parte afunilada voltada para dentro da armadilha, do modo a facilitar a entrada do
inseto. No interior da armadilha deve conter iscas compostas por feromnio de agregao
sinttico rincoforol (trocados a cada 3 meses), mais 6 roletes de cana de acar (20 cm
cada, cortados transversalmente). As armadilhas (Fig. 5) so colocadas em moires de

madeira com 1 metro de altura e distribudas dentro do aaizal a cada 150 metros. A troca
da cana deve ser feita a cada 15 dias, ocasio em que ser feita a coleta dos insetos
capturados (Silva et al. 1998).

Foto: Lindurea Alves de Souza


Fig. 5. Armadilha para captura de adultos de broca-do-coqueiro.

2.1.5.

Mytilococcus (Lepidosaphis) bechii (Newman, 1869) (Heteroptera:


Diaspididae).

Conhecida por escama vrgula e cochonilha escama vrgula, ataca o aaizeiro e a


pupunheira, no viveiro e nos primeiros anos de vida no campo.
- Descrio: Seu corpo curvo, semelhante a uma vrgula ou um marisco, a
colorao varia de marrom-clara a marrom-violeta. A fmea pe em mdia 50 ovos e mede
cerca de 3 mm de comprimento (Gallo et al. 1988).
- Ocorrncia: Encontrada dispersa por todo o Brasil.
- Sintomas: Essa praga se fixa ao longo da nervura principal, na parte ventral dos
fololos. Em decorrncia de sua constante suco da seiva, a planta fica, inicialmente, com
as folhas amareladas e depois clorticas, atrasando o seu desenvolvimento e sua produo.
- Controle: Como no existe nenhum inseticida registrado para o controle dessa
praga em aaizeiro, podem ser adotadas aes preventivas, baseadas em cuidados de no
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instalar o viveiro prximo a plantas atacadas por esse inseto, para que no haja a
possibilidade de ser levada planta atacada para o local de plantio definitivo.

2.1.6.

Alleurothrixus floccosus (Maskell, 1895) (Heteroptera: Aleyrodiae).

Conhecida por mosca branca ou piolho farinhento, ataca a pupunheira e o aaizeiro


no viveiro e as plantas jovens no campo.
- Descrio: O adulto dessa praga, pelo ao seu formato e a sua cor, conhecida por
mosca branca e o corpo recoberto por uma serosidade esbranquiada. As fmeas pem os
ovos na face inferior da folha, e depois de 10 dias ocorre a ecloso das ninfas. Tanto as
ninfas como os adultos so facilmente observados, pois so envolvidos por densa
aglomerao flocosa, formada por filamentos cerosos de cor branca, chegando mesmo a
cobrir toda a folha. Exudam um lquido aucarado, favorecendo o aparecimento de
formigas, moscas e do fungo fumagina.
- Ocorrncia: A mosca branca encontrada em todos os Estados do Brasil.
- Sintomas: Os fololos, por causa do sugamento da seiva, inicialmente, ficam
amarelados, depois a planta fica debilitada, atrasando seu desenvolvimento e,
conseqentemente, a sua produo.
- Controle: Pode ser o mesmo descrito para Alleurodicus cocois.

2.1.7.

Eutropidacris cristata (L., 1758) (Orthoptera: Acridiae).

Conhecida por gafanhoto do coqueiro, gafanhoto e tucuro (Fig. 6), ataca as


palmeiras no viveiro e, principalmente, as plantas jovens no campo.

