Outros Povos Do Oriente Próximo

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OUTROS POVOS O ORIENTE PRXIMO

Alm dos egpcios e dos povos da Mesopotmia, inmeros foram os


grupos humanos que habitaram a regio do Crescente Frtil. Sempre em busca
de melhores condies de sobrevivncia, esses grupos foram ocupando
diferentes reas da regio em diferentes momentos. Esto entre eles
cananeus, filisteus, arameus, ldios, hititas, cretenses, fencios, hebreus e
persas, para citar os mais conhecidos. Nem todos esses povos foram
contemporneos. Dos mais antigos, no se encontraram mais do que poucos
vestgios; de outros, como os persas, existem muitos registros, o que permite
conhecer melhor suas histrias. Nesse sentido, vamos estudar trs desses
povos: os fencios, os hebreus e os persas.
1. A SOCIEDADE FENCIA:
A Fencia que corresponde aproximadamente ao Lbano atual, era uma
estreita faixa de terra, espremida entre as montanhas e o mar e com poucas
reas cultivveis. A pobreza do solo para a prtica da agricultura fez com que
os fencios se dedicassem inicialmente a atividades como a pesca e a extrao
de cedro, madeira abundante em florestas do interior dessa regio. A
proximidade com a costa martima e a intensificao gradual das atividades
pesqueira contriburam para que os fencios se dedicassem construo de
embarcaes e se tornassem hbeis navegadores. Por mais de 800 anos,
entre 1400 e 600 a.C., eles dominaram o comrcio no Mediterrneo,
substituindo os cretenses, povos que os procedeu na explorao martima e
comercial.
Tiro e o apogeu da Fencia.
A Fencia era composta de diversas cidades autnomas, cada qual com
seu prprio governante e seus magistrados. Chamados sufetes, esses
magistrados eram oriundos do setor mais rico da populao, formado por
grandes comerciantes, construtores de navios e proprietrios de terras. Entre
as principais cidades fencias, trs exerceram a supremacia poltica na regio:
Biblos, Sdon e Tiro. Sob o domnio de Tiro, a sociedade fencia alcanou o

perodo de maior poder. Seu porto chegou a ser, entre os sculos XII e VII a.C.,
o mais importante centro de comrcio e de artesanato do Mediterrneo oriental.
Sua primazia foi enfraquecida por lutas entre as famlias dominantes da
cidade.

Com

decadncia,

Fencia

acabou

sendo

conquistada,

sucessivamente, pelos babilnicos, persas e macednios. Pouco antes da


tomada de Tiro, os fencios fundaram a colnia de Cartago, no norte da frica.
Aps a conquista definitiva de Tiro, alguns de seus habitantes fugiram e se
instalaram na colnia africana. Posteriormente, Cartago transformou-se num
importante imprio martimo, que mais tarde, disputaria com os romanos o
domnio do Mediterrneo ocidental.
Marinheiros e comerciantes.
Os fencios, sobretudo durante a hegemonia de Tiro, navegavam por
todo o Mediterrneo, fundando colnias e organizando numerosos locais para a
prtica do comrcio. Assim, acabaram expandindo seus domnios e
intensificando as relaes com diferentes povos. Seus navios, aps
atravessarem o estreito de Gibraltar e seguirem pelo Atlntico, chegaram a
alcanar a atual Inglaterra, na Europa, e o litoral ocidental da frica, onde hoje
se encontra o Senegal. Alm de exmios navegadores e comerciantes, foram
tambm artesos habilidosos. Dessa maneira, os mercadores fencios no se
limitavam a comprar e a vender produtos de outros povos. Eles comerciavam
artigos feitos na prpria Fencia, como objetos de metal tecidos prpura e
vasos de vidro e de cermica. Os tecidos eram tingidos com um corante
prpura extrado de um molusco o mrex, encontrado em algumas praias do
Mediterrneo. Como o molusco era raro, tais tecidos tornaram-se artigo de
luxo. Os fencios aprenderam e superaram os egpcios na tcnica da vidraria,
conseguindo obter no apenas o vidro opaco, mas tambm o vidro
transparente.
O alfabeto Fencio.
Os fencios foram grandes navegadores, colonizadores e comerciantes.
Entretanto, sua mais importante contribuio para as sociedades atuais foi a
criao, por volta de 1500 a.C., dos smbolos que possibilitaram a forma
moderna de escritura: o que foi denominado de alfabeto. O desenvolvimento do
alfabeto pode estar relacionado com a busca de uma forma rpida e fcil de
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registrar as transaes comerciais. Em vez das centenas de caracteres da


