Introdução Aos Sistemas de Energia Elétrica
Introdução Aos Sistemas de Energia Elétrica
Introdução Aos Sistemas de Energia Elétrica
trica
Departamento de Engenharia Ele
o em
Curso de Graduac
a
trica
Engenharia Ele
AOS SISTEMAS DE
INTRODUC
AO
ENERGIA ELETRICA
Prof. R. S. Salgado
Florianopolis - SC
2009.
Sum
ario
1 Sistemas Trif
asicos
1.1 Introducao . . . . . . . . .
1.2 Conexao Balanceada . . .
1.3 Componentes Simetricos .
1.4 Representacao no Domnio
1.5 Exerccios . . . . . . . . .
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de Seq
uencia
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2 Representa
c
ao dos Sistemas de Pot
encia
2.1 Introducao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
2.2 Diagrama Unifilar . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
2.3 O Sistema Por Unidade . . . . . . . . . . . . . . . .
2.3.1 Selecao dos valores base . . . . . . . . . . .
2.3.2 Base em Termos de Valores Trifasicos . . . .
2.3.3 Mudanca de Base . . . . . . . . . . . . . . .
2.4 Maquinas Sncronas . . . . . . . . . . . . . . . . . .
2.4.1 Circuitos Equivalentes e Diagramas Fasoriais
2.4.2 Controle de Potencia da Maquina Sncrona .
2.4.3 Curva de Capabilidade . . . . . . . . . . . .
2.4.4 Controle de Tensao do Gerador . . . . . . .
2.5 Transformadores . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
2.5.1 Circuito Equivalente . . . . . . . . . . . . .
2.5.2 Autotransformadores . . . . . . . . . . . . .
2.5.3 Transformadores Trifasicos . . . . . . . . . .
2.5.4 Transformadores de Tres Enrolamentos . . .
2.5.5 Transformadores Com Tap Variavel . . . . .
2.6 Linhas de transmissao . . . . . . . . . . . . . . . .
2.7 Cargas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
2.7.1 Modelo Exponencial . . . . . . . . . . . . .
2.7.2 Modelo Polinomial . . . . . . . . . . . . . .
2.8 Exerccios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
3 Operac
ao das Linhas de Transmiss
ao
3.1 Introducao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
3.2 Parametros das linhas de transmissao . . . . . .
3.3 Representacao das linhas de transmissao por um
3.4 Equacoes diferenciais da linha de transmissao .
3.5 Transferencia de Potencia . . . . . . . . . . . .
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quadripolo
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1
1
1
7
10
16
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23
23
23
24
25
26
27
28
28
31
34
39
40
43
45
47
50
54
57
58
60
61
62
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71
71
71
72
73
79
SUMARIO
ii
3.6
3.7
3.8
3.9
3.10
3.11
Curvas PV e QV . . . . . . . . . . . . . . . .
Linhas de transmissao com perdas desprezveis
Fluxo de Potencia em Linhas de Transmissao .
Compensacao de Linhas de Transmissao . . .
Desempenho das linhas de transmissao . . . .
Exerccios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
4 Fluxo de Pot
encia
4.1 Introducao . . . . . . . . . . . . . . .
4.2 Conceitos Basicos . . . . . . . . . . .
4.3 Equacoes Estaticas da Rede Eletrica
4.4 Formulacao do Problema de Fluxo de
4.5 Metodos de Solucao . . . . . . . . . .
4.6 Ajustes e Controles . . . . . . . . . .
4.7 Exerccios . . . . . . . . . . . . . . .
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Potencia
. . . . .
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. . . . .
5 An
alise de Curto Circuito
5.1 Introducao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
5.2 Curto-Circuito em Sistemas de Potencia . . .
5.3 Maquina Sncrona sob Curto-Circuito Trifasico
5.4 Curto-Circuito Trifasico . . . . . . . . . . . .
5.5 Capacidade de Curto-Circuito . . . . . . . . .
5.6 Redes de Seq
uencia . . . . . . . . . . . . . . .
5.7 Faltas Assimetricas num Gerador `a Vazio . . .
5.8 Analise de Faltas Assimetricas . . . . . . . . .
5.9 Exerccios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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81
86
94
97
103
105
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111
. 111
. 111
. 114
. 119
. 124
. 137
. 140
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147
. 147
. 147
. 148
. 152
. 163
. 167
. 170
. 177
. 182
Captulo 1
Sistemas Trif
asicos
1.1
Introduc
ao
A teoria de sistemas trifasicos e usada no estudo da operacao das redes de energia eletrica
em regime permanente. Os equipamentos utilizados na operacao desses sistemas sao na
sua maioria trifasicos, o que facilita em muitos casos a aplicacao da teoria apresentada
neste captulo. Sob condicoes de curto circuito assimetrico ou mesmo quando uma carga
desequilibrada e suprida, as correntes e tensoes fasoriais sao desbalanceadas, o que requer
um esforco computacional maior na sua determinacao. As secoes subseq
uentes mostram
os metodos de solucao dos circuitos trifasicos, com enfase na representacao desses sistemas
atraves da sua decomposicao em Componentes Simetricos. 1
1.2
Conex
ao Balanceada
Carga conectada em Y
A figura 1.1 mostra uma fonte de tensao trifasica, conectada em Y , alimentando uma carga
trifasica balanceada (ou equilibrada, simetrica) conectada em Y . A fonte e suposta ideal
e portanto a sua impedancia e desprezada. As tensoes fase-neutro sao balanceadas, ou
seja, iguais em magnitude e defasadas de 1200 . Considerando a seq
uencia de fase positiva
(ou abc) e tomando o fasor Van como referencia, as tensoes complexas sao expressas por
Van = Van 00 = Vf 00
Vbn = Vbn 1200 = Vf 1200
Vcn = Vcn 1200 = Vf 1200
onde Vf e a magnitude da tensao fase-neutro.
1
Alguns dos exerccios propostos no final deste captulo foram baseados em [1] e [2].
+
Van
Vcn
-
Ic
Ia
ZY
ZY
Vbn
+
ZY
Ib
Do circuito da figura 1.1, as tensoes de linha (ou fase-fase) sao dadas por
Vab = Van Vbn
= Vf 00 Vf 1200
= Vf (100 1 1200 )
= 3Vf 300
Vbc = Vbn Vcn
= Vf 1200 Vf 1200
= Vf (1 1200 11200 )
= 3Vf 900
Vca = Vcn Van
= Vf 1200 Vf 00
= Vf (11200 100 )
= 3Vf 1500
Portanto, em sistemas trifasicos, balanceados, conectados em Y e com seq
uencia de
fase positiva,
(1.1)
Vbc = 3Vbn 300
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
Van
Vf 00
=
= IL
ZY
ZY
Ib =
Vbn
Vf 1200
=
= IL 1200
ZY
ZY
Ic =
Vcn
Vf + 1200
=
= IL + 1200
ZY
ZY
Vf
e a magnitude da corrente de linha.
ZY
As correntes de linha do sistema trifasico mostrado na figura 1.1 sao iguais em magnitude e defasadas de 1200 e por isso tambem sao balanceadas. A corrente no neutro e
dada por
onde IL =
In = Ia + Ib + Ic
e e nula para o circuito trifasico em questao. Se o sistema e balanceado, a corrente no
neutro e zero para qualquer valor de impedancia variando desde curto-circuito ate circuito
aberto. Se o sistema nao e balanceado, as correntes de linha nao serao balanceadas e uma
corrente nao nula flui entre os pontos n e N .
3VL IL
(1.2)
Carga conectada em
A figura 1.2 mostra um sistema trifasico, com a fonte conectada em Y e a carga conectada
em . A carga e representada por uma impedancia Z = Z . Adotando-se a mesma
seq
uencia de fases (positiva) e o mesmo fasor de referencia angular (Van ) do caso anterior,
as correntes em cada ramo da conexao sao dadas por
Vab
Iab =
=
Z
Vbc
=
Ibc =
Z
Ica
Vca
=
=
Z
3Vf 300
Z
3Vf 900
Z
3Vf 1500
Z
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
Ic
+
Van
Vcn
-
Ia
Vbn
Ib
3If
3If 1200
ou, alternativamente,
Ia =
Ib =
Ic =
3Iab 300
3Ibc 300
(1.3)
3Ica 300
Portanto, para uma carga balanceada conectada em e suprida com tensoes trifasicas
balanceadas em seq
uencia da fase positiva,
a magnitude das correntes de linha e igual a
nos ramos da conexao ;
os fasores correntes de linha estao atrasados de 300 em relacao aos fasores correspondentes `as correntes nas fases do .
No caso da carga equilibrada conectada em , a potencia complexa em cada fase e
dada por
Sab = Vab Iab
= VL 300 If 300 +
= VL If
Sbc = Vbc Ibc
= VL 900 If + 900 +
= VL If
Sca = Vca Ica
= VL 1500 If 1500 +
= VL If
e a potencia complexa trifasica e expressa como
S3 = Sa + Sb + Sc
= 3Vf IL
VL
= 3 IL
3
e portanto
S3 =
3VL IL
Z =
3Vf
If
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
Ex. 1.1 Um alimentador trifasico, operando na tensao de 380 V, supre uma uma carga
balanceada conectada em , constituda por tres imped
ancias iguais a 24 + j18 /fase.
A linha que conecta a fonte e a carga tem uma imped
ancia igual a Zl = 0, 087 + j0, 996
/fase. Adote o fasor tensao Vab como referencia, a seq
uencia de fases positiva (abc) e
determine:
1. os fasores corrente de linha e em cada fase do ;
2. as tensoes complexas nos terminais da carga e a queda de tensao na linha de transmissao;
3. as potencias complexas absorvida pela carga e fornecida pela fonte, a perda de
potencia ativa e reativa no sistema de transmiss
ao;
4. os fatores de potencia com que operam a fonte e a carga;
5. o balanco de potencia do sistema trifasico;
6. o diagrama fasorial das correntes e tensoes;
7. o rendimento e a regulac
ao do sistema de transmiss
ao;
8. a compensac
ao reativa necess
aria para tornar o fator de potencia da carga 0,9
atrasado;
9. o valor da imped
ancia por fase correspondente a compensac
ao calculada no item
anterior, supondo que a magnitude da tensao na carga e mantida constante.
1.3
Componentes Sim
etricos
componentes de seq
uencia zero, representados por tres fasores iguais (isto e, de
mesmo modulo e mesmo angulo).
A figura 1.3 mostra a representacao dos tres sistemas de componentes simetricas.
Vc1
Vc2
Vc0
Vb2
Va0
Va1
Vb0
Va2
Vb1
Seq
uencia positiva
Seq
uencia negativa
Seq
uencia zero
Vb2
Vc
Vb
Va1
Va0
Va2
fase a
Vc1
Vb0
Va
Vc0
Vc2
Vb1
fase b
fase c
Sistema desbalanceado
(1.4)
onde os fasores Ia , Ib e Ic pertencem ao domnio de fase e os fasores Ia0 , Ia1 , Ia2 , Ib0 ,
Ib1 , Ib2 , Ic0 , Ic1 e Ia2 pertencem ao domnio de seq
uencia. Observe que conhecendo-se as
componentes de seq
uencia de uma fase, as componentes de seq
uencia das outras fases sao
automaticamente determinadas com base no Teorema de Fontescue.
Visando simplificar a Eq. (1.4), seja o operador a definido como
a = 11200
= cos 1200 + j sin 1200
1
3
= +j
2
2
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
o qual aplicado a um fasor gira o mesmo de 1200 sem alterar o seu modulo. As componentes
de seq
uencia podem ser expressas em funcao das grandezas correspondentes `a fase a, tal
que a Eq. (1.4) e re-escrita como
ou em forma matricial,
(1.5)
Ia0
1 1 1
Ia
Ib = 1 a2 a Ia1
1 a a2
Ia2
Ic
(1.6)
If = AIs
(1.7)
e na forma compacta,
onde If e Is sao vetores coluna de ordem 3 1, cujas componentes sao os fasores corrente
dos domnios de fase e seq
uencia, respectivamente; e A e uma matriz de ordem 3 3
expressa por
1 1 1
A = 1 a2 a
1 a a2
As Eqs. (1.6) e (1.7) podem ser re-escritas como
Ia0
1 1 1
Ia
Ia1 = 1 1 a a2 Ib
3
Ia2
1 a2 a
Ic
(1.8)
e
Is = A1 If
(1.9)
1 1 1
Va0
Van
Vbn = 1 a2 a Va1
(1.10)
Vf = AVs
2
Va2
Vcn
1 a a
e
1 1 1
Van
Va0
1
Va1 = 1 a a2 Vbn
3
Vcn
Va2
1 a2 a
Vs = A1 Vf
(1.11)
10
1. das tensoes trifasicas fase-neutro de magnitude 380 V, tomando o fasor Van como
referencia e seq
uencia de fases positiva;
2. das correntes de linha trifasicas de magnitude 15 A, tomando o fasor Ia como referencia e seq
uencia de fases positiva;
3. das correntes fasoriais de linha Ia = 10300 , Ib = 151500 e Ic = 10 1200 .
1.4
Representac
ao no Domnio de Seq
u
encia
In
Zn
Ib
Zb
Zc
Ic
c
t - no de terra
(1.12)
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
11
Vat
(Za + Zn )
Zn
Zn
Ia
Vbt =
Ib
Zn
(Zb + Zn )
Zn
Vct
Zn
Zn
(Zc + Zn )
Ic
(1.13)
(1.14)
onde o ndice f indica que os componentes desta equacao pertencem ao domnio de fase.
As tensoes e correntes dos domnios de fase e seq
uencia sao relacionadas por
Vf = AVs
If = AIs
Za + Zb + Zc + 9Zn
Va0
Va1 = 1 Za + aZb + a2 Zc
3
Za + a2 Zb + aZc
Va2
Za + aZb + a2 Zc
Ia0
Za + a2 Zb + aZc Ia1
Za + Zb + Zc
Ia2
(1.16)
As Eqs. (1.13) e (1.16) representam analiticamente o sistema da figura 1.4 nos domnios
de fase e seq
uencia, respectivamente. Se a carga e balanceada,
Za + a2 Zb + aZc
Za + Zb + Zc
Za + aZb + a2 Zc
Za = Zb = Zc = Zy
e a Eq. (1.16) e re-escrita como
Zy + 3Zn 0 0
Va0
Ia0
Va1 =
0
Zy 0 Ia1
Va2
Ia2
0
0 Zy
(1.17)
A Eq. (1.17) consiste de tres equacoes desacopladas, que podem ser representadas em
termos de circuitos monofasicos de seq
uencia positiva, negativa e zero, conforme mostra
a figura 1.4.
No domnio de fase, a corrente que flui no neutro do sistema trifasico e dada por
In = Ia + Ib + Ic
12
Zy
Ia1
Zy
Va1
Va2
Sequencia Positiva
Zy
Ia2
Sequencia Negativa
Ia0
+
3Zn
Va0
-
Sequencia Zero
e desde que
Ia1 + Ib1 + Ic1 = 0
Ia2 + Ib2 + Ic2 = 0
entao
Ia + Ib + Ic = 3Ia0
e portanto
In = 3Ia0
As cargas conectadas em Y solidamente aterrado, Y sem aterramento e sao casos
particulares da carga conectada em Y -aterrado. Nos dois primeiros casos, as impedancias
do neutro valem respectivamente Zn = 0 e Zn = . A carga em e equivalente a uma
carga conectada em Y sem aterramento, casos nos quais a soma fasorial das correntes de
linha e zero; isto e,
Ia + Ib + Ic = 0
o que implica em
Ia0 = 0
Portanto, as correntes de seq
uencia zero existem apenas em sistemas trifasicos desequilibrados e com neutro aterrado.
Imped
ancias S
erie das Linhas de Transmiss
ao
A figura 1.6 mostra uma linha de transmissao na qual
efeito das indutancias m
utuas) sao considerados.
A queda de tensao no domnio de fase e dada por
Van Van
Zlt
Vaa
Vbb = Vbn Vbn = 0
Vcc
Vcn Vcn
0
ou na forma compacta
Vf Vf = Zf If
0 0
Ia
Zlt 0 Ib
Ic
0 Zlt
(1.18)
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
13
Zlt
Zlt
Zlt
b
c
n
Va0 Va0
Z0 0 0
Ia0
Va1 Va1 = 0 Z1 0 Ia1
Va2 Va2
0 0 Z2
Ia2
(1.19)
onde Va0 , Va0 , Va1 , Va1 , Va2 e Va2 sao as componentes de seq
uencia das tensoes complexas na entrada e na sada da linha de transmissao, respectivamente; Z0 , Z1 e Z2 sao as
impedancias de seq
uencia da linha de transmissao (em geral fornecidas pelos fabricantes
ou determinadas atraves de ensaios apropriados), e Ia0 , Ia1 e Ia2 sao as componentes de
seq
uencia das correntes de linha. As componentes da Eq. (1.19) sao desacopladas e podem
ser representadas pelos circuitos da figura 1.7.
A linha de transmissao e um componente estatico do sistema de potencia e portanto
difcil determinar com
suas impedancias de seq
uencia positiva e negativa sao iguais. E
precisao a sua impedancia de seq
uencia zero porque as correntes de seq
uencia zero podem
retornar pelos mais variados caminhos, tais como o cabo de cobertura, o aterramento, as
torres da linha etc. Alem disso, a impedancia da terra depende do tipo de solo, umidade
e outros fatores, tal que no calculo desta impedancia costuma-se se fazer hipoteses simplificadoras em relacao `a distribuicao das correntes. Por esta razao, o valor da impedancia
de seq
uencia zero e o parametro com menor precisao em estudos de curto circuito, sendo
recomendavel obter esse parametro por meio de ensaios de campo. Em primeira aproximacao pode-se tomar Z0 = 3 a 3,5 Z1 .
M
aquina Sncronas
A figura 1.8 mostra um gerador sncrono, com as bobinas da armadura conectadas em
Y -aterrado. Cada fase e composta por uma fonte de tensao independente, representando
14
Ia1
Z1
Ia2
+
Va1
Z2
Ia0
Va1
Va2
Va2
Sequencia Positiva
Sequencia Negativa
Z0
Va0
-
Va0
-
Sequencia Zero
Zg
+
Efa
-
Efb
Ib
In
Efc
Zn
Zg
Ic
t: no de terra
(1.20)
Expressoes semelhantes `a Eq. (1.20) podem ser estabelecidas para as fases b e c, tal
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
15
Vat
(Zg + Zn )
Zn
Zn
Ia
Efa
Vbt =
Ib + Efb
Zn
(Zg + Zn )
Zn
Vct
Zn
Zn
(Zg + Zn )
Ic
Efc
(1.21)
a qual representa analiticamente o gerador sncrono da figura 1.8 e pode ser expressa na
forma compacta no domnio de fase como
Vf = Zf If + Ef
(1.22)
Zg0 + 3Zn 0
0
Ia0
0
Va0
Va1 =
0
Zg1 0 Ia1 + Efa
(1.23)
0
0
0 Z g2
Ia2
Va2
onde Zg1 , Zg2 e Zg0 sao as impedancias se seq
uencia positiva, negativa e zero, respectivamente, do gerador sncrono. Essas impedancias sao determinadas em ensaios baseados na
relacao tensao-corrente da maquina sncrona. Por exemplo, a impedancia de seq
uencia
positiva e determinada atraves do ensaio de curto circuito no gerador sncrono. De maneira
analoga, as impedancias de seq
uencia negativa e zero sao determinadas submetendo-se este
equipamento `as tensoes trifasicas de seq
uencia negativa e zero, respectivamente. Esses
valores sao geralmente fornecidos pelos fabricantes.
A Eq. (1.23) representa analiticamente o gerador sncrono da figura 1.8 no domnio de
facil observar que as equacoes correspondentes `as componentes de seq
seq
uencia. E
uencia
positiva, negativa e zero sao desacopladas, podendo cada uma ser representada por um
circuito de seq
uencia, conforme mostra a figura 1.9.
Zg1
I a1
+
Efa
Sequencia Positiva
Z g2
Ia2
Z g0
Va1
Va2
Sequencia Negativa
I a0
+
3Zn
Va0
-
Sequencia Zero
16
Ex. 1.3 Considere um sistema trifasico onde as seguintes tres cargas conectadas em paralelo sao supridas por um a alimentador operando na tensao de 380 V:
carga 1: conectada em e constituda por tres imped
ancias iguais a 24+j18 /f ase;
carga 2: conectada em Y solidamente aterrado e constituda por tres reat
ancias
capacitivas iguais a 5 /f ase;
carga 3: conectada em Y aterrado por uma reat
ancia indutiva igual a 2 e constituda por tres imped
ancias iguais a 12 + j9 /f ase;
As imped
ancias de seq
uencia da linha de transmiss
ao que conecta a fonte `a carga sao
iguais a Z1 = Z2 = 0,087 + j0,996 /fase, e Z0 = 0,25 + j2,88 /fase.
1. determine os circuitos de seq
uencia que representam a carga;
2. calcule os fasores corrente de linha que suprem cada carga;
3. as potencias complexas absorvida pela carga total e fornecida pela fonte, a perda de
potencia ativa e reativa no sistema de transmiss
ao;
4. os fatores de potencia com que operam a fonte e a carga;
5. o balanco de potencia do sistema trifasico;
1.5
Exerccios
1.1 Um alternador trifasico com valores de placa 25 kVA, 380 volts, 60 Hz opera sob
condic
oes balanceadas, suprindo uma corrente de linha de 20A por fase, com fator de
potencia 0,8 atrasado e tensao nominal.
1. Determinar o triangulo de potencias nesta condic
ao de operac
ao.
2. Determinar a imped
ancia da carga por fase:
se a carga esta conectada em Y ;
se a carga esta conectada em .
1.2 Considere duas cargas balanceadas, ambas conectadas em Y , uma absorvendo 10 kW
a um fator de potencia 0,8 atrasado e a outra absorvendo 15 kW a um fator de potencia
0,9 atrasado. Estas cargas sao conectadas em paralelo e supridas por uma fonte trifasica
balanceada numa tensao de 480 V.
1. Determine os fasores corrente na fonte.
2. Qual o fator de potencia da carga total e da fonte sob essa condic
ao de operac
ao?
3. Se o neutro da carga e conectado ao neutro da fonte por um condutor de imped
ancia
nula, qual a corrente neste condutor?
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
17
18
1.8 Uma planta industrial necessita instalar um compressor para recalcar agua de um
poco semi-artesiano. O compressor e alimentado por uma linha trifasica, conectada no
secund
ario do transformador da subestac
ao de suprimento local. A tensao no secund
ario
do transformador trifasico e de 220 V, a corrente absorvida pelo motor do compressor e
de 100 A, com fator de potencia 0,7 indutivo, e a linha trifasica tem uma imped
ancia de
0,1 +j 0,05 /fase. Determine:
1. os fasores das tensoes de fase e de linha no motor e no secund
ario do transformador;
2. as potencias ativa e reativa absorvidas pelo motor do compressor e fornecidas pelo
secund
ario do transformador;
3. a capacidade de um banco trifasico de capacitores que deve ser ligado em paralelo
com o motor do compressor a fim de que o conjunto trabalhe com fator de potencia
0,9 indutivo;
4. as potencias ativa e reativa fornecidas pelo secund
ario do transformador, nas condic
oes
de operac
ao do item anterior, supondo que tensao no conjunto compensac
ao-carga
permanece constante.
1.9 Uma carga trifasica absorve 250 kW com um fator de potencia de 0,707 em atraso
atraves de uma linha de transmiss
ao trifasica de 400 V. Esta carga esta conectada em
paralelo com um banco trifasico de capacitores de 60 kVar. Determinar a corrente total
fornecida pela fonte e o fator de potencia resultante. Repita estes c
alculos excluindo o
banco de capacitores e compare os valores da corrente fornecida pela fonte.
1.10 Um motor trifasico absorve 20 kVA com fator de potencia de 0,707 em atraso, de
uma fonte de 220 V. Especifique os valores nominais (em kVar) de um banco trifasico de
capacitores, necess
ario para elevar o fator de potencia do conjunto carga-banco a 0,90 em
atraso. Determine a corrente de linha antes e depois da adic
ao do banco de capacitores,
supondo que a magnitude da tensao da fonte permanece constante.
1.11 Um motor de induc
ao trifasico requer 6 kW com o fator de potencia 0,8 em atraso.
Determinar os valores de um banco de capacitores conectados em Y de forma a produzir
um fator de potencia unitario no sistema, quando colocado em paralelo com o motor, num
sistema balanceado de 250 V e freq
uencia de 60 Hz.
1.12 Um sistema trifasico balanceado de 450 V alimenta duas cargas conectadas em
paralelo. A primeira esta conectada em Y e possui uma imped
ancia de 20-j10 /fase
enquanto a segunda esta ligada em e possui imped
ancia de 15+j30 /fase. Determinar
a corrente de linha, a potencia fornecida `a cada carga e os fatores de potencia individual
e do conjunto de cargas.
1.13 Uma carga balanceada em e alimentada por um sistema trifasico de 240 V. A
corrente de linha e 10 A. Um wattmetro com sua bobina de corrente em uma linha e sua
bobina de tensao entre as outras duas linhas registra a potencia de 1500 W. Determinar
a impedancia da carga.
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
19
1.14 Duas cargas trifasicas associadas em paralelo sao supridas por uma fonte atraves
de um sistema de transmiss
ao de imped
ancia igual a 0,1+j1,0 /fase. A primeira carga
e um motor de 7,5 kW, fornecendo a sua potencia nominal, numa tensao de 440 V, com
rendimento de 90% e fator de potencia 0,8 em atraso. A segunda carga e representada
por tres imped
ancias de 20,0+j50,0 , conectadas em . Calcular:
1. a corrente de linha qua alimenta a carga total;
2. o valor da tensao na fonte;
3. as perdas de potencia ativa e reativa (por fase) na linha de transmiss
ao;
4. a potencia complexa fornecida pela fonte com o correspondente fator de potencia;
5. o diagrama fasorial das correntes e tensoes na carga total.
1.15 Um gerador trifasico operando na tensao de 380 volts supre, atraves de uma linha
de transmiss
ao com imped
ancia 0,1 + j1,0 /fase, uma carga trifasica que absorve uma
corrente de 50 Amperes com fator de potencia 0,8 em atraso. Supondo seq
uencia de
fases positiva e tomando o fasor tensao fase-neutro na fase a da carga como referencia,
determinar:
1. os fasores tensao de fase e de linha na carga e no gerador;
2. as potencias ativa e reativa na carga e no gerador;
3. a imped
ancia por fase de uma conex
ao , que associada em paralelo com a carga
torna unitario o fator de potencia desta;
4. a magnitude da corrente fornecida pelo gerador apos a adic
ao da compensac
ao
reativa, supondo constante a magnitude da tensao do gerador.
1.16 Duas cargas trifasicas conectadas em paralelo sao supridas por um gerador sncrono,
com bobinas da armadura conectadas em Y e reat
ancia sncrona de 0,5 /fase, atraves de
uma linha de transmiss
ao de imped
ancia 0,5 + j0,5 /fase. A tensao interna do gerador e
380 V. A carga 1 consiste de tres imped
ancias de 6,0 + j9,0 conectadas em e a carga
2 e composta de tres admitancias de 0,12+j0,16 S conectadas em Y. Supondo seq
uencia
de fases positiva e adotando o fasor tensao Vab como referencia, determinar:
1. os fasores corrente na linha de transmiss
ao;
2. a potencia complexa suprida `a carga;
3. a perda de potencia complexa na linha de transmiss
ao;
4. o fator de potencia com que opera cada uma das cargas, a carga total e o gerador
sncrono;
5. os fasores corrente em cada fase da carga conectada em .
20
1.17 Num sistema trifasico, um gerador sncrono com valores de placa: 200 MVA, 16
kV, bobinas da armadura conectadas em Y com reat
ancia sncrona de 3 /fase e fator
de potencia 0,8 atrasado, supre uma carga trifasica, na tensao nominal, atraves de um
sistema de transmiss
ao de impedancia desprezvel. A carga consome 100 MVA com fator
de potencia 0,8 em avanco. Adotando a seq
uencia de fases positiva e o fasor Van como
referencia, calcular:
1. o triangulo de potencia da carga;
2. os fasores corrente de linha que suprem a carga;
3. a imped
ancia por fase correspondente `a carga, supondo esta conectada em ;
4. a potencia complexa fornecida pelo gerador com o correspondente fator de potencia;
5. o diagrama fasorial das correntes e tensoes trifasicas na sada do gerador sncrono;
6. a compensac
ao reativa necess
aria pata tornar o fator de potencia da carga compensada igual a 0,95 adiantado.
1.18 Uma fonte conectada em Y -solidamente aterrado opera com tensoes fase-terra
iguais a Vat = 27700 V, Vbt = 260 1200 V e Vct = 2951150 V, suprindo uma
carga trifasica representada pela matriz de imped
ancias
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
21
3. verifique a relac
ao entre as tensoes de fase e de linha dos componentes de seq
uencia
das tensoes.
1.21 As correntes fasoriais numa carga conectada em s
ao: Iab = 1000 A, Ibc =
15 900 A e e Ica = 20900 A. Determine:
1. as componentes de seq
uencia das correntes nas fases da conex
ao ;
2. as correntes de linha que suprem a carga e suas correspondentes componentes de
seq
uencia;
3. verifique a relac
ao entre as correntes de fase e de linha dos componentes de seq
uencia
das correntes.
1.22 Num sistema trifasico, tensoes fase-terra iguais a Vat = 28000 V, Vbt = 250
1100 V e Vct = 2901300 V suprem uma carga balanceada conectada em Y solidamente
aterrado, composta de imped
ancias iguais a 12 + j16 /fase. Determine os circuitos de
seq
uencia do sistema e calcule as correntes de linha e suas correspondentes componentes
de seq
uencia.
1.23 Repita o problema anterior para os seguintes casos:
1. supondo que a fonte e a carga sao conectadas por uma linha de transmissao de
imped
ancia 3 + j4 /fase;
2. supondo que a conex
ao da carga e Y n
ao aterrado;
3. supondo que a conex
ao da carga e consistindo de imped
ancias de 12 + j16 /fase;
4. supondo que a carga consiste de uma conex
ao Y composta de imped
ancias de 3+j4
/fase, com neutro aterrado por uma reat
ancia indutiva de 2 . Considere que
a carga e compensada por um banco de capacitores conectado m , composto de
reat
ancias de 30 /fase.
1.24 Num sistema trifasico, um gerador sncrono supre um motor atraves de uma linha
de transmiss
ao com imped
ancia 0.5800 /fase. O motor absorve 5 kW, na tensao de 200
V, com fator de potencia 0,8 adiantado. As bobinas da armadura do gerador e do motor
s
ao conectadas em Y aterrado, com imped
ancias indutivas de de 5 . As imped
ancias de
seq
uencia das maquinas sao iguais a Z0 = j5, Z1 = j15 e Z2 = j10 . Determine os
circuitos de seq
uencia do sistema trifasico e calcule as tensoes de linha nos terminais do
gerador. Considere o motor uma carga balanceada.
22
Captulo 2
Representac
ao dos Sistemas de
Pot
encia
2.1
Introduc
ao
2.2
Diagrama Unifilar
24
Captulo 2: Representa
c
ao dos Sistemas de Pot
encia
Maquina rotativa
Fusvel
Transformador de
dois enrolamentos
Disjuntor a ar
Transformador de
tres enrolamentos
Conexao Delta
Disjuntor
Conexao Y
sem aterramento
Transformador de
corrente
Transformador de
potencial
ou
A
Ampermetro
Zn
Conexao Y
aterrado com Zn
Conexao Y
solidamente aterrado
Voltmetro
2.3
Uma quantidade no sistema por unidade (pu) e definida como a razao entre o valor real
da grandeza e o valor base da mesma grandeza selecionado como referencia; isto e
Quantidade em p.u. =
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
25
Zng1
G1
Zng2
T1
T2
G3
Zng3
LT
G2
Carga 1
Carga 2
Figura 2.2: Diagrama unifilar - Exemplo
a quantidade em pu e adimensional;
o valor base e sempre um n
umero real;
o angulo de uma quantidade em pu e sempre o mesmo da quantidade verdadeira;
valor percentual = Valor p.u. 100.
2.3.1
Selec
ao dos valores base
A escolha dos valores base e feita considerando um elemento generico de circuito, no qual
quatro quantidades inter-relacionadas (tensao, corrente, impedancia e potencia) definem
a referida especificacao. O seguinte procedimento e adotado:
1. dois valores base (entre tensao, corrente, impedancia e potencia) sao arbitrariamente
selecionados num determinado ponto do sistema;
2. os outros dois valores base sao calculados utilizando-se as relacoes entre tensao,
corrente, impedancia e potencia num circuito monofasico. Por exemplo, se a tensao
e a potencia sao escolhidas como grandezas base (Vb e Sb ), entao os valores de
corrente base e impedancia base sao calculados por
Ib =
Sb
Vb
Zb =
Vb
Ib
ou Zb =
Vb2
Sb
26
Captulo 2: Representa
c
ao dos Sistemas de Pot
encia
De maneira analoga, a quantidade adotada como base para o calculo de ambas, resistencia e reatancia, no sistema por unidade e a impedancia base, isto e,
Rb = Xb = Zb
expressa em ohms (); e a admitancia base e dada por
Yb =
1
Zb
2.3.2
VbL =
3Vbf
Sb1
Sb3 /3
S
= b3
=
Vbf
VbL / 3
3VbL
V2
Vbf
VbL / 3
= bL
Zb =
=
Ib
Sb3
Sb3 / 3VbL
Num sistema de potencia trifasico, as seguintes regras sao adotadas para a especificacao
das quantidades base:
1. o valor de potencia aparente trifasica base Sb3 e o mesmo ao longo de todo o sistema;
2. a relacao entre as tensoes de linha base nos lados do transformador e igual aquela
entre os valores nominais da tensao do transformador, ou seja, a tensao de linha base
passa atraves do transformador trifasico segundo a sua relaao nominal de tensoes
de linha.
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
27
Ex. 2.1 Considere dois geradores trifasicos suprindo, atraves de linhas de transmiss
ao
trif
asicas separadas, duas cargas trifasicas balanceadas conectadas no mesmo ponto. A
carga 1, conectada em Y, absorve 20 kW operando com fator de potencia 0,8 atrasado e a
carga 2, conectada em , absorve 12 kVA operando com fator de potencia 0,9 adiantado.
H
a ainda uma terceira carga de 15 kW, resistiva e ligada em Y, conectada diretamente
aos terminais do gerador 2. A imped
ancia da linha de transmiss
ao entre o gerador 1 e
a carga e 1,4 +j1,6 /fase, e da linha de transmiss
ao entre o gerador 2 e a carga e 0,8
+j1,0 /fase. O gerador 1 supre 20 kW a um fator de potencia 0,8 atrasado, numa tensao
terminal de 460 V. Suponha que a potencia das tres cargas seja independente da tensao
de alimentac
ao. Empregando o sistema por unidade e tomando como valores base 25 kVA
e 460 V no gerador 1, determinar:
1. o diagrama de imped
ancias no sistema por unidade na base mencionada;
2. a corrente da carga 1, em pu e em amperes;
3. a tensao nos terminais do gerador 2, em pu e em volts;
4. a potencia aparente suprida pelo gerador 2, em pu e em kVA;
5. o valor da reat
ancia em pu e em /fase de uma carga de compensac
ao reativa
necess
aria para tornar unitario o fator de potencia do equivalente das cargas 1 e 2.
2.3.3
Mudanca de Base
Em geral, os equipamentos dos sistemas de potencia apresentam na sua placa o valor percentual da impedancia, calculada com base nos valores nominais do proprio equipamento.
Desde que os componentes do sistema de energia eletrica possuem valores nominais diferentes, para se fazer calculos no sistema por unidade e necessario referir todas as grandezas
a uma base comum. Para efetuar esta mudanca de base, suponha que a impedancia do
equipamento (em pu) seja expressa como
Zbpuantiga =
Z real
Sb antiga
= Z real 2
Zb antiga
Vb antiga
e que e necessario referir este valor a uma nova base, tal que
Sb nova
Zbpunova = Z real 2
Vb nova
A combinacao dessas duas u
ltimas equacoes fornece
Vb antiga
Sb nova
pu
pu
Zb nova = Zb antiga
Sb antiga
Vb nova
que e a relacao utilizada para efetuar a mudanca de base
requerida.
Vb antiga
Observe que, no caso dos transformadores a relacao
deve ser calculada
Vb nova
com valores base correspondentes a um mesmo lado do transformador.
Ex. 2.2 A placa de um transformador monofasico de dois enrolamentos apresenta os
seguintes valores: 50 MVA; 13,8/69 kV; 20 %. Calcular a reat
ancia deste equipamento
no sistema por unidade, na base de 100 MVA e 13,2 kV no lado de BT.
28
Captulo 2: Representa
c
ao dos Sistemas de Pot
encia
2.4
2.4.1
M
aquinas Sncronas
Circuitos Equivalentes e Diagramas Fasoriais
Gerador Sncrono
Estes equipamentos podem absorver ou gerar potencia reativa, funcionando como geradores (Pg > 0), motores (Pg < 0) ou compensadores (Pg 0), superexcitados (Qg > 0)
ou subexcitados (Qg < O). Os limites de geracao e absorcao de potencia reativa sao
determinados com auxlio da curva de capabilidade da maquina. A capacidade de suprir
potencia reativa e determinada atraves da razao de curto-circuito do equipamento (igual
ao inverso da reatancia sncrona). O circuito monofasico equivalente da maquina sncrona
funcionando como um gerador e mostrado na figura 2.3.
Zs = jXs
I
+
E
+
G
VE
sen
Xs
Qg =
V
(E cos V )
Xs
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
29
E
IjXd
E
I
IjXd
V
Figura 2.5: Gerador sncrono subexcitado - diagrama fasorial
Zs = jXs
I
+
+
E
-
V
-
Compensadores Sncronos
Quando a maquina sncrona opera como um Compensador Sncrono, a potencia ativa
suprida e aproximadamente zero (em razao das perdas internas), sendo fornecida apenas
potencia reativa (capacitiva ou indutiva). Este modo de funcionamento e o mesmo de
um motor sncrono operando sem carga mecanica. Dependendo da corrente de excitacao,
o dispositivo pode gerar ou absorver potencia reativa. Desde que as perdas neste tipo
de dispositivo sao consideraveis, se comparadas `as dos Capacitores Estaticos, o fator de
30
Captulo 2: Representa
c
ao dos Sistemas de Pot
encia
V
IjXd
V
I
IjXd
E
Figura 2.8: Motor sncrono superexcitado - diagrama fasorial
potencia com que operam os compensadores sncronos nao e exatamente igual a zero. No
caso da operacao em conjunto com os reguladores de tensao, os compensadores sncronos
podem automaticamente funcionar superexcitados (sob condicao de carga pesada) ou
subexcitados (sob condicoes de carga leve).
I
V
jXd I
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
31
E
jXd I
I
Figura 2.10: Compensador sncrono superexcitado
e que em geral o equipamento esta situado longe dos pontos de consumo e necessita de
elementos de transporte para atingir a demanda, ocasionando perda de potencia.
2.4.2
Controle de Pot
encia da M
aquina Sncrona
Do gerador
de vapor
Gerador
Governador
de velocidade
If
m Excita-
Turbina
triz
a vapor
Pe , Vt
Ef d
-
Pm
Para o
condensador
Regulador de
tensao
Retificador
Filtro
Transformador
de potencial
32
Captulo 2: Representa
c
ao dos Sistemas de Pot
encia
(2.1)
Note que, desde que o angulo e numericamente positivo, a potencia reativa liberada
pela maquina e positiva para cargas com fator de potencia atrasado. Se a potencia ativa de
sada (P ) e mantida constante a uma tensao terminal (V ) constante, a analise da equacao
1
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
33
2.1 mostra que a quantidade Ia cos tambem permanece constante. Nessas condicoes, a
magnitude da forca eletromotriz interna (Ef ) varia proporcionalmente conforme a corrente
contnua de excitacao do campo (If ) se modifica, de forma a manter a quantidade Ia cos
constante.
LG de Ef constante
LG de Ia cte
Ef
Ia Xd cos
jIa Xd
Vt
Ia Xd sin
Ia
Ia cos
Ia Xd sin
Ef
jIa Xd
Ia Xd cos
Ia
Vt
Figura 2.12: Controle de potencia reativa
A condicao de excitac
ao normal da maquina e definida como aquela na qual
Ef cos = V
e a maquina sncrona e considerada estar superexcitada ou subexcitada conforme Ef cos >
V ou Ef cos < V , respectivamente. Quando a maquina esta superexcitada, ela supre
potencia reativa atraves dos seus terminais, tal que sob o ponto de vista do sistema ela
age como um capacitor. A parte superior da figura 2.12 ilustra esta situacao.
A parte inferior da figura 2.12 mostra o diagrama fasorial de um gerador subexcitado,
suprindo a mesma quantidade de potencia ativa que a do caso anterior. Neste caso, o
gerador absorve potencia ativa do sistema e portanto atua como um indutor.
Resumindo, geradores e motores sncronos superexcitados suprem potencia reativa,
agindo como capacitores sob o ponto de vista do sistema ao qual a maquina sncrona esta
conectada, enquanto que geradores e motores sncronos subexcitados absorvem potencia
reativa do sistema, atuando como indutores.
34
Captulo 2: Representa
c
ao dos Sistemas de Pot
encia
Controle da pot
encia ativa
O controle de potencia ativa e realizado atraves da valvula que monitora a quantidade
de vapor ou agua que entra na turbina (maquina primaria) acoplada ao eixo da maquina
sncrona. O aumento da potencia mecanica de entrada no gerador resulta num correspondente aumento da velocidade angular do rotor e, se a corrente de excitacao do campo (If )
(e portanto a forca eletromotriz interna (Ef )) for mantida constante, o
angulo de carga
ou potencia () entre a tensao terminal (V ) e a forca eletromotriz interna (Ef ) tambem
crescera. O aumento do angulo de carga implica numa quantidade maior da grandeza
V Ia cos , conforme pode ser observado na figura 2.12. Um gerador com maior angulo de
potencia requer um torque de entrada maior e naturalmente libera maior quantidade de
potencia ativa ao sistema. Um raciocnio analogo se aplica ao funcionamento da maquina
sncrona como motor.
Ex. 2.3 Considere um gerador sncrono com valores nominais 635 MVA, fator de potencia
0,90 atrasado, 3600 rpm, 24 kV e reat
ancia sncrona 1,7241 pu conectado a uma barra
infinita. Se esta maquina esta suprindo uma corrente de 0,8 pu com fator de potencia 0,9
atrasado a uma tensao terminal de 1,0 pu, determine a magnitude e o angulo da tensao
interna do gerador e as potencias ativa e reativa supridas a barra infinita. Se a potencia
ativa de sada do gerador permanece constante, porem a sua excitac
ao e (a) reduzida em
20 % e (b)aumentada em 20 %, determine o angulo de carga e a potencia reativa suprida
pelo gerador.
2.4.3
Curva de Capabilidade
Mf If
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
35
(a) P = cte
(e) cos = cte
Q
r
Ia Xd cos
(b) Q = cte
q
(c) Ef = cte
Ia Xd sin
jIa Xd
cos atrasado
o
Vt
Ia
(d) Ia = cte
Ef
p
P
cos adiantado
Figura 2.13: Diagrama fasorial obtido pela rotacao do diagrama da figura 2.12
36
Captulo 2: Representa
c
ao dos Sistemas de Pot
encia
(abaixo) da linha o p;
A linha radial o m e o lugar geometrico dos pontos de operacao para os quais
o angulo do fator de potencia e constante. Na figura 2.13, o angulo representa a condicao na qual o gerador sncrono supre uma carga com fator de potencia
atrasado. No caso do fator de potencia unitario, = 00 e os pontos de operacao
sao representados ao longo do eixo horizontal o p. O semi plano situado acima do
eixo horizontal corresponde a cargas com fator de potencia adiantado.
O diagrama da figura 2.13 se torna mais u
til quando os eixos sao escalonados para
indicar as potencias ativa e reativa de sada do gerador. O re-arranjo das equacoes
Pg =
V Ef
sin
Xd
Qg =
V
(Ef cos V )
Xd
fornece
Pg =
V2
Qg +
Xd
V Ef
sin
Xd
Ef V
cos
Xd
2
2
V Ef
Ef V
V2
2
Pg + Qg +
=
sin +
cos
Xd
Xd
Xd
Ef V
Xd
Ef V
Xd
sin2 + cos2
V2
a qual representa geometricamente um crculo de raio
centrado no ponto 0;
.
X
d
V
Este crculo pode ser obtido multiplicando-se cada fasor da figura 2.13 pela razao
,
Xd
o que significa o escalonamento dos eixos mostrado na figura 2.14.
O diagrama de carregamento da maquina sncrona mostrado na figura 2.14 tornase mais pratico quando se considera a corrente maxima (perdas I 2 R) que pode circular
nas bobinas da armadura e do campo e tambem os limites da maquina primaria e o
aquecimento do n
ucleo da armadura. A figura 2.15 mostra a curva de capabilidade de um
Ef V
Xd
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
37
(a) P = cte
(e) cos = cte
Q
r
V Ia cos
(b) Q = cte
q
(c)
V Ia sin
Ia V
o
Vt2
Xd
Ia
Ef V
= cte
Xd
cos atrasado
Ef V
Xd
(d) Ia V = cte
p
P
cos adiantado
Figura 2.14: Diagrama fasorial obtido pelo escalonamento do diagrama da figura 2.13
gerador sncrono com valores nominais 635 MVA, 24 kV, fator de potencia 0,9 e reatancia
sncrona 172,41 %.
Na figura 2.15, o ponto m corresponde ao valor nominal de potencia aparente do
gerador com fator de potencia nominal atrasado (635 MVA com cos = 0, 9 atrasado).
O projeto da maquina deve prever um valor de corrente de campo suficiente para que a
maquina sncrona possa operar superexcitada ponto m. O limite da corrente de campo e
determinado segundo o arco m r. A capacidade do gerador para liberar potencia reativa
ao sistema e portanto reduzida. Na verdade, a saturacao da maquina faz decrescer o valor
da reatancia sncrona e por esta razao os fabricantes fornecem curvas que se iniciam nos
limites de aquecimento do campo teoricos descritos anteriormente.
0
A imagem do ponto m e o ponto m , de operacao na regiao de sub-excitacao. Os operadores do sistema de potencia evitam operar a maquina sncrona na regiao subexcitada
da curva de capabilidade por razoes de estabilidade do sistema em regime permanente e
de sobre-aquecimento da maquina.
Quando a maquina opera na regiao de sub-excitacao, as correntes parasitas induzidas
pelo sistema no ferro da armadura e o aquecimento por efeito Joule aumentam. Para
limitar este aquecimento os fabricantes fornecem curvas especficas de capabilidade e recomendam os limites dentro dos quais se pode operar a maquina.
Para se obter os valores de potencia ativa e potencia reativa supridas pelo gerador num
ponto de operacao atraves do uso da figura 2.15, os valores por unidade dessas grandezas
38
Captulo 2: Representa
c
ao dos Sistemas de Pot
encia
Potencia reativa
0,8
r
0,6
cos = 0, 90
0,4
limite de
aquecimento
da armadura
0,2
cos = 1, 0
0,0
0,2
cos = 0, 95
0,4
0,6
0,8
1,0
Potencia ativa
MS subexcitada
-0,2
-0,4
MS superexcitada
cos = 0, 95
cos = 0, 90
n
-0,6
limite de
subexcitacao
circulo de 100 %
de excitacao
obtidos no diagrama devem ser multiplicados pelo valor base de potencia aparente da
maquina, o qual no caso e o valor nominal de 635 MVA.
A distancia n m representa o valor por unidade da potencia aparente expressa pela
Ef V
quantidade
no ponto de operacao m. Isto permite calcular o valor por unidade da
Xd
tensao interna da maquina na base da sua tensao nominal (no caso 24 kV) multiplicando
Xd
o comprimento n m pela razao
expressa em pu. Note que a curva de capabilidade
V
e determinada segundo a condicao de operacao com a tensao terminal mantida constante
no seu valor nominal; isto e, V = 1, 0 pu e portanto o produto envolve apena a reatancia
sncrona da maquina Xd .
1
Se a tensao terminal da maquina nao e 1,0 pu, entao o valor
, atribudo `a distancia
Xd
V2
o n na figura 2.15, deve ser corrigido para
expresso no sistema por unidade. Esta
Xd
mudanca altera o escalonamento da figura 2.15 pelo fator V 2 , de tal forma que as potencias
ativa e reativa obtidas atraves do diagrama devem ser primeiro multiplicadas pelo fator V 2
e posteriormente pela potencia aparente base para fornecer os valores efetivos de potencia
ativa e reativa da operacao.
Ex. 2.4 Considere que o diagrama de capabilidade de um gerador sncrono trifasico com
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
39
2.4.4
Controle de Tens
ao do Gerador
Vref
+
Vt
Regulador
de tensao
1
(1 + Tr s)
Excitatriz
Vr
+
-
Ke
(1 + Te s)
Ef d
Vt
Gerador
Compensador
Estabilizador
Kc s
(1 + Tc s)
40
Captulo 2: Representa
c
ao dos Sistemas de Pot
encia
2.5
Transformadores
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
41
permeabilidade c
secao transversal Ac
I2
I1
+
V1
Bobina 1
N1
Bobina 2
N2
V2
comprimento medio lc
<c c N2
+
I2
N1
N1
(2.2)
I2
N1
A corrente de excitacao, denotada I , e composta de duas componentes, uma representando a parcela necessaria para a magnetizacao do n
ucleo (denotada Im ) e a outra
responsavel pelas perdas de potencia ativa no n
ucleo (denotada Ic ). Isto e expresso analiticamente por
I = Im + Ic
A corrente que supre as perdas no n
ucleo tambem e composta de duas parcelas, uma
relacionada `as perdas por correntes parasitas (de Focault) e outra relacionada `as perdas
por histerese.
A histerese ocorre porque uma variacao cclica do fluxo no interior do n
ucleo resulta
em energia dissipada em forma de calor. Este efeito pode ser reduzido utilizando-se ligas
de aco para construir o n
ucleo.
42
Captulo 2: Representa
c
ao dos Sistemas de Pot
encia
(2.3)
<c jE1
N2
I1 =
+
I2
N1 N1
N1
=
j<c E1 N2
+
I2
N12
N1
0
= Im + I2
0
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
R1
I1
+
V1
43
0
jX1
jX2
I1
I
Ic
E1
E2
R2
+
Im
Rc
jXm
I2
V2
a:1
Transformador
ideal
Figura 2.18: Transformador monofasico de dois enrolamentos
sao denominados par
ametros longitudinais enquanto Rc e Xm sao chamados par
ametros
transversais.
Observe que o circuito equivalente e determinado de forma a satisfazer as leis de
0
0
Kirchhoff. As impedancias de dispersao dos enrolamentos R1 , X1 , R2 e X2 representam as
representam as perdas Joule e a indutancia propria das bobinas do primario e secundario.
A admitancia do n
ucleo
Ym
1
1
+
= Gc jBm
Rc jXm
representa as perdas no n
ucleo e a potencia reativa necessaria para magnetizar o n
ucleo.
Portanto, se uma tensao alternada e aplicada nos terminais do enrolamento primario
de um transformador real, com o terminal secundario em circuito aberto, surge uma
pequena corrente de regime I (corrente de excitac
ao). Esta corrente e responsavel pelo
estabelecimento de um fluxo alternado no circuito magnetico, pois neste caso a relutancia
nao e zero, necessitando-se assim de uma forca-magnetomotriz nao nula para estabelecer
este fluxo.
2.5.1
Circuito Equivalente
44
Captulo 2: Representa
c
ao dos Sistemas de Pot
encia
I1
R1
jX1
jX2
R2
+
V1
I2
+
Rc
jXm
V2
transformadores de grande porte, com potencia aparente nominal maior do que 500
kVA, possuem enrolamentos com as resistencias desprezveis quando comparadas
com as reatancias de dispersao, e portanto essas resistencias podem ser desprezadas.
Isto possibilita utilizar os circuitos equivalentes mostrados nas figuras 2.20 e ??. Nesses
circuitos, os parametros do transformador referidos ao lado 1 sao dados por
2
N1
Req = R1 +
R2
N2
Xeq = X1 +
N1
N2
2
X2
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
I1
45
0
Req
Xeq
I2
V1
V2
Req = R1 + R2
0
Xeq = X1 + X2
Figura 2.20: Circuito equivalente do transformador para estudos em sistemas de potencia
(a)
0
I1
I2
Xeq
+
V1
V2
Xeq = X1 + X2
2.5.2
Autotransformadores
Conforme verificado previamente, num transformador convencional como aquele representado na figura 2.22 as bobinas sao acopladas apenas magneticamente, via fluxo m
utuo
no n
ucleo.
46
Captulo 2: Representa
c
ao dos Sistemas de Pot
encia
I1
I2
V1
V2
a:1
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
47
I1
+
I1 + I2
V1
V1 + V2
+
V2
I2
V1
I1 I2
V1 + V2
+
I2
V2
2.5.3
Transformadores Trif
asicos
48
Captulo 2: Representa
c
ao dos Sistemas de Pot
encia
n
ucleo.
Cada um dos lados do banco trifasico pode ser conectado em Y ou em , conforme
ilustra as figuras 2.25 e 2.26.
A
C
C
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
49
a
a
A
0
n
b
c
c
C
C
50
Captulo 2: Representa
c
ao dos Sistemas de Pot
encia
I1
AT
Req
Xeq
BT
e
j300
: 1, 0
I2
V1
V2
Req = R1 + R2
0
Xeq = X1 + X2
Transformador
Defasador
2.5.4
Transformadores de Tr
es Enrolamentos
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
51
I2
I1
+
V2
N2
+
N1
V1
I3
N3
V3
jX2
jX3
R2
R1
jX1
R3
V2
+
V1
Rc
jXm
0
V3
52
Captulo 2: Representa
c
ao dos Sistemas de Pot
encia
0
Z1
Z2
+
0
Z3
+
V1
V2
V3
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
53
Tensao nominal
79674 V
24000 V
6600 V
Potencia nominal
10000 kV A
5000 kV A
5000 kV A
Ensaio
No.
1
2
3
Enrolamento
excitado
Primario
Primario
Secundario
Enrolamento
curto-circuitado
Secundario
Terciario
Terciario
Tensao
aplicada
5000 V
15000 V
2000 V
Corrente no
enrolamento excitado
125,52 A
125,52 A
208,33 A
54
Captulo 2: Representa
c
ao dos Sistemas de Pot
encia
2.5.5
Os transformadores reguladores (ou com tap variavel) sao geralmente utilizados para
controlar a magnitude (ajustes de 10% e a fase (ajustes de 3 graus) da tensao. Sob
certas condicoes, esses transformadores tambem sao utilizados para controlar os fluxos de
potencia ativa e reativa. Para controlar da magnitude da tensao, sao utilizados basicamente os taps do transformador enquanto que para monitorar o fluxo de potencia ativa e
necessario que conexoes adicionais sejam feitas, de forma a modificar a defasagem entre
os fasores tensao nos terminais do equipamento.
No caso do controle da magnitude da tensao, um dos lados do transformador possui
uma bobina com taps, utilizados para variar o n
umero de espiras, o que permite modificar a
relacao de transformacao das tensoes. A figura 2.31 mostra o esquema de um equipamento
deste tipo, com relacao nominal de tensoes 220 V/380 V. Os taps estao no lado de 380 V,
para ajustar a magnitude da tensao em 10% do valor nominal, em passos de 5 %.
1,1
1,05
1,00
Taps
0,95
0,90
220 V
0, 9 380V
380 V 1, 1 380V
Os Transformadores com Comutacao sob Carga (Load Tap Changing (LTC) ou Tap
Changing Under Load (TCUL)) permitem o ajuste do tap enquanto o transformador
esta energizado. A variacao do tap e operada por servo-motores comandados por reles
ajustados de forma a manter a tensao num determinado nvel. Circuitos eletronicos
especiais permitem esta mudanca sem interrupcao de corrente.
A representacao de um transformador monofasico com tap variavel e mostrada na
figura 2.32. O transformador com relacao de transformacao a : 1 e ideal, tendo como
finalidade refletir a relacao variavel entre os fasores tensao. O parametro a pode ser um
n
umero real ou complexo. Se apenas a magnitude da tensao e ajustada o parametro a
e um n
umero real. Se o equipamento opera com valores nominais de tensao, a = 1 e o
circuito mostrado na figura 2.32 se reduz ao circuito monofasico equivalente convencional.
A equacao
I1
I2
Y11 Y12
Y21 Y22
V1
V2
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
Ii
55
Yeq
1:a
Ij
Vi
Vj
a
-
Vj
Transformador
ideal
S1 =
V2
a
I1
S2 = V2 I2
I1 = a I2
onde a e um n
umero complexo.
A combinacao dessas equacoes fornece
I1 =
V2
V1
a
= V1 Yeq V2
Yeq
Yeq
a
I2 = V1
Yeq
Yeq
+ V2
a
aa
= V1
Yeq
Yeq
+
V
2
a
|a|2
56
Captulo 2: Representa
c
ao dos Sistemas de Pot
encia
Yeq
a2
Y12 = Y21 =
I1
A=
-
Yeq
a
Yeq
a
V1
I2
B=
a1
a
Yeq C =
1a
a2
Yeq
V2
Yeq
a
B=
C=
a1
a
1a
a2
Yeq
Yeq
Ex. 2.10 Um transformador trifasico possui os seguintes dados de placa: 1000 MVA,
13,8kV()/345kV(Y), reat
ancia de dispers
ao igual a 11,9025 referida ao lado de alta
tens
ao. As bobinas de baixa tensao do transformador possuem taps com variac
ao 10 %.
1. Determinar o circuito equivalente deste transformador no sistema por unidade,
quando o tap e ajustado no valor nominal;
quando o tap e ajustado em 10% acima do valor nominal.
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
57
Zser
Ysh
2
Ysh
2
2.6
Linhas de transmiss
ao
58
Captulo 2: Representa
c
ao dos Sistemas de Pot
encia
Linhas longas: neste caso, a linha e representada por um circuito denominado equivalente , no qual
0
Zser = Z0 senh (l)
0
cosh (l) 1
Ysh
=
2
Z0ser
onde,
r
Z0 =
s
Z
=
Y
R + jX
G + jB
= + j
sendo a constante de propagacao (N p/m), a constante de atenuacao (N p/m) e
a constante de fase (rad/m).
2.7
Cargas
Em estudos de sistemas de potencia em regime permanente, e necessario modelar adequadamente a carga, tanto em termos quantitativos como em termos qualitativos. Numa
barra tpica, a demanda consiste em geral de:
motores de inducao;
aquecimento e iluminacao;
motores sncronos.
A potencia absorvida pela demanda depende da natureza da carga e permite os tres
tipos de representacao descritos a seguir.
1. Representacao em termos de potencia constante, onde os M W e M V ar especificados
sao supostos constantes, sendo a carga representada analiticamente por
S = P + Q
onde P e Q sao as potencias ativa e reativa demandadas. Esta forma, geralmente
utilizada nos estudos de Fluxo de Potencia, requer valores de corrente e tensao que
resultem no valor de potencia especificado. Portanto, se a tensao na carga tem
valor baixo, um alto valor de corrente e necessario para que o requisito de potencia
especificada seja satisfeito.
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
59
I=
I
P jQ
=
V
V2
60
Captulo 2: Representa
c
ao dos Sistemas de Pot
encia
Impedancia constante
P(Q)
Corrente constante
() = 0,0
Potencia constante
() = 1,0
() = 2,0
Tensao V
nominal
Figura 2.35: Representacao da carga (a)
2.7.1
Modelo Exponencial
P = P0
Q = Q0
V
V0
V
V0
(2.4)
(2.5)
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
61
Potencia constante
() = 0,0
Impedancia constante
() = 2,0
Corrente constante
() = 1,0
Vnom
1,54
0,50
0,08
2,59
0,95 - 1,03
2,07
2,50
1,60
4,06
0,31 - 0,46
3,21
2.7.2
Modelo Polinomial
O modelo polinomial tem sido tradicionalmente usado para representar a carga em estudos
de fluxo de potencia e de estabilidade transitoria. Este modelo tambem e conhecido
62
Captulo 2: Representa
c
ao dos Sistemas de Pot
encia
V
aq + bq + cq
V0
V
V0
2 #
(2.7)
2.8
Exerccios
2.1 Uma fonte trifasica operando na tensao de 380 V supre duas cargas trifasicas balanceadas cujas caractersticas sao:
carga 1: 15 kW, fator de potencia 0,6 atrasado;
carga 2: 10 kVA, fator de potencia 0,8 adiantado;
Adotando a base trifasica de 10 kVA e 380 V na fonte, determine:
1. o circuito monofasico equivalente no sistema por unidade;
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
63
64
Captulo 2: Representa
c
ao dos Sistemas de Pot
encia
2.9 Dois transformadores trifasicos identicos posuem com valores de placa 20 MVA, 115
kV(Y)/13,2 kV(), 9% e 15 MVA, 115 kV(Y)/13,2 kV(), 7 %, operam em paralelo
para suprir uma carga de 35 MVA, com fator de potencia 0,8 atrasado, a uma tensao de
13,2 kV. Determine a magnitude da a tensao na entrada dos transformadores e a potencia
aparente fornecida ao conjunto transformadores-carga em pu e em unidades reais. Calcule
a corrente fornecida por cada transformador `a carga. Verifique como o balanco de potencia
e satisfeito nessa condic
ao.
2.10 Um transformador com valores de placa 15 kVA, 220/380 V, reat
ancia de dispers
ao
igual a 20 % e com o tap variavel no lado de alta tensao ajustado em 1,05 conecta um
gerador com tensao 230 V a uma carga de 12,62 + j 9,46 (no lado de alta tensao).
Tomando como base os valores 10 kVA e 230 V nos terminais do gerador, determine:
1. o circuito monofasico equivalente no sistema por unidade;
2. a magnitude da tensao na carga em pu e em volts;
3. a potencia aparente suprida pelo gerador em pu e em unidades reais;
4. as perdas no transformador em pu e em unidades reais.
2.11 Considere o diagrama do sistema trifasico da figura 2.37, para o qual sao fornecidos
os seguintes dados:
gerador G1 : 150 MVA, 13,8(Y) kV, Xg1 = 30%;
transformador T1 : tres transformadores monofasicos de dois enrolamentos, cada
um com 50 MVA, 8 kV/72 kV, Xt1 = 20%, conectados como um banco trifasico de
autotransformadores 13,8 kV(Y)/138 kV(Y);
transformador T2 : 200 MVA, 140 kV(Y)/20 kV (), Xt2 = 10%;
linha de transmiss
ao: comprimento de 80 km, reat
ancia indutiva de 0,50 /km/fase.
Gerador
Transformador 1
YY
LT
Transformador 2
Carga
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
65
Hb
Hc
Xa
Xb
Xc
+
220 V
+
110 V
66
Captulo 2: Representa
c
ao dos Sistemas de Pot
encia
Atraves deste transformador, uma fonte de tensao constante supre uma carga de fator
de potencia unitario, de 5 MW, 2,3 kV nominais e um motor sncrono de 7,5 MVA, 13,2
kV, com reat
ancia sncrona de 20%. Tomando a base trifasica de 66 kV, 15 MVA no
prim
ario do transformador, a) determinar o circuito equivalente no sistema por unidade
e b) o valor da resistencia da carga em pu.
2.14 Os dados do sistema trifasico da figura 2.39 sao os seguintes:
gerador G1 : 12,5 MVA, 13,8 kV(Y), Xg1 = 110%;
gerador G2 : 15 MVA, 13,2 kV(Y), Xg1 = 90%;
transformador T1 : 15 MVA, 13,8 kV(Y)/69 kV(), Zt1 = 1 + j8%;
transformador T2 : 10 MVA, 13,8 kV()/138 kV (Y), Zt2 = 1 + j10%;
linha de transmiss
ao (1-4): comprimento de 80 km, 0,28 + j0,61 /km/fase;
linha de transmiss
ao (2-3): comprimento de 80 km, 0,15 + j0,60 /km/fase;
carga L1 : corrente de 52,3 A com fator de potencia 0,707 atrasado;
carga L5 : 10 kVA com fator de potencia 0,8 atrasado;
Gerador 1
Transformador 1
LT23
Y
LT14
Transformador 2
Carga L5
Gerador 2
Y
Carga L1
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
67
M1
T1
LT
T2
M2
Zn
68
Captulo 2: Representa
c
ao dos Sistemas de Pot
encia
2
Trafo 1
LT1
LT2
Componente
MS 1
MS 2
Trafo 1
Trafo 2
Trafo 3
Snom
(MVA)
2000
2000
2200
500
1000
4 MS
2
5 Trafo 3
Vnom
(kV)
13,8 (Y aterrado)
230 (Y aterrado)
13,8():500(Y aterrado)
500(Y aterrado):230(Y aterrado)
500(Y aterrado):138(Y aterrado)
X
(%)
20
20
10
10
12
Adotando como valores base a tensao 13,2 kV e a potencia de 2000 MVA na barra 1,
determinar:
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
69
70
Captulo 2: Representa
c
ao dos Sistemas de Pot
encia
Captulo 3
Operac
ao das Linhas de Transmiss
ao
3.1
Introduc
ao
Este captulo apresenta a modelagem analtica das linhas de transmissao para o estudo
da operacao em regime permanente. Primeiramente, representa-se a linha de transmissao
por um quadripolo, definido por quatro constantes calculadas com base nos parametros da
linha. A seguir, estuda-se o problema do maximo carregamento que a linha pode suprir,
com enfase na construcao e na analise das curvas PV e QV. Posteriormente, mostrase como os parametros da linha podem ser utilizados em calculos rapidos, com nvel
de precisao satisfatorio apesar das aproximacoes adotadas em alguns casos. O captulo e
finalizado enfocando aspectos relacionados aos fluxos de potencia e a compensacao reativa
das linhas de transmissao.
3.2
Par
ametros das linhas de transmiss
ao
72
Captulo 3: Opera
c
ao das Linhas de Transmiss
ao
Zser
Ysh
2
Ysh
2
3.3
Representac
ao das linhas de transmiss
ao por um
quadripolo
Uma linha de transmissao pode ser representada por um quadripolo, com as tensoes e
correntes nos seus terminais indicados conforme mostra a figura 3.2, onde e e r denotam
os terminais emissor e receptor, respectivamente.
As relacoes entre as variaveis tensao e corrente nos terminais do quadripolo sao expressas pela equacao
Ve = AVr + BIr
Ie = CVr + DIr
ou na forma matricial pela expressao
A B
Vr
Ve
=
Ir
Ie
C D
(3.1)
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
73
Ie
Ir
+
Quadripolo
Ve
-
Vr
-
onde, A, B, C e D sao parametros que dependem das constantes das linhas de transmissao. No caso de circuitos lineares passivos e bilaterais, como o da linha de transmissao,
a relacao
AD BC = 1
e satisfeita. Esses parametros sao n
umeros complexos, com A e D adimensionais, B
expresso em ohms () e C expresso em siemens (S).
3.4
Equac
oes diferenciais da linha de transmiss
ao
Considere o circuito mostrado na figura 3.3, o qual representa a secao de uma linha de
transmissao de comprimento x.
zx
I(x + dx)
I(x)
+
+
yx
V(x + dx)
V(x)
x + dx
Tensao e corrente
na posicao x + x
Tensao e corrente
na posicao x
74
Captulo 3: Opera
c
ao das Linhas de Transmiss
ao
(3.2)
(3.3)
As Eqs. (3.3) sao diferenciais de primeira ordem e homogeneas. Elas possuem duas
incognitas, sendo a sua solucao dada por
V(x) = A1 e+x + A2 ex
A1 e+x A2 ex
I(x) =
Zc
(3.4)
Ir = I(0)
tal que
Vr = A1 + A2
A1 A2
Ir =
Zc
o que fornece
Vr + Zc Ir
2
Vr Zc Ir
A2 =
2
A1 =
(3.5)
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
75
Agrupando-se convenientemente os termos das Eqs. (3.4) e (3.5), obtem-se as expressoes que fornecem a tensao e a corrente em qualquer ponto x da linha de transmissao;
isto e,
V(x) = cosh(x)Vr + Zc sinh(x)Ir
1
I(x) =
sinh(x)Vr + cosh(x)Ir
Zc
(3.6)
onde
expx + expx
2
x
exp expx
sinh(x) =
2
cosh(x) =
A forma matricial das equacoes do quadripolo que representa uma linha de transmissao de comprimento l, com parametros serie e shunt distribudos z(/m) e y(S/m) e
parametros concentrados Z = zl = R + jX () e Y = yl = G + jB (S) e
A(x) B(x)
Vr (x)
Ve (x)
=
(3.7)
C(x) D(x)
Ir (x)
Ie (x)
onde, Ve (x) e Ie (x) sao a tensao e a corrente no terminal emissor (de entrada) e Vr (x)
e Ir (x) sao a tensao e a corrente no terminal receptor (de sada), expressos em funcao
da distancia x, medida de um ponto qualquer da linha de transmissao ate o terminal
receptor. Da comparacao das Eqs. (3.6) e (3.7), obtem-se
A(x) = D(x) = cosh(x) (pu)
B(x) = Zc sinh(x) ()
1
sinh(x) (S)
C(x) =
Zc
(3.8)
Os parametros A(x), B(x), C(x) e D(x) sao exatos e representam uma linha de
transmissao de qualquer comprimento. Entretanto, devido `as suas caractersticas, linhas
de comprimento medio e curto permitem que expressoes mais simples sejam utilizadas.
Ie
Ir
+
Ve
-
+
Y
2
Y
2
Vr
-
76
Captulo 3: Opera
c
ao das Linhas de Transmiss
ao
0
Y
0
Ve = Ir +
Vr Z + Vr
2
0
Y
(Ve Vr )
Ie =
Ve +
2
Z0
0
1
(Vr )
Y
=
+ 0 Ve
2
Z
Z0
0
0
0
YZ
0
V r + Z Ir
Ve = 1 +
2
0
0
0
0
YZ
YZ
0
Ie = Y 1 +
Vr + 1 +
Ir
4
2
e portanto
0
ZY
A= D=1+
2
0
B= Z
0
0
ZY
0
C= Y 1+
4
tal que nos termos genericos da Eq. (3.8),
0
ZY
A(x) = D(x) = cosh(x) = 1 +
2
0
B(x) = Zc sinh(x) = Z
0
0
1
ZY
0
C(x) =
sinh(x) = Y 1 +
Zc
4
A segunda das Eqs. (3.9) pode ser escrita como
0
Z = Zc sinh(x)
r
z
sinh(x)
=
y
r
zl z
=
sinh(x)
zl y
r
z
= zl
sinh(x)
2
z l2 y
r
1
= zl
sinh(x)
zyl2
(3.9)
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
77
e portanto
0
Z =Z
sinh(l)
l
cosh(x) 1
Y
=
2
Z0
tal que,
Y
Y tanh(l/2)
=
2
2 (l/2)
sinh(l) tanh(l/2)
e
, denominados fatores de correc
ao, sao utilizados para
l
(l/2)
converter a impedancia serie e a admitancia shunt do circuito -nominal nos parametros
0
0
Z e Y do circuito -equivalente.
Linhas de transmissao medias, com comprimento 80km < l 240km, sao representadas pelo circuito -nominal mostrado na figura 3.5.
Os termos
Ie
Z = zl = (R + jL)l
+
Ve
Ir
+
(G + jC)l
Y
=
2
2
Y
2
Vr
-
ZY
pu
2
B= Z
ZY
C= Y 1+
S
4
onde Z = zl = R + jX () e Y = yl = G + jB (S).
A representacao da linha de transmissao curta (l 80km) considera apenas os
parametros serie, conforme ilustrado na figura 3.6. tal que as equacoes de quadripolo
que representam analiticamente este tipo de linha de transmissao sao
Ve = Vr + ZIr
Ie = Ir
78
Captulo 3: Opera
c
ao das Linhas de Transmiss
ao
Ie
Z = zl = (r + jL)l
Ir
Ve
Vr
ou na forma matricial,
Ve
Ie
1 Z
0 1
Vr
Ir
e portanto
A = D = 1 pu
B= Z
C= 0 S
Para linhas medias e curtas, a relacao AD BC = 1 e valida. Desde que a linha
de transmissao possui a mesma configuracao quando vista de qualquer um dos extremos,
entao A = D. A linha de transmissao curta e um caso particular da linha de transmissao
media, onde os parametros shunt sao desprezados, o que resulta em Y = 0 e A = D = 1
e B = Z.
Ex. 3.1 Para exemplificar o uso dos modelos de linha definidos com base no comprimento
da mesma, seja uma linha de transmiss
ao trifasica, composta de condutores ACSR 127000
CMil 54/3, com espacamento assimetrico, transposta, com imped
ancia serie e admitancia
shunt respectivamente iguais a 0, 0165 + j0, 3306 /km e j4, 674 106 S/km. A tabela
3.7 mostra os par
ametros que representam linhas de transmiss
ao com estas caractersticas
e com comprimentos iguais a 300 km, 160 km e 50 km.
Observa-se nesta tabela, que o efeito dos fatores de correc
ao sobre determinados par
ametros e reduzido `a medida que o comprimento da linha diminui. Por exemplo, a diferenca
entre os valores nominais e equivalente da reat
ancia indutiva da linha de 300 km (99,18
e 96,9 ) e de 2,28 (2,30%). Conseq
uentemente, se os par
ametros serie desta linha de
transmiss
ao longa nao fossem corrigido, o calculo da queda de tensao ao longo da linha
apresentaria um erro de aproximadamente 2%. No caso das linhas de 160 e 50 km, a
diferenca entre os valores nominais e corrigidos e insignificante, indicando que nao ha
necessidade de se utilizar o circuito -equivalente da linha. Com relac
ao `a admitancia
shunt, no caso especfico desta linha o fator de correc
ao nao tem efeito consider
avel, tal que
os valores nominais e corrigidos sao iguais, independentemente do comprimento da linha.
Nota-se ainda, que tanto a impedancia caracterstica como a constante de propagac
ao nao
variam com o comprimento da linha de transmiss
ao, pois estas constantes sao definidas
com base nos par
ametros distribudos da linha.
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
l
Z()
0
Z ()
Y(S)
0
Y (S)
Zc ()
(km1 )
A(pu)
B()
C(S)
300 km
4,95 + j99,18
4,72 + j96,90
j0,0014
j0,0014
266,15 - j6,63
j0,0012
0,9313 + j0,0034
4,72 + j96,90
j0,0014
79
160 km
2,64 + j52,89
2,60 + j52,54
j0,00074
j0,00074
266,15 - j6,63
j0,0012
0,9803 + j0,001
2,60 + j52,54
j0,00074
50 km
0,82 + j16,53
0,82 + j16,51
j0,00023
j0,00023
266,15 - j6,63
j0,0012
0,9981 + j0,0001
0,82 + j16,51
j0,00023
3.5
Transfer
encia de Pot
encia
Ve AVr
= CVr + D
B
j(a +z )
AVe e
A2 Vr ej(2a z )
= CVr ejc +
Z0
Se = (Ve )Ie
Z0
Z0
(3.10)
Qe = CVe Vr sin( c ) +
Z0
Z0
que representam as potencias ativa e reativa supridas pelo terminal emissor da linha de
transmissao. Nessas potencias estao includas as parcelas correspondentes `as perdas na
linha de transmissao e ao terminal receptor.
80
Captulo 3: Opera
c
ao das Linhas de Transmiss
ao
Ir =
Ve AVr
B
Ve e AVr eja
= Vr
Z 0 ejz
Separando a u
ltima equacao em partes real e imaginaria, as potencias ativa e reativa
suprida `a carga sao expressas por
Pr =
AVr2
Vr Ve
cos(
cos(z a )
z
Z0
Z0
(3.11)
Qr =
AVr2
Vr Ve
sin(z )
sin(z a )
Z0
Z0
Vr Ve AVr2
cos(z a )
Z0
Z0
AVr2
sin(z a )
Z0
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
81
P x Delta
Q x Delta
20
40
60
80
100
120
ngulo da Tenso (graus)
140
160
180
da linha seja igual a 0,1886 pu ou 414,73 Mvar. Em = 18, 760 , a potencia reativa decresce a zero, com correspondente valor de 0,8837 pu para a potencia ativa. Como esta
e uma linha com perdas, o limite de estabilidade ocorre quando a abertura angular vale
87, 20 , com a transferencia de 2,610 pu (MW) -2,555 pu (Mvar). A partir deste ponto,
a linha de transmiss
ao opera na regi
ao considerada instavel, tal que na abertura angular
0
de 174, 75 a potencia ativa se anula enquanto a potencia reativa alcanca o valor -5,2905
pu. Em 1800 , a potencia ativa vale -0.2690 pu e a potencia reativa e igual a -5,2909 pu.
3.6
Curvas PV e QV
)
=
P
+
cos(z a )
z
r
Z0
Z0
(3.12)
AVr2
Vr Ve
sin( z ) = Qr +
sin(z a )
Z0
Z0
e somando o quadrado dessas duas expressoes, cujo re-arranjo do resultado fornece
(3.13)
82
Captulo 3: Opera
c
ao das Linhas de Transmiss
ao
Fazendo-se y = Vr2 e
a = A2
b=
c=
Pr2 + Q2r Z 02
a Eq. (3.13) pode ser re-escrita como uma equacao de segundo grau em y, tendo como
razes
b + b2 4ac
s
y =
2a
(3.14)
b b2 4ac
yi =
2a
p
tal que duas magnitudes da tensao com significado fsico sao Vrs = y s e Vri = y i .
A curva PV de uma barra e obtida fixando-se a tensao no terminal emissor, variando-se
a demanda no terminal receptor sem alterar o fator de potencia da mesma, e resolvendo-se
a Eq. (3.13) para cada valor da demanda (caso mais simples). Nos casos praticos, esta
curva e tracada com base em sucessivas solucoes do fluxo de potencia correspondentes `a
variacao gradativa da demanda do sistema com o fator de potencia mantido constante.
Para cada nvel de potencia ativa demandada existem duas solucoes de magnitude de
tensao, o que torna possvel uma analogia com a curva P da estabilidade transitoria do
angulo do rotor em regime permanente. Ambas as curvas apresentam regioes de operacao
estavel e instavel.
Ex. 3.3 A figura 3.8 mostra as curvas PV obtidas para cargas com diferentes fatores de
potencia, com a tensao no terminal emissor fixada no valor nominal, para a linha de
transmiss
ao referida anteriormente.
Desta figura, observa-se que:
para cada fator de potencia, existe uma potencia maxima que pode ser transmitida;
para cada demanda especificada abaixo do valor maximo, existem duas possveis
soluc
oes para Vr (duas razes da Eq. (3.13));
sob condic
oes normais, o sistema de potencia opera sempre na parte superior da
curva, dentro da faixa estreita dos limites de magnitude da tensao;
se P = Q = 0, entao Ve = Vr cos , o que representa a condic
ao de circuito aberto;
neste caso, Vr > Ve .
o perfil plano de tensao ocorre para a carga de fator de potencia unitario, caso no
qual P < 1, 0 pu e Vr = Ve = 1, 0 pu.
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
83
1.2
fp unitrio
fp capacitivo
fp indutivo
0.8
0.6
0.4
0.2
0.5
1.5
Potncia Ativa (pu)
2.5
84
Captulo 3: Opera
c
ao das Linhas de Transmiss
ao
1.2
Pr = Prmax
0.8
Pr = 0,75Prmax
0.6
Pr = 0,50Prmax
0.4
Pr = 0,25Prmax
0.2
0
2.5
1.5
1
0.5
Potncia Reativa (pu)
0.5
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
85
l = 300 km
1.2
l = 150 km
l = 75 km
0.8
l = 50 km
0.6
0.4
0.2
8
10
Potncia Ativa (pu)
12
14
16
0.8
300 km
150 km
75 km
50 km
0.6
0.4
0.2
4
Potncia Ativa (pu)
86
Captulo 3: Opera
c
ao das Linhas de Transmiss
ao
Modulo da Tenso
0.8
300 km
150 km
75 km
50 km
0.6
0.4
0.2
0.5
1.5
2
Potncia Ativa
2.5
3.5
3.7
Linhas de transmiss
ao com perdas desprezveis
Expressoes mais simples sao obtidas e os conceitos apresentados anteriormente sao mais
facilmente aplicaveis se as perdas de potencia ativa no sistema de transmissao forem
desprezadas. Desde que as linhas de transmissao sao projetadas para operar com valor de
perda reduzido, as equacoes e os conceitos mostrados a seguir podem ser utilizados para
calculos rapidos, com razoavel nvel de precisao, no planejamento preliminar da operacao
das linhas de transmissao.
A figura 3.13 mostra a representacao de uma linha com a resistencia serie e a condutancia shunt desprezadas (R = G = 0). Os parametros relativos `a propagacao das
ondas de tensao e corrente na linha sao apresentados a seguir.
Impedancia caracterstica:
r
Zc =
Constante de propagacao:
= j = j LC m1
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
87
Is
Ir
+
Y
2
Vs = Vs
Y
2
Vr = Vr 00
-
2
(ou seja, atinge-se
2
1
=
f LC
1
representa a velocidade de propagacao das ondas de tensao e corrente
LC
1
ao longo da linha de transmissao sem perda. Em linhas aereas
3108 m/s,
LC
e na freq
uencia de 60 Hz, 5 106 m; ou seja, comprimentos tpicos de linhas
de transmissao sao apenas uma fracao de = 5000 km (lembrar que 0 = 4
107 H/m e 0 = 8, 85 1012 F/m).
O termo
Z = jX = jX
88
Captulo 3: Opera
c
ao das Linhas de Transmiss
ao
A Surge Impedance Loading - SIL representa a potencia liberada por uma linha
de transmissao sem perda a uma carga de fator de potencia unitario de valor igual a
impedancia caracterstica da linha. Se uma linha de transmissao sem perdas supre uma
carga de valor igual `a SIL, entao a corrente no terminal receptor e dada por
Ir =
Vr
Zc
tal que a corrente e a tensao ao longo da linha de transmissao sao expressas por
V(x) = [cos(x) + j sin(x)] Vr
Vr
I(x) = [j sin(x) + cos(x)]
Zc
(3.15)
A analise das Eqs. (3.15) indica que, desde que k cos(x) + j sin(x)k = 1, as magnitudes da tensao e da corrente no terminal receptor (x = 0) e ao longo da linha de
transmissao sao respectivamente,
Vr
|V(x)| = |Vr | e |I(x)| =
Zc
Portanto, se a carga e igual `a SIL, o perfil de tensao e horizontal, isto e, a magnitude da
tensao e da corrente em qualquer ponto da linha sem perda e constante. Por esta razao, a
potencia real suprida `a carga tambem permanece constante ao longo da linha. A potencia
reativa que flui do terminal emissor ao terminal receptor e nula, como conseq
uencia de
que os Mvar gerados pela capacitancia shunt sao iguais aqueles consumidos pela reatancia
indutiva serie.
Na tensao nominal, a potencia real liberada e dada por
SIL =
2
Vnom
Zc
onde Vnom e a tensao nominal da linha de transmissao (de fase ou de linha, dependendo
do valor de potencia desejado). A tabela 3.7 apresenta valores tpicos das impedancias
caractersticas e de surto para linhas de transmissao aereas operando na freq
uencia de 60
Hz.
Na pratica, a demanda conectada nos terminais receptores das linhas de transmissao
de potencia nao e igual `a SIL das linhas. Dependendo do comprimento e da compensacao
da linha, a carga pode variar de uma pequena fracao (durante os perodos de carga leve)
ate m
ultiplos da SIL (durante os perodos de carga pesada). Isto faz com que o perfil de
tensao ao longo da linha seja peculiar a cada tipo de carga, conforme mostra o exemplo
a seguir.
Ex. 3.6 A figura 3.14 mostra o perfil de tensao na linha de transmiss
ao da sec
ao anterior,
desprezando as perdas, para diferentes tipos de carga conectadas ao terminal receptor,
com a tensao no terminal emissor mantida constante no valor nominal. A impedancia
serie e a suscept
ancia shunt da linha valem respectivamente z = 0, 3306 /km e y =
4, 67 S/km. A imped
ancia caracterstica, a SIL e a constante de propagac
ao desta
linha valem respectivamente 266,0682 ; 2199,5 MW e 0.0012 rad/m. As grandezas
est
ao expressas no sistema por unidade, na base 765 kV e 2199,5 MVA. Com relac
ao a
esta figura, observa-se que:
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
89
Vnom (kV)
69
138
230
345
500
750
L
()
C
366-400
366-405
365-395
280-366
233-294
254-266
Zc =
2
Vnom
(MW)
Zc
12-13
47-52
134-145
325-425
850-1075
2200-2300
SIL =
circuito aberto
SIL
1
carga indutiva 1
0.8
0.6
carga indutiva 2
0.4
0.2
carga indutiva 3
0
50
100
150
Distncia (km)
200
250
300
Figura 3.14: Perfil de tensao da linha de transmissao para diferentes tipos de carga
na condic
ao `a vazio, a corrente que supre o terminal receptor e nula, isto e, Ir0 = 0,
tal que a tensao ao longo da linha aumenta de 1,0 pu (no terminal emissor) ate
1,0733 pu (no terminal receptor), segundo a express
ao Ve0 (x) = cos(x)Vr0 ;
se a imped
ancia da carga e igual `a (SIL), o perfil de tensao e horizontal no valor da
magnitude da tensao no terminal emissor, igual a 1,0 pu no presente caso;
a magnitude da tensao no terminal receptor depende da especificac
ao da carga, e em
geral esta situado entre o perfil plano e a tensao de curto circuito;
Variando-se a imped
ancia da carga de (1, 0+j1, 0)Zc a (0, 01+j0, 01)Zc , a magnitude
da tensao decresce ao longo da linha, de 0,8865 pu ate 0,0380 pu.
se a imped
ancia da carga e nula (curto circuito), Vrcc = 0 e Vcc (x) = (Zc sin(x)) Ircc ;
isto e, a tensao decresce de Vs = (Zc sin(l)) Ircc no terminal emissor ate Vrcc = 0
90
Captulo 3: Opera
c
ao das Linhas de Transmiss
ao
no terminal receptor;
Com relacao `a potencia liberada no terminal receptor de uma linha sem perda, considere o circuito -equivalente da figura 3.13, no qual a corrente no terminal receptor e
dada por
0
Ve Vr Y
Ir =
Vr
0
2
Z
0
jB
Ve Vr 00
=
Vr 00
jX 0
2
A potencia complexa no terminal receptor e dada por
0
Ve Vr
jB
Sr = V r
+
Vr2
0
jX
2
0
jVr Ve cos + Vr Ve sin jVr2 jB 2
=
+
Vr
0
X
2
0
Vr Ve cos Vr2 B 2
Vr Ve
=
sin + j
+ Vr
X0
X0
2
0
Vr Ve cos Vr2 B 2
Qr =
+ Vr
X0
2
Pr =
(3.16)
A maxima potencia que pode ser transferida ao terminal receptor sem perda de estabilidade em regime permanente ocorre quando = 900 e vale
Prmax =
Vr Ve
sin
X0
Qr (Prmax )
Vr2
B
1
0
2
X
2
0
e, desde que X = Zc sin(l) e =
, o limite de estabilidade em termos da SIL e dado
por
V pu V pu SIL
Prmax = e r
2l
sin
onde as tensoes terminais da linha sao expressas em por unidade, adotando a tensao
nominal como base.
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
91
=
2l
X0
sin
(765k)(765k)
(1, 0)(1, 0)2199, 5
2 300
99, 18
sin
5000
= 5900, 63 2, 7465SIL
Prmax =
a qual representa o limite teorico de estabilidade em regime permanente para uma linha
sem perdas, com a correspondente potencia reativa igual a -2,5579 pu. Note que a tensao
nominal da linha e a SIL foram adotados como valores base nestes calculos.
A figura 3.15 mostra a representac
ao geometrica da potencia ativa transmitida em
func
ao da variac
ao da diferenca angular entre as tensoes terminais da linha. Note que,
neste caso a potencia maxima transmitida ao terminal receptor atraves da linha de transmiss
ao sem perdas ocorre quando a abertura angular entre as tensoes terminais da linha
e 900 . Quando a abertura angular da linha e zero, nao ha fluxo de potencia atraves do
elemento serie da linha de transmiss
ao, apenas os elementos shunt da LT geram 0,1886
pu(Mvar). Na abertura angular de 21,35 graus, a linha transmite 1,0 pu(MW) e 0,0
pu(Mvar); isto e, a carga e igual a SIL da LT. A transferencia de potencia ativa maxima
de 2,7465 pu(MW) ocorre em 90 graus, com a correspondente potencia reativa igual a
-2,5579 pu(Mvar). Na abertura angular de 180 graus, o fluxo de potencia ativa atraves da
LT e zero e o de potencia reativa e igual a -5,3044 pu(Mvar). Portanto, a analise desta
figura permite as seguinte observac
oes:
o sentido do fluxo de potencia ativa varia com a abertura angular da linha de transmissao e portanto e determinado pelo fasor tensao que esta em avanco;
quando a abertura angular atinge 90 graus ( = 900 ), a transferencia de potencia
alcanca o seu valor maximo (Pr = Pmax ), o que indica que o limite de estabilidade
estatica foi atingido. Se a abertura angular ultrapassar 90 graus ( > 900 ), o sincronismo entre as barras e perdido e a potencia transmitida decresce com o aumento
da defasagem angular;
Ve Vr
o termo Pmax =
e chamado potencia de escape ou capacidade de transmiss
ao.
X0
Este termo representa a potencia maxima que a linha pode transmitir sem ultrapassar
92
Captulo 3: Opera
c
ao das Linhas de Transmiss
ao
0
Q x Delta
20
40
60
80
100
120
ngulo da Tenso (graus)
140
160
180
P jQ
Vr
P jQ
Vr
(3.17)
Supondo que a tensao no terminal emissor e mantida constante, a Eq. (3.17) pode ser
re-escrita como
Vr Ve = Vr Vr cos(l) + jZc sin(l) (P jQ)
= Vr2 cos(l) + Zc Q sin(l) + jZc P sin(l)
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
93
2
Vr2 Ve2 = Vr2 cos(l) + Zc Q sin(l) + (Zc P sin(l))2
Vr4 cos2 (l) + Vr2 2Zc Q cos(l) sin(l) Ve2 + Zc2 Q2 + P 2 sin2 (l) = 0
onde fazendo y = Vr2 , obtem-se-se a equacao quadratica
ay 2 + by + c = 0
(3.18)
onde a = cos2 (l), b = (2Zc Q cos(l) sin(l) Ve2 ) e c = Zc2 (Q2 + P 2 ) sin2 (l).
Da mesma forma que no caso da Eq. (3.13), a magnitude da tensao no terminal
receptor e obtida resolvendo-se a Eq. (3.18), a qual a rigor possui quatro solucoes, duas
das quais com significado fsico.
Ex. 3.8 A figura 3.16 mostra as curvas PV obtidas para cargas com diferentes fatores
de potencia, com a tensao no terminal emissor fixada no valor nominal, para a linha de
transmiss
ao da sec
ao anterior. No caso da linha sem perdas, observa-se que quando a
carga e igual `a potencia natural (SIL) com fator de potencia unitario, o perfil de tensao
e plano em 1,0 pu. Observe que neste caso a potencia ativa maxima correspondente `a
demanda crtica e superior `aquela correspondente ao caso das linhas de transmiss
ao com
perdas. As curvas QV correspondentes `a linha sem perda sao apresentadas na figura 3.17.
fp capacitivo
1.2
fp unitrio
fp indutivo
0.8
0.6
0.4
0.2
0.5
1.5
Potncia Ativa (pu)
2.5
94
Captulo 3: Opera
c
ao das Linhas de Transmiss
ao
1.2
Pr = Prmax
0.8
Pr = 0,75Prmax
0.6
Pr = 0,50Prmax
0.4
Pr = 0,25Prmax
0.2
0
2.5
1.5
1
0.5
Potncia Reativa (pu)
0.5
3.8
Fluxo de Pot
encia em Linhas de Transmiss
ao
A figura 3.18 mostra o circuito de uma linha de transmissao conectando duas barras i
e j, onde
Vi = Vi i e Vj = Vj j sao os fasores que representam as tensoes nodais;
Zser = Rij + jXij e Ysh = jBsh sao respectivamente a impedancia serie e a admitancia shunt da linha de transmissao;
Sij = Pij + jQij e Sji = Pji + jQji sao os fluxos de potencia aparente que saem das
barras i e j, respectivamente.
Vj j
Vi i
i
Pij
Qshi ? Q0ij
Qji
Qij ? ?Pij
Ysh
2
= j B2c
Ysh
2
Pji
? ?Qji
?Qshj
= j B2c
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
95
Vi Vj
Rij + jXij
Vi Vj
0
0
0
Sij =
Rij + jXij 2
V
V
V
(cos
+
j
sin
)
i
j
ij
ij
i
2
Rij
+ Xij2
(3.19)
1
(Rij Vi2 Rij Vi Vj cos ij + Xij Vi Vj sin ij )
+ Xij2
2
Rij
1
(Xij Vi2 Xij Vi Vj cos ij Rij Vi Vj sin ij )
+ Xij2
Pij =
0
Qij =
Pij = Pij
No caso do fluxo de potencia reativa,
0
Vi Ysh
V 2 Bc
Sshi = Vi Ishi = Vi
= j i
2
2
e entao
Vi2 Bc
2
Portanto, os fluxos de potencia ativa e reativa numa linha de transmissao sao expressos
como
Qshi =
Pij =
2
Rij
1
(Rij Vi2 Rij Vi Vj cos ij + Xij Vi Vj sin ij )
2
+ Xij
V 2 Bc
1
Qij = i
+ 2
(Xij Vi2 Xij Vi Vj cos ij Rij Vi Vj sin ij )
2
Rij + Xij2
(3.20)
96
Captulo 3: Opera
c
ao das Linhas de Transmiss
ao
2
Rij
1
(Rij Vj2 Rij Vi Vj cos ij Xij Vi Vj sin ij )
+ Xij2
Vj2 Bc
1
Qji =
+ 2
(Xij Vj2 Xij Vi Vj cos ij + Rij Vi Vj sin ij )
2
2
Rij + Xij
(3.21)
2
Rij
Rij
+ Xij2
Xij
+ Xij2
2
Rij
Bc
+ (bij Vi2 + bij Vi Vj cos ij gij Vi Vj sin ij )
2
Bc
+ (bij Vj2 + bij Vi Vj cos ji + gij Vi Vj sin ij )
2
e a soma QL = Qij + Qji e dada por
Qji = Vj2
Qij + Qji =
Bc 2
(V + Vj2 ) bij (Vi2 + Vj2 2Vi Vj cos ij )
2 i
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
97
ou seja,
Bc 2
(V + Vj2 ) bij |Vi Vj |2
2 i
O primeiro termo desta equacao pode ser identificado como a geracao de potencia
reativa nos elementos shunt, enquanto que o segundo pode ser interpretado como a perda
de potencia reativa no elemento serie da linha de transmissao. (Observe que de acordo
com as definicoes anteriores bij < 0 e Bc > 0).
Qij + Qji =
Ex. 3.9 Para ilustrar o comportamento dos fluxos de potencia, considere a linha de transmiss
ao longa da tabela 3.7 conectando as barras e e r. Os fluxos de potencia ativa e reativa
em ambos os sentidos sao calculados com auxlio das Eqs. (3.20), mantendo-se a magnitude das tensoes nos terminais constante em 1,0 pu e variando-se a abertura angular
da linha de a . A soma algebrica dos fluxos de potencia ativa Per e Pre fornece o
valor da perda de potencia ativa na transmiss
ao Pl . Observa-se ainda que, fluxos positivos
de potencia reativa Qer e Qre saem respectivamente das barras e e r, indicando que para
manter o nvel de tensao plano em 1,0 pu ambas as barras devem operar de forma a suprir
a reat
ancia da linha de transmiss
ao.
Curvas P x Delta e Q x Delta
6
Qer x Delta
Qre x Delta
Per x Delta
2
Pl (perda)
0
2
Pre x Delta
150
100
50
0
50
ngulo da Tenso (graus)
100
150
3.9
Compensac
ao de Linhas de Transmiss
ao
Esquemas de compensacao de uma linha de transmissao sao mostrados nas figuras 3.20
e 3.21. A linha de transmissao e representada por um circuito -equivalente, no qual a
98
Captulo 3: Opera
c
ao das Linhas de Transmiss
ao
Z = R + jX
Y
2
j(
X Nc
)(
)
2 100
Terminal
emissor
Y
2
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
99
Z = R + jX
Terminal
receptor
Y
2
Terminal
emissor
Y
2
B Nl
j( )(
)
2 100
B Nl
j( )(
)
2 100
Os reatores shunt sao utilizados para consumir potencia reativa gerada por linhas com
baixo carregamento. Os reatores shunt sao geralmente instalados em pontos selecionados
ao longo das linhas de transmissao de Extra Alta Tensao, de cada fase ao neutro. Os
indutores absorvem potencia reativa e reduzem as sobretensoes durante os perodos de
carga leve e/ou resultantes de surtos de chaveamentos. Entretanto, sob condicoes de plena
carga e necessario remover o seu efeito da linha de transmissao a fim de que a capacidade
de carregamento da mesma nao seja reduzido.
Os capacitores shunt sao utilizados para gerar potencia reativa em sistemas com alto
consumo de reativo e/ou muito carregados, com o objetivo de elevar a tensao num dos
terminais da linha de transmissao durante os perodos de carga pesada. No caso da
conexao desses bancos em paralelo com uma carga indutiva, os capacitores shunt fornecem
uma parte ou o suprimento total da potencia reativa. Nesta condicao, eles reduzem
a corrente transmitida para suprir a carga e portanto a queda de tensao na linha de
transmissao. Conseq
uentemente, as perdas de potencia ativa sao reduzidas, melhorando
o fator de potencia da carga e com isto uma quantidade de potencia ativa maior pode ser
transmitida pela linha de transmissao.
A figura 3.22 mostra o circuito que ilustra o uso do capacitor shunt em um barramento
visando a compensacao reativa. Neste circuito, todo o restante da rede eletrica com
excecao da barra em questao e representado pelo seu equivalente de Th`evenin. A tensao
no barramento antes do chaveamento do capacitor e igual `a tensao da fonte, isto e
Vt = Eth
Apos o chaveamento do capacitor a corrente no circuito e dada por
Ic =
Eth
Zth jXc
100
Captulo 3: Opera
c
ao das Linhas de Transmiss
ao
Chave S
Rth
jXth
+
Eth
Ic
+
Capacitor C
G
Vt
Ic jXth
Eth
Ic
Ic Rth
Vth
Vt
menta na barra onde o capacitor foi instalado. Supondo que a tensao Eth e constante,
o aumento na tensao Vt causado pela adicao do capacitor e aproximadamente igual a
Ic Zth , desde que antes do chaveamento Vt = Eth . Observe que tanto no caso dos capacitores shunt como no caso dos reatores shunt, quando a magnitude da tensao decresce a
potencia reativa envolvida por estes dispositivos tambem decresce. No caso particular dos
capacitores, em perodos de carga leve, quando a magnitude da tensao tende a aumentar,
a potencia reativa gerada por estes equipamentos tende a fazer com que a magnitude da
tensao aumente ainda mais, com o risco de exceder os limites.
Sob o ponto de vista da representacao da linha de transmissao por um quadripolo,
os esquemas de compensacao serie e shunt podem ser vistos como um agrupamento de
quadripolos, da forma mostrada na figura 3.24. O quadripolo 2 representa a linha de
transmissao enquanto que os quadripolos 1 e 3 sao iguais e representam a compensacao
reativa. Os parametros correspondentes `a compensacao serie sao dados por
A1 = A3 = 1
B1 = B3 = j(
C1 = C3 = 0
D1 = D3 = A1
X Nc
)(
)
2 100
(3.22)
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
101
B Nl
)
C1 = C3 = j( )(
2 100
D1 = D3 = A1
Ie
+
Ve
-
I1
Quadripolo 1
A1 , B1 ,
C1 , D 1
I2
+
V1
-
Quadripolo 2
A2 , B2 ,
C2 , D 2
Ir
+
V2
-
Quadripolo 3
A3 , B3
C3 , D 3
+
Vr
-
Ve
A1 B1
V1
=
Ie
C1 D 1
I1
V1
A2 B2
V2
=
I1
C2 D 2
I2
V2
A3 B3
Vr
=
I2
C3 D 3
Ir
e portanto
Ve
Ie
A1 B1
C1 D 1
A2 B2
C2 D 2
A 3 B3
C3 D3
Vr
Ir
(3.24)
102
Captulo 3: Opera
c
ao das Linhas de Transmiss
ao
0.8
(4)
0.6
(3)
(2)
(1)
0.4
(1): fp unitrio (s/comp)
(2): fp unitrio (c/comp)
0.2
(3): fp indutivo (s/comp)
(4): fp indutivo (c/comp)
0
0.5
1.5
=
=
=
=
A3 = 1
B3 = j14, 53 S (0, 0546 pu)
C3 = 0
D3 = A1
e
Aeq
Beq
Ceq
Deq
=
=
=
=
1, 0
0.0177 + j0.2549 (pu)
C3 = 0
D3 = A 1
o que resulta num aumento do limite de estabilidade estatica para 3,642 pu (sem a compensac
ao serie este limite e 2,610 pu), para o qual corresponde uma potencia reativa de
-3,89 pu (o valor sem compensacao e -2,551 pu). Portanto a compensac
ao serie resultou
num aumento de aproximadamente 39% da potencia ativa que pode ser transferida mantendo a linha plana em 1,0 pu de tensao. Entretanto, isto requer que uma quantidade
maior de potencia reativa seja suprida pelo terminal receptor ao sistema de transmiss
ao.
A figura 3.26 mostra as curvas P e Q da linha com e sem compensac
ao reativa.
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103
2
(3)
4
(4)
150
100
50
0
50
ngulo da Tenso (graus)
100
150
3.10
|Vr0 | Vrpc
100
RV (%) =
Vrpc
onde, RV (%) e a regulacao percentual de tens
ao, |Vr0 | e a magnitude da tensao no
104
Captulo 3: Opera
c
ao das Linhas de Transmiss
ao
No presente caso, a corrente na linha de transmissao e zero na condicao `a vazio (Ir0 = 0),
tal que Vs = Vr0 .
Vs = Vr0
jXIrpc
Vrpc
RIrpc
Irpc
Figura 3.27: Regulacao - carga indutiva
Vs = Vr0
jXIrpc
Irpc
RIrpc
Vrpc
Figura 3.28: Regulacao - carga capacitiva
Nas figuras 3.27 e 3.28, observa-se que a regulacao mais elevada tende a ocorrer no
caso do fator de potencia em atraso. Um valor mais reduzido da regulacao (as vezes ate
negativo) pode ser obtido no caso de fator de potencia em avanco. A regulacao de tensao
e uma figura de merito relativamente facil de se calcular e fornece uma medida escalar
da queda de tensao ao longo da linha. O valor exato desta queda de tensao e obtido
atraves da diferenca entre os fasores tensao nos terminais emissor e receptor da linha de
transmissao.
O rendimento de uma linha de transmissao e definido como:
(%) =
Pr
Pe Pl
=
100
Pe
Pe
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105
3.11
Exerccios
106
Captulo 3: Opera
c
ao das Linhas de Transmiss
ao
a corrente de plena carga a fator de potencia 0,986 adiantado, baseado no carregamento determinado no item anterior;
o valor exato da tensao no terminal receptor para a corrente de plena carga calculada
no item anterior;
a regulac
ao percentual para a corrente de plena carga.
3.2 Deseja-se transmitir 9000 MW de uma planta hidreletrica ate um centro de carga
localizado a 500 km da planta. Tomando como base o criterio de carregamento pratico
da linha (93 % da SIL), determinar o n
umero de linhas trifasicas, 60 Hz, requeridas para
transmitir esta potencia supondo a necessidade de uma linha de transmiss
ao de reserva
(a qual estara sempre fora de servico) nos seguintes casos:
LT de 345 kV, com Zc = 297;
LT de 500 kV, com Zc = 277;
LT de 765 kV, com Zc = 266;
Considere que a linha nao tem perdas, que a magnitude da tensao nos terminais emissor e receptor da LT vale respectivamente 1,00 e 0,95 pu e que a abertura angular da linha
e de 350 .
possvel transmitir a potencia requerida no exemplo anterior com 5 ao inves de
3.3 E
6 condutores, se existem duas subestac
oes intermedi
arias que dividem cada linha em tres
secoes de 167 km, e se uma sec
ao de um dos condutores da linha esta fora de servico?
3.4 Seja uma linha de transmiss
ao com uma reat
ancia serie de 30 /fase. Com o
objetivo de aumentar a sua capacidade de transmiss
ao, deseja-se reduzir a sua impedancia
por fase em 40 %, inserindo-se compensac
ao serie em cada fase. A corrente de maior
intensidade que pode fluir na linha e 1,0 kA. Considerando que a freq
uencia do sistema e
60 Hz,
calcular a capacit
ancia que deve ser instalada em cada fase, a fim de que seja feita
a compensac
ao serie desejada;
suponha que os capacitores disponveis na praca comercial tem os seguintes valores
de placa: 50 A; 2 kV . Como devem ser combinadas essas unidades num banco a
fim de efetuar a citada compensac
ao?
se a corrente fluindo na linha atinge o seu valor maximo, quantos kVars devem
produzir cada unidade? Quantos kVars sao produzidos no total?
3.5 Reatores shunt identicos sao conectados de cada fase ao neutro em ambos os terminais de uma linha de transmiss
ao trifasica com as seguintes caractersticas: 765 kV,
transposta, 60 Hz, 300 km, 0,0165 + j 0,3306 /km, j4, 674 106 S/km por fase,
0
0
Z = 97, 087, 20 , Y = 7, 4 107 + j14, 188 104 S e A = 0, 93130, 2090 pu.
Durante as condic
oes de carga leve, eles fornecem uma compensac
ao reativa de 75 %. Os
reatores sao removidos durante o perodo de plena carga. A plena carga e 1,90 kA a 730
kV e fator de potencia unitario. Supondo que a tensao no terminal transmissor e mantida
constante, determinar:
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107
a regulac
ao percentual da linha nao compensada;
a admitancia shunt e a imped
ancia equivalente da LT compensada;
a regulac
ao percentual da linha compensada;
3.6 Capacitores serie identicos sao instalados em cada fase de ambos os extremos da LT
do problema anterior, fornecendo 30 % de compensac
ao. Determinar o valor maximo da
potencia ativa que a linha compensada pode liberar e compar
a-lo com aquele da LT nao
compensada. Supor que a tensao nos extremos da LT e 765 kV.
3.7 Seja uma linha de transmiss
ao trifasica, de 130 km, com resistencia e indutancia
series por fase 0,036 /km e 0,8 mH/km, respectivamente; e capacit
ancia shunt por fase
0,0112 F/km. Com base no circuito -nominal da figura 3.29, o qual representa esta
linha media, e nas leis de Kirchhoff, determinar: (a) os valores dos par
ametros Z e Y e
os par
ametros E, F, G e H da equac
ao matricial
VR
E F
VS
=
IR
G H
IS
supondo que a mesma opera na freq
uencia de 60 Hz.
Z
IS
IR
+
VS
+
Y
2
Y
2
VR
108
Captulo 3: Opera
c
ao das Linhas de Transmiss
ao
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
109
adotando as equac
oes de uma linha longa;
Suponha que a tensao no terminal emissor permanece constante. Calcular o rendimento e a regulac
ao de tensao desta linha para cada suposic
ao do item anterior.
Qual o valor da compensac
ao reativa que fara com que esta linha se comporte como
uma linha curta?
3.13 A tensao no terminal emissor de uma linha de transmiss
ao trifasica, 60 Hz, 400
km, e 220 kV. Os par
ametros da linha sao: resistencia serie igual a 0,125 /km, reatancia
serie igual a 0,500 /km e suscept
ancia shunt igual a 3,312 S/km.
determine a corrente no terminal emissor quando o terminal receptor esta operando
`a vazio;
determine a corrente, a tensao e a potencia aparente no terminal emissor quando
o terminal receptor esta suprindo uma carga de 80 MW em 220 kV, com fator de
potencia unitario.
Suponha que a tensao no terminal emissor e mantida constante no valor calculado
para o suprimento da carga. Calcule a o rendimento e a regulac
ao de tensao da
linha para esta condic
ao.
3.14 Considere uma linha de transmiss
ao trifasica com as seguintes caractersticas: 100
km, 230 kV e 60 Hz, com resistencia serie de 0,088 /km, reat
ancia serie de 0,4654
/km por fase, suscept
ancia shunt igual a 3.524 S/km e corrente em regime normal de
operac
ao igual a 900 A. Tomando como base a potencia de 100 MVA e a tensao nominal
da linha, determine:
a potencia da linha de transmiss
ao em MVA, em regime normal de operac
ao;
a imped
ancia caracterstica e a constante de propagac
ao da LT em grandezas dimensionais;
os par
ametros do circuito -equivalente da LT em valores por unidade;
os par
ametros do quadripolo que representa a linha de transmiss
ao em valores por
unidade;
a Surge Impedance Loading (SIL) da LT em valores por unidade;
a Surge Impedance Loading, caso o comprimento da LT fosse 600 km;
a potencia maxima que pode ser transmitida pela LT desprezando as perdas.
3.15 Considere uma linha de transmiss
ao com os mesmos valores nominais da LT da
quest
ao anterior e comprimento igual a 500 km. Desprezando as perdas e a admitancia
shunt, qual o percentual de compensac
ao serie requerida para que seja possvel transmitir
potencia maxima igual 565,9 MW? Especifique a capacidade de compensac
ao em regime
permanente em termos de potencia, corrente e tensao.
110
Captulo 3: Opera
c
ao das Linhas de Transmiss
ao
Captulo 4
Fluxo de Pot
encia
4.1
Introduc
ao
Este captulo aborda o problema de fluxo de potencia, com enfase em tres aspectos.
O primeiro e a representacao analtica da operacao do sistema de potencia em regime
permanente por um conjunto de equacoes algebricas nao lineares. Para a determinacao
deste modelo, assume-se que o sistema trifasico e balanceado e a rede de transmissao e
representada pelas correspondentes impedancias de seq
uencia positiva. O segundo aspecto
enfocado diz respeito a descricao dos metodos basicos de solucao para determinar as
tensoes complexas ao longo da rede eletrica, e a partir destas calcular outras grandezas de
interesse tais como a corrente e os fluxos de potencia nas linhas de transmissao, as injecoes
de potencia etc. O terceiro aspecto mostra como as solucoes do fluxo de potencia devem
ser ajustadas visando servir de referencia a operacao do sistema em regime permanente
sob o ponto de vista pratico.
4.2
Conceitos B
asicos
Considere uma barra generica i, conforme mostrado na figura 4.1, a qual estao associados
os seguintes fasores:
Sgi e Igi : injecoes de potencia aparente e corrente, respectivamente, correspondentes
ao gerador e relacionadas segundo a equacao
Sgi
Pg jQgi
I gi = = i
Vi
Vi i
Sdi e Idi : injecoes de potencia aparente e corrente, respectivamente, correspondentes
a carga e relacionadas de acordo com a expressao
Idi =
Sdi
Pd jQdi
= i
Vi
Vi i
112
Sd i
(Jgi )
(Jdi )
Barra i
Vi
para a barra l
para a barra j
para a barra k
Si
Vi
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
113
CS
S g1
S g2
V1 = 1, 000 pu
Sd1
V2 = 1, 02 pu
Sd 2
Z12 = j0, 05 pu
Z13 = j0, 20 pu
V3 = 1, 03 pu
Sd 3
Sg3
G3
(4.1)
114
1, 0 1, 0
sin 12
0, 05
4.3
Equac
oes Est
aticas da Rede El
etrica
G2
S g1
S g2
I g1
Ig2
V1
Sd1
Sd 2
LT1
Id1
V2
LT2
Id2
LT3
V3
Sd3
Id3
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
115
S1
S2
y1
I1
y6
y2
I2
S3
I3
y3
(0) no de referencia
(y1 + y4 + y5 )
y4
y5
V1
I1
V2
I2 =
y4
(y2 + y4 + y6 )
y6
(4.2)
V3
y5
y6
(y3 + y5 + y6 )
I3
ou, na forma compacta,
Ibarra = Ybarra Vbarra
Vbarra = Zbarra Ibarra
onde, Ibarra e o vetor das injecoes de correntes nas barras; Ybarra e a matriz admitancia
de barra e Vbarra e o vetor das tensoes de barra.
Os termos da matriz admitancia de barra da Eq. (4.2) sao genericamente expressos
como
n
X
yij
Yii =
(4.3)
j=0
Yij = yij
116
V1
V1
P2 jQ2
S
I2 = 2 =
V2
V2
S
P3 jQ3
I3 = 3 =
V3
V3
I1 =
P1 jQ1
(y
+
y
+
y
)
y
y
V
1
4
5
4
5
1
V1
2 jQ2
V2
y
(y
+
y
+
y
)
y
=
4
2
4
6
6
P3 2jQ3
y5
y6
(y3 + y5 + y6 )
V3
V3
(4.4)
Vi
n
X
Yij Vj
(4.5)
j=1
a qual e usada para calcular as injecoes de potencia ativa e reativa em funcao das tensoes
complexas nodais. Um sistema generico de n barras possui 6n variaveis e n equacoes nao
lineares e complexas, semelhantes a Eq. (4.5), ou alternativamente 2n equacoes reais e
nao lineares.
As Eqs. (4.5) representam o modelo estatico do sistema de potencia de 3 barras
mostrado na figura 4.3. Estas equacoes sao algebricas e nao lineares, e a sua solucao
requer o uso de metodos numericos iterativos. Note que a freq
uencia aparece implicitamente atraves dos parametros da rede eletrica. Estas equacoes relacionam um total de 18
variaveis e podem ser decompostas em 6 equacoes reais. Desde que o n
umero de equacoes
e menor do que o de incognitas, 12 variaveis devem ter o seu valor especificado, o que e
feito observando-se que:
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
117
as demandas de potencia ativa e reativa sao conhecidas e portanto podem ser consideradas variaveis especificadas;
a magnitude da tensao (ou opcionalmente a geracao de potencia reativa) das barras
de geracao e uma variavel fisicamente controlada, e portanto pode ter o seu valor
especificado;
um angulo e adotado como referencia, de forma que todos os outros sao expressos
em relacao a este angulo;
as perdas de potencia nas linhas de transmissao nao sao conhecidas e portanto nao
e possvel especificar a priori a potencia de todos geradores simultaneamente. Uma
geracao deve permanecer em aberto para completar o balanco total de potencia do
sistema apos conhecidas as perdas.
Para ilustrar como a Eq. (4.5) e usada para estabelecer as equacoes que representam
a operacao do sistema de potencia em regime permanente, considere o sistema mostrado
na figura 4.5, o qual representa uma maquina sncrona suprindo uma carga expressa em
termos de potencia constante por 0,36 + j0,20 pu(MVA) (na base 100 MVA), atraves de
uma linha de transmissao com perdas e admitancia shunt desprezveis e reatancia de 0,25
pu(). O objetivo e determinar como deve operar a maquina de forma a suprir a carga,
num nvel de tensao satisfazendo os limites de 0,95 a 1,05 pu(kV), respeitando os limites
de capacidade do gerador sncrono.
S g1
Barra 1
(referencia)
V1
V2
Barra 2
LT
Sd1 = 0, 36 + j0, 20 pu
Figura 4.5: Diagrama unifilar para o problema exemplo
Uma analise preliminar deste problema, permite observar que 12 variaveis estao associadas a estas duas barras, 6 das quais com o valor automaticamente especificado
(Pd1 = Qd1 = 0, Pg2 = Qg2 = 0, Pd2 = 0, 36 pu, Qd2 = 0, 20 pu). As variaveis
fisicamente controlaveis na maquina sncrona sao a potencia ativa gerada (atraves do
torque mecanico da maquina primaria) e a magnitude da tensao (atraves da corrente de
excitacao). O angulo da barra 1 e adotado como referencia e a magnitude da tensao na
barra 1 e especificada em 1,0 pu, isto e V1 = 1, 000 pu. Com isto, obtem-se 2 equacoes
118
complexas da forma da Eq. (4.5) e 4 incognitas (V2 , 2 , Pg2 , Qg2 ), dadas por
P1 jQ1 =
V1
2
X
Y1j Vj
j=1
= V1 Y11 V1 + V1 Y12 V2
P2 jQ2 =
V2
2
X
(4.6)
Y2j Vj
j=1
= V2 Y21 V1 + V2 Y22 V2
A matriz admitancia de barra deste sistema e dada por
4, 0 4, 0
Ybarra = j
4, 0 4, 0
tal que a Eq. (4.6) e expressa por
P1 jQ1 =
=
P2 jQ2 =
=
(4.7)
(4.8)
(4.9)
(4.10)
2 = 5, 480
Q1 = 0, 2477 pu(M var)
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
119
V2
(pu)
0,964
0,996
V1 =1,02 pu
V1 =1,05 pu
2
(graus)
-5,25
-4,94
P1
(pu)
0,36
0,36
Q1
(pu)
0,2456
0,2427
a qual apresenta a magnitude de tensao na barra 2 abaixo do limite mnimo de 0,95 pu.
Para corrigir o nvel da tensao na barra 2, e necessario re-especificar a magnitude da
tensao na barra 1, atraves do ajuste da corrente de excitacao da maquina sncrona.
A tabela 4.1 apresenta solucoes correspondentes a duas especificacoes de tensao na
barra 1. A analise das 3 solucoes obtidas mostra que a magnitude da tensao na barra
2 e indiretamente controlada pela magnitude da tensao na barra 1. Conforme o nvel
de tensao aumenta, menores aberturas angulares da linha de transmissao sao necessarias
para suprir potencia ativa da carga e menores quantidades de potencia reativa circulam
na linha.
4.4
Formulac
ao do Problema de Fluxo de Pot
encia
Ii =
X
Si
=
Yij Vj
Vi
j=1
Si = Vi
n
X
Yij Vj
j=1
Desde que
Si = (Vi i )
n
X
Yij (Vj j )
j=1
entao
Si
= Vi
n
X
Yij (Vj ji )
j=1
onde ji = j i , tal que separando esta equacao em partes real e imaginaria, obtem-se
as expressoes das injecoes de potencia ativa e reativa em funcao do angulo e da magnitude
das tensoes nodais, isto e,
Pi (V, ) = Vi
n
X
j=1
Qi (V, ) = Vi
n
X
j=1
(4.11)
(Gij sin ij Bij cos ij )Vj
120
n
X
Qi = (Qgi Qdi ) Vi
j=1
n
X
(4.12)
j=1
= Piesp + jQesp
i
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
121
4
Gb4
Pd4 + jQd4
Figura 4.6: Diagrama do sistema de 4 barras
122
Barra
1
2
3
4
V
(pu)
(graus)
Pg
pu
0,00
0,00
0,00
Pd
pu
0,80
0,00
0,00
0,20
Qg
pu
0,00
0,00
Qd
pu
0,20
0,00
0,00
0,10
P min
pu
P M ax
pu
Qmin
pu
QM ax
pu
0,0
0,0
0,80
0,60
-0,10
-0,05
0,20
0,10
Linha
Zser
Yser
1-2
2-3
2-4
3-4
(pu)
0,02 + j 0,06
0,06 + j 0,18
0,06 + j 0,18
0,01 + j0,03
(pu)
5,0 - j 15,0
1,66 - j5,0
1,66 - j5,0
10,0 - j30,0
Ysh
2
(pu)
j0,03
j 0,02
j 0,02
j 0,01
+5, 00 j14, 97
5, 00 + j15, 00
Ybarra =
1, 66 + j5, 00
+11, 6 j34, 97
10, 0 + j30, 0
1, 66 + j5, 00
10, 0 + j30, 0
+11, 6 j34, 97
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
123
= Y11 V1 + Y12 V2
= Y21 V1 + Y22 V2 + Y23 V3 + Y24 V4
= Y32 V2 + Y33 V3 + Y34 V4
= Y42 V2 + Y43 V3 + Y44 V4
11, 66V32
124
=
=
=
=
=
0, 80
0, 20
0, 00
0, 00
+0, 20
4.5
M
etodos de Soluc
ao
Soluc
ao via M
etodo de Gauss-Seidel
Considere que o sistema de equacoes a ser resolvido e expresso por
f (x) = 0
(4.14)
onde f e um vetor coluna, de dimensao n, cujos componentes sao funcoes nao lineares
das n variaveis componentes do vetor x, isto e,
f1 (x1 , x2 , x3 . . . , xn )
f2 (x1 , x2 , x3 . . . , xn )
f3 (x1 , x2 , x3 . . . , xn )
f (x) =
(4.15)
..
..
. ... .
f (x , x , x . . . , x )
n 1
2
3
n
e 0 e um vetor nulo de dimensao n.
Supondo que a Eq. (4.15) e convertida para a forma
x1 = F1 (x1 ,
x2 = F2 (x1 ,
x3 = F3 (x1 ,
..
.
x2 , x3 . . . , xn )
x2 , x3 . . . , xn )
x2 , x3 . . . , xn )
..
...
.
xn = Fn (x1 , x2 , x3 . . . , xn )
(4.16)
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
125
onde cada variavel do vetor x e expressa em funcao das outras variaveis (e da propria
variavel, se for necessario); o metodo iterativo de Gauss consiste em executar os
seguintes passos:
estimativa inicial do vetor x;
atualizacao do vetor x:
x(k) = F(x(k1) )
onde k e o n
umero da iteracao corrente;
Teste de convergencia nas variaveis - o processo e encerrado quando a diferenca
entre os valores de cada variavel em duas iteracoes consecutivas for menor do
que uma tolerancia especificada , isto e,
|x(k) x(k1) |
Com o objetivo de obter maior rapidez de convergencia no processo iterativo, o
metodo de Gauss-Seidel utiliza o valor mais atualizado de cada variavel na Eq.
(4.16). Por exemplo, na iteracao k a variavel x3 e dada por
(k)
(k)
(k)
(k1)
x3 = F3 (x1 , x2 , x3
. . . , x(k1)
)
n
(k1)
xiac = xi
(k)
+ xi
!
n
X
1
Pi jQi
Vi =
Yik Vk ,
Yii
Vi
k=1, k6=i
i = 1, 2, . . . , n
(4.17)
Um conjunto de equacoes da forma (4.17) e resolvido atraves do metodo de GaussSeidel. Cada uma dessas equacoes e estabelecida de acordo com o tipo da barra em
questao, conforme descrito a seguir.
126
1
=
Yii
Piesp jQesp
i
(k1)
Vi
n
X
!
Yij Vjat
(4.18)
j=1, j6=i
Vi
1
=
Yii
Piesp jQcalc
i
(k1)
Vi
n
X
Yik Vkat ,
i = 1, 2, . . . , n
(4.19)
k=1, k6=i
Qcalc
= Im{Viat
i
n
X
Yij Vjat }
(4.20)
j=1
Vi
(k)
(k)
= Vi i
1
P1 jQ1
V1 =
Y12 V2
Y11
V1
1
P2 jQ2
V2 =
Y21 V1 Y23 V3 Y24 V4
Y22
V2
1
P4 jQ4
V4 =
Y42 V2 Y43 V3
Y44
V4
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
127
ou em termos numericos,
1
V1 1 =
5, 0 j14, 97
1
V2 2 =
8, 32 24, 9
1
1, 024 =
11, 6 j34, 9
0, 80 + j0, 20
(5, 0 + j15, 0)V2 2
V1 1
0, 0 j0, 0
(5, 0 + j15, 0)V1 1
V2 2
(1, 66 + j5, 0)1, 033 (1, 66 + j5, 0)1, 024 )
0, 20 jQ4
0
(1, 66 + j5, 0)V2 2 (10, 0 + j30, 0)(1, 030 )
1, 02 4
(4.21)
Vi
(k1)
= +Vi
(k)
+ (Vi
(k1)
Vi
(4.22)
Limites de Pot
encia Reativa
Para representar a capacidade fsica dos geradores, limites de potencia reativa sao estabelecidos para cada nvel de potencia ativa especificada. Esses limites, os quais sao obtidos
com auxlio da curva de capabilidade dos geradores sncronos, podem ser representados
atraves da inequacao
max
Qmin
gi Qgi Qgi
onde Qmin
e Qmax
sao os limites mnimo e maximo de gerac
ao de potencia reativa. Degi
gi
pendendo do nvel de carregamento do sistema de potencia, a especificac
ao da magnitude
da tensao (valores demasiadamente altos ou baixos) pode levar `a violac
oes desta restric
ao
de desigualdade no processo iterativo. O procedimento adotado para o tratamento deste
tipo de restricao de potencia consiste no seguinte:
caso durante o processo iterativo o limite de potencia reativa gerada for violado, a
barra correspondente e convertida em barra de carga. Isto e, a injec
ao de potencia
reativa e fixada no limite e a magnitude da tensao passa a ser uma vari
avel adicional
calculada ao longo das iterac
oes.
Teste de Converg
encia
A convergencia do processo iterativo na soluc
ao do fluxo de potencia via metodo de GaussSeidel e realizada em duas etapas. A primeira consiste em verificar a cada iterac
ao se as
variacoes na magnitude e no angulo da tensao complexa sao significativos. Ou seja, se
|Viv Viv1 | V
128
onde V e uma tolerancia pre-especificada para a tensao complexa, para todas as barras
de carga (P Q) e de tensao controlada (P V ) envolvidas no processo. Caso este teste seja
satisfeito, um teste semelhante e efetuado para os resduos de potencia ativa e reativa, isto
e
|Pesp
Pcalc
| P (barras P V e P Q)
i
i
|Qesp
Qcalc
| Q
i
i
(barras P Q)
Algoritmo
O procedimento para resolver as equac
oes nao lineares do fluxo de potencia atraves do
metodo de Gauss-Seidel podem ser sumarizados no seguinte algoritmo: k = 0, especificar
os valores iniciais das tensoes nas barras e formar a matriz admitancia de barra,
1. Para i = 1, n, calcule a tensao complexa de caordo com o tipo de barra:
Barra P V : calcule a potencia reativa gerada utilizando a Eq. (4.20) e verifique
os limites correspondentes, isto e,
se Qcalc
esta dentro dos limites, compute a magnitude da tensao Vi atraves
i
da Eq. (4.19) e atualize apenas o angulo da tensao complexa da barra;
se Qcalc
esta fora dos limites, especifique a gerac
ao de potencia reativa
i
no limite violado, converta a barra PV para barra PQ e calcule a tensao
complexa na barra utilizando a Eq. (4.18);
Barra P Q: calcule a tensao complexa na barra utilizando a Eq. (4.18);
2. Teste de convergencia nas tensoes complexas: se |Viv Viv1 | V para todas as
barras, prossiga ao proximo passo; caso contr
ario, atualize as tensoes complexas
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
129
(barras P V e P Q)
|Qesp
i
(barras P Q)
Qcalc
|
i
Soluc
ao via M
etodo de Newton-Raphson
O metodo de Newton-Raphson e baseado numa seq
uencia de aproximac
oes de primeira
ordem em serie de Taylor, em torno de uma serie de pontos calculados ao longo do processo
iterativo. Se uma raiz estimada x(k) de uma simples equac
ao algebrica nao-linear f (x) e
conhecida, entao uma aproximac
ao melhor pode ser obtida atraves de
x(k+1) = x(k) + x
onde
x =
f (x(k) )
f 0 (x(k) )
f1 (x1 , x2 , . . . , xn )
f2 (x1 , x2 , . . . , xn )
=0
f (x) =
...
...
...
fn (x1 , x2 , . . . , xn )
supondo que uma estimativa inicial x(k) e conhecida, uma nova aproximac
ao da soluc
ao e
dada por
x(k+1) = x(k) + x
ou
f (x)
x =
x
(4.23)
x=x(k)
Qi = (Qgi Qdi ) Vi
j=1
(4.24)
130
(4.25)
j=1
Ppv,pq
H N
pv,pq
=
(4.26)
Qpq
M L
Vpq
onde
H=
Ppv,pq
pv,pq
N=
Ppv,pq
Vpq
M=
Qpq
pv,pq
L=
Qpq
Vpq
cos ij
= sin ij
j
sin ij
= cos ij
i
sin ij
= cos ij
j
o que resulta em
n
X
Hii = Vi
k=1, k6=i
= Qcalc
Vi2 Bii
i
(4.27)
Mii =
k=1, k6=i
(4.28)
Nii = +Vi
k=1, k6=i
(Picalc
+ Vi2 Gii )
(4.29)
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
Lii = Vi
n
X
131
k=1, k6=i
(4.30)
= (Qcalc
Vi2 Bii )
i
Lik = Vi (Gik sen ik Bik cos ik )Vk
Algoritmo
O processo iterativo para a soluc
ao do problema de fluxo de potencia via metodo de
Newton-Raphson pode ser sumarizado no seguinte algoritmo: k = 0, especifique valores
(k)
(k)
iniciais para a magnitude e angulo das tensoes Vi e i ,
1. Faca k = k + 1;
2. Calcule os desbalancos de potencia ativa e reativa utilizando as Eqs. (4.24) e (4.25);
3. Verifique a convergencia do processo iterativo: se
|Pesp
Pcalc
| P
i
i
(barras P V e P Q)
|Qesp
i
(barras P Q)
Qcalc
|
i
132
Qesp
1 Q1 (V, ) = 0
P2esp P2 (V, ) = 0
Qesp
2 Q2 (V, ) = 0
P4esp P4 (V, ) = 0
Adotando o perfil plano de tensoes como solucao inicial, na primeira iteracao o vetor
dos desbalancos de potencia e dado por
0, 8000
P1
P2 0, 0833
P4 = 0, 0455
Q1 0, 1700
0, 3200
Q2
e a matriz Jacobiana e expressa por
J=
15, 00 15, 00
0, 00
5.00
5.00
15, 00
25, 25 5.15
5.00
8.25
0, 00
5.15 36, 66
0, 00
1.71
5.00
5.00
0, 00
14, 94 15, 00
5.00
8.41
1.71 15, 00
24, 61
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
133
1
2
4 =
V1
V2
0, 1164
0, 0718
0, 0090
0, 0348
0, 0080
0, 1164
1
2 0, 0718
4 = 0, 0090
V1 0, 9651
0, 9914
V2
sao
Barra
Tipo
1
2
3
4
PQ
PQ
folga
PV
V
(V)
0,955
0,984
1,020
1,030
graus
-6,91
-4,19
0,00
-0,56
Pg
MW
0,00
0,00
63,81
40,00
Qg
Mvar
0,00
0,00
-36,42
62,02
Pd
MW
80,00
0,00
0,00
20,00
Qd
Mvar
20,00
0,00
0,00
10,00
Solu
c
ao via M
etodos Desacoplados
As equacoes basicas do metodo de Newton-Raphson sao derivadas da expansao em serie de
Taylor, omitindo-se os termos de 2a ordem em diante. As correc
oes a cada iterac
ao sao, portanto, aproximacoes, porem o valor da func
ao e calculado de forma exata a cada iterac
ao.
Assim, a solucao desejada pode ser obtida com qualquer grau de precisao continuando-se o
processo iterativo, e a mesma nao e dependente da precisao da correc
ao. Isto implica numa
aproximacao alternativa dos termos (envolvendo a 1a derivada) da matriz Jacobiana. Um teste
simples que permite observar certas caractersticas peculiares, consiste em resolver uma equac
ao
a
quadratica pelo metodo de Newton-Raphson substituindo a 1 derivada por uma constante arbitraria. Nota-se que, a despeito desta aproximac
ao uma boa convergencia pode ser alcancada,
se a constante deve ser selecionada de forma que as equac
oes ainda mantenham as propriedades
de convergencia. Desde que a nao-linearidade das equac
oes envolvidas no problema de fluxo
de potencia nao e acentuada e estas equac
oes sao bem definidas em termos de caractersticas
numericas, a estrategia de solucao pode explorar com vantagem essas particularidades.
134
Ppv,pq
Qpq
H 0
0 L
pv,pq
Vpq /V
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
135
Hij Bij =
1
Xij
Hii Bii =
X 1
Xij
ji
(4.31)
Xij
2 ) = Bij
+ Xij
00
Lij Bij =
X 1
00
Lii Bii =
= Bii
Xij
2
(Rij
ji
Algoritmo
0
00
(barras P V e P Q)
|Qesp
i
(barras P Q)
Qcalc
|
i
00
136
Fluxo de Pot
encia Linearizado
Uma solucao do fluxo de potencia utilizada freq
uentemente em estudos onde nao se requer
demasiada precisao da solucao, e aquela baseada num modelo representado por um conjunto de
equacoes lineares. Para estabelecer este modelo, supoe-se que:
as aberturas angulares das linhas de transmissao sao pequenas, tal que
cos ij 1, 0;
sin ij ij (em radianos).
a magnitude da tensao ao longo do sistema e igual a 1, 0 pu e portanto a malha QV nao
e considerada;
a relacao X/R das linhas de transmissao e alta (Xij Rij ), de forma que a resistencia
serie (e portanto as perdas de potencia ativa) nas linhas de transmissao sao desprezadas.
Com estas aproximacoes, o fluxo de potencia ativa numa linha sem perda e dado por
Pij =
i j
Xij
(4.32)
n
X
n
X
Pij =
(1/Xij )(i j )
j=1
Pi =
j=1
n
X
Bij i +
j=1
Pi = i
n
X
n
X
Bij j
j=1
Bij +
j=1
n
X
Bij j
j=1
(4.33)
n
X
1
Xij
j=1
Bij =
1
Xij
(4.34)
A Eq. (4.33) considera todas as barras da rede eletrica e, desde que as perdas de potencia
ativa nas linhas de transmissao sao desprezadas, e possvel expressar a injec
ao de potencia ativa
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
137
P=B
(4.35)
16, 67 16, 67
0, 00
0, 00
16, 67
27, 77 5, 55 5, 55
B=
0, 00 5, 55
38, 88 33, 33
0, 00 5, 55 33, 33
38, 88
e o vetor das injecoes de potencia e dado por
P1
80, 00
P2
0, 00
P3 = 60, 00
P4
20, 00
MW
1
0, 1227
2 = 0, 0747 radianos
4
0, 0055
e os fluxos nas linhas de transmissao, calculados com a Eq. (4.32), sao dados por
P12
0, 8000
P23 0, 4154
P24 = 0, 3846
P34
0, 1846
4.6
pu
Ajustes e Controles
O calculo do fluxo de potencia e um dos importantes estudos requeridos na analise dos sistemas de
energia eletrica em regime permanente. Os resultados deste calculo sao utilizados nos estagios
de projeto, planejamento e operac
ao dos sistemas de potencia. O objetivo deste problema e
determinar a solucao das equacoes da rede eletrica em regime permanente, de forma que:
a demanda seja satisfeita;
o perfil de tensao esteja dentro de limites pre-especificados;
as linhas de transmissao e os equipamentos operem sem sobrecarga;
138
Pd1 + jQd1
Pd3 + jQd3
GS
1
1 : t34
T34
1 : t56
6
T56
GS
Pd6 + jQd6
Pd5 + jQd5
Pd2 + jQd2
Por ser a barra com maior capacidade de geracao de potencia ativa, a barra 1 foi selecionada
como barra de folga do sistema. A demanda total de potencia ativa e 135 MW, os quais devem
ser supridos pelos geradores das barras 1 e 2. Visando manter uma certa margem (reserva)
com relac
ao ao limite maximo de gerac
ao, a potencia gerada na barra 2 foi especificada em
50 MW. A magnitude da tensao nas barras 1 e 2 foi especificada em 1,0 pu. As reatancias
dos elementos de transmissao conectando as barras 3-4 e 5-6 correspondem a transformadores
com tap vari
avel, cuja finalidade e controlar a magnitude da tensao nessas barras. A faixa de
variacao da magnitude da tensao nas barras e dos taps e 0,90 a 1,10 pu, tendo sido ambos os taps
selecionados inicialmente em 1,0 pu. Com estas especificac
oes, a soluc
ao do fluxo de potencia
atraves do metodo de Newton-Raphson e mostrada na tabela 4.6.
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
Barra
Tipo
1
2
3
4
5
6
folga
PV
PQ
PQ
PQ
PQ
Pgmin
(MW)
0.00
0.00
PgM ax
(MW)
150.00
100.00
139
Qmin
g
(Mvar)
-20.00
-20.00
ax
QM
g
(Mvar)
40.00
40.00
Pd
(MW)
0.00
0.00
55.00
0.00
30.00
50.00
Qd
(Mvar)
0.00
0.00
13.00
0.00
18.00
5.00
Shunt
(Mvar)
De
1
1
2
2
3
4
5
P ara
4
6
3
5
4
6
6
R(%)
8.00
12.30
72.30
28.20
0.00
9.70
0.00
X(%)
37.00
51.80
105.0
64.00
13.30
40.70
30.00
Bsh (%)
3.00
4.20
0.00
0.00
0.00
3.00
0.00
Tipo
1
2
3
4
5
6
folga
PV
PQ
PQ
PQ
PQ
V
(V)
1,000
1,000
0,844
0,867
0,814
0,847
graus
0,0000
-3,87
-15,27
-11,20
-14,69
-14,16
Pg
MW
97,44
50,0
-
Qg
Mvar
49,35
21,15
-
Pd
MW
55,0
0,00
30,0
50,0
Qd
Mvar
13,0
0,00
18,0
5,00
140
Barra
Tipo
1
2
3
4
5
6
folga
PV
PQ
PQ
PQ
PQ
V
(V)
1,100
1,000
0,921
0,951
0,896
0,921
graus
0,0000
-0,90
-12,26
-8,84
-11,27
-11,03
Pg
MW
96,14
50,0
-
Qg
Mvar
63,29
2,72
-
Pd
MW
55,0
0,00
30,0
50,0
Qd
Mvar
13,0
0,00
18,0
5,00
4.7
Exerccios
2
j0, 2pu
j0, 04pu
j0, 1pu
100 MVA
cos = 0, 8
adiantado
j0, 2pu
G1
j0, 2pu
j0, 1pu
j0, 04pu
j0, 2pu
230 kV
138 kV
69 kV
200 MW
cos = 0,8 atrasado
CS
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
141
zser ()
2, 88 + j8, 64
11, 52 + j34, 56
8, 64 + j25, 92
8, 64 + j25, 92
5, 76 + j17, 28
1, 44 + j4, 32
11, 52 + j34, 56
yshunt (S)
j416, 67
j347, 22
j277, 78
j277, 78
j208, 33
j138, 89
j347, 22
Linha
1-2
1-4
3-4
-
Zser
(pu)
j 1,00
j 1,25
j 1,00
-
Barra
1
2
3
4
V
(pu)
1,02
1,05
(graus)
00
Pg
pu
Pd
pu
1,20
0,00
0,00
0,50
0,00
1,50
Qg
pu
Qd
pu
0,00
0,00
0,5
0,00
0,50
142
Barra
1
2
3
Tipo
V
PQ
PV
P
-0, 005
-0, 15
Q
-0, 002
-
V
1, 0
0, 98
0, 00
-
Linha
12
13
23
rser
0, 10
0, 20
0, 10
xser
1, 00
2, 00
1, 00
bshunt
0, 01
0, 02
0, 01
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
143
Pd1 + jQd1
Pd3 + jQd3
GS
CS
1 : t34
T34
1 : t56
6
T56
GS
Pd6 + jQd6
Banco de Capacitores
Pd2 + jQd2
V1
V2
Sd 2
Z12 = j0, 25 pu
Z13 = j0, 15 pu
Z23 = j0, 25 pu
V3
Sd 3
144
Linha
1-2
1-3
2-3
zser
(/km)
0,26+j0,52
0,26+j0,52
0,26+j0,52
Comprimento
(km)
13
9,75
6,5
Barra
1
2
3
V
(pu)
1,000
0,990
1,000
(graus)
0
1, 7401
1, 7412
Pd
pu
0,00
0,900
0,600
Qd
pu
0,00
0,300
0,200
4.10 A tabela 4.12 mostra os dados de um sistema de tres barras e o correspondente resultado
do fluxo de potencia. Despreze o efeito capacitivo das linhas de transmiss
ao e considere a
existencia de um gerador na barra 1 e de um compensador sncrono na barra 3.
1. determine a potencia do compensador sncrono instalado na barra 3;
2. determine a potencia aparente gerada na barra de folga;
3. calcule as perdas de potencia ativa e reativa do sistema de transmiss
ao;
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
Linha
1-2
1-3
2-3
Zser
(pu)
0,020 + j 0,040
0,015 +j 0,030
0,010 +j 0,020
145
Barra
1
2
3
V
(pu)
1,000
0,990
1,000
(graus)
0
1, 7401
1, 7412
Pd
pu
0,00
0,900
0,600
Qd
pu
0,00
0,300
0,200
4. na formulac
ao do problema de fluxo de potencia, a barra 3 poderia ser classificada como
uma barra PV? Justifique a sua resposta;
5. determine a matriz admit
ancia de barra deste sistema.
4.11 Seja um sistema de potencia de tres barras, conectadas em anel atraves de tres linhas de
transmiss
ao de resistencias desprezveis e reat
ancias X12 = 0, 33 pu, X13 = 0, 50 pu e X23 = 0, 50
pu. As demandas de potencia ativa nas barras 2 e 3 s
ao respectivamente 0,5 pu(MW) e 1,0
pu(MW). Considerando a barra 1 como referencia angular e utilizando o modelo de fluxo de
potencia linearizado,
1. determine os fluxos de potencia nas linhas de transmiss
ao, supondo uma compensac
ao
reativa serie de 30 % na linha de transmiss
ao;
2. calcule o valor da compensac
ao reativa serie que deve ser utilizada na linha 1-3, de modo
que o fluxo de potencia ativa na linha 1-2 n
ao ultrapasse 0,5 pu(MW);
3. calcule o valor da compensac
ao reativa serie que deve ser utilizada na linha 1-3, de modo
que o fluxo de potencia ativa na linha 2-3 seja 0,5 pu(MW);
4.12 Considere um sistema de quatro barras, conectadas em anel por linhas de transmiss
ao
com reat
ancias X12 = X13 = X24 = X34 = 0, 01 pu (). Suponha que unidades geradoras est
ao
instaladas nas barras 1 e 3 e que as cargas das barras 2, 3 e 4 s
ao respectivamente Sd2 = 1,0 +
j0,0 pu(MVA), Sd3 = 0,25 + j0,0 pu(MVA) e Sd4 = 1,0 + j0,0 pu(MVA). Adotando a barra 1
como referencia angular,
1. Determine a matriz admit
ancia nodal e as equac
oes do modelo de fluxo de potencia linearizado.
2. Usando as equac
oes n
ao lineares do fluxo de potencia, calcule as potencias aparentes geradas nas barras 1 e 3, supondo que as tens
oes complexas nessas barras s
ao V1 = V1 =
0
1, 00 pu.
3. Determine as perdas reativas nas linhas de transmiss
ao para as condic
oes do item anterior.
146
Captulo 5
An
alise de Curto Circuito
5.1
Introduc
ao
Este captulo apresenta a base teorica do estudo do curto-circuito em sistemas de energia eletrica.
Inicialmente, descreve-se o fundamento analtico da analise de faltas simetricas, ou seja, daquelas cuja ocorrencia nao causa desbalanco entre as fases do sistema trifasico. Este tipo de curto
circuito envolve simultaneamente as tres fases do sistema eletrico e a sua formulac
ao analtica
e de grande auxlio para a compreensao do estudo de curto circuito. Posteriormente, enfoca-se
a analise do curto circuito desbalanceado. para esta finalidade, utiliza-se o conceito de decomposicao em componentes simetricos, apresentado no captulo 1 para a soluc
ao de circuitos
trifasicos desequilibrados. No presente caso, o aspecto complementar enfocado e a analise do
gerador sncrono operando em vazio, submetido a faltas assimetricas e a sua correlac
ao com os
circuitos equivalentes de Thevenin das redes de seq
uencia. Isto forma a base do procedimento
tradicional do estudo de faltas assimetricas.
5.2
O estudo das faltas nas redes de energia eletrica visa determinar as correntes e tensoes resultantes
da ocorrencia de um curto circuito. Essas faltas podem ser de varios tipos, envolvendo um ou
mais elementos do sistema de potencia, sendo geralmente classificadas em ordem decrescente de
freq
uencia de ocorrencia. A tabela 5.1, a qual foi transcrita de [5], mostra um levantamento
dos ndices de ocorrencia dos tipos de falta em tres linhas de transmissao da Boneville Power
Administration (BPA) e da Swedish State Power Board (SSPB), com diferentes nveis de tensao
nominal.
148
Captulo 5: An
alise de Curto Circuito
As faltas podem ainda ser permanentes ou transitorias. As primeiras sao irreversveis. Apos
a atuacao da protecao, o fornecimento de energia eletrica nao podera ser restabelecido sem que
sejam efetuados os devidos reparos na rede defeituosa. Esse tipo de falta pode ocorrer, por
exemplo, devido ao rompimento dos condutores. As faltas transitorias sao aquelas que ocorrem
sem danos fsicos ao sistema de potencia. Isto significa que a operac
ao normal da rede eletrica
podera ser restabelecida sem maiores dificuldades apos a atuac
ao da protec
ao, cujo estudo
envolve basicamente:
a calibracao dos reles sensveis a falta, que comandam os equipamentos de protec
ao;
a capacidade dos equipamentos que devem interromper a corrente na linha com defeito
(disjuntores, religadores automaticos, chaves fusveis);
a caracterstica desejavel nos equipamentos (geradores, transformadores, barramentos) no
que diz respeito a suportar os esforcos impostos durante o defeito.
Para se ajustar adequadamente os reles, determinar as caractersticas de interrupcao dos
disjuntores e estimar os esforcos sobre os equipamentos do sistema e necessario calcular algumas
grandezas basicas para esta finalidade, tais como:
a corrente de falta;
as tensoes pos-falta em todas as barras do sistema;
as correntes pos-falta ao longo de toda a rede;
O texto a seguir descreve os fundamentos teoricos usados na analise de curto circuito.
5.3
M
aquina Sncrona sob Curto-Circuito Trif
asico
A modelagem da maquina sncrona para a analise de faltas e feita com base no seu comportamento sob condicoes de um curto circuito trifasico nos seus terminais. A figura 5.1 mostra o
circuito monofasico equivalente de um gerador sncrono operando em vazio, sujeito a um curto
circuito trifasico solido.1
i(t)
+
Chave fecha
em (t = 0)
e(t)
-
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
149
i(t) =
Vm
Z
Rt
sin(t + ) sin( ) exp L
L
onde Z = R2 + 2 L2 e = arctan(
).
R
A corrente de curto circuito e expressa por
i(t) = iac (t) + icc (t)
Rt
Vm
Vm
onde iac (t) =
sin(t + ) e icc (t) =
sin( ) exp L sao denominadas respectivaZ
Z
mente componente alternada e componente contnua da corrente de curto circuito. Em geral a
componente contnua existe em t = 0 e sua magnitude pode ser tao grande quanto a da corrente
de regime permanente.
O valor da corrente de curto circuito i(t) depende do angulo , da onda de tensao. Como
o instante em que ocorre a falta nao e previsto, nao e conhecido a priori. Alem disso, desde
que as tensoes trifasicas do gerador sncrono estao defasadas de 1200 , cada fase tera um valor
diferente da componente de corrente contnua. Esta componente decresce rapidamente, em geral
dentro de 8 a 10 ciclos.
O valor da indutancia L e suposto constante, apesar de que `a rigor imediatamente apos a
ocorrencia da falta a reatancia da maquina sncrona varia com o tempo. Assim, costuma-se
representar o gerador sncrono por uma tensao constante em serie com uma impedancia variante
no tempo, a qual consiste basicamente da reatancia indutiva, desde que a resistencia das bobinas
da armadura e muito menor em magnitude do que a reatancia do eixo direto.
A forma da corrente de falta, que pode ser registrada por um oscilografo, representac
ao na
qual freq
uentemente a componente contnua da corrente e removida. Nesses registros, pode ser
verificado que a amplitude da forma senoidal decresce de um valor inicial alto ate um valor de
regime permanente mais baixo. Observa-se que o fluxo magnetico associado `as correntes de curto
circuito na armadura (ou pela fmm resultante na armadura) inicialmente percorre os caminhos
de alta relutancia que nao enlacam o enrolamento de campo ou os circuitos amortecedores
da maquina. Segundo o Teorema dos Fluxos de Dispersao Constante, o enlace de fluxo num
caminho fechado n
ao pode variar instantaneamente. A indutancia da armadura e inversamente
proporcional a relutancia, e portanto seu valor e inicialmente baixo. Na medida em que o fluxo
percorre os caminhos de relutancia mais baixa, a indutancia da armadura aumenta.
Uma interpretacao alternativa indica que o fluxo magnetico atraves do entreferro da maquina
possui valor elevado no instante de tempo em que a falta ocorre, apos o qual comeca a decrescer.
Quando a falta ocorre nos terminais da maquina sncrona, algum tempo e necessario ate a
reducao do fluxo atraves do entreferro. Desde que a tensao produzida pelo fluxo no entreferro
regula a corrente, enquanto o fluxo decresce a corrente da armadura tambem decresce.
A componente alternada da corrente de falta iac (t) pode ser modelada por um circuito RL
serie com indutancia variante no tempo L(t) ou reatancia X(t) = L(t). Para o calculo da
corrente de falta, esta reatancia variante pode ser representada por tres valores basicos:
00
a reatancia transitoria de eixo direto, denotada Xd , que predomina durante alguns ciclos
em 60 Hz (ate 0,2-2,0 segundos). Este valor inclui a reatancia de dispersao do estator e as
150
Captulo 5: An
alise de Curto Circuito
00
00
10
ia, A
10
15
0.1
0.2
0.3
0.4
t, sec
0.5
0.6
0.7
0.8
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
151
20
ib, A
15
10
0.1
0.2
0.3
0.4
t, sec
0.5
0.6
0.7
0.8
ic, A
10
15
20
25
0.1
0.2
0.3
0.4
t, sec
0.5
0.6
0.7
0.8
Observa-se nestas figuras, que a magnitude da corrente e alta no instante imediato apos a
ocorrencia da falta e tende a se manter constante apos um determinado intervalo de tempo. Os
diferentes valores da reatancia da maquina sncrona durante o curto circuito trifasico sao dados
por
Emax
Emax
Emax
00
0
Xd = 00
Xd = 0
Xd =
Imax
Imax
Imax
onde Emax e a tensao maxima fase-neutro pre-falta do gerador. Apesar da sua variac
ao inicial,
valores constantes de reatancia sao utilizados nos diferentes tipos de modelagem. Assim, a
00
0
reatancia subtransitoria Xd e usada na analise de curto circuito, a reatancia transitoria Xd e
usada em estudos de estabilidade transitoria e a reatancia sncrona Xd e utilizada em estudos
152
Captulo 5: An
alise de Curto Circuito
de regime permanente.
5.4
Curto-Circuito Trif
asico
Na analise de curto circuito, supoe-se que antes da falta ocorrer o sistema esta operando em
regime permanente, tal que o fluxo de potencia nas linhas de transmissao e as tensoes complexas
nas barra sao conhecidos. Se um curto-circuito trifasico ocorre na barra j, a determinac
ao
das correntes que circulam na rede eletrica requer a definic
ao das premissas sumarizadas nas
subsecoes a seguir.
Condi
c
ao de operac
ao pr
e-falta
` rigor, a condicao de operacao da rede eletrica antes da falta e representada pelas correntes e
A
tensoes nodais obtidas na solucao do problema de fluxo de potencia. Porem, em funcionamento
normal as tensoes sao mantidas proximas ao seu valor nominal, de forma que as correntes prefalta sao quase que puramente reais. Por outro lado, a variac
ao da corrente nas linhas devida
a falta e predominantemente reativa. Assim, a corrente total, que e a expressa como a soma
vetorial de duas correntes (pre e pos-falta) defasadas de quase 900 , e praticamente igual `a maior
dessas duas correntes. Isto equivale a ignorar as cargas e as admitancias shunt e adotar as
seguintes hipoteses simplificadoras:
as correntes pre-falta sao nulas
as tensoes pre-falta sao todas iguais a 100 pu (ou a um valor pre-especificado).
Representa
c
ao da rede el
etrica
Para determinar o circuito equivalente da rede antes da falta, deve-se inicialmente modelar
analiticamente cada componente componentes do sistema, basicamente as linhas de transmissao,
os geradores e motores sncronos e de induc
ao, os transformadores e as cargas.
Em geral, a susceptancia em derivac
ao e a resistencia serie das linhas de transmissao sao
desprezadas e portanto as linhas sao representadas pelas sua reatancia serie equivalente (de
seq
uencia positiva).
Os geradores e motores sncronos sao representados por uma forca eletromotriz interna constante em serie com a reatancia subtransitoria, conforme ilustrado na figura 5.5. Geralmente,
a resistencia da armadura, a saliencia dos polos e os efeitos de saturac
ao sao desprezados. Os
motores de inducao de pequeno porte (potencia menor do que 50 HP) nao sao considerados e
os de grande porte (potencia maior do que 50 HP) sao representados de forma semelhante a das
maquinas sncronas.
Os transformadores sao representados pela sua reatancia de dispersao, conforme mostrado na
figura 5.6. A resistencia dos enrolamentos, as admitancias shunt correspondentes aos parametros
transversais e os deslocamentos de fase Y s
ao desprezados.
Geralmente todas as cargas nao rotativas sao desprezadas. Porem, cargas significativas
podem ser representadas por uma admitancia em derivac
ao, conforme mostrado na figura 5.7.
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
153
00
Zgi = jXd
Vi
Vi
+
Efi
-
G
Sgi = Pgi + jQgi
Vi
jXt
Vj
Vi
Vi
Idi
Sdi = Pdi + jQdi
Idi
Ydi =
Pdi jQdi
Vi2
An
alise por Reduc
ao de Circuito
Para mostrar como e feita a analise de um curto circuito trifasico, considere o sistema mostrado
na figura 5.8. O circuito monofasico equivalente antes da ocorrencia da falta e mostrada na
figura 5.9. o qual pode ser reduzido a forma mostrada na figura 5.10.
154
Captulo 5: An
alise de Curto Circuito
T1
LT
T2
jXg
jXlt
jXt2
jXm
Chave S
Eg
Em
jXeq
jXg
Chave S
+
Em
Eg
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
155
jXt1
1
00
Ig
00
00
IF
+
jXg1
Im
V10
jXm
Eg
Em
V10
+
00
O primeiro, mostrado na figura 5.12, fornece a resposta a uma das quatro fontes de tensao, Ig1 ,
00
00
importante observar que, sob o ponto de vista de contribuic
IF1 e Im1 . E
ao para a corrente de
falta, este circuito pode ser interpretado como o equivalente de Thevenin visto da barra onde
ocorre a falta. O segundo circuito, apresentado na figura 5.13, fornece a resposta `as outras tres
1
00
I g1
00
00
I F1
Im1
jXg1
jXm
+
V10
+
00
00
00
fontes de tensao, Ig2 , IF2 e Im2 . Desde que Vi e a tensao no ponto do curto circuito antes da
falta ocorrer, este circuito representa a condic
ao de operac
ao pre-falta do sistema. A fonte de
tensao conectada entre a barra 1 e o no de referencia nao exerce nenhum efeito sobre o sistema,
00
e portanto a contribuicao `a corrente de falta IF2 e nula, conforme mostra o circuito da figura
5.14.
A corrente subtransitoria de falta e simplesmente
00
00
IF = IF1
156
Captulo 5: An
alise de Curto Circuito
1
00
I g2
00
00
I F2
+
jXg
Im2
V10
jXm
Em
Eg
1
00
I g2
00
Im2
+
jXg1
jXm
V10
+
Eg
Em
-
00
00
00
00
Ig = Ig1 + Ig2
00
Im = Im1 + Im2
00
00
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
157
linha de transmiss
ao: 20 /fase;
transformador 2: 100 MVA, 13,8()/138(Y ) kV, 0,1904 /fase (referida ao lado de baixa
tens
ao);
motor sncrono: 100 MVA, 13,8 kV, 0,3809 /fase;
Calcular os valores no sistema por unidade e em unidades reais,
da corrente subtransit
oria de falta;
das correntes subtransit
orias do gerador e do motor, desprezando as correntes pre-falta;
das correntes subtransit
orias do gerador e do motor, considerando as correntes pre-falta;
Adotando como base os valores nominais do gerador sncrono, a imped
ancia base no lado de
13,8 kV dos transformadores e
13, 82
Zb =
= 1, 9044
100
os par
ametros dos componentes da rede em estudo no sistema por unidade s
ao:
00
gerador: Xg =
0, 2857
= 0, 15 pu;
1, 9044
00
00
linha de transmiss
ao: XLT =
00
motor sncrono: Xm =
0, 1904
= 0, 10 pu;
1, 9044
20, 0
= 0, 105 pu
190, 44
0, 3809
= 0, 20 pu;
1, 9044
A imped
ancia equivalente vista do ponto onde ocorre a falta e
Zth = jXth =
0, 150(0, 505)
= j0, 1156 pu
0, 150 + 0, 505
e a tens
ao pre-falta e VF = 1, 0500 pu.
A corrente de falta e portanto
00
IF =
V10
1, 0500
=
= j9, 079 pu
Zth
j0, 1156
Se as correntes pre-falta n
ao s
ao consideradas, as contribuic
oes do gerador e do motor `
a
corrente de falta s
ao, respectivamente,
0, 505
00
Ig1 =
IF = j7, 000 pu
0, 150 + 0, 505
0, 150
00
Im1 =
IF = j2, 079 pu
0, 150 + 0, 505
A corrente base para o gerador e para o motor e dada por
100
= 4, 1837 kA
Ib =
3 13, 8
158
Captulo 5: An
alise de Curto Circuito
00
00
Ig = Ig1 + Ig2
= j7, 000 + 0, 9524 18, 190
= 7, 353 82, 90 pu
= 30, 7627 82, 90 kA
00
00
00
Im = Im1 + Im2
= j2, 079 0, 9524 18, 190
= 1, 999243, 10 pu
= 8, 3632243, 10 kA
Neste caso, a corrente de falta e
IF = 7, 353 82, 90 + 1, 999243, 10
= 9, 079 89, 970 pu = 37, 9852 89, 970 kA
Observa-se que as correntes pre-falta n
ao afetam significativamente o valor da corrente de
falta. Em geral essas correntes possuem valor reduzido e podem ser desprezadas no c
alculo das
contribuic
oes a corrente de falta de cada ramo.
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
159
0 (referencia)
VF
+
Z1j
Znj
Z12
Z2j
Z22
Z11
Zjj
I1
1
I2
Znn
Ij
In
n
V1
V2
-
Vj
-
Vn
k = 1, . . . , n
O curto circuito na barra j pode ser representado pelo fechamento da chave localizada nesta
barra. Neste caso, a tensao nesta barra se anula, porem a injec
ao de corrente e diferente de zero,
isto e,
Vjpf = 0
00
I Fj =
00
VF0
Zjj
160
Captulo 5: An
alise de Curto Circuito
V1
Z11 Z12
V2 Z21 Z22
.. ..
..
. .
.
Vbarra =
=
Vj Zj1 Zj2
.. ..
..
. .
.
Vn
Zn1 Zn2
resultando
V1
V2
..
.
Z1j
Z2j
Z1n
Z2n
..
..
.
.
Zjn
Zjj
..
.
Znj
Znn
Z1j IFj
Z2j IFj
..
.
Vj = Zjj IF
j
..
..
.
.
Znj IFj
Vn
0
0
..
.
IF
j
..
.
0
pos. j
Zkj IFj =
Zkj
Zjj
VF
Zkj
VF0
Vkpf = 1
Zjj
A figura 5.16 mostra a representac
ao do curto circuito trifasico na barra j, quando o mesmo
ocorre atraves de uma impedancia de falta ZF .
Vj
j
ZF
IFj
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
161
Vj0
=
(ZF + Zjj )
I Fj
onde Vj0 = VF0 , tal que
Vk =
Zkj
V0
(ZF + Zjj ) F
k = 1, 2, . . . , n
e, desde que
Vkpf = Vk0 + Vk
entao
Vkpf = VF0
ou seja,
Zkj
V0
(ZF + Zjj ) F
Vkpf
Zkj
= 1
VF0
(ZF + Zjj )
Vkpf
ZF
=
VF0
(ZF + Zjj )
Apos o calculo da tensao pos-falta em cada barra, e possvel determinar a corrente pos-falta
em todos os componentes da rede eletrica. Por exemplo, a corrente na linha de transmissao que
interliga as barras i e j e dada por
Vipf Vjpf
Ipf
ij =
Zserij
onde Zserij e a impedancia serie da linha de transmissao.
Ex. 5.2 Considere o sistema do exemplo 5.1, onde a tens
ao pre-falta e 1,05 pu e que as correntes
pre-falta s
ao desprezadas. O circuito monof
asico equivalente e mostrado na figura 5.17, para o
qual as matrizes admit
ancia e imped
ancia de barra s
ao respectivamente
Ybarra
Zbarra
9, 9454 3, 2787
= j
3, 2787 8, 2787
0, 1156 0, 0458
1
= Ybarra
=j
0, 0458 0, 1389
A corrente subtransit
oria de falta e dada por
00
VF
Z11
1, 0500
=
j0, 1156
= j9, 079 pu
IF1 =
162
Captulo 5: An
alise de Curto Circuito
j3, 2787 pu
1
00
Ig
2
00
Im
+
j6, 666 pu
j5, 0 pu
VF
00
Em
00
Eg
a as tens
oes nas barras 1 e 2 s
ao respectivamente
Z11
V1 = 1
VF
Z11
= 0 pu
Z21
VF
V2 = 1
Z11
j0, 0458
= 1
1, 0500
j0, 1156
= 0, 63400 pu
A contribuic
ao da linha de transmiss
ao `
a corrente subtransit
oria de falta e dada por
00
V2 V1
j(XLT + Xt1 + Xt2 )
0, 634200 0, 000
=
j0, 305
= j2, 079 pu
I21 =
e a contribuica
o do gerador `
a corrente subtransit
oria de falta e
00
00
00
Ig = IF I21
= j9, 079 + j2, 079
= j7, 000 pu
Supondo a ocorrencia de um curto circuito trif
asico s
olido na barra 2, a subtransit
oria de
falta e dada por
00
VF
Z22
1, 0500
=
j0, 1389
= j7, 558 pu
IF2 =
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163
e as tens
oes nas barras 1 e 2 s
ao respectivamente,
Z12
V1 = 1
VF
Z22
j0, 0458
= 1
1, 0500
j0, 1389
= 0, 70300 pu
Z22
V2 = 1
VF
Z22
= 0, 0 pu
A contribuic
ao da linha de transmiss
ao `
a corrente subtransit
oria de falta e
V1 V2
j(XLT + Xt1 + Xt2 )
0, 70300 0, 000
=
j0, 305
= j2, 308 pu
00
I12 =
e a contribuica
o do motor `
a corrente subtransit
oria de falta e dada por
00
00
00
Im = IF I12
= j7, 557 + j2, 307
= j5, 249 pu
5.5
Capacidade de Curto-Circuito
Considere a secao generica de um sistema de potencia mostrada na figura 5.18, e suponha que em
um dado instante ocorre um curto-circuito trifasico solido na barra 3. A corrente subtransitoria
de falta e dada por
V0
I F3 = F
Z33
A tensao nesta barra, que antes da falta era aproximadamente igual a 1,0 pu, sera reduzida
instantaneamente a zero. As barras 1 e 2, contendo fontes ativas, imediatamente comecar
ao
a alimentar a falta com as correntes IF13 e IF23 , atraves das linhas 1-3 e 2-3, respectivamente.
A magnitude dessas correntes depende do valor da impedancia das respectivas linhas de transmissao, atingindo geralmente valores superiores aos valores nominais da corrente de operac
ao.
Os disjuntores D1 e D2 sao controlados pelos respectivos reles para isolar a barra sujeita `a
falta. A magnitude da tensao em todas as barras da rede sera reduzida durante a ocorrencia
do curto-circuito. O valor dessa queda de tensao e uma indicac
ao da forca da barra. Quanto
menos for reduzida a tensao quando ocorrer um curto-circuito em outra barra, mais forte e a
barra considerada. A medida dessa forca e feita atraves da grandeza denominada capacidade de
curto-circuito (CCC), a qual e usada na especificac
ao dos disjuntores e definida como o produto
da tensao antes da falta (VF0 ) pela corrente de falta (IFj ), quando o curto circuito ocorre na
barra j, ou seja,
CCC = VF0 IFj
164
Captulo 5: An
alise de Curto Circuito
G1
G2
2
00
00
IF13
IF12
D1
D2
3
Carga
em pu e
CCC =
0
3VF IFj
VF0
Zjj
e
CCC =
1
Zjj
Ex. 5.3 Os dados do sistema cujo diagrama unifilar e mostrado na figura 5.19 s
ao os seguintes:
00
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165
2
3
M
1
G
4
M
5
M
13, 8 2
gerador: Xg = 0, 20
= 0, 667 pu;
13, 8
100
13, 8 2
transformador: Xt = 0, 10
= 0, 333 pu;
30
13, 8
100
6, 9 2
00
motores: Xm = 0, 15
= 1, 875 pu;
8
6, 9
00
100
30
matrizes admit
ancia e imped
ancia de barra:
Ybarra = j
4, 5 3, 0
3, 0 4, 6
Zbarra =
1
Ybarra
=j
0, 393 0, 256
0, 256 0, 385
100 1000
= 4183, 7 A
Corrente base no gerador: Ibg =
3 13, 8
Corrente base no motor: Ibm =
100 1000
= 8367, 4 A
3 6, 9
166
Captulo 5: An
alise de Curto Circuito
corrente subtransit
oria de falta:
00
VF0 2
Z22
1, 0000
=
j0, 385
= j2, 6 pu
I F2 =
= j21, 755 kA
capacidades de curto circuito (CCC):
barra 1: CCC1 =
1, 0
1, 0
=
= 2, 54 pu = 254 M V A;
Z11
|j0, 393|
Z12
V1 = 1
V1
Z22
j0, 256
1, 0000
= 1
j0, 385
= 0, 33300 pu
V2 = 0, 0 pu
correntes a serem interrompidas pelos disjuntores 1, 2 e 3:
I1 = I12
V1 V2
=
Z12
0, 333 0, 0
=
j0, 333
= j1, 0 pu
= j4, 1837 kA
I2 = I1
= j1, 0 pu
= j8, 3674 kA
I F2 I 2
3
j2, 6 (j1, 0)
=
3
= j0, 533 pu
I3 =
= 4, 4626 kA
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5.6
167
Redes de Seq
u
encia
As redes de seq
uencia sao circuitos monofasicos determinados com os componentes de um mesmo
tipo de seq
uencia. Conforme visto no captulo 1, em termos de elemento passivo os componentes
do sistema de potencia sao caracterizados pelas suas respectivas impedancias de seq
uencia positiva, negativa e zero.
A representacao das cargas, das linhas de transmissao, das maquinas sncronas e dos motores
de induc
ao, vistos no captulo 1, sao apresentados novamente nas figuras 5.20, 5.21 e 5.22.
Zy
Ia1
Zy
Ia2
Zy
Va1
Va2
Sequencia Positiva
Ia0
+
3Zn
Va0
-
Sequencia Negativa
Sequencia Zero
Ia1
Z1
Ia2
+
Va1
Z2
Ia0
Va1
Va2
Va2
Sequencia Positiva
Sequencia Negativa
Z0
Va0
Va0
Sequencia Zero
Z g1
Ia1
+
Efa
Sequencia Positiva
Z g2
I a2
Zg0
Va1
Va2
Sequencia Negativa
Ia0
+
3Zn
Va0
-
Sequencia Zero
168
Captulo 5: An
alise de Curto Circuito
Transformadores
Um modelo simplificado consistindo apenas de uma reatancia e adotado para representar o
transformador. Desde que os transformadores sao equipamentos estaticos, a impedancia de
dispersao nao variara se a seq
uencia de fase for alterada. Por esta razao, a impedancia de
seq
uencia positiva deste equipamento e igual `a sua impedancia de dispersao, a qual e obtida
atraves do ensaio de curto-circuito, isto e,
Z1 = Z2 = jXt
A impedancia de seq
uencia zero dos transformadores depende da forma de conexao dos
enrolamentos (Y , Y aterrado ou ). Os diversos casos possveis de conexao sao mostrados a
seguir.
Conex
ao Y Y com aterramento em ambos os lados
Quando o neutro de ambos os lados do transformador esta aterrado, ha um caminho que permite
que as correntes de seq
uencia zero circulem nos dois lados do transformador. O circuito de
seq
uencia zero do transformador trifasico com conexao Y -aterrado/Y -aterrado e apresentado na
figura 5.23.
O transformador com conexao Y Y solidamente aterrada nos dois lados e um caso particular
do anterior. A rede de seq
uencia zero correspondente a este tipo de conexao e a mesma da figura
5.23, com ZN = Zn = 0 e Z0 = Z1 = Z2 = jXt
3ZN
Z0
3Zn
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3ZN
169
Z0
Z0
jXp
jXs
S
T
jXt
170
Captulo 5: An
alise de Curto Circuito
5.7
Faltas Assim
etricas num Gerador `
a Vazio
Redes eletricas podem ser reduzidas a um circuito equivalente de Thevenin visto de qualquer barra. Este conceito pode ser estendido para os sistemas formados pelos componentes
de seq
uencia, resultando em tres circuitos equivalentes de Thevenin, correspondentes as redes
de seq
uencia positiva, negativa e zero. De acordo com a modelagem dos componentes dos sistemas de potencia mostrada no captulo 1, apenas as redes de seq
uencia positiva possuem fontes
independentes e portanto o correspondente circuito equivalente de Thevenin possui uma fonte
ativa, sendo os outros dois circuitos constitudos apenas de uma impedancia equivalente. Assim,
esses circuitos se assemelham aos da figura 5.22, o que possibilita analisar as faltas assimetricas
a partir do gerador sncrono. Para esta finalidade, o seguinte procedimento e adotado:
1. escrever as equacoes que modelam a condic
ao de falta do gerador sncrono no domnio de
fase;
2. converter essas equacoes ao domnio de seq
uencia atraves da matriz de transformac
ao;
3. identificar o circuito de seq
uencia resultante da convers
ao das equac
oes ao domnio de
seq
uencia;
Curto-Circuito Fase-Terra
Considere a figura 5.27, a qual representa um gerador sncrono sujeito a um curto circuito solido
fase-terra na fase a. As equacoes que modelam este tipo de curto circuito no domnio de fase
Va
a
Ia
Vb b
Ib
Zy
Zy
IF
Zy
ZN
Ic
Vc c
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171
sao,
Va = 0
Ib = Ic = 0
Em termos de componentes de seq
uencia,
Ia0
1 1 1
Ia
Ia1 = 1 1 a a2 Ib
3
Ia2
1 a2 a
Ic
1 1 1
Ia
1
1 a a2 0
=
3
1 a2 a
0
resultando
Ia0
Ia
1
Ia1 = Ia
3
Ia2
Ia
ou seja,
Ia0 = Ia1 = Ia2
(5.1)
(5.2)
Para que as equacoes 5.1 e 5.2 sejam simultaneamente satisfeitas, as redes de seq
uencia do
gerador sncrono devem ser conectados em serie, conforme mostra a figura 5.28. As conexoes
jX1
Ia1
Ea1
Va1
jX2
Ia2
jX0
+
Va2
-
Ia0
+
3ZN
V a0
-
172
Captulo 5: An
alise de Curto Circuito
Curto-Circuito Fase-Fase
Va
a
Vb
Ia
b
Zy
Ib
Zy
IF = Ib = Ic
IN = 0
Zy
ZN
Ic
Vc c
Figura 5.29: Representacao do gerador sncrono na falta fase-fase
Este tipo de falta, ilustrado na figura 5.29, e caracterizado pelas seguintes equac
oes no
domnio de fase:
Vb = Vc
Ia = 0
Ic = Ib
Em termos de componentes de seq
uencia:
Ia
Ia0
1 1 1
1
Ia1 = 1 a a2 Ib
3
Ic
Ia2
1 a2 a
0
1 1 1
1
= 1 a a2 Ib
3
Ib
1 a2 a
o que fornece
Ia0
1
Ia1 =
3
Ia2
(0
+ Ib 2 Ib)
aI2 b a Ib
a Ib aIb
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173
ou seja,
Ia0 = 0
(5.3)
Ia2 = Ia1
(5.4)
e
conforme esperado pois o curto nao envolve a terra.
Por outro lado
Va
Va0
1 1 1
Va1 = 1 1 a a2 Vb
3
Va2
1 a2 a
Vc
Va
1 1 1
1
1 a a2 Vb
=
3
1 a2 a
Vb
resultando
Va0
b)
(Va + Vb + V
1
Va1 = Va + aVb + a2 Vb
3
Va + aVb + a2 Vb
Va2
e portanto
Va1 = Va2
(5.5)
Do circuito de seq
uencia zero,
Va0 = (jX0 + 3ZN ) Ia0
pore, desde que Ia0 = 0, entao
Va0 = 0
(5.6)
O exame das equacoes 5.3, 5.4, 5.5 e 5.6 indica que para representar este tipo de falta os
modelos de seq
uencia positiva e negativa devem ser ligados em paralelo, conforme ilustra a figura
5.30.
jX0
+
jX1
I a1 +
Ea1
Va1
jX2
Ia2
+
Va2
-
Ia0
+
3ZN
V a0
-
174
Captulo 5: An
alise de Curto Circuito
Va
a
Va
Ia
b
Ib
Zy
IF = Ib + Ic
Zy
Zy
ZN
Ic
Vc c
Curto-Circuito Fase-Fase-Terra
Este tipo de curto e representado na figura 5.31. e as condic
oes que descrevem analiticamente a
falta fase-fase-terra no domnio de fase sao
Vb = Vc = 0
Ia = 0
Em termos de componentes de seq
uencia,
Va0
1 1 1
Va
Va1 = 1 1 a a2 Vb
3
Va2
1 a2 a
Vc
1 1 1
Va
1
1 a a2 0
=
3
1 a2 a
0
resultando
Va0
Va
Va1 = 1 Va
3
Va2
Va
ou seja,
Va
3
(5.7)
(5.8)
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175
jX1
I a1 +
Ea1
Va1
jX2
Ia2
+
Va2
jX0
I a0
3ZN
+
V a0
-
Observe-se que,
IF = Ib + Ic
porem,
Ia + Ib + Ic = 3Ia0
e desde que neste caso Ia = 0, entao
IF = Ib + Ic = 3Ia0
Va
Va0
1 1 1
1
Va1 = 1 a a2 Vb
3
Vc
Va2
1 a2 a
0
1 1 1
1
2
0
1 a a
=
3
2
0
1 a
a
resultando
Va0 = Va1 = Va2 = 0
(5.9)
176
Captulo 5: An
alise de Curto Circuito
Va
Vb
a
Ic
b
Ia
Zy
Zy
IN = 0
Ia + Ib + Ic
Zy
ZN
Ib
Vc
Ia0
1 1 1
Ia
Ia1 = 1 1 a a2 Ib
3
Ia2
1 a2 a
Ic
1 1 1
Ia
1
1 a a2 a2 Ia
=
3
1 a2 a
aIa
fornecendo
Ia0
0
Ia 1 + a2 + a
1
Ia1 = Ia 1 + a3 + a3 = Ia
3
Ia2
I a 1 + a4 + a2
0
e portanto
Ia0 = 0
Ia1 = Ia
(5.10)
Ia2 = 0
De 5.9 e 5.10, observa-se que a condic
ao estabelecida pela equac
ao 5.9 implica em que todas
as redes de seq
uencia estao em curto, conforme representado na figura 5.34.
Se o curto trifasico nao envolve a terra, ent
ao as condic
oes do defeito sao ainda,
Va = Vb = Vc = 0
Ia + Ib + Ic = 0
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+
Ea1
-
jX1
I a1 +
177
jX2
Ia2
Va1
Va2
jX0
3ZN
I a0
+
Va0
-
5.8
An
alise de Faltas Assim
etricas
Para calcular as correntes de uma falta assimetrica numa rede eletrica aplica-se a mesma tecnica
utilizada no estudo de faltas assimetricas em geradores sncronos operando a vazio. No presente
caso, substitui-se cada rede de seq
uencia (positiva, negativa e zero) do sistema pelo respectivo
circuito equivalente de Thevenin, visto do ponto onde ocorre o defeito. As redes de seq
uencia
de um sistema de potencia sao determinadas acoplando-se adequadamente, segundo o diagrama
unifilar, as redes equivalentes de cada componente da rede eletrica.
O procedimento para o calculo das correntes e tensoes de curto circuito em sistemas de
potencia pode ser resumido nos seguintes passos:
1. Considera-se que as tensoes nas barras sao iguais (em geral a 1,0 pu ou a um valor
fornecido) e despreza-se todas as correntes pre-falta nas linhas do sistemas.
2. Determina-se os circuitos de seq
uencia positiva, negativa e zero do sistema, conectando-se
os circuitos de seq
uencia de cada elemento do sistema de potencia segundo o diagrama
unifilar.
3. Determina-se os circuitos equivalentes de Thevenin das as redes de seq
uencia de seq
uencia
positiva, negativa e zero vistas do ponto do defeito. Observe que a tensao da fonte independente (no circuito de seq
uencia positiva) e a tensao pre-falta referida no item 1. Por
outro lado, a impedancia do equivalente de Thevenin pode ser calculada de duas formas:
por reducao de circuito;
atraves da matriz impedancia de barra.
4. Para se calcular a corrente que fui para o defeito utiliza-se um procedimento analogo aquele
adotado no caso de curto-circuito nos terminais de geradores sncronos funcionando a vazio;
isto e, os circuitos equivalentes de Thevenin das redes de seq
uencia positiva, negativa e
zero sao conectados de acordo com o tipo de falta.
5. As correntes nos elementos do sistema que fluem para o ponto do onde ocorre o curto
circuito sao calculadas desprezando-se as cargas. Estas correntes sao portanto devidas
exclusivamente a falta.
178
Captulo 5: An
alise de Curto Circuito
1
Ybarra
= j
9, 9454 3, 2787
3, 2787 8, 2787
1
Z1barra = Ybarra
=j
0, 1156 0, 0458
0, 0458 0, 1389
matrizes admit
ancia de barra e imped
ancia de barra de seq
uencia negativa:
2
Ybarra
= j
9, 1610 3, 2787
3, 2787 8, 0406
Z2barra
1
Ybarra
=j
0, 1278 0, 0521
0, 0521 0, 1456
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
179
matrizes admit
ancia de barra e imped
ancia de barra de seq
uencia zero:
0
Ybarra
= j
20, 0 0, 0
0, 0 4, 0
Z0barra
1
Ybarra
=j
0, 05 0, 00
0, 00 0, 25
I0 =
1, 0500
j(0, 250 + 0, 1389 + 0, 1456)
= j1, 9643 pu
1 1 1
Ia
j5, 893
Ib = 1 a2 a j5, 893
Ic
1 a a2
j5, 893
j5, 893 pu
= 0, 0
0, 0
Tens
oes ap
os a falta:
V0
0, 0
j0, 250
0
0
j1, 9643
V1 = 1, 0500
j1, 9643
0
j0, 1389
0
V2
0, 0
0
0
0, 1456
j1, 9643
0, 4910
= 0, 7771
0, 2860
pu
0, 4910
1 1 1
Vag
Vbg = 1 a2 a 0, 7771
0, 2860
1 a a2
Vcg
0, 0
= 1, 179231, 30
1, 179128, 70
pu
180
Captulo 5: An
alise de Curto Circuito
Corrente subtransit
oria de falta:
I1 = I2
1, 0500
j(0, 1389 + 0, 1456)
= j3, 690 pu
I0 = 0, 0
Ia
0, 0
Ib = 6, 3911800 (4, 184 = 26, 74 kA1800 )
Ic
6, 3911800 (4, 184 = 26, 74 kA)
Tens
oes ap
os a falta:
0, 0
0
V0
V1 = 1, 0500 j0, 1389 (j3, 690)
j0, 1389
V2
1, 0500
Vag
1 1 1
0, 0
Ibg = 1 a2 a 0, 5373
Icg
1 a a2
0, 5373
1, 075
= 0, 5373 pu
0, 5373
3. curto circuito fase-fase-terra s
olido;
Corrente subtransit
oria de falta:
1, 0500
0, 25
= j4, 5464
(0, 1456 + 0, 250)
= j2, 873 pu
0, 1456
= j4, 5464
(0, 1456 + 0, 250)
= j1, 6734 pu
j1, 6734
1 1
a2 a j4, 5464
j2, 873
a a2
I1 =
I2
I0
1
Ia
Ib = 1
1
Ic
0, 0
= 6, 898158, 660 (4, 184 = 28, 86158, 660 kA)
6, 89821, 340 (4, 184 = 28, 8621, 340 kA)
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181
Corrente no neutro:
In = Ib + Ic
= 3I0
= j5, 020 pu
(21, 9 kA900 )
Contribuic
oes da linha de transmiss
ao e do motor `
a corrente de falta:
seq
uencia zero:
Linha de transmiss
ao, transformadores e gerador:
ILT0 = It10 = It20 = Ig0 = 0, 0
por causa do tipo de conex
ao dos transformadores trif
asicos;
Motor: Im0 = I0 = j1, 6734 pu;
seq
uencia positiva - aplicando o divisor de corrente no circuito de seq
uencia
positiva:
0, 20
ILT1 = j4, 5464
(0, 20 + 0, 455)
= j1, 3882 pu
0, 455
Im1 = j4, 5464
(0, 20 + 0, 455)
= j3, 1852 pu
seq
uencia negativa - aplicando o divisor de corrente no circuito de seq
uencia
positiva:
0, 21
ILT2 = j2, 783
(0, 21 + 0, 475)
= j0, 8808 pu
0, 475
Im2 = j2, 783
(0, 21 + 0, 475)
= j1, 9922 pu
ILTa
1 1 1
0, 0
ILTb = 1 a2 a j1, 3882
ILTc
1 a a2
j0, 8808
Ima
Imb
Imc
j1, 6734
1 1 1
= 1 a2 a j3, 1582
j1, 9922
1 a a2
0, 5074900 pu
= 4, 9986153, 17 pu
4, 998626, 830 pu
182
Captulo 5: An
alise de Curto Circuito
5.9
Exerccios
Gerador 1
j0,76
50 MVA
13,8 kV
00
Xg1 = 0, 76
j01,90
Gerador 2
30 MVA
13,8 kV
j1,52
00
Xg2 = 0, 95
Figura 5.35: Diagrama unifilar - exerccio 5.1
As tens
oes pre-falta s
ao todas iguais a 1, 000 pu. Tomando como base os valores nominais
do gerador 1,
determinar o circuito equivalente no sistema em por unidade;
determinar o equivalente de Thevenin visto da barra 2;
determinar a matriz imped
ancia de barra deste sistema;
calcular a corrente subtransit
oria de falta para um curto circuito trif
asico s
olido na barra
2 em pu e em Amperes;
determinar a tens
ao nas barras 1 e 3 sob as condic
oes de falta em pu e em kV;
determinar a corrente na linha 1-2 nessas condic
oes em pu e em Amperes;
calcular a capacidade de curto circuito das barras 1,2 e 3 em pu e em MVA.
5.2 Seja um gerador sncrono de 30 MVA, 13,8 kV, reat
ancia subtransit
oria de eixo direto igual
a 10% e reat
ancias de seq
uencia negativa e zero iguais respectivamente a 13% e 4%. O neutro
do gerador e aterrado atraves de uma reat
ancia de 0,2 . O gerador est
a operando em vazio
com tens
ao nominal nos seus terminais. Determinar a corrente subtransit
oria (em Amperes)
que passa pela reat
ancia de aterramento do neutro, quando nos terminais do gerador ocorre um
curto-circuito s
olido: (a) monof
asico `
a terra, (b) bif
asico sem envolver a terra, (c) bif
asico `
a
terra, (d) trif
asico `
a terra.
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
183
5.3 Suponha que o o gerador do sistema cujo diagrama unificar e mostrado na figura 5.36,
operava com tens
ao nominal em seus terminais antes do defeito. Considere ainda que os transformadores s
ao do tipo n
ucleo envolvente e os dados do sistema s
ao os seguintes:
00
00
Gerador
Trafo. T1
LT
Trafo. T2
Y/Y-sol. aterr.
Carga
/Y
M1
T1
LT
T2
M2
Zn
184
Captulo 5: An
alise de Curto Circuito
linha de transmiss
ao: X1 = X2 = 80 , X0 = 250 ;
transformador T2 : 35 MVA, 115 (Y solidamente aterrado)/13,2 () kV, X = 10 %;
motor M1 : 20 MVA, 12,5 kV, X1 = X2 = 20 %, X0 = 5 %, Y aterrado, Zn = j2 ;
motor M2 : 10 MVA, 12,5 kV, X1 = X2 = 20 %, X0 = 5 %, Y sem aterramento;
construir as redes de seq
uencia positiva, negativa e zero.
Determinar os circuitos equivalentes de Thevenin das redes de seq
uencia para defeitos que
ocorram no meio da linha de transmiss
ao.
Desprezando as correntes de carga e considerando que antes do efeito o gerador trabalhava
com tens
ao nominal em seus terminais, determinar:
a corrente que flui para a terra se ocorrer um curto-circuito s
olido no meio da linha
de transmiss
ao.
a corrente que flui para a terra se ocorrer um curto-circuito fase-fase-terra s
olido no
meio da linha de transmiss
ao.
as tens
oes p
os falta em cada caso.
5.5 Considere o sistema mostrado na figura 5.38. As imped
ancias dos componentes s
ao:
G1
T1
LT1
T2
G2
LT2
13,8 kV
69 kV
13,8 kV
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
185
os circuitos de seq
uencia positiva, negativa e zero.
a matriz admit
ancia de barra correspondente a cada circuito de seq
uencia.
as correntes de falta (em pu e em Amperes) no caso de:
um curto circuito trif
asico s
olido na barra 1.
um curto circuito fase-terra (fase a) na barra 1, com imped
ancia de falta nula.
Para o curto circuito fase-terra do item anterior, calcule (em pu e em Amperes):
a corrente no neutro do gerador 1.
a corrente no neutro do transformador 1.
5.6 Considere o sistema eletrico mostrado na figura 5.39, onde A, B, C, D e E representam
disjuntores.
3
1
G1
2
TR
LT
G2
C
E
G3
Figura 5.39: Diagrama unifilar - exerccio 5.6
Os valores de placa dos equipamentos s
ao os seguintes:
00
00
gerador G1 : 100 MVA, 13,8 kV, Xg1 = Xg2 = 0,10 pu,Xg0 = 0,33 pu;
00
00
geradores G2 e G3 : 100 MVA, 138 kV, Xg1 = Xg2 = 0,80 pu,Xg0 = 0,20 pu;
transformador: 100 MVA, 13,8 () kV / 138 (Y -solidamente aterrado) kV, Xt = 0,10
pu;
linha de transmiss
ao: XLT1 = XLT2 = 0,25 pu, XLT0 = 0,50 pu;
Suponha que as correntes pre-falta s
ao desprezadas e que a tens
ao pre-falta e 1,0 pu. Considere
ainda que as bobinas da armadura dos tres geradores s
ao conectadas em Y solidamente aterrado.
Determinar:
os circuitos de seq
uencia positiva, negativa e zero;
os circuitos equivalentes de Thevenin das redes de seq
uencia positiva, negativa e zero,
vistos da barra 1;
186
Captulo 5: An
alise de Curto Circuito
3 Trafo 2
Gerador 1
4 Gerador 2
2
Trafo 1
LT 1
LT 2
5 Trafo 3
Snom
(MVA)
2000
2000
2200
500
1000
Vnom
(kV)
13,8 (Y aterrado)
230 (Y aterrado)
13,8():500(Y aterrado)
500(Y aterrado):230(Y aterrado)
500(Y aterrado):138(Y aterrado)
00
X
(%)
20
20
10
10
12
as matrizes admit
ancia de barra dos tres circuitos de seq
uencia.
5.7 No sistema trif
asico da figura 5.40, suponha que as correntes pre-falta s
ao desprezveis e que
as barras operam na tens
ao nominal antes da ocorrencia da falta. As duas linhas de transmiss
ao
possuem reat
ancias serie de 0,163 (LT1) e 0,327 (LT2) /km por fase e comprimentos de 220
km (LT1) e 150 km (LT 2). Adotando como valores base as tens
oes nominais dos equipamentos
e a potencia de 1000 MVA, determinar (em valores p.u. e em unidades reais):
a corrente de curto circuito trif
asico s
olido num ponto F da linha de transmiss
ao 1, situado
a 30 km da barra 2;
a corrente que flui nos geradores 1 e 2, conectados `
as barras 1 e 4, sob as condic
oes de
falta do item anterior;
a corrente que flui no lado de AT do trafo 2, sob as condic
oes de falta do item anterior;
a corrente de curto circuito trif
asico no ponto F da linha de transmiss
ao 1, situado a 30
km da barra 2, considerando uma resistencia de 5 no ponto de falta;
a capacidade de curto circuito da barra 1 em unidades reais.
5.8 Considere o sistema mostrado na figura 5.41, cujos dados s
ao mostrados na tabela 5.2.
Supondo que as correntes pre-falta s
ao nulas e que a tens
ao na barra 2 e 1,0 pu.
1. determine o circuito monof
asico equivalente no sistema por unidade, tomando como base
os valores nominais do transformador 1;
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
187
Gerador
Motor
LT1 - 220 kV
Trafo T1
Trafo T2
Trafo T3
5 LT2 - 110 kV
Trafo T4
Elemento
Gerador
Trafo 1
Trafo 2
Trafo 3
Trafo 4
LT 1
LT 2
Motor
Snom (M V A)
80
50
40
40
40
68,85
Vnom (kV )
22
22(Y)/220()
22(Y)/220()
22(Y)/110()
22(Y)/110()
220
110
20
Reatancia
20%
12%
8%
6%
4%
121
42
25%
5.9 A figura 5.42 mostra um gerador sncrono de 625 kVA, 2,4 kV e reat
ancia subtransit
oria
de 20%, operando na tens
ao nominal, suprindo uma carga constituda de tres motores. Cada
motor possui valores nominais 250 HP, 2,4 kV, fator de potencia unit
ario, rendimento de 90% e
reat
ancia subtransit
oria de 20%. Supondo que os motores operam todos sob as mesmas condico
es,
adotando os valores nominais do gerador como base e desprezando as correntes pre-falta, a)
calcule a corrente de curto circuito em pu e em unidades reais, que acionaria os disjuntores A
e B na ocorrencia de uma falta trif
asica no ponto P ; b) repita o item anterior para uma falta
trif
asica no ponto R. Observac
ao: 1 HP = 746 W.
5.10 A matriz imped
ancia de barra do sistema mostrado na figura 5.43 e dada por
Zbarra = j
0, 0793
0, 0558
0, 0382
0, 0511
0, 0608
0, 0558
0, 1338
0, 0664
0, 0630
0, 0605
0, 0382
0, 0664
0, 0875
0, 0720
0, 0603
0, 0511
0, 0630
0, 0720
0, 2321
0, 1002
0, 0608
0, 0605
0, 0603
0, 1002
0, 1301
188
Captulo 5: An
alise de Curto Circuito
M1
M2
B P
M3
3
j0, 168 pu
j0, 126 pu
1, 000 pu
j0, 1333 pu +
1, 000 pu
+ j0, 1111 pu
5
j0, 210 pu
j0, 126 pu
j0, 252 pu
j0, 336 pu
Despreze as correntes pre-falta. a) Determine a barra com maior capacidade de curto circuito do
sistema e o valor desta; b) calcule a corrente de falta resultante de um curto circuito trif
asico s
olido
na barra do item anterior; c) determine a magnitude da tens
ao em cada barra e a contribuic
ao de cada
componente do sistema `
a corrente de falta, na condic
ao do item anterior.
R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
1
T1
3
LT1
G1
100 MVA
25 kV
189
LT2
T2
4
G2
LT3
100 MVA
100 MVA
25()/230(Y ) kV
13,8()/230(Y ) kV
100 MVA
13,8 kV
5
T3
100 MVA
25()/230(Y ) kV
6
Refer
encias Bibliogr
aficas
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