Gilson Antunes Corrigido

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GILSON UEHARA GIMENES ANTUNES

O violo nos programas de psgraduao e na sala de aula: amostragem


e possibilidades

So Paulo
2012

GILSON UEHARA GIMENES ANTUNES

O violo nos programas de psgraduao e na sala de aula: amostragem


e possibilidades
Tese apresentada ao
Departamento de Msica da
Escola de Comunicao e Artes da
Universidade de So Paulo como
Requisito parcial para obteno
do ttulo de Doutor em Msica
rea de Concentrao: Musicologia
Linha de pesquisa: Histria, Estilo e Recepo

Orientadora: Profa. Dra. Flvia Camargo Toni

So Paulo

2012

Nome: Antunes, Gilson Uehara Gimenes


Ttulo: O violo nos programas de ps-graduao e na sala de aula: amostragem e
possibilidades

Tese apresentada Escola de Comunicaes e Artes da Universidade de So Paulo, no


programa de ps-graduao em msica, para a obteno do ttulo de Doutor em Msica

Aprovado em:

Banca Examinadora: _______________________________________


Prof. Dra. Flvia Camargo Toni

________________________________________
Prof. Dr. Edelton Gloeden

_________________________________________
Prof. Dr. Paulo de Tarso Salles

_________________________________________
Prof. Dr. Gicomo Bartoloni

__________________________________________
Prof. Dr. Paulo Castagna

Para o meu filho Yuri, in memorian

Agradecimentos

Gostaria de agradecer, primeiramente, minha orientadora Prof. Dra. Flvia


Camargo Toni.
Ao Edelton Gloeden e Paulo de Tarso Salles, por estarem na minha banca de
defesa de doutorado.
Ao Paulo Castagna um agradecimento especial, por me inspirar e me mostrar os
caminhos da pesquisa, alm da amizade e integridade pessoal em todos os momentos.
Ao Gicomo Bartoloni, Fbio Zanon e Robert Brightmore, por me guiarem no
violo e pela amizade.
minha amiga de sempre Teresinha Prada, por toda a ajuda.
Aos coordenadores e professores da Universidade Federal da Paraba e da
Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Aos mdicos, enfermeiros e funcionrios do Hospital So Camilo da Pompia
em So Paulo, que acompanharam a escrita de boa parte dessa tese.
Aos professores Sidney Molina, Albrgio Diniz, Alda de Jesus Oliveira, Ana
Cristina Tourinho, Mario Ulloa, Daniel Wolff, Eduardo Meirinhos, Eugenio Lima,
Flvio Barbeitas e Jos Daniel, pela ajuda e prontido nos momentos em que eu
precisei.
Um obrigado muitssimo especial ao Humberto Amorim, amigo de
absolutamente todos os momentos, e sem o qual a escrita dessa tese teria sido muito
mais difcil.
Agradeo a toda a minha famlia, em especial aos meus pais, irmos e minha
esposa Selma e meus filhos Liam e Yuri (in memorian). Eles so realmente meu
suporte, minha inspirao e minha alegria diria.

Finalmente, agradeo a todos os autores dos trabalhos aqui elencados, pelo envio
das teses e dissertaes aqui estudadas, entre eles Rodrigo Carvalho de Oliveira, Mrcio
de Souza, Robson Barreto Matos, Ricieri Carlini Zorzal, Joo Fortunato Soares Quadros
Junior, Joo Raone, Fbio Scarduelli, Marcelo Fernandes, Eric Martins, Edilson Vicente
de Lima, Fbio Bartoloni, Rosimari Parra Gomes, Flvio Apro, Marcelo Brazil, Paola
Picherzky, Mrcio Pacheco de Carvalho, Luis Naveda, Sandra Alfonso, Carlos Chaves,
Mario da Silva, Luis Ricardo Queiroz, Maria Haro, Bartolomeu Wiese, Nelson Caiado,

Clayton Vetromilla, Paulo Pedrassoli, Fernanda Maria Cerqueira Pereira, Marcos


Kroning Correa e Aristteles de Almeira Pires. So muitos nomes, e eu j peo
desculpas por algum eventual esquecimento de minha parte.

Aquele que deseja o conhecimento deve fazer, ele mesmo, os primeiros esforos
para encontrar a sua fonte, para aproximar-se dela, ajudando-se com as indicaes
dadas a todos, mas que as pessoas, via de regra, no desejam ver nem reconhecer.
O conhecimento no pode vir aos homens gratuitamente, sem esforos de sua
parte.

George Ivanovich Gurdjieff

RESUMO

Este trabalho visou localizar, ler e analisar teses e dissertaes de mestrado e


doutorado a respeito do violo escritas e defendidas em universidades brasileiras entre
os anos de 1991 e 2007. Procurou, tambm, observar as aplicaes didticas desses
trabalhos como auxlio a professores, alunos e demais interessados a respeito do violo.
Finalmente, conseguiu demonstrar que, a despeito da parca bibliografia impressa no
Brasil referente ao violo, esses trabalhos muitos deles passveis de serem obtidos em
sites e bibliotecas de universidades servem como material de referncia e estudo aos
pesquisadores e pblico em geral.

Palavras-chave: Violo. Teses. Universidades. Bibliografia

ABSTRACT

This paper intended getting, reading and to analyze the thesis of doctoral and
master degree about the guitar written in Brazilian universities between the years 1991
and 2007. Intended, also, to observe the didactic applications of this thesis as a source
for teachers, students and any interested people about guitar subjects. Last, it goals to
show that, despite the small number of books about the guitar printed in Brazil, this
works in general not difficult to have access in websites and libraries of the
universities are useful as material of reference and study for both researchers and
public in general.

Key-words: Guitar. Thesis. Universities. Bibliography.

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Trabalhos acadmicos relacionados ao violo e defendidos no Brasil:


mestrado, p.155

Tabela 2: Trabalhos acadmicos relacionados ao violo e defendidos no Brasil:


mestrado, p.155

Tabela 3: Trabalhos acadmicos relacionados ao violo e defendidos no Brasil:


doutorado, p.157

Tabela 4: Trabalhos acadmicos relacionados ao violo e defendidos no Brasil:


doutorado, p.157

Tabela 5: Estados onde se realizaram os trabalhos de mestrado e doutorado, p.158

Tabela 6: Estados onde se realizaram os trabalhos de mestrado e doutorado, p.159

Tabela 7: Universidades onde foram realizados os trabalhos de ps-graduao, p.160

Tabela 8: Universidades onde foram realizados os trabalhos de ps-graduao, p.160

LISTA DE ABREVIATURAS

ANPPOM: Agncia Nacional de Pesquisa em Ps-Graduao em Msica

CAPES: Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior

CBM: Conservatrio Brasileiro de Msica

PROLAM-USP: Programa de Integrao da Amrica Latina da Universidade de So


Paulo

PUC-SP: Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo

TA: Trabalho Analtico

TD: Trabalho Didtico

TH: Trabalho Histrico

UFBA: Universidade Federal da Bahia

UFMG: Universidade Federal de Minas Gerais

UFPE: Universidade Federal de Pernambuco

UFRGS: Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

UFRJ: Universidade Federal do Rio de Janeiro

UFSC: Universidade Federal de Santa Catarina


UNESP: Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho"

UNICAMP: Universidade Estadual de Campinas

UNIRIO: Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro

USP: Universidade de So Paulo

SUMRIO

Introduo, p.1

Captulo 1.1 - A formao de um violonista no Brasil: uma experincia pessoal


envolvendo aprendizagem e ensino, p.8
1.1.1 Prembulo, p.8
1.1.2 Formao, p.11
1.1.3 Conservatrio, p.14
1.1.4 Aula particular, p.18
1.1.5 Universidade, p.19
1.1.6 Curso de especializao, p.22
1.1.7 Mestrado, p.24
1.1.8 Atividade docente: atividades aplicadas e mtodos utilizados para os
alunos, p.28

1.2 - Os Programas de Ps-Graduao, p.35


1.2.1 Regio Centro-Oeste, p.38
1.2.1.1 Universidade Federal de Gois (UFG), p.38
1.2.2 Regio Nordeste, p.39
1.2.2.1 Universidade Federal da Bahia (UFBA), p.39
1.2.2.2 Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), p.40
1.2.3 Regio Sudeste, p.41
1.2.3.1 Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), p.41
1.2.3.1.1 Departamento de Msica, p.41
1.2.3.1.2 Departamento de Histria, p.41
1.2.3.2 Universidade Federal de Uberlndia (UFU), p.42
1.2.3.2.1 Faculdade de Cincia da Computao, p.42
1.2.3.2.2 Departamento de Histria, p.42
1.2.3.3 Conservatrio Brasileiro de Msica (CBM), p. 43
1.2.3.4 Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO),
p.43
1.2.3.5 Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), p.44
1.2.3.5.1 Departamento de Msica, p.44

1.2.3.5.2 Departamento de Histria, p.45


1.2.3.6 Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo (PUC-SP), p.45
1.2.3.6.1 Departamento de Histria, p.45
1.2.3.6.2 Departamento de Comunicao e Semitica, p.46
1.2.3.7 Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho
(UNESP), p.46
1.2.3.7.1 Departamento de Msica, p.46
1.2.3.7.2 Departamento de Histria, p.47
1.2.3.8 Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), p.47
1.2.3.9 Universidade de So Paulo (USP), p.48
1.2.3.9.1 Departamento de Msica, p.49
1.2.3.9.2 Programa em Integrao Latino Americana (PROLAM),
p.49
1.2.4 Regio Sul, p.50
1.2.4.1 Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), p.50
1.2.4.1.1 Departamento de Msica, p.50
1.2.4.1.2 Instituto de Informtica, p.51
1.2.4.2 Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), p.51

Captulo 2- O violo nas dissertaes e teses entre 1991 e 2007, p.53

2.1

Regio Centro-Oeste, p.53


2.1.1 Universidade Federal de Gois PPG Msica Mestrado

em Msica, p.53

2.2

Regio Nordeste, p.56


2.2.1 Universidade Federal da Bahia PPG Msica Mestrado

em Educao Musical, p.56


2.2.2 Universidade Federal da Bahia PPG Msica Doutorado
em Educao Musical, p.57
2.2.3 Universidade Federal da Bahia PPG Msica Mestrado
em Msica, p.58
2.2.4 Universidade Federal da Bahia PPG Msica Doutorado
em Msica, p.65

2.2.5 Universidade Federal de Pernambuco PPG Cincia da


Computao Mestrado em Cincia da Computao, p.66
2.2.6 Universidade Federal de Pernambuco PPG Cincia da
Computao Doutorado em Cincia da Computao, p.68

2.3

Regio Sudeste, p.67


2.3.1 Conservatrio Brasileiro de Msica CPGPE - Mestrado

em Msica rea de Educao Musical, p.69


2.3.2 Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo PPG
Comunicao e Semitica Mestrado em comunicao e Semitica, p. 69
2.3.3 Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo PPG
Comunicao e Semitica Doutorado em Comunicao e Semitica, p.70
2.3.4 Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo PPG
Histria Mestrado em Histria, p. 71
2.3.5 Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo PPG
Histria Doutorado em Histria, p.71
2.3.6 Universidade Estadual de Campinas PPG Artes
Mestrado em Artes, p.72
2.3.7 Universidade Estadual de Campinas PPG Msica
Mestrado em Msica, p.73
2.3.8 Universidade de So Paulo PPG Artes Mestrado em
Artes, p.77
2.3.9 Universidade de So Paulo PPG Artes Doutorado em
Artes, p.87
2.3.10 Universidade de So Paulo PROLAM Mestrado em
Integrao da Amrica Latina, p.88
2.3.11 Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho
PPG Artes Mestrado em Msica, p.89
2.3.12 Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho
PPG Histria Doutorado em Histria, p.90
2.3.13 Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho
PPG Msica Mestrado em Msica, p.91
2.3.14 Universidade Federal de Minas Gerais PPG Histria
Mestrado em Histria, p.96

2.3.15 Universidade Federal de Minas Gerais PPG Msica


Mestrado em Msica, p.97
2.3.16 Universidade Federal de Uberlndia PPG Cincias da
Computao Mestrado em Cincias da Computao, p.99
2.3.17 Universidade Federal de Uberlndia PPG Histria
Mestrado em Histria, p.100
2.3.18 Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro PPG
Msica Mestrado em Msica, p.101
2.3.19 Universidade Federal do Rio de Janeiro PPG Histria
Doutorado em Histria Social, p.105
2.3.20 Universidade Federal do Rio de Janeiro PPG Msica
Mestrado em Msica, p.105

2.4

Regio Sul, p.120


2.4.1 Universidade Federal de Santa Catarina PPG Engenharia

de Produo Mestrado em Engenharia de Produo, p.120


2.4.2 Universidade Federal do Rio Grande do Sul PPG Cincia
da computao Mestrado em Cincia da Computao, p.121
2.4.3 Universidade Federal do Rio Grande do Sul PPG Msica
Mestrado em Educao Musical, p.121
2.4.4 Universidade Federal do Rio Grande do Sul PPG Msica
Mestrado em Msica, p.122
2.4.5 Universidade Federal do Rio Grande do Sul PPG Msica
Doutorado em Msica, p.127

Captulo 3- Classificao, estatstica e anlise dos trabalhos de psgraduao com temtica violonstica defendidos no Brasil entre 1991 e 2007, p.129
3.1 Sobre a classificao das teses e dissertaes, p.129
3.1.1 Trabalho Analtico, p.130
3.1.2 Trabalho Histrico, p.134
3.1.3 Trabalho Didtico, p.140
3.2 Classificao geral dos trabalhos, p.146
3.2.1 Regio Centro-Oeste, p.146
3.2.2 Regio Nordeste, p.147

3.2.3 Regio Sudeste, p.148


3.2.4 Regio Sul, p.154
3.3 Trabalhos acadmicos ao longo do tempo, p.156
3.3.1 Mestrado, p.156
3.3.2 Doutorado, p.158
3.4 Estados onde os trabalhos foram realizados, p.160
3.5 Universidades onde os trabalhos foram realizados, p.161
3.6 Anlises dos resultados, p.163
3.6.1 Regio Centro-Oeste, p.163
3.6.2 Regio Nordeste, p.164
3.6.3 Regio Sudeste, p.167
3.6.4 Regio Sul, p.170

Concluso, p.174

Apndice: Lista de orientadores por regio e ano em que os trabalhos orientados


foram defendidos, p.183

Bibliografia, p.186

Introduo

A bibliografia relacionada ao violo no Brasil sempre foi tida como escassa


pelos prprios violonistas, apesar de todas as referncias desse instrumento musical na
cultura brasileira. Poucos foram os livros publicados sobre o assunto, e estes se
encontram quase que em sua totalidade fora de catlogo especialmente os mais
antigos ou possuem dificuldades para serem adquiridos como quando lanados por
editoras pequenas. Em seus projetos, uma das opes que pesquisadores e interessados
em geral possuam era a de procurar exemplares em bibliotecas ou sebos, porm,
quando os temas se ampliavam, tais livros acabavam sendo de ajuda um tanto menor,
pela especificidade e delimitao de determinado assunto estudado. Certas publicaes
de assuntos como Histria do Brasil tambm fazem parte da bibliografia violonstica
geral, porm alguns destes, como os dos viajantes estrangeiros no Brasil nos sculos
XVIII e XIX igualmente possuem difcil acesso e difuso, e muitos sequer foram ainda
fichados e pesquisados.
No momento em que finalizamos esse trabalho incio de 2012 a quantidade
de teses e dissertaes sobre violo j desenvolvidas ou em andamento no Brasil
bastante grande, comparando-se com o incio da dcada de 1990, quando os primeiros
textos de ps-graduao com temas relacionados ao instrumento comearam a ser
escritos. Desde 1991 ano da dissertao mais antiga que encontramos com tema
especificamente violonstico defendido no Brasil at o incio da segunda dcada deste
novo milnio, mais de uma centena de pesquisas desse tipo foram defendidas em nossas
universidades, em pelo menos quatro das cinco regies do pas, alm do Distrito
Federal.
Acreditamos que tais trabalhos desenvolvidos nas universidades brasileiras,
escritos, em geral, por violonistas profissionais (concertistas e/ou professores), alunos
recm-formados e pesquisadores, acabam sendo parte importantssima da bibliografia
sobre temas relacionados ao violo no Brasil, o que aumenta de forma extraordinria a
quantidade de assuntos a serem pesquisados.
A tese que queremos defender a de que esses trabalhos de ps-graduao com
temtica violonstica possuem vertentes que abarcam um conjunto de ferramentas
auxiliares no desenvolvimento de pesquisadores, intrpretes e interessados em geral,
sendo tais vertentes baseadas em aspectos histrico-biogrficos, analticos e didticos.

A ideia da nossa tese surgiu da necessidade de se organizar e estudar os


primeiros anos de escrita desses trabalhos de ps-graduao em universidades
brasileiras, observando o desenvolvimento dos mesmos a partir de uma srie de
parmetros como: escolha do tema e da universidade, classificao do estudo realizado
e nome do orientador do trabalho. Utilizamos alguns referenciais tericos para inserir
cada uma dessas obras em vertentes especficas, com intuito de ajudar o leitor a buscar
leituras direcionadas sua escolha.
Jos Nunes FERNANDES1 escreveu em um artigo publicado pela Associao
Brasileira de Educao Musical ABEM, observando que:

Alguns autores j discutiram a pesquisa em educao musical no


Brasil, mas no fazem uma listagem e uma anlise de materiais
produzidos, apenas comentam a produo do campo amplamente.
Falar do estado da arte em educao musical e em msica
complicado, uma vez que h, sem dvida, uma lacuna na produo
bibliogrfica no que se refere a isso. Talvez possa estar de acordo com
o que Alves-Mazzoti (2002) j questionava na rea de educao, o
fato de os pesquisadores brasileiros no se interessarem pela produo
de tais estudos.

Nosso trabalho procurou encontrar respostas a questionamentos como:


1) Para qual funo, especificamente, essas teses e dissertaes contribuem no
desenvolvimento de msicos, professores e interessados?
2) Quais as similaridades encontradas de temas entre esses trabalhos?
3) Quais as relaes entre os programas de ps-graduao das universidades e os
trabalhos escritos?
4) H caractersticas especficas em cada uma das regies brasileiras, no que tange
temtica e resultados dos trabalhos escritos na ps-graduao em termos de
violo?
5) Quais foram os temas mais abordados pelos pesquisadores, e por qu?
6) H relao entre os orientadores dos trabalhos e os assuntos abordados pelos
pesquisadores?
Pensamos que nossa tese vem em momento oportuno, j que, como dissemos, a
quantidade de trabalhos cresce a cada ano, e consideramos necessrio organizar e
estudar essas teses e dissertaes. Muitas dessas pesquisas at agora no possuem
1

FERNANDES, Jos Nunes. Pesquisa em educao musical: situao do campo nas dissertaes e teses
dos cursos de ps-graduao strictu senso brasileiros. Revista da Abem, n.16, 95-98, maro 2007, pg.
96.

verso digital, algumas no esto nem mesmo disponveis em bibliotecas e outras, por
incrvel que parea, no esto nem em posse das prprias pessoas que as escreveram.
Atualmente algumas instituies j esto pedindo para os estudantes colocarem suas
teses e dissertaes em verso digital na Internet, o que acaba sendo importante para a
difuso dos mesmos e para a pesquisa dos interessados.
Observamos ento que foi apresentada uma amostragem, ainda que da forma
mais substanciosa que pudemos j que no consideramos programas de ps-graduao
importantes nos quais alguns trabalhos sobre violo poderiam ser encontrados,
programas que muito tm contribudo para o desenvolvimento da Musicologia em que o
violo se insere. Nosso estudo foi desenvolvido na Universidade de So Paulo USP,
por exemplo, e ainda assim deixamos de considerar trabalhos defendidos nos
departamentos de Histria, Literatura e Cincias Sociais. Apesar disso, coletamos mais
de cem ttulos em universidades de quatro das cinco regies brasileiras (a regio Norte
no foi includa por no termos notcia de programas de ps-graduao nas quais o
violo poderia de alguma forma estar includo), alm do Distrito Federal. Alguns
trabalhos podem porventura ter ficado fora das anlises, mas a totalidade no era o
objetivo imediato, como nossa tese ir demonstrar adiante.
Encontramos, ao longo de nosso projeto, alguns percalos que atrapalharam
sensivelmente o desenvolvimento da nossa tese. Entre eles a falta de atualizao de
alguns sites de universidades pesquisadas e a dificuldade de encontrar alguns desses
textos nas bibliotecas das universidades em que foram defendidos, ou mesmo em outras
universidades importantes.
A delimitao do nosso estudo vai de 1991 ano em que, como j dissemos, foi
defendida a dissertao de mestrado mais antiga coletada por ns com relao
especificamente ao violo no Brasil at 2007 ano do incio de desenvolvimento da
nossa pesquisa de doutorado na USP. Abordamos apenas os trabalhos de ps-graduao
relacionados a teses e dissertaes strictu senso, deixando em aberto para outras
pesquisas aqueles de especializao. No enfocamos as teses e dissertaes defendidas
fora do Brasil pela dificuldade em termos acesso a esses textos. No abordamos tambm
as pesquisas sobre cordas dedilhadas que no possuem relao direta com o violo
como trabalhos sobre alade nem aqueles sobre msicos populares em que o
instrumento no seja o foco principal como, por exemplo, um estudo sobre o msico
Hlio Delmiro e sua relao com a guitarra eltrica. Mas podemos dizer que alguns dos

trabalhos tangenciam o instrumento, tais como as dissertaes de Paulo TIN2 e


Rosimari Parra GOMES3. Inclumos tambm um estudo relacionado ao msico popular
Dori Caymmi4 e outros a respeito da guitarra eltrica e sua relao com o violo em
um concerto de Radams Gnattali - e da viola como acompanhante de modinhas e
lundus - no a viola de arco nem a viola caipira - pois os mesmos versaram sobre a
tcnica do instrumento ou sobre o desenvolvimento do mesmo em termos histricos.
Como procedimentos metodolgicos, utilizamos pesquisas em livros, revistas,
pginas oficiais das universidades na Internet, dicionrios, enciclopdias, dissertaes e
teses, alm de contatos com as pessoas que escreveram os trabalhos analisados.
Nossa tese est dividida em trs captulos. O primeiro, cuja primeira parte est
escrita em primeira pessoa, iniciado com o relato pessoal da minha trajetria de
atuao como msico, desde o perodo inicial de estudos em um conservatrio musical,
passando pelas diversas fases e etapas da minha formao musical na universidade, at
minhas atividades didticas como professor numa universidade federal. Em seguida, o
captulo disserta a respeito dos programas de ps-graduao das universidades em que
foram desenvolvidos os trabalhos abordados. Fizemos um breve histrico desses
programas, principalmente por meio das informaes colhidas nos sites dessas
universidades, organizado por ordem alfabtica de regio e de universidade. A regio
norte no aparece em nosso trabalho por no termos encontrado nenhuma tese ou
dissertao que tenha sido defendida em alguma universidade daquela regio.
A idia principal desse primeiro captulo foi a de contemplar o retrospecto de um
violonista a partir de sua experincia musical, relacionando-o com os programas de psgraduao. No caso, utilizamos o prprio autor dessa tese.
O segundo captulo diz respeito especificamente aos trabalhos de mestrado e
doutorado defendidos em universidades brasileiras. Fizemos uma pequena resenha de
todos os que pudemos encontrar, em ordem alfabtica, iniciando ento primeiramente
pela Regio Centro Oeste, depois Regio Nordeste, Regio Sudeste e, por fim, Regio
Sul. Alguns desses trabalhos foram posteriormente publicados por alguma editora, mas

TIN, Paulo Jos de Siqueira. Trs compositores na msica popular no Brasil: Pixinguinha, Garoto e
Tom Jobim. Uma anlise comparativa que abrange o perodo do choro bossa-nova. Dissertao de
mestrado. USP. 2001.
3
GOMES, Rosimari Parra: Cancioneiros Portugueses do Sculo XVI: Discusso e Metodologia da
Transcrio de msica Polifnica vocal para Instrumentos de Cordas Dedilhadas. Dissertao de
mestrado. UNESP. 2003.
4
SMARARO, Jlio Cesar Caliman. O Cantador: A msica e o violo de Dori Caymmi. Dissertao de
Mestrado em Msica. UNICAMP. 2006.

para a nossa anlise utilizamos sempre a verso original, ou seja, a dissertao de


mestrado ou tese de doutorado defendida em universidade brasileira, para unificarmos o
material de pesquisa.
A organizao das teses e dissertaes desse segundo captulo foi realizada a
partir das informaes contidas na capa dos prprios trabalhos, no que concerne
separao por programas de ps-graduao, nomes dos pesquisadores e orientadores,
universidades, ano de concluso e aos ttulos dos trabalhos.
O terceiro captulo analisa e classifica as dissertaes e teses em trs vertentes:
Trabalhos Analticos, Trabalhos Didticos e Trabalhos Histricos. Utilizamos como
referencial terico deste captulo os autores j citados, para melhor enquadramento dos
estudos em suas respectivas reas de aplicao. Finalizando o captulo, fizemos
consideraes a respeito das anlises das teses e dissertaes pesquisadas e inclumos
estatsticas dos locais e universidades onde foram desenvolvidos esses estudos. Tivemos
como foco a quantidade de trabalhos realizados em cada ano, as universidades em que
foram desenvolvidos, quais os tipos de trabalhos abordados e em quais estados
brasileiros essas teses e dissertaes foram defendidas.
Para a concluso, dividimos nossas consideraes entre aquelas que resultam das
anlises dos trabalhos e aquelas em que falamos sobre as aplicabilidades dessas teses e
dissertaes nas salas de aula ou na ajuda para pesquisas gerais de violonistas e demais
interessados. Como os intrpretes na preparao de um recital ou professores nas
salas de aula podem utilizar esses trabalhos, por exemplo, e em que medida esses
escritos podem ser teis para os seus estudos? Quais trabalhos podem ser indicados para
os alunos?
No apndice, inclumos uma listagem pelo nome dos orientadores por regio ,
e os trabalhos que foram orientados por eles em cada ano especfico.
Valemos-nos de fontes distintas para os referenciais tericos dos captulos da
tese.
Para o primeiro captulo utilizamos inicialmente as pginas eletrnicas da
Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior (CAPES) e dos
Programas de Ps-Graduao das universidades analisadas para buscarmos as relaes
entre os trabalhos apresentados e os objetivos assinalados por essa comisso de
aperfeioamento educacional. Buscamos tambm apoio no trabalho de Cludia Helena

SISTE5, no qual ela fez um apanhado sobre a criao e desenvolvimento dos Programas
de Ps-Graduao no Brasil. Como o assunto foi mais abordado por pesquisadores em
artigos especficos, utilizamos algumas revistas cientficas impressas e eletrnicas
desenvolvidas por universidades ou por outros rgos importantes como: Ictus, da
Universidade Federal da Bahia; Per Musi (criada em 2000), da Universidade Federal de
Minas Gerais; Opus (criada em 1989), da Associao Nacional de Pesquisa e PsGraduao em Msica (ANPPOM); Brasiliana, da Academia Brasileira de Msica e Em
Pauta, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Para o terceiro captulo, Maria de Lourdes SEKEFF 6, Chris PHILPOTT7,
Edward CONE, apud KERMAN8 e Huib SCHIPPERS9 forneceram importantes
fundamentos sobre o que chamamos em nossa tese de Trabalhos Didticos em
msica. Utilizamos trabalhos de Ricardo IZNAOLA 10, Abel CARLEVARO 11 e
Henrique PINTO12, que fazem importantes referncias quanto ao estudo da tcnica e
repertrio violonsticos, sendo que Cludio RICHERME 13 foi utilizado pelas questes
gerais

respeito

da

tcnica

instrumental.

Stefan

KOSTKA 14,

Arnold

SCHOENBERG15 e Paul HINDEMITH16 deram importantes contribuies no que tange


a anlise musical, assunto bastante desenvolvido por estudantes especialmente na
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Esses autores foram utilizados para fazer
referncia ao que consideramos Trabalhos Analticos. A respeito do que chamamos
Trabalhos Histricos, nos valemos especialmente de Joseph KERMAN17, Alfredo
ESCANDE 18 e Nikolaus HARNONCOURT 19 como fontes principais.
5

SISTE, Cluda Helena. A pesquisa em prticas interpretativas: estudos recentes nas universidades
estaduais paulistas. Dissertao de Mestrado em Msica. USP. 2009. 128 pg.
6
SEKEFF, Maria de Lourdes. Da Msica: seus usos e recursos. So Paulo. Editora UNESP. 2002.
7
PHILPOTT, Chriss. Learning to Teach Music in the Secondary School. Londres e Nova York.
RoutledgeFalmer. 2001.
8
KERMAN, Joseph. Musicologia. So Paulo. Editora Martins Fontes, 1987.
9
SCHIPPERS, Huib. Facing the Music Shaping Music Education from a Global Perspective. Oxford.
Oxford University Press. 2010.
10

IZNAOLA, Ricardo. Kitharologus The path to virtuosity. Mel Bay, 1997.

11

CARLEVARO, Abel. Escuela de la Guitarra. 1. Edio. Montevido, Dacisa, 1978.


PINTO, Henrique. Violo Um Olhar Pedaggico. So Paulo. Ricordi Brasileira S/A, 2005.
13
RICHERME, Cludio. A Tcnica Pianstica Uma Abordagem Cientfica. So Paulo. Air Musical
Editora, 1996.
14
KOSTKA, Stefan. Materials and Techniques of 20th Century Music. University of Texas at Austin.
1990.
12

15
16

SCHOENBERG, Arnold. Fundamentos da Composio Musical. So Paulo. EDUSP. 1991.

HINDEMITH, Paul. Treinamento Elementar para Msicos. So Paulo. Ricordi. 1975.


KERMAN, Joseph. Op. cit.
18
ESCANDE, Alfredo. Carlevaro: Um Mundo Nuevo em la Guitarra. Montevido. Aguillar, 2005.
17

Sabemos que a quantidade de desdobramentos que se pode fazer com nosso


objeto de estudo bastante grande, e deixamos claro que nosso trabalho foi realizado
com o intuito de ajudar futuras pesquisas, no pretendendo encerrar o assunto.
Nossa coleta de textos foi realizada principalmente por meio das pginas
eletrnicas das universidades, do pedido dos trabalhos usando mensagens eletrnicas e
telefonemas ou mesmo pessoalmente aos autores de teses e dissertaes que no
constavam nos sites das universidades, alm da busca de trabalhos acadmicos em
bibliotecas. Alguns desses textos foram tambm descobertos nas bibliografias
pesquisadas nesses prprios trabalhos.
Esperamos, enfim, que essa investigao continue sendo desenvolvida e
aprimorada com o passar do tempo, para que o violo tenha uma bibliografia com teses
e dissertaes mais organizada, mais abrangente e de acesso menos restrito.

19

HARNONCOURT, Nikolaus. O Discurso dos Sons: Caminhos para uma Nova Compreenso Musical.
Rio de Janeiro. Jorge Zahar Editor, 1998.

Captulo 1.1 - A formao de um violonista no Brasil: uma experincia pessoal


envolvendo aprendizagem e ensino.

1.1.1 Prembulo

Reflexes musicais sobre a carreira de um msico no Brasil em suas diversas


vertentes (professor, concertista, escritor, pesquisador, organizador de festivais e
concursos etc.) no so fceis de serem encontradas em textos acadmicos, restringindose quase que exclusivamente a biografias de artistas conhecidos, publicados por editoras
especializadas, em geral com informaes mais voltadas a fatos e curiosidades ocorridas
durante suas carreiras. O tema de interesse de muitos profissionais como os descritos
acima, entre os quais eu acredito me encaixar, igual a muitos colegas que possuem um
papel relevante para o desenvolvimento do violo no Brasil nesse incio de sculo vinte
e um. Ao buscar mais informaes em trabalhos acadmicos sobre msicos assim, senti
uma carncia de informaes, e ao mesmo tempo desejo de poder desenvolver o
assunto, pois seria uma forma de avaliar a minha experincia (e a de meus colegas)
frente a este momento de reflexo acadmica sobre o violo clssico no Brasil.
O violonista Alexandre VIEIRA faz diversas indagaes em sua dissertao de
mestrado, buscando conseguir respostas a questes como Como se forma um professor
de violo? Quais so seus espaos de atuao? A quem atendem? Como atuam? Como
se organizam no trabalho? Como definem o que fazem?. 20 Eu poderia acrescentar a
seguinte indagao, que faz parte essencial da minha tese e da minha carreira como
msico: De que forma os violonistas acompanham a produo intelectual ou a reflexo
acadmica sobre o violo? Eles utilizam as teses e dissertaes sobre violo disponveis
para seu enriquecimento artstico e intelectual, alm de material base a suas atividades
didticas?
A flautista Ana Lucia de Marques LOURO, em sua tese de doutorado 21, parte da
seguinte premissa: sendo professora de flauta (doce e transversa), como conjugar as
aulas na universidade com todas as outras manifestaes que fazem parte da vida do
msico, desde tocar em recitais, cuidar do departamento de msica e at mesmo a vida
20

VIEIRA, Alexandre. Professores de violo e seus modos de ser e agir na profisso: um estudo sobre
culturas profissionais no campo da msica. Dissertao de mestrado em msica, UFRGS, 2009, pg. 11.
21
LOURO, Ana Lucia de Marques. Ser docente universitrio-professor de msica: dialogando sobre
identidades profissionais com professores de instrumentos. Tese de doutorado em msica. UFRGS, 2004,
195 pg.

familiar? Essas questes so importantes, pois quantos msicos, de qualquer


instrumento, no passam pela mesma situao no dia-a-dia? A identificao, em minhas
reflexes, com a temtica dessa musicista foi imediata, assim como acredito que muitos
outros na mesma situao tenham sentido o mesmo ao ler o seu trabalho. Pois, sobre a
atuao dos professores universitrios, a mesma pesquisadora coloca:

Suas atuaes so diversificadas, tanto na rea de msica, incluindo,


alm da atuao instrumental, regncia, composio e organizao de
eventos, como na academia, onde desenvolvem, alm do ensino do
instrumento e de outras disciplinas, atividades de extenso e pesquisa
e/ou exercem funes administrativas. Tal multiplicidade de papis
est relacionada a muitos fatores. Entre eles, a escassez de pessoal na
universidade pblica e uma viso (...) de que, hoje em dia, a
universidade busca um professor que exera outras funes alm de
dar aula de instrumento e se apresentar em pblico. 22

Mas o tema de educao, ensino e aprendizagem musical direcionado a


professores e alunos - nem sempre aos concertistas ou pelo menos aos descritos na
citao acima - em geral foi desenvolvido por didatas como Chris PHILPOTT, Gary
SPRUCE e Estello JORGENSEN, entre outros, que organizaram compndios voltados
exclusivamente ao assunto. PHILPOTT, por exemplo, no separa o conceito de teoria
musical sua prtica, mas utiliza a primeira como base racional segunda 23. Spruce fala
abertamente do incmodo de alguns professores quando devem adotar uma nova
abordagem criativa e prtica educao musical, pois isso requer que os mesmos
utilizem radicalmente novos mtodos de ensino 24. JORGENSEN, por sua vez, diz que
tornar-se professor uma questo de comear a pensar que j se um professor25.
No Brasil, durante o perodo colonial, os jesutas voltavam seus ensinamentos
musicais aos ndios e negros, com um repertrio essencialmente europeu. Com a
expulso dos jesutas, a funo de ensino musical recaiu sobre os mestres de capela, os
quais eram organizados por iniciativas particulares e por irmandades e confrarias. O
primeiro conservatrio musical brasileiro, contudo, seria criado apenas em 1841, por
Francisco Manuel da Silva, o Imperial Conservatrio, que viraria posteriormente o que
hoje a Escola de Msica da Universidade Federal do Rio de Janeiro 26. Com isto,
22

LOURO. Op. cit. Pg. 60.


PHILPOTT, Chris. Learning to Teach Music in the Secondary School. Routledge Falmer, 2001, pg. 1.
24
SPRUCE, Gary. Teaching Music. Routlegde Falmer, 1996, pg.1.
25
JORGENSEN, Estello R. The Art of Teaching Music. Indiana University Press, 2008, pg. X.
26
ESPERIDIO, Neide. Educao profissional: reflexes sobre o currculo e a prtica pedaggica dos
conservatrios. Revista da ABEM, n.7, setembro de 2002, pg. 69.
23

10

atrelaram-se diferentes formas de ensino e tradio de sculos no Brasil, e que do


margem a discusses at os dias de hoje, em simpsios, artigos e debates gerais.
A Associao Brasileira de Educao Musical (ABEM) mantm anualmente um
importante simpsio sobre o assunto, assim como uma revista com artigos relacionados
ao tema, em especial sua relao com a realidade escolar brasileira. Fundada em 22 de
agosto de 1991 na Bahia 27, a ABEM lanou sua primeira revista em maio de 1992,
dizendo-se um espao para o professor de msica. Os artigos seriam publicados em
quatro subreas: histria da educao musical, teoria metodolgica, reflexo sobre a
prtica da educao musical e atualizao bibliogrfica. Entre os artigos publicados no
primeiro nmero, um deles referiu-se, de forma sinttica, sobre a histria da educao
musical como um prembulo para a educao musical brasileira no sculo vinte. Neste
artigo28 o autor observa que os processos de pedagogia musical tiveram uma trajetria
lenta e tortuosa, permeada por preconceitos e crendices 29. Partindo desde autores
gregos, passando por Guido DArezzo, perodo da Reforma - quando foram criadas as
escolas pblicas, visando popularizar o ensino da msica -, Rousseau - que comps
canes com o intuito de difundir e popularizar o ensino da msica - e Horace Mann que via o ensino da msica como ligao entre a teoria e o contedo humano -, entre
outros, o autor observou tambm os impasses entre as diferentes ideias sobre o ensino
musical - o embate sobre Educao Musical e Musicalizao, j no incio do sculo
vinte -, finalizando com o modelo de canto orfenico idealizado por Villa-Lobos na Era
Vargas, e suas implicaes pelos anos seguintes. Este artigo praticamente mostraria
exemplos de temas e problemticas a serem desenvolvidas nas edies seguintes, o que
a ABEM vem mantendo at hoje (2012) de forma sistemtica.
Sobre metodologia de ensino musical, Nicolau dos SANTOS, em artigo citado
por Jusamara SOUZA30, j colocava na dcada de 1930, no Brasil, uma diferenciao
entre mtodo e processo, sendo o primeiro a sistematizao e organizao do conjunto
das relaes de uma disciplina para o seu entendimento, enquanto que o segundo
trataria da aplicao, diretamente relacionado com o contedo que ir aprender.
O intuito deste captulo, excepcionalmente escrito em primeira pessoa, atrelar
minha experincia pessoal aos trabalhos de ps-graduao escritos no Brasil, buscando
27

Revista da ABEM, Ano 1, n.1, maio de 1992, pg.5.


MARTINS, Raimundo. Educao Musical: uma sntese histrica como prembulo para uma idia de
educao musical no Brasil do sculo XX. Revista da ABEM, n.1, ano1, maio de 1992, pg. 6-11.
29
Idem, pg.6.
30
SOUZA, Jusarama. Funes e Objetivos da aula de Msica Vistos e Revistos Atravs da Literatura dos
Anos 30. Revista da ABEM, n.1, ano1, maio de 1992, pg.12.
28

11

encontrar a importncia dessas teses e dissertaes para a formao de um violonista


nesse pas. Como minha formao musical passou por diferentes campos de estudos,
desde aulas particulares at a universidade, passando por conservatrios e escolas de
msica, acredito que o paralelo de meus estudos com os escritos acadmicos possa ser
realizado. Entre os questionamentos que busco encontrar, e que sero desenvolvidos nos
prximos captulos, esto:
1- Qual a importncia dos trabalhos de mestrado e doutorado sobre violo escritos
no Brasil, em relao formao de um violonista nesse pas?
2- A metodologia utilizada nos conservatrios, escolas de msica, universidades e
aulas particulares possui algum vnculo com os trabalhos de ps-graduao
escritos no Brasil?
3- possvel se fazer alguma metodologia de ensino no violo baseada nesses
estudos de ps-graduao? Em caso afirmativo, como fazer?
4- Em que medida um msico-professor pode se beneficiar desses trabalhos de psgraduao, sendo que o mesmo precisa se dedicar s aulas, recitais, atividades
burocrticas na universidade e suas relaes familiares e cotidianas?
Em busca dessas respostas, acredito que esse captulo possa servir como base
para todo o restante da tese, sendo que nos prximos captulos sero atrelados os
estudos desses trabalhos acadmicos minha formao musical. Sobre minha colocao
em primeira pessoa, subjetiva, para este captulo, me valho de Liora BRESLER,
segundo o qual

Sem dvida, numa viso de mundo construtivista, examinar a


interao do eu mesmo do pesquisador com os dados essencial
para a interpretao. A pesquisa interpretativa comea com a biografia
e o eu mesmo do pesquisador. Os tipos de conhecimento, valores e
identificaes que o pesquisador possui so considerados como a
chave que modula interpretaes e compresses. 31

1.1.2 Formao

A formao de um msico varia bastante no Brasil. Podemos dizer que no h,


especificamente, uma seqncia definida na qual um violonista possa seguir em termos
31

BRESLER, Liora. The Interpretative Zone in International Qualitative Research. Em Pauta, Porto
Alegre, v. 12, n.18-19, pg.16, abril-novembro 2001.

12

acadmicos, e que sirva para uma atividade profissional futura. O que se passa na vida
de um msico desse tipo, inicialmente, e o que ele ir ser num futuro prximo, pode ou
no ter uma coerncia. Caso ele seja um futuro concertista ou um futuro professor
universitrio (ou ambos), a somatria das experincias far diferena no momento em
que ele se decidir. VIEIRA fala que a profisso do professor de msica parece marcada
pela tenso entre as identidades de docente e de msico.32
Em minha formao, cursei sete anos de conservatrio tendo como professores
de violo Carlos Fernandes e Levy Harzer -, quatro anos de bacharelado em msica
tendo aulas com Gicomo Bartoloni -, um ano de especializao em violo erudito,
onde tive lies com o professor Robert Brightmore e quatro anos de mestrado em
musicologia, