Memória e Narrativa em "Araguaia Campo Sagrado
Memória e Narrativa em "Araguaia Campo Sagrado
Memória e Narrativa em "Araguaia Campo Sagrado
e Nordeste.
por
trabalhar
com
testemunhos
vivos,
tem
desenvolvido
O GTT (Grupo de Trabalho Tocantins) funcionou at maio de 2009, quando foi reestruturado,
dando origem ao Grupo de Trabalho Araguaia (GTA). O objetivo do GTT era o de localizar,
recolher e identificar os corpos de desaparecidos durante a Guerrilha do Araguaia. Fonte: Blog
do Planalto, 5 de maio de 2011. Disponvel em: <http://blog.planalto.gov.br/novo-grupo-detrabalho-vai-ampliar-busca-a-desaparecidos-no-araguaia.html> Acesso em 8 de jun. 2013.
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Depoimento de Dotorzinho, campons morador de So Domingos do Araguaia, concedido a
Rodrigo Peixoto em agosto de 2010. Citado em: PEIXOTO, Rodrigo. Memria Social da
Guerrilha do Araguaia e da guerra que veio depois. Boletim do Museu Paraense Emlio Goeldi.
Cincias Humanas. Belm, vol. 6, n.3, set. dez. de 2011, p. 495.
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Ainda segundo Rodrigo Peixoto, citando os dados recentes publicados pela Secretaria
Nacional dos Direitos Humanos, Osvaldo Orlando da Costa, o Osvaldo, foi o primeiro
integrante do PC do B a se instalar na regio, em 1966. Em 1968, j se compunha um grupo de
15 militantes. No incio de 1972, s vsperas da primeira expedio do Exrcito, eram quase
70. In: BRASIL. Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidncia da Repblica. Direito
Memria e Verdade. Comisso Especial sobre Mortos e Desaparecidos Polticos. Braslia:
10
Secretaria Especial de Direitos Humanos, 2007, p. 195. Citado por PEIXOTO: 2009, op. cit., p.
480.
9
Inqurito Policial Militar n 709. O comunismo no Brasil: a ao violenta. 4 vol. Rio de
Janeiro: Biblioteca do Exrcito Editora, 1967.
10
Idem, p. 372.
11
Idem, p. 373.
12
Idem, p. 374.
os
movimentos
camponeses
assumiram
um
carter
de
Idem, p. 375.
Para Clodomir Santos de Moraes, em artigo publicado em 1969, as Ligas ressurgiram em
1955, pois j existiam em dcadas anteriores, como organizaes-apndices da estrutura
unitria e centralizada do Partido Comunista (p. 23). Cita, por exemplo, a atuao do
pernambucano Jos dos Prazeres e sua experincia tanto no anarcossindicalismo dos anos de
1920 quanto no PCB, que abandonara em 1947 para atuar na mobilizao dos trabalhadores
rurais, atravs da Liga Camponesa de Iputinga. Cf. MORAES, Clodomir Santos de. Histria
das Ligas Camponesas do Brasil. In: STEDILE, Joo Pedro (org.) Histria e Natureza das Ligas
Camponesas 1954-1964. 2 edio. So Paulo: Expreso Popular, 2012, p. 28.
15
ESTEVES, Carlos Leandro da Silva. Nas trincheiras: luta pela terra dos posseiros em
Formoso e Trombas (1948-1964). Uma resistncia ampliada. Dissertao (Mestrado em
Histria Social), Niteri (RJ): Universidade Federal Fluminense, 2007.
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Dinalva Oliveira Teixeira, a Dina, embora formada em Geologia, ficou conhecida na regio do
Araguaia como parteira, assistindo a vrias mulheres. Os relatos sobre seu desaparecimento
so contraditrios. Acredita-se que tenha sido morta pelos militares num ataque ao
destacamento C, em dezembro de 1973. In: MORAIS e SILVA: 2005, op.cit., p. 568-569.
23
Depoimento de Seu Beca documentrio Araguaia: campo sagrado.
24
Depoimento de Dona Madalena no documentrio Araguaia: campo sagrado.
25
Depoimento de Joaquim Borges no documentrio Araguaia: campo sagrado.
cobertura pro povo da mata 26. Essa muita gente a que se refere o mateiro
Borges significa tanto o povo da mata, como eram conhecidos os
guerrilheiros, como os prprios camponeses. Na memria de muitos moradores
do Araguaia, principalmente das localidades prximas aos ncleos da guerrilha,
um gesto de dar de comer ao povo da mata era motivo suficiente para o
Exrcito vim e pegar27, isto , prender o suspeito de ser um colaborador da
Guerrilha. Dona Dora, camponesa, esposa de ex-mateiro preso, conta que
depois de seis anos o homem perdeu a mente. At hoje est assim, no sai de
casa pra lugar nenhum, nem pra tirar o dinheirinho dele 28. Para seu Joaquim,
campons, o sofrimento aqui foi triste, teve gente que ficou paraltico. O Z
Novato foi preso aqui, apanhou tanto que ficou paraltico
29
de ns
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oisa que eu nem sei que diabo terrorista. Eu pelo menos no sabia. Eu nunca
fui no estrangeiro32.
Os camponeses, embora tivessem estabelecido boa relao com os
combatentes do PC do B, certamente no compreendiam as questes de
fundo que motivaram o deslocamento dos militantes de centros urbanos para a
regio do bico do papagaio. O curto perodo de permanncia na rea e o
aparato repressivo montado pela ditadura dificultaram um maior envolvimento
dos camponeses com a estratgia da guerra prolongada do partido. Para o
campons Messias, a poca da guerrilha foi de um sofrimento terrvel. A gente
no podia abrir o bico e nada disso, Tinham uns puxa-saco por a que
dedavam, que dizia que ns era terrorista, comunista, subversivo, satans de
vida.33
Os camponeses estavam fortemente marcados por uma cultura mstica,
religiosa, enraizada num cristianismo de base popular34, como podemos ver na
fala do campons Beca, ao referir-se a guerrilha como uma guerra suja na
qual passara quarenta e cinco dias preso pegando peia, no almoo e janta. Fui
torturado, fui massacrado (...). Seu Beca acredita que conseguiu sobreviver
depois de orar a Deus e pedir um voto para o Divino Esprito Santo
35
. Nesse
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Consideraes finais
REFERNCIAS
Rio de Janeiro: