Introdução Aos Sistemas de Energia Elétrica

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Universidade Federal de Santa Catarina

trica
Departamento de Engenharia Ele

o em
Curso de Graduac
a
trica
Engenharia Ele

AOS SISTEMAS DE
INTRODUC
AO

ENERGIA ELETRICA

Prof. R. S. Salgado

Florianopolis - SC
2009.

Sum
ario
1 Sistemas Trif
asicos
1.1 Introducao . . . . . . . . .
1.2 Conexao Balanceada . . .
1.3 Componentes Simetricos .
1.4 Representacao no Domnio
1.5 Exerccios . . . . . . . . .

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de Seq
uencia
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2 Representa
c
ao dos Sistemas de Pot
encia
2.1 Introducao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
2.2 Diagrama Unifilar . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
2.3 O Sistema Por Unidade . . . . . . . . . . . . . . . .
2.3.1 Selecao dos valores base . . . . . . . . . . .
2.3.2 Base em Termos de Valores Trifasicos . . . .
2.3.3 Mudanca de Base . . . . . . . . . . . . . . .
2.4 Maquinas Sncronas . . . . . . . . . . . . . . . . . .
2.4.1 Circuitos Equivalentes e Diagramas Fasoriais
2.4.2 Controle de Potencia da Maquina Sncrona .
2.4.3 Curva de Capabilidade . . . . . . . . . . . .
2.4.4 Controle de Tensao do Gerador . . . . . . .
2.5 Transformadores . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
2.5.1 Circuito Equivalente . . . . . . . . . . . . .
2.5.2 Autotransformadores . . . . . . . . . . . . .
2.5.3 Transformadores Trifasicos . . . . . . . . . .
2.5.4 Transformadores de Tres Enrolamentos . . .
2.5.5 Transformadores Com Tap Variavel . . . . .
2.6 Linhas de transmissao . . . . . . . . . . . . . . . .
2.7 Cargas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
2.7.1 Modelo Exponencial . . . . . . . . . . . . .
2.7.2 Modelo Polinomial . . . . . . . . . . . . . .
2.8 Exerccios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
3 Operac
ao das Linhas de Transmiss
ao
3.1 Introducao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
3.2 Parametros das linhas de transmissao . . . . . .
3.3 Representacao das linhas de transmissao por um
3.4 Equacoes diferenciais da linha de transmissao .
3.5 Transferencia de Potencia . . . . . . . . . . . .

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quadripolo
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1
1
1
7
10
16

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23
23
23
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28
31
34
39
40
43
45
47
50
54
57
58
60
61
62

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71
71
71
72
73
79


SUMARIO

ii

3.6
3.7
3.8
3.9
3.10
3.11

Curvas PV e QV . . . . . . . . . . . . . . . .
Linhas de transmissao com perdas desprezveis
Fluxo de Potencia em Linhas de Transmissao .
Compensacao de Linhas de Transmissao . . .
Desempenho das linhas de transmissao . . . .
Exerccios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

4 Fluxo de Pot
encia
4.1 Introducao . . . . . . . . . . . . . . .
4.2 Conceitos Basicos . . . . . . . . . . .
4.3 Equacoes Estaticas da Rede Eletrica
4.4 Formulacao do Problema de Fluxo de
4.5 Metodos de Solucao . . . . . . . . . .
4.6 Ajustes e Controles . . . . . . . . . .
4.7 Exerccios . . . . . . . . . . . . . . .

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Potencia
. . . . .
. . . . .
. . . . .

5 An
alise de Curto Circuito
5.1 Introducao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
5.2 Curto-Circuito em Sistemas de Potencia . . .
5.3 Maquina Sncrona sob Curto-Circuito Trifasico
5.4 Curto-Circuito Trifasico . . . . . . . . . . . .
5.5 Capacidade de Curto-Circuito . . . . . . . . .
5.6 Redes de Seq
uencia . . . . . . . . . . . . . . .
5.7 Faltas Assimetricas num Gerador `a Vazio . . .
5.8 Analise de Faltas Assimetricas . . . . . . . . .
5.9 Exerccios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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86
94
97
103
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. 111
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. 124
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. 140

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147
. 147
. 147
. 148
. 152
. 163
. 167
. 170
. 177
. 182

Captulo 1
Sistemas Trif
asicos
1.1

Introduc
ao

A teoria de sistemas trifasicos e usada no estudo da operacao das redes de energia eletrica
em regime permanente. Os equipamentos utilizados na operacao desses sistemas sao na
sua maioria trifasicos, o que facilita em muitos casos a aplicacao da teoria apresentada
neste captulo. Sob condicoes de curto circuito assimetrico ou mesmo quando uma carga
desequilibrada e suprida, as correntes e tensoes fasoriais sao desbalanceadas, o que requer
um esforco computacional maior na sua determinacao. As secoes subseq
uentes mostram
os metodos de solucao dos circuitos trifasicos, com enfase na representacao desses sistemas
atraves da sua decomposicao em Componentes Simetricos. 1

1.2

Conex
ao Balanceada

Carga conectada em Y
A figura 1.1 mostra uma fonte de tensao trifasica, conectada em Y , alimentando uma carga
trifasica balanceada (ou equilibrada, simetrica) conectada em Y . A fonte e suposta ideal
e portanto a sua impedancia e desprezada. As tensoes fase-neutro sao balanceadas, ou
seja, iguais em magnitude e defasadas de 1200 . Considerando a seq
uencia de fase positiva
(ou abc) e tomando o fasor Van como referencia, as tensoes complexas sao expressas por
Van = Van 00 = Vf 00
Vbn = Vbn 1200 = Vf 1200
Vcn = Vcn 1200 = Vf 1200
onde Vf e a magnitude da tensao fase-neutro.
1

Alguns dos exerccios propostos no final deste captulo foram baseados em [1] e [2].

Captulo 1: Sistemas Trif


asicos

+
Van

Vcn
-

Ic
Ia

ZY

ZY

Vbn
+

ZY
Ib

Figura 1.1: Carga trifasica balanceada conectada em Y

Do circuito da figura 1.1, as tensoes de linha (ou fase-fase) sao dadas por
Vab = Van Vbn
= Vf 00 Vf 1200
= Vf (100 1 1200 )

= 3Vf 300
Vbc = Vbn Vcn
= Vf 1200 Vf 1200
= Vf (1 1200 11200 )

= 3Vf 900
Vca = Vcn Van
= Vf 1200 Vf 00
= Vf (11200 100 )

= 3Vf 1500
Portanto, em sistemas trifasicos, balanceados, conectados em Y e com seq
uencia de
fase positiva,

Vab = 3Van 300

(1.1)
Vbc = 3Vbn 300

Vca = 3Vcn 300


isto e,

R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot

os fasores tensao delinha possuem modulo igual a


fase-neutro (VL = 3Vf );

3 vezes a magnitude das tensao

os fasores tensao de linha sao adiantados de 300 em relacao aos correspondentes


fasores tensao fase-neutro.
Desde que as tensoes fase-fase formam um triangulo que representa um caminho
fechado, a sua soma e zero, mesmo para sistemas desbalanceados; isto e,
Vab + Vbc + Vca = 0
e de maneira analoga,
Van + Vbn + Vcn = 0
A diferenca de potencial entre os pontos neutros do gerador e da carga (figura 1.1) e
Vn VN = VnN = 0.
As correntes de linha podem ser obtidas aplicando-se a lei da tensoes de Kirchhoff e
supondo que a impedancia de cada ramo da carga conectada em Y e ZY = ZY , o que
resulta em
Ia =

Van
Vf 00
=
= IL
ZY
ZY

Ib =

Vbn
Vf 1200
=
= IL 1200
ZY
ZY

Ic =

Vcn
Vf + 1200
=
= IL + 1200
ZY
ZY

Vf
e a magnitude da corrente de linha.
ZY
As correntes de linha do sistema trifasico mostrado na figura 1.1 sao iguais em magnitude e defasadas de 1200 e por isso tambem sao balanceadas. A corrente no neutro e
dada por
onde IL =

In = Ia + Ib + Ic
e e nula para o circuito trifasico em questao. Se o sistema e balanceado, a corrente no
neutro e zero para qualquer valor de impedancia variando desde curto-circuito ate circuito
aberto. Se o sistema nao e balanceado, as correntes de linha nao serao balanceadas e uma
corrente nao nula flui entre os pontos n e N .

Captulo 1: Sistemas Trif


asicos

A potencia complexa em cada ramo da carga e dada por


Sa = Van Ia
= Vf IL
Sb = Vbn Ib
= Vf 1200 IL 1200 +
= Vf IL
Sc = Vcn Ic
= Vf + 1200 IL 1200 +
= Vf IL
e a potencia complexa trifasica e expressa como
S3 = Sa + Sb + Sc
= 3Vf IL
VL
= 3 IL
3
e portanto
S3 =

3VL IL

(1.2)

Carga conectada em
A figura 1.2 mostra um sistema trifasico, com a fonte conectada em Y e a carga conectada
em . A carga e representada por uma impedancia Z = Z . Adotando-se a mesma
seq
uencia de fases (positiva) e o mesmo fasor de referencia angular (Van ) do caso anterior,
as correntes em cada ramo da conexao sao dadas por
Vab
Iab =
=
Z
Vbc
=
Ibc =
Z
Ica

Vca
=
=
Z

3Vf 300
Z

3Vf 900
Z

3Vf 1500
Z

Essas correntes sao balanceadas


para qualquer valor do angulo da impedancia Z e
3Vf
possuem magnitude igual a If =
.
Z

R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot

Ic

+
Van

Vcn
-

Ia

Vbn
Ib

Figura 1.2: Carga trifasica balanceada conectada em

As correntes de linha sao equilibradas e podem ser determinadas atraves da aplicacao


da lei das correntes de Kirchhoff; isto e,
Ia = Iab Ica =

3If

3If 1200

Ic = Ica Ibc = 3If 2400


Ib = Ibc Iab =

ou, alternativamente,
Ia =
Ib =
Ic =

3Iab 300
3Ibc 300

(1.3)

3Ica 300

Portanto, para uma carga balanceada conectada em e suprida com tensoes trifasicas
balanceadas em seq
uencia da fase positiva,
a magnitude das correntes de linha e igual a
nos ramos da conexao ;

3 vezes a magnitude das correntes

os fasores correntes de linha estao atrasados de 300 em relacao aos fasores correspondentes `as correntes nas fases do .
No caso da carga equilibrada conectada em , a potencia complexa em cada fase e

Captulo 1: Sistemas Trif


asicos

dada por
Sab = Vab Iab
= VL 300 If 300 +
= VL If
Sbc = Vbc Ibc
= VL 900 If + 900 +
= VL If
Sca = Vca Ica
= VL 1500 If 1500 +
= VL If
e a potencia complexa trifasica e expressa como
S3 = Sa + Sb + Sc
= 3Vf IL
VL
= 3 IL
3
e portanto
S3 =

3VL IL

que e a mesma representada pela Eq. (1.2).


Das equacoes deduzidas anteriormente, o modulo da impedancia da carga conectada
em Y e dada por
Vf
ZY =
3If
e da carga conectada em e expressa como

Z =

3Vf
If

Se as cargas conectadas em Y e sao equivalentes, a combinacao dessas equacoes


fornece a relacao
Z
ZY =
3
Na solucao de circuitos trifasicos balanceados, apenas uma fase precisa ser analisada.
As conexoes sao convertidas em Y , com o neutro das cargas e dos geradores aterrados
por um condutor de impedancia infinita. Com este artifcio, o circuito correspondente a
uma fase e resolvido e as correntes e tensoes nas outras fases sao iguais em magnitude a
da fase em analise e defasadas de 1200 .

R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot

Ex. 1.1 Um alimentador trifasico, operando na tensao de 380 V, supre uma uma carga
balanceada conectada em , constituda por tres imped
ancias iguais a 24 + j18 /fase.
A linha que conecta a fonte e a carga tem uma imped
ancia igual a Zl = 0, 087 + j0, 996
/fase. Adote o fasor tensao Vab como referencia, a seq
uencia de fases positiva (abc) e
determine:
1. os fasores corrente de linha e em cada fase do ;
2. as tensoes complexas nos terminais da carga e a queda de tensao na linha de transmissao;
3. as potencias complexas absorvida pela carga e fornecida pela fonte, a perda de
potencia ativa e reativa no sistema de transmiss
ao;
4. os fatores de potencia com que operam a fonte e a carga;
5. o balanco de potencia do sistema trifasico;
6. o diagrama fasorial das correntes e tensoes;
7. o rendimento e a regulac
ao do sistema de transmiss
ao;
8. a compensac
ao reativa necess
aria para tornar o fator de potencia da carga 0,9
atrasado;
9. o valor da imped
ancia por fase correspondente a compensac
ao calculada no item
anterior, supondo que a magnitude da tensao na carga e mantida constante.

1.3

Componentes Sim
etricos

Quando um sistema de potencia opera sob condicoes desequilibradas (por ocorrencia de


faltas ou suprimento de cargas assimetricas) as correntes e tensoes sao desbalanceadas.
Neste caso, a aplicacao de metodos convencionais para a determinacao da solucao desses
circuitos, baseados no uso direto da analise de malhas ou de nos, resulta num aumento de
complexidade do problema. Entretanto as dificuldades encontradas neste tipo de analise
podem ser superadas utilizando-se a Decomposic
ao em Componentes Simetricas, proposta
por C. L. Fortescue em 1918.
Segundo o Teorema de Fontescue, tres fasores desequilibrados podem ser decompostos
em tres sistemas de fasores equilibrados, caracterizados da seguinte forma:
componentes de seq
uencia positiva, representados por um sistema de tres fasores de
mesmo modulo, defasados de 1200 entre si e com a mesma seq
uencia de fase das
fasores originais.
componentes de seq
uencia negativa, representados por um sistema tres fasores de
mesmo modulo, defasados de 1200 entre si e com seq
uencia de fase oposta `a dos
fasores originais.

Captulo 1: Sistemas Trif


asicos

componentes de seq
uencia zero, representados por tres fasores iguais (isto e, de
mesmo modulo e mesmo angulo).
A figura 1.3 mostra a representacao dos tres sistemas de componentes simetricas.
Vc1

Vc2

Vc0

Vb2

Va0

Va1

Vb0

Va2
Vb1
Seq
uencia positiva

Seq
uencia negativa

Seq
uencia zero

Vb2

Vc

Vb
Va1

Va0

Va2
fase a

Vc1

Vb0

Va

Vc0
Vc2

Vb1
fase b

fase c

Sistema desbalanceado

Figura 1.3: Representacao dos componentes simetricos


O fasor original e definido como a soma dos componentes correspondentes em cada
sistema. As correntes trifasicas de linha sao expressas por
Ia = Ia0 + Ia1 + Ia2
Ib = Ib0 + Ib1 + Ib2
Ic = Ic0 + Ic1 + Ic2

(1.4)

onde os fasores Ia , Ib e Ic pertencem ao domnio de fase e os fasores Ia0 , Ia1 , Ia2 , Ib0 ,
Ib1 , Ib2 , Ic0 , Ic1 e Ia2 pertencem ao domnio de seq
uencia. Observe que conhecendo-se as
componentes de seq
uencia de uma fase, as componentes de seq
uencia das outras fases sao
automaticamente determinadas com base no Teorema de Fontescue.
Visando simplificar a Eq. (1.4), seja o operador a definido como
a = 11200
= cos 1200 + j sin 1200

1
3
= +j
2
2

R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot

o qual aplicado a um fasor gira o mesmo de 1200 sem alterar o seu modulo. As componentes
de seq
uencia podem ser expressas em funcao das grandezas correspondentes `a fase a, tal
que a Eq. (1.4) e re-escrita como

ou em forma matricial,

Ia = Ia0 + Ia1 + Ia2


Ib = Ia0 + a2 Ia1 + aIa2
Ic = Ia0 + aIa1 + a2 Ia2

(1.5)


Ia0
1 1 1
Ia
Ib = 1 a2 a Ia1
1 a a2
Ia2
Ic

(1.6)

If = AIs

(1.7)

e na forma compacta,
onde If e Is sao vetores coluna de ordem 3 1, cujas componentes sao os fasores corrente
dos domnios de fase e seq
uencia, respectivamente; e A e uma matriz de ordem 3 3
expressa por

1 1 1
A = 1 a2 a
1 a a2
As Eqs. (1.6) e (1.7) podem ser re-escritas como

Ia0
1 1 1
Ia
Ia1 = 1 1 a a2 Ib
3
Ia2
1 a2 a
Ic

(1.8)

e
Is = A1 If

(1.9)

Portanto, A e A1 sao matrizes de transformacao, que convertem respectivamente


fasores do domnio de seq
uencia para o domnio de fase e vice-versa.
No caso dos fasores tensao, as expressoes correspondentes as Eqs. (1.6), (1.7), (1.8) e
(1.9) sao

1 1 1
Va0
Van
Vbn = 1 a2 a Va1
(1.10)
Vf = AVs

2
Va2
Vcn
1 a a
e

1 1 1
Van
Va0
1
Va1 = 1 a a2 Vbn
3
Vcn
Va2
1 a2 a

Vs = A1 Vf

(1.11)

onde as componentes de seq


uencia das Eqs. (1.10) e (1.11) referem-se aos fasores tensao
fase-neutro. Observe que expressoes semelhantes a essas equacoes podem ser escritas para
os fasores tensao de linha (fase-fase), utilizando as mesmas matrizes de transformacao.
Ex. 1.2 Calcular os componentes simetricos:

10

Captulo 1: Sistemas Trif


asicos

1. das tensoes trifasicas fase-neutro de magnitude 380 V, tomando o fasor Van como
referencia e seq
uencia de fases positiva;
2. das correntes de linha trifasicas de magnitude 15 A, tomando o fasor Ia como referencia e seq
uencia de fases positiva;
3. das correntes fasoriais de linha Ia = 10300 , Ib = 151500 e Ic = 10 1200 .

1.4

Representac
ao no Domnio de Seq
u
encia

Os modelos dos principais componentes do sistema de potencia utilizados para a aplicacao


da decomposicao em componentes simetricas sao apresentados a seguir. O procedimento
para estabelecer estes modelos consiste basicamente em determinar as relacoes tensaocorrente que representam analiticamente o componente no domnio de fase e converter
essas grandezas para o domnio de seq
uencia utilizando as Eqs. (1.6) e (1.10).
Cargas Est
aticas
Seja uma carga constituda de tres impedancias Zy , conectadas em Y , aterrada atraves
da impedancia Zn , conforme mostra a figura 1.4.
a
Ia
b
Za

In

Zn

Ib

Zb

Zc
Ic
c

t - no de terra

Figura 1.4: Carga conectada em Y -aterrado

Os fasores tensao de cada fase ao no de terra sao dados por


Vat = (Za + Zn )Ia + Zn Ib + Zn Ic
Vbt = Zn Ia + (Zb + Zn )Ib + Zn Ic
Vct = Zn Ia + Zn Ib + (Zc + Zn )Ic

(1.12)

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11

tal que, o re-arranjo dos termos resulta na seguinte equacao matricial:

Vat
(Za + Zn )
Zn
Zn
Ia
Vbt =
Ib
Zn
(Zb + Zn )
Zn
Vct
Zn
Zn
(Zc + Zn )
Ic

(1.13)

a qual e expressa na forma compacta como


Vf = Zf If

(1.14)

onde o ndice f indica que os componentes desta equacao pertencem ao domnio de fase.
As tensoes e correntes dos domnios de fase e seq
uencia sao relacionadas por
Vf = AVs

If = AIs

de forma que a Eq. (1.14) pode ser re-escrita como


Vs = Zs Is
onde Vs e Is sao vetores cujos termos sao os componentes simetricos da tensao fase-terra
e da corrente de linha, e Zs = A1 Zf A e a matriz impedancia convertida ao domnio de
seq
uencia, a qual e dada por

Za + Zb + Zc + 9Zn Za + a2 Zb + aZc Za + aZb + a2 Zc


1
Za + Zb + Zc
Za + a2 Zb + aZc
(1.15)
Zs = Za + aZb + a2 Zc
3
2
2
Za + a Zb + aZc
Za + aZb + a Zc
Za + Zb + Zc
e portanto

Za + Zb + Zc + 9Zn
Va0
Va1 = 1 Za + aZb + a2 Zc
3
Za + a2 Zb + aZc
Va2

Za + aZb + a2 Zc
Ia0
Za + a2 Zb + aZc Ia1
Za + Zb + Zc
Ia2
(1.16)
As Eqs. (1.13) e (1.16) representam analiticamente o sistema da figura 1.4 nos domnios
de fase e seq
uencia, respectivamente. Se a carga e balanceada,
Za + a2 Zb + aZc
Za + Zb + Zc
Za + aZb + a2 Zc

Za = Zb = Zc = Zy
e a Eq. (1.16) e re-escrita como

Zy + 3Zn 0 0
Va0
Ia0
Va1 =
0
Zy 0 Ia1
Va2
Ia2
0
0 Zy

(1.17)

A Eq. (1.17) consiste de tres equacoes desacopladas, que podem ser representadas em
termos de circuitos monofasicos de seq
uencia positiva, negativa e zero, conforme mostra
a figura 1.4.
No domnio de fase, a corrente que flui no neutro do sistema trifasico e dada por
In = Ia + Ib + Ic

12

Captulo 1: Sistemas Trif


asicos

Zy

Ia1

Zy

Va1

Va2

Sequencia Positiva

Zy

Ia2

Sequencia Negativa

Ia0
+

3Zn

Va0
-

Sequencia Zero

Figura 1.5: Circuitos de seq


uencia da carga conectada em Y-aterrado

e desde que
Ia1 + Ib1 + Ic1 = 0
Ia2 + Ib2 + Ic2 = 0
entao
Ia + Ib + Ic = 3Ia0
e portanto
In = 3Ia0
As cargas conectadas em Y solidamente aterrado, Y sem aterramento e sao casos
particulares da carga conectada em Y -aterrado. Nos dois primeiros casos, as impedancias
do neutro valem respectivamente Zn = 0 e Zn = . A carga em e equivalente a uma
carga conectada em Y sem aterramento, casos nos quais a soma fasorial das correntes de
linha e zero; isto e,
Ia + Ib + Ic = 0
o que implica em
Ia0 = 0
Portanto, as correntes de seq
uencia zero existem apenas em sistemas trifasicos desequilibrados e com neutro aterrado.
Imped
ancias S
erie das Linhas de Transmiss
ao
A figura 1.6 mostra uma linha de transmissao na qual
efeito das indutancias m
utuas) sao considerados.
A queda de tensao no domnio de fase e dada por

Van Van
Zlt
Vaa
Vbb = Vbn Vbn = 0
Vcc
Vcn Vcn
0
ou na forma compacta
Vf Vf = Zf If

apenas os parametros serie (sem o

0 0
Ia
Zlt 0 Ib
Ic
0 Zlt

(1.18)

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13

Zlt

Zlt

Zlt

b
c
n

Figura 1.6: Linha de transmissao

De forma analoga ao caso da carga estatica,


Vf = AVs
Vf = AVs
If = AIs
tal que
Vs Vs = A1 Zf AIs
e portanto

Va0 Va0
Z0 0 0
Ia0
Va1 Va1 = 0 Z1 0 Ia1
Va2 Va2
0 0 Z2
Ia2

(1.19)

onde Va0 , Va0 , Va1 , Va1 , Va2 e Va2 sao as componentes de seq
uencia das tensoes complexas na entrada e na sada da linha de transmissao, respectivamente; Z0 , Z1 e Z2 sao as
impedancias de seq
uencia da linha de transmissao (em geral fornecidas pelos fabricantes
ou determinadas atraves de ensaios apropriados), e Ia0 , Ia1 e Ia2 sao as componentes de
seq
uencia das correntes de linha. As componentes da Eq. (1.19) sao desacopladas e podem
ser representadas pelos circuitos da figura 1.7.
A linha de transmissao e um componente estatico do sistema de potencia e portanto
difcil determinar com
suas impedancias de seq
uencia positiva e negativa sao iguais. E
precisao a sua impedancia de seq
uencia zero porque as correntes de seq
uencia zero podem
retornar pelos mais variados caminhos, tais como o cabo de cobertura, o aterramento, as
torres da linha etc. Alem disso, a impedancia da terra depende do tipo de solo, umidade
e outros fatores, tal que no calculo desta impedancia costuma-se se fazer hipoteses simplificadoras em relacao `a distribuicao das correntes. Por esta razao, o valor da impedancia
de seq
uencia zero e o parametro com menor precisao em estudos de curto circuito, sendo
recomendavel obter esse parametro por meio de ensaios de campo. Em primeira aproximacao pode-se tomar Z0 = 3 a 3,5 Z1 .
M
aquina Sncronas
A figura 1.8 mostra um gerador sncrono, com as bobinas da armadura conectadas em
Y -aterrado. Cada fase e composta por uma fonte de tensao independente, representando

14

Captulo 1: Sistemas Trif


asicos

Ia1

Z1

Ia2

+
Va1

Z2

Ia0

Va1

Va2

Va2

Sequencia Positiva

Sequencia Negativa

Z0

Va0
-

Va0
-

Sequencia Zero

Figura 1.7: Circuitos de seq


uencia da linha de transmissao

a tensao interna do gerador Ef e a impedancia da bobina da armadura Zg .


a
Ia
b
Zg

Zg
+

Efa
-

Efb

Ib

In

Efc
Zn

Zg
Ic

t: no de terra

Figura 1.8: Gerador sncrono com as bobinas da armadura conectadas em Y -aterrado.

Neste caso, o fasor tensao da fase a ao no de terra e dado por


Vat = Zg Ia + Efa Zn In
onde a corrente no neutro e expressa por
In = Ia + Ib + Ic
e portanto
Vat = (Zg + Zn )Ia + Efa Zn Ib Zn Ic

(1.20)

Expressoes semelhantes `a Eq. (1.20) podem ser estabelecidas para as fases b e c, tal

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15

que a seguinte equacao matricial e obtida:

Vat
(Zg + Zn )
Zn
Zn
Ia
Efa
Vbt =
Ib + Efb
Zn
(Zg + Zn )
Zn
Vct
Zn
Zn
(Zg + Zn )
Ic
Efc

(1.21)

a qual representa analiticamente o gerador sncrono da figura 1.8 e pode ser expressa na
forma compacta no domnio de fase como
Vf = Zf If + Ef

(1.22)

Expressando as tensoes e correntes da Eq. (1.22) no domnio de seq


uencia obtem-se

Zg0 + 3Zn 0
0
Ia0
0
Va0
Va1 =
0
Zg1 0 Ia1 + Efa
(1.23)
0
0
0 Z g2
Ia2
Va2
onde Zg1 , Zg2 e Zg0 sao as impedancias se seq
uencia positiva, negativa e zero, respectivamente, do gerador sncrono. Essas impedancias sao determinadas em ensaios baseados na
relacao tensao-corrente da maquina sncrona. Por exemplo, a impedancia de seq
uencia
positiva e determinada atraves do ensaio de curto circuito no gerador sncrono. De maneira
analoga, as impedancias de seq
uencia negativa e zero sao determinadas submetendo-se este
equipamento `as tensoes trifasicas de seq
uencia negativa e zero, respectivamente. Esses
valores sao geralmente fornecidos pelos fabricantes.
A Eq. (1.23) representa analiticamente o gerador sncrono da figura 1.8 no domnio de
facil observar que as equacoes correspondentes `as componentes de seq
seq
uencia. E
uencia
positiva, negativa e zero sao desacopladas, podendo cada uma ser representada por um
circuito de seq
uencia, conforme mostra a figura 1.9.
Zg1

I a1

+
Efa
Sequencia Positiva

Z g2

Ia2

Z g0

Va1

Va2

Sequencia Negativa

I a0
+

3Zn

Va0
-

Sequencia Zero

Figura 1.9: Circuitos de seq


uencia do gerador sncrono
Os circuitos de seq
uencia do motor sncrono sao semelhantes aos do gerador, exceto
pelo sentido das componentes de seq
uencia da corrente em cada circuito. No caso do
motor de inducao, desde que o enrolamento de campo (rotor) destes equipamentos nao e
excitado por corrente contnua, a fonte independente que representa a forca eletromotriz
interna e removida (substituda por uma impedancia nula ou curtocircuitada). Observe
que estes circuitos sao simplificados, sendo desprezados os efeitos de saliencia de polos,
saturacao e outros fenomenos transitorios mais complexos.

16

Captulo 1: Sistemas Trif


asicos

Ex. 1.3 Considere um sistema trifasico onde as seguintes tres cargas conectadas em paralelo sao supridas por um a alimentador operando na tensao de 380 V:
carga 1: conectada em e constituda por tres imped
ancias iguais a 24+j18 /f ase;
carga 2: conectada em Y solidamente aterrado e constituda por tres reat
ancias
capacitivas iguais a 5 /f ase;
carga 3: conectada em Y aterrado por uma reat
ancia indutiva igual a 2 e constituda por tres imped
ancias iguais a 12 + j9 /f ase;
As imped
ancias de seq
uencia da linha de transmiss
ao que conecta a fonte `a carga sao
iguais a Z1 = Z2 = 0,087 + j0,996 /fase, e Z0 = 0,25 + j2,88 /fase.
1. determine os circuitos de seq
uencia que representam a carga;
2. calcule os fasores corrente de linha que suprem cada carga;
3. as potencias complexas absorvida pela carga total e fornecida pela fonte, a perda de
potencia ativa e reativa no sistema de transmiss
ao;
4. os fatores de potencia com que operam a fonte e a carga;
5. o balanco de potencia do sistema trifasico;

1.5

Exerccios

1.1 Um alternador trifasico com valores de placa 25 kVA, 380 volts, 60 Hz opera sob
condic
oes balanceadas, suprindo uma corrente de linha de 20A por fase, com fator de
potencia 0,8 atrasado e tensao nominal.
1. Determinar o triangulo de potencias nesta condic
ao de operac
ao.
2. Determinar a imped
ancia da carga por fase:
se a carga esta conectada em Y ;
se a carga esta conectada em .
1.2 Considere duas cargas balanceadas, ambas conectadas em Y , uma absorvendo 10 kW
a um fator de potencia 0,8 atrasado e a outra absorvendo 15 kW a um fator de potencia
0,9 atrasado. Estas cargas sao conectadas em paralelo e supridas por uma fonte trifasica
balanceada numa tensao de 480 V.
1. Determine os fasores corrente na fonte.
2. Qual o fator de potencia da carga total e da fonte sob essa condic
ao de operac
ao?
3. Se o neutro da carga e conectado ao neutro da fonte por um condutor de imped
ancia
nula, qual a corrente neste condutor?

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17

1.3 Tres imped


ancias iguais a 30300 , conectadas em , sao supridas por uma
fonte de tensao trifasica balanceada de 220 V, atraves de tres condutores identicos com
imped
ancia 0,8+j0,6 por fase.
1. Calcule a tensao fase-fase nos terminais da carga;
2. Calcule a potencia complexa total fornecida pela fonte e as perdas de potencia nas
linhas de transmiss
ao;
3. Repita os itens anteriores supondo que um banco de capacitores em com imped
ancia
de -60j S/fase est
a conectado em paralelo com a carga. Quais as vantagens desta
condic
ao em termos de magnitude da tensao na carga, correntes na rede trifasica e
perdas no sistema de transmiss
ao?
1.4 Num sistema trifasico balanceado, dois geradores suprem uma carga atraves de duas
linhas de transmiss
ao. A carga absorve a 30 kW a um fator de potencia 0,8 atrasado.
As imped
ancias das linhas de transmiss
ao entre os geradores G1 e G2 e a carga sao
respectivamente 1,4+j1,6 /fase e 0,8+j1,0 /fase. Se o gerador G1 supre 15 Kw a um
fator de potencia 0,8 atrasado e a uma tensao de 460 V, determine:
1. a tensao nos terminais da carga e nos terminais do gerador G2 ;
2. as potencias ativa e reativa suprida pelo gerador G2 ;
3. as perdas de potencia ativa e reativa nas linhas de transmiss
ao.
1.5 Os terminais de uma fonte trifasica sao denotados por a, b e c. Entre qualquer
par de terminais um voltmetro mede 115 V. Um resistor de 100 e uma reatancia
capacitiva de 100 na freq
uencia da fonte estao conectados em serie de a para b, com
o resistor conectado em a. O ponto de conex
ao desses elementos entre si e denotado
por n. Determine geometricamente a leitura do voltmetro entre os terminais c e n, nas
seq
uencias de fase positiva (abc) e negativa (acb).
1.6 Determine a corrente fornecida por uma linha de transmiss
ao trifasica, com imped
ancia
igual a 0,3+j1,0 /fase, a um motor trifasico de 15 HP, operando a plena carga, com
90 % de rendimento, fator de potencia de 80 % em atraso e tensao de 440 V. Calcule
a magnitude da tensao e a potencia complexa na entrada da linha de transmiss
ao, e a
potencia complexa absorvida pela mesma. (1 HP(horse power) = 745,7 watts.)
1.7 Uma carga equilibrada, composta de resistencias de 15 /fase, esta em paralelo
com uma carga Y equilibrada com imped
ancia de 8+j6 /fase. O sistema de transmiss
ao
que conecta as cargas a uma fonte trifasica de 110 V e constitudo por linhas de transmiss
ao com imped
ancia de 2+j5 /fase. Determinar a corrente absorvida da fonte, a
tens
ao de linha no ponto correspondente a combinac
ao das cargas e a potencia complexa
total (com o respectivo fator de potencia) fornecida pelo gerador.

18

Captulo 1: Sistemas Trif


asicos

1.8 Uma planta industrial necessita instalar um compressor para recalcar agua de um
poco semi-artesiano. O compressor e alimentado por uma linha trifasica, conectada no
secund
ario do transformador da subestac
ao de suprimento local. A tensao no secund
ario
do transformador trifasico e de 220 V, a corrente absorvida pelo motor do compressor e
de 100 A, com fator de potencia 0,7 indutivo, e a linha trifasica tem uma imped
ancia de
0,1 +j 0,05 /fase. Determine:
1. os fasores das tensoes de fase e de linha no motor e no secund
ario do transformador;
2. as potencias ativa e reativa absorvidas pelo motor do compressor e fornecidas pelo
secund
ario do transformador;
3. a capacidade de um banco trifasico de capacitores que deve ser ligado em paralelo
com o motor do compressor a fim de que o conjunto trabalhe com fator de potencia
0,9 indutivo;
4. as potencias ativa e reativa fornecidas pelo secund
ario do transformador, nas condic
oes
de operac
ao do item anterior, supondo que tensao no conjunto compensac
ao-carga
permanece constante.
1.9 Uma carga trifasica absorve 250 kW com um fator de potencia de 0,707 em atraso
atraves de uma linha de transmiss
ao trifasica de 400 V. Esta carga esta conectada em
paralelo com um banco trifasico de capacitores de 60 kVar. Determinar a corrente total
fornecida pela fonte e o fator de potencia resultante. Repita estes c
alculos excluindo o
banco de capacitores e compare os valores da corrente fornecida pela fonte.
1.10 Um motor trifasico absorve 20 kVA com fator de potencia de 0,707 em atraso, de
uma fonte de 220 V. Especifique os valores nominais (em kVar) de um banco trifasico de
capacitores, necess
ario para elevar o fator de potencia do conjunto carga-banco a 0,90 em
atraso. Determine a corrente de linha antes e depois da adic
ao do banco de capacitores,
supondo que a magnitude da tensao da fonte permanece constante.
1.11 Um motor de induc
ao trifasico requer 6 kW com o fator de potencia 0,8 em atraso.
Determinar os valores de um banco de capacitores conectados em Y de forma a produzir
um fator de potencia unitario no sistema, quando colocado em paralelo com o motor, num
sistema balanceado de 250 V e freq
uencia de 60 Hz.
1.12 Um sistema trifasico balanceado de 450 V alimenta duas cargas conectadas em
paralelo. A primeira esta conectada em Y e possui uma imped
ancia de 20-j10 /fase
enquanto a segunda esta ligada em e possui imped
ancia de 15+j30 /fase. Determinar
a corrente de linha, a potencia fornecida `a cada carga e os fatores de potencia individual
e do conjunto de cargas.
1.13 Uma carga balanceada em e alimentada por um sistema trifasico de 240 V. A
corrente de linha e 10 A. Um wattmetro com sua bobina de corrente em uma linha e sua
bobina de tensao entre as outras duas linhas registra a potencia de 1500 W. Determinar
a impedancia da carga.

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19

1.14 Duas cargas trifasicas associadas em paralelo sao supridas por uma fonte atraves
de um sistema de transmiss
ao de imped
ancia igual a 0,1+j1,0 /fase. A primeira carga
e um motor de 7,5 kW, fornecendo a sua potencia nominal, numa tensao de 440 V, com
rendimento de 90% e fator de potencia 0,8 em atraso. A segunda carga e representada
por tres imped
ancias de 20,0+j50,0 , conectadas em . Calcular:
1. a corrente de linha qua alimenta a carga total;
2. o valor da tensao na fonte;
3. as perdas de potencia ativa e reativa (por fase) na linha de transmiss
ao;
4. a potencia complexa fornecida pela fonte com o correspondente fator de potencia;
5. o diagrama fasorial das correntes e tensoes na carga total.
1.15 Um gerador trifasico operando na tensao de 380 volts supre, atraves de uma linha
de transmiss
ao com imped
ancia 0,1 + j1,0 /fase, uma carga trifasica que absorve uma
corrente de 50 Amperes com fator de potencia 0,8 em atraso. Supondo seq
uencia de
fases positiva e tomando o fasor tensao fase-neutro na fase a da carga como referencia,
determinar:
1. os fasores tensao de fase e de linha na carga e no gerador;
2. as potencias ativa e reativa na carga e no gerador;
3. a imped
ancia por fase de uma conex
ao , que associada em paralelo com a carga
torna unitario o fator de potencia desta;
4. a magnitude da corrente fornecida pelo gerador apos a adic
ao da compensac
ao
reativa, supondo constante a magnitude da tensao do gerador.
1.16 Duas cargas trifasicas conectadas em paralelo sao supridas por um gerador sncrono,
com bobinas da armadura conectadas em Y e reat
ancia sncrona de 0,5 /fase, atraves de
uma linha de transmiss
ao de imped
ancia 0,5 + j0,5 /fase. A tensao interna do gerador e
380 V. A carga 1 consiste de tres imped
ancias de 6,0 + j9,0 conectadas em e a carga
2 e composta de tres admitancias de 0,12+j0,16 S conectadas em Y. Supondo seq
uencia
de fases positiva e adotando o fasor tensao Vab como referencia, determinar:
1. os fasores corrente na linha de transmiss
ao;
2. a potencia complexa suprida `a carga;
3. a perda de potencia complexa na linha de transmiss
ao;
4. o fator de potencia com que opera cada uma das cargas, a carga total e o gerador
sncrono;
5. os fasores corrente em cada fase da carga conectada em .

20

Captulo 1: Sistemas Trif


asicos

1.17 Num sistema trifasico, um gerador sncrono com valores de placa: 200 MVA, 16
kV, bobinas da armadura conectadas em Y com reat
ancia sncrona de 3 /fase e fator
de potencia 0,8 atrasado, supre uma carga trifasica, na tensao nominal, atraves de um
sistema de transmiss
ao de impedancia desprezvel. A carga consome 100 MVA com fator
de potencia 0,8 em avanco. Adotando a seq
uencia de fases positiva e o fasor Van como
referencia, calcular:
1. o triangulo de potencia da carga;
2. os fasores corrente de linha que suprem a carga;
3. a imped
ancia por fase correspondente `a carga, supondo esta conectada em ;
4. a potencia complexa fornecida pelo gerador com o correspondente fator de potencia;
5. o diagrama fasorial das correntes e tensoes trifasicas na sada do gerador sncrono;
6. a compensac
ao reativa necess
aria pata tornar o fator de potencia da carga compensada igual a 0,95 adiantado.
1.18 Uma fonte conectada em Y -solidamente aterrado opera com tensoes fase-terra
iguais a Vat = 27700 V, Vbt = 260 1200 V e Vct = 2951150 V, suprindo uma
carga trifasica representada pela matriz de imped
ancias

10 + j30 5 + j20 5 + j20


Zf = 5 + j20 10 + j30 5 + j20
5 + j20 5 + j20 10 + j30
1. Determinar os circuitos de seq
uencia do sistema trifasico.
2. Calcular os componentes simetricos da tensao fase-terra na entrada da linha de
transmiss
ao e na carga.
3. Calcular a corrente a potencia complexa nos circuitos de seq
uencia.
4. Determinar as correntes de linha que suprem a carga e a potencia complexa suprida
a carga trifasica.
1.19 Uma fase de um gerador trifasico opera em aberto enquanto as outras duas fases sao
curto circuitadas `a terra, circulando nas mesmas as correntes fasoriais Ib = 10001500 A
e Ic = 1000300 A. Determinar os componentes simetricos destas correntes e a corrente
que flui atraves do neutro do gerador.
1.20 Dadas as tensoes fase-terra Vat = 28000 V, Vbt = 250 1100 V e Vct =
2901300 V:
1. calcule as componentes de seq
uencia das tensoes fase-terra;
2. calcule as tensoes fasoriais de linha e os componentes de seq
uencia correspondentes;

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21

3. verifique a relac
ao entre as tensoes de fase e de linha dos componentes de seq
uencia
das tensoes.
1.21 As correntes fasoriais numa carga conectada em s
ao: Iab = 1000 A, Ibc =
15 900 A e e Ica = 20900 A. Determine:
1. as componentes de seq
uencia das correntes nas fases da conex
ao ;
2. as correntes de linha que suprem a carga e suas correspondentes componentes de
seq
uencia;
3. verifique a relac
ao entre as correntes de fase e de linha dos componentes de seq
uencia
das correntes.
1.22 Num sistema trifasico, tensoes fase-terra iguais a Vat = 28000 V, Vbt = 250
1100 V e Vct = 2901300 V suprem uma carga balanceada conectada em Y solidamente
aterrado, composta de imped
ancias iguais a 12 + j16 /fase. Determine os circuitos de
seq
uencia do sistema e calcule as correntes de linha e suas correspondentes componentes
de seq
uencia.
1.23 Repita o problema anterior para os seguintes casos:
1. supondo que a fonte e a carga sao conectadas por uma linha de transmissao de
imped
ancia 3 + j4 /fase;
2. supondo que a conex
ao da carga e Y n
ao aterrado;
3. supondo que a conex
ao da carga e consistindo de imped
ancias de 12 + j16 /fase;
4. supondo que a carga consiste de uma conex
ao Y composta de imped
ancias de 3+j4
/fase, com neutro aterrado por uma reat
ancia indutiva de 2 . Considere que
a carga e compensada por um banco de capacitores conectado m , composto de
reat
ancias de 30 /fase.
1.24 Num sistema trifasico, um gerador sncrono supre um motor atraves de uma linha
de transmiss
ao com imped
ancia 0.5800 /fase. O motor absorve 5 kW, na tensao de 200
V, com fator de potencia 0,8 adiantado. As bobinas da armadura do gerador e do motor
s
ao conectadas em Y aterrado, com imped
ancias indutivas de de 5 . As imped
ancias de
seq
uencia das maquinas sao iguais a Z0 = j5, Z1 = j15 e Z2 = j10 . Determine os
circuitos de seq
uencia do sistema trifasico e calcule as tensoes de linha nos terminais do
gerador. Considere o motor uma carga balanceada.

22

Captulo 1: Sistemas Trif


asicos

Captulo 2
Representac
ao dos Sistemas de
Pot
encia
2.1

Introduc
ao

Em estudos de redes eletricas em regime permanente, os sistemas trifasicos equilibrados


sao modelados analiticamente pelo diagrama de impedancias de uma fase do circuito Y
equivalente. Cada elemento constituinte do diagrama unifilar e representado por um
circuito monofasico de seq
uencia positiva, com os parametros e variaveis da rede eletrica
expressos no sistema por unidade. Este captulo mostra como este circuito e determinado.
Para esta finalidade, tres aspectos sao fundamentais sao apresentados. O primeiro e o
diagrama unifilar, que fornece uma ideia sobre a estrutura e a conexao dos componentes
do sistema, e `a partir do qual e possvel determinar o diagrama de impedancias. O
segundo e a representacao do diagrama de impedancias no sistema por unidade, o qual
tem por objetivo facilitar os calculos de correntes e tensoes no circuito eletrico. O terceiro
e a modelagem analtica dos componentes da rede eletrica em termos de elementos de
circuitos. Isto permite obter um modelo do sistema de potencia em termos de equacoes
obtidas aplicando-se as leis de circuitos eletricos, cuja solucao fornece os subsdios para a
analise da rede eletrica.

2.2

Diagrama Unifilar

O diagrama unifilar e um tipo de representacao dos sistemas de potencia que fornece de


maneira concisa as informacoes significativas sobre o mesmo. Os padroes utilizados para
este tipo de representacao foram institudos pela ANSI (American National Standards
Institute) e pelo IEEE (Institute of Electrical and Electronic Engineers). Alguns dos
principais smbolos utilizados para construir o diagrama unifilar sao mostrados na tabela
2.1.
A figura 2.2 apresenta um exemplo de diagrama unifilar no qual os ndices 1 e 2 situados
sobre as linhas verticais indicam as duas barras do sistema. As bobinas da armadura
dos geradores G1 , G2 e G3 estao conectadas em Y com o neutro aterrado atraves das
impedancias Zng1 , Zng2 e Zng3 . Os geradores G1 e G2 e a carga 1 estao conectados ao

24

Captulo 2: Representa
c
ao dos Sistemas de Pot
encia

Maquina rotativa

Fusvel

Transformador de
dois enrolamentos

Disjuntor a ar

Transformador de
tres enrolamentos

Conexao Delta

Disjuntor

Conexao Y
sem aterramento

Transformador de
corrente
Transformador de
potencial

ou
A

Ampermetro

Zn

Conexao Y
aterrado com Zn

Conexao Y
solidamente aterrado

Voltmetro

Figura 2.1: Diagrama unifilar - Principais smbolos

mesmo barramento e portanto sujeitos a mesma tensao. De maneira analoga, o gerador


G3 impoe a tensao na barra 2, `a qual esta conectada a carga 2.
Supondo que a linha de transmissao que conecta os transformadores T1 e T2 e de
comprimento medio, o circuito monofasico equivalente ao diagrama unifilar mostrado na
figura 2.2 e determinado lembrando que a magnitude da corrente de magnetizacao dos
transformadores de grande porte e insignificante em relacao `a magnitude da corrente
nominal (em geral menor do que 5 %) e portanto o ramo transversal do transformador e
desprezado. Alem disso, a impedancia de aterramento dos geradores conectados em Y nao
e includa, pois sob condicoes de operacao balanceada em regime permanente a corrente
que flui do neutro dos geradores para a terra e nula.

2.3

O Sistema Por Unidade

Uma quantidade no sistema por unidade (pu) e definida como a razao entre o valor real
da grandeza e o valor base da mesma grandeza selecionado como referencia; isto e
Quantidade em p.u. =

V alor real (volts, amps, ohms, watts, ...)


V alor base (volts, amps, ohms, volt amp`
ere, ...)

Com relacao a esta definicao, os seguintes aspectos devem ser observados:

R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot

25

Zng1
G1
Zng2

T1

T2

G3

Zng3

LT

G2
Carga 1

Carga 2
Figura 2.2: Diagrama unifilar - Exemplo

a quantidade em pu e adimensional;
o valor base e sempre um n
umero real;
o angulo de uma quantidade em pu e sempre o mesmo da quantidade verdadeira;
valor percentual = Valor p.u. 100.

2.3.1

Selec
ao dos valores base

A escolha dos valores base e feita considerando um elemento generico de circuito, no qual
quatro quantidades inter-relacionadas (tensao, corrente, impedancia e potencia) definem
a referida especificacao. O seguinte procedimento e adotado:
1. dois valores base (entre tensao, corrente, impedancia e potencia) sao arbitrariamente
selecionados num determinado ponto do sistema;
2. os outros dois valores base sao calculados utilizando-se as relacoes entre tensao,
corrente, impedancia e potencia num circuito monofasico. Por exemplo, se a tensao
e a potencia sao escolhidas como grandezas base (Vb e Sb ), entao os valores de
corrente base e impedancia base sao calculados por
Ib =

Sb
Vb

Zb =

Vb
Ib

ou Zb =

Vb2
Sb

Isto permite interpretar a impedancia base Zb como um elemento de circuito monofasico,


o qual submetido a uma tensao base de valor Vb fornecera uma corrente base de valor Ib
e uma potencia base igual a Sb .
importante ressaltar que a quantidade adotada como base para o calculo de ambas,
E
potencias ativa e reativa, no sistema por unidade e a potencia aparente base, isto e,
Pb1 = Qb1 = Sb1
expressa em volt-amp`ere (VA).

26

Captulo 2: Representa
c
ao dos Sistemas de Pot
encia

De maneira analoga, a quantidade adotada como base para o calculo de ambas, resistencia e reatancia, no sistema por unidade e a impedancia base, isto e,
Rb = Xb = Zb
expressa em ohms (); e a admitancia base e dada por
Yb =

1
Zb

e expressa em Siemens (S).

2.3.2

Base em Termos de Valores Trif


asicos

Em sistemas trifasicos, os valores base sao expressos geralmente em termos de quantidades


trifasicas, isto e, potencia trifasica, tensao de linha e corrente de linha. Alem disso, as
impedancias conectadas em sao convertidas para a conexao Y equivalente. Denotando
Sb1 : a potencia base do circuito monofasico;
Vbf : a tensao base do circuito monofasico (fase-neutro);
Sb3 : a potencia base do circuito trifasico;
VbL : a tensao base do circuito trifasico (fase-fase ou de linha);
e lembrando que em sistemas trifasicos equilibrados
Sb3 = 3Sb1

VbL =

3Vbf

as seguintes relacoes podem ser estabelecidas:


Ib =

Sb1
Sb3 /3
S
= b3
=
Vbf
VbL / 3
3VbL

V2
Vbf
VbL / 3

= bL
Zb =
=
Ib
Sb3
Sb3 / 3VbL
Num sistema de potencia trifasico, as seguintes regras sao adotadas para a especificacao
das quantidades base:
1. o valor de potencia aparente trifasica base Sb3 e o mesmo ao longo de todo o sistema;
2. a relacao entre as tensoes de linha base nos lados do transformador e igual aquela
entre os valores nominais da tensao do transformador, ou seja, a tensao de linha base
passa atraves do transformador trifasico segundo a sua relaao nominal de tensoes
de linha.

R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot

27

Ex. 2.1 Considere dois geradores trifasicos suprindo, atraves de linhas de transmiss
ao
trif
asicas separadas, duas cargas trifasicas balanceadas conectadas no mesmo ponto. A
carga 1, conectada em Y, absorve 20 kW operando com fator de potencia 0,8 atrasado e a
carga 2, conectada em , absorve 12 kVA operando com fator de potencia 0,9 adiantado.
H
a ainda uma terceira carga de 15 kW, resistiva e ligada em Y, conectada diretamente
aos terminais do gerador 2. A imped
ancia da linha de transmiss
ao entre o gerador 1 e
a carga e 1,4 +j1,6 /fase, e da linha de transmiss
ao entre o gerador 2 e a carga e 0,8
+j1,0 /fase. O gerador 1 supre 20 kW a um fator de potencia 0,8 atrasado, numa tensao
terminal de 460 V. Suponha que a potencia das tres cargas seja independente da tensao
de alimentac
ao. Empregando o sistema por unidade e tomando como valores base 25 kVA
e 460 V no gerador 1, determinar:
1. o diagrama de imped
ancias no sistema por unidade na base mencionada;
2. a corrente da carga 1, em pu e em amperes;
3. a tensao nos terminais do gerador 2, em pu e em volts;
4. a potencia aparente suprida pelo gerador 2, em pu e em kVA;
5. o valor da reat
ancia em pu e em /fase de uma carga de compensac
ao reativa
necess
aria para tornar unitario o fator de potencia do equivalente das cargas 1 e 2.

2.3.3

Mudanca de Base

Em geral, os equipamentos dos sistemas de potencia apresentam na sua placa o valor percentual da impedancia, calculada com base nos valores nominais do proprio equipamento.
Desde que os componentes do sistema de energia eletrica possuem valores nominais diferentes, para se fazer calculos no sistema por unidade e necessario referir todas as grandezas
a uma base comum. Para efetuar esta mudanca de base, suponha que a impedancia do
equipamento (em pu) seja expressa como
Zbpuantiga =

Z real
Sb antiga
= Z real 2
Zb antiga
Vb antiga

e que e necessario referir este valor a uma nova base, tal que
Sb nova
Zbpunova = Z real 2
Vb nova
A combinacao dessas duas u
ltimas equacoes fornece

Vb antiga
Sb nova
pu
pu
Zb nova = Zb antiga
Sb antiga
Vb nova
que e a relacao utilizada para efetuar a mudanca de base
requerida.
Vb antiga
Observe que, no caso dos transformadores a relacao
deve ser calculada
Vb nova
com valores base correspondentes a um mesmo lado do transformador.
Ex. 2.2 A placa de um transformador monofasico de dois enrolamentos apresenta os
seguintes valores: 50 MVA; 13,8/69 kV; 20 %. Calcular a reat
ancia deste equipamento
no sistema por unidade, na base de 100 MVA e 13,2 kV no lado de BT.

28

Captulo 2: Representa
c
ao dos Sistemas de Pot
encia

2.4
2.4.1

M
aquinas Sncronas
Circuitos Equivalentes e Diagramas Fasoriais

Gerador Sncrono
Estes equipamentos podem absorver ou gerar potencia reativa, funcionando como geradores (Pg > 0), motores (Pg < 0) ou compensadores (Pg 0), superexcitados (Qg > 0)
ou subexcitados (Qg < O). Os limites de geracao e absorcao de potencia reativa sao
determinados com auxlio da curva de capabilidade da maquina. A capacidade de suprir
potencia reativa e determinada atraves da razao de curto-circuito do equipamento (igual
ao inverso da reatancia sncrona). O circuito monofasico equivalente da maquina sncrona
funcionando como um gerador e mostrado na figura 2.3.
Zs = jXs
I
+
E

+
G

Figura 2.3: Circuito equivalente do gerador sncrono


As equacoes que representam a geracao de potencia sao obtidas supondo-se as tensoes
terminal V = V 00 e de excitacao E = E, e separando-se as partes real e imaginaria
do produto S = VI . Isto fornece as potencias ativa e reativa liberadas pelo gerador, as
quais sao expressas respectivamente por
Pg =

VE
sen
Xs

Qg =

V
(E cos V )
Xs

onde e denominado angulo de carga da maquina sncrona.


Os diagramas fasoriais do gerador sncrono sub-excitado e sobre-excitado sao mostrados nas figuras 2.4 e 2.5.
Motor Sncrono
O circuito equivalente do motor sncrono e mostrado na figura 2.6, e os correspondentes
diagramas fasoriais para os casos de sub-excitacao e sobre-excitacao sao representados nas
figuras 2.7 e 2.8.

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29

E
IjXd

Figura 2.4: Gerador sncrono superexcitado - diagrama fasorial

E
I

IjXd

V
Figura 2.5: Gerador sncrono subexcitado - diagrama fasorial
Zs = jXs
I
+

+
E
-

V
-

Figura 2.6: Circuito equivalente do motor sncrono

Compensadores Sncronos
Quando a maquina sncrona opera como um Compensador Sncrono, a potencia ativa
suprida e aproximadamente zero (em razao das perdas internas), sendo fornecida apenas
potencia reativa (capacitiva ou indutiva). Este modo de funcionamento e o mesmo de
um motor sncrono operando sem carga mecanica. Dependendo da corrente de excitacao,
o dispositivo pode gerar ou absorver potencia reativa. Desde que as perdas neste tipo
de dispositivo sao consideraveis, se comparadas `as dos Capacitores Estaticos, o fator de

30

Captulo 2: Representa
c
ao dos Sistemas de Pot
encia

V
IjXd

Figura 2.7: Motor sncrono subexcitado - diagrama fasorial

V
I

IjXd

E
Figura 2.8: Motor sncrono superexcitado - diagrama fasorial

potencia com que operam os compensadores sncronos nao e exatamente igual a zero. No
caso da operacao em conjunto com os reguladores de tensao, os compensadores sncronos
podem automaticamente funcionar superexcitados (sob condicao de carga pesada) ou
subexcitados (sob condicoes de carga leve).
I

V
jXd I

Figura 2.9: Compensador sncrono subexcitado


Os diagramas fasoriais da maquina sncrona operando como compensador sao mostrados nas figuras 2.9 e 2.10. A principal vantagem do compensador sncrono e a sua flexibilidade de operacao. A geracao de potencia reativa pode variar continuamente de uma
maneira simples (porem mais lenta do que a dos Compensadores Estaticos), modificandose a tensao de excitacao da maquina sncrona. A desvantagem deste tipo de operacao

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31

E
jXd I

I
Figura 2.10: Compensador sncrono superexcitado

e que em geral o equipamento esta situado longe dos pontos de consumo e necessita de
elementos de transporte para atingir a demanda, ocasionando perda de potencia.

2.4.2

Controle de Pot
encia da M
aquina Sncrona

Sistemas de controle automatico sao freq


uentemente utilizados na monitoracao da operacao
das redes eletricas. A figura 2.11 mostra os dois controles basicos de um gerador com
turbina a vapor; isto e, o regulador de tensao e o governador de velocidade.
Valvula de vapor
Pref

Do gerador
de vapor

Gerador

Governador
de velocidade

If
m Excita-

Turbina

triz

a vapor

Pe , Vt

Ef d
-

Pm
Para o
condensador

Regulador de
tensao

Retificador
Filtro

Transformador
de potencial

Figura 2.11: Controles P f e QV

O governador de velocidade da turbina ajusta a posicao da valvula de vapor para


controlar a potencia mecanica de sada da turbina (Pm ). Quando o nvel da potencia de
referencia (Pref ) aumenta (ou diminui) o governador de velocidade abre (ou fecha) mais a
valvula que controla a injecao de potencia mecanica no eixo da turbina. O governador de
velocidade tambem monitora a velocidade angular do rotor m , a qual e utilizada como

32

Captulo 2: Representa
c
ao dos Sistemas de Pot
encia

sinal de realimentacao para controlar a potencia mecanica de entrada e eletrica de sada.


Considerando-se as perdas desprezveis,
se Pm > Pe , a velocidade angular m aumenta e o governador de velocidade fecha
mais a valvula para reduzir a potencia mecanica de entrada;
se Pm < Pe , a velocidade angular m decresce e o governador de velocidade abre
mais a valvula para aumentar a potencia mecanica de entrada;
O regulador de tensao ajusta a potencia eletrica de sada do sistema de excitacao,
visando controlar a magnitude da tensao terminal do gerador (Vt ). Quando a tensao
de referencia (Vref ) aumenta (ou diminui), a tensao de sada do gerador deve se elevar
(ou decrescer) por efeito da tensao de excitacao (Efd ) aplicada nas bobinas de campo do
gerador sncrono. Um transformador de potencial e um retificador monitoram a tensao
terminal (Vt ), a qual e utilizada como sinal de realimentacao no regulador de tensao. Se
a tensao terminal decresce, o regulador de tensao aumenta a sua tensao (Vr ), de forma a
elevar a tensao de excitacao (Ef d ) e a tensao terminal (Vt ).
1
Conforme mencionado anteriormente, quando a maquina sncrona esta conectada
a uma barra infinita a sua tensao terminal e a sua freq
uencia permanecem inalteradas.
Entretanto, duas das suas variaveis, a corrente de excitacao e o torque de entrada no eixo,
podem ainda ser controladas. A variacao da corrente de campo, referida como controle
do sistema de excitac
ao, e utilizada no funcionamento da maquina tanto como gerador
quanto como motor, para controlar a potencia reativa da mesma. Por outro lado, desde
que a velocidade angular do eixo da maquina e constante, a u
nica maneira de variar a
potencia ativa de sada e atraves do controle do torque imposto no eixo pela maquina
primaria no caso do gerador e pela carga mecanica no caso do motor.
Controle de pot
encia reativa
Considere um gerador suprindo potencia ativa, tal que o angulo entre a tensao terminal
e a forca eletromotriz interna da maquina e . Suponha ainda, que para a analise do
controle de potencia reativa mostrada a seguir, a resistencia da armadura e desprezada.
A potencia complexa liberada nos terminais do gerador e dada por
S = P + jQ
= VIa
= V Ia (cos + j sin )
tal que
P = V Ia cos
Q = V Ia sin

(2.1)

Note que, desde que o angulo e numericamente positivo, a potencia reativa liberada
pela maquina e positiva para cargas com fator de potencia atrasado. Se a potencia ativa de
sada (P ) e mantida constante a uma tensao terminal (V ) constante, a analise da equacao
1

O texto a seguir e baseado nas referencias [?, ?, 1].

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33

2.1 mostra que a quantidade Ia cos tambem permanece constante. Nessas condicoes, a
magnitude da forca eletromotriz interna (Ef ) varia proporcionalmente conforme a corrente
contnua de excitacao do campo (If ) se modifica, de forma a manter a quantidade Ia cos
constante.
LG de Ef constante
LG de Ia cte

Ef
Ia Xd cos

jIa Xd
Vt

Ia Xd sin

Ia

Ia cos

Ia Xd sin
Ef
jIa Xd
Ia Xd cos

Ia

Vt
Figura 2.12: Controle de potencia reativa

A condicao de excitac
ao normal da maquina e definida como aquela na qual
Ef cos = V
e a maquina sncrona e considerada estar superexcitada ou subexcitada conforme Ef cos >
V ou Ef cos < V , respectivamente. Quando a maquina esta superexcitada, ela supre
potencia reativa atraves dos seus terminais, tal que sob o ponto de vista do sistema ela
age como um capacitor. A parte superior da figura 2.12 ilustra esta situacao.
A parte inferior da figura 2.12 mostra o diagrama fasorial de um gerador subexcitado,
suprindo a mesma quantidade de potencia ativa que a do caso anterior. Neste caso, o
gerador absorve potencia ativa do sistema e portanto atua como um indutor.
Resumindo, geradores e motores sncronos superexcitados suprem potencia reativa,
agindo como capacitores sob o ponto de vista do sistema ao qual a maquina sncrona esta
conectada, enquanto que geradores e motores sncronos subexcitados absorvem potencia
reativa do sistema, atuando como indutores.

34

Captulo 2: Representa
c
ao dos Sistemas de Pot
encia

Controle da pot
encia ativa
O controle de potencia ativa e realizado atraves da valvula que monitora a quantidade
de vapor ou agua que entra na turbina (maquina primaria) acoplada ao eixo da maquina
sncrona. O aumento da potencia mecanica de entrada no gerador resulta num correspondente aumento da velocidade angular do rotor e, se a corrente de excitacao do campo (If )
(e portanto a forca eletromotriz interna (Ef )) for mantida constante, o
angulo de carga
ou potencia () entre a tensao terminal (V ) e a forca eletromotriz interna (Ef ) tambem
crescera. O aumento do angulo de carga implica numa quantidade maior da grandeza
V Ia cos , conforme pode ser observado na figura 2.12. Um gerador com maior angulo de
potencia requer um torque de entrada maior e naturalmente libera maior quantidade de
potencia ativa ao sistema. Um raciocnio analogo se aplica ao funcionamento da maquina
sncrona como motor.
Ex. 2.3 Considere um gerador sncrono com valores nominais 635 MVA, fator de potencia
0,90 atrasado, 3600 rpm, 24 kV e reat
ancia sncrona 1,7241 pu conectado a uma barra
infinita. Se esta maquina esta suprindo uma corrente de 0,8 pu com fator de potencia 0,9
atrasado a uma tensao terminal de 1,0 pu, determine a magnitude e o angulo da tensao
interna do gerador e as potencias ativa e reativa supridas a barra infinita. Se a potencia
ativa de sada do gerador permanece constante, porem a sua excitac
ao e (a) reduzida em
20 % e (b)aumentada em 20 %, determine o angulo de carga e a potencia reativa suprida
pelo gerador.

2.4.3

Curva de Capabilidade

A curva de capabilidade ou carta de potencia e um diagrama que mostra todas as condicoes


de operacao normal de uma maquina sncrona de rotor cilndrico conectada a uma barra
infinita. Este diagrama e de extrema utilizada para operadores de sistema de potencia
durante a fase de planejamento da operacao da maquina sncrona como gerador.
A curva de capabilidade e determinada supondo-se que o gerador opera com tensao
terminal fixa e que a resistencia da armadura e desprezvel. A construcao do diagrama
pode ser sumarizada nas etapas descritas a seguir.
Determine o diagrama fasorial da maquina sncrona tomando a tensao terminal
como referencia, conforme mostrado na parte superior da figura 2.12. A rotacao
deste diagrama resulta no grafico apresentado na figura 2.13, o qual mostra cinco
lugares geometricos passando pelo ponto de operacao m. Estes lugares geometricos,
correspondentes a cinco modos de operacao possveis, em cada um dos quais um
parametro do gerador mantido constante, sao descritos a seguir.
Corrente de excitacao constante: o crculo representando a excitacao constante e
centrado no ponto n e possui raio n m, igual a magnitude da tensao interna
da maquina. Esta pode ser mantida constante ajustando-se convenientemente a
corrente contnua (If ) na bobina do campo, de acordo com a equacao
Ef =

Mf If

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35
(a) P = cte
(e) cos = cte

Q
r
Ia Xd cos

(b) Q = cte

q
(c) Ef = cte
Ia Xd sin

jIa Xd
cos atrasado

o
Vt

Ia

(d) Ia = cte
Ef
p
P
cos adiantado

Figura 2.13: Diagrama fasorial obtido pela rotacao do diagrama da figura 2.12

Magnitude da corrente da armadura constante: o lugar geometrico desses pontos e


um crculo centrado no ponto o e com raio o m, proporcional a um valor fixo da
corrente de armadura. Desde que a tensao terminal e suposta constante, os pontos
de operacao representados neste crculo correspondem a uma potencia aparente de
sada com magnitude constante;
Potencia ativa de sada constante: a potencia ativa de sada e expressa como P =
V Ia cos , e portanto o lugar geometrico obtido com esta potencia mantida constante
e o segmento de reta vertical m p, com comprimento igual a Xd Ia cos . Note que
a potencia de sada do gerador e sempre positiva, independentemente do seu fator
de potencia;
Fator de potencia constante: a potencia reativa de sada e expressa como Q =
V Ia sin , sendo o angulo positivo para a operacao com o fator de potencia
atrasado. De maneira analoga `a potencia ativa de sada, o segmento de reta horizontal q m, com magnitude igual a Xd Ia sin representa o lugar geometrico dos
pontos de operacao para os quais a potencia reativa de sada e constante. No caso
da operacao com fator de potencia unitario, a potencia reativa de sada do gerador e
nula, correspondendo aos pontos no segmento de reta horizontal op. Para operacao
com fator de potencia atrasado (adiantado) a potencia reativa de sada e positiva
(negativa) e os pontos de operacao estao situados nos semi-planos localizados acima

36

Captulo 2: Representa
c
ao dos Sistemas de Pot
encia

(abaixo) da linha o p;
A linha radial o m e o lugar geometrico dos pontos de operacao para os quais
o angulo do fator de potencia e constante. Na figura 2.13, o angulo representa a condicao na qual o gerador sncrono supre uma carga com fator de potencia
atrasado. No caso do fator de potencia unitario, = 00 e os pontos de operacao
sao representados ao longo do eixo horizontal o p. O semi plano situado acima do
eixo horizontal corresponde a cargas com fator de potencia adiantado.
O diagrama da figura 2.13 se torna mais u
til quando os eixos sao escalonados para
indicar as potencias ativa e reativa de sada do gerador. O re-arranjo das equacoes
Pg =

V Ef
sin
Xd

Qg =

V
(Ef cos V )
Xd

fornece
Pg =

V2
Qg +
Xd

V Ef
sin
Xd
Ef V
cos
Xd

A soma dos quadrados das duas u


ltimas equacoes resulta na expressao

2
2
V Ef
Ef V
V2
2
Pg + Qg +
=
sin +
cos
Xd
Xd
Xd

Ef V
Xd
Ef V
Xd

sin2 + cos2

V2
a qual representa geometricamente um crculo de raio
centrado no ponto 0;
.
X
d
V
Este crculo pode ser obtido multiplicando-se cada fasor da figura 2.13 pela razao
,
Xd
o que significa o escalonamento dos eixos mostrado na figura 2.14.
O diagrama de carregamento da maquina sncrona mostrado na figura 2.14 tornase mais pratico quando se considera a corrente maxima (perdas I 2 R) que pode circular
nas bobinas da armadura e do campo e tambem os limites da maquina primaria e o
aquecimento do n
ucleo da armadura. A figura 2.15 mostra a curva de capabilidade de um
Ef V
Xd

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37
(a) P = cte
(e) cos = cte

Q
r
V Ia cos

(b) Q = cte

q
(c)
V Ia sin

Ia V

o
Vt2
Xd

Ia

Ef V
= cte
Xd
cos atrasado

Ef V
Xd

(d) Ia V = cte
p
P
cos adiantado

Figura 2.14: Diagrama fasorial obtido pelo escalonamento do diagrama da figura 2.13

gerador sncrono com valores nominais 635 MVA, 24 kV, fator de potencia 0,9 e reatancia
sncrona 172,41 %.
Na figura 2.15, o ponto m corresponde ao valor nominal de potencia aparente do
gerador com fator de potencia nominal atrasado (635 MVA com cos = 0, 9 atrasado).
O projeto da maquina deve prever um valor de corrente de campo suficiente para que a
maquina sncrona possa operar superexcitada ponto m. O limite da corrente de campo e
determinado segundo o arco m r. A capacidade do gerador para liberar potencia reativa
ao sistema e portanto reduzida. Na verdade, a saturacao da maquina faz decrescer o valor
da reatancia sncrona e por esta razao os fabricantes fornecem curvas que se iniciam nos
limites de aquecimento do campo teoricos descritos anteriormente.
0
A imagem do ponto m e o ponto m , de operacao na regiao de sub-excitacao. Os operadores do sistema de potencia evitam operar a maquina sncrona na regiao subexcitada
da curva de capabilidade por razoes de estabilidade do sistema em regime permanente e
de sobre-aquecimento da maquina.
Quando a maquina opera na regiao de sub-excitacao, as correntes parasitas induzidas
pelo sistema no ferro da armadura e o aquecimento por efeito Joule aumentam. Para
limitar este aquecimento os fabricantes fornecem curvas especficas de capabilidade e recomendam os limites dentro dos quais se pode operar a maquina.
Para se obter os valores de potencia ativa e potencia reativa supridas pelo gerador num
ponto de operacao atraves do uso da figura 2.15, os valores por unidade dessas grandezas

38

Captulo 2: Representa
c
ao dos Sistemas de Pot
encia

Potencia reativa
0,8
r

limite de aquecimento do campo


cos = 0, 80

0,6

cos = 0, 90

0,4

limite de
aquecimento
da armadura

0,2

cos = 1, 0

0,0
0,2

cos = 0, 95

0,4

0,6

0,8

1,0

Potencia ativa
MS subexcitada

-0,2
-0,4

MS superexcitada

cos = 0, 95
cos = 0, 90

n
-0,6
limite de
subexcitacao

circulo de 100 %
de excitacao

Figura 2.15: Curva de capabilidade do gerador do exemplo 2.3

obtidos no diagrama devem ser multiplicados pelo valor base de potencia aparente da
maquina, o qual no caso e o valor nominal de 635 MVA.
A distancia n m representa o valor por unidade da potencia aparente expressa pela
Ef V
quantidade
no ponto de operacao m. Isto permite calcular o valor por unidade da
Xd
tensao interna da maquina na base da sua tensao nominal (no caso 24 kV) multiplicando
Xd
o comprimento n m pela razao
expressa em pu. Note que a curva de capabilidade
V
e determinada segundo a condicao de operacao com a tensao terminal mantida constante
no seu valor nominal; isto e, V = 1, 0 pu e portanto o produto envolve apena a reatancia
sncrona da maquina Xd .
1
Se a tensao terminal da maquina nao e 1,0 pu, entao o valor
, atribudo `a distancia
Xd
V2
o n na figura 2.15, deve ser corrigido para
expresso no sistema por unidade. Esta
Xd
mudanca altera o escalonamento da figura 2.15 pelo fator V 2 , de tal forma que as potencias
ativa e reativa obtidas atraves do diagrama devem ser primeiro multiplicadas pelo fator V 2
e posteriormente pela potencia aparente base para fornecer os valores efetivos de potencia
ativa e reativa da operacao.
Ex. 2.4 Considere que o diagrama de capabilidade de um gerador sncrono trifasico com

R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot

39

valores nominais 635 MVA, 24 kV, fator de potencia 0,9 e reat


ancia sncrona 172,41 %,
3600 rpm e aquele mostrado na figura 2.15. Se o gerador esta fornecendo 458,47 MW e
114,62 Mvar numa tensao de 22,8 kV a uma barra infinita,
calcular a tensao interna da maquina utilizando o circuito equivalente;
calcular a tensao interna da maquina utilizando o diagrama de capabilidade.

2.4.4

Controle de Tens
ao do Gerador

Numa unidade geradora, a excitatriz e o dispositivo que libera potencia em corrente


contnua para as bobinas de campo do rotor da maquina sncrona. Nos geradores antigos
a excitatriz consistia de um gerador de corrente contnua, tal que a potencia em corrente
contnua era transferida ao rotor atraves de aneis de escorregamento e escovas coletoras.
Nos geradores modernos, excitatrizes estaticas ou sem escova sao geralmente utilizadas.
Neste caso, a potencia em corrente alternada e obtida diretamente dos terminais do gerador ou de uma estacao de servico externa. Esta potencia e entao retificada via tiristores
e transferida ao rotor via aneis de escorregamento e escovas coletoras.
No caso dos sistemas de excitacao sem escova, a potencia e obtida de um gerador
sncrono invertido, cujas bobinas trifasicas da armadura estao localizadas no rotor do
gerador principal e cujas bobinas de campo estao localizadas no estator. A potencia em
corrente alternada das bobinas da armadura e retificada atraves de diodos acoplados no
rotor e e transferida diretamente `as bobinas de campo, sem a necessidade de aneis ou
escovas coletoras.
A figura 2.16 apresenta um diagrama de blocos simplificado do controle de tensao do
gerador. As nao linearidades devidas a saturacao e os limites na sada da excitatriz nao
sao considerados.

Vref

+
Vt

Regulador
de tensao
1
(1 + Tr s)

Excitatriz
Vr
+
-

Ke
(1 + Te s)

Ef d

Vt
Gerador

Compensador
Estabilizador
Kc s
(1 + Tc s)

Figura 2.16: Controle de tensao do gerador sncrono

A tensao terminal do gerador (Vt ) e comparada com a tensao de referencia (Vref )


para fornecer o sinal de erro de magnitude da tensao (V ), o qual e convenientemente
1
representa o retardo de tempo, sendo Tr a sua
aplicado no regulador. O bloco
(1 + sTr )
constante de tempo. Se um degrau unitario e aplicado na entrada deste bloco, a sada
tende exponencialmente `a unidade com uma constante de tempo Tr .

40

Captulo 2: Representa
c
ao dos Sistemas de Pot
encia

Desprezando o efeito do estabilizador, a tensao de sada do regulador de tensao (Vr )


Ke
e aplicada na excitatriz, representada pelo bloco
. A sada da excitatriz e a
(1 + sTe )
tensao de campo (Ef d ), aplicada nas bobinas de campo do gerador e atuando no sentido
de ajustar a sua tensao terminal. As equacoes que representam o gerador, relacionando a
sua tensao terminal (Vt ) `as variacoes na tensao do enrolamento de campo (Ef d ), podem
ser derivadas das equacoes gerais das maquinas sncronas.
O compensador estabilizador, utilizado para melhorar a resposta dinamica do excitador
Kc s
atraves da reducao do overshoot, e representado pelo bloco
, que funciona como
(1 + sTc )
um filtro `a primeira derivada. A entrada deste bloco e a tensao de excitacao (Ef d ) e a sua
sada e o sinal (de realimentacao) estabilizador, o qual e subtrado da tensao do regulador
Vr .
Diagramas como o da figura 2.16 sao utilizados para a simulacao digital do controle
de tensao do gerador em programas de estabilidade transitoria. Na pratica, excitadores
de alto ganho e resposta rapida fornecem variacoes de elevada magnitude e rapidas na
tensao de campo Ef d durante a ocorrencia de curto circuito nos terminais do gerador, de
maneira a melhorar a estabilidade transitoria apos a eliminacao da falta. As equacoes
representadas no diagrama de blocos podem ser usadas para a determinacao da resposta
transitoria do controle de tensao do gerador.
Ex. 2.5 Um gerador sncrono trifasico de 30 MVA, 17,32 kV, fator de potencia 0,8
atrasado, 60 Hz, resistencia da armadura desprezvel e reat
ancia sncrona de 5 /fase,
opera conectado diretamente a uma barra infinita. Determine:
a tensao de excitac
ao por fase, em kV, e o angulo de carga para a operac
ao sob 90
% de sua capacidade nominal, com fator de potencia 0,9 atrasado;
a tens
ao de excitac
ao mnima, em kV, abaixo da qual o gerador perderia o sincronismo operando sob potencia ativa nominal.

2.5

Transformadores

As principais caractersticas do transformador sao:


1. os enrolamentos possuem resistencia, `as quais estao associadas perdas de potencia
ativa;
2. a permeabilidade do n
ucleo e finita e portanto uma corrente de magnetizacao e
necessaria para manter o fluxo magnetico no n
ucleo;
3. o fluxo magnetico nao esta inteiramente confinado ao n
ucleo;
4. existem perdas de potencia ativa e de potencia reativa no n
ucleo.
Na figura 2.17, a forca magnetomotriz que produz o fluxo magnetico no n
ucleo e dada
por
N1 I1 N2 I2 = <c c

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41

permeabilidade c

secao transversal Ac

I2

I1
+
V1

Bobina 1
N1

Bobina 2

N2

V2

comprimento medio lc

Figura 2.17: Diagrama unifilar - Exemplo

tal que re-agrupando os termos desta equacao obtem-se


I1 =

<c c N2
+
I2
N1
N1

(2.2)

O primeiro termo da equacao (2.2) e denominado corrente de excitac


ao e representa a
parcela da corrente I1 necessaria para produzir o fluxo c no n
ucleo. Esta corrente existe
mesmo com os terminais do secundario em circuito aberto, pois um fluxo magnetico no
n
ucleo e necessario para induzir a tensao nas bobinas do secundario.
O segundo termo e a componente da carga da corrente fornecida ao terminal primario,
o qual e zero na operacao do transformador `a vazio. Esta corrente cresce `a medida em que
a carga e adicionada ao terminal secundario do transformador, tornando-se muito mais
elevada do que a corrente de excitacao. Desta forma, mesmo para um transformador real
sob condicoes de carga pode-se escrever
I1
N2

I2
N1
A corrente de excitacao, denotada I , e composta de duas componentes, uma representando a parcela necessaria para a magnetizacao do n
ucleo (denotada Im ) e a outra
responsavel pelas perdas de potencia ativa no n
ucleo (denotada Ic ). Isto e expresso analiticamente por
I = Im + Ic
A corrente que supre as perdas no n
ucleo tambem e composta de duas parcelas, uma
relacionada `as perdas por correntes parasitas (de Focault) e outra relacionada `as perdas
por histerese.
A histerese ocorre porque uma variacao cclica do fluxo no interior do n
ucleo resulta
em energia dissipada em forma de calor. Este efeito pode ser reduzido utilizando-se ligas
de aco para construir o n
ucleo.

42

Captulo 2: Representa
c
ao dos Sistemas de Pot
encia

As correntes parasitas sao induzidas no interior do n


ucleo perpendicularmente ao fluxo
magnetico. Elas podem ser reduzidas construindo-se o n
ucleo com laminas de uma liga
de aco.
Conforme visto anteriormente, segundo a lei de Faraday,
E1 = N1 (j)c

(2.3)

isto e, a tensao E1 esta adiantada do fluxo magnetico c de 900 .


Lembrando que N = = Li, no n
ucleo
N1 c = Lm Im
onde Lm e a indutancia do n
ucleo e Im e a corrente que percorre a indutancia do n
ucleo.
A equacao (2.3) e re-escrita como
E1 = N1 (j)c = jLm Im = jXm Im
onde Im e a corrente de magnetizacao que produz o fluxo no n
ucleo e Xm e a reatancia
de magnetizacao do n
ucleo.
Au
ltima equacao pode tambem ser obtida combinando as equacoes (2.2) e (2.3). Isto
fornece

<c jE1
N2
I1 =
+
I2
N1 N1
N1
=

j<c E1 N2
+
I2
N12
N1
0

= Im + I2
0

onde Im e I2 representam respectivamente as correntes de excitacao e de carga, esta u


ltima
referida ao primerio.
A analise da equacao
<c
Im = j 2 E1
N1
revela que Im esta atrasada de 900 em relacao a E1 , sendo portanto a quantidade Bm =
<c
interpretada como uma susceptancia que representa o efeito indutivo no n
ucleo.
N12
As perdas por histerese e correntes parasitas sao representadas por um ramo shunt
1
, atraves da qual circula
adicional contendo uma resistencia (ou condutancia) Rc =
Gc
uma corrente de perda Ic .
Essas consideracoes conduzem ao circuito equivalente mostrado na figura 2.18, o qual
0
inclui as correntes de magnetizacao e de perdas no n
ucleo. Nesta figura, I1 e a componente
da carga na corrente fornecida ao primario do transformador e Rc e a resistencia shunt que
0
0
representa as perdas por histerese e correntes parasitas. Os parametros R1 , X1 , R2 e X2

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R1

I1
+
V1

43
0

jX1

jX2

I1
I

Ic

E1

E2

R2
+

Im

Rc

jXm

I2

V2

a:1
Transformador
ideal
Figura 2.18: Transformador monofasico de dois enrolamentos
sao denominados par
ametros longitudinais enquanto Rc e Xm sao chamados par
ametros
transversais.
Observe que o circuito equivalente e determinado de forma a satisfazer as leis de
0
0
Kirchhoff. As impedancias de dispersao dos enrolamentos R1 , X1 , R2 e X2 representam as
representam as perdas Joule e a indutancia propria das bobinas do primario e secundario.
A admitancia do n
ucleo
Ym

1
1
+
= Gc jBm
Rc jXm

representa as perdas no n
ucleo e a potencia reativa necessaria para magnetizar o n
ucleo.
Portanto, se uma tensao alternada e aplicada nos terminais do enrolamento primario
de um transformador real, com o terminal secundario em circuito aberto, surge uma
pequena corrente de regime I (corrente de excitac
ao). Esta corrente e responsavel pelo
estabelecimento de um fluxo alternado no circuito magnetico, pois neste caso a relutancia
nao e zero, necessitando-se assim de uma forca-magnetomotriz nao nula para estabelecer
este fluxo.

2.5.1

Circuito Equivalente

O circuito equivalente do transformador monofasico obtido eliminando-se o transformador


ideal e mostrado na figura 2.19. Neste caso, os parametros R2 e X2 estao referidos ao
lado 1.
No que diz respeito aos transformadores utilizados em sistemas de potencia, observa-se
que:
em geral a corrente de excitacao e aproximadamente 5 % da corrente nominal tal
que, a menos que a corrente de excitacao seja de particular interesse, costuma-se
desprezar I ;

44

Captulo 2: Representa
c
ao dos Sistemas de Pot
encia

I1

R1

jX1

jX2

R2

+
V1

I2

+
Rc

jXm

V2

Figura 2.19: Transformador monofasico de dois enrolamentos

transformadores de grande porte, com potencia aparente nominal maior do que 500
kVA, possuem enrolamentos com as resistencias desprezveis quando comparadas
com as reatancias de dispersao, e portanto essas resistencias podem ser desprezadas.
Isto possibilita utilizar os circuitos equivalentes mostrados nas figuras 2.20 e ??. Nesses
circuitos, os parametros do transformador referidos ao lado 1 sao dados por
2
N1
Req = R1 +
R2
N2

Xeq = X1 +

N1
N2

2
X2

sem a inclusao do ramo de magnetizacao.


Ex. 2.6 Uma carga de 15 kW com fator de potencia 0,8 atrasado, e suprida na tensao
de 110 V por um transformador monofasico de dois enrolamentos com valores nominais
20 kVA, 480/120 V, 60 Hz e imped
ancia equivalente referida ao lado de baixa tensao de
0
0,0525 78, 13 . Determine:
a tensao, a corrente, a potencia aparente e o fator de potencia na entrada no transformador;
o rendimento e a regulac
ao do transformador operando nesta condic
ao.
Os valores base de tensao e corrente nos dois lados do transformador monofasico estao
relacionadas da mesma forma que os valores nominais dessas quantidades, isto e,
VnomAT
VbAT
=
VbBT
VnomBT
IbAT
InomAT
=
IbBT
InomBT
Por esta razao, o sistema por unidade apresenta as seguintes vantagens:

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I1

45
0

Req

Xeq

I2

V1

V2

Req = R1 + R2
0

Xeq = X1 + X2
Figura 2.20: Circuito equivalente do transformador para estudos em sistemas de potencia
(a)
0
I1
I2
Xeq
+

V1

V2

Xeq = X1 + X2

Figura 2.21: Circuito equivalente do transformador para estudos em sistemas de potencia


(b)

1. as impedancias e admitancias do transformador expressas em pu nao se modificam


quando referidas aos lados de alta tensao ou de baixa tensao, evitando-se desta
forma os erros de calculos provenientes de se referir as grandezas a um lado ou ao
outro do transformador;
2. os fabricantes de equipamentos especificam as impedancias das maquinas e transformadores nos sistemas por unidade ou percentual, adotando como base os valores
nominais do equipamento.

2.5.2

Autotransformadores

Conforme verificado previamente, num transformador convencional como aquele representado na figura 2.22 as bobinas sao acopladas apenas magneticamente, via fluxo m
utuo
no n
ucleo.

46

Captulo 2: Representa
c
ao dos Sistemas de Pot
encia

I1

I2

V1

V2

a:1

Figura 2.22: Transformador de dois enrolamentos

O autotransformador e um dispositivo no qual as bobinas estao acopladas eletrica e


magneticamente. Isto representa a principal diferenca entre este tipo de equipamento e o
transformador convencional.
As figuras 2.23 e 2.24 ilustram duas possveis estruturas de um autotransformador
monofasico construdo `a partir do transformador convencional da figura 2.22.
Por causa da conexao eletrica entre os enrolamentos, o autotransformador possui uma
a eficiencia maior do que a do transformador convencional. A corrente de excitacao e mais
baixa e o seu custo e mais reduzido (se a relacao de transformacao nao e demasiadamente
elevada).
Uma desvantagem dos autotransformadores e que, devido a conexao eletrica dos enrolamentos, as sobretensoes transitorias passam mais facilmente atraves do autotransformador.
A selecao das quantidades base no autotransformador e feita da mesma forma que no
transformador convencional. A potencia aparente base e a mesma em ambos os lados
do autotransformador e a relacao entre as tensoes base e igual `aquela entre as tensoes
nominais.
O valor da impedancia de um transformador convencional em unidades reais conectado
como autotransformador nao se modifica por efeito desta conexao. Porem, desde que os
valores nominais do autotransformador e do transformador convencional sao distintos,
as impedancias destes equipamentos expressas em pu tambem serao diferentes. O valor
da impedancia de dispersao (em unidades reais) a ser dividido pelo valor base deve ser
o mesmo em ambos os casos, ou seja, aquele que seria determinado no ensaio de curto
circuito em ambos os transformadores. Note que no caso do autotransformador, este
ensaio pode ser feito apenas atraves de um lado do equipamento, aquele que fornece o
mesmo valor de impedancia que o ensaio do transformador convencional.
Ex. 2.7 No ensaio de curto circuito para um transformador monofasico de dois enrolamentos, com valores de placa 10 kVA, 2500/115 V, 60 Hz, foram medidas as seguintes
grandezas: 93 watts, 162 V e 4 A. Determine:
1. os valores de placa de um autotransformador com relac
ao de transformac
ao 2500/2615
V, construdo `a partir deste transformador monofasico.
2. o circuito equivalente do transformador e do autotransformador no sistema por
unidade, adotando como base os valores nominais desses equipamentos;

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47

I1

+
I1 + I2

V1
V1 + V2

+
V2

I2

Figura 2.23: Estrutura basica do autotransformador (a)


I1

V1

I1 I2

V1 + V2

+
I2

V2

Figura 2.24: Estrutura basica do autotransformador (b)

3. a tensao, a corrente, a potencia aparente na entrada e as perdas de potencia ativa e


reativa (em pu e em unidades reais) quando cada um deste equipamentos supre uma
carga nominal com fator de potencia 0,8 atrasado, na tensao nominal nos respectivos
lados de alta tensao.

2.5.3

Transformadores Trif
asicos

Um banco trifasico de transformadores e constitudo alternativamente


pela conexao de tres transformadores monofasicos identicos;
pela conexao adequada de um mnimo de seis bobinas iguais dispostas num mesmo

48

Captulo 2: Representa
c
ao dos Sistemas de Pot
encia

n
ucleo.
Cada um dos lados do banco trifasico pode ser conectado em Y ou em , conforme
ilustra as figuras 2.25 e 2.26.
A

C
C

Figura 2.25: Conexoes do transformador trifasico (a)

A placa do banco trifasico deve apresentar os valores nominais de:


potencia aparente trifasica;
valores numericos das tensoes de linha com os correspondentes tipos de ligacao (Y
ou );
valor da impedancia (no sistema por unidade ou no sistema percentual).
O circuito equivalente de um transformador trifasico apresenta as seguintes caractersticas:
1. Nas conexoes e Y Y, as bobinas sao rotuladas de tal maneira que nao ha defasagem angular entre as grandezas dos lados de AT e BT . O circuito equivalente
e portanto semelhante ao do transformador monofasico convencional.

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49

a
a

A
0

n
b

c
c

C
C

Figura 2.26: Conexoes do transformador trifasico (b)

2. Nas conexoes Y e Y , um deslocamento de fase e includo no diagrama de


seq
uencia positiva. De acordo com a Norma Tecnica, as tensoes e correntes no lado
de AT de um transformador Y (de seq
uencia positiva ou abc) estao adiantadas
0
de 30 das suas correspondentes grandezas do lado de BT . No caso da seq
uencia
negativa (ou cba), as correntes e tensoes do lado de BT estao adiantadas em relacao
as correspondentes grandezas do lado de AT por 300 .
O circuito equivalente (ou de seq
uencia positiva) dos transformadores trifasicos com
conexao Y- e mostrado na figura 2.27. Note que neste tipo de conexao o deslocamento
angular de 300 deve ser levado em consideracao.
A selecao de quantidades base para transformadores trifasicos e feita atraves do
seguinte procedimento:
1. Uma potencia aparente trifasica base e selecionada para ambos os lados (alta tensao
e baixa tensao) do transformador;
2. A relacao entre as tensoes-base nos dois lados do transformador e igual a relacao
entre as tensoes nominais de linha.
Ex. 2.8 Tres transformadores monofasicos devem ser conectados para formar um banco
trif
asico, com o lado de baixa tensao em Y e o lado de alta tensao em . A placa de cada

50

Captulo 2: Representa
c
ao dos Sistemas de Pot
encia

I1

AT
Req

Xeq

BT
e

j300

: 1, 0

I2

V1

V2

Req = R1 + R2
0

Xeq = X1 + X2

Transformador
Defasador

Figura 2.27: Circuito de seq


uencia positiva - conexao Y-

transformador monofasico indica os valores 50 MVA, 13,8/138 kV, 0,381 referida ao


lado de baixa tensao. Determinar o circuito equivalente do banco trifasico no sistema por
unidade.

2.5.4

Transformadores de Tr
es Enrolamentos

O transformador monofasico de tres enrolamentos consiste em tres bobinas dispostas sobre


um mesmo n
ucleo. Os terminais dessas bobinas sao denotados por BT (baixa tensao),
M T (media tensao) e AT (alta tensao) (ou 1, 2 e 3 (primario, secundario e terciario)), de
acordo com os seus valores nominais. Sua principal vantagem e a opcao de dois valores
de tensao na sua sada. Em geral, os valores nominais deste tipo de transformador sao
dados individualmente para cada bobina; isto e,
bobina 1 : Snom1 Vnom1
bobina 2 : Snom2 Vnom2
bobina 3 : Snom3 Vnom3
nao sendo os valores nominais de potencia aparente necessariamente iguais.
O diagrama de um transformador monofasico de tres enrolamentos e mostrado na
figura 2.28. Supondo ideal este transformador, as seguintes relacoes sao estabelecidas:
N1 I1 = N2 I2 + N3 I3
V2
V3
V1
=
=
N1
N2
N3
A figura 2.29 mostra o circuito monofasico equivalente do transformador de tres enrolamentos. Desde que as bobinas estao dispostas sobre um mesmo n
ucleo, apenas um
ramo de magnetizacao e includo na representacao do circuito monofasico. Os parametros
deste ramo sao determinados via ensaio de circuito aberto.
O circuito equivalente de um transformador de tres enrolamentos utilizado em estudos
de sistemas de potencia e mostrado na figura 2.30. Neste circuito, sao includos apenas os

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51

I2
I1

+
V2

N2

+
N1

V1

I3

N3

V3

Figura 2.28: Transformador monofasico de tres enrolamentos

jX2

jX3

R2
R1

jX1
R3

V2

+
V1

Rc

jXm
0

V3

Figura 2.29: Transformador monofasico de tres enrolamentos = circuito equivalente (a)

52

Captulo 2: Representa
c
ao dos Sistemas de Pot
encia
0

Z1

Z2
+
0

Z3
+

V1

V2

V3

Figura 2.30: Transformador monofasico de tres enrolamentos circuito equivalente (b)

ramos correspondentes `as impedancias dos enrolamentos. Os parametros correspondentes


sao calculados atraves do ensaio de curto-circuito, efetuando-se as seguintes medidas:
Z12 : impedancia de dispersao medida do enrolamento 1 com a bobina 2 curtocircuitada e a bobina 3 em circuito aberto; da figura 2.30,
Z12 = Z1 + Z2
Z13 : impedancia de dispersao medida do enrolamento 1 com a bobina 3 curtocircuitada e a bobina 2 em circuito aberto; da figura 2.30,
Z13 = Z1 + Z3
Z23 : impedancia de dispersao medida do enrolamento 2 com a bobina 3 curtocircuitada e a bobina 1 em circuito aberto; da figura 2.30,
Z23 = Z2 + Z3
Das u
ltimas tres equacoes,
1
Z1 = (Z12 + Z13 Z23 )
2
1
Z2 = (Z12 + Z23 Z13 )
2
1
Z3 = (Z13 + Z23 Z12 )
2
Estas equacoes sao utilizadas para o calculo dodas impedancias Z1 , Z2 , e Z3 , do
circuito equivalente do transformador de tres enrolamentos, `a partir das medidas obtidas
nos testes de curto-circuito, Z12 , Z13 , e Z23 . Note que para efetuar a soma indicada nessas
equacoes, Z12 , Z13 , e Z23 devem estar referidas ao mesmo lado do transformador.
Transformadores monofasicos identicos de tres enrolamentos tambem podem ser conectados para formar um banco trifasico. O circuito equivalente do bando trifasico e semelhante ao do transformador monofasico de tres enrolamentos. No caso das conexoes Y ,
o deslocamento de fase (de 300 ) deve ser includo no modelo.

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53

A selecao das quantidades base para o transformador monofasico de tres enrolamentos


e feita atraves do seguinte procedimento:
uma base comum de potencia aparente Sb e selecionada para todos os terminais;
as tensoes VbAT , VbM T e VbBT sao selecionadas de acordo com as relacoes nominais
de tensao do transformador.
Ex. 2.9 Os valores nominais de um transformador monofasico de tres enrolamentos e os
resultados do ensaio de curto circuito neste transformador sao mostrados nas tabelas 2.1
e 2.2.
Enrolamento
Primario
Secundario
Terciario

Tensao nominal
79674 V
24000 V
6600 V

Potencia nominal
10000 kV A
5000 kV A
5000 kV A

Tabela 2.1: Transformador de 3 enrolamentos - valores nominais

Ensaio
No.
1
2
3

Enrolamento
excitado
Primario
Primario
Secundario

Enrolamento
curto-circuitado
Secundario
Terciario
Terciario

Tensao
aplicada
5000 V
15000 V
2000 V

Corrente no
enrolamento excitado
125,52 A
125,52 A
208,33 A

Tabela 2.2: Transformador de 3 enrolamentos - ensaio de curto circuito

1. Determine o circuito equivalente do transformador no sistema por unidade, na base


10 MVA e tensoes nominais;
2. Tres destes transformadores sao conectados em Y(AT)/(MT)/(BT). Os terminais de alta tensao sao ligados a um barramento de 138 kV. Calcule em pu e em
unidades reais a corrente de curto circuito e a tensao de regime permanente nos
enrolamentos secund
arios do banco trifasico, se um curto circuito trifasico solido
ocorre nos terminais dos enrolamentos terci
arios, com 138 kV mantidos nos terminais dos enrolamentos primarios;
3. Com relac
ao ao item anterior, determine a tensao nos terminais do enrolamento secundario e as correntes de linha nos terminais dos enrolamentos primario e terci
ario
em unidades reais.

54

Captulo 2: Representa
c
ao dos Sistemas de Pot
encia

2.5.5

Transformadores Com Tap Vari


avel

Os transformadores reguladores (ou com tap variavel) sao geralmente utilizados para
controlar a magnitude (ajustes de 10% e a fase (ajustes de 3 graus) da tensao. Sob
certas condicoes, esses transformadores tambem sao utilizados para controlar os fluxos de
potencia ativa e reativa. Para controlar da magnitude da tensao, sao utilizados basicamente os taps do transformador enquanto que para monitorar o fluxo de potencia ativa e
necessario que conexoes adicionais sejam feitas, de forma a modificar a defasagem entre
os fasores tensao nos terminais do equipamento.
No caso do controle da magnitude da tensao, um dos lados do transformador possui
uma bobina com taps, utilizados para variar o n
umero de espiras, o que permite modificar a
relacao de transformacao das tensoes. A figura 2.31 mostra o esquema de um equipamento
deste tipo, com relacao nominal de tensoes 220 V/380 V. Os taps estao no lado de 380 V,
para ajustar a magnitude da tensao em 10% do valor nominal, em passos de 5 %.
1,1
1,05
1,00

Taps

0,95
0,90
220 V

0, 9 380V

380 V 1, 1 380V

Figura 2.31: Transformadores com tap variavel

Os Transformadores com Comutacao sob Carga (Load Tap Changing (LTC) ou Tap
Changing Under Load (TCUL)) permitem o ajuste do tap enquanto o transformador
esta energizado. A variacao do tap e operada por servo-motores comandados por reles
ajustados de forma a manter a tensao num determinado nvel. Circuitos eletronicos
especiais permitem esta mudanca sem interrupcao de corrente.
A representacao de um transformador monofasico com tap variavel e mostrada na
figura 2.32. O transformador com relacao de transformacao a : 1 e ideal, tendo como
finalidade refletir a relacao variavel entre os fasores tensao. O parametro a pode ser um
n
umero real ou complexo. Se apenas a magnitude da tensao e ajustada o parametro a
e um n
umero real. Se o equipamento opera com valores nominais de tensao, a = 1 e o
circuito mostrado na figura 2.32 se reduz ao circuito monofasico equivalente convencional.
A equacao

I1
I2

Y11 Y12
Y21 Y22

O texto a seguir e baseado nas referencias [2, 3].

V1
V2

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Ii

55

Yeq

1:a

Ij

Vi

Vj
a
-

Vj

Transformador
ideal

Figura 2.32: Transformador de tap variavel

pode ser estabelecida a partir desta figura, observando-se que

S1 =

V2
a

I1

S2 = V2 I2
I1 = a I2

onde a e um n
umero complexo.
A combinacao dessas equacoes fornece

I1 =

V2
V1
a

= V1 Yeq V2

Yeq
Yeq
a

I2 = V1

Yeq
Yeq
+ V2

a
aa

= V1

Yeq
Yeq
+
V
2
a
|a|2

Estas equacoes modelam analiticamente o transformador com tap variavel da figura


2.32. Se o parametro a e um n
umero complexo Yij 6= Yji , e portanto a matriz dos
coeficientes nao e simetrica. Por outro lado, se o parametro a e um n
umero real, a matriz

56

Captulo 2: Representa
c
ao dos Sistemas de Pot
encia

dos coeficientes e simetrica, tal que


Y11 = Yeq
Y22 =

Yeq
a2

Y12 = Y21 =

I1

A=
-

Yeq
a

Yeq
a

V1

I2

B=

a1
a

Yeq C =

1a
a2

Yeq

V2

Figura 2.33: Circuito -equivalente de um transformador com tap variavel


Esses parametros resultam no circuito -equivalente mostrado na figura 2.33, com
parametros
A=

Yeq
a

B=

C=

a1
a
1a
a2

Yeq

Yeq

Ex. 2.10 Um transformador trifasico possui os seguintes dados de placa: 1000 MVA,
13,8kV()/345kV(Y), reat
ancia de dispers
ao igual a 11,9025 referida ao lado de alta
tens
ao. As bobinas de baixa tensao do transformador possuem taps com variac
ao 10 %.
1. Determinar o circuito equivalente deste transformador no sistema por unidade,
quando o tap e ajustado no valor nominal;
quando o tap e ajustado em 10% acima do valor nominal.

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57

Zser

Ysh
2

Ysh
2

Figura 2.34: Circuito pi representativo da linha de transmissao


2. Calcular a tensao, a corrente e a potencia complexa na entrada do transformador,
quando este opera nas condic
oes do item anterior, suprindo uma carga nominal,
com fator de potencia 0,8 atrasado, na tensao nominal.

2.6

Linhas de transmiss
ao

Uma linha de transmissao e caracterizada pelos seguintes parametros:


Resistencia serie: que representa as perdas por efeito Joule, causadas pela corrente
que flui atraves do condutor;
Indutancia serie: que representa o campo magnetico criado pela corrente que percorre o condutor;
Condutancia shunt: que representa as perdas por efeito Joule, causadas pela diferenca
de potencial no meio que circunda os condutores;
Capacitancia shunt: que representa o campo eletrico resultante da diferenca de
potencial entre os condutores.
Com base no comprimento l, tres tipos de linha de transmissao sao disting
uidos:
linhas de transmissao longas: l > 240 km;
linhas de transmissao medias: 80 km < l 240 km;
linhas de transmissao curtas: l 80 km.
Em geral, as linhas de transmissao sao representadas por um circuito , conforme
mostra a figura 3.1. Porem, apesar de menos freq
uentemente, o circuito T tambem pode
ser utilizado para esta finalidade.
Tomando como referencia o comprimento da linha de transmissao, as seguintes consideracoes podem ser feitas:
Linhas curtas: apenas os parametros serie da linha sao levados em conta, com a
impedancia serie da linha de transmissao sendo expressa por Zser = Rser + jXser .
Os parametros shunt da linha sao desprezados.

58

Captulo 2: Representa
c
ao dos Sistemas de Pot
encia

Linhas medias: neste caso, a linha de transmissao e representada por um circuito


denominado -nominal, no qual
Zser = Rser + jXser
Ysh = jBsh

Linhas longas: neste caso, a linha e representada por um circuito denominado equivalente , no qual
0
Zser = Z0 senh (l)
0

cosh (l) 1
Ysh
=
2
Z0ser
onde,

r
Z0 =

s
Z
=
Y

R + jX
G + jB

= + j
sendo a constante de propagacao (N p/m), a constante de atenuacao (N p/m) e
a constante de fase (rad/m).

2.7

Cargas

Em estudos de sistemas de potencia em regime permanente, e necessario modelar adequadamente a carga, tanto em termos quantitativos como em termos qualitativos. Numa
barra tpica, a demanda consiste em geral de:
motores de inducao;
aquecimento e iluminacao;
motores sncronos.
A potencia absorvida pela demanda depende da natureza da carga e permite os tres
tipos de representacao descritos a seguir.
1. Representacao em termos de potencia constante, onde os M W e M V ar especificados
sao supostos constantes, sendo a carga representada analiticamente por
S = P + Q
onde P e Q sao as potencias ativa e reativa demandadas. Esta forma, geralmente
utilizada nos estudos de Fluxo de Potencia, requer valores de corrente e tensao que
resultem no valor de potencia especificado. Portanto, se a tensao na carga tem
valor baixo, um alto valor de corrente e necessario para que o requisito de potencia
especificada seja satisfeito.

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59

2. Representacao em termos de corrente constante, onde a corrente na carga e expressa


como
P jQ
V
= I( )

I=

onde, V e sao respectivamente a magnitude e a fase da tensao complexa V , e


= arc tg ( Q
) e o angulo do fator de potencia. Neste caso, a carga e especificada
P
em termos da magnitude da corrente e do fator de potencia.
3. Representacao em termos de impedancia constante, a qual e a forma mais freq
uentemente utilizada nos estudos de estabilidade. Se as potencias ativa e reativa da carga
sao supostas conhecidas e devem permanecer constantes, a impedancia equivalente
e dada por
V
V2
Z=
=
I
P jQ
e a admitancia equivalente e expressa por
Y=

I
P jQ
=
V
V2

Os estudos da operacao das redes eletricas em regime permanente fornecem resultados


consideravelmente dependentes da modelagem da carga. A determinacao de um modelo
matematico que represente adequadamente a demanda e uma tarefa complexa, pois geralmente as cargas de um sistema de potencia sao resultado da agregacao de dispositivos de
diferentes caractersticas de operacao. Os dois aspectos principais desta representacao sao
a identificacao da composicao da carga em um dado momento e a modelagem analtica
das parcelas agregadas. Uma grande parte da demanda domestica e alguma parte da
demanda industrial consistem de aquecimento e iluminacao, tal que os primeiros modelos de carga representavam estas demandas como impedancias constantes. Equipamentos
rotativos costumavam ser modelados na forma simples de maquinas sncronas em regime
permanente e cargas compostas eram modeladas como uma combinacao das cargas anteriormente descritas [4].
Os modelos estaticos basicos de carga utilizados em estudos de fluxo de potencia
convencional representam o comportamento da carga num instante de tempo como uma
funcao algebrica da magnitude da tensao e freq
uencia neste instante [4]. As componentes
de potencia ativa e reativa sao consideradas separadamente e expressas genericamente
como
P = Kp V f
Q = Kq V f
onde Kp e Kq sao constantes que dependem do valor nominal das demandas de potencia
ativa e reativa.
As cargas estaticas sao relativamente independentes das variacoes de freq
uencia e
portanto os expoentes e sao considerados nulos. As figuras 2.35 e 2.36 mostram

60

Captulo 2: Representa
c
ao dos Sistemas de Pot
encia

Impedancia constante

P(Q)

Corrente constante

() = 0,0

Potencia constante
() = 1,0

() = 2,0
Tensao V
nominal
Figura 2.35: Representacao da carga (a)

respectivamente as caractersticas de potencia e corrente para a representacao da demanda


em termos de potencia constante, corrente constante e impedancia constante.
O texto que segue apresenta os dois modelos de carga variante com a tensao mais
freq
uentemente utilizados nos estudos de fluxo de potencia.

2.7.1

Modelo Exponencial

Neste caso, a carga e representada por:

P = P0

Q = Q0

V
V0
V
V0

(2.4)

(2.5)

onde V0 e a tensao nominal de referencia e os expoentes e dependem do tipo de


carga. Os termos P0 e Q0 sao as potencias ativa e reativa consumidas no nvel de tensao
V igual `a tensao de referencia V0 . O ajuste dos termos exponenciais das equacoes (2.4)
e (2.5) permite representar a carga em termos de potencia constante, corrente constante
ou impedancia constante, isto e,
se a a carga for representada como injec
ao de potencia constante (P ), os coeficientes
e sao selecionados iguais a zero ( = = 0, 0);
se a a carga for representada como injec
ao de corrente constante (I), o valor dos
coeficientes e e unitario ( = = 1, 0);

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61

Potencia constante
() = 0,0

Impedancia constante
() = 2,0
Corrente constante
() = 1,0

Vnom

Figura 2.36: Representacao da carga (a)

se a a carga for representada como imped


ancia constante (Z), o valor dos coeficientes
e e especificado como = = 2, 0;
A tabela 2.3 apresenta valores tpicos dos expoentes e de algumas cargas caractersticas. No caso de cargas compostas, a especificacao do expoente e geralmente feita
na faixa entre 0,5 e 1,8 enquanto que o valor de assume valores na faixa entre 1,5 e 6,0.
Devido `a saturacao magnetica dos transformadores de distribuicao e `a carga composta de
motores, o expoente varia como funcao nao linear da tensao.
Componentes da carga
Lampadas incandecentes
Condicionadores de ar
Ventiladores de forno
Carregadores de bateria
Fluorescentes compactas eletronicas
Fluorescentes convencionais

1,54
0,50
0,08
2,59
0,95 - 1,03
2,07

2,50
1,60
4,06
0,31 - 0,46
3,21

Tabela 2.3: Valores tpicos dos expoentes de carga

2.7.2

Modelo Polinomial

O modelo polinomial tem sido tradicionalmente usado para representar a carga em estudos
de fluxo de potencia e de estabilidade transitoria. Este modelo tambem e conhecido

62

Captulo 2: Representa
c
ao dos Sistemas de Pot
encia

como ZIP (parcelas de impedancia constante, corrente constante e potencia constante


e representa a dependencia da carga com relacao `a tensao). A carga em cada barra e
representada analiticamente por
"
2 #
V
V
P = P0 ap + bp + cp
(2.6)
V0
V0
"
Q = Q0

V
aq + bq + cq
V0

V
V0

2 #
(2.7)

onde P e Q sao as potencias absorvidas pela carga na tensao V e P0 e Q0 sao os valores


nominais de potencia ativa e reativa, respectivamente, para a tensao nominal V0 (geralmente 1,0 pu). Os ndices ap , bp , cp , aq , bq e cq representam as parcelas de injecao de
potencia, injecao de corrente e impedancia constante, respectivamente, e satisfazem as
seguintes condicoes:
ap + bp + cp = 1, 0
aq + bq + cq = 1, 0
De maneira analoga ao caso anterior, o ajuste conveniente dos coeficientes a, b e c
deste modelo permite representar a demanda de diferentes formas. Por exemplo,
se a carga for representada como injec
ao de potencia constante, os coeficientes bp ,
cp , bq e cq sao selecionados iguais a zero e ap e aq assumem valores unitarios;
se a carga for representada como injec
ao de corrente constante, os coeficientes ap ,
cp , aq e cq sao selecionados iguais a zero e bp e bq assumem valores unitarios;
se a a carga for representada como imped
ancia constante, os coeficientes ap , bp , aq e
bq sao selecionados iguais a zero e cp e cq assumem valores unitarios;
Ex. 2.11 Analise a representac
ao de uma carga constituda por um chuveiro eletrico,
cujos valores nominais sao 2400 W, 220 V, submetido a uma tensao de 240 V atraves de
um condutor com reatancia indutiva igual a 1 .

2.8

Exerccios

2.1 Uma fonte trifasica operando na tensao de 380 V supre duas cargas trifasicas balanceadas cujas caractersticas sao:
carga 1: 15 kW, fator de potencia 0,6 atrasado;
carga 2: 10 kVA, fator de potencia 0,8 adiantado;
Adotando a base trifasica de 10 kVA e 380 V na fonte, determine:
1. o circuito monofasico equivalente no sistema por unidade;

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63

2. o valor da corrente fornecida pela fonte em pu e em amp`eres;


3. o valor da reat
ancia em pu/fase e em /fase, da compensac
ao reativa necess
aria
para tornar unitario o fator de potencia da carga composta, supondo constante a
magnitude da tensao da fonte;
4. o valor da corrente fornecida pela fonte apos a compensac
ao reativa em pu e em
unidades reais.
2.2 Considere um transformador com valores nominais de 5 kVA, 220/500 V, 60 Hz, 2,5
%. Calcular a corrente que circular
a neste transformador, caso ocorra um curto circuito
nos terminais do secund
ario.
2.3 Qual a tensao que deve ser aplicada nos terminais do primario de um transformador
de 50 kVA, 200/1000 V, 60 Hz, imped
ancia de dispers
ao de 3+j5 % , para que ele supra
uma carga nominal, na tensao nominal, com fator de potencia 0,8 indutivo?
2.4 Um gerador monofasico operando na tensao de 6650 V esta conectado a um transformador com valores nominais 150 kVA, 8750/500 V, e reat
ancia de dispers
ao 10 %,
atraves de uma linha de transmiss
ao de impedancia j50 . Uma carga representada por
uma imped
ancia de j2 e suprida atraves do lado de baixa tensao do transformador.
Determine as tensoes, correntes e potencias em pu e em unidades reais nos dois lados do
transformador.
2.5 Um transformador monofasico de tres enrolamentos possui os seguintes par
ametros:
Z1 = Z2 = Z3 = j0, 05 pu, Gc = 0 e Bm = 0, 20 pu. Tres transformadores com estes
mesmos valores nominais sao conectados com as bobinas dos seus primarios em Y e
com as bobinas dos respectivos secund
arios e terci
arios em . Mostre o diagrama de
imped
ancias deste banco de transformadores.
2.6 Os valores nominais de um transformador trifasico de tres enrolamentos sao: primario
(1), 66kV (Y ), 20M V A; secund
ario (2), 13, 2kV (Y ), 15M V A; terci
ario (3), 2, 3kV (),
5M V A. As reat
ancias de dispers
ao sao: X12 = 8% (na base 15M V A, 66kV ), X13 = 10%
(na base 15M V A, 66kV ) e X23 =9% (na base 10M V A, 13, 2kV ). Determine o circuito
equivalente deste transformador em pu, na base 15 MVA, 66 kV nos terminais primarios.
2.7 Um alimentador conectado ao primario do transformador do exerccio 2.6 supre
cargas puramente resistivas de 7,5 MW a 13,2 kV e 5 MW a 2,3 kV conectadas nos
terminais secund
ario e terci
ario. Mostre o diagrama de imped
ancias em pu, na base
15 MVA, 66 kV nos terminais primarios. Determine a potencia aparente e a corrente
fornecidas pelo alimentador. Calcule as perdas de potencia no transformador.
2.8 Um transformador trifasico de tres enrolamentos 132 kV/33 kV/6,6 kV, 50 Hz, 30
MVA possui os seguintes valores de imped
ancia medidos num ensaio de curto-circuito:
Z12 = j0, 15pu, Z13 = j0, 09 pu, Z23 = j0, 08pu. A bobina de 6,6 kV supre uma carga
trif
asica balanceada, com uma corrente de 2000 A a um fator de potencia 0,8 atrasado. A
bobina de 33 kV alimenta uma carga trifasica balanceada, conectada em Y de j50 /fase.
Determine a tensao da fonte nos terminais de 132kV , para manter 6, 6kV nos terminais
do terci
ario. Calcule a potencia ativa fornecida pela fonte.

64

Captulo 2: Representa
c
ao dos Sistemas de Pot
encia

2.9 Dois transformadores trifasicos identicos posuem com valores de placa 20 MVA, 115
kV(Y)/13,2 kV(), 9% e 15 MVA, 115 kV(Y)/13,2 kV(), 7 %, operam em paralelo
para suprir uma carga de 35 MVA, com fator de potencia 0,8 atrasado, a uma tensao de
13,2 kV. Determine a magnitude da a tensao na entrada dos transformadores e a potencia
aparente fornecida ao conjunto transformadores-carga em pu e em unidades reais. Calcule
a corrente fornecida por cada transformador `a carga. Verifique como o balanco de potencia
e satisfeito nessa condic
ao.
2.10 Um transformador com valores de placa 15 kVA, 220/380 V, reat
ancia de dispers
ao
igual a 20 % e com o tap variavel no lado de alta tensao ajustado em 1,05 conecta um
gerador com tensao 230 V a uma carga de 12,62 + j 9,46 (no lado de alta tensao).
Tomando como base os valores 10 kVA e 230 V nos terminais do gerador, determine:
1. o circuito monofasico equivalente no sistema por unidade;
2. a magnitude da tensao na carga em pu e em volts;
3. a potencia aparente suprida pelo gerador em pu e em unidades reais;
4. as perdas no transformador em pu e em unidades reais.
2.11 Considere o diagrama do sistema trifasico da figura 2.37, para o qual sao fornecidos
os seguintes dados:
gerador G1 : 150 MVA, 13,8(Y) kV, Xg1 = 30%;
transformador T1 : tres transformadores monofasicos de dois enrolamentos, cada
um com 50 MVA, 8 kV/72 kV, Xt1 = 20%, conectados como um banco trifasico de
autotransformadores 13,8 kV(Y)/138 kV(Y);
transformador T2 : 200 MVA, 140 kV(Y)/20 kV (), Xt2 = 10%;
linha de transmiss
ao: comprimento de 80 km, reat
ancia indutiva de 0,50 /km/fase.
Gerador

Transformador 1

YY

LT

Transformador 2

Carga

Figura 2.37: Diagrama unifilar - exerccio 2.11


Desprezando a resistencia dos enrolamentos, a reat
ancia de magnetizac
ao e o deslocamento angular, e considerando como base os valores nominais do gerador 1, determinar:
1. o circuito monofasico equivalente no sistema por unidade;
2. a tensao do gerador 1 em pu e o fator de potencia com que o mesmo opera, supondo
que a carga absorve 100 MW a 20 kV e fator de potencia 0,8 atrasado;

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65

3. sob estas condicoes e possvel o gerador suprir a carga? Justifique.


4. Refazer os itens anteriores considerando a defasagem angular dos bancos trifasicos
Y-.
2.12 [2] Tres transformadores monofasicos de dois enrolamentos, cada um de 3 kVA,
220/110 V, 60 Hz e reat
ancia de dispers
ao igual a 0,10 pu, sao conectados como um
banco trifasico de autotransformadores, segundo o tipo de ligac
ao -estendido ilustrado
na figura 2.38. Determine os valores nominais das tensoes de linha no lado de alta tensao
do banco trifasico.
Ha

Hb

Hc

Xa

Xb

Xc

+
220 V

+
110 V

Figura 2.38: Conexao do autotransformador trifasico - exerccio 2.12

2.13 Os valores de placa de um transformador trifasico de tres enrolamentos sao:


primario (1): 66 kV(Y), 15 MVA;
secund
ario (2): 13,2 kV(Y), 10 MVA;
terci
ario (3): 2,3 kV(), 5 MVA;
As imped
ancias de dispers
ao obtidas no ensaio de curto circuito sao:
Z12 = 7%, na base 15 MVA, 66 kV;
Z13 = 9%, na base 15 MVA, 66 kV;
Z23 = 8%, na base 10 MVA, 13,2 kV;

66

Captulo 2: Representa
c
ao dos Sistemas de Pot
encia

Atraves deste transformador, uma fonte de tensao constante supre uma carga de fator
de potencia unitario, de 5 MW, 2,3 kV nominais e um motor sncrono de 7,5 MVA, 13,2
kV, com reat
ancia sncrona de 20%. Tomando a base trifasica de 66 kV, 15 MVA no
prim
ario do transformador, a) determinar o circuito equivalente no sistema por unidade
e b) o valor da resistencia da carga em pu.
2.14 Os dados do sistema trifasico da figura 2.39 sao os seguintes:
gerador G1 : 12,5 MVA, 13,8 kV(Y), Xg1 = 110%;
gerador G2 : 15 MVA, 13,2 kV(Y), Xg1 = 90%;
transformador T1 : 15 MVA, 13,8 kV(Y)/69 kV(), Zt1 = 1 + j8%;
transformador T2 : 10 MVA, 13,8 kV()/138 kV (Y), Zt2 = 1 + j10%;
linha de transmiss
ao (1-4): comprimento de 80 km, 0,28 + j0,61 /km/fase;
linha de transmiss
ao (2-3): comprimento de 80 km, 0,15 + j0,60 /km/fase;
carga L1 : corrente de 52,3 A com fator de potencia 0,707 atrasado;
carga L5 : 10 kVA com fator de potencia 0,8 atrasado;
Gerador 1

Transformador 1

LT23

Y
LT14

Transformador 2

Carga L5

Gerador 2
Y
Carga L1

Figura 2.39: Diagrama unifilar - exerccio 2.14


Selecionando a base trifasica de 5 MVA e 69 kV na barra 2, determinar o circuito
equivalente monofasico no sistema pu.
2.15 Um transformador monofasico de 100 kVA, 2400/240 V, X = 10 %, e conectado
para operar como um autotransformador, com relac
ao de transformac
ao 2400/2160 V.

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67

1. Determinar o diagrama de conex


ao e os valores de placa do autotransformador;
2. determinar o circuito equivalente do autotransformador no sistema pu;
3. suponha que o transformador original tem uma eficiencia de 95 % `a plena carga.
Qual a eficiencia do autotransformador `a plena carga?
2.16 Um transformador monofasico de 20 kVA, 220/380 V, 40%, possui tap variavel no
lado de AT. Uma carga de 10 kVA e suprida atraves de uma fonte de 230 V atraves deste
transformador. Calcular em que valor deve ser ajustado o tap, para que a tensao na carga
seja 360 V, caso a carga seja:
1. indutiva pura;
2. capacitiva pura.
Adotar como base os valores 10 kVA e 380 V no lado de AT do trafo.
2.17 Considere o sistema cujo diagrama unifilar e mostrado na figura 2.40. Os valores
nominais dos equipamentos sao:
Gerador: 30 MVA, 13,8 kV, 15 %;
Transformadores 1 e 2: 35 MVA, 115/13,2 kV, 10 %;
Linha de transmiss
ao: 80 ;
Motor 1: 20 MVA, 12,5 kV, 20 %;
Motor 2: 10 MVA, 12,5 kV, 20 %, Zn = j2 ;
1

M1

T1

LT

T2

M2

Zn

Figura 2.40: Diagrama unifilar do sistema


Supondo as grandezas base Sbase = 50 M V A e Vbase = 115 kV , referidas a linha de
transmissao, determine:
1. o circuito monofasico equivalente no sistema por unidade;
2. o circuito equivalente de Thevenin, obtido a partir da barra 1, supondo que esta
barra opera na tensao de 1,02 pu.
2.18 Um transformador trifasico com valores de placa 200 MVA, 345()/34,5(Y ) kV,
8 %, opera como um elo, conectando um sistema de transmissao de 345 kV e um sistema
de distribuicao de 34,5 kV.

68

Captulo 2: Representa
c
ao dos Sistemas de Pot
encia

1. Determine os valores de placa e o circuito equivalente dos tres transformadores


monofasicos, que conectados adequadamente seriam equivalente ao transformador
trifasico em questao.
2. Supondo que uma carga uma carga trifasica de valor 180 MVA, na tensao 33 kV e
fator de potencia 0,8 atrasado, e suprida por este transformador. Calcule os valores
de tensao corrente, potencia aparente e fator de potencia nos terminais de entrada
do transformador em pu e em unidades reais.
3. Determine a queda de tensao no transformador para as condic
oes do item anterior,
em pu e em unidades reais.
2.19 Um gerador trifasico (35 kVA, 380 V, X=10%) operando na tensao nominal, supre,
atraves de uma linha de transmiss
ao com imped
ancia 0,1 + j1,0 /fase, uma carga
trif
asica que absorve uma corrente de 50 Amperes com fator de potencia 0,8 em atraso.
Supondo seq
uencia de fases positiva, tomando o fasor tensao Vab na carga como referencia
e adotando os valores nominais do gerador como base, determinar (em pu e em unidades
reais):
1. os fasores tensao de fase e de linha na carga e no gerador;
2. as potencias ativa e reativa na carga e no gerador;
2.20 No sistema trifasico da figura abaixo, os par
ametros das duas linhas de transmiss
ao
s
ao 0,163 (LT1 ) e 0,327 (LT2 ) /km por fase, com respectivos comprimentos de 220 km
(LT1 ) e 150 km (LT2 ).
3 Trafo 2
M S1

2
Trafo 1

LT1
LT2

Componente
MS 1
MS 2
Trafo 1
Trafo 2
Trafo 3

Snom
(MVA)
2000
2000
2200
500
1000

4 MS
2

5 Trafo 3

Vnom
(kV)
13,8 (Y aterrado)
230 (Y aterrado)
13,8():500(Y aterrado)
500(Y aterrado):230(Y aterrado)
500(Y aterrado):138(Y aterrado)

X
(%)
20
20
10
10
12

Adotando como valores base a tensao 13,2 kV e a potencia de 2000 MVA na barra 1,
determinar:

R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot

69

1. o circuito equivalente na representac


ao por fase, no sistema por unidade;
2. a tensao terminal, a corrente, a potencia aparente e o fator de potencia da maquina
sncrona M S2 , supondo que a maquina sncrona M S1 opera suprindo tensao e corrente nominais, com fator de potencia 0,8 atrasado;
3. o circuito equivalente de Thevenin visto da barra 6, para as condic
oes de operac
ao
do item anterior.

70

Captulo 2: Representa
c
ao dos Sistemas de Pot
encia

Captulo 3
Operac
ao das Linhas de Transmiss
ao
3.1

Introduc
ao

Este captulo apresenta a modelagem analtica das linhas de transmissao para o estudo
da operacao em regime permanente. Primeiramente, representa-se a linha de transmissao
por um quadripolo, definido por quatro constantes calculadas com base nos parametros da
linha. A seguir, estuda-se o problema do maximo carregamento que a linha pode suprir,
com enfase na construcao e na analise das curvas PV e QV. Posteriormente, mostrase como os parametros da linha podem ser utilizados em calculos rapidos, com nvel
de precisao satisfatorio apesar das aproximacoes adotadas em alguns casos. O captulo e
finalizado enfocando aspectos relacionados aos fluxos de potencia e a compensacao reativa
das linhas de transmissao.

3.2

Par
ametros das linhas de transmiss
ao

Uma linha de transmissao e caracterizada pelos seguintes parametros:


Resistencia serie: que representa as perdas por efeito Joule, causadas pela corrente
que flui atraves do condutor;
Indutancia serie: que representa o campo magnetico criado pela corrente que percorre o condutor;
Condutancia shunt: que representa as perdas por efeito Joule, causadas pela diferenca
de potencial no meio que circunda os condutores;
Capacitancia shunt: que representa o campo eletrico resultante da diferenca de
potencial entre os condutores.
Com base no comprimento l, tres tipos de linha de transmissao sao disting
uidos:
linhas de transmissao longas: l > 240km;
linhas de transmissao medias: 80km < l 240km;
linhas de transmissao curtas: l 80km.

72

Captulo 3: Opera
c
ao das Linhas de Transmiss
ao

Zser

Ysh
2

Ysh
2

Figura 3.1: Circuito representativo da linha de transmissao


As linhas de transmissao sao representadas genericamente por um circuito , conforme
mostra a figura 3.1. Neste circuito, a impedancia serie esta relacionada `a resistencia e
`a indutancia da linha enquanto a admitancia corresponde a condutancia e capacitancia
shunt.
Nas linhas curtas a perda na condutancia shunt e o efeito capacitivo entre os condutores (ou entre os condutores e a terra) nao e acentuado, e portanto apenas os parametros
serie da linha sao levados em conta. No caso das linhas medias, a perda na condutancia
shunt tambem e desprezvel porem o efeito capacitivo e considerado. Assim, a linha de
transmissao e representada por um circuito denominado -nominal, cuja impedancia serie
e admitancia shunt sao calculados com base no comprimento da linha e nos parametros
distribudos fornecidos pelo fabricante, isto e, resistencia serie, indutancia serie e capacitancia shunt. No caso das linhas longas, os efeitos eletromagneticos e de propagacao
de onda sao mais acentuados, de modo que todos os parametros devem ser considerados. Este tipo de linha e representado por um circuito denominado -equivalente, no
qual a impedancia e a admitancia sao submetidas a uma correcao nos seus valores, para
considerar o efeito da propagacao das ondas eletromagneticas.

3.3

Representac
ao das linhas de transmiss
ao por um
quadripolo

Uma linha de transmissao pode ser representada por um quadripolo, com as tensoes e
correntes nos seus terminais indicados conforme mostra a figura 3.2, onde e e r denotam
os terminais emissor e receptor, respectivamente.
As relacoes entre as variaveis tensao e corrente nos terminais do quadripolo sao expressas pela equacao
Ve = AVr + BIr
Ie = CVr + DIr
ou na forma matricial pela expressao

A B
Vr
Ve
=
Ir
Ie
C D

(3.1)

R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot

73

Ie

Ir

+
Quadripolo

Ve
-

Vr
-

Figura 3.2: Representacao da linha de transmissao por um quadripolo

onde, A, B, C e D sao parametros que dependem das constantes das linhas de transmissao. No caso de circuitos lineares passivos e bilaterais, como o da linha de transmissao,
a relacao
AD BC = 1
e satisfeita. Esses parametros sao n
umeros complexos, com A e D adimensionais, B
expresso em ohms () e C expresso em siemens (S).

3.4

Equac
oes diferenciais da linha de transmiss
ao

Considere o circuito mostrado na figura 3.3, o qual representa a secao de uma linha de
transmissao de comprimento x.
zx

I(x + dx)

I(x)
+

+
yx

V(x + dx)

V(x)

x + dx

Tensao e corrente
na posicao x + x

Tensao e corrente
na posicao x

Figura 3.3: Modelo incremental da linha de transmissao

Os parametros distribudos referenciados na figura 3.3 sao


z = r + jx (/m)
y = = g + jb (S/m)

74

Captulo 3: Opera
c
ao das Linhas de Transmiss
ao

e as equacoes que caracterizam esta linha sao


V(x + x) = V(x) + (zx)I(x)
I(x + x) = I(x) + (yx)V(x + x)
ou, alternativamente,
V(x + x) V(x)
x
I(x + x) I(x)
yV(x + x) =
x
zI(x) =

(3.2)

Se x 0, as Eqs. (3.2) sao re-escritas como


dV(x)
dx
dI(x)
yV(x) =
dx
zI(x) =

(3.3)

As Eqs. (3.3) sao diferenciais de primeira ordem e homogeneas. Elas possuem duas
incognitas, sendo a sua solucao dada por
V(x) = A1 e+x + A2 ex
A1 e+x A2 ex
I(x) =
Zc

(3.4)

onde = zy, denominada constante de propagac


ao, pode ser expressa em termos da
constante de atenuac
ao (neper/metro ou decibeis/metro) e da constante de fase (radianos/metro) por
= + j
O termo Zc , denominado imped
ancia caracterstica da linha de transmissao, e expresso
como
r
z
Zc =
()
y
As constantes A1 e A2 sao calculadas observando-se que no terminal receptor (x = 0)
Vr = V(0)

Ir = I(0)

tal que
Vr = A1 + A2
A1 A2
Ir =
Zc
o que fornece
Vr + Zc Ir
2
Vr Zc Ir
A2 =
2

A1 =

(3.5)

R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot

75

Agrupando-se convenientemente os termos das Eqs. (3.4) e (3.5), obtem-se as expressoes que fornecem a tensao e a corrente em qualquer ponto x da linha de transmissao;
isto e,
V(x) = cosh(x)Vr + Zc sinh(x)Ir
1
I(x) =
sinh(x)Vr + cosh(x)Ir
Zc

(3.6)

onde
expx + expx
2
x
exp expx
sinh(x) =
2

cosh(x) =

A forma matricial das equacoes do quadripolo que representa uma linha de transmissao de comprimento l, com parametros serie e shunt distribudos z(/m) e y(S/m) e
parametros concentrados Z = zl = R + jX () e Y = yl = G + jB (S) e

A(x) B(x)
Vr (x)
Ve (x)
=
(3.7)
C(x) D(x)
Ir (x)
Ie (x)
onde, Ve (x) e Ie (x) sao a tensao e a corrente no terminal emissor (de entrada) e Vr (x)
e Ir (x) sao a tensao e a corrente no terminal receptor (de sada), expressos em funcao
da distancia x, medida de um ponto qualquer da linha de transmissao ate o terminal
receptor. Da comparacao das Eqs. (3.6) e (3.7), obtem-se
A(x) = D(x) = cosh(x) (pu)
B(x) = Zc sinh(x) ()
1
sinh(x) (S)
C(x) =
Zc

(3.8)

Os parametros A(x), B(x), C(x) e D(x) sao exatos e representam uma linha de
transmissao de qualquer comprimento. Entretanto, devido `as suas caractersticas, linhas
de comprimento medio e curto permitem que expressoes mais simples sejam utilizadas.
Ie

Ir

+
Ve
-

+
Y
2

Y
2

Vr
-

Figura 3.4: Circuito -equivalente da linha de transmissao

76

Captulo 3: Opera
c
ao das Linhas de Transmiss
ao

Para representar uma linha de transmissao generica de comprimento l por um circuito


-equivalente, considere a figura 3.4, cujas equacoes caractersticas sao

0
Y
0
Ve = Ir +
Vr Z + Vr
2
0
Y
(Ve Vr )
Ie =
Ve +
2
Z0

0
1
(Vr )
Y
=
+ 0 Ve
2
Z
Z0
0

onde Z e Y sao os parametros serie e shunt que compoem o circuito -equivalente da


linha de transmissao da figura 3.4.
A combinacao dessas equacoes fornece

0
0
YZ
0
V r + Z Ir
Ve = 1 +
2

0
0
0
0
YZ
YZ
0
Ie = Y 1 +
Vr + 1 +
Ir
4
2
e portanto
0

ZY
A= D=1+
2
0
B= Z

0
0
ZY
0
C= Y 1+
4
tal que nos termos genericos da Eq. (3.8),
0

ZY
A(x) = D(x) = cosh(x) = 1 +
2
0
B(x) = Zc sinh(x) = Z

0
0
1
ZY
0
C(x) =
sinh(x) = Y 1 +
Zc
4
A segunda das Eqs. (3.9) pode ser escrita como
0

Z = Zc sinh(x)
r
z
sinh(x)
=
y
r
zl z
=
sinh(x)
zl y
r
z
= zl
sinh(x)
2
z l2 y
r
1
= zl
sinh(x)
zyl2

(3.9)

R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot

77

e portanto
0

Z =Z

sinh(l)
l

De forma semelhante, a primeira das Eqs. (3.9) fornece


0

cosh(x) 1
Y
=
2
Z0
tal que,

Y
Y tanh(l/2)
=
2
2 (l/2)
sinh(l) tanh(l/2)
e
, denominados fatores de correc
ao, sao utilizados para
l
(l/2)
converter a impedancia serie e a admitancia shunt do circuito -nominal nos parametros
0
0
Z e Y do circuito -equivalente.
Linhas de transmissao medias, com comprimento 80km < l 240km, sao representadas pelo circuito -nominal mostrado na figura 3.5.
Os termos

Ie

Z = zl = (R + jL)l

+
Ve

Ir
+

(G + jC)l
Y
=
2
2

Y
2

Vr
-

Figura 3.5: Circuito -nominal da linha de transmissao media


As equacoes de quadripolo que caracterizam este circuito sao semelhantes `aquelas
obtidas para uma linha de transmissao generica, ou seja,
A= D=1+

ZY
pu
2

B= Z

ZY
C= Y 1+
S
4
onde Z = zl = R + jX () e Y = yl = G + jB (S).
A representacao da linha de transmissao curta (l 80km) considera apenas os
parametros serie, conforme ilustrado na figura 3.6. tal que as equacoes de quadripolo
que representam analiticamente este tipo de linha de transmissao sao
Ve = Vr + ZIr
Ie = Ir

78

Captulo 3: Opera
c
ao das Linhas de Transmiss
ao

Ie

Z = zl = (r + jL)l

Ir

Ve

Vr

Figura 3.6: Circuito representativo da linha de transmissao curta

ou na forma matricial,

Ve
Ie

1 Z
0 1

Vr
Ir

e portanto
A = D = 1 pu
B= Z
C= 0 S
Para linhas medias e curtas, a relacao AD BC = 1 e valida. Desde que a linha
de transmissao possui a mesma configuracao quando vista de qualquer um dos extremos,
entao A = D. A linha de transmissao curta e um caso particular da linha de transmissao
media, onde os parametros shunt sao desprezados, o que resulta em Y = 0 e A = D = 1
e B = Z.
Ex. 3.1 Para exemplificar o uso dos modelos de linha definidos com base no comprimento
da mesma, seja uma linha de transmiss
ao trifasica, composta de condutores ACSR 127000
CMil 54/3, com espacamento assimetrico, transposta, com imped
ancia serie e admitancia
shunt respectivamente iguais a 0, 0165 + j0, 3306 /km e j4, 674 106 S/km. A tabela
3.7 mostra os par
ametros que representam linhas de transmiss
ao com estas caractersticas
e com comprimentos iguais a 300 km, 160 km e 50 km.
Observa-se nesta tabela, que o efeito dos fatores de correc
ao sobre determinados par
ametros e reduzido `a medida que o comprimento da linha diminui. Por exemplo, a diferenca
entre os valores nominais e equivalente da reat
ancia indutiva da linha de 300 km (99,18
e 96,9 ) e de 2,28 (2,30%). Conseq
uentemente, se os par
ametros serie desta linha de
transmiss
ao longa nao fossem corrigido, o calculo da queda de tensao ao longo da linha
apresentaria um erro de aproximadamente 2%. No caso das linhas de 160 e 50 km, a
diferenca entre os valores nominais e corrigidos e insignificante, indicando que nao ha
necessidade de se utilizar o circuito -equivalente da linha. Com relac
ao `a admitancia
shunt, no caso especfico desta linha o fator de correc
ao nao tem efeito consider
avel, tal que
os valores nominais e corrigidos sao iguais, independentemente do comprimento da linha.
Nota-se ainda, que tanto a impedancia caracterstica como a constante de propagac
ao nao
variam com o comprimento da linha de transmiss
ao, pois estas constantes sao definidas
com base nos par
ametros distribudos da linha.

R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot

l
Z()
0
Z ()
Y(S)
0
Y (S)
Zc ()
(km1 )
A(pu)
B()
C(S)

300 km
4,95 + j99,18
4,72 + j96,90
j0,0014
j0,0014
266,15 - j6,63
j0,0012
0,9313 + j0,0034
4,72 + j96,90
j0,0014

79

160 km
2,64 + j52,89
2,60 + j52,54
j0,00074
j0,00074
266,15 - j6,63
j0,0012
0,9803 + j0,001
2,60 + j52,54
j0,00074

50 km
0,82 + j16,53
0,82 + j16,51
j0,00023
j0,00023
266,15 - j6,63
j0,0012
0,9981 + j0,0001
0,82 + j16,51
j0,00023

Tabela 3.1: Parametros das linhas de transmissao comprimento

3.5

Transfer
encia de Pot
encia

Supondo que as tensoes terminais e os os parametros do quadripolo que representa a linha


0
de transmissao sao respectivamente Ve = Ve , Vr = Vr 00 , A = Aa , B = Z z e
C = Cc , a corrente e a potencia aparente supridas `a linha de transmissao pelo terminal
emissor sao respectivamente dadas por
Ie = CVr + DIr

Ve AVr
= CVr + D
B
j(a +z )
AVe e
A2 Vr ej(2a z )
= CVr ejc +
Z0

Se = (Ve )Ie

AVe ej(a +z ) A2 Vr ej(2a z )


jc
= Ve CVr e +
Z0

AVe2 ej(a z ) A2 Ve Vr ej(2a z )


j(c )
= CVe Vr e
+
Z0
Expressando esta equacao na forma retangular e separando a mesma em em partes
real e imaginaria, obtem-se
Pe = CVe Vr cos( c ) +

AVe2 cos(z a ) A2 Ve Vr cos( 2a + z )

Z0
Z0
(3.10)

Qe = CVe Vr sin( c ) +

AVe2 sin(z a ) A2 Ve Vr sin( 2a + z )

Z0
Z0

que representam as potencias ativa e reativa supridas pelo terminal emissor da linha de
transmissao. Nessas potencias estao includas as parcelas correspondentes `as perdas na
linha de transmissao e ao terminal receptor.

80

Captulo 3: Opera
c
ao das Linhas de Transmiss
ao

De maneira analoga, lembrando que

Ir =

Ve AVr
B

a potencia aparente suprida ao terminal receptor e dada por


Sr = Vr Ir
j

Ve e AVr eja
= Vr
Z 0 ejz

Vr Ve ej(+z ) AVr2 ej(a +z )


Z0

Separando a u
ltima equacao em partes real e imaginaria, as potencias ativa e reativa
suprida `a carga sao expressas por
Pr =

AVr2
Vr Ve
cos(

cos(z a )
z
Z0
Z0
(3.11)

Qr =

AVr2

Vr Ve
sin(z )
sin(z a )
Z0
Z0

ocorrendo a maxima transferencia de potencia ativa quando = z ; ou seja,


PrM ax =

Vr Ve AVr2

cos(z a )
Z0
Z0

sendo a potencia reativa correspondente expressa como


axp
QM
=
r

AVr2
sin(z a )
Z0

Ex. 3.2 Seja a linha de transmiss


ao longa da tabela 3.7, operando na tensao de 765 kV.
0
Os par
ametros do circuito -equivalente que representa esta linha sao Z = 97, 087, 20
0
0
e Y = 0, 001489, 990 S e do quadripolo sao A = 0, 93130, 2090 pu, B = Z e C =
0, 001490, 060 S. Adotando a tensao nominal da linha e a potencia aparente de 2199
0
0
MVA como valores base, obtem-se Z = 0, 0177 + j0, 3641 pu, Y = 0, 0002 + j0, 3772 pu,
A = 0, 93130, 2090 pu, C = 0, 0004 + j0, 3643 pu. A imped
ancia caracterstica vale
Zc = 266, 15 j6, 6376 ou 1,00-j0,024 pu e a SIL e igual a 2199 MW ou 1,0 pu.
A figura 3.15 mostra a variac
ao da potencia no terminal emissor em func
ao da diferenca
angular da linha. Os terminais emissor e receptor sao supostos compensados, para manter
a magnitude da tensao plana em 1,0 pu nos extremos da linha.
Quando a abertura angular e nula, nao ha transferencia de potencia ativa para o terminal receptor, apenas a perda de potencia ativa da linha (igual a 0,0002 ou 0,4398 MW)
e suprida. Nesta condic
ao, a tensao de 1,0 pu aplicada no terminal emissor faz com que a
diferenca entre as potencias reativas gerada pela capacit
ancia e consumida pela indutancia

R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot

81

Curvas P x Delta e Q x Delta


3

P x Delta

Potncia Ativa (Reativa) (pu)

Q x Delta

20

40

60

80
100
120
ngulo da Tenso (graus)

140

160

180

Figura 3.7: Curvas P e Q - linhas de transmissao com perdas

da linha seja igual a 0,1886 pu ou 414,73 Mvar. Em = 18, 760 , a potencia reativa decresce a zero, com correspondente valor de 0,8837 pu para a potencia ativa. Como esta
e uma linha com perdas, o limite de estabilidade ocorre quando a abertura angular vale
87, 20 , com a transferencia de 2,610 pu (MW) -2,555 pu (Mvar). A partir deste ponto,
a linha de transmiss
ao opera na regi
ao considerada instavel, tal que na abertura angular
0
de 174, 75 a potencia ativa se anula enquanto a potencia reativa alcanca o valor -5,2905
pu. Em 1800 , a potencia ativa vale -0.2690 pu e a potencia reativa e igual a -5,2909 pu.

3.6

Curvas PV e QV

A magnitude da tensao no terminal receptor e determinada re-escrevendo-se a Eq. (3.11)


como
AVr2
Vr Ve
cos(

)
=
P
+
cos(z a )
z
r
Z0
Z0
(3.12)
AVr2

Vr Ve
sin( z ) = Qr +
sin(z a )
Z0
Z0
e somando o quadrado dessas duas expressoes, cujo re-arranjo do resultado fornece

A2 Vr4 + 2A [Pr cos(z a ) + Qr sin(z a )] Ve2 Vr2 + Pr2 + Q2r Z 02 = 0

(3.13)

82

Captulo 3: Opera
c
ao das Linhas de Transmiss
ao

Fazendo-se y = Vr2 e
a = A2
b=
c=

2A [Pr cos(z a ) + Qr sin(z a )] Ve2

Pr2 + Q2r Z 02

a Eq. (3.13) pode ser re-escrita como uma equacao de segundo grau em y, tendo como
razes

b + b2 4ac
s
y =
2a
(3.14)

b b2 4ac
yi =
2a
p

tal que duas magnitudes da tensao com significado fsico sao Vrs = y s e Vri = y i .
A curva PV de uma barra e obtida fixando-se a tensao no terminal emissor, variando-se
a demanda no terminal receptor sem alterar o fator de potencia da mesma, e resolvendo-se
a Eq. (3.13) para cada valor da demanda (caso mais simples). Nos casos praticos, esta
curva e tracada com base em sucessivas solucoes do fluxo de potencia correspondentes `a
variacao gradativa da demanda do sistema com o fator de potencia mantido constante.
Para cada nvel de potencia ativa demandada existem duas solucoes de magnitude de
tensao, o que torna possvel uma analogia com a curva P da estabilidade transitoria do
angulo do rotor em regime permanente. Ambas as curvas apresentam regioes de operacao
estavel e instavel.
Ex. 3.3 A figura 3.8 mostra as curvas PV obtidas para cargas com diferentes fatores de
potencia, com a tensao no terminal emissor fixada no valor nominal, para a linha de
transmiss
ao referida anteriormente.
Desta figura, observa-se que:
para cada fator de potencia, existe uma potencia maxima que pode ser transmitida;
para cada demanda especificada abaixo do valor maximo, existem duas possveis
soluc
oes para Vr (duas razes da Eq. (3.13));
sob condic
oes normais, o sistema de potencia opera sempre na parte superior da
curva, dentro da faixa estreita dos limites de magnitude da tensao;
se P = Q = 0, entao Ve = Vr cos , o que representa a condic
ao de circuito aberto;
neste caso, Vr > Ve .
o perfil plano de tensao ocorre para a carga de fator de potencia unitario, caso no
qual P < 1, 0 pu e Vr = Ve = 1, 0 pu.

R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot

83

Curva P x V LT com perdas

1.2

fp unitrio

Modulo da Tenso (pu)

fp capacitivo

fp indutivo

0.8

0.6

0.4

0.2

0.5

1.5
Potncia Ativa (pu)

2.5

Figura 3.8: Curva PV - cargas com diferentes fatores de potencia


Na regiao superior da curva PV da figura 3.8, um aumento na demanda resulta num
desbalanco de potencia reativa, tal que a magnitude da tensao do sistema tende a diminuir.
Para corrigir esta reducao, medidas corretivas aumentam a magnitude da tensao no terminal emissor ate que um ponto de equilbrio seja alcancado (regi
ao estavel ). Na parte
inferior da curva, um aumento na demanda resulta numa elevacao da magnitude da tensao
do sistema e a medida corretiva tambem causa decrescimo na magnitude da tensao, o que
indica que o sistema esta operando num ponto de equilbrio instavel (regi
ao instavel ).
Para qualquer nvel de carga inferior ao nvel maximo de potencia a ser transmitida,
duas solucoes em termos de magnitude da tensao no terminal receptor podem ser encontradas. A solucao mais proxima ao ponto de equilbrio estavel e o correspondente ponto
de equilbrio instavel. Estes pontos de equilbrio se aproximam um do outro conforme a
demanda aumenta, ate a condicao de operacao onde somente uma u
nica solucao do fluxo
de potencia existe. Esta condicao caracteriza o ponto extremo da curva, o qual e denominado ponto crtico ou ponto de bifurcac
ao sela-no. A partir deste ponto, nao existem
solucoes reais para as equacoes da rede eletrica.
As curvas QV sao tracadas de maneira analoga `as curvas PV. Neste caso, a injecao de
potencia ativa demandada e mantida constante, variando-se a potencia reativa no terminal
receptor.
Ex. 3.4 Curvas QV correspondentes a diferentes nveis de potencia ativa demandada sao
mostradas na figura 3.9 para a linha de transmiss
ao apresentada anteriormente.
A magnitude da tensao no terminal receptor e obtida variando-se a potencia reativa
demandada e fixando-se a tensao no terminal emissor no valor nominal e a potencia ativa
no terminal receptor em valores fracion
arios da potencia maxima que pode ser transmitida
atraves da referida linha de transmiss
ao. Essas curvas fornecem informac
oes sobre a
compensac
ao reativa necess
aria na barra para manter a tensao num nvel especificado.

84

Captulo 3: Opera
c
ao das Linhas de Transmiss
ao

Curva Q x V LT com perdas

1.2

Modulo da Tenso (pu)

Pr = Prmax

0.8
Pr = 0,75Prmax
0.6

Pr = 0,50Prmax

0.4

Pr = 0,25Prmax

0.2

0
2.5

1.5

1
0.5
Potncia Reativa (pu)

0.5

Figura 3.9: Curva QV - cargas com diferentes valores de potencia ativa

Por exemplo, se a demanda de potencia ativa e 0, 25Pmax , o nvel de magnitude da tensao


no terminal receptor igual a 1,0038 pu corresponde a uma demanda de potencia reativa
igual a 0,0927 pu (indutiva). Se a demanda de potencia ativa aumenta para 0, 50Pmax , a
magnitude da tensao correspondente a 0,0927 pu e 0,7668 pu. Para que a magnitude de
tens
ao de 1,0041 pu seja alcancado, e necess
ario que a demanda de potencia reativa seja
-0,1873 pu (capacitiva), o que requer uma compensac
ao reativa de -0,0946 pu (capacitiva).
O efeito do comprimento no carregamento da linha de transmissao pode ser determinado tracando-se curvas semelhantes `as da figura 3.16. Neste caso, a Eq. (3.18) e
resolvida mantendo-se a carga (injecoes de potencia ativa (P ) e reativa (Q)) constantes e
variando-se o comprimento da LT.
Ex. 3.5 As figuras 3.10, 3.11 e 3.12 mostram linhas de transmiss
ao com comprimentos
variando entre 50 km e 300 km, para cargas com fatores de potencia iguais a 0,70 atrasado,
unit
ario e 0,90 adiantado. Nestas figuras observa-se que:
linhas de transmiss
ao com comprimento entre 150 km e 300 km podem operar com
nvel de tensao normal, desde que o fator de potencia da carga seja elevado;
devido `as acentuadas variacoes na magnitude da tensao, a operac
ao de linhas longas
nao compensadas e impratic
avel para toda a faixa de variac
ao do fator de potencia;
mesmo quando a linha de transmiss
ao longa supre uma demanda igual a SIL,
condic
ao em que as magnitudes das tensoes nos terminais emissor e receptor tendem a se igualar, quando o comprimento da linha e 300 km a tensao no terminal
receptor e extremamente sensvel a qualquer variac
ao na potencia ativa da carga;

R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot

85

Curva P x V Carga Capacitiva

l = 300 km
1.2

l = 150 km

Modulo da Tenso (pu)

l = 75 km
0.8

l = 50 km
0.6

0.4

0.2

8
10
Potncia Ativa (pu)

12

14

16

Figura 3.10: Curva PV em funcao do comprimento da linha de transmissao - fator de


potencia 0,70 em avanco

Curva P x V Carga Resistiva

SIL = 0.9996 pu(MW)


1

Modulo da Tenso (pu)

0.8

300 km

150 km

75 km

50 km

0.6

0.4

0.2

4
Potncia Ativa (pu)

Figura 3.11: Curva PV em funcao do comprimento da linha de transmissao - fator de


potencia unitario

conforme o comprimento da linha aumenta, aproximando-se de 300 km, o ponto


de magnitude da tensao correspondente `a demanda e igual `a SIL se localiza em
diferentes posicoes das curvas PV, tendendo a se deslocar para a parte inferior da

86

Captulo 3: Opera
c
ao das Linhas de Transmiss
ao

Curva P x V Carga Indutiva

Modulo da Tenso

0.8

300 km

150 km

75 km

50 km

0.6

0.4

0.2

0.5

1.5

2
Potncia Ativa

2.5

3.5

Figura 3.12: Curva PV em funcao do comprimento da linha de transmissao - fator de


potencia 0,90 em atraso

curva, ou seja, correspondendo `a menor das duas soluc


oes, como pode ser observado
na figura 3.11 desde linhas de 50 km e 300 km. Neste caso, a operac
ao da LT e
virtualmente instavel.

3.7

Linhas de transmiss
ao com perdas desprezveis

Expressoes mais simples sao obtidas e os conceitos apresentados anteriormente sao mais
facilmente aplicaveis se as perdas de potencia ativa no sistema de transmissao forem
desprezadas. Desde que as linhas de transmissao sao projetadas para operar com valor de
perda reduzido, as equacoes e os conceitos mostrados a seguir podem ser utilizados para
calculos rapidos, com razoavel nvel de precisao, no planejamento preliminar da operacao
das linhas de transmissao.
A figura 3.13 mostra a representacao de uma linha com a resistencia serie e a condutancia shunt desprezadas (R = G = 0). Os parametros relativos `a propagacao das
ondas de tensao e corrente na linha sao apresentados a seguir.
Impedancia caracterstica:

r
Zc =

Constante de propagacao:

= j = j LC m1

R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot

87

Is

Ir

+
Y
2

Vs = Vs

Y
2

Vr = Vr 00
-

Figura 3.13: Linha de transmissao sem perdas

Comprimento de onda - distancia requerida para mudar a fase da onda de tensao


ou da onda de corrente por 2 radianos. Desde que nas linhas sem perda
V(x) = cos(x)Vr + jZc sin(x)Ir
sin(x)
I(x) = j
Vr + cos(x)Ir
Zc
entao V(x) e I(x) mudam de fase por 2 radianos quando x =
um comprimento de onda) e portanto
=

2
(ou seja, atinge-se

2
1
=

f LC

1
representa a velocidade de propagacao das ondas de tensao e corrente
LC
1
ao longo da linha de transmissao sem perda. Em linhas aereas
3108 m/s,
LC
e na freq
uencia de 60 Hz, 5 106 m; ou seja, comprimentos tpicos de linhas
de transmissao sao apenas uma fracao de = 5000 km (lembrar que 0 = 4
107 H/m e 0 = 8, 85 1012 F/m).
O termo

Os parametros do quadripolo sao dados por


A(x) = D(x) = cos(x)
B(x) = jZc sin(x)
sin(x)
C(x) = j
Zc
onde A(x) e D(x) sao n
umeros reais e B(x) e C(x) sao n
umeros imaginarios puros.
Os parametros do circuito -equivalente da linha sao expressos por
sin(l)
l
0
0
Y
jB
B tan(l/2)
=
=j
2
2
2 (l/2)
0

Z = jX = jX

88

Captulo 3: Opera
c
ao das Linhas de Transmiss
ao

A Surge Impedance Loading - SIL representa a potencia liberada por uma linha
de transmissao sem perda a uma carga de fator de potencia unitario de valor igual a
impedancia caracterstica da linha. Se uma linha de transmissao sem perdas supre uma
carga de valor igual `a SIL, entao a corrente no terminal receptor e dada por
Ir =

Vr
Zc

tal que a corrente e a tensao ao longo da linha de transmissao sao expressas por
V(x) = [cos(x) + j sin(x)] Vr
Vr
I(x) = [j sin(x) + cos(x)]
Zc

(3.15)

A analise das Eqs. (3.15) indica que, desde que k cos(x) + j sin(x)k = 1, as magnitudes da tensao e da corrente no terminal receptor (x = 0) e ao longo da linha de
transmissao sao respectivamente,

Vr
|V(x)| = |Vr | e |I(x)| =
Zc
Portanto, se a carga e igual `a SIL, o perfil de tensao e horizontal, isto e, a magnitude da
tensao e da corrente em qualquer ponto da linha sem perda e constante. Por esta razao, a
potencia real suprida `a carga tambem permanece constante ao longo da linha. A potencia
reativa que flui do terminal emissor ao terminal receptor e nula, como conseq
uencia de
que os Mvar gerados pela capacitancia shunt sao iguais aqueles consumidos pela reatancia
indutiva serie.
Na tensao nominal, a potencia real liberada e dada por
SIL =

2
Vnom
Zc

onde Vnom e a tensao nominal da linha de transmissao (de fase ou de linha, dependendo
do valor de potencia desejado). A tabela 3.7 apresenta valores tpicos das impedancias
caractersticas e de surto para linhas de transmissao aereas operando na freq
uencia de 60
Hz.
Na pratica, a demanda conectada nos terminais receptores das linhas de transmissao
de potencia nao e igual `a SIL das linhas. Dependendo do comprimento e da compensacao
da linha, a carga pode variar de uma pequena fracao (durante os perodos de carga leve)
ate m
ultiplos da SIL (durante os perodos de carga pesada). Isto faz com que o perfil de
tensao ao longo da linha seja peculiar a cada tipo de carga, conforme mostra o exemplo
a seguir.
Ex. 3.6 A figura 3.14 mostra o perfil de tensao na linha de transmiss
ao da sec
ao anterior,
desprezando as perdas, para diferentes tipos de carga conectadas ao terminal receptor,
com a tensao no terminal emissor mantida constante no valor nominal. A impedancia
serie e a suscept
ancia shunt da linha valem respectivamente z = 0, 3306 /km e y =
4, 67 S/km. A imped
ancia caracterstica, a SIL e a constante de propagac
ao desta
linha valem respectivamente 266,0682 ; 2199,5 MW e 0.0012 rad/m. As grandezas
est
ao expressas no sistema por unidade, na base 765 kV e 2199,5 MVA. Com relac
ao a
esta figura, observa-se que:

R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot

89

Vnom (kV)
69
138
230
345
500
750

L
()
C
366-400
366-405
365-395
280-366
233-294
254-266

Zc =

2
Vnom
(MW)
Zc
12-13
47-52
134-145
325-425
850-1075
2200-2300

SIL =

Tabela 3.2: Valores tpicos SIL e Zc


Curva V x Comprimento

circuito aberto
SIL

1
carga indutiva 1

Modulo da Tenso (pu)

0.8

0.6

carga indutiva 2

0.4

0.2
carga indutiva 3
0

50

100

150
Distncia (km)

200

250

300

Figura 3.14: Perfil de tensao da linha de transmissao para diferentes tipos de carga

na condic
ao `a vazio, a corrente que supre o terminal receptor e nula, isto e, Ir0 = 0,
tal que a tensao ao longo da linha aumenta de 1,0 pu (no terminal emissor) ate
1,0733 pu (no terminal receptor), segundo a express
ao Ve0 (x) = cos(x)Vr0 ;
se a imped
ancia da carga e igual `a (SIL), o perfil de tensao e horizontal no valor da
magnitude da tensao no terminal emissor, igual a 1,0 pu no presente caso;
a magnitude da tensao no terminal receptor depende da especificac
ao da carga, e em
geral esta situado entre o perfil plano e a tensao de curto circuito;
Variando-se a imped
ancia da carga de (1, 0+j1, 0)Zc a (0, 01+j0, 01)Zc , a magnitude
da tensao decresce ao longo da linha, de 0,8865 pu ate 0,0380 pu.
se a imped
ancia da carga e nula (curto circuito), Vrcc = 0 e Vcc (x) = (Zc sin(x)) Ircc ;
isto e, a tensao decresce de Vs = (Zc sin(l)) Ircc no terminal emissor ate Vrcc = 0

90

Captulo 3: Opera
c
ao das Linhas de Transmiss
ao

no terminal receptor;
Com relacao `a potencia liberada no terminal receptor de uma linha sem perda, considere o circuito -equivalente da figura 3.13, no qual a corrente no terminal receptor e
dada por
0

Ve Vr Y
Ir =

Vr
0
2
Z
0
jB
Ve Vr 00

=
Vr 00
jX 0
2
A potencia complexa no terminal receptor e dada por
0
Ve Vr
jB
Sr = V r
+
Vr2
0
jX
2
0
jVr Ve cos + Vr Ve sin jVr2 jB 2
=
+
Vr
0
X
2

0
Vr Ve cos Vr2 B 2
Vr Ve
=
sin + j
+ Vr
X0
X0
2

tal que separando as partes real e imaginaria, obtem-se


Vr Ve
0 sin
X

0
Vr Ve cos Vr2 B 2
Qr =
+ Vr
X0
2
Pr =

(3.16)

A maxima potencia que pode ser transferida ao terminal receptor sem perda de estabilidade em regime permanente ocorre quando = 900 e vale
Prmax =

Vr Ve
sin
X0

com a correspondente potencia reativa igual a

Qr (Prmax )

Vr2

B
1
0
2
X

2
0
e, desde que X = Zc sin(l) e =
, o limite de estabilidade em termos da SIL e dado

por
V pu V pu SIL

Prmax = e r
2l
sin

onde as tensoes terminais da linha sao expressas em por unidade, adotando a tensao
nominal como base.

R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot

91

Ex. 3.7 Considerando a linha de transmiss


ao da sec
ao anterior, com as perdas desprezadas, a qual tem reat
ancia serie e suscept
ancia shunt nominais iguais a 99,18
e 0,0014 S, respectivamente, reat
ancia serie e suscept
ancia shunt equivalentes iguais a
96,89 e 0,0014 S, imped
ancia caracterstica igual a 266,13 , constante de propagac
ao
1
igual a j0,0012 m e comprimento de onda igual a 5056 km. Supondo que a magnitude
das tensoes terminais sao fixas no valor nominal, o angulo de fase aumenta de 00 a
900 , conforme a potencia ativa liberada pela linha aumenta. Quando a abertura angular
da linha e zero, a potencia ativa suprida ao terminal receptor e zero, porem uma pequena
quantidade de potencia ativa e gerada pela capacit
ancia da linha, conforme pode ser verificado com auxlio da Eq. (3.16). A maxima potencia que a linha pode liberar e dada
por
Vr Ve
Vepu Vrpu SIL

=
2l
X0
sin

(765k)(765k)
(1, 0)(1, 0)2199, 5

2 300
99, 18
sin
5000
= 5900, 63 2, 7465SIL

Prmax =

a qual representa o limite teorico de estabilidade em regime permanente para uma linha
sem perdas, com a correspondente potencia reativa igual a -2,5579 pu. Note que a tensao
nominal da linha e a SIL foram adotados como valores base nestes calculos.
A figura 3.15 mostra a representac
ao geometrica da potencia ativa transmitida em
func
ao da variac
ao da diferenca angular entre as tensoes terminais da linha. Note que,
neste caso a potencia maxima transmitida ao terminal receptor atraves da linha de transmiss
ao sem perdas ocorre quando a abertura angular entre as tensoes terminais da linha
e 900 . Quando a abertura angular da linha e zero, nao ha fluxo de potencia atraves do
elemento serie da linha de transmiss
ao, apenas os elementos shunt da LT geram 0,1886
pu(Mvar). Na abertura angular de 21,35 graus, a linha transmite 1,0 pu(MW) e 0,0
pu(Mvar); isto e, a carga e igual a SIL da LT. A transferencia de potencia ativa maxima
de 2,7465 pu(MW) ocorre em 90 graus, com a correspondente potencia reativa igual a
-2,5579 pu(Mvar). Na abertura angular de 180 graus, o fluxo de potencia ativa atraves da
LT e zero e o de potencia reativa e igual a -5,3044 pu(Mvar). Portanto, a analise desta
figura permite as seguinte observac
oes:
o sentido do fluxo de potencia ativa varia com a abertura angular da linha de transmissao e portanto e determinado pelo fasor tensao que esta em avanco;
quando a abertura angular atinge 90 graus ( = 900 ), a transferencia de potencia
alcanca o seu valor maximo (Pr = Pmax ), o que indica que o limite de estabilidade
estatica foi atingido. Se a abertura angular ultrapassar 90 graus ( > 900 ), o sincronismo entre as barras e perdido e a potencia transmitida decresce com o aumento
da defasagem angular;
Ve Vr
o termo Pmax =
e chamado potencia de escape ou capacidade de transmiss
ao.
X0
Este termo representa a potencia maxima que a linha pode transmitir sem ultrapassar

92

Captulo 3: Opera
c
ao das Linhas de Transmiss
ao

Curvas P x Delta e Q x Delta LT sem perdas


3
P x Delta

Potncia Ativa (Reativa) (pu)

0
Q x Delta

20

40

60

80
100
120
ngulo da Tenso (graus)

140

160

180

Figura 3.15: Curvas P e Q - linhas de transmissao sem perdas

o limite de estabilidade estatica. Ele aumenta com o quadrado da magnitude da


tensao de transmiss
ao e decresce com o aumento da reat
ancia da linha. Isto explica
porque e desejavel utilizar altas tensoes de transmiss
ao em sistemas com baixos
valores de reat
ancias serie.
Com relacao `as curvas PV e QV no caso da linha de transmissao sem perdas, a equacao
do quadripolo relativa `a tensao e dada por
Ve = Vr cos(l) + jZc sin(l)Ir
onde a impedancia caracterstica Zc e um n
umero real, o qual por simplificacao sera
denotado nesta subsecao por Zc .
Se a carga do terminal receptor e representada por uma injecao de potencia constante
P + jQ, a injecao de corrente corrente correspondente e dada por
Ir =

P jQ
Vr

e a tensao no terminal emissor e expressa por

Ve = Vr cos(l) + jZc sin(l)

P jQ
Vr

(3.17)

Supondo que a tensao no terminal emissor e mantida constante, a Eq. (3.17) pode ser
re-escrita como
Vr Ve = Vr Vr cos(l) + jZc sin(l) (P jQ)
= Vr2 cos(l) + Zc Q sin(l) + jZc P sin(l)

R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot

93

onde Vr e a magnitude do fasor tensao Vr . Em termos de modulo,

2
Vr2 Ve2 = Vr2 cos(l) + Zc Q sin(l) + (Zc P sin(l))2

= Vr4 cos2 (l) + 2Vr2 Zc Q cos(l) sin(l) + Zc2 Q2 + P 2 sin2 (l)


cujo re-arranjo fornece

Vr4 cos2 (l) + Vr2 2Zc Q cos(l) sin(l) Ve2 + Zc2 Q2 + P 2 sin2 (l) = 0
onde fazendo y = Vr2 , obtem-se-se a equacao quadratica
ay 2 + by + c = 0

(3.18)

onde a = cos2 (l), b = (2Zc Q cos(l) sin(l) Ve2 ) e c = Zc2 (Q2 + P 2 ) sin2 (l).
Da mesma forma que no caso da Eq. (3.13), a magnitude da tensao no terminal
receptor e obtida resolvendo-se a Eq. (3.18), a qual a rigor possui quatro solucoes, duas
das quais com significado fsico.
Ex. 3.8 A figura 3.16 mostra as curvas PV obtidas para cargas com diferentes fatores
de potencia, com a tensao no terminal emissor fixada no valor nominal, para a linha de
transmiss
ao da sec
ao anterior. No caso da linha sem perdas, observa-se que quando a
carga e igual `a potencia natural (SIL) com fator de potencia unitario, o perfil de tensao
e plano em 1,0 pu. Observe que neste caso a potencia ativa maxima correspondente `a
demanda crtica e superior `aquela correspondente ao caso das linhas de transmiss
ao com
perdas. As curvas QV correspondentes `a linha sem perda sao apresentadas na figura 3.17.

Curva P x V LT sem perdas

fp capacitivo

1.2

fp unitrio

Modulo da Tenso (pu)

fp indutivo

0.8

0.6

0.4

0.2

0.5

1.5
Potncia Ativa (pu)

2.5

Figura 3.16: Curva PV - cargas com diferentes fatores de potencia

94

Captulo 3: Opera
c
ao das Linhas de Transmiss
ao

Curva Q x V LT sem perdas

1.2

Pr = Prmax

Modulo da Tenso (pu)

0.8
Pr = 0,75Prmax

0.6

Pr = 0,50Prmax
0.4

Pr = 0,25Prmax

0.2

0
2.5

1.5

1
0.5
Potncia Reativa (pu)

0.5

Figura 3.17: Curva QV - cargas com diferentes fatores de potencia

3.8

Fluxo de Pot
encia em Linhas de Transmiss
ao

A figura 3.18 mostra o circuito de uma linha de transmissao conectando duas barras i
e j, onde
Vi = Vi i e Vj = Vj j sao os fasores que representam as tensoes nodais;
Zser = Rij + jXij e Ysh = jBsh sao respectivamente a impedancia serie e a admitancia shunt da linha de transmissao;
Sij = Pij + jQij e Sji = Pji + jQji sao os fluxos de potencia aparente que saem das
barras i e j, respectivamente.
Vj j

Vi i
i

Pij

Zser = Rij + jXij Pji

Qshi ? Q0ij

Qji

Qij ? ?Pij

Ysh
2

= j B2c

Ysh
2

Pji

? ?Qji

?Qshj

= j B2c

Figura 3.18: Circuito representativo da linha de transmissao conectando as barras i e j

R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot

95

A corrente que flui da barra i em direcao a barra j e dada por


Iij =

Vi Vj
Rij + jXij

e o correspondente fluxo de potencia aparente e expresso por


Vi Vj
0
0
0

Sij = Pij + jQij = Vi Iij = Vi


Rij jXij
1
(V 2 Vi Vj (i j )
=
Rij jXij i
cuja expansao fornece
0

Sij =

Rij + jXij 2
V

V
V
(cos

+
j
sin

)
i
j
ij
ij
i
2
Rij
+ Xij2

(3.19)

onde ij = (i j ) representa a defasagem entre os fasores Vi e Vj .


Da separacao da Eq. (3.19) em partes real e imaginaria resulta
2
Rij

1
(Rij Vi2 Rij Vi Vj cos ij + Xij Vi Vj sin ij )
+ Xij2

2
Rij

1
(Xij Vi2 Xij Vi Vj cos ij Rij Vi Vj sin ij )
+ Xij2

Pij =
0

Qij =

Desde que a condutancia shunt da linha de transmissao e desprezvel, nenhuma potencia


ativa flui pelo ramo paralelo da linha, e portanto
0

Pij = Pij
No caso do fluxo de potencia reativa,
0

Qij = Qij + Qshi


A potencia aparente que flui no ramo shunt relativo a barra i e dada por

Vi Ysh
V 2 Bc

Sshi = Vi Ishi = Vi
= j i
2
2
e entao

Vi2 Bc
2
Portanto, os fluxos de potencia ativa e reativa numa linha de transmissao sao expressos
como
Qshi =

Pij =

2
Rij

1
(Rij Vi2 Rij Vi Vj cos ij + Xij Vi Vj sin ij )
2
+ Xij

V 2 Bc
1
Qij = i
+ 2
(Xij Vi2 Xij Vi Vj cos ij Rij Vi Vj sin ij )
2
Rij + Xij2

(3.20)

96

Captulo 3: Opera
c
ao das Linhas de Transmiss
ao

De maneira analoga, como sen ij = sen ji e cos ij = cos ji , os fluxos de potencia


ativa e reativa da barra j para a barra i sao
Pji =

2
Rij

1
(Rij Vj2 Rij Vi Vj cos ij Xij Vi Vj sin ij )
+ Xij2

Vj2 Bc
1
Qji =
+ 2
(Xij Vj2 Xij Vi Vj cos ij + Rij Vi Vj sin ij )
2
2
Rij + Xij

(3.21)

As perdas de potencia ativa e reativa sao dadas respectivamente por


PL = Pij + Pji
QL = Qij + Qji
Definindo a condutancia e a susceptancia series da linha de transmissao como
gij =
e
bij =

2
Rij

Rij
+ Xij2

Xij
+ Xij2

2
Rij

os fluxos de potencia ativa Pij e Pji sao expressos respectivamente como


Pij = gij Vi2 gij Vi Vj cos ij bij Vi Vj sin ij
Pji = gij Vj2 gij Vi Vj cos ij + bij Vi Vj sin ij
Da soma desses dois fluxos resulta
Pij + Pji = gij (Vi2 + Vj2 ) 2gij Vi Vj cos ij
ou seja,
Pij + Pji = gij |Vi Vj |2
Nesta u
ltima expressao, o termo |Vi Vj | representa a magnitude da queda de tensao
no elemento serie da linha de transmissao, e portanto a soma dos fluxos de potencia em
sentidos opostos pode ser reconhecida como a perda ohmica de potencia na LT.
De maneira analoga os fluxos de potencia reativa Qij e Qji sao expressos respectivamente como
Qij = Vi2

Bc
+ (bij Vi2 + bij Vi Vj cos ij gij Vi Vj sin ij )
2

Bc
+ (bij Vj2 + bij Vi Vj cos ji + gij Vi Vj sin ij )
2
e a soma QL = Qij + Qji e dada por
Qji = Vj2

Qij + Qji =

Bc 2
(V + Vj2 ) bij (Vi2 + Vj2 2Vi Vj cos ij )
2 i

R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot

97

ou seja,

Bc 2
(V + Vj2 ) bij |Vi Vj |2
2 i
O primeiro termo desta equacao pode ser identificado como a geracao de potencia
reativa nos elementos shunt, enquanto que o segundo pode ser interpretado como a perda
de potencia reativa no elemento serie da linha de transmissao. (Observe que de acordo
com as definicoes anteriores bij < 0 e Bc > 0).
Qij + Qji =

Ex. 3.9 Para ilustrar o comportamento dos fluxos de potencia, considere a linha de transmiss
ao longa da tabela 3.7 conectando as barras e e r. Os fluxos de potencia ativa e reativa
em ambos os sentidos sao calculados com auxlio das Eqs. (3.20), mantendo-se a magnitude das tensoes nos terminais constante em 1,0 pu e variando-se a abertura angular
da linha de a . A soma algebrica dos fluxos de potencia ativa Per e Pre fornece o
valor da perda de potencia ativa na transmiss
ao Pl . Observa-se ainda que, fluxos positivos
de potencia reativa Qer e Qre saem respectivamente das barras e e r, indicando que para
manter o nvel de tensao plano em 1,0 pu ambas as barras devem operar de forma a suprir
a reat
ancia da linha de transmiss
ao.
Curvas P x Delta e Q x Delta
6

Qer x Delta

Qre x Delta

Potncia Ativa (Reativa) (pu)

Per x Delta
2

Pl (perda)
0

2
Pre x Delta

150

100

50
0
50
ngulo da Tenso (graus)

100

150

Figura 3.19: Transmissao de potencia ativa entre duas barras


No caso de linhas de transmissao com perdas de potencia ativa desprezveis, a resistencia serie e desconsiderada. Os fluxos de potencia ativa e reativa atraves do elemento
serie da linha sao dados pela Eq. (3.16).

3.9

Compensac
ao de Linhas de Transmiss
ao

Esquemas de compensacao de uma linha de transmissao sao mostrados nas figuras 3.20
e 3.21. A linha de transmissao e representada por um circuito -equivalente, no qual a

98

Captulo 3: Opera
c
ao das Linhas de Transmiss
ao

impedancia serie e Z = R + jX e a admitancia shunt e Y = G + jB. Cada metade da


compensacao reativa e instalada em um extremo da linha de transmissao. As grandezas
Nc e Nl representam respectivamente as quantidades percentuais de compensacao reativa
expressas em funcao da reatancia serie e da susceptancia shunt linha de transmissao.
X Nc
Terminal j( 2 )( 100 )
receptor

Z = R + jX

Y
2

j(

X Nc
)(
)
2 100

Terminal
emissor

Y
2

Figura 3.20: Compensacao reativa serie de linhas de transmissao


A compensacao serie e utilizada para elevar a capacidade de carregamento das linhas
de transmissao longas. Os bancos de capacitores sao instalados em serie com cada fase
do sistema de transmissao. O seu efeito e reduzir a impedancia serie da linha de transmissao (e portanto a queda de tensao ao longo da linha), aumentando assim o limite de
estabilidade em regime permanente. O uso dos capacitores serie e recomendado quando a
reatancia da linha de transmissao e elevada. Se os requisitos de potencia reativa da carga
sao reduzidos, os capacitores serie sao de pouca utilidade, apesar de que o uso desses
dispositivos resulta numa reducao da corrente na linha de transmissao. Se esta corrente
e limitada por considercoes termicas, pouca vantagem e obtida com o uso deste tipo de
compensacao (neste caso capacitores shunt deveriam ser utilizados). Se a queda de tensao
e o aumento da transferencia de potencia sao os fatores a ser levados em consideracao, os
capacitores serie sao bastante efetivos. A desvantagem deste tipo de equipamento e que
dispositivos automaticos de protecao tem que ser instalados para desviar as altas correntes
durante a ocorrencia de faltas e re-inserir o banco de capacitores apos a falta. O uso do
banco de capacitores serie pode provocar o aparecimento de oscilacoes de baixa freq
uencia,
originando o fenomeno chamado resson
ancia subsncrona. Estas oscilacoes podem danificar o eixo da turbina e do gerador. A despeito disso, estudos tem mostrado que a
compensacao serie pode aumentar a capacidade de carregamento da linha de transmissao
longas a uma pequena fracao do custo de um sistema de transmissao novo.
De maneira analoga, bancos de capacitores e indutores shunt podem ser utilizados para
aumentar a capacidade de carregamento da linha das linhas de transmissao, assim como
para manter a magnitude da tensao proxima do valor nominal. Eles podem ser instalados
nos barramentos, em ambos os nveis de transmissao e distribuicao, ao longo das linhas
de transmissao, ou nas subestacoes e cargas. Esses dispositivos constituem um meio
de fornecer potencia reativa localmente, sendo possvel conecta-los permanentemente ou
chavea-los para atuar de acordo com as variacoes de carga do sistema. Este chaveamento
pode ser manual ou automatico, controlado por relogio ou pelos requisitos de tensao
e/ou potencia reativa do sistema. Algumas caractersticas do uso desses equipamentos na
compensacao de potencia reativa sao sumarizadas a seguir.

R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot

99

Z = R + jX

Terminal
receptor

Y
2

Terminal
emissor

Y
2

B Nl
j( )(
)
2 100

B Nl
j( )(
)
2 100

Figura 3.21: Compensacao reativa shunt de linhas de transmissao

Os reatores shunt sao utilizados para consumir potencia reativa gerada por linhas com
baixo carregamento. Os reatores shunt sao geralmente instalados em pontos selecionados
ao longo das linhas de transmissao de Extra Alta Tensao, de cada fase ao neutro. Os
indutores absorvem potencia reativa e reduzem as sobretensoes durante os perodos de
carga leve e/ou resultantes de surtos de chaveamentos. Entretanto, sob condicoes de plena
carga e necessario remover o seu efeito da linha de transmissao a fim de que a capacidade
de carregamento da mesma nao seja reduzido.
Os capacitores shunt sao utilizados para gerar potencia reativa em sistemas com alto
consumo de reativo e/ou muito carregados, com o objetivo de elevar a tensao num dos
terminais da linha de transmissao durante os perodos de carga pesada. No caso da
conexao desses bancos em paralelo com uma carga indutiva, os capacitores shunt fornecem
uma parte ou o suprimento total da potencia reativa. Nesta condicao, eles reduzem
a corrente transmitida para suprir a carga e portanto a queda de tensao na linha de
transmissao. Conseq
uentemente, as perdas de potencia ativa sao reduzidas, melhorando
o fator de potencia da carga e com isto uma quantidade de potencia ativa maior pode ser
transmitida pela linha de transmissao.
A figura 3.22 mostra o circuito que ilustra o uso do capacitor shunt em um barramento
visando a compensacao reativa. Neste circuito, todo o restante da rede eletrica com
excecao da barra em questao e representado pelo seu equivalente de Th`evenin. A tensao
no barramento antes do chaveamento do capacitor e igual `a tensao da fonte, isto e
Vt = Eth
Apos o chaveamento do capacitor a corrente no circuito e dada por
Ic =

Eth
Zth jXc

e a tensao Vt na barra compensada e expresso como


Vt = Eth Zth Ic = Eth (Rth + jXth ) Ic
O diagrama fasorial mostrado na figura 3.23 ilustra como a magnitude da tensao au-

100

Captulo 3: Opera
c
ao das Linhas de Transmiss
ao

Chave S
Rth

jXth

+
Eth

Ic
+

Capacitor C

G
Vt

Figura 3.22: Capacitor shunt - compensacao reativa

Ic jXth

Eth
Ic

Ic Rth
Vth
Vt

Figura 3.23: Capacitor shunt - compensacao reativa / diagrama fasorial

menta na barra onde o capacitor foi instalado. Supondo que a tensao Eth e constante,
o aumento na tensao Vt causado pela adicao do capacitor e aproximadamente igual a
Ic Zth , desde que antes do chaveamento Vt = Eth . Observe que tanto no caso dos capacitores shunt como no caso dos reatores shunt, quando a magnitude da tensao decresce a
potencia reativa envolvida por estes dispositivos tambem decresce. No caso particular dos
capacitores, em perodos de carga leve, quando a magnitude da tensao tende a aumentar,
a potencia reativa gerada por estes equipamentos tende a fazer com que a magnitude da
tensao aumente ainda mais, com o risco de exceder os limites.
Sob o ponto de vista da representacao da linha de transmissao por um quadripolo,
os esquemas de compensacao serie e shunt podem ser vistos como um agrupamento de
quadripolos, da forma mostrada na figura 3.24. O quadripolo 2 representa a linha de
transmissao enquanto que os quadripolos 1 e 3 sao iguais e representam a compensacao
reativa. Os parametros correspondentes `a compensacao serie sao dados por
A1 = A3 = 1
B1 = B3 = j(
C1 = C3 = 0
D1 = D3 = A1

X Nc
)(
)
2 100

(3.22)

R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot

101

e no caso da compensacao shunt


A1 = A3 = 1
B1 = B3 = 0
(3.23)

B Nl
)
C1 = C3 = j( )(
2 100
D1 = D3 = A1
Ie
+
Ve
-

I1
Quadripolo 1
A1 , B1 ,
C1 , D 1

I2
+
V1
-

Quadripolo 2
A2 , B2 ,
C2 , D 2

Ir
+
V2
-

Quadripolo 3
A3 , B3
C3 , D 3

+
Vr
-

Figura 3.24: Compensacao reativa - linhas de transmissao


As relacoes entre as tensoes e correntes na entrada e na sada do quadripolo sao
estabelecidas observando-se que na figura 3.24,

Ve
A1 B1
V1
=
Ie
C1 D 1
I1

V1
A2 B2
V2
=
I1
C2 D 2
I2

V2
A3 B3
Vr
=
I2
C3 D 3
Ir
e portanto

Ve
Ie

A1 B1
C1 D 1

A2 B2
C2 D 2

A 3 B3
C3 D3

Vr
Ir

(3.24)

Ex. 3.10 O efeito da compensac


ao da linha de transmiss
ao e ilustrado, tomando-se a
linha de transmiss
ao longa da tabela 3.7. Uma compensac
ao shunt de 75% resulta no valor
j0,000354 S para a admitancia shunt, nao havendo modificac
ao no valor da imped
ancia
serie da linha. A figura 3.25 mostra as curvas PV com e sem compensac
ao, para cargas
de fator de potencia unitario e 0,8 indutivo. A compensac
ao shunt causa uma reduc
ao
no nvel de tensao do terminal emissor e no valor maximo da potencia ativa que pode
ser transmitida atraves da linha. Esta u
ltima modificac
ao nao e tao significativa porque
a transferencia de potencia depende fundamentalmente dos par
ametros serie da linha.
Variac
oes mais acentuadas ocorrem no nvel da magnitude de tensao no terminal emissor.
Por exemplo, na ausencia de compensac
ao as cargas de 0,5 pu(MW) com fator de potencia
unit
ario e 0,1 pu com fator de potencia 0,8 indutivo operam respectivamente nos nveis
de tensao de 1,0476 pu e 1,0411 pu. Com os 75% dee compensac
ao essas tensoes atingem
os valores 0,9909 pu e 0,9849 pu, respectivamente.
Por outro lado, a compensac
ao serie resulta numa modificac
ao na imped
ancia serie
da linha de transmiss
ao e na conseq
uente variac
ao no valor da potencia maxima a ser

102

Captulo 3: Opera
c
ao das Linhas de Transmiss
ao

Curvas P x V compensao shunt de LT com perdas

Modulo da Tenso (pu)

0.8

(4)

0.6

(3)

(2)

(1)

0.4
(1): fp unitrio (s/comp)
(2): fp unitrio (c/comp)
0.2
(3): fp indutivo (s/comp)
(4): fp indutivo (c/comp)
0

0.5

1.5

Potncia Ativa (pu)

Figura 3.25: Compensacao shunt da linha de transmissao com perdas

transferida ao longo da linha. Assim, supondo uma compensac


ao serie de 30% (metade
instalada em cada extremo), os par
ametros dos quadripolos referidos na Eq. (3.24) sao
A1
B1
C1
D1

=
=
=
=

A3 = 1
B3 = j14, 53 S (0, 0546 pu)
C3 = 0
D3 = A1

e
Aeq
Beq
Ceq
Deq

=
=
=
=

1, 0
0.0177 + j0.2549 (pu)
C3 = 0
D3 = A 1

o que resulta num aumento do limite de estabilidade estatica para 3,642 pu (sem a compensac
ao serie este limite e 2,610 pu), para o qual corresponde uma potencia reativa de
-3,89 pu (o valor sem compensacao e -2,551 pu). Portanto a compensac
ao serie resultou
num aumento de aproximadamente 39% da potencia ativa que pode ser transferida mantendo a linha plana em 1,0 pu de tensao. Entretanto, isto requer que uma quantidade
maior de potencia reativa seja suprida pelo terminal receptor ao sistema de transmiss
ao.
A figura 3.26 mostra as curvas P e Q da linha com e sem compensac
ao reativa.

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103

Curvas P x Delta e Q x Delta compensao srie de LT com perdas


4
(2)
(1)

Potncia Ativa (Reativa) (pu)

2
(3)
4

(1): PDelta (s/comp)

(4)

(2): PDelta (c/comp)


(3): QDelta (s/comp)
(4): QDelta (c/comp)

150

100

50
0
50
ngulo da Tenso (graus)

100

150

Figura 3.26: Compensacao serie da linha de transmissao com perdas

3.10

Desempenho das linhas de transmiss


ao

Durante a operacao em regime permanente, o desempenho das linhas de transmissao pode


ser avaliado com base nas seguintes figuras de merito:
regulacao de tensao;
rendimento;
nvel de carregamento.
A regulac
ao de tensao de uma linha de transmissao e definida como a variacao de
tensao no terminal receptor, quando a carga varia da condicao a vazio ate a plena carga
com um fator de potencia especificado e a tensao no terminal emissor mantida constante;
isto e,

|Vr0 | Vrpc

100
RV (%) =
Vrpc
onde, RV (%) e a regulacao percentual de tens
ao, |Vr0 | e a magnitude da tensao no

terminal receptor na condicao a vazio e Vrpc e a magnitude da tensao no terminal


receptor na condicao de plena carga.
As figuras 3.27 e 3.28 mostram os diagramas fasoriais da tensao nos terminais de
uma linha de transmissao considerando apenas os parametros serie da linha, quando a
linha supre cargas indutiva e capacitiva, respectivamente. A tensao a vazio e obtida das
equacoes do quadripolo, fazendo-se a corrente no terminal receptor igual a zero (Ir = 0),
o que resulta em
Ve
Vr0 =
A

104

Captulo 3: Opera
c
ao das Linhas de Transmiss
ao

No presente caso, a corrente na linha de transmissao e zero na condicao `a vazio (Ir0 = 0),
tal que Vs = Vr0 .
Vs = Vr0

jXIrpc

Vrpc
RIrpc
Irpc
Figura 3.27: Regulacao - carga indutiva

Vs = Vr0
jXIrpc

Irpc

RIrpc
Vrpc
Figura 3.28: Regulacao - carga capacitiva
Nas figuras 3.27 e 3.28, observa-se que a regulacao mais elevada tende a ocorrer no
caso do fator de potencia em atraso. Um valor mais reduzido da regulacao (as vezes ate
negativo) pode ser obtido no caso de fator de potencia em avanco. A regulacao de tensao
e uma figura de merito relativamente facil de se calcular e fornece uma medida escalar
da queda de tensao ao longo da linha. O valor exato desta queda de tensao e obtido
atraves da diferenca entre os fasores tensao nos terminais emissor e receptor da linha de
transmissao.
O rendimento de uma linha de transmissao e definido como:
(%) =

Pr
Pe Pl
=
100
Pe
Pe

onde, Pr e a potencia ativa de sada, Pe e a potencia ativa de entrada e Pl e o valor das


perdas de potencia ativa na linha de transmissao. Estas perdas compreendem basicamente
as perdas Joule nas resistencias serie das linhas de transmissao.
O nvel de carregamento das linhas de transmiss
ao pode ser caracterizado de tres
formas:
atraves do limite termico;

R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot

105

atraves da queda de tensao;


atraves do limite de estabilidade em regime permanente.
O limite termico esta relacionado `a maxima temperatura que o condutor pode suportar, a qual afeta o arco formado no seu vao (entre as torres de sustentacao) e a sua rigidez
termica. A temperatura do condutor depende:
da magnitude da corrente que o percorre;
do tempo de duracao da magnitude da corrente que o percorre;
da temperatura ambiente;
da velocidade do vento;
da condicao da superfcie do condutor.
Se a temperatura e alta demais, o requisito de distancia prescrita entre o condutor e
a terra pode nao ser satisfeito ou o limite de elasticidade do condutor pode ser excedido,
de tal forma que ele nao possa retornar ao seu estado original apos resfriado. O limite de
carregamento das linhas curtas em geral e determinado pelo limite termico do condutor,
ou pelos valores nominais limites dos equipamentos conectados nos terminais da linha de
transmissao (disjuntores etc).
Em linhas mais longas, com comprimento ate 300 km, o carregamento depende do
limite estabelecido para a queda de tensao maxima permitida. Em geral, uma queda de
tensao de aproximadamente 5%, ou seja, 0, 95Ve Vr 1, 05Ve e aceita na pratica
como razoavel. Na pratica, a tensao nas linhas de transmissao decresce na condicao de
carga pesada e aumenta na condicao de carga leve. Nos sistemas de Extra Alta Tensao
(EAT), a magnitude das tensoes deve ser mantida dentro da faixa de 5% em torno do
valor nominal, correspondendo a uma regulacao em torno de 10%. Este valor de regulacao
tambem e considerado adequado para linhas de transmissao com nveis de tensao mais
baixos (incluindo transformadores).
O carregamento de linhas de transmissao com comprimento maior do que 300 km
e estabelecido com base nos estudos de estabilidade em regime permanente (habilidade
das maquinas sncronas do sistema permanecerem em sincronismo), os quais fornecem
os limites para as aberturas angulares das linhas de transmissao, necessarios (mas nao
suficientes) para que o sistema de potencia permaneca estavel.

3.11

Exerccios

3.1 Considere uma linha de transmiss


ao trifasica, 60 Hz, 300 km, 765 kV, transposta,
com z = 0, 0165 + j0, 3306 = 0331087, 140 /km e y = j4, 674 106 S/km por fase,
composta de quatro condutores ACSR 1272000 CMil 54/3. A tensao no terminal emissor
e constante e igual `a tensao nominal da linha. Determinar:
o carregamento da linha, supondo que a tensao no terminal receptor e 0,95 pu e que
a abertura angular da linha e 350 ;

106

Captulo 3: Opera
c
ao das Linhas de Transmiss
ao

a corrente de plena carga a fator de potencia 0,986 adiantado, baseado no carregamento determinado no item anterior;
o valor exato da tensao no terminal receptor para a corrente de plena carga calculada
no item anterior;
a regulac
ao percentual para a corrente de plena carga.
3.2 Deseja-se transmitir 9000 MW de uma planta hidreletrica ate um centro de carga
localizado a 500 km da planta. Tomando como base o criterio de carregamento pratico
da linha (93 % da SIL), determinar o n
umero de linhas trifasicas, 60 Hz, requeridas para
transmitir esta potencia supondo a necessidade de uma linha de transmiss
ao de reserva
(a qual estara sempre fora de servico) nos seguintes casos:
LT de 345 kV, com Zc = 297;
LT de 500 kV, com Zc = 277;
LT de 765 kV, com Zc = 266;
Considere que a linha nao tem perdas, que a magnitude da tensao nos terminais emissor e receptor da LT vale respectivamente 1,00 e 0,95 pu e que a abertura angular da linha
e de 350 .
possvel transmitir a potencia requerida no exemplo anterior com 5 ao inves de
3.3 E
6 condutores, se existem duas subestac
oes intermedi
arias que dividem cada linha em tres
secoes de 167 km, e se uma sec
ao de um dos condutores da linha esta fora de servico?
3.4 Seja uma linha de transmiss
ao com uma reat
ancia serie de 30 /fase. Com o
objetivo de aumentar a sua capacidade de transmiss
ao, deseja-se reduzir a sua impedancia
por fase em 40 %, inserindo-se compensac
ao serie em cada fase. A corrente de maior
intensidade que pode fluir na linha e 1,0 kA. Considerando que a freq
uencia do sistema e
60 Hz,
calcular a capacit
ancia que deve ser instalada em cada fase, a fim de que seja feita
a compensac
ao serie desejada;
suponha que os capacitores disponveis na praca comercial tem os seguintes valores
de placa: 50 A; 2 kV . Como devem ser combinadas essas unidades num banco a
fim de efetuar a citada compensac
ao?
se a corrente fluindo na linha atinge o seu valor maximo, quantos kVars devem
produzir cada unidade? Quantos kVars sao produzidos no total?
3.5 Reatores shunt identicos sao conectados de cada fase ao neutro em ambos os terminais de uma linha de transmiss
ao trifasica com as seguintes caractersticas: 765 kV,
transposta, 60 Hz, 300 km, 0,0165 + j 0,3306 /km, j4, 674 106 S/km por fase,
0
0
Z = 97, 087, 20 , Y = 7, 4 107 + j14, 188 104 S e A = 0, 93130, 2090 pu.
Durante as condic
oes de carga leve, eles fornecem uma compensac
ao reativa de 75 %. Os
reatores sao removidos durante o perodo de plena carga. A plena carga e 1,90 kA a 730
kV e fator de potencia unitario. Supondo que a tensao no terminal transmissor e mantida
constante, determinar:

R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot

107

a regulac
ao percentual da linha nao compensada;
a admitancia shunt e a imped
ancia equivalente da LT compensada;
a regulac
ao percentual da linha compensada;
3.6 Capacitores serie identicos sao instalados em cada fase de ambos os extremos da LT
do problema anterior, fornecendo 30 % de compensac
ao. Determinar o valor maximo da
potencia ativa que a linha compensada pode liberar e compar
a-lo com aquele da LT nao
compensada. Supor que a tensao nos extremos da LT e 765 kV.
3.7 Seja uma linha de transmiss
ao trifasica, de 130 km, com resistencia e indutancia
series por fase 0,036 /km e 0,8 mH/km, respectivamente; e capacit
ancia shunt por fase
0,0112 F/km. Com base no circuito -nominal da figura 3.29, o qual representa esta
linha media, e nas leis de Kirchhoff, determinar: (a) os valores dos par
ametros Z e Y e
os par
ametros E, F, G e H da equac
ao matricial

VR
E F
VS
=
IR
G H
IS
supondo que a mesma opera na freq
uencia de 60 Hz.
Z
IS

IR

+
VS

+
Y
2

Y
2

VR

Figura 3.29: Circuito -nominal da linha de transmissao


3.8 As constantes de uma linha de transmiss
ao trifasica, 230 kV, 370 km de comprimento, em 60 Hz sao: A = D = 0, 89041, 340 , B = 186, 7879, 460 e C =
0, 001131900 S.
Determine a tensao, a corrente e a potencia no terminal emissor quando esta linha
supre uma demanda de 125 MW com fator de potencia 0,8 em atraso, a 215 kV.
Calcule as perdas de potencia ativa e reativa e o rendimento do sistema de transmissao.
Calcule a tensao no terminal receptor quando esta linha opera em circuito aberto,
com 230 kV no terminal emissor.
Determine a compensac
ao reativa no terminal receptor, para que na condic
ao do
item anterior a tensao neste terminal seja 230 kV.

108

Captulo 3: Opera
c
ao das Linhas de Transmiss
ao

3.9 Uma linha de transmiss


ao trifasica de 480 km supre uma carga de 400 MVA, na
tens
ao de 345 kV, com fator de potencia 0,8 indutivo. Os par
ametros de quadripolo desta
0
0
linha sao: A = D = 0,8180 1, 3 pu; B = 712,2 84, 2 e C = 0,001933 90, 40 S.
determine a tensao, a corrente e a potencia aparente no terminal emissor e a queda
de tensao na linha de transmiss
ao;
determine as mesmas grandezas do item anterior para a condic
ao `a vazio;
calcule a regulac
ao de tensao desta linha.
3.10 Considere uma linha de transmiss
ao trifasica sem perdas, 60 Hz, 500 kV, 300 km,
com par
ametros 0,97 mH/km e 0,0115 F/km.
determinar a constante de propagac
ao e a imped
ancia caracterstica da linha;
calcular os par
ametros do quadripolo que representa a linha;
determinar o limite de estabilidade em regime permanente quando a tensao nos dois
extremos da linha e igual a 500 kV.
Determinar a tensao, a corrente e a potencia aparente no terminal emissor quando a
linha de transmiss
ao supre:
uma carga igual a imped
ancia de surto (SIL) na tensao de 500 kV;
uma carga de 400 MVA, na tensao de 500 kV e com fator de potencia unitario;
uma carga de 1600 MVA, na tensao de 500 kV e com fator de potencia unitario;
Interprete os resultados.
3.11 Discorra sobre os seguintes aspectos relacionados a modelagem e analise de desempenho da linha de transmiss
ao:
Modelos de linha de transmiss
ao curta, media e longa e respectivos efeitos considerados;
Imped
ancia de Surto (SIL) de uma linha de transmiss
ao e aspectos relevantes da
operac
ao com carregamento igual, superior e inferior a SIL;
Tipos de compensac
ao reativa utilizados e seus respectivos efeitos. Justifique.
3.12 Considere uma linha de transmiss
ao trifasica, 60 Hz, 280 km, imped
ancia serie
igual a 35 + j140 e admitancia shunt igual a 930 106 900 S. Supondo que esta linha
est
a suprindo 40 MW, na tensao de 220 kV, com fator de potencia 0,90 atrasado,
determinar a tensao, a corrente e a potencia aparente no terminal emissor:
adotando as aproximac
oes de uma linha curta;
adotando as aproximac
oes de uma linha media;

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109

adotando as equac
oes de uma linha longa;
Suponha que a tensao no terminal emissor permanece constante. Calcular o rendimento e a regulac
ao de tensao desta linha para cada suposic
ao do item anterior.
Qual o valor da compensac
ao reativa que fara com que esta linha se comporte como
uma linha curta?
3.13 A tensao no terminal emissor de uma linha de transmiss
ao trifasica, 60 Hz, 400
km, e 220 kV. Os par
ametros da linha sao: resistencia serie igual a 0,125 /km, reatancia
serie igual a 0,500 /km e suscept
ancia shunt igual a 3,312 S/km.
determine a corrente no terminal emissor quando o terminal receptor esta operando
`a vazio;
determine a corrente, a tensao e a potencia aparente no terminal emissor quando
o terminal receptor esta suprindo uma carga de 80 MW em 220 kV, com fator de
potencia unitario.
Suponha que a tensao no terminal emissor e mantida constante no valor calculado
para o suprimento da carga. Calcule a o rendimento e a regulac
ao de tensao da
linha para esta condic
ao.
3.14 Considere uma linha de transmiss
ao trifasica com as seguintes caractersticas: 100
km, 230 kV e 60 Hz, com resistencia serie de 0,088 /km, reat
ancia serie de 0,4654
/km por fase, suscept
ancia shunt igual a 3.524 S/km e corrente em regime normal de
operac
ao igual a 900 A. Tomando como base a potencia de 100 MVA e a tensao nominal
da linha, determine:
a potencia da linha de transmiss
ao em MVA, em regime normal de operac
ao;
a imped
ancia caracterstica e a constante de propagac
ao da LT em grandezas dimensionais;
os par
ametros do circuito -equivalente da LT em valores por unidade;
os par
ametros do quadripolo que representa a linha de transmiss
ao em valores por
unidade;
a Surge Impedance Loading (SIL) da LT em valores por unidade;
a Surge Impedance Loading, caso o comprimento da LT fosse 600 km;
a potencia maxima que pode ser transmitida pela LT desprezando as perdas.
3.15 Considere uma linha de transmiss
ao com os mesmos valores nominais da LT da
quest
ao anterior e comprimento igual a 500 km. Desprezando as perdas e a admitancia
shunt, qual o percentual de compensac
ao serie requerida para que seja possvel transmitir
potencia maxima igual 565,9 MW? Especifique a capacidade de compensac
ao em regime
permanente em termos de potencia, corrente e tensao.

110

Captulo 3: Opera
c
ao das Linhas de Transmiss
ao

3.16 Considere uma linha de transmiss


ao com par
ametros serie Z = j3 % e shunt
Y = j90 %, conectando um gerador que opera na tensao 1,0 pu(kV) com fator de potencia
0,9 atrasado e uma carga de 5,0 + j2,0 pu(MVA).
Supondo a ausencia de compensac
ao shunt no terminal emissor da linha de transmissao, qual a compensacao no terminal receptor necess
aria para viabilizar esta
situac
ao?
Qual a compensac
ao shunt nos dois extremos da linha, necess
aria para manter a
tensao de 1,0 pu no gerador e na carga.
3.17 Considere uma linha de transmiss
ao trifasica com as seguintes caractersticas: 300
km, 230 kV e 60 Hz, com perdas desprezveis, reat
ancia serie de 0,48 /km por fase,
suscept
ancia shunt igual a 2,25 S/km. Determine:
os par
ametros do circuito -equivalente e do quadripolo que representa a linha de
transmiss
ao;
a Surge Impedance Loading (SIL);
a tensao, a corrente e a potencia aparente na entrada da linha de transmiss
ao quando
esta supre uma demanda igual a SIL, na tensao nominal;
no caso anterior, qual a potencia reativa produzida pelos par
ametros serie e shunt
da linha?
3.18 Considere uma linha de transmiss
ao trifasica, 345 kV, comprimento de 320 km,
dois condutores 795000 CMil por fase, 60 Hz, resistencia, reat
ancia e suscept
ancia respectivamente de 0,0369 /km, 0,3675 /km e 4,5106 S/km. Despreze as perdas de
potencia ativa e determine:
1. a constante de propagac
ao, a imped
ancia caracterstica e a Surge Impedance Loading (SIL);
2. os par
ametros do circuito -equivalente e do quadripolo representativos da LT;
3. a magnitude da tensao no terminal receptor, quando o o mesmo opera em circuito
aberto com tensao nominal aplicada no terminal emissor;
4. a magnitude da tensao no terminal receptor, quando a linha supre uma carga igual
a SIL, com tensao nominal aplicada no terminal emissor. Justifique.
5. a tensao, a corrente, a potencia no terminal emissor, a regulac
ao e o rendimento,
quando a linha supre uma carga de 200 Mw com fator de potencia 0,8 atrasado, com
tensao de 345 kV no terminal receptor;
6. comente sobre os valores de potencia reativa nos terminais emissor e receptor da
linha de transmiss
ao, para a condic
ao de operac
ao do item anterior.

Captulo 4
Fluxo de Pot
encia
4.1

Introduc
ao

Este captulo aborda o problema de fluxo de potencia, com enfase em tres aspectos.
O primeiro e a representacao analtica da operacao do sistema de potencia em regime
permanente por um conjunto de equacoes algebricas nao lineares. Para a determinacao
deste modelo, assume-se que o sistema trifasico e balanceado e a rede de transmissao e
representada pelas correspondentes impedancias de seq
uencia positiva. O segundo aspecto
enfocado diz respeito a descricao dos metodos basicos de solucao para determinar as
tensoes complexas ao longo da rede eletrica, e a partir destas calcular outras grandezas de
interesse tais como a corrente e os fluxos de potencia nas linhas de transmissao, as injecoes
de potencia etc. O terceiro aspecto mostra como as solucoes do fluxo de potencia devem
ser ajustadas visando servir de referencia a operacao do sistema em regime permanente
sob o ponto de vista pratico.

4.2

Conceitos B
asicos

Considere uma barra generica i, conforme mostrado na figura 4.1, a qual estao associados
os seguintes fasores:
Sgi e Igi : injecoes de potencia aparente e corrente, respectivamente, correspondentes
ao gerador e relacionadas segundo a equacao
Sgi
Pg jQgi
I gi = = i
Vi
Vi i
Sdi e Idi : injecoes de potencia aparente e corrente, respectivamente, correspondentes
a carga e relacionadas de acordo com a expressao
Idi =

Sdi
Pd jQdi
= i

Vi
Vi i

Vi = Vi i : tensao complexa na barra i;

112

Captulo 4: Fluxo de Pot


encia

os quais relacionam as seguintes variaveis:


Pgi , Qgi , Pdi , Qdi , Vi , i
Alem disso, os fluxos de potencia aparente
Sij = Pij + jQij
Sik = Pik + jQik
Sil = Pil + jQil
saem da barra i em direcao `as barras j, k e l, respectivamente.
S gi

Sd i

(Jgi )

(Jdi )

Barra i

Vi

Sil = Pil + Qil

Sik = Pik + Qik


Sij = Pij + Qij

para a barra l

para a barra j

para a barra k

Figura 4.1: Barra generica


Para simplificar a representacao do circuito equivalente, reduz-se o n
umero de variaveis
por barra agrupando-se as potencias geradas e consumidas, resultando deste procedimento
a chamada injec
ao lquida de potencia da barra, isto e
Si = Sgi Sdi = (Pgi Pdi ) + j(Qgi Qdi ) = Pi + jQi
`a qual corresponde a injecao lquida de corrente
Ii = Igi Idi = (Igi p Idi p ) + j(Igi q Qdi q ) = Iip + jIiq
e portanto
Ii =

Si
Vi

O balanco de potencia aparente na barra i pode ser estabelecido observando-se na


figura 4.1
Sgi = Sdi + Sij + Sik + Sil
ou seja
Pgi + jQgi = Pdi + jQdi + Pij + jQij + Pik + jQik + Pil + jQil

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113

tal que, separando as partes real e imaginaria, obtem-se


Pgi = Pdi + Pij + Pik + Pil
Qgi = Qdi + Qij + Qik + Qil
ou alternativamente
Pi = Pij + Pik + Pil
Qi = Qij + Qik + Qil
Ex. 4.1 Para exemplificar como e realizado o balanco de potencia, considere a operac
ao
do sistema mostrado na figura 4.2, com a magnitude da tensao plana em 1,0 pu, de forma
que 75 % da demanda de potencia ativa consumida na barra 2 seja suprida atraves da
linha 1-2. Supoe-se que ha um compensador sncrono instalado na barra 2, para manter
o nvel da magnitude da tensao nesta barra em 1,0 pu. O objetivo e estabelecer os nveis
de potencia ativa e reativa com que devem operar os geradores conectados as barras 1 e
3 e o compensador sncrono da barra 2. Os valores por unidade mostrados no diagrama
est
ao na base 100 MVA. As cargas das barras 1, 2 e 3 sao respectivamente 40 MVA com
fator de potencia 0,80 atrasado, 200 MVA com fator de potencia 0,80 atrasado e 20 MVA
com fator de potencia 0,85 atrasado.
G1

CS
S g1

S g2
V1 = 1, 000 pu

Sd1

V2 = 1, 02 pu
Sd 2

Z12 = j0, 05 pu
Z13 = j0, 20 pu

Z23 = j0, 025 pu

V3 = 1, 03 pu
Sd 3

Sg3
G3

Figura 4.2: Sistema de 3 barras - diagrama unifilar


Conforme mostrado no captulo anterior, o fluxo potencia numa linha de transmiss
ao
sem perdas e com reat
ancia serie igual a X e dado por
Vi Vj
sin ij
X
Vi
Qij =
(Vi Vj cos ij)
X
Pij =

(4.1)

114

Captulo 4: Fluxo de Pot


encia

Desde que a magnitude da tensao e a mesma em todas as barras, os fluxos de potencia


reativa que saem das barras 1, 2 e 3 sao todos iguais e positivos. Por esta raz
ao, nao
seria possvel operar o sistema plano em 1,0 pu de tensao sem os dispositivos de gerac
ao
de potencia reativa instalados nas barras 1, 2 e 3. As demandas de potencia aparente
nas barras 1, 2 e 3 sao re spectivamente 0,32 + j0,24 pu(MVA), 1,6+j1,2 pu(MVA) e
0,17+j0,105 pu(MVA). O fluxo de potencia ativa na linha de transmiss
ao 1-2 e
0, 75(1, 6) =

1, 0 1, 0
sin 12
0, 05

tal que 12 = 3, 430 e, adotando o angulo da barra 1 como referencia, 2 = 3, 430 . Os


fluxos de potencia reativa na linha 1-2 sao Q12 = Q21 = 0,036 pu. De maneira analoga,
32 = 0, 570 , 3 = 2, 860 , Q32 = Q23 = 0,002 pu, P31 = -0,249 pu, Q13 = Q31 = 0,006
pu. O balanco de potencia em cada barra fornece: Pg1 = 1,769 pu, Qg1 = 0,282 pu, Pg2 =
0,0 pu, Qg2 = 1,238 pu, Pg3 = 0,321 pu e Qg3 = 0,113 pu.

4.3

Equac
oes Est
aticas da Rede El
etrica

Para estabelecer as equacoes nao lineares resolvidas no problema de fluxo de potencia,


considere o diagrama unifilar mostrado na figura 4.3.
G1

G2
S g1

S g2

I g1

Ig2
V1

Sd1

Sd 2

LT1

Id1

V2

LT2

Id2
LT3

V3
Sd3
Id3

Figura 4.3: Sistema de 3 barras - diagrama unifilar


As injecoes lquidas de potencia nas barras sao dadas por
S1 = Sg1 Sd1 = (Pg1 Pd1 ) + j(Qg1 Qd1 ) = P1 + jQ1
S2 = Sg2 Sd2 = (Pg2 Pd2 ) + j(Qg2 Qd2 ) = P2 + jQ2
S3 = Sg3 Sd3 = (Pg3 Pd3 ) + j(Qg3 Qd3 ) = P3 + jQ3

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115

e expressas em termos das injecoes de corrente por


S1 = V1 I1
S2 = V2 I2
S3 = V3 I3
O circuito equivalente ao sistema de tres barras e mostrado na figura 4.4. As admitancias y1 , y2 , e y3 incluem as susceptancias shunt das linhas de transmissao 1 2,
1 3 e 2 3.
y5
y4

S1

S2
y1

I1

y6

y2

I2

S3
I3

y3

(0) no de referencia

Figura 4.4: Sistema de 3 barras - circuito equivalente


A aplicacao da lei dos nos de Kirchhoff ao circuito mostrado na figura 4.4 resulta nas
seguintes equacoes:

(y1 + y4 + y5 )
y4
y5
V1
I1
V2
I2 =
y4
(y2 + y4 + y6 )
y6
(4.2)
V3
y5
y6
(y3 + y5 + y6 )
I3
ou, na forma compacta,
Ibarra = Ybarra Vbarra
Vbarra = Zbarra Ibarra
onde, Ibarra e o vetor das injecoes de correntes nas barras; Ybarra e a matriz admitancia
de barra e Vbarra e o vetor das tensoes de barra.
Os termos da matriz admitancia de barra da Eq. (4.2) sao genericamente expressos
como
n
X
yij
Yii =
(4.3)
j=0
Yij = yij

116

Captulo 4: Fluxo de Pot


encia

onde 0 e o no de referencia e yij e a admitancia do elemento de ligacao entre os nos i


e j. Portanto, a somatoria mostrada na Eq. (4.3) inclui todos os elementos de ligacao
incidentes na barra i.
A matriz impedancia de barra e definida como o inverso da matriz admitancia de
barra; isto e,
1
Zbarra = Ybarra
A matriz admitancia de barra e esparsa e portanto Zbarra e uma matriz geralmente
densa. Os seus termos sao interpretados da seguinte forma:
o elemento Zii e denominado impedancia propria (driving point impedance) da barra
i e representa todos os caminhos entre a barra i e a terra;
o elemento Zik e chamado impedancia de transferencia entre as barras i e k;
Considerando que
S1
P1 jQ1
=

V1
V1

P2 jQ2
S
I2 = 2 =
V2
V2

S
P3 jQ3
I3 = 3 =
V3
V3
I1 =

e possvel expressar as Eqs. (4.2) em termos de potencia eletrica, isto e,

P1 jQ1
(y
+
y
+
y
)
y
y
V
1
4
5
4
5
1


V1

2 jQ2

V2
y
(y
+
y
+
y
)
y
=

4
2
4
6
6

P3 2jQ3
y5
y6
(y3 + y5 + y6 )
V3
V3

(4.4)

A Eq. (4.4) pode ser expressa na forma generalizada por


Pi jQi =

Vi

n
X

Yij Vj

(4.5)

j=1

a qual e usada para calcular as injecoes de potencia ativa e reativa em funcao das tensoes
complexas nodais. Um sistema generico de n barras possui 6n variaveis e n equacoes nao
lineares e complexas, semelhantes a Eq. (4.5), ou alternativamente 2n equacoes reais e
nao lineares.
As Eqs. (4.5) representam o modelo estatico do sistema de potencia de 3 barras
mostrado na figura 4.3. Estas equacoes sao algebricas e nao lineares, e a sua solucao
requer o uso de metodos numericos iterativos. Note que a freq
uencia aparece implicitamente atraves dos parametros da rede eletrica. Estas equacoes relacionam um total de 18
variaveis e podem ser decompostas em 6 equacoes reais. Desde que o n
umero de equacoes
e menor do que o de incognitas, 12 variaveis devem ter o seu valor especificado, o que e
feito observando-se que:

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117

as demandas de potencia ativa e reativa sao conhecidas e portanto podem ser consideradas variaveis especificadas;
a magnitude da tensao (ou opcionalmente a geracao de potencia reativa) das barras
de geracao e uma variavel fisicamente controlada, e portanto pode ter o seu valor
especificado;
um angulo e adotado como referencia, de forma que todos os outros sao expressos
em relacao a este angulo;
as perdas de potencia nas linhas de transmissao nao sao conhecidas e portanto nao
e possvel especificar a priori a potencia de todos geradores simultaneamente. Uma
geracao deve permanecer em aberto para completar o balanco total de potencia do
sistema apos conhecidas as perdas.
Para ilustrar como a Eq. (4.5) e usada para estabelecer as equacoes que representam
a operacao do sistema de potencia em regime permanente, considere o sistema mostrado
na figura 4.5, o qual representa uma maquina sncrona suprindo uma carga expressa em
termos de potencia constante por 0,36 + j0,20 pu(MVA) (na base 100 MVA), atraves de
uma linha de transmissao com perdas e admitancia shunt desprezveis e reatancia de 0,25
pu(). O objetivo e determinar como deve operar a maquina de forma a suprir a carga,
num nvel de tensao satisfazendo os limites de 0,95 a 1,05 pu(kV), respeitando os limites
de capacidade do gerador sncrono.
S g1

Barra 1
(referencia)

V1

V2

Barra 2

LT
Sd1 = 0, 36 + j0, 20 pu
Figura 4.5: Diagrama unifilar para o problema exemplo

Uma analise preliminar deste problema, permite observar que 12 variaveis estao associadas a estas duas barras, 6 das quais com o valor automaticamente especificado
(Pd1 = Qd1 = 0, Pg2 = Qg2 = 0, Pd2 = 0, 36 pu, Qd2 = 0, 20 pu). As variaveis
fisicamente controlaveis na maquina sncrona sao a potencia ativa gerada (atraves do
torque mecanico da maquina primaria) e a magnitude da tensao (atraves da corrente de
excitacao). O angulo da barra 1 e adotado como referencia e a magnitude da tensao na
barra 1 e especificada em 1,0 pu, isto e V1 = 1, 000 pu. Com isto, obtem-se 2 equacoes

118

Captulo 4: Fluxo de Pot


encia

complexas da forma da Eq. (4.5) e 4 incognitas (V2 , 2 , Pg2 , Qg2 ), dadas por
P1 jQ1 =

V1

2
X

Y1j Vj

j=1

= V1 Y11 V1 + V1 Y12 V2
P2 jQ2 =

V2

2
X

(4.6)

Y2j Vj

j=1

= V2 Y21 V1 + V2 Y22 V2
A matriz admitancia de barra deste sistema e dada por

4, 0 4, 0
Ybarra = j
4, 0 4, 0
tal que a Eq. (4.6) e expressa por
P1 jQ1 =
=
P2 jQ2 =
=

V1 00 (j4, 0)V1 00 + V1 00 (j4, 0)V2 2


j4, 0V12 + j4, 0V1 V2 cos 2 4, 0V1 V2 sin 2
V2 2 (j4, 0)V1 00 + V2 2 (j4, 0)V2 2
4, 0V1 V2 sin 2 + j4, 0V1 V2 cos 2 j4, 0V22

(4.7)

e, desde que V1 = 1, 0 pu, Pd2 = 0, 36 pu e Qd2 = 0, 36 pu, entao


P1 jQ1 = j4, 0(1, 0 + V2 cos 2 ) 4, 0V2 sin 2
0, 36 + j0, 20 = 4, 0V2 sin 2 + j(4, 0V2 cos 2 4, 0V22 )

(4.8)

A solucao da Eq. (4.8) e obtida resolvendo-se primeiro a equacao


0, 36 + j0, 20 = 4, 0V2 sin 2 + j(4, 0V2 cos 2 4, 0V22 ),

(4.9)

o que implica em determinar a solucao do sistema de equacoes nao lineares


0, 36 = 4, 0V2 sin 2
0, 20 = 4, 0V2 cos 2 4, 0V22

(4.10)

o qual e obtido separando-se a Eq. (4.9) em partes real e imaginaria; e posteriormente


calculando-se as injecoes de potencia da barra 1, as quais sao dadas por
P1 = 4, 0V2 sin 2
Q1 = 4, 0(1, 0 + V2 cos 2 )
O sistema nao linear da Eq. (4.10) pode ser resolvido atraves de metodos iterativos,
tais como Newton-Raphson, Gauss-Seidel etc. No nvel especificado para a tensao da
barra 1, a solucao deste sistema e
V2 = 0, 942 pu(kV )
P1 = 0, 36 pu(M W )

2 = 5, 480
Q1 = 0, 2477 pu(M var)

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119

V2
(pu)
0,964
0,996

V1 =1,02 pu
V1 =1,05 pu

2
(graus)
-5,25
-4,94

P1
(pu)
0,36
0,36

Q1
(pu)
0,2456
0,2427

Tabela 4.1: Solucoes do sistema nao linear

a qual apresenta a magnitude de tensao na barra 2 abaixo do limite mnimo de 0,95 pu.
Para corrigir o nvel da tensao na barra 2, e necessario re-especificar a magnitude da
tensao na barra 1, atraves do ajuste da corrente de excitacao da maquina sncrona.
A tabela 4.1 apresenta solucoes correspondentes a duas especificacoes de tensao na
barra 1. A analise das 3 solucoes obtidas mostra que a magnitude da tensao na barra
2 e indiretamente controlada pela magnitude da tensao na barra 1. Conforme o nvel
de tensao aumenta, menores aberturas angulares da linha de transmissao sao necessarias
para suprir potencia ativa da carga e menores quantidades de potencia reativa circulam
na linha.

4.4

Formulac
ao do Problema de Fluxo de Pot
encia

Conforme mostrado na secao anterior, a injecao de corrente na barra i e a injecao lquida


de potencia aparente correspondente sao dadas respectivamente por
n

Ii =

X
Si
=
Yij Vj

Vi
j=1

Si = Vi

n
X

Yij Vj

j=1

Desde que
Si = (Vi i )

n
X

Yij (Vj j )

j=1

entao
Si

= Vi

n
X

Yij (Vj ji )

j=1

onde ji = j i , tal que separando esta equacao em partes real e imaginaria, obtem-se
as expressoes das injecoes de potencia ativa e reativa em funcao do angulo e da magnitude
das tensoes nodais, isto e,
Pi (V, ) = Vi

n
X

(Gij cos ij + Bij sin ij )Vj

j=1

Qi (V, ) = Vi

n
X
j=1

(4.11)
(Gij sin ij Bij cos ij )Vj

120

Captulo 4: Fluxo de Pot


encia

onde Gij e Bij sao elementos da matriz admitancia de barra.


Considerando que
Si = (Pgi Pdi ) + j(Qgi Qdi ) = Pi + jQi
entao o balanco de potencia na i-esima barra e dado por
Pi = (Pgi Pdi ) Vi

n
X

Qi = (Qgi Qdi ) Vi

(Gij cos ij + Bij sin ij )Vj

j=1
n
X

(4.12)

(Gij sin ij Bij cos ij )Vj

j=1

onde Pi e Qi sao denominados discord


ancias (desbalancos, resduos, desvios) de potencia,
e representam a diferenca entre a injecao de potencia oriunda da geracao e da carga e a
potencia que flui nas linhas de transmissao que incidem na barra i. No processo iterativo do fluxo de potencia, a tensao complexa de cada barra e calculada de forma que a
magnitude das diferencas Pi e Qi tenda a zero. Geralmente o criterio de convergencia
utilizado e
|Pi | para todas as barras P V e P Q;
|Qi | para todas as barras P Q.
onde e uma tolerancia pre-especificada, tipicamente na faixa de 0,01 a 10,0 (MW ou
Mvar).
Classifica
c
ao das Barras
A Eq. (4.12) associa quatro variaveis (Pi , Qi , Vi e i ) a cada barra do sistema. Conforme
visto nas secoes anteriores, duas dessas variaveis devem ser especificadas de forma que
as outras duas possam ser calculadas como solucao das equacoes da rede eletrica. Para
especificar as duas variaveis de cada barra, deve-se levar em conta que esta solucao deve
ser fisicamente realizavel, isto e, a solucao analtica indica como operar o sistema sob o
ponto de vista fsico. Para esta finalidade, as barras sao divididas nos tres tipos descritos
a seguir.
Barra PQ ou de Carga - Neste tipo de barra ha predominancia da demanda sobre
as outras variaveis, nao existindo, na grande maioria dos casos, geracao de potencia
na barra. As injecoes de potencia ativa e reativa sao especificadas e a magnitude
e o angulo da tensao nodal sao calculados atraves da solucao das equacoes da rede
eletrica. Portanto para uma barra de carga
esp
Si = (Pgiesp Pdiesp ) + j(Qesp
gi Qdi )

= Piesp + jQesp
i

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121

Barra PV ou de tensao controlada - Neste tipo de barra, a injecao de potencia ativa


e a magnitude da tensao sao especificados e o angulo da tensao nodal e a injecao
de potencia reativa sao calculados. Para viabilizar esta especificacao e necessario
que um dispositivo de controle da magnitude da tensao (compensador sncrono,
compensador estatico de Var etc) esteja instalado na barra. Numa barra de tensao
controlada,
Pi = Pgiesp Pdiesp
Vi = Viesp
Barra de folga, ou swing, ou slack ou de referencia: Desde que as perdas no sistema
de transmissao sao conhecidas apenas apos a obtencao da solucao das equacoes da
rede, deve-se selecionar uma barra para suprir as perdas de potencia nas linhas de
transmissao e completar o balanco total de potencia do sistema. Conseq
uentemente,
as injecoes de potencia ativa e reativa nao sao especificadas nesta barra. Alem
disso, a solucao de circuitos de corrente alternada requer a escolha de um no de
referencia angular. Assim, neste tipo de barra a magnitude e o angulo da tensao sao
especificados e as injecoes de potencia ativa e reativa sao calculadas como resultado
da solucao das equacoes da rede eletrica, isto e,
i = iesp
Vi = Viesp
Observe que para completar o balanco de potencia um gerador deve estar instalado
na barra de folga.
Para ilustrar a determinacao do modelo analtico da rede eletrica operando em regime
permanente, considere o sistema cujo diagrama unifilar e mostrado na figura 4.6. Os
dados das linhas de transmissao e das barras para este sistema sao mostrados nas tabelas
4.2 e 4.3.
Pd1 + jQd1
Gb3
1

4
Gb4
Pd4 + jQd4
Figura 4.6: Diagrama do sistema de 4 barras

122

Captulo 4: Fluxo de Pot


encia

Barra
1
2
3
4

V
(pu)

(graus)

Pg
pu
0,00
0,00

0,00

Pd
pu
0,80
0,00
0,00
0,20

Qg
pu
0,00
0,00

Qd
pu
0,20
0,00
0,00
0,10

P min
pu

P M ax
pu

Qmin
pu

QM ax
pu

0,0
0,0

0,80
0,60

-0,10
-0,05

0,20
0,10

Tabela 4.2: Dados do sistema de 4 barras

Linha

Zser

Yser

1-2
2-3
2-4
3-4

(pu)
0,02 + j 0,06
0,06 + j 0,18
0,06 + j 0,18
0,01 + j0,03

(pu)
5,0 - j 15,0
1,66 - j5,0
1,66 - j5,0
10,0 - j30,0

Ysh
2
(pu)
j0,03
j 0,02
j 0,02
j 0,01

Tabela 4.3: Dados do sistema de 4 barras

Especificacao das Barras


A analise do sistema mostrado na figura 4.6 indica que as barras 1 e 2 podem ser
especificadas apenas como barras PQ enquanto que as barras 3 e 4 podem ser de
folga, PV ou PQ.
Para estabelecer as equacoes a serem resolvidas, suponha que as barras 3 e 4 sejam
especificadas como folga e PV, respectivamente, com V3 = 1, 03 pu, 3 = 0, 00 ,
Pg4 = 0, 40 pu, V4 = 1, 02 pu. Note que as tensoes nas barras de geracao devem ser
especificadas entre os limites 0,95 pu(V) e 1,05 pu(V).
As variaveis a serem determinadas como solucao do problema de fluxo de potencia
sao: 1 , 2 , 4 , V1 , V2 , P3 , Q3 e Q4 . Observe que as tres u
ltimas variaveis sao determinadas `a partir do conhecimento do modulo e angulo da tensao complexa em todas
as barras do sistema. Isto significa que numa primeira etapa, e necessario resolver
apenas as equacoes necessarias para a determinacao do angulo e da magnitude da
tensao nas barras (5 incognitas e portanto 5 equacoes). No estagio subseq
uente,
as injecoes de potencia ativa e reativa na barra de folga e as injecoes de potencia
reativa das barras PV sao calculadas.
Matriz Admitancia
De acordo com a Eq. (4.3), a

+5, 00 j14, 97
5, 00 + j15, 00
Ybarra =

matriz admitancia de barra e dada por


5, 00 + j15, 0
+8, 32 j24, 9
1, 66 + j5, 0
1, 66 + j5, 0

1, 66 + j5, 00
+11, 6 j34, 97
10, 0 + j30, 0

1, 66 + j5, 00

10, 0 + j30, 0
+11, 6 j34, 97

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123

Equacoes do Fluxo de Potencia


A aplicacao da Eq. (4.5) fornece a forma generalizada das equacoes complexas do
sistema-exemplo na operacao em regime permanente, isto e,
P1 jQ1
V1
P2 jQ2
V2
P3 jQ3
V3
P4 jQ4
V4

= Y11 V1 + Y12 V2
= Y21 V1 + Y22 V2 + Y23 V3 + Y24 V4
= Y32 V2 + Y33 V3 + Y34 V4
= Y42 V2 + Y43 V3 + Y44 V4

As injecoes de potencia ativa e reativa expressas em termos do angulo e da magnitude


das tensoes complexas sao obtidas com o auxlio da Eq. (4.11), isto e
P1 (V, ) = 5, 0V12 + V1 V2 (5, 0 cos 12 + 15, 0 sin 12 )
Q1 (V, ) = 14, 97V12 + V1 V2 (5, 0 sin 12 15, 0 cos 12 )
P2 (V, ) = 8, 32V12 + V2 V1 (5, 0 cos 21 + 15, 0 sin 21 )
+ V2 V3 (1, 66 cos 23 + 5, 0 sin 23 )
+ V2 V4 (1, 66 cos 24 + 5, 0 sin 24 )
Q2 (V, ) = 24, 93V12 + V2 V1 (5, 0 sin 21 15, 0 cos 21 )
+ V2 V3 (1, 66 sin 23 5, 0 cos 23 )
+ V2 V4 (1, 66 sin 24 5, 0 cos 24 )
(4.13)
P3 (V, ) =

11, 66V32

+ V3 V2 (1, 66 cos 32 + 5, 0 sin 32 )


+ V3 V4 (10, 0 cos 34 + 30, 0 sin 34 )
Q3 (V, ) = 34, 97V32 + V3 V2 (1, 66 sin 32 5, 0 cos 32 )
+ V3 V4 (10, 0 sin 34 30, 0 cos 34 )
P4 (V, ) = 11, 66V42 + V4 V2 (1, 66 cos 42 + 5, 0 sin 42 )
+ V4 V3 (10, 0 cos 43 + 30, 0 sin 43 )
Q4 (V, ) = 34, 97V42 + V4 V2 (1, 66 sin 42 5, 0 cos 42 )
+ V4 V3 (10, 0 sin 43 30, 0 cos 43 )
e o conjunto completo das equacoes de balanco de potencia ativa e reativa em cada

124

Captulo 4: Fluxo de Pot


encia

barra sao expressas por


P1esp P1 (V, ) = 0
Qesp
1 Q1 (V, ) = 0
esp
P2 P2 (V, ) = 0
Qesp
2 Q2 (V, ) = 0
P3esp P3 (V, ) = 0
Qesp
3 Q3 (V, ) = 0
esp
P4 P4 (V, ) = 0
Qesp
4 Q4 (V, ) = 0
onde
P1esp = Pg1 Pd1
Qesp
1 = Q g1 Q d 1
P2esp = Pg2 Pd2
Qesp
2 = Q g2 Q d 2
P4esp = Pg4 Pd4

=
=
=
=
=

0, 80
0, 20
0, 00
0, 00
+0, 20

e os termos Pi (V, ) e Qi (V, ) sao dados pela Eq. (4.13).

4.5

M
etodos de Soluc
ao

Soluc
ao via M
etodo de Gauss-Seidel
Considere que o sistema de equacoes a ser resolvido e expresso por
f (x) = 0

(4.14)

onde f e um vetor coluna, de dimensao n, cujos componentes sao funcoes nao lineares
das n variaveis componentes do vetor x, isto e,

f1 (x1 , x2 , x3 . . . , xn )

f2 (x1 , x2 , x3 . . . , xn )
f3 (x1 , x2 , x3 . . . , xn )
f (x) =
(4.15)

..
..

. ... .

f (x , x , x . . . , x )
n 1
2
3
n
e 0 e um vetor nulo de dimensao n.
Supondo que a Eq. (4.15) e convertida para a forma
x1 = F1 (x1 ,
x2 = F2 (x1 ,
x3 = F3 (x1 ,
..
.

x2 , x3 . . . , xn )
x2 , x3 . . . , xn )
x2 , x3 . . . , xn )
..
...
.

xn = Fn (x1 , x2 , x3 . . . , xn )

(4.16)

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125

onde cada variavel do vetor x e expressa em funcao das outras variaveis (e da propria
variavel, se for necessario); o metodo iterativo de Gauss consiste em executar os
seguintes passos:
estimativa inicial do vetor x;
atualizacao do vetor x:
x(k) = F(x(k1) )
onde k e o n
umero da iteracao corrente;
Teste de convergencia nas variaveis - o processo e encerrado quando a diferenca
entre os valores de cada variavel em duas iteracoes consecutivas for menor do
que uma tolerancia especificada , isto e,
|x(k) x(k1) |
Com o objetivo de obter maior rapidez de convergencia no processo iterativo, o
metodo de Gauss-Seidel utiliza o valor mais atualizado de cada variavel na Eq.
(4.16). Por exemplo, na iteracao k a variavel x3 e dada por
(k)

(k)

(k)

(k1)

x3 = F3 (x1 , x2 , x3

. . . , x(k1)
)
n

Podem ser usados ainda fatores de aceleracao baseados em extrapolacao linear,


como a estrategia descrita a seguir. Definindo o incremento na variavel xi entre
duas iteracoes como
(k)
(k)
(k1)
xi = xi xi
a atualizacao da variavel com a aplicacao do fator de aceleracao e dada por
(k)

(k1)

xiac = xi

(k)

+ xi

onde = 1, 0 implica no processo de convergencia natural e a convergencia acelerada


requer que seja maior do que 1, 0.
No caso do problema de fluxo de potencia, o metodo de Gauss-Seidel e aplicado
re-escrevendo as equacoes estaticas do fluxo de potencia na forma generalizada representada pela Eq. (4.5) como
Pi jQi
= Yi1 V1 + Yi2 V2 + . . . + Yin Vn
Vi
tal que a tensao complexa da barra i e dada por

!
n
X
1
Pi jQi
Vi =

Yik Vk ,
Yii
Vi
k=1, k6=i

i = 1, 2, . . . , n

(4.17)

Um conjunto de equacoes da forma (4.17) e resolvido atraves do metodo de GaussSeidel. Cada uma dessas equacoes e estabelecida de acordo com o tipo da barra em
questao, conforme descrito a seguir.

126

Captulo 4: Fluxo de Pot


encia

Barras P Q - Neste tipo de barra, a injecao de potencia complexa e especificada


e a tensao complexa e calculada. Portanto, a equacao que caracteriza as barras
de PQ e da forma
(k)
Vi

1
=
Yii

Piesp jQesp
i
(k1)
Vi

n
X

!
Yij Vjat

(4.18)

j=1, j6=i

onde Vjat representa o u


ltimo valor disponvel da tensao complexa Vj .
Barras P V : Numa barra P V , a injecao de potencia ativa e a magnitude da
tensao sao especificadas enquanto que o angulo da tensao e a injecao de potencia
reativa sao calculados considerando inicialmente a equacao
(k)

Vi

1
=
Yii

Piesp jQcalc
i
(k1)
Vi

n
X

Yik Vkat ,

i = 1, 2, . . . , n

(4.19)

k=1, k6=i

onde a injecao de potencia reativa na barra P V e calculada com o auxlio da


equacao

Qcalc
= Im{Viat
i

n
X

Yij Vjat }

(4.20)

j=1

utilizando os valores mais atualizados das tensoes complexas.


A equacao (4.19) fornece a tensao complexa
(k)

Vi

(k)

(k)

= Vi i

e, desde que o valor da magnitude da tensao na barra i e especificado a priori,


apenas o valor do angulo e utilizado. A partir deste ponto o valor da tensao
(k)
complexa na barra P V passa a ser Viesp i durante a iteracao corrente.

No caso do sistema de 4 barras mostrado na figura 4.6, o sistema de equacoes a ser


resolvido atraves do metodo de Gauss-Seidel e dado por

1
P1 jQ1
V1 =
Y12 V2
Y11
V1

1
P2 jQ2
V2 =
Y21 V1 Y23 V3 Y24 V4
Y22
V2

1
P4 jQ4
V4 =
Y42 V2 Y43 V3
Y44
V4

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127

ou em termos numericos,
1
V1 1 =
5, 0 j14, 97
1
V2 2 =
8, 32 24, 9

1
1, 024 =
11, 6 j34, 9

0, 80 + j0, 20
(5, 0 + j15, 0)V2 2
V1 1

0, 0 j0, 0
(5, 0 + j15, 0)V1 1
V2 2
(1, 66 + j5, 0)1, 033 (1, 66 + j5, 0)1, 024 )

0, 20 jQ4
0
(1, 66 + j5, 0)V2 2 (10, 0 + j30, 0)(1, 030 )
1, 02 4
(4.21)

No caso da aplicacao do metodo de Gauss-Seidel ao problema de fluxo de potencia, o fator


de aceleracao e dado por
(k)

Vi

(k1)

= +Vi

(k)

+ (Vi

(k1)

Vi

(4.22)

onde e o fator de aceleracao, o qual e especificado em geral dentro da faixa 1, 4 1, 8.

Limites de Pot
encia Reativa
Para representar a capacidade fsica dos geradores, limites de potencia reativa sao estabelecidos para cada nvel de potencia ativa especificada. Esses limites, os quais sao obtidos
com auxlio da curva de capabilidade dos geradores sncronos, podem ser representados
atraves da inequacao
max
Qmin
gi Qgi Qgi
onde Qmin
e Qmax
sao os limites mnimo e maximo de gerac
ao de potencia reativa. Degi
gi
pendendo do nvel de carregamento do sistema de potencia, a especificac
ao da magnitude
da tensao (valores demasiadamente altos ou baixos) pode levar `a violac
oes desta restric
ao
de desigualdade no processo iterativo. O procedimento adotado para o tratamento deste
tipo de restricao de potencia consiste no seguinte:
caso durante o processo iterativo o limite de potencia reativa gerada for violado, a
barra correspondente e convertida em barra de carga. Isto e, a injec
ao de potencia
reativa e fixada no limite e a magnitude da tensao passa a ser uma vari
avel adicional
calculada ao longo das iterac
oes.

Teste de Converg
encia
A convergencia do processo iterativo na soluc
ao do fluxo de potencia via metodo de GaussSeidel e realizada em duas etapas. A primeira consiste em verificar a cada iterac
ao se as
variacoes na magnitude e no angulo da tensao complexa sao significativos. Ou seja, se
|Viv Viv1 | V

128

Captulo 4: Fluxo de Pot


encia

onde V e uma tolerancia pre-especificada para a tensao complexa, para todas as barras
de carga (P Q) e de tensao controlada (P V ) envolvidas no processo. Caso este teste seja
satisfeito, um teste semelhante e efetuado para os resduos de potencia ativa e reativa, isto
e
|Pesp
Pcalc
| P (barras P V e P Q)
i
i
|Qesp
Qcalc
| Q
i
i

(barras P Q)

onde P e Q sao as tolerancias pre-especificadas para os resduos de potencia ativa e


reativa.
A verificacao da convergencia e feita tomando-se inicialmente uma tolerancia relativamente elevada para as tensoes. Quando esta for satisfeita, efetua-se o teste de convergencia nos
resduos de potencia ativa e reativa. Caso estes nao satisfacam as tolerancias de potencia, o
processo iterativo e reinicializado com uma tolerancia reduzida para as tensoes. Procede-se
desta forma ate que ambos os testes sejam satisfeitos.
Existem muitos esquemas alternativos para a aplicac
ao do metodo de Gauss-Seidel ao
problema do fluxo de potencia, cada um com um n
umero de vantagens e desvantagens
associadas. Em geral, a maior vantagem do metodo de Gauss-Seidel reside no fato de
que o n
umero de elementos no termo relativo correspondente `a somatoria e pequeno e
corresponde ao n
umero de linhas de transmissao do sistema de potencia. Portanto, ambos,
os requisitos de memoria e os calculos envolvidos nas iterac
oes sao reduzidos. Por outro
lado, a maior desvantagem inerente a este metodo e a sua convergencia lenta, o que
pode ser atribudo ao fraco acoplamento (sob o ponto de vista matematico) entre as
barras. A taxa de convergencia e tambem dependente dos valores relativos dos termos
diagonais da matriz admitancia de barra e da selec
ao da barra de referencia. Para sistemas
numericamente bem condicionados a soluc
ao pode ser obtida em torno de 50 iterac
oes.
No caso de sistemas com mal condicionamento numerico (por exemplo, sistemas com alto
nvel de compensacao serie), a soluc
ao pode requerer varias centenas de iterac
oes, e em
alguns casos nao ser obtida.

Algoritmo
O procedimento para resolver as equac
oes nao lineares do fluxo de potencia atraves do
metodo de Gauss-Seidel podem ser sumarizados no seguinte algoritmo: k = 0, especificar
os valores iniciais das tensoes nas barras e formar a matriz admitancia de barra,
1. Para i = 1, n, calcule a tensao complexa de caordo com o tipo de barra:
Barra P V : calcule a potencia reativa gerada utilizando a Eq. (4.20) e verifique
os limites correspondentes, isto e,
se Qcalc
esta dentro dos limites, compute a magnitude da tensao Vi atraves
i
da Eq. (4.19) e atualize apenas o angulo da tensao complexa da barra;
se Qcalc
esta fora dos limites, especifique a gerac
ao de potencia reativa
i
no limite violado, converta a barra PV para barra PQ e calcule a tensao
complexa na barra utilizando a Eq. (4.18);
Barra P Q: calcule a tensao complexa na barra utilizando a Eq. (4.18);
2. Teste de convergencia nas tensoes complexas: se |Viv Viv1 | V para todas as
barras, prossiga ao proximo passo; caso contr
ario, atualize as tensoes complexas

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129

aplicando o fator de acelerac


ao atraves da Eq. (4.22); faca k = k + 1 e retorne ao
passo (1);
3. Calcule as injecoes de potencia ativa e reativa nas barras utilizando a Eq. (4.11) e
faca o teste de convergencia nas injec
oes de potencia: se
|Pesp
Pcalc
| P
i
i

(barras P V e P Q)

|Qesp
i

(barras P Q)

Qcalc
|
i

a convergencia foi alcancada; caso contr


ario, selecione nova tolerancia para as tensoes,
faca k = k + 1 e retorne ao passo (1).

Soluc
ao via M
etodo de Newton-Raphson
O metodo de Newton-Raphson e baseado numa seq
uencia de aproximac
oes de primeira
ordem em serie de Taylor, em torno de uma serie de pontos calculados ao longo do processo
iterativo. Se uma raiz estimada x(k) de uma simples equac
ao algebrica nao-linear f (x) e
conhecida, entao uma aproximac
ao melhor pode ser obtida atraves de
x(k+1) = x(k) + x
onde
x =

f (x(k) )
f 0 (x(k) )

e f (x(k) ) e a primeira derivada de f (x) com relac


ao a x calculada no ponto x(k) .
No caso de um conjunto de n equac
oes nao lineares com n incognitas, da forma

f1 (x1 , x2 , . . . , xn )
f2 (x1 , x2 , . . . , xn )
=0
f (x) =
...
...
...
fn (x1 , x2 , . . . , xn )
supondo que uma estimativa inicial x(k) e conhecida, uma nova aproximac
ao da soluc
ao e
dada por
x(k+1) = x(k) + x
ou

f (x)
x =
x

f (x(k) ) = J(x(k) )1 f (x(k) )

(4.23)

x=x(k)

onde J(x(k) ) e uma matriz de primeiras derivadas, de ordem n, denominada Jacobiana,


calculada no ponto (x(k) ). O elemento (i, j) desta matriz e definido como fi /xj .
No caso do problema de fluxo de potencia, o sistema de equac
oes nao lineares f (x) = 0
corresponde ao balanco de potencia representado pela Eq. (4.12), isto e,
para uma barra P Q:
n
X
Pi = (Pgi Pdi ) Vi
(Gij cos ij + Bij sin ij )Vj
j=1
n
X

Qi = (Qgi Qdi ) Vi

(Gij sin ij Bij cos ij )Vj

j=1

(4.24)

130

Captulo 4: Fluxo de Pot


encia

para uma barra P V :


n
X
Pi = (Pgi Pdi ) Vi
(Gij cos ij + Bij sin ij )Vj

(4.25)

j=1

O sistema linear resolvido a cada iterac


ao do metodo de Newton-Raphson aplicado ao
problema de fluxo de potencia e dado por

Ppv,pq
H N
pv,pq
=
(4.26)
Qpq
M L
Vpq
onde
H=

Ppv,pq
pv,pq

N=

Ppv,pq
Vpq

M=

Qpq
pv,pq

L=

Qpq
Vpq

Os elementos das submatrizes H, N, M e L sao obtidos diferenciando-se a Eq. (4.12) e


observando que
cos ij
= sin ij
i

cos ij
= sin ij
j

sin ij
= cos ij
i

sin ij
= cos ij
j

o que resulta em
n
X

Hii = Vi

(Gik sen ik + Bik cos ik )Vk

k=1, k6=i

= Qcalc
Vi2 Bii
i

(4.27)

Hik = Vi (Gik sen ik Bik cos ik )Vk


Qi
i
n
X
= +Vi
(Gik cos ik + Bik sen ik )Vk

Mii =

k=1, k6=i

(4.28)

= Picalc Vi2 Gii


Mik = Vi (Gik cos ik + Bik sen ik )Vk
n
X

Nii = +Vi

Vk (Gik cos ik + Bik sen ik ) + 2Vi2 Gii

k=1, k6=i

(Picalc

+ Vi2 Gii )

Nik = Vi (Gik cos ik + Bik sen ik )Vk

(4.29)

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Lii = Vi

n
X

131

(Gik sen ik Bik cos ik )Vk 2Vi2 Bii

k=1, k6=i

(4.30)

= (Qcalc
Vi2 Bii )
i
Lik = Vi (Gik sen ik Bik cos ik )Vk

Algoritmo
O processo iterativo para a soluc
ao do problema de fluxo de potencia via metodo de
Newton-Raphson pode ser sumarizado no seguinte algoritmo: k = 0, especifique valores
(k)
(k)
iniciais para a magnitude e angulo das tensoes Vi e i ,
1. Faca k = k + 1;
2. Calcule os desbalancos de potencia ativa e reativa utilizando as Eqs. (4.24) e (4.25);
3. Verifique a convergencia do processo iterativo: se
|Pesp
Pcalc
| P
i
i

(barras P V e P Q)

|Qesp
i

(barras P Q)

Qcalc
|
i

a convergencia foi alcancada; caso contr


ario, prossiga ao proximo passo;
4. Forme a matriz Jacobiana (Eqs. (4.27) a (4.30));
5. Resolva o sistema linear da Eq. (4.26) para obter V e ;
6. Atualize os valores de V(k) = V(k1) + V e de (k) = (k1) + ;
7. Calcule as injecoes de potencia ativa e reativa nas barras. Para as barras P V ,
verifique os limites de gerac
ao de potencia reativa:
se a geracao de potencia reativa da barra i est
a fora dos limites, fixar Qgi no
limite violado e converter a barra PV para barra PQ. A partir deste ponto a
magnitude e o angulo da tensao na barra i sao calculados atraves do processo
iterativo;
8. Retorne ao passo (1).
Uma das vantagens do metodo de Newton-Raphson e a sua taxa de convergencia quadratica,
o que em geral o torna mais rapido do que a maior parte dos outros metodos. Em termos
de confiabilidade, este algoritmo e menos sensvel a fatores que perturbam a convergencia
do processo iterativo, tais como a escolha da barra de folga, a existencia de compensac
aoserie em nvel elevado etc. A formulac
ao do problema de fluxo de potencia em coordenadas
polares ou em coordenadas retangulares pode ser utilizada, porem em ambos os casos deve
ser feita a separacao em modulo e angulo ou partes real e imaginaria. Em geral, as soluc
oes
sao obtidas num n
umero de iterac
oes variando de 2 a 6.
A principal desvantagem desta tecnica e a necessidade de formular e fatorar a matriz
Jacobiana. Entretanto, desde que a estrutura desta matriz possui um padrao de esparsidade identico ao da matriz admitancia de barra, tecnicas de compactac
ao e esparsidade
podem ser usadas no processo de fatorac
ao da mesma. Outra desvantagem do metodo
de Newton-Raphson e que ele e aplicavel apenas a func
oes convexas e portanto converge
sempre `a solucao mais proxima da estimativa inicial. Teoricamente, o problema de fluxo

132

Captulo 4: Fluxo de Pot


encia

de potencia possui tantas soluc


oes quanto o n
umero de barras do sistema. Na pratica
porem, a solucao aceitavel e bem distinta das outras, tal que ou a soluc
ao correta e obtida
apos um n
umero de iteracoes em geral reduzido ou a soluc
ao diverge.
Para ilustrar a aplicacao deste metodo, considere o sistema da figura 4.6. A determinac
ao
das variaveis do fluxo de potencia (V1 , 1 , V2 , 2 e 4 ) e feita resolvendo-se as seguintes
equacoes:
P1esp P1 (V, ) = 0

Qesp
1 Q1 (V, ) = 0
P2esp P2 (V, ) = 0

Qesp
2 Q2 (V, ) = 0
P4esp P4 (V, ) = 0

tal que na forma explcita o conjunto de equac


oes nao lineares a ser resolvido e expresso
por

0, 80 5, 0V12 + V1 V2 (5, 0 cos 12 + 15, 0 sin 12 ) = 0, 00

0, 20 14, 97V12 + V1 V2 (5, 0 sin 12 15, 0 cos 12 ) = 0, 00

0, 00 8, 32V12 + V2 V1 (5, 0 cos 21 + 15, 0 sin 21 )


+V2 V3 (1, 66 cos 23 + 5, 0 sin 23 )
+V2 V4 (1, 66 cos 24 + 5, 0 sin 24 )] = 0, 00

0, 00 24, 93V12 + V2 V1 (5, 0 sin 21 15, 0 cos 21 )


+V2 V3 (1, 66 sin 23 5, 0 cos 23 )
+V2 V4 (1, 66 sin 24 5, 0 cos 24 )] = 0, 00

0, 20 11, 66V42 + V4 V2 (1, 66 cos 42 + 5, 0 sin 42 )


+V4 V3 (10, 0 cos 43 + 30, 0 sin 43 )] = 0, 00

Adotando o perfil plano de tensoes como solucao inicial, na primeira iteracao o vetor
dos desbalancos de potencia e dado por

0, 8000
P1
P2 0, 0833

P4 = 0, 0455

Q1 0, 1700
0, 3200
Q2
e a matriz Jacobiana e expressa por

J=

15, 00 15, 00
0, 00
5.00
5.00
15, 00
25, 25 5.15
5.00
8.25
0, 00
5.15 36, 66
0, 00
1.71
5.00
5.00
0, 00
14, 94 15, 00
5.00
8.41
1.71 15, 00
24, 61

R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot

133

tal que a solucao do sistema linear fornece


1
2

4 =

V1
V2

0, 1164
0, 0718
0, 0090
0, 0348
0, 0080

No final da primeira iteracao, as vari


aveis atualizadas

0, 1164
1
2 0, 0718

4 = 0, 0090

V1 0, 9651
0, 9914
V2

sao

e o resultado do fluxo do fluxo de potencia obtido em 3 iterac


oes e mostrado na tabela 4.4.

Barra

Tipo

1
2
3
4

PQ
PQ
folga
PV

V
(V)
0,955
0,984
1,020
1,030

graus
-6,91
-4,19
0,00
-0,56

Pg
MW
0,00
0,00
63,81
40,00

Qg
Mvar
0,00
0,00
-36,42
62,02

Pd
MW
80,00
0,00
0,00
20,00

Qd
Mvar
20,00
0,00
0,00
10,00

No balanco de potencia do sistema, a gerac


ao total de potencia e 103.81 MW e 25.60 Mvar
e a demanda total e 100.00 MW e 30.00 Mvar, tal que a perda de potencia ativa no sistema de
transmissao e 3.8075 MW.

Solu
c
ao via M
etodos Desacoplados
As equacoes basicas do metodo de Newton-Raphson sao derivadas da expansao em serie de
Taylor, omitindo-se os termos de 2a ordem em diante. As correc
oes a cada iterac
ao sao, portanto, aproximacoes, porem o valor da func
ao e calculado de forma exata a cada iterac
ao.
Assim, a solucao desejada pode ser obtida com qualquer grau de precisao continuando-se o
processo iterativo, e a mesma nao e dependente da precisao da correc
ao. Isto implica numa
aproximacao alternativa dos termos (envolvendo a 1a derivada) da matriz Jacobiana. Um teste
simples que permite observar certas caractersticas peculiares, consiste em resolver uma equac
ao
a
quadratica pelo metodo de Newton-Raphson substituindo a 1 derivada por uma constante arbitraria. Nota-se que, a despeito desta aproximac
ao uma boa convergencia pode ser alcancada,
se a constante deve ser selecionada de forma que as equac
oes ainda mantenham as propriedades
de convergencia. Desde que a nao-linearidade das equac
oes envolvidas no problema de fluxo
de potencia nao e acentuada e estas equac
oes sao bem definidas em termos de caractersticas
numericas, a estrategia de solucao pode explorar com vantagem essas particularidades.

Desacoplamento entre as Vari


aveis
Uma caracterstica inerente a qualquer sistema de potencia e a forte dependencia entre os fluxos
de potencia ativa e os angulos das tensoes nas barras, e entre os fluxos de potencia reativa e a
magnitude das tensoes nas barras. De uma forma geral, pode ser observado que:

134

Captulo 4: Fluxo de Pot


encia

Uma variacao P em P implica numa variac


ao semelhante em e tem pequeno efeito
sobre a magnitude da tensao (V 0);
Uma variacao Q em Q resulta numa modificac
ao V na magnitude da tensao e tem
pequeno efeito sobre o angulo de tensao ( 0).
Algebricamente, essas aproximac
oes podem ser representadas pela expressao
P = H
Q = LV
Generalizando as caractersticas de desacoplamento para um sistema de potencia multimaquinas, as submatrizes N e J na equac
ao (4.26) podem ser desprezadas, o que resulta em

Ppv,pq
Qpq

H 0
0 L

pv,pq
Vpq /V

O procedimento para obter a soluc


ao das equac
oes da rede aplicando estas aproximac
oes
consiste em resolver alternadamente os sistemas lineares resultantes, isto e, separar o problema
principal em subproblemas P e QV . Isto resulta num n
umero maior de iterac
oes para a
convergencia, porem com menor esforco computacional.
Baseando-se nas suposicoes mencionadas anteriormente, outras aproximac
oes podem ser
feitas na matriz Jacobiana. Assim, considerando que
ij e pequeno (menor do que 200 );
cos ij 1, 0;
sin ij ij .
a expressao
Hij = Vi (Gij sin ij Bij cos ij )Vj
se transforma em
Hij == Vi (Gij ij Bij )Vj
e desde que Vi = Vj = 1,0 pu e Gij Bij ,
Hij = Bij
2 + X2 )
onde Bij = Xij /(Rij
ij e constante.
De maneira analoga,
Lij = Vi (Gij sin ij Bij cos ij )

e com as aproximacoes anteriormente mencionadas,


Lij = Bij
O metodo Desacoplado Rapido e formulado com base nestas aproximac
oes. Dois sistemas
0
00
lineares independentes sao resolvidos, cujas matrizes de coeficientes, denotadas B e B , sao

R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot

135

calculadas desprezando-se a resistencia das linhas de transmissao na determinac


ao dos elementos
0
de B e utilizando-se as seguintes expressoes
0

Hij Bij =

1
Xij

Hii Bii =

X 1
Xij

ji

(4.31)
Xij
2 ) = Bij
+ Xij

00

Lij Bij =

X 1
00
Lii Bii =
= Bii
Xij

2
(Rij

ji

Melhoramentos adicionais na convergencia podem ser obtidos fazendo-se as seguintes simplificacoes:


0

Omissao na matriz B dos elementos que afetam as variac


oes em Q, isto e, capacitores
shunt e transformadores com comutac
ao sob carga;
00

Omissao na matriz B dos elementos que afetam as variac


oes em P, ou seja, transformadores defasadores etc.

Algoritmo
0

00

As aproximacoes vistas na secao anterior resultam em matrizes B e B reais, simetricas esparsas


e constantes, desde que elas contem apenas as admitancias do sistema. Elas sao constantes e
portanto necessitam ser fatoradas apenas uma u
nica vez no processo iterativo. Os passos para a
solucao das equacoes da rede eletrica via metodo desacoplado rapido sao sumarizados a seguir.
1. Faca k = 0;
2. Calcule os desbalancos de potencia ativa e reativa utilizando as Eqs. (4.24) e (4.25);
3. Verifique a convergencia do processo iterativo: se
|Pesp
Pcalc
| P
i
i

(barras P V e P Q)

|Qesp
i

(barras P Q)

Qcalc
|
i

a convergencia foi alcancada; caso contr


ario, prossiga ao proximo passo;
0

4. Determine a matriz B (Eq. (4.31) e resolva o sistema linear P = B para obter ;


5. Atualize os valores de (k) = (k1) + ;
6. Calcule os desbalancos de potencia reativa utilizando a Eq. (4.25);
00

00

7. Faca k = k+1, determine a matriz B (Eq. (4.31) e resolva o sistema linear Q = B V


para obter V;
8. Atualize os valores de V(k) = V(k1) + V;
9. Calcule as injecoes de potencia ativa e reativa nas barras. Para as barras P V , verifique
os limites de geracao de potencia reativa:
se a geracao de potencia reativa da barra i esta fora dos limites, fixar Qgi no limite
violado e converter a barra PV para barra PQ. A partir deste ponto a magnitude e
o angulo da tensao na barra i sao calculados atraves do processo iterativo;

136

Captulo 4: Fluxo de Pot


encia

10. Retorne ao passo (2).


Apesar da aproximacao da matriz Jacobiana, ao final do processo iterativo os desbalancos
de potencia satisfazem `a tolerancia especificada. Portanto a soluc
ao obtida e tao precisa quanto
`aquela obtida atraves do metodo de Newton-Raphson. A u
nica diferenca e que no metodo
desacoplado rapido o gradiente (que representa a inclinac
ao das curvas representadas pelas
funcoes nao lineares) das equacoes e mantido constante. Esta aproximac
ao resulta numa taxa de
convergencia mais lenta do que aquela do metodo de Newton-Raphson, porem isto e compensado
pelo menor esforco computacional por iterac
ao.

Fluxo de Pot
encia Linearizado
Uma solucao do fluxo de potencia utilizada freq
uentemente em estudos onde nao se requer
demasiada precisao da solucao, e aquela baseada num modelo representado por um conjunto de
equacoes lineares. Para estabelecer este modelo, supoe-se que:
as aberturas angulares das linhas de transmissao sao pequenas, tal que
cos ij 1, 0;
sin ij ij (em radianos).
a magnitude da tensao ao longo do sistema e igual a 1, 0 pu e portanto a malha QV nao
e considerada;
a relacao X/R das linhas de transmissao e alta (Xij Rij ), de forma que a resistencia
serie (e portanto as perdas de potencia ativa) nas linhas de transmissao sao desprezadas.
Com estas aproximacoes, o fluxo de potencia ativa numa linha sem perda e dado por
Pij =

i j
Xij

(4.32)

e a injecao de potencia na barra i e dada por


Pi =

n
X

n
X
Pij =
(1/Xij )(i j )

j=1

Pi =

j=1
n
X

Bij i +

j=1

Pi = i

n
X

n
X

Bij j

j=1

Bij +

j=1

n
X

Bij j

j=1

ou, em forma matricial,


P = B

(4.33)

onde os elementos da matriz B sao dados por


Bii =

n
X
1
Xij
j=1

Bij =

1
Xij

(4.34)

A Eq. (4.33) considera todas as barras da rede eletrica e, desde que as perdas de potencia
ativa nas linhas de transmissao sao desprezadas, e possvel expressar a injec
ao de potencia ativa

R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot

137

de uma barra como combinacao linear das injec


oes de potencia nas outras barras. Isto implica em
que a matriz B e singular e o sistema linear representado pela Eq. (4.33) nao tem soluc
ao. Isto
tambem indica que o conjunto de equac
oes lineares e redundante, de forma que se o angulo de
uma barra for selecionado como referencia, a equac
ao correspondente pode ser excluda daquele
conjunto de equacoes. Utilizando este procedimento, obtem-se um novo sistema linear dado por
0

P=B

(4.35)

onde B e resultante da eliminacao da linha e da coluna correspondentes a barra de referencia


na matriz B.
Desprezando-se as resistencia das linhas de transmissao do sistema mostrado na figura 4.6,
a matriz de coeficientes do sistema linear da Eq. (4.35) e expressa por

16, 67 16, 67
0, 00
0, 00
16, 67
27, 77 5, 55 5, 55

B=

0, 00 5, 55
38, 88 33, 33
0, 00 5, 55 33, 33
38, 88
e o vetor das injecoes de potencia e dado por


P1
80, 00
P2
0, 00


P3 = 60, 00
P4
20, 00

MW

Eliminando-se a linha e a coluna correspondentes respectivamente `a barra e ao angulo de


referencia, a solucao do sistema linear fornece

1
0, 1227
2 = 0, 0747 radianos
4
0, 0055
e os fluxos nas linhas de transmissao, calculados com a Eq. (4.32), sao dados por

P12
0, 8000
P23 0, 4154

P24 = 0, 3846
P34
0, 1846

4.6

pu

Ajustes e Controles

O calculo do fluxo de potencia e um dos importantes estudos requeridos na analise dos sistemas de
energia eletrica em regime permanente. Os resultados deste calculo sao utilizados nos estagios
de projeto, planejamento e operac
ao dos sistemas de potencia. O objetivo deste problema e
determinar a solucao das equacoes da rede eletrica em regime permanente, de forma que:
a demanda seja satisfeita;
o perfil de tensao esteja dentro de limites pre-especificados;
as linhas de transmissao e os equipamentos operem sem sobrecarga;

138

Captulo 4: Fluxo de Pot


encia

Os programas de Fluxo de Potencia convencional desenvolvidos para aplicac


oes m
ultiplas
incluem a modelagem de dispositivos de controle automatico, tais como transformadores com
comutac
ao sob carga (tap variavel), transformadores defasadores, transformadores com o tap fora
do valor nominal, intercambio de potencia entre areas, etc. Estes programas tambem consideram
os limites em variaveis tais como a gerac
ao de potencia reativa, a magnitude das tensoes nas
barras e os fluxos de potencia nas linhas de transmissao. Alguns desses ajustes sao efetuados
durante o processo iterativo, incluindo-se testes adicionais na logica do programa. O processo
de correcao tambem pode ser executado atraves da utilizac
ao de relac
oes de sensibilidade entre
as variaveis do sistema eletrico, as quais fornecem informac
oes quantitativas sobre o efeito da
variacao das variaveis controladas (magnitude das tensoes geradas, potencias ativas geradas,
taps, etc) sobre as variaveis dependentes (em geral, magnitude das tensoes nas barras de gerac
ao,
fluxos de potencia, etc).
Para ilustrar como sao feitos os ajustes de uma soluc
ao do fluxo de potencia, considere o
sistema da figura 4.7, cujos dados sao mostrados nas tabelas 4.4 e 4.5.

Pd1 + jQd1

Pd3 + jQd3

GS
1

1 : t34

T34

1 : t56
6

T56

GS
Pd6 + jQd6

Pd5 + jQd5

Pd2 + jQd2

Figura 4.7: Sistema de 6 barras - exemplo 4.7

Por ser a barra com maior capacidade de geracao de potencia ativa, a barra 1 foi selecionada
como barra de folga do sistema. A demanda total de potencia ativa e 135 MW, os quais devem
ser supridos pelos geradores das barras 1 e 2. Visando manter uma certa margem (reserva)
com relac
ao ao limite maximo de gerac
ao, a potencia gerada na barra 2 foi especificada em
50 MW. A magnitude da tensao nas barras 1 e 2 foi especificada em 1,0 pu. As reatancias
dos elementos de transmissao conectando as barras 3-4 e 5-6 correspondem a transformadores
com tap vari
avel, cuja finalidade e controlar a magnitude da tensao nessas barras. A faixa de
variacao da magnitude da tensao nas barras e dos taps e 0,90 a 1,10 pu, tendo sido ambos os taps
selecionados inicialmente em 1,0 pu. Com estas especificac
oes, a soluc
ao do fluxo de potencia
atraves do metodo de Newton-Raphson e mostrada na tabela 4.6.

R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot

Barra

Tipo

1
2
3
4
5
6

folga
PV
PQ
PQ
PQ
PQ

Pgmin
(MW)
0.00
0.00

PgM ax
(MW)
150.00
100.00

139

Qmin
g
(Mvar)
-20.00
-20.00

ax
QM
g
(Mvar)
40.00
40.00

Pd
(MW)
0.00
0.00
55.00
0.00
30.00
50.00

Qd
(Mvar)
0.00
0.00
13.00
0.00
18.00
5.00

Shunt
(Mvar)

Tabela 4.4: Sistema-exemplo de 6 barras - Dados das barras

De
1
1
2
2
3
4
5

P ara
4
6
3
5
4
6
6

R(%)
8.00
12.30
72.30
28.20
0.00
9.70
0.00

X(%)
37.00
51.80
105.0
64.00
13.30
40.70
30.00

Bsh (%)
3.00
4.20
0.00
0.00
0.00
3.00
0.00

Tabela 4.5: Dados das linhas de transmissao - sistema de 6 barras


Barra

Tipo

1
2
3
4
5
6

folga
PV
PQ
PQ
PQ
PQ

V
(V)
1,000
1,000
0,844
0,867
0,814
0,847

graus
0,0000
-3,87
-15,27
-11,20
-14,69
-14,16

Pg
MW
97,44
50,0
-

Qg
Mvar
49,35
21,15
-

Pd
MW
55,0
0,00
30,0
50,0

Qd
Mvar
13,0
0,00
18,0
5,00

Tabela 4.6: Resultado do fluxo de potencia - sistema de 6 barras


A analise da solucao mostrada na tabela 4.6 indica que a magnitude da tensao nas barras
de carga esta fora da faixa de variac
ao permitida. As perdas totais de potencia ativa nas linhas
de transmissao sao de 12,44 MW, correspondendo a 8,44 % da gerac
ao total de potencia ativa.
Os controles disponveis para corrigir este baixo nvel de tensao sao os taps dos transformadores
e a magnitude da tensao gerada nas barras 1 e 2. Ajustando-se o tap do transformador T56
para 1,05 e a magnitude da tensao na barra 1 para 1,1, a nova soluc
ao do fluxo de potencia e
apresentada na tabela 4.7.

140

Captulo 4: Fluxo de Pot


encia

Barra

Tipo

1
2
3
4
5
6

folga
PV
PQ
PQ
PQ
PQ

V
(V)
1,100
1,000
0,921
0,951
0,896
0,921

graus
0,0000
-0,90
-12,26
-8,84
-11,27
-11,03

Pg
MW
96,14
50,0
-

Qg
Mvar
63,29
2,72
-

Pd
MW
55,0
0,00
30,0
50,0

Qd
Mvar
13,0
0,00
18,0
5,00

Tabela 4.7: Solucao ajustada do fluxo de potencia - sistema de 6 barras


Na tabela 4.7, observa-se uma melhoria consideravel no nvel da magnitude da tensao das
barras de carga, apesar de que ajustes adicionais precisam ser realizados para que a magnitude
da tensao de todas as barras se situe dentro da faixa recomendavel. Nota-se ainda que com o
aumento no nvel de magnitude da tensao, as perdas de potencia ativa nas linhas de transmissao
foram reduzidas a 11.1437 MW, o que corresponde a 7,62 % da gerac
ao total de potencia ativa.

4.7

Exerccios

4.1 No sistema mostrado na figura 4.8 todos os valores est


ao em pu na base 100 MVA. Um
gerador e dois compensadores sncronos est
ao instalados respectivamente nas barras 1, 3 e 5.
Determine o fator de potencia no qual deve operar o gerador para que a magnitude da tens
ao
nas barras 1, 3 e 5 seja igual a 1,0 pu.
CS
1

2
j0, 2pu

j0, 04pu

j0, 1pu

100 MVA
cos = 0, 8
adiantado

j0, 2pu
G1

j0, 2pu

j0, 1pu

j0, 04pu
j0, 2pu

230 kV

138 kV

69 kV
200 MW
cos = 0,8 atrasado

CS

Figura 4.8: Diagrama do problema 4.1

4.2 Uma linha de transmiss


ao com perdas de potencia ativa desprezveis, possui uma reat
ancia
serie de 0,03 pu() e suscept
ancia capacitiva shunt total de 1,8 pu(S). Ela interliga um gerador
a uma carga de 5,0 + j2,0 pu(MVA). Foram instalados dois reatores iguais em paralelo, um em
cada extremidade da linha. Para manter a tens
ao na barra de carga em 1,0 pu(kV) e necess
ario
regular a tens
ao do gerador em 1,05 pu(kV). Mostre o balanco de potencia deste sistema.

R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot

141

4.3 Para a rede de transmiss


ao cujos dados s
ao apresentados na tabela 4.8, determinar a
matriz admit
ancia de barra em por unidade utilizando a an
alise nodal, adotando a base 100
MVA, 120kV.
Linha
12
13
23
24
25
34
45

zser ()
2, 88 + j8, 64
11, 52 + j34, 56
8, 64 + j25, 92
8, 64 + j25, 92
5, 76 + j17, 28
1, 44 + j4, 32
11, 52 + j34, 56

yshunt (S)
j416, 67
j347, 22
j277, 78
j277, 78
j208, 33
j138, 89
j347, 22

Tabela 4.8: Dados para o problema 4.3


4.4 Considere um sistema de potencia de 4 barras, cujos dados s
ao apresentados na tabela 4.9.
Suponha que entre as barras 2 e 3 h
a um transformador com reat
ancia de dispers
ao 0,75 pu()
e tap ajustado em 0,98 no lado da barra 3.

Linha
1-2
1-4
3-4
-

Zser
(pu)
j 1,00
j 1,25
j 1,00
-

Barra
1
2
3
4

V
(pu)
1,02
1,05

(graus)
00

Pg
pu

Pd
pu

1,20
0,00
0,00

0,50
0,00
1,50

Qg
pu

Qd
pu

0,00
0,00

0,5
0,00
0,50

Tabela 4.9: Dados do sistema de 4 barras - problema 4.4


1. Determine a matriz admit
ancia de barra do sistema.
2. Estabeleca as equac
oes dos desbalancos de potencia a serem resolvidas via metodo de
Newton-Raphson em coordenadas polares.
3. Calcule os fluxos de potencia entre as barras 2 e 3, considerando V2 = 1, 0300 pu e
V3 = 1, 00 100 pu.
4.5 Considere o sistema de tres barras e tres linhas de transmiss
ao cujos dados (no sistema
por unidade) s
ao mostrados na talela 4.10.
1. determine a matriz Ybarra via an
alise nodal;
2. determine as equac
oes da rede para a aplicac
ao do metodo de Gauss-Seidel;

142

Captulo 4: Fluxo de Pot


encia

Barra
1
2
3

Tipo
V
PQ
PV

P
-0, 005
-0, 15

Q
-0, 002
-

V
1, 0
0, 98

0, 00
-

Linha
12
13
23

rser
0, 10
0, 20
0, 10

xser
1, 00
2, 00
1, 00

bshunt
0, 01
0, 02
0, 01

Tabela 4.10: Dados para o problema 4.5


3. mostre uma iterac
ao via metodo de Gauss-Seidel considerando 1, 00, 00 pu como estimativa para as tens
oes, 103 pu de MW e de Mvar como toler
ancia, e limites de potencia
reativa para a barra de tens
ao controlada de 0, 030 e 0, 010 p.u. de M var.
4. calcule a soluc
ao do fluxo de potencia utilizando o metodo de Newton-Raphson (utilize o
programa computacional de fluxo de potencia);
5. calcule os fluxos de potencia ativa e reativa e as perdas de potencia ativa e reativa nas
linhas de transmiss
ao;
6. se a barra de tens
ao controlada for convertida em barra de carga, com uma injec
ao de
potencia reativa especificada em 0, 016 pu de Mvar, com a mesma injec
ao de potencia
ativa, qual ser
a a nova soluc
ao das equac
oes da rede (utilize o programa computacional
de fluxo de potencia)?
7. determine a soluc
ao das equac
oes da rede atraves do metodo de fluxo de potencia linearizado e compare a mesma com aquela obtida para o modelo n
ao linear da rede eletrica.
4.6 Considere o sistema da figura 4.9.
1. especifique o tipo de cada barra e mostre a lista de vari
aveis a serem calculadas diretamente
na soluca
o do fluxo de potencia;
2. estabeleca as equaco
es relacionadas a potencia reativa diretamente envolvidas no processo
iterativo da soluc
ao via Newton-Raphson;
3. mostre a estrutura de n
ao-zeros da submatriz H da matriz Jacobiana, indicando as correspondentes derivadas envolvidas;
4. comente sobre a possibilidade de selecionar a barra 4 como barra de folga;
5. comente sobre a possibilidade de classificar a barra 5 como barra P V .
4.7 Para o sistema da figura 4.10, assuma que a base de potencia e 100 MVA, e que as
imped
ancias das linhas de transmiss
ao est
ao expressas em pu numa base comum. Execute uma
iterac
ao completa do fluxo de potencia via metodo de Gauss-Seidel. Os dados das barras s
ao os
seguintes: (barra 1, V1 = 1, 0500 pu), (barra 2, Potencia ativa gerada = 25 MW, Potencia
ativa consumida = 50 MW, Potencia reativa consumida = 25 Mvar, Magnitude da tens
ao = 1,02
pu, limites de potencia reativa: -10 e 30 Mvar), (barra 3, Potencia ativa gerada = 0,0 MW,
Potencia reativa gerada = 0,0 Mvar, Potencia ativa consumida = 60 MW, Potencia reativa
consumida = 30 MW).

R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot

143

Pd1 + jQd1

Pd3 + jQd3

GS

CS

1 : t34

T34

1 : t56
6

T56

GS
Pd6 + jQd6

Banco de Capacitores

Pd2 + jQd2

Figura 4.9: Diagrama para o problema 4.6

V1

V2
Sd 2

Z12 = j0, 25 pu
Z13 = j0, 15 pu

Z23 = j0, 25 pu

V3
Sd 3

Figura 4.10: Diagrama para o problema 4.7

4.8 Responda as seguintes quest


oes:
1. Explique qual a diferenca em termos de precis
ao numerica entre as soluc
oes do fluxo de
potencia obtidas pelos metodos de Gauss-Seidel e Newton-Raphson.
2. Comente, utilizando ilustrac
ao gr
afica se necess
ario, sobre as formas como s
ao obtidas as
convergencias dos metodos Desacoplado R
apido e Newton-Raphson.
3. Comente sobre a raz
ao da existencia de m
ultiplas soluco
es para o problema de fluxo de

144

Captulo 4: Fluxo de Pot


encia

potencia e sobre a possibilidade de utilizac


ao das mesmas.
4. Na formulac
ao do problema de fluxo de potencia, uma barra com demandas de potencia
ativa e reativa nulas e onde esteja instalado um Compensador Est
atico de potencia reativa
pode ser classificada como uma barra de carga?
5. Quais as func
oes da barra de folga na formulac
ao do problema de fluxo de potencia?
6. Considere uma barra com demandas de potencia ativa e reativa nulas e onde esteja instalado um Compensador Est
atico de potencia reativa. Na formulac
ao do problema de fluxo
de potencia, esta barra pode ser classificada como uma barra PQ? Esta barra pode ser
classificada como uma barra PV?
4.9 Uma concession
aria disp
oe de duas subestac
oes de 130 kV supridas por uma barra de
gerac
ao atraves de um sistema de transmiss
ao. A rede eletrica equivalente possui tres barras e
tres linhas de transmiss
ao, com configurac
ao em tri
angulo. As imped
ancias serie de cada linha e
os respectivos comprimentos s
ao dadas na tabela 4.11, sendo desprezado o seu efeito capacitivo.
O resultado de um estudo de fluxo de potencia, tambem mostrado na tabela 4.11, indicou a
necessidade de compensac
ao reativa na barra 3 para manter a tens
ao nesta barra no nvel de
magnitude desejado (1,00 pu). Tomando como base trif
asica 100 MVA e 130 kV,
1. determine a potencia aparente suprida pelo gerador da barra 1;
2. determine a compensac
ao reativa a ser instalada na barra 3;
3. determine a matriz admit
ancia de barra do sistema;
4. calcule as perdas de potencia ativa e reativa no sistema de transmiss
ao;
5. mostre (e justifique) uma possvel classificac
ao para as barras deste sistema, considerando
a instalaca
o de um compensador sncrono na barra 3 para a compensac
ao desejada;

Linha
1-2
1-3
2-3

zser
(/km)
0,26+j0,52
0,26+j0,52
0,26+j0,52

Comprimento
(km)
13
9,75
6,5

Barra
1
2
3

V
(pu)
1,000
0,990
1,000

(graus)
0
1, 7401
1, 7412

Pd
pu
0,00
0,900
0,600

Qd
pu
0,00
0,300
0,200

Tabela 4.11: Dados do sistema de 3 barras - problema 4.9

4.10 A tabela 4.12 mostra os dados de um sistema de tres barras e o correspondente resultado
do fluxo de potencia. Despreze o efeito capacitivo das linhas de transmiss
ao e considere a
existencia de um gerador na barra 1 e de um compensador sncrono na barra 3.
1. determine a potencia do compensador sncrono instalado na barra 3;
2. determine a potencia aparente gerada na barra de folga;
3. calcule as perdas de potencia ativa e reativa do sistema de transmiss
ao;

R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot

Linha
1-2
1-3
2-3

Zser
(pu)
0,020 + j 0,040
0,015 +j 0,030
0,010 +j 0,020

145

Barra
1
2
3

V
(pu)
1,000
0,990
1,000

(graus)
0
1, 7401
1, 7412

Pd
pu
0,00
0,900
0,600

Qd
pu
0,00
0,300
0,200

Tabela 4.12: Dados do sistema de 3 barras - problema 4.10

4. na formulac
ao do problema de fluxo de potencia, a barra 3 poderia ser classificada como
uma barra PV? Justifique a sua resposta;
5. determine a matriz admit
ancia de barra deste sistema.
4.11 Seja um sistema de potencia de tres barras, conectadas em anel atraves de tres linhas de
transmiss
ao de resistencias desprezveis e reat
ancias X12 = 0, 33 pu, X13 = 0, 50 pu e X23 = 0, 50
pu. As demandas de potencia ativa nas barras 2 e 3 s
ao respectivamente 0,5 pu(MW) e 1,0
pu(MW). Considerando a barra 1 como referencia angular e utilizando o modelo de fluxo de
potencia linearizado,
1. determine os fluxos de potencia nas linhas de transmiss
ao, supondo uma compensac
ao
reativa serie de 30 % na linha de transmiss
ao;
2. calcule o valor da compensac
ao reativa serie que deve ser utilizada na linha 1-3, de modo
que o fluxo de potencia ativa na linha 1-2 n
ao ultrapasse 0,5 pu(MW);
3. calcule o valor da compensac
ao reativa serie que deve ser utilizada na linha 1-3, de modo
que o fluxo de potencia ativa na linha 2-3 seja 0,5 pu(MW);
4.12 Considere um sistema de quatro barras, conectadas em anel por linhas de transmiss
ao
com reat
ancias X12 = X13 = X24 = X34 = 0, 01 pu (). Suponha que unidades geradoras est
ao
instaladas nas barras 1 e 3 e que as cargas das barras 2, 3 e 4 s
ao respectivamente Sd2 = 1,0 +
j0,0 pu(MVA), Sd3 = 0,25 + j0,0 pu(MVA) e Sd4 = 1,0 + j0,0 pu(MVA). Adotando a barra 1
como referencia angular,
1. Determine a matriz admit
ancia nodal e as equac
oes do modelo de fluxo de potencia linearizado.
2. Usando as equac
oes n
ao lineares do fluxo de potencia, calcule as potencias aparentes geradas nas barras 1 e 3, supondo que as tens
oes complexas nessas barras s
ao V1 = V1 =
0
1, 00 pu.
3. Determine as perdas reativas nas linhas de transmiss
ao para as condic
oes do item anterior.

146

Captulo 4: Fluxo de Pot


encia

Captulo 5
An
alise de Curto Circuito
5.1

Introduc
ao

Este captulo apresenta a base teorica do estudo do curto-circuito em sistemas de energia eletrica.
Inicialmente, descreve-se o fundamento analtico da analise de faltas simetricas, ou seja, daquelas cuja ocorrencia nao causa desbalanco entre as fases do sistema trifasico. Este tipo de curto
circuito envolve simultaneamente as tres fases do sistema eletrico e a sua formulac
ao analtica
e de grande auxlio para a compreensao do estudo de curto circuito. Posteriormente, enfoca-se
a analise do curto circuito desbalanceado. para esta finalidade, utiliza-se o conceito de decomposicao em componentes simetricos, apresentado no captulo 1 para a soluc
ao de circuitos
trifasicos desequilibrados. No presente caso, o aspecto complementar enfocado e a analise do
gerador sncrono operando em vazio, submetido a faltas assimetricas e a sua correlac
ao com os
circuitos equivalentes de Thevenin das redes de seq
uencia. Isto forma a base do procedimento
tradicional do estudo de faltas assimetricas.

5.2

Curto-Circuito em Sistemas de Pot


encia

O estudo das faltas nas redes de energia eletrica visa determinar as correntes e tensoes resultantes
da ocorrencia de um curto circuito. Essas faltas podem ser de varios tipos, envolvendo um ou
mais elementos do sistema de potencia, sendo geralmente classificadas em ordem decrescente de
freq
uencia de ocorrencia. A tabela 5.1, a qual foi transcrita de [5], mostra um levantamento
dos ndices de ocorrencia dos tipos de falta em tres linhas de transmissao da Boneville Power
Administration (BPA) e da Swedish State Power Board (SSPB), com diferentes nveis de tensao
nominal.

Tabela 5.1: Indices de ocorrencia dos tipos de falta.


BPA
SSPB
Tipo de Falta 500 kV 400 kV 200 kV
Fase-terra
93 %
70 %
56 %
Fase-fase
4%
23 %
27 %
Fase-fase-terra
2%
7%
17 %
Trifasica
1%
7%
17 %

148

Captulo 5: An
alise de Curto Circuito

As faltas podem ainda ser permanentes ou transitorias. As primeiras sao irreversveis. Apos
a atuacao da protecao, o fornecimento de energia eletrica nao podera ser restabelecido sem que
sejam efetuados os devidos reparos na rede defeituosa. Esse tipo de falta pode ocorrer, por
exemplo, devido ao rompimento dos condutores. As faltas transitorias sao aquelas que ocorrem
sem danos fsicos ao sistema de potencia. Isto significa que a operac
ao normal da rede eletrica
podera ser restabelecida sem maiores dificuldades apos a atuac
ao da protec
ao, cujo estudo
envolve basicamente:
a calibracao dos reles sensveis a falta, que comandam os equipamentos de protec
ao;
a capacidade dos equipamentos que devem interromper a corrente na linha com defeito
(disjuntores, religadores automaticos, chaves fusveis);
a caracterstica desejavel nos equipamentos (geradores, transformadores, barramentos) no
que diz respeito a suportar os esforcos impostos durante o defeito.
Para se ajustar adequadamente os reles, determinar as caractersticas de interrupcao dos
disjuntores e estimar os esforcos sobre os equipamentos do sistema e necessario calcular algumas
grandezas basicas para esta finalidade, tais como:
a corrente de falta;
as tensoes pos-falta em todas as barras do sistema;
as correntes pos-falta ao longo de toda a rede;
O texto a seguir descreve os fundamentos teoricos usados na analise de curto circuito.

5.3

M
aquina Sncrona sob Curto-Circuito Trif
asico

A modelagem da maquina sncrona para a analise de faltas e feita com base no seu comportamento sob condicoes de um curto circuito trifasico nos seus terminais. A figura 5.1 mostra o
circuito monofasico equivalente de um gerador sncrono operando em vazio, sujeito a um curto
circuito trifasico solido.1

i(t)

+
Chave fecha
em (t = 0)

e(t)
-

Figura 5.1: Maquina sncronas sujeita a um curto circuito trifasico

Quando a chave S fecha em t = 0, a corrente eletrica correspondente `a tensao


e(t) = Vm sin(t + )
1

O texto a seguir e baseado nas referencias [1, 2, 6].

R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot

149

i(t) =

Vm
Z

Rt
sin(t + ) sin( ) exp L

L
onde Z = R2 + 2 L2 e = arctan(
).
R
A corrente de curto circuito e expressa por
i(t) = iac (t) + icc (t)
Rt
Vm
Vm
onde iac (t) =
sin(t + ) e icc (t) =
sin( ) exp L sao denominadas respectivaZ
Z
mente componente alternada e componente contnua da corrente de curto circuito. Em geral a
componente contnua existe em t = 0 e sua magnitude pode ser tao grande quanto a da corrente
de regime permanente.
O valor da corrente de curto circuito i(t) depende do angulo , da onda de tensao. Como
o instante em que ocorre a falta nao e previsto, nao e conhecido a priori. Alem disso, desde
que as tensoes trifasicas do gerador sncrono estao defasadas de 1200 , cada fase tera um valor
diferente da componente de corrente contnua. Esta componente decresce rapidamente, em geral
dentro de 8 a 10 ciclos.
O valor da indutancia L e suposto constante, apesar de que `a rigor imediatamente apos a
ocorrencia da falta a reatancia da maquina sncrona varia com o tempo. Assim, costuma-se
representar o gerador sncrono por uma tensao constante em serie com uma impedancia variante
no tempo, a qual consiste basicamente da reatancia indutiva, desde que a resistencia das bobinas
da armadura e muito menor em magnitude do que a reatancia do eixo direto.
A forma da corrente de falta, que pode ser registrada por um oscilografo, representac
ao na
qual freq
uentemente a componente contnua da corrente e removida. Nesses registros, pode ser
verificado que a amplitude da forma senoidal decresce de um valor inicial alto ate um valor de
regime permanente mais baixo. Observa-se que o fluxo magnetico associado `as correntes de curto
circuito na armadura (ou pela fmm resultante na armadura) inicialmente percorre os caminhos
de alta relutancia que nao enlacam o enrolamento de campo ou os circuitos amortecedores
da maquina. Segundo o Teorema dos Fluxos de Dispersao Constante, o enlace de fluxo num
caminho fechado n
ao pode variar instantaneamente. A indutancia da armadura e inversamente
proporcional a relutancia, e portanto seu valor e inicialmente baixo. Na medida em que o fluxo
percorre os caminhos de relutancia mais baixa, a indutancia da armadura aumenta.
Uma interpretacao alternativa indica que o fluxo magnetico atraves do entreferro da maquina
possui valor elevado no instante de tempo em que a falta ocorre, apos o qual comeca a decrescer.
Quando a falta ocorre nos terminais da maquina sncrona, algum tempo e necessario ate a
reducao do fluxo atraves do entreferro. Desde que a tensao produzida pelo fluxo no entreferro
regula a corrente, enquanto o fluxo decresce a corrente da armadura tambem decresce.
A componente alternada da corrente de falta iac (t) pode ser modelada por um circuito RL
serie com indutancia variante no tempo L(t) ou reatancia X(t) = L(t). Para o calculo da
corrente de falta, esta reatancia variante pode ser representada por tres valores basicos:
00

a reatancia subtransitoria de eixo direto, denotada Xd , que predomina durante o primeiro


ciclo apos a ocorrencia da falta (ate 0,05-0,10 segundos). Este valor inclui a reatancia de
dispersao das bobinas do estator e do rotor do gerador, as influencias dos enrolamentos
amortecedores e as partes solidas consideradas na dispersao do rotor;
0

a reatancia transitoria de eixo direto, denotada Xd , que predomina durante alguns ciclos
em 60 Hz (ate 0,2-2,0 segundos). Este valor inclui a reatancia de dispersao do estator e as

150

Captulo 5: An
alise de Curto Circuito

00

00

bobinas de excitacao do gerador. Em geral Xd > Xd , ou Xd Xd (se os polos do rotor


sao laminados e nao possuem enrolamentos amortecedores).

a reatancia sncrona de eixo direto, denotada Xd , que predomina em regime permanente.


Este valor inclui a reatancia de dispersao do estator e a reatancia de reac
ao da armadura
00
0
da maquina sncrona, tal que Xd < Xd < Xd .

Na maquina de polos salientes, o ndice d se refere a uma posic


ao do rotor em que o eixo das
bobinas do rotor coincide com o eixo das bobinas do estator, tal que o fluxo magnetico passa
diretamente atraves da face polar, razao pela qual este eixo e denominado eixo direto. Por outro
lado, o eixo em quadratura esta defasado 900 eletricos do eixo direto adjacente, sendo associado
00
0
a`s grandezas Xq , Xq e Xq . Porem, se a resistencia da armadura e pequena as reatancias do
eixo em quadratura nao afetam significativamente a corrente de curto circuito e portanto nao
sao relevantes para o calculo da corrente de falta. Nas maquinas de rotor cilndrico, os valores
de Xd e Xq sao aproximadamente iguais, e portanto nao ha necessidade da diferenciac
ao.

Curto circuito trifsico corrente na fase "a" = 0


15

10

ia, A

10

15

0.1

0.2

0.3

0.4
t, sec

0.5

0.6

0.7

0.8

Figura 5.2: Curto circuito trifasico na maquina sncrona - corrente na fase a

As figuras 5.2, 5.3 e 5.4 ilustram a variac


ao da corrente nas fases de uma maquina sncrona
de polos salientes, com valores nominais 500 MVA, 30 kV, 60 Hz, sujeita a um curto circuito
trifasico solido nos terminais da armadura (ver referencia [7], pagina 327, para maiores detalhes
sobre a obtencao dessas curvas).

R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot

151

Curto circuito trifsico corrente na fase "b" = 0


25

20

ib, A

15

10

0.1

0.2

0.3

0.4
t, sec

0.5

0.6

0.7

0.8

Figura 5.3: Curto circuito trifasico na maquina sncrona - corrente na fase b

Curto circuito trifsico corrente na fase "c" = 0


5

ic, A

10

15

20

25

0.1

0.2

0.3

0.4
t, sec

0.5

0.6

0.7

0.8

Figura 5.4: Curto circuito trifasico na maquina sncrona - corrente na fase c

Observa-se nestas figuras, que a magnitude da corrente e alta no instante imediato apos a
ocorrencia da falta e tende a se manter constante apos um determinado intervalo de tempo. Os
diferentes valores da reatancia da maquina sncrona durante o curto circuito trifasico sao dados
por
Emax
Emax
Emax
00
0
Xd = 00
Xd = 0
Xd =
Imax
Imax
Imax
onde Emax e a tensao maxima fase-neutro pre-falta do gerador. Apesar da sua variac
ao inicial,
valores constantes de reatancia sao utilizados nos diferentes tipos de modelagem. Assim, a
00
0
reatancia subtransitoria Xd e usada na analise de curto circuito, a reatancia transitoria Xd e
usada em estudos de estabilidade transitoria e a reatancia sncrona Xd e utilizada em estudos

152

Captulo 5: An
alise de Curto Circuito

de regime permanente.

5.4

Curto-Circuito Trif
asico

Na analise de curto circuito, supoe-se que antes da falta ocorrer o sistema esta operando em
regime permanente, tal que o fluxo de potencia nas linhas de transmissao e as tensoes complexas
nas barra sao conhecidos. Se um curto-circuito trifasico ocorre na barra j, a determinac
ao
das correntes que circulam na rede eletrica requer a definic
ao das premissas sumarizadas nas
subsecoes a seguir.

Condi
c
ao de operac
ao pr
e-falta
` rigor, a condicao de operacao da rede eletrica antes da falta e representada pelas correntes e
A
tensoes nodais obtidas na solucao do problema de fluxo de potencia. Porem, em funcionamento
normal as tensoes sao mantidas proximas ao seu valor nominal, de forma que as correntes prefalta sao quase que puramente reais. Por outro lado, a variac
ao da corrente nas linhas devida
a falta e predominantemente reativa. Assim, a corrente total, que e a expressa como a soma
vetorial de duas correntes (pre e pos-falta) defasadas de quase 900 , e praticamente igual `a maior
dessas duas correntes. Isto equivale a ignorar as cargas e as admitancias shunt e adotar as
seguintes hipoteses simplificadoras:
as correntes pre-falta sao nulas
as tensoes pre-falta sao todas iguais a 100 pu (ou a um valor pre-especificado).

Representa
c
ao da rede el
etrica
Para determinar o circuito equivalente da rede antes da falta, deve-se inicialmente modelar
analiticamente cada componente componentes do sistema, basicamente as linhas de transmissao,
os geradores e motores sncronos e de induc
ao, os transformadores e as cargas.
Em geral, a susceptancia em derivac
ao e a resistencia serie das linhas de transmissao sao
desprezadas e portanto as linhas sao representadas pelas sua reatancia serie equivalente (de
seq
uencia positiva).
Os geradores e motores sncronos sao representados por uma forca eletromotriz interna constante em serie com a reatancia subtransitoria, conforme ilustrado na figura 5.5. Geralmente,
a resistencia da armadura, a saliencia dos polos e os efeitos de saturac
ao sao desprezados. Os
motores de inducao de pequeno porte (potencia menor do que 50 HP) nao sao considerados e
os de grande porte (potencia maior do que 50 HP) sao representados de forma semelhante a das
maquinas sncronas.
Os transformadores sao representados pela sua reatancia de dispersao, conforme mostrado na
figura 5.6. A resistencia dos enrolamentos, as admitancias shunt correspondentes aos parametros
transversais e os deslocamentos de fase Y s
ao desprezados.
Geralmente todas as cargas nao rotativas sao desprezadas. Porem, cargas significativas
podem ser representadas por uma admitancia em derivac
ao, conforme mostrado na figura 5.7.

R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot

153

00

Zgi = jXd
Vi

Vi

+
Efi
-

G
Sgi = Pgi + jQgi

Figura 5.5: Representacao das maquinas sncronas

Vi

jXt

Vj

Figura 5.6: Representacao dos transformadores

Vi

Vi

Idi
Sdi = Pdi + jQdi

Idi
Ydi =

Pdi jQdi
Vi2

Figura 5.7: Representacao das cargas

A simplificacao resultante dessas suposic


oes nao e valida para todos os casos da analise de
faltas. Por exemplo, as linhas de distribuic
ao primaria e secundaria possuem valor de resistencia
serie que pode reduzir significativamente a magnitude das correntes de falta e portanto nao
devem ser desprezadas no calculo das correntes de curto circuito.

An
alise por Reduc
ao de Circuito
Para mostrar como e feita a analise de um curto circuito trifasico, considere o sistema mostrado
na figura 5.8. O circuito monofasico equivalente antes da ocorrencia da falta e mostrada na
figura 5.9. o qual pode ser reduzido a forma mostrada na figura 5.10.

154

Captulo 5: An
alise de Curto Circuito

T1

LT

T2

Figura 5.8: Sistema exemplo


jXt1

jXg

jXlt

jXt2

jXm
Chave S

Eg

Em

Figura 5.9: Circuito equivalente (1)

jXeq

jXg

Chave S
+

Em

Eg

Figura 5.10: Circuito equivalente (2)

As tensoes internas das maquinas Eg e Em s


ao supostas constantes para o calculo da corrente
de falta. Quando ocorre um curto circuito trifasico solido na barra 1, a tensao nesta barra se
anula. Esta condicao pode ser representada analiticamente por duas fontes opostas e de mesma
magnitude conectadas em serie, conforme mostra a figura 5.11. A magnitude da tensao em
ambas as fontes e Vi0 , valor da tensao pre-falta na barra onde ocorre o curto circuito.
A solucao do circuito eletrico mostrado na figura 5.11, para o calculo da corrente de falta
pode ser obtida aplicando-se o Teorema da Superposic
ao. Para isto, dois circuitos sao resolvidos.

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155

jXt1

1
00

Ig

00

00

IF
+

jXg1

Im

V10

jXm

Eg

Em

V10
+

Figura 5.11: Circuito equivalente (3)

00

O primeiro, mostrado na figura 5.12, fornece a resposta a uma das quatro fontes de tensao, Ig1 ,
00
00
importante observar que, sob o ponto de vista de contribuic
IF1 e Im1 . E
ao para a corrente de
falta, este circuito pode ser interpretado como o equivalente de Thevenin visto da barra onde
ocorre a falta. O segundo circuito, apresentado na figura 5.13, fornece a resposta `as outras tres

j(Xt1 + Xlt + Xt2 )


2

1
00

I g1

00

00

I F1

Im1

jXg1

jXm
+
V10
+

Figura 5.12: Circuito equivalente (4)

00

00

00

fontes de tensao, Ig2 , IF2 e Im2 . Desde que Vi e a tensao no ponto do curto circuito antes da
falta ocorrer, este circuito representa a condic
ao de operac
ao pre-falta do sistema. A fonte de
tensao conectada entre a barra 1 e o no de referencia nao exerce nenhum efeito sobre o sistema,
00
e portanto a contribuicao `a corrente de falta IF2 e nula, conforme mostra o circuito da figura
5.14.
A corrente subtransitoria de falta e simplesmente
00

00

IF = IF1

156

Captulo 5: An
alise de Curto Circuito

j(Xt1 + Xlt + Xt2 )


2

1
00

I g2

00

00

I F2
+

jXg

Im2

V10

jXm

Em

Eg

Figura 5.13: Circuito equivalente (5)

j(Xt1 + Xlt + Xt2 )


2

1
00

I g2

00

Im2

+
jXg1

jXm
V10

+
Eg

Em
-

Figura 5.14: Circuito equivalente (6)

e as contribuicoes do gerador e do motor `a corrente de falta sao respectivamente


00

00

00

00

00

Ig = Ig1 + Ig2
00

Im = Im1 + Im2
00

00

onde Ig2 = Im2 e a corrente pre-falta no gerador.


Ex. 5.1 Suponha que o gerador sncrono da figura 5.8 est
a suprindo potencia aparente nominal,
com fator de potencia 0,95 atrasado e a uma tens
ao 5% acima da nominal.Os par
ametros do
referido sistema s
ao os seguintes:
gerador sncrono: 100 MVA, 13,8 kV, 0,2857 /fase;
transformador 1: 100 MVA, 13,8()/138(Y ) kV, 0,1904 /fase (referida ao lado de baixa
tens
ao);

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157

linha de transmiss
ao: 20 /fase;
transformador 2: 100 MVA, 13,8()/138(Y ) kV, 0,1904 /fase (referida ao lado de baixa
tens
ao);
motor sncrono: 100 MVA, 13,8 kV, 0,3809 /fase;
Calcular os valores no sistema por unidade e em unidades reais,
da corrente subtransit
oria de falta;
das correntes subtransit
orias do gerador e do motor, desprezando as correntes pre-falta;
das correntes subtransit
orias do gerador e do motor, considerando as correntes pre-falta;
Adotando como base os valores nominais do gerador sncrono, a imped
ancia base no lado de
13,8 kV dos transformadores e
13, 82
Zb =
= 1, 9044
100
os par
ametros dos componentes da rede em estudo no sistema por unidade s
ao:
00

gerador: Xg =

0, 2857
= 0, 15 pu;
1, 9044
00

00

transformadores: Xt1 = Xt2 =


00

linha de transmiss
ao: XLT =
00

motor sncrono: Xm =

0, 1904
= 0, 10 pu;
1, 9044

20, 0
= 0, 105 pu
190, 44

0, 3809
= 0, 20 pu;
1, 9044

A imped
ancia equivalente vista do ponto onde ocorre a falta e
Zth = jXth =

0, 150(0, 505)
= j0, 1156 pu
0, 150 + 0, 505

e a tens
ao pre-falta e VF = 1, 0500 pu.
A corrente de falta e portanto
00

IF =

V10
1, 0500
=
= j9, 079 pu
Zth
j0, 1156

Se as correntes pre-falta n
ao s
ao consideradas, as contribuic
oes do gerador e do motor `
a
corrente de falta s
ao, respectivamente,

0, 505
00
Ig1 =
IF = j7, 000 pu
0, 150 + 0, 505

0, 150
00
Im1 =
IF = j2, 079 pu
0, 150 + 0, 505
A corrente base para o gerador e para o motor e dada por
100
= 4, 1837 kA
Ib =
3 13, 8

158

Captulo 5: An
alise de Curto Circuito

A corrente pre-falta no gerador e


100
Ig2 =
arccos 0, 95
3(1, 05 13, 8)
= 3, 9845 18, 190 kA 0, 9524 18, 190 pu
e no motor e Im2 = Ig2 , tal que as contribuic
oes do gerador e do motor `
a corrente de falta s
ao
respectivamente
00

00

00

Ig = Ig1 + Ig2
= j7, 000 + 0, 9524 18, 190
= 7, 353 82, 90 pu
= 30, 7627 82, 90 kA
00

00

00

Im = Im1 + Im2
= j2, 079 0, 9524 18, 190
= 1, 999243, 10 pu
= 8, 3632243, 10 kA
Neste caso, a corrente de falta e
IF = 7, 353 82, 90 + 1, 999243, 10
= 9, 079 89, 970 pu = 37, 9852 89, 970 kA
Observa-se que as correntes pre-falta n
ao afetam significativamente o valor da corrente de
falta. Em geral essas correntes possuem valor reduzido e podem ser desprezadas no c
alculo das
contribuic
oes a corrente de falta de cada ramo.

Uso da Matriz Imped


ancia de Barra
Segundo o Teorema da Superposicao, a tensao numa barra generica k apos um curto-circuito
trifasico solido numa barra j e dada por
Vkpf = Vk0 + Vk
onde Vk0 e a tensao pre-falta na barra k e Vk representa a variac
ao de tensao na barra j ap
os
o curto circuito.
A operacao em regime permanente e representada pela equac
ao
Ibarra = Ybarra Vbarra
ou alternativamente,
Vbarra = Zbarra Ibarra
tal que na operacao pos-falta,

Vpf = Zbarra I0barra + Ipf


barra
onde, I0barra e Ipf
ao os vetores das injec
oes de corrente nas barras nas condic
oes pre e
barra s
pos falta, respectivamente, e Zbarra e uma matriz densa, cujos termos diagonais, denominados

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159

0 (referencia)
VF
+

Z1j

Znj

Z12

Z2j
Z22

Z11

Zjj

I1
1

I2

Znn
Ij

In
n

V1

V2
-

Vj
-

Vn

Figura 5.15: Representacao da falta na barra j (1)

impedancias proprias da barra i, representam todos os caminhos entre a barra i e a terra, ou


seja, a impedancia do circuito equivalente de Thevenin visto da barra i. Os elementos fora da
diagonal sao chamados impedancias de transferencia entre duas barras adjacentes.
A analise da condicao pos-falta pode ser feita com base no diagrama da figura 5.15, onde e
representada a operacao do sistema balanceado em regime permanente.
Se a corrente pre-falta e desprezada, quando a chave localizada na barra j esta aberta, a
corrente de falta e nula e a tensao em cada barra e igual a tensao pre-falta, isto e,
Vk0 = VF0 ,

k = 1, . . . , n

O curto circuito na barra j pode ser representado pelo fechamento da chave localizada nesta
barra. Neste caso, a tensao nesta barra se anula, porem a injec
ao de corrente e diferente de zero,
isto e,
Vjpf = 0
00

I Fj =
00

VF0
Zjj

onde, IFj e a injecao de corrente na barra j.


O curto circuito trifasico pode ser visto como uma fonte que injeta uma corrente igual a
IFj na barra j (elemento j do vetor Ibarra ), enquanto que todos os outros elementos do vetor
das injecoes de corrente Ibarra ), sao nulos. Assim, a variac
ao da tensao em cada barra devida

160

Captulo 5: An
alise de Curto Circuito

ao curto circuito na barra j e dada por


V1
Z11 Z12
V2 Z21 Z22


.. ..
..
. .
.

Vbarra =
=

Vj Zj1 Zj2
.. ..
..
. .
.
Vn
Zn1 Zn2
resultando

V1
V2
..
.

Z1j
Z2j

Z1n
Z2n
..
..
.
.
Zjn


Zjj
..

.
Znj

Znn

Z1j IFj
Z2j IFj
..
.

Vj = Zjj IF
j

..
..
.
.
Znj IFj
Vn

0
0
..
.

IF
j

..
.
0

pos. j

Apenas a j-esima coluna da matriz impedancia de barra e necessaria para se calcular a


variacao da magnitude da tensao em cada barra quando ocorre um curto circuito trifasico na
00
barra j. A corrente IFj induz uma queda de tensao em cada ramo do circuito, a qual e dada por

Zkj IFj =

Zkj
Zjj

VF

tal que, em termos genericos a tensao na barra k em relac


ao ao neutro e

Zkj
VF0
Vkpf = 1
Zjj
A figura 5.16 mostra a representac
ao do curto circuito trifasico na barra j, quando o mesmo
ocorre atraves de uma impedancia de falta ZF .

Vj

j
ZF

IFj

Figura 5.16: Representacao da falta na barra j (2)


Neste caso,
Vjpf = Vj0 + Vj
= ZF IFj

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161

Vj0
=
(ZF + Zjj )

I Fj
onde Vj0 = VF0 , tal que
Vk =

Zkj
V0
(ZF + Zjj ) F

k = 1, 2, . . . , n

e, desde que
Vkpf = Vk0 + Vk
entao
Vkpf = VF0
ou seja,

Zkj
V0
(ZF + Zjj ) F

Vkpf

Zkj
= 1
VF0
(ZF + Zjj )

e, no caso particular da barra j,

Vkpf

ZF
=
VF0
(ZF + Zjj )

Apos o calculo da tensao pos-falta em cada barra, e possvel determinar a corrente pos-falta
em todos os componentes da rede eletrica. Por exemplo, a corrente na linha de transmissao que
interliga as barras i e j e dada por

Vipf Vjpf
Ipf
ij =
Zserij
onde Zserij e a impedancia serie da linha de transmissao.
Ex. 5.2 Considere o sistema do exemplo 5.1, onde a tens
ao pre-falta e 1,05 pu e que as correntes
pre-falta s
ao desprezadas. O circuito monof
asico equivalente e mostrado na figura 5.17, para o
qual as matrizes admit
ancia e imped
ancia de barra s
ao respectivamente

Ybarra
Zbarra

9, 9454 3, 2787
= j
3, 2787 8, 2787

0, 1156 0, 0458
1
= Ybarra
=j
0, 0458 0, 1389

A corrente subtransit
oria de falta e dada por
00

VF
Z11
1, 0500
=
j0, 1156
= j9, 079 pu

IF1 =

162

Captulo 5: An
alise de Curto Circuito

j3, 2787 pu

1
00

Ig

2
00

Im

+
j6, 666 pu

j5, 0 pu
VF

00

Em

00

Eg

Figura 5.17: Circuito equivalente - exemplo 5.2

a as tens
oes nas barras 1 e 2 s
ao respectivamente

Z11
V1 = 1
VF
Z11
= 0 pu

Z21
VF
V2 = 1
Z11

j0, 0458
= 1
1, 0500
j0, 1156
= 0, 63400 pu
A contribuic
ao da linha de transmiss
ao `
a corrente subtransit
oria de falta e dada por
00

V2 V1
j(XLT + Xt1 + Xt2 )
0, 634200 0, 000
=
j0, 305
= j2, 079 pu

I21 =

e a contribuica
o do gerador `
a corrente subtransit
oria de falta e
00

00

00

Ig = IF I21
= j9, 079 + j2, 079
= j7, 000 pu
Supondo a ocorrencia de um curto circuito trif
asico s
olido na barra 2, a subtransit
oria de
falta e dada por
00

VF
Z22
1, 0500
=
j0, 1389
= j7, 558 pu

IF2 =

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163

e as tens
oes nas barras 1 e 2 s
ao respectivamente,

Z12
V1 = 1
VF
Z22

j0, 0458
= 1
1, 0500
j0, 1389
= 0, 70300 pu

Z22
V2 = 1
VF
Z22
= 0, 0 pu
A contribuic
ao da linha de transmiss
ao `
a corrente subtransit
oria de falta e
V1 V2
j(XLT + Xt1 + Xt2 )
0, 70300 0, 000
=
j0, 305
= j2, 308 pu

00

I12 =

e a contribuica
o do motor `
a corrente subtransit
oria de falta e dada por
00

00

00

Im = IF I12
= j7, 557 + j2, 307
= j5, 249 pu

5.5

Capacidade de Curto-Circuito

Considere a secao generica de um sistema de potencia mostrada na figura 5.18, e suponha que em
um dado instante ocorre um curto-circuito trifasico solido na barra 3. A corrente subtransitoria
de falta e dada por
V0
I F3 = F
Z33
A tensao nesta barra, que antes da falta era aproximadamente igual a 1,0 pu, sera reduzida
instantaneamente a zero. As barras 1 e 2, contendo fontes ativas, imediatamente comecar
ao
a alimentar a falta com as correntes IF13 e IF23 , atraves das linhas 1-3 e 2-3, respectivamente.
A magnitude dessas correntes depende do valor da impedancia das respectivas linhas de transmissao, atingindo geralmente valores superiores aos valores nominais da corrente de operac
ao.
Os disjuntores D1 e D2 sao controlados pelos respectivos reles para isolar a barra sujeita `a
falta. A magnitude da tensao em todas as barras da rede sera reduzida durante a ocorrencia
do curto-circuito. O valor dessa queda de tensao e uma indicac
ao da forca da barra. Quanto
menos for reduzida a tensao quando ocorrer um curto-circuito em outra barra, mais forte e a
barra considerada. A medida dessa forca e feita atraves da grandeza denominada capacidade de
curto-circuito (CCC), a qual e usada na especificac
ao dos disjuntores e definida como o produto
da tensao antes da falta (VF0 ) pela corrente de falta (IFj ), quando o curto circuito ocorre na
barra j, ou seja,
CCC = VF0 IFj

164

Captulo 5: An
alise de Curto Circuito

G1

G2

2
00

00

IF13

IF12

D1

D2
3
Carga

Figura 5.18: Secao generica de um sistema de potencia

em pu e
CCC =

0
3VF IFj

com VF0 em kV entre linhas e IFj em kA por fase.


Desde que em geral VF0 = 1, 0 pu, ent
ao
CCC = IFj (pu)
tal que no caso do curto-circuito s
olido
IFj =

VF0
Zjj

e
CCC =

1
Zjj

Ex. 5.3 Os dados do sistema cujo diagrama unifilar e mostrado na figura 5.19 s
ao os seguintes:
00

gerador: 30,0 MVA, 13,8 kV, Xg =20 %;


transformador: 30,0 MVA, 13,8/6,9 kV, Xt =10 %;
00

motores: 8,0 MVA, 6,9 kV, Xm =15 %;


Supondo que ocorre um curto circuito trif
asico s
olido (envolvendo a terra) na barra 2, determinar:
a corrente (em Amperes) que flui para a terra;
a corrente (em Amperes) que flui para o defeito no ponto do defeito;
a capacidade de curto circuito das barras 1 e 2 em MVA;
a corrente (em Amperes) que deve ser interrompida pelos disjuntores 1, 2 e 3;

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165

2
3
M

1
G

4
M
5
M

Figura 5.19: Exerccio

Desprezar as correntes de carga; supor a tens


ao de 1,0 pu em todo o sistema imediatamente
antes da ocorrencia do defeito; usar como base 100 MVA e as tens
oes nominais dos equipamentos.
valores das imped
ancias dos equipamentos no sistema por unidade na base 100 MVA e
tens
oes nominais:

13, 8 2
gerador: Xg = 0, 20
= 0, 667 pu;
13, 8

100
13, 8 2
transformador: Xt = 0, 10
= 0, 333 pu;
30
13, 8

100
6, 9 2
00
motores: Xm = 0, 15
= 1, 875 pu;
8
6, 9

00

100
30

matrizes admit
ancia e imped
ancia de barra:

Ybarra = j

4, 5 3, 0
3, 0 4, 6

Zbarra =

1
Ybarra

=j

0, 393 0, 256
0, 256 0, 385

100 1000
= 4183, 7 A
Corrente base no gerador: Ibg =
3 13, 8
Corrente base no motor: Ibm =

100 1000

= 8367, 4 A
3 6, 9

corrente que flui para a terra: In = 0;

166

Captulo 5: An
alise de Curto Circuito

corrente subtransit
oria de falta:
00

VF0 2
Z22
1, 0000
=
j0, 385
= j2, 6 pu

I F2 =

= j21, 755 kA
capacidades de curto circuito (CCC):
barra 1: CCC1 =

1, 0
1, 0
=
= 2, 54 pu = 254 M V A;
Z11
|j0, 393|

barra 2: CCC2 = IF2 = | j2, 6| = 2, 6 pu = 260 M V A;


tens
oes p
os-falta:

Z12
V1 = 1
V1
Z22

j0, 256
1, 0000
= 1
j0, 385
= 0, 33300 pu
V2 = 0, 0 pu
correntes a serem interrompidas pelos disjuntores 1, 2 e 3:

I1 = I12
V1 V2
=
Z12
0, 333 0, 0
=
j0, 333
= j1, 0 pu
= j4, 1837 kA
I2 = I1
= j1, 0 pu
= j8, 3674 kA
I F2 I 2
3
j2, 6 (j1, 0)
=
3
= j0, 533 pu

I3 =

= 4, 4626 kA

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5.6

167

Redes de Seq
u
encia

As redes de seq
uencia sao circuitos monofasicos determinados com os componentes de um mesmo
tipo de seq
uencia. Conforme visto no captulo 1, em termos de elemento passivo os componentes
do sistema de potencia sao caracterizados pelas suas respectivas impedancias de seq
uencia positiva, negativa e zero.
A representacao das cargas, das linhas de transmissao, das maquinas sncronas e dos motores
de induc
ao, vistos no captulo 1, sao apresentados novamente nas figuras 5.20, 5.21 e 5.22.
Zy

Ia1

Zy

Ia2

Zy

Va1

Va2

Sequencia Positiva

Ia0
+

3Zn

Va0
-

Sequencia Negativa

Sequencia Zero

Figura 5.20: Circuitos de seq


uencia da carga conectada em Y-aterrado

Ia1

Z1

Ia2

+
Va1

Z2

Ia0

Va1

Va2

Va2

Sequencia Positiva

Sequencia Negativa

Z0

Va0

Va0

Sequencia Zero

Figura 5.21: Circuitos de seq


uencia da linha de transmissao

Z g1

Ia1

+
Efa
Sequencia Positiva

Z g2

I a2

Zg0

Va1

Va2

Sequencia Negativa

Ia0
+

3Zn

Va0
-

Sequencia Zero

Figura 5.22: Circuitos de seq


uencia do gerador sncrono

Os circuitos equivalentes de seq


uencia zero do transformador sao mostrados a seguir.

168

Captulo 5: An
alise de Curto Circuito

Transformadores
Um modelo simplificado consistindo apenas de uma reatancia e adotado para representar o
transformador. Desde que os transformadores sao equipamentos estaticos, a impedancia de
dispersao nao variara se a seq
uencia de fase for alterada. Por esta razao, a impedancia de
seq
uencia positiva deste equipamento e igual `a sua impedancia de dispersao, a qual e obtida
atraves do ensaio de curto-circuito, isto e,
Z1 = Z2 = jXt
A impedancia de seq
uencia zero dos transformadores depende da forma de conexao dos
enrolamentos (Y , Y aterrado ou ). Os diversos casos possveis de conexao sao mostrados a
seguir.

Conex
ao Y Y com aterramento em ambos os lados
Quando o neutro de ambos os lados do transformador esta aterrado, ha um caminho que permite
que as correntes de seq
uencia zero circulem nos dois lados do transformador. O circuito de
seq
uencia zero do transformador trifasico com conexao Y -aterrado/Y -aterrado e apresentado na
figura 5.23.
O transformador com conexao Y Y solidamente aterrada nos dois lados e um caso particular
do anterior. A rede de seq
uencia zero correspondente a este tipo de conexao e a mesma da figura
5.23, com ZN = Zn = 0 e Z0 = Z1 = Z2 = jXt

3ZN

Z0

3Zn

Figura 5.23: Transformador trifasico com conexao Y -aterrado/Y -aterrado - circuito de


seq
uencia zero

Se o transformador trifasico possui conexao Y Y sem aterramento, ZN = Zn = , o que


pode ser interpretado como um circuito aberto substituindo as impedancias de aterramento.
Neste caso, a inexistencia de aterramento impede que as correntes de seq
uencia zero circulem
no transformador.
No caso da conexao Y -solidamente aterrado / Y -sem aterramento, ZN = 0 e Zn = , ou
seja, ha um circuito aberto entre as duas partes do sistema ligadas pelo transformador, o que
impede que as correntes de seq
uencia zero circulem em qualquer sec
ao do transformador.
Se o transformador trifasico possui conexao Y -aterrado - , as correntes de seq
uencia zero
tem um caminho que as possibilita fluir para a terra, pois as correntes induzidas correspondentes
podem circular na conexao . Entretanto, nenhuma corrente de seq
uencia zero saira pelos
terminais do secundario e portanto nao haver
a circulac
ao de correntes de seq
uencia zero nas
linhas conectadas a ligacao . Por esta razao, o circuito equivalente inclui um caminho a partir
da linha do lado Y ate a barra de referencia. Assim, nenhuma corrente de seq
uencia zero e
injetada nos terminais da conexao . O circuito de seq
uencia zero correspondente a este tipo

R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot

3ZN

169

Z0

Figura 5.24: Transformador trifasico com conexao Y aterrado / - circuito de seq


uencia
zero

de conexao inclui um circuito aberto no lado da conexao . Estas considerac


oes sao modeladas
na rede de seq
uencia zero apresentada na figura 5.24.
Os transformadores trifasicos com conexoes Y -solidamente aterrado / e Y nao aterrado /
sao casos particulares da conexao Y aterrado / com ZN = 0 e ZN = , respectivamente.
No caso do transformador trifasico com conexao / , nao existe caminho de retorno para
as correntes de seq
uencia zero e portanto elas nao podem circular fora do transformador, embora
possam circular internamente nos enrolamentos da conexao . A figura 5.25 mostra o circuito
de seq
uencia zero deste tipo de transformador.

Z0

Figura 5.25: Transformador trifasico com conexao / - circuito de seq


uencia zero
Se o transformador trifasico possui tres enrolamentos por fase, o circuito equivalente de
seq
uencia zero e obtido combinando-se os modelos anteriores. Por exemplo, se o primario esta
conectado em Y solidamente aterrado, o secundario em Y solidamente aterrado e o terciario em
, o circuito de seq
uencia zero e semelhante aquele apresentado na figura 5.26.

jXp

jXs
S
T
jXt

Figura 5.26: Transformadores trifasicos de tres enrolamentos com conexao Y aterrado/


/Y aterrado - circuito de seq
uencia zero

170

Captulo 5: An
alise de Curto Circuito

5.7

Faltas Assim
etricas num Gerador `
a Vazio

Redes eletricas podem ser reduzidas a um circuito equivalente de Thevenin visto de qualquer barra. Este conceito pode ser estendido para os sistemas formados pelos componentes
de seq
uencia, resultando em tres circuitos equivalentes de Thevenin, correspondentes as redes
de seq
uencia positiva, negativa e zero. De acordo com a modelagem dos componentes dos sistemas de potencia mostrada no captulo 1, apenas as redes de seq
uencia positiva possuem fontes
independentes e portanto o correspondente circuito equivalente de Thevenin possui uma fonte
ativa, sendo os outros dois circuitos constitudos apenas de uma impedancia equivalente. Assim,
esses circuitos se assemelham aos da figura 5.22, o que possibilita analisar as faltas assimetricas
a partir do gerador sncrono. Para esta finalidade, o seguinte procedimento e adotado:
1. escrever as equacoes que modelam a condic
ao de falta do gerador sncrono no domnio de
fase;
2. converter essas equacoes ao domnio de seq
uencia atraves da matriz de transformac
ao;
3. identificar o circuito de seq
uencia resultante da convers
ao das equac
oes ao domnio de
seq
uencia;

Curto-Circuito Fase-Terra
Considere a figura 5.27, a qual representa um gerador sncrono sujeito a um curto circuito solido
fase-terra na fase a. As equacoes que modelam este tipo de curto circuito no domnio de fase

Va

a
Ia

Vb b

Ib

Zy

Zy

IF

Zy

ZN

Ic
Vc c

Figura 5.27: Representacao do gerador sncrono na falta fase-terra

R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot

171

sao,
Va = 0
Ib = Ic = 0
Em termos de componentes de seq
uencia,

Ia0
1 1 1
Ia
Ia1 = 1 1 a a2 Ib
3
Ia2
1 a2 a
Ic

1 1 1
Ia
1
1 a a2 0
=
3
1 a2 a
0
resultando

Ia0
Ia
1
Ia1 = Ia
3
Ia2
Ia

ou seja,
Ia0 = Ia1 = Ia2

(5.1)

tal que a corrente que flui para a terra e


IF = Ia = 3Ia0
Por outro lado,
Va = Va0 + Va1 + Va2 = 0

(5.2)

Para que as equacoes 5.1 e 5.2 sejam simultaneamente satisfeitas, as redes de seq
uencia do
gerador sncrono devem ser conectados em serie, conforme mostra a figura 5.28. As conexoes

jX1

Ia1

Ea1

Va1

jX2

Ia2

jX0
+
Va2
-

Ia0
+

3ZN

V a0
-

Figura 5.28: Conexao dos circuitos de seq


uencia do gerador sncrono na falta fase-terra
das redes de seq
uencia na forma apresentada na figura 5.28 constituem um modo conveniente de
estabelecer as equacoes para a soluc
ao do problema do curto-circuito fase-terra. Por exemplo,
pode-se calcular a componente de seq
uencia da corrente no circuito da figura 5.28 e ent
ao

172

Captulo 5: An
alise de Curto Circuito

determinar a corrente de falta IF = Ia = 3I0 . Se o neutro do gerador nao estiver aterrado


ZN = e IF = 0, e portanto nao circula corrente na linha a. Isto pode ser visto tambem pela
simples inspecao do circuito trifasico, pois nao existe caminho de retorno para a corrente de
defeito, a menos que o neutro de gerador seja aterrado.

Curto-Circuito Fase-Fase
Va

a
Vb

Ia
b
Zy

Ib

Zy

IF = Ib = Ic

IN = 0
Zy

ZN

Ic
Vc c
Figura 5.29: Representacao do gerador sncrono na falta fase-fase
Este tipo de falta, ilustrado na figura 5.29, e caracterizado pelas seguintes equac
oes no
domnio de fase:
Vb = Vc
Ia = 0
Ic = Ib
Em termos de componentes de seq
uencia:

Ia
Ia0
1 1 1
1
Ia1 = 1 a a2 Ib
3
Ic
Ia2
1 a2 a

0
1 1 1
1
= 1 a a2 Ib
3
Ib
1 a2 a

o que fornece

Ia0
1
Ia1 =
3
Ia2

(0
+ Ib 2 Ib)

aI2 b a Ib
a Ib aIb

R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot

173

ou seja,
Ia0 = 0

(5.3)

Ia2 = Ia1

(5.4)

e
conforme esperado pois o curto nao envolve a terra.
Por outro lado

Va
Va0
1 1 1
Va1 = 1 1 a a2 Vb
3
Va2
1 a2 a
Vc

Va
1 1 1
1
1 a a2 Vb
=
3
1 a2 a
Vb
resultando

Va0
b)
(Va + Vb + V
1
Va1 = Va + aVb + a2 Vb

3
Va + aVb + a2 Vb
Va2

e portanto
Va1 = Va2

(5.5)

Do circuito de seq
uencia zero,
Va0 = (jX0 + 3ZN ) Ia0
pore, desde que Ia0 = 0, entao
Va0 = 0

(5.6)

O exame das equacoes 5.3, 5.4, 5.5 e 5.6 indica que para representar este tipo de falta os
modelos de seq
uencia positiva e negativa devem ser ligados em paralelo, conforme ilustra a figura
5.30.

jX0
+

jX1

I a1 +

Ea1

Va1

jX2

Ia2

+
Va2
-

Ia0
+

3ZN

V a0
-

Figura 5.30: Conexao dos circuitos de seq


uencia do gerador sncrono na falta fase-fase

174

Captulo 5: An
alise de Curto Circuito

Va

a
Va

Ia
b
Ib

Zy

IF = Ib + Ic

Zy

Zy

ZN

Ic
Vc c

Figura 5.31: Representacao do gerador sncrono na falta fase-fase-terra

Curto-Circuito Fase-Fase-Terra
Este tipo de curto e representado na figura 5.31. e as condic
oes que descrevem analiticamente a
falta fase-fase-terra no domnio de fase sao
Vb = Vc = 0
Ia = 0
Em termos de componentes de seq
uencia,

Va0
1 1 1
Va
Va1 = 1 1 a a2 Vb
3
Va2
1 a2 a
Vc

1 1 1
Va
1
1 a a2 0
=
3
1 a2 a
0
resultando

Va0
Va
Va1 = 1 Va
3
Va2
Va

ou seja,

Va
3

(5.7)

Ia = Ia0 + Ia1 + Ia2 = 0

(5.8)

Va0 = Va1 = Va2 =


e

R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot

175

Para que as equacoes 5.7 e 5.8 sejam satisfeitas, as redes de seq


uencia do gerador sncrono
devem ser ligadas em paralelo, conforme mostra a figura 5.33.

jX1

I a1 +

Ea1

Va1

jX2

Ia2

+
Va2

jX0

I a0

3ZN

+
V a0
-

Figura 5.32: Conexao dos circuitos de seq


uencia do gerador sncrono na falta fase-faseterra

Observe-se que,
IF = Ib + Ic
porem,
Ia + Ib + Ic = 3Ia0
e desde que neste caso Ia = 0, entao
IF = Ib + Ic = 3Ia0

Curto Circuito Trif


asico
Este tipo de falta, ilustrado na figura 5.33, e caracterizado pelas seguintes equac
oes:
Va = Vb = Vc = 0
Ia + Ib + Ic = 0
Em termos de componentes de seq
uencia:

Va
Va0
1 1 1
1
Va1 = 1 a a2 Vb
3
Vc
Va2
1 a2 a


0
1 1 1
1
2

0
1 a a
=
3
2
0
1 a
a

resultando
Va0 = Va1 = Va2 = 0

(5.9)

176

Captulo 5: An
alise de Curto Circuito

Va
Vb

a
Ic

b
Ia

Zy

Zy

IN = 0
Ia + Ib + Ic

Zy

ZN

Ib
Vc

Figura 5.33: Representacao do gerador sncrono na falta trifasica

Por outro lado

Ia0
1 1 1
Ia
Ia1 = 1 1 a a2 Ib
3
Ia2
1 a2 a
Ic

1 1 1
Ia
1
1 a a2 a2 Ia
=
3
1 a2 a
aIa

fornecendo

Ia0
0
Ia 1 + a2 + a
1
Ia1 = Ia 1 + a3 + a3 = Ia

3
Ia2
I a 1 + a4 + a2
0

e portanto
Ia0 = 0
Ia1 = Ia

(5.10)

Ia2 = 0
De 5.9 e 5.10, observa-se que a condic
ao estabelecida pela equac
ao 5.9 implica em que todas
as redes de seq
uencia estao em curto, conforme representado na figura 5.34.
Se o curto trifasico nao envolve a terra, ent
ao as condic
oes do defeito sao ainda,
Va = Vb = Vc = 0
Ia + Ib + Ic = 0

R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot

+
Ea1
-

jX1

I a1 +

177

jX2

Ia2

Va1

Va2

jX0
3ZN

I a0

+
Va0
-

Figura 5.34: Conexao dos circuitos de seq


uencia do gerador sncrono na falta trifasica

Note que, desde que Ia0 = 0, o circuito de seq


uencia zero tambem pode ser deixado em
aberto.

5.8

An
alise de Faltas Assim
etricas

Para calcular as correntes de uma falta assimetrica numa rede eletrica aplica-se a mesma tecnica
utilizada no estudo de faltas assimetricas em geradores sncronos operando a vazio. No presente
caso, substitui-se cada rede de seq
uencia (positiva, negativa e zero) do sistema pelo respectivo
circuito equivalente de Thevenin, visto do ponto onde ocorre o defeito. As redes de seq
uencia
de um sistema de potencia sao determinadas acoplando-se adequadamente, segundo o diagrama
unifilar, as redes equivalentes de cada componente da rede eletrica.
O procedimento para o calculo das correntes e tensoes de curto circuito em sistemas de
potencia pode ser resumido nos seguintes passos:
1. Considera-se que as tensoes nas barras sao iguais (em geral a 1,0 pu ou a um valor
fornecido) e despreza-se todas as correntes pre-falta nas linhas do sistemas.
2. Determina-se os circuitos de seq
uencia positiva, negativa e zero do sistema, conectando-se
os circuitos de seq
uencia de cada elemento do sistema de potencia segundo o diagrama
unifilar.
3. Determina-se os circuitos equivalentes de Thevenin das as redes de seq
uencia de seq
uencia
positiva, negativa e zero vistas do ponto do defeito. Observe que a tensao da fonte independente (no circuito de seq
uencia positiva) e a tensao pre-falta referida no item 1. Por
outro lado, a impedancia do equivalente de Thevenin pode ser calculada de duas formas:
por reducao de circuito;
atraves da matriz impedancia de barra.
4. Para se calcular a corrente que fui para o defeito utiliza-se um procedimento analogo aquele
adotado no caso de curto-circuito nos terminais de geradores sncronos funcionando a vazio;
isto e, os circuitos equivalentes de Thevenin das redes de seq
uencia positiva, negativa e
zero sao conectados de acordo com o tipo de falta.
5. As correntes nos elementos do sistema que fluem para o ponto do onde ocorre o curto
circuito sao calculadas desprezando-se as cargas. Estas correntes sao portanto devidas
exclusivamente a falta.

178

Captulo 5: An
alise de Curto Circuito

6. As tensoes de fase e de linha em qualquer ponto da rede devidas exclusivamente ao defeito


sao calculadas a partir da corrente nos elementos do sistema.
7. Se a corrente pre-falta for considerada, as correntes pos-falta nas linhas sao obtidas
aplicando-se o Teorema da Superposic
ao.
8. Obtidas as correntes nas linhas pode-se ent
ao determinar a capacidade de interrupc
ao dos
diversos disjuntores e os ajustes dos reles de protec
ao.
Ex. 5.4 Considere o sistema do exemplo 5.1, com os seguintes dados adicionais:
gerador: bobinas da armadura conectadas em Y solidamente aterrado, com reat
ancias de
seq
uencia Xg1 = 0, 15 pu, Xg2 = 0, 17 pu e Xg0 = 0, 05 pu;
transformadores trif
asicos com conex
ao no lado de Baixa Tens
ao e Y no lado de Alta
tens
ao, com reat
ancias de seq
uencia Xt1 = Xt2 = Xt0 = 0, 10 pu;
linha de transmiss
ao com reat
ancias de seq
uencia XLT1 = XLT1 = 0, 105 pu e XLT0 =
0, 315 pu;
motor sncrono: bobinas da armadura conectadas em Y aterrado atraves de uma reat
ancia
indutiva de 0,05 pu, com reat
ancias de seq
uencia Xm1 = 0, 20 pu, Xm2 = 0, 21 pu e
Xm0 = 0, 10 pu;
Desprezando as correntes pre-falta, calcular no sistema por unidade e em unidades reais a
corrente subtransit
oria de falta e as tens
oes fase-terra na barra onde ocorre a falta,
1. para um curto circuito fase-terra s
olido, na fase a na barra 2;
2. para um curto circuito fase-fase sem envolver a terra, nas fases b e c na barra 2;
3. para um curto circuito fase-fase-terra s
olido, nas fases b e c na barra 2;
matrizes admit
ancia de barra e imped
ancia de barra de seq
uencia positiva:

1
Ybarra

= j

9, 9454 3, 2787
3, 2787 8, 2787

1
Z1barra = Ybarra
=j

0, 1156 0, 0458
0, 0458 0, 1389

matrizes admit
ancia de barra e imped
ancia de barra de seq
uencia negativa:

2
Ybarra

= j

9, 1610 3, 2787
3, 2787 8, 0406

Z2barra

1
Ybarra

=j

0, 1278 0, 0521
0, 0521 0, 1456

R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot

179

matrizes admit
ancia de barra e imped
ancia de barra de seq
uencia zero:

0
Ybarra

= j

20, 0 0, 0
0, 0 4, 0

Z0barra

1
Ybarra

=j

0, 05 0, 00
0, 00 0, 25

1. curto circuito fase-terra s


olido;
Corrente subtransit
oria de falta:
I0 = I1 = I2

I0 =

1, 0500
j(0, 250 + 0, 1389 + 0, 1456)

= j1, 9643 pu

1 1 1
Ia
j5, 893
Ib = 1 a2 a j5, 893
Ic
1 a a2
j5, 893

j5, 893 pu
= 0, 0
0, 0

(4, 184 = 24, 65 kA)

Tens
oes ap
os a falta:

V0
0, 0
j0, 250
0
0
j1, 9643
V1 = 1, 0500
j1, 9643
0
j0, 1389
0
V2
0, 0
0
0
0, 1456
j1, 9643

0, 4910
= 0, 7771
0, 2860

pu

0, 4910
1 1 1
Vag
Vbg = 1 a2 a 0, 7771
0, 2860
1 a a2
Vcg

0, 0
= 1, 179231, 30
1, 179128, 70

2. curto circuito fase-fase;

pu

180

Captulo 5: An
alise de Curto Circuito

Corrente subtransit
oria de falta:
I1 = I2
1, 0500
j(0, 1389 + 0, 1456)
= j3, 690 pu

I0 = 0, 0

Ia
0, 0
Ib = 6, 3911800 (4, 184 = 26, 74 kA1800 )
Ic
6, 3911800 (4, 184 = 26, 74 kA)
Tens
oes ap
os a falta:

0, 0
0
V0
V1 = 1, 0500 j0, 1389 (j3, 690)
j0, 1389
V2
1, 0500

Vag
1 1 1
0, 0
Ibg = 1 a2 a 0, 5373
Icg
1 a a2
0, 5373

1, 075
= 0, 5373 pu
0, 5373
3. curto circuito fase-fase-terra s
olido;
Corrente subtransit
oria de falta:
1, 0500

(0, 1456 0, 250)


j 0, 1389 +
(0, 1456 + 0, 250)
= j4, 5464 pu

0, 25
= j4, 5464
(0, 1456 + 0, 250)
= j2, 873 pu

0, 1456
= j4, 5464
(0, 1456 + 0, 250)
= j1, 6734 pu

j1, 6734
1 1
a2 a j4, 5464
j2, 873
a a2

I1 =

I2

I0

1
Ia
Ib = 1
1
Ic

0, 0
= 6, 898158, 660 (4, 184 = 28, 86158, 660 kA)
6, 89821, 340 (4, 184 = 28, 8621, 340 kA)

R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot

181

Corrente no neutro:
In = Ib + Ic
= 3I0
= j5, 020 pu

(21, 9 kA900 )

Contribuic
oes da linha de transmiss
ao e do motor `
a corrente de falta:
seq
uencia zero:
Linha de transmiss
ao, transformadores e gerador:
ILT0 = It10 = It20 = Ig0 = 0, 0
por causa do tipo de conex
ao dos transformadores trif
asicos;
Motor: Im0 = I0 = j1, 6734 pu;
seq
uencia positiva - aplicando o divisor de corrente no circuito de seq
uencia
positiva:

0, 20
ILT1 = j4, 5464
(0, 20 + 0, 455)
= j1, 3882 pu

0, 455
Im1 = j4, 5464
(0, 20 + 0, 455)
= j3, 1852 pu

seq
uencia negativa - aplicando o divisor de corrente no circuito de seq
uencia
positiva:

0, 21
ILT2 = j2, 783
(0, 21 + 0, 475)
= j0, 8808 pu

0, 475
Im2 = j2, 783
(0, 21 + 0, 475)
= j1, 9922 pu

ILTa
1 1 1
0, 0
ILTb = 1 a2 a j1, 3882
ILTc
1 a a2
j0, 8808

Ima
Imb
Imc

0, 5074900 pu (2, 123900 kA)


= 1, 9813172, 64 pu (0, 8289172, 64 kA)
1, 98137, 357 pu (0, 82897, 357 kA)

j1, 6734
1 1 1
= 1 a2 a j3, 1582
j1, 9922
1 a a2

0, 5074900 pu
= 4, 9986153, 17 pu
4, 998626, 830 pu

(2, 123900 kA)


(20, 91153, 17 kA)
(20, 9126, 830 kA)

182

Captulo 5: An
alise de Curto Circuito

5.9

Exerccios

5.1 Considere o sistema trif


asico cujo diagrama unifilar e mostrado na figura 5.35.

Gerador 1

j0,76

50 MVA
13,8 kV
00

Xg1 = 0, 76

j01,90

Gerador 2

30 MVA
13,8 kV

j1,52

00

Xg2 = 0, 95
Figura 5.35: Diagrama unifilar - exerccio 5.1
As tens
oes pre-falta s
ao todas iguais a 1, 000 pu. Tomando como base os valores nominais
do gerador 1,
determinar o circuito equivalente no sistema em por unidade;
determinar o equivalente de Thevenin visto da barra 2;
determinar a matriz imped
ancia de barra deste sistema;
calcular a corrente subtransit
oria de falta para um curto circuito trif
asico s
olido na barra
2 em pu e em Amperes;
determinar a tens
ao nas barras 1 e 3 sob as condic
oes de falta em pu e em kV;
determinar a corrente na linha 1-2 nessas condic
oes em pu e em Amperes;
calcular a capacidade de curto circuito das barras 1,2 e 3 em pu e em MVA.
5.2 Seja um gerador sncrono de 30 MVA, 13,8 kV, reat
ancia subtransit
oria de eixo direto igual
a 10% e reat
ancias de seq
uencia negativa e zero iguais respectivamente a 13% e 4%. O neutro
do gerador e aterrado atraves de uma reat
ancia de 0,2 . O gerador est
a operando em vazio
com tens
ao nominal nos seus terminais. Determinar a corrente subtransit
oria (em Amperes)
que passa pela reat
ancia de aterramento do neutro, quando nos terminais do gerador ocorre um
curto-circuito s
olido: (a) monof
asico `
a terra, (b) bif
asico sem envolver a terra, (c) bif
asico `
a
terra, (d) trif
asico `
a terra.

R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot

183

5.3 Suponha que o o gerador do sistema cujo diagrama unificar e mostrado na figura 5.36,
operava com tens
ao nominal em seus terminais antes do defeito. Considere ainda que os transformadores s
ao do tipo n
ucleo envolvente e os dados do sistema s
ao os seguintes:
00

00

gerador: 25 MVA, 10 kV, X1 = X2 = 0,125 pu,X0 = 0,05 pu, X1 = 1,15 pu;


transformador T1 : 30 MVA, 10 (Y) /20 (Y-solidamente aterrado) kV, X = 0,105 pu;
linha de transmiss
ao: Z1 = Z2 = 2 + j4 , Z0 = 6 + j12 ;
transformador T2 : 20 MVA, 5 (Y) /20 () kV, X = 0,050 pu;
carga: 10 MW, 5 Mvar, 5 kV.

Gerador

Trafo. T1

LT

Trafo. T2

Y/Y-sol. aterr.

Carga

/Y

Figura 5.36: Diagrama unifilar - exerccio 5.3


Adotando a base de 20 MVA e tens
oes nominais dos equipamentos, determinar:
Os diagramas de seq
uencia positiva negativa e zero e as correntes pre-falta na linha de
transmiss
ao (em amp`eres).
A corrente que flui para o defeito e as correntes p
os-falta na linha de transmiss
ao (am
Amp`eres), se ocorre um curto circuito bif
asico s
olido (sem envolver a terra) na barra de
alta tens
ao do transformador T2 .
5.4 Seja o diagrama unifilar da figura 5.37.
1

M1

T1

LT

T2

M2

Zn

Figura 5.37: Diagrama unifilar - exerccio 5.4


Faca o estudo completo de um curto fase-terra no meio da linha de transmiss
ao. Adote os
valores nominais do gerador como base. Os transformadores s
ao bancos trif
asicos de transformadores monof
asicos e os dados do sistema s
ao os seguintes:
gerador: 30 MVA, 13,8 kV, X1 = X2 = 15 %, X0 = 5 %, Y aterrado, Zn = j2 ;
transformador T1 : 35 MVA, 13,2()/115(Y solidamente aterrado) kV, X = 10 %;

184

Captulo 5: An
alise de Curto Circuito

linha de transmiss
ao: X1 = X2 = 80 , X0 = 250 ;
transformador T2 : 35 MVA, 115 (Y solidamente aterrado)/13,2 () kV, X = 10 %;
motor M1 : 20 MVA, 12,5 kV, X1 = X2 = 20 %, X0 = 5 %, Y aterrado, Zn = j2 ;
motor M2 : 10 MVA, 12,5 kV, X1 = X2 = 20 %, X0 = 5 %, Y sem aterramento;
construir as redes de seq
uencia positiva, negativa e zero.
Determinar os circuitos equivalentes de Thevenin das redes de seq
uencia para defeitos que
ocorram no meio da linha de transmiss
ao.
Desprezando as correntes de carga e considerando que antes do efeito o gerador trabalhava
com tens
ao nominal em seus terminais, determinar:
a corrente que flui para a terra se ocorrer um curto-circuito s
olido no meio da linha
de transmiss
ao.
a corrente que flui para a terra se ocorrer um curto-circuito fase-fase-terra s
olido no
meio da linha de transmiss
ao.
as tens
oes p
os falta em cada caso.
5.5 Considere o sistema mostrado na figura 5.38. As imped
ancias dos componentes s
ao:

G1

T1

LT1

T2

G2

LT2
13,8 kV

69 kV

13,8 kV

Figura 5.38: Diagrama unifilar do problema 5.5

Gerador G1 : X1 = 0, 15 pu, X2 = 0, 10 pu, X0 = 0, 05 pu;


Gerador G2 : X1 = 0, 30 pu, X2 = 0, 20 pu, X0 = 0, 10 pu;
Transformador T1 : X1 = X2 = X0 = 0, 10 pu;
Transformador T2 : X1 = X2 = X0 = 0, 15 pu;
Linha de transmiss
ao LT1 : X1 = X2 = 0, 30 pu, X0 = 0, 60 pu;
Linha de transmiss
ao LT2 : X1 = X2 = 0, 30 pu, X0 = 0, 60 pu;
expressas na base 100 MVA, 13,8 kV nos geradores e 69 kV na linha de transmiss
ao.
Supondo que a tens
ao pre-falta e 1,0 pu e que as correntes pre-falta s
ao desprezadas, determine:

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185

os circuitos de seq
uencia positiva, negativa e zero.
a matriz admit
ancia de barra correspondente a cada circuito de seq
uencia.
as correntes de falta (em pu e em Amperes) no caso de:
um curto circuito trif
asico s
olido na barra 1.
um curto circuito fase-terra (fase a) na barra 1, com imped
ancia de falta nula.
Para o curto circuito fase-terra do item anterior, calcule (em pu e em Amperes):
a corrente no neutro do gerador 1.
a corrente no neutro do transformador 1.
5.6 Considere o sistema eletrico mostrado na figura 5.39, onde A, B, C, D e E representam
disjuntores.

3
1
G1

2
TR

LT

G2

C
E

G3
Figura 5.39: Diagrama unifilar - exerccio 5.6
Os valores de placa dos equipamentos s
ao os seguintes:
00

00

gerador G1 : 100 MVA, 13,8 kV, Xg1 = Xg2 = 0,10 pu,Xg0 = 0,33 pu;
00

00

geradores G2 e G3 : 100 MVA, 138 kV, Xg1 = Xg2 = 0,80 pu,Xg0 = 0,20 pu;
transformador: 100 MVA, 13,8 () kV / 138 (Y -solidamente aterrado) kV, Xt = 0,10
pu;
linha de transmiss
ao: XLT1 = XLT2 = 0,25 pu, XLT0 = 0,50 pu;
Suponha que as correntes pre-falta s
ao desprezadas e que a tens
ao pre-falta e 1,0 pu. Considere
ainda que as bobinas da armadura dos tres geradores s
ao conectadas em Y solidamente aterrado.
Determinar:
os circuitos de seq
uencia positiva, negativa e zero;
os circuitos equivalentes de Thevenin das redes de seq
uencia positiva, negativa e zero,
vistos da barra 1;

186

Captulo 5: An
alise de Curto Circuito

3 Trafo 2
Gerador 1

4 Gerador 2

2
Trafo 1

LT 1
LT 2

5 Trafo 3

Figura 5.40: Diagrama unifilar - exerccio 5.7


Componente
Gerador 1
Gerador 2
Trafo 1
Trafo 2
Trafo 3

Snom
(MVA)
2000
2000
2200
500
1000

Vnom
(kV)
13,8 (Y aterrado)
230 (Y aterrado)
13,8():500(Y aterrado)
500(Y aterrado):230(Y aterrado)
500(Y aterrado):138(Y aterrado)

00

X
(%)
20
20
10
10
12

as matrizes admit
ancia de barra dos tres circuitos de seq
uencia.
5.7 No sistema trif
asico da figura 5.40, suponha que as correntes pre-falta s
ao desprezveis e que
as barras operam na tens
ao nominal antes da ocorrencia da falta. As duas linhas de transmiss
ao
possuem reat
ancias serie de 0,163 (LT1) e 0,327 (LT2) /km por fase e comprimentos de 220
km (LT1) e 150 km (LT 2). Adotando como valores base as tens
oes nominais dos equipamentos
e a potencia de 1000 MVA, determinar (em valores p.u. e em unidades reais):
a corrente de curto circuito trif
asico s
olido num ponto F da linha de transmiss
ao 1, situado
a 30 km da barra 2;
a corrente que flui nos geradores 1 e 2, conectados `
as barras 1 e 4, sob as condic
oes de
falta do item anterior;
a corrente que flui no lado de AT do trafo 2, sob as condic
oes de falta do item anterior;
a corrente de curto circuito trif
asico no ponto F da linha de transmiss
ao 1, situado a 30
km da barra 2, considerando uma resistencia de 5 no ponto de falta;
a capacidade de curto circuito da barra 1 em unidades reais.
5.8 Considere o sistema mostrado na figura 5.41, cujos dados s
ao mostrados na tabela 5.2.
Supondo que as correntes pre-falta s
ao nulas e que a tens
ao na barra 2 e 1,0 pu.
1. determine o circuito monof
asico equivalente no sistema por unidade, tomando como base
os valores nominais do transformador 1;

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187

2. calcule a corrente de falta no caso da ocorrencia de um curto circuito trif


asico s
olido na
barra 4 em unidades reais;
3. calcule as contribuic
oes do gerador, do motor e de cada elemento de conex
ao entre as
barras `
a corrente de falta no sistema por unidade;
4. a magnitude da tens
ao p
os-falta na barra 1 em unidades reais;
5. calcule a capacidade de curto circuito da barra 4.

Gerador

Motor

LT1 - 220 kV

Trafo T1

Trafo T2

Trafo T3

5 LT2 - 110 kV

Trafo T4

Figura 5.41: Diagrama unifilar - exerccio 5.8

Elemento
Gerador
Trafo 1
Trafo 2
Trafo 3
Trafo 4
LT 1
LT 2
Motor

Snom (M V A)
80
50
40
40
40

68,85

Vnom (kV )
22
22(Y)/220()
22(Y)/220()
22(Y)/110()
22(Y)/110()
220
110
20

Reatancia
20%
12%
8%
6%
4%
121
42
25%

Tabela 5.2: Dados do sistema da figura 5.41

5.9 A figura 5.42 mostra um gerador sncrono de 625 kVA, 2,4 kV e reat
ancia subtransit
oria
de 20%, operando na tens
ao nominal, suprindo uma carga constituda de tres motores. Cada
motor possui valores nominais 250 HP, 2,4 kV, fator de potencia unit
ario, rendimento de 90% e
reat
ancia subtransit
oria de 20%. Supondo que os motores operam todos sob as mesmas condico
es,
adotando os valores nominais do gerador como base e desprezando as correntes pre-falta, a)
calcule a corrente de curto circuito em pu e em unidades reais, que acionaria os disjuntores A
e B na ocorrencia de uma falta trif
asica no ponto P ; b) repita o item anterior para uma falta
trif
asica no ponto R. Observac
ao: 1 HP = 746 W.
5.10 A matriz imped
ancia de barra do sistema mostrado na figura 5.43 e dada por

Zbarra = j

0, 0793
0, 0558
0, 0382
0, 0511
0, 0608

0, 0558
0, 1338
0, 0664
0, 0630
0, 0605

0, 0382
0, 0664
0, 0875
0, 0720
0, 0603

0, 0511
0, 0630
0, 0720
0, 2321
0, 1002

0, 0608
0, 0605
0, 0603
0, 1002
0, 1301

188

Captulo 5: An
alise de Curto Circuito

M1

M2
B P

M3

Figura 5.42: Diagrama unifilar - exerccio 5.9

3
j0, 168 pu

j0, 126 pu
1, 000 pu
j0, 1333 pu +

1, 000 pu

+ j0, 1111 pu
5

j0, 210 pu

j0, 126 pu

j0, 252 pu

j0, 336 pu

Figura 5.43: Circuito equivalente - exerccio 5.10

Despreze as correntes pre-falta. a) Determine a barra com maior capacidade de curto circuito do
sistema e o valor desta; b) calcule a corrente de falta resultante de um curto circuito trif
asico s
olido
na barra do item anterior; c) determine a magnitude da tens
ao em cada barra e a contribuic
ao de cada
componente do sistema `
a corrente de falta, na condic
ao do item anterior.

5.11 Considere o sistema cujo diagrama unifilar e mostrado na figura 5.44.


Os dados para a an
alise de faltas, considerando a base de 100 MVA e 25 kV na barra 1, s
ao
os seguintes:
Gerador 1: X1 = X2 = 0, 20 pu, X0 = 0, 05 pu, Xn = 0;
Gerador 2: X1 = X2 = 0, 20 pu, X0 = 0, 05 pu, Xn = 0, 03 pu;
Transformadores 1, 2 e 3: XT = 0, 05 pu;
Linhas de transmiss
ao 1, 2 e 3: X1 = X2 = 0, 10 pu, X0 = 0, 25 pu
As conex
oes Y dos transformadores 1, 2 e 3 e do gerador 1 s
ao solidamente aterradas.
Despreze as correntes pre-falta e suponha que a tens
ao nos geradores e 1,05 pu.

R. S. Salgado UFSC-EEL-Labspot
1

T1

3
LT1

G1

100 MVA
25 kV

189

LT2

T2

4
G2

LT3

100 MVA

100 MVA

25()/230(Y ) kV

13,8()/230(Y ) kV

100 MVA
13,8 kV

5
T3

100 MVA
25()/230(Y ) kV
6

Figura 5.44: Diagrama unifilar - exerccio 5.11

1. Determine os circuitos de seq


uencia positiva, negativa e zero deste sistema.
2. Determine a capacidade de curto circuito das barras 2 e 3 para faltas fase-terra (em
unidades reais).
3. Determine os fasores tens
ao na barra 1 sob condic
oes de falta fase-terra na barra 2 (em
pu e em kV).
4. Qual o valor da corrente de falta para um curto circuito fase-terra na barra 6 (em pu e
em amperes)?

Refer
encias Bibliogr
aficas
[1] W. D. Stevenson Jr, J. J. Grainger, Power System Analysis, McGraw-Hill, 1994.
[2] J. D. Glover, M. Sarma, Power System Analysis and Design, PWS Publishers - Boston, 1994.
[3] R. D. Shultz, R. A. Smith, Introduction to Electric Power Engineering, John Wiley and
Sons, 1987.
[4] J. Arillaga, C. P. Arnold, B. J. Harker, Computer Modelling of Electrial Power Systems,
John Wiley and sons, 1983.
[5] A. L. Dalcastagne, Metodo iterativo para localizac
ao de faltas em linhas de transmissao a
partirde fasores nao-sincronizados, Ph.D. thesis, Universidade Federal de Santa catarina Brasil (2007).
[6] A. W. Nobrega, Notas de Aula, UFSC-CTC-EEL, 1990.
[7] H. Saadat, Power System Analysis, McGraw-Hill Book Company, 1999.

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