escrita cuneiforme ou hieroglfica, os fencios desenvolveram um conjunto de
apenas vinte e duas letras que correspondiam aos sons da voz humana. O
alfabeto seria aperfeioado pelos gregos, que transformaram em vogais
algumas consoantes fencias. Adotado posteriormente pelos romanos, passou
por outras transformaes e assumiu a forma conhecida atualmente.
2. OS HEBREUS E O MONOTESMO:
Os hebreus eram um dos muitos povos semitas que habitavam a regio
do Crescente Frtil. A importncia desse povo reside, principalmente, no fato
de ele ter introduzido a primeira religio monotesta entre os povos da
Antiguidade. Da religio dos hebreus, baseada na cresa em um s Deus (em
hebraico,

Iav,

posteriormente

traduzido

para

Jeov),

derivaram

cristianismo e o islamismo. Muito do que se sabe a respeito da histria


antiga dos hebreus, tambm chamados israelitas ou judeus, baseia-se no
antigo Testamento, a primeira parte da Bblia. Pesquisas arqueolgicas feitas
nas regies descrita nesses relatos confirmaram muitos dos acontecimentos ali
contados.
Cana, a Terra Prometida.
No incio do segundo milnio a.C., os hebreus estavam estabelecidos
nas imediaes da cidade de Ur, na Mesopotmia. Vivendo do pastoreio,
organizavam-se em cl ou tribos, grupos familiares dirigidos pelos homens
mais idosos, a quem chamavam de patriarcas. Segundo os escrito da bblia
coube ao patriarca Abrao, obedecendo a uma ordem de Deus, partir com seu
povo em direo Terra Prometida, chamada depois de Cana ou Palestina.
Mais tarde, pressionados pela escassez de alimentos, uma parte dos hebreus,
sob o patriarcado de Jac, deixou Cana e migrou para o Egito,
estabelecendo-se no delta do Nilo durante a ocupao dos hicsos.
Aps a expulso dos hicsos, os hebreus acabaram escravizados pelos
egpcios. Tempos depois, conduzidos por um novo chefe chamado Moiss,
eles fugiram do vale do Nilo, episdio conhecido na Bblia como xodo. Depois
de permanecer quarenta anos no deserto, Moises reconduziu seu povo a
Cana, cuja posse tiveram de disputar com os cananeus, estabelecidos na
regio, e com os filisteus, que chegaram depois.
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Distribudos em doze tribos independentes, os hebreus foram, lenta e


dificilmente, impondo seu domnio. Para conduzi-los nas inmeras guerras que
tinham de travar, escolhiam um chefe militar, o chamado juiz. No sculo XIII
a.C., os hebreus haviam conseguido dominar quase toda a Palestina. A partir
de ento, sua organizao social passou por importantes mudanas: de
pastores

nmades

converteram-se

em

sua

maioria,

em

agricultores

sedentrios.
A Monarquia.
A necessidade de lutar pela posse da terra acabou levando os hebreus a
estabelecer uma autoridade nica para todas as tribos. O juiz, assim,
transformou-se em rei. O primeiro rei a assumir o poder foi Saul, vindo a seguir
Davi e Salomo. Salomo, que deixou uma imagem de governante pacfico,
justo e laborioso, governou numa poca de relativa paz em todo o Crescente
Frtil. Aproveitando as condies favorveis para estimular as atividades
comerciais, primeiramente como os fencios da cidade de Tiro e depois
protegendo as caravanas que cruzavam a regio da Palestina. A intensificao
do comrcio resultou no enriquecimento do reino.
Israel e Jud.
Salomo, porm provocou descontentamento entre os hebreus, em
virtudes dos altos impostos que cobrava e da exigncia de que eles
trabalhassem nas construes pblicas. Como consequncia, pouco tempo
depois de sua morte, o reino se dividiu em dois: ao norte, ao redor de
Samaria, formou-se o Reino de Israel; ao sul, em torno de Jerusalm,
constituiu-se o Reino de Jud.
Os dois reinos tiveram destinos diferentes: o de Israel foi conquistado
pelos assrios no sculo VIII a.C.; o de Jud durou mais tempo. No sculo VI
a.C., entretanto, aps um breve domnio egpcio, Jud foi conquistado pelos
babilnicos, cujo rei, Nabucodonosor, destruiu Jerusalm e transferiu parte dos
hebreus para a Mesopotmia, iniciando o perodo conhecido como o Cativeiro
da Babilnia. Em 539 a.C., o rei persa, Ciro, conquistou a Mesopotmia e
libertou os hebreus, que puderam voltar para sua terra e reconstruir Jerusalm.
Mas isso no significou autonomia, pois a Palestina agora fazia parte do
Imprio Persa. Mais tarde, a Palestina foi conquistada sucessivamente por

Alexandre, da Macednia, e pelos romanos. Na poca desses ltimos, o templo


de Jerusalm, onde ficavam os principais smbolos da religio judaica, foi
destrudo. Por causa de revoltas constantes contra o violento domnio imposto
pelos romanos, os hebreus acabaram expulsos de Jerusalm. Muitos deixaram
a regio e dispersaram-se pelo mundo, episdio conhecido com a Dispora.
3. O IMPRIO PERSA:
Grandes conquistadores, os persas dominaram a Babilnia, a Palestina,
a Fencia e o Egito. Coube-lhes a proeza, no sculo VI a.C., de unificar vrios
povos do Crescente Frtil e construir o maior imprio da poca, que se
estendia do Mediterrneo oriental at a ndia. A construo de longas estradas
favoreceu a preservao da unidade poltica, bem como a realizao do
comrcio entre as mais distantes regies. Aps duzentos anos de existncia, o
Imprio Persa comeou a se desintegrar diante das derrotas sofridas em
batalhas contra os gregos, conhecidas como Guerras Greco-Prsicas. O
processo de decadncia se consumou no sculo IV a.C., quando o Imprio foi
conquistado por Alexandre da Macednia, que unificou regies do Oriente e do
Ocidente.
O reinado de Ciro.
No segundo milnio a.C., a regio situada a leste da Mesopotmia era
ocupada por dois povos: os persas e os medos. Embora essa seja, em sua
maior extenso, uma regio desrtica, existem a reas prprias para cultivo e
pastagens. Os medos estavam fixados no norte do planalto, enquanto os
persas se estabeleceram na parte sudeste, prximo do golfo Prsico.

Ali

viveram durante sculos, distribudos em pequenos grupos ou cls, dedicandose principalmente pecuria e criao de cavalos.
Inicialmente, eram os medos quem mantinham o controle da regio,
dominando os persas. Coube a Ciro (549-529 a.C.), do cl persa dos
aquemnidas, inverter a relao, submetendo os medos e tornando-se
soberano dos dois povos. Ciro foi o responsvel por outras conquistas que
deram origem ao grande Imprio Persa. Quando Ciro assumiu o poder, havia
trs grandes reinos na regio: o reino da Lbia, localizado na sia Menor, tendo
como centro a cidade de Sardes, o Novo Imprio da Babilnia, que inclua a
Palestina e a Fencia; e o reino do Egito. Ciro conquistou os dois primeiros.
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No comando do Imprio, Ciro deixou uma imagem de tolerncia. No


interferia na religio nem promovia extermnios, transferncias ou escravizao
dos vencidos. Como exemplo dessa atividade, costuma-se citar o fato de ele
ter permitido aos hebreus o retorno Palestina. Ciro morreu em combate, em
529 a.C., e foi sucedido pelo filho, Cambises, que conquistou o Egito, em 525
a.C. poucos anos depois, Cambises morreu e foi sucedido por Dario I ( 521-486
a.C.) Dario I reconquistou territrios cujas populaes haviam se revoltado e
realizou novas conquistas. Durante seu governo, os persas viveram o perodo
de maior estabilidade. Nele, o Imprio Persa cresceu, estendendo-se do mar
Negro e do Egito at a fronteira ocidental da ndia. Ao tentar subjugar a Grcia,
contudo, Dario I sofreu sua primeira grande derrota. A partir de ento, teve
incio o enfraquecimento e o consequente declnio do Imprio Persa.
A organizao do Imprio.
O imperador persa era considerado um representante de Ormuz, o
deus do bem. A poltica de Ciro de permitir que cada povo conquistado
conservasse o governo, a religio, a lngua e os costumes prprios foi mantida
por seus sucessores. Nem todos, porm, foram to tolerantes quanto Ciro.
Dario I, por exemplo, exerceu o poder de forma centralizadora e tirnica. Como
o tempo, o Imprio foi dividido em provncias, denominada satrapias, que eram
administradas por um satrapa (espcie de governador) e mais dois funcionrios
ligados ao imperador (um secretrio e um general).
Alm disso, tais provncias eram fiscalizadas de tempos em tempos por
inspetores, chamados os olhos e ouvidos do rei. A principal funo dos
strapas era cobrar impostos. Para assegurar o acesso e o controle de cada
recanto do vasto imprio, foram construdas longas estradas. A principal delas
ligava Sardes, na sia Menor, a Susa, prximo ao golfo Prsico, atravessando
uma extenso de 2500 quilmetros. Ademais, um eficiente servio de correio
mantinha o imperador informado do que se passava em todas as provncias.
O uso do cavalo como meio de transporte e as estradas facilitaram muito
o comrcio terrestre entre as mais distantes regies. Outra importante
contribuio do Imprio Persa foi a generalizao do uso da moeda,
inicialmente usada pelos ldios, para facilitar o comrcio e a cobrana de i
postos em todo territrio.

O bem e o Mal.
Os persas assimilaram grande parte da escrita, do conhecimento e da
arte dos povos conquistados, principalmente da cultura dos mesopotmios e
dos egpcios. A religio, ao contrario, possua caractersticas prprias e
diferenciadas. Ela havia sido difundida no sculo VII a.C. pelo sbio Zoroastro
(tambm conhecido como Zaratustra), que registrou seus fundamentos no
Avesta(ou Zend-Avesta), o livro sagrado. O Zoroastrismo apregoava a
existncia de dois princpios opostos: O Bem e o Mal.
O deus do bem era Aura-Mazda (tambm chamado de Ormuz), criador
do cu, da terra, dos seres humanos e de tudo o que havia de bom. Era
auxiliado em sua tarefa de governar o Universo por uma legio de gnios
benfeitores, dos quais o mais conhecido era Mitra. Aura-Mazzda era
permanentemente combatido por Arhimam, deus do mal, e pelos seus
auxiliares, os demnios. Os persas acreditavam, entretanto, que no final dos
tempos o bem deveria vencer o mal e dar incio a uma vida feliz na terra.
O zoroastrismo ensinava que, trs dias aps a morte, a alma era julgada
e seus atos pesados. Caso absolvido, a alma ganhava a felicidade eterna; se
condenada, tombava no abismo das trevas e da dor; se o bem e o mal se
equilibrassem, ficava em uma espcie de purgatrio, a morada dos pesos
iguais. O culto religioso era muito simples e no exigia templos em esttuas,
somente altares construdos em locais elevados, onde se mantinha
permanentemente aceso o fogo sagrado, smbolo de Aura-Mazda. O
zoroastrismo influenciou muitas religies. Com o tempo, porm, foi se
subdividindo at quase desaparecer. Hoje subsiste principalmente na ndia,
praticado pelos parses.

OUTROS POVOS O ORIENTE PRXIMO

Srie

Data

Situao de aprendizagem 5 Histria - Prof. Elicio Lima

NOME:

PARA SISTEMATIZA OS ESTUDOS1


1. Como o comrcio era praticado pela sociedade fencia? E quais
produtos eram negociados e de onde vinham tais produtos?

2. Compare a religio dos hebreus e a religio dos persas.

3. Os persas dominaram diversos povos e constituram um vasto imprio.


Quais as consequncias dessas conquistas para o comrcio na regio?

4. A escrita j era amplamente utilizada em diversas partes do mundo,


quando os fencios inventaram o alfabeto, o sistema de escrita hoje
utilizado pela maioria dos povos. Qual a causa provvel do surgimento do
alfabeto entre os fencios?

5. Entre as cidades que surgiram da expanso comercial fencia no


Mediterrneo encontrava-se Cartago. Por que essa cidade se tornaria
importante posteriormente?

6.

A crena difundida pelos hebreus influenciou muitas sociedades.

Descreva alguns preceitos que identificam e caracteriza essa religio nos


dias atuais.
1

Material elaborado pelo Prof. Elicio Lima para sistematizar situaes de ensino-aprendizagem na sala de aula. A intertextualidade
desse trabalho se estabelece no dialogo entre as obras: Histria: Volume nico: Divalte Garcia Figueiredo. 1. ed. So Paulo: tica,
2005. Histria global volume nico: Gilberto Cotrim. 8. ed. So Paulo: Saraiva, 1995. Histria Sociedade & Cidadania: Alfredo
Boulos Jnor. 1 ed. So Paulo: FTD 2013. Material referenciado pelos Parmetros curriculares Nacionais e proposta curricular do
Estado de So Paulo (Feitas algumas adaptaes e grifos para facilidade o processo didtico ensino aprendizagem - 2016).
Sequencia didtica 5. Primeiro ano do Ensino Mdio.

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