Foto: Lindurea Alves de Souza


Fig. 6. Ninfa do gafanhoto do coqueiro, gafanhoto e tucuro (Eutropidacris
cristata).
- Descrio: No Estado do Par, essa praga conhecida por gafanhoto, mede 110
mm de comprimento, as asas anteriores so verde-pardacentas e, as posteriores,
esverdeadas com leve tonalidade azul. As fmeas pem os ovos no cho e, quando
emergem, recebem o nome de "mosquitos", aps atingirem certo desenvolvimento so
chamados de "saltes", cujas asas ainda so rudimentares, e s depois alcanam a fase
adulta.
- Ocorrncia: encontrado em todos os Estados da Regio Norte e em extensas
reas das outras regies do Brasil.
- Sintomas: Provoca a reduo no desenvolvimento da planta e, conseqentemente, o
atraso no incio da fase produtiva, pela voracidade com que as ninfas e os adultos se
alimentam. Outra maneira de ser detectado o ataque desse gafanhoto, pela observao de
grande quantidade de fololos severamente cortados, que ficam cados no solo.
- Controle: Deve ser feito com o uso de iscas colocadas na vegetao rasteira junta s
palmeiras, quando o gafanhoto est, preferencialmente, no estdio de "mosquito" ou
mesmo "saltes", pois nesses estdios vivem agregados para se protegerem. As iscas so
preparadas com a mistura de: 10 kg de farelo de trigo, arroz ou milho; 0,5 kg de triclorfon
50%; 0,4 kg de acar mascavo; 0,8 kg de melao; e 6,5 L de gua. Esses componentes so
bem misturados, at que seja alcanada a consistncia moldvel de massa (Gallo et al.
1988).

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2.1.8.

Synale hylaspes (Cramer, 1782) (Lepidoptera: Hesperidae).

Conhecida por lagarta-verde-do-coqueiro ou lagarta-verde, ataca a pupunheira e o


aaizeiro (Fig. 7) no viveiro e nos primeiros anos de vida no campo. Ataca tambm outras
palmeiras (Gallo et al. 1988).
- Descrio: O adulto uma borboleta com 4,5 cm de envergadura, de cor prata com
manchas brancas e translcidas nas asas anteriores, e branca, com a extremidade amarelodourada, nas asas posteriores. A lagarta, verde-clara brilhante, constri seu abrigo unindo
as bordas do fololo com fortes filamentos brancos, cujo interior revestido por um p
branco que tambm lhe reveste, permanece no abrigo durante o dia, sai noite para se
alimentar e usa, tambm, esse abrigo para empupar (Bondar, 1940).

Foto: Lindurea Alves de Souza


Fig.7. Danos provocados pela lagarta-verde-do-coqueiro ou agarta-verde (Synale
hylaspes).
- Ocorrncia: encontrada nos Estados da Bahia e Sergipe (Silva et al. 1968) e, no
Estado do Par, foi encontrada atacando o aaizeiro nos Municpios de Belm e de TomAu.
- Sintomas: A lagarta se alimenta do limbo foliar, tornando-o esgarado, seco e com a
colorao amarronzada.
- Controle: Quando o ataque ocorre no viveiro, as lagartas so retiradas manualmente
para no infestar as mudas sadias que esto prximas. Por isso, so imprescindveis as
inspees mais intensas, quando da produo de mudas. Ainda no existe um mtodo para
controlar o ataque dessa praga, no campo, em aaizeiro. Entretanto, em coqueiro, o

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controle feito com o uso dos inseticidas carbaryl a 0,16% i.a. ou trichlorphon a 0,15 i.a.
(Ferreira et al. 1998).
2.1.9. Hemisphaerota tristis (Bohheman,1850) (Coleptera: Crysomeliade).
Conhecida por inseto-rodilha (Fig. 8)

Foto: Lindurea Alves de Souza


Fig. 8. Sintomas de ataque de inseto-rodilha (Hemisphaerota tristis) em aaizeiro.

- Descrio: O adulto um besouro de cor azul escura, corpo relativamente esfrico


com cerca de 4 mm de comprimento, por 3,2 mm de largura. A larva branco-amarelada;
com o corpo coberto de seus prprios excrementos, formando para se proteger uma espiral
em forma de rodilha. Adultos e larvas alimentam-se da face inferior dos fololos raspando
os mesmos, fazendo ranhuras no sentido longitudinal do fololo (Bondar, 1940).
- Ocorrncia: A sua distribuio foi feita atravs da Colmbia, Suriname e Brasil
(Genty et al. 1978). No Brasil, a ocorrncia dessa espcie foi registrada na Bahia, por Silva
et al. (1968), e, em Sergipe, por Ferreira et al. (1998). Alm desses Estados, h registros de
ocorrncia no Amazonas, Par e Amap.
- Sintomas: O aaizeiro e a pupunheira atacados possuem os fololos esgarados
longitudinalmente, tornando-os secos, com as cores marrons, que se rompem, facilmente,
pela ao do vento. As palmeiras atacadas exibem desenvolvimento e produo reduzidos.
- Controle: No existe nenhum tipo de controle para essa praga em pupunheira, e
aaizeiro. Em coqueiro, controlada com inseticidas fosforados (Ferreira et al. 1998).

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2.1.10. Brassolis sophorae (Linnaeus, 1758) (Lepidoptera: Nyphalidae).


Conhecida por lagarta-das-folhas; lagarta-das-folhas-do-coqueiro e brassolis (Fig. 9).

Foto: Antonio Agostinho Mller


Fig. 9. Adulto de lagarta-das-folhas, lagarta-das-folhas-do-coqueiro e brassolis (Brassolis
sophorae).

- Descrio: O adulto uma mariposa cujas asas, anteriores e posteriores, so


marrom-escuras, com uma faixa transversal de cor alaranjada e expanso mdia de 8,5 cm.
Seu hbito de voar crepuscular vespertino. O ciclo de vida, do estdio de ovo fase
adulta, de cerca de 100 dias (Ferreira et al. 1998). A crislida, inicialmente, verde-clara,
depois se torna marrom. A lagarta cremosa e apresenta listras longitudinais escuras ao
longo do corpo. Sua cabea, castanho-avermelhada, possui bastante movimentao em
relao ao corpo e recoberta por uma fina camada de pelos. Possui hbito gregrio,
constri os seus ninhos para se proteger, unindo vrios fololos em forma de sacos
alongados, onde permanece durante a noite, ficando pendurado nas folhas.
- Ocorrncia: Ocorre em quase todos os pases tropicais da Amrica do Sul (Lever,
1969) e, no Brasil, nos Estados do Amazonas, Bahia, Esprito Santo, Maranho, Minas
Gerais, Mato Grosso, Par, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, So Paulo e Distrito Federal
(Silva et al. 1968) e Sergipe (Ferreira & Leal, 1989).
- Sintomas: As lagartas so muito vorazes, consomem grande quantidade de massa
foliar, deixando somente as nervuras centrais dos fololos e da rquila, podendo ser

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encontradas mais de mil lagartas em um nico ninho. Como conseqncia, ocorre a


diminuio da absoro de nutrientes retirados do solo. Dependendo da intensidade do
ataque, pode ocorrer o atraso no desenvolvimento da planta, queda prematura dos frutos e a
reduo da produo, ou ainda a morte da planta.
- Controle: A ocorrncia dessa praga pode ser controlada da seguinte forma:
. Controle biolgico - Os ninhos examinados, so abertos, parcialmente, para a
verificao da existncia de lagartas parasitadas pelo fungo Beauveria bassiana ou B.
brongniartii, facilmente constatada pela presena de lagartas mortas e esbranquiadas.
Caso seja positiva, os ninhos no so retirados do campo, para que o fungo possa ser
disseminado dentro da plantao; e, no caso de ser negativa, os ninhos no-parasitados so
retirados e as lagartas eliminadas. Em plantas altas usada uma vara, com gancho na
ponta, para baixar a folha com o ninho, quando isso no for possvel, so verificadas as
fezes amontoadas no solo, cuja colorao esbranquiada, pela presena dos esporos, indica
que as lagartas esto parasitadas dentro do ninho. Outros agentes biolgicos que se
destacam so o fungo Bacillus thuringiensis, no controle das lagartas (Ferreira & Leal,
1989), e os parasitides, bastantes eficientes no controle das crislidas. No Par, muito
comum a ocorrncia em plantaes de dendezeiro e de coqueiro, parasitides tanto em
crislidas como em ovos;
. Controle mecnico - Consiste da retirada dos ninhos no parasitados por
microrganismos, de dentro da plantao;
. Controle qumico - No existe nenhum inseticida registrado e liberado no mercado
para essa praga em pupunheira e aaizeiro. Existe recomendao de uso do trichlorphon a
0,4% i.a. e do carbaryl a 0,35% i.a. em casos de altas infestaes em plantaes de
coqueiro.

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2.1.11. Opsiphanes invirae (Huebner, 1818) (Lepidoptera: Brassolidae).


Conhecida por lagarta-desfolhadora e opisifane (Fig. 10).

Foto: Lindurea Alves de Souza


Fig. 10. Adulto de lagarta-desfolhadora ou opisifane (Opsiphanes invirae).

- Sintomas: O aaizeiro e a pupunheira quando atacados, apresenta grande parte dos


fololos destrudos desordenadamente, no entanto, ataca com maior freqncia o coqueiro e
o dendezeiro.
- Controle: O controle dessa mariposa, pode ser feito com armadilhas feitas com o
aproveitamento de lates cilndricos, com 80 cm de comprimento e 15 cm de dimetro,
cortados transversalmente, ou vasilhas de plstico cortadas de maneira a formar uma janela
para entrada dos insetos adultos. No interior das armadilhas, colocado o inseticida
trichlorphon a 0,1% do produto comercial. As armadilhas devem ficar suspensas a 1 metro
do solo, fixas em suportes de madeira, distncia uma das outras de 150 m. Devem ser
realizadas inspees peridicas, com vistas constatao da ocorrncia dessa praga e
avaliao dos danos causados.

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2.1.12. Eupalamides dedalus (Cramer, 1775) (sin. Castnia dedalus, Lepidoptera:


Castniidae).
Conhecida por broca-do-estipe, broca-da-coroa-foliar e broca-dos-cachos-dodendezeiro (Fig. 11).

Fotos: Lindurea Alves de Souza


Fig. 11. Larva e adulto broca-do-estipe, broca-da-coroa-foliar e broca-dos-cachos-dodendezeiro (Eupalamides dedalus).
- Descrio: O adulto uma mariposa com asas marrom-escura e reflexos violeta, a
envergadura das asas da fmea varia de 170 a 205 mm e dos machos de 170 a
185 mm. Possui duas fileiras de pontuaes amarelas esbranquiadas acompanhando
o contorno das asas posteriores e, na parte mdia das asas anteriores, h uma faixa amarela
transversal com pontuaes da mesma cor nas extremidades. Na cabea chama ateno o
tamanho grande dos olhos. A longevidade do macho, em mdia, de 12 a 13 dias e, das
fmeas, de 15 a 18 dias.
No perodo de 12 a 17 dias, o nmero de ovos postos pela fmea varia de 200 a 500,
com uma mdia de 265, dos quais a maioria colocada nos 5 primeiros dias e, em cada
local de postura, a fmea deposita de 2 a 30 ovos, o que indica a grande capacidade de
disperso da espcie (Korkytkowski & Ruiz, 1979b). A postura feita em grupos de 2 a 8
ovos (Ray, 1973). O ovo mede de 5 a 6mm de comprimento, por 2mm de largura, com
formato ovalado e provido de 5 estrias longitudinais proeminentes, semelhantes a um gro
de arroz. Inicialmente esbranquiado, depois levemente rosado e, finalmente, escuro
quando se aproxima a ecloso da larva. A incubao do ovo varia de 10 a 15 dias
(Korkytkowski & Ruiz, 1979a).
A larva possui colorao branca leitosa, cabea fortemente esclerificada de cor
castanha brilhante e com mandbulas negras muito fortes. Ao emergir, mede
aproximadamente 7 mm de comprimento e pode alcanar de 110 a 130 mm no ltimo
estdio de seu desenvolvimento. Seu hbito de vida do tipo "minador", constri galerias
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no estipe do aaizeiro, junto coroa, onde permanece durante todo seu desenvolvimento,
que varia de 144 a 403 dias, com uma mdia de 233 dias.
No final de seu desenvolvimento a lagarta passa por um perodo de pr-pupa, durante
19 dias, em mdia (Korkytkowski & Ruiz, 1979b). No final do ciclo, transfere-se para a
regio superior do estipe onde empupa. A pupa de cor castanho-escura brilhante e mede
de 64 a 95 mm de comprimento; o casulo formado pela pupa marrom escuro e
confeccionado com as fibras da palmeira, fortemente compactadas (Korkytkowski & Ruiz
1979b). O perodo pupal foi estimado por Korkytkowski & Ruiz (1979a) em
aproximadamente 30 dias, e o ciclo biolgico completo de aproximadamente 14 meses.
A mariposa possui comportamento matutino e vespertino muito caracterstico,
voando somente por um perodo de 10 a 15 minutos nas primeiras horas da manh (6h s
6h15m) e nas primeiras horas da noite (18h s 18h15m), permanecendo, durante o dia,
pousada no estipe prximo a copa da palmeira, o vo rpido e silencioso, e se realiza a
uma altura entre 1 a 4 metros.
- Ocorrncia: encontrada, em plantaes de dendezeiro, coqueiro e algumas
palmeiras nativas, na Venezuela, Suriname, Guiana, Brasil (Regio Norte), Colmbia,
Equador, Peru e Panam, (Ray, 1973; Genty et al. 1978; Korkytkowski & Ruiz, 1979b).
Em 1996, foi detectada a presena dessa praga atacando os estipes de aaizeiro e de
bacabeiras (Oenocarpus maropa H. Karst e O. minor Mart.), palmeiras nativas da Regio
Norte. No Estado do Par, o primeiro registro desta praga atacando diversas palmeiras foi
por Silva et al. (1968).
- Sintomas: O ataque, inicialmente, ocorre na regio da insero da folha (axila
foliar). Aps a emergncia, as larvas se dispersam pela coroa da palmeira e na medida que
crescem, caminham em direo ao estipe fazendo enormes galerias, danificando seus
tecidos, impedindo a circulao e o transporte de nutrientes para a regio da copa,
causando grandes prejuzos produo (Schuilling & Dinther, 1980). O estipe, junto
coroa, fica totalmente perfurado e enegrecido em decorrncia da oxidao da seiva, que
escorre por meio das galerias abertas externamente. Como conseqncia, as folhas ficam
carcomidas ao nvel dos pecolos, que pendem junto ao estipe e terminam por cair.

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Concomitantemente, com os prejuzos causados pelas larvas desse inseto, possvel


encontrar danos simultneos de larvas de Rhynchophorus palmarum atrados pelo odor de
fermentao dos tecidos danificados pelas larvas da broca-do-estipe (Risco, 1996). Este
autor estima que a forte incidncia dessa broca no coqueiro pode reduzir a produo em at
50% e, concorrer para a ocorrncia de problema mais srio, propiciando o ataque de brocado-coqueiro, principal vetor do agente causal da doena "anel-vermelho".
- Controle: No existem informaes sobre o controle dessa praga em aaizeiro,
entretanto, podem ser utilizadas algumas prticas de controle adotadas para o coqueiro e o
dendezeiro, como a poda das folhas infestadas e a coleta manual de crislidas e adultos,
reduzindo consideravelmente a populao da praga (Genty et al. 1978). O inseticida
carbosulfan, na concentrao de 0,02% de i.a., pulverizado na coroa foliar do coqueiro,
tem sido eficiente no controle dessa praga. (Lins et al. 1998; Ohashi et al. 1998; Souza et
al. 1998). Pouco se conhece sobre a ao de agentes naturais que tenham ao efetiva de
controle dessa praga no campo.

2.2. Outras pragas


2.2.1. Caracis.
So moluscos, providos de conchas, com cerca de 10 mm de comprimento,
encontrados por toda a planta, principalmente nos 2 primeiros anos de vida no campo. So
encontrados, principalmente, na flecha e nos fololos mais jovens, raspando os mesmos
para se alimentarem. O controle pode ser feito por meio de catao manual, realizada
periodicamente nas plantas jovens.
2.2.2. Lesmas.
So moluscos desprovidos de conchas, mas com hbito alimentar semelhante ao dos
caracis. Atacam o aaizeiro tanto no viveiro como palmeiras jovens no campo.
Alimentam-se raspando os fololos mais jovens e as flechas. Ocorrem, com maior
freqncia, na poca chuvosa e em lugares mais midos. Dependendo da populao,
podem causar srios problemas s mudas de aaizeiro ou ainda nos primeiros anos de vida.
O controle pode ser feito atravs da catao manual nas plantas e limpezas ao redor do
viveiro, retirando os pedaos de madeiras podres, uma vez que se reproduzem em material
vegetal mido e em decomposio.

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3. CONSIDERAES FINAIS
Cabe ressaltar que na regio Norte existe um grande potencial para o cultivo de
palmeiras visando produo de palmito, principalmente, a pupunheira e o aaizeiro. A
maioria dos problemas com ataques de pragas em pupunheira e em aaizeiro de
ocorrncia restrita a alguns plantios e principalmente na fase inicial de cultivo dessas
espcies. Em plantios, casos espordicos so estimulados por condies adversas locais,
que so observadas de maneira isolada no campo, em plantas estressadas, raramente
ocorrendo em toda a plantao. Alguns desses estresses so consequncia de perodos
secos e de baixas temperaturas que coincidem com os transplantes; drenagem deficiente
dos solos; e desequilbrio nutricional da planta, o que favorece o ataque de insetos-pragas
pois as plantas encontram-se fragilizadas. Com o aumento de reas plantadas, pode-se
esperar tambm o aumento da presso desses insetos pois haver maior disponibilidade de
alimento disponvel. Outro problema que deve ser motivo de preocupao a baixa
qualidade sanitria da semente utilizada, havendo necessidade de pesquisas para o
desenvolvimento de protocolos de tratamento, para evitar o surgimento de pragas nos
primeiros estadios de desenvolvimento das mudas.
Uma ateno especial deve ser dada aos viveiros de produo de mudas, onde
geralmente os danos por pragas, principalmente foliares, so mais severos devido alta
densidade de plantas e ao acmulo de umidade. As pragas causam reduo na quantidade e
qualidade das mudas produzidas, o que leva a plantios desuniformes e por ventura a
disseminao dessas pragas no campo no perodo crtico do cultivo. Outro fato importante
que a regio apresenta grande rea coberta com vegetao natural e a maior parte das
plantaes de pupunha e aai esto prximas as matas o que, provavelmente, influencia
diretamente na composio da entomofauna associada cultura. Assim, estudos que visem
esclarecer o comportamento da entomofauna associadas ao agroecossistema da pupunheira
e aaizeiro na regio so de fundamental importncia.
Outro fato importante que deve ser observado que o sucesso na conduo dos
plantios da pupunheira e do aaizeiro depender, muitas vezes, das aes tomadas pelos
agricultores que, auxiliados tecnicamente, tambm necessitaro de esprito inovador e
investigativo para colocar em prtica os resultados de pesquisas, aliado aos conhecimentos
prticos para que possam obter um controle eficiente dos insetos-praga que por ventura
possam surgir em seu sistema de cultivo.
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Para isso, mtodos de controle devem ser disponibilizados aos produtores para o
manejo fitossanitrio da cultura visando a produo de um produto de qualidade e que
oferea rentabilidade. A sustentabilidade do agroecossistema da pupunheira e aaizeiro
depender de diversas aes, dentre elas o manejo fitossanitrio da cultura. Neste sentido, a
necessidade de pesquisas bsicas e aplicadas, considerando os aspectos regionais de
fundamental importncia, visando oferecer informaes ao agricultor sobre uma cultura
ainda em incio de expanso na regio.

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4. REFERNCIAS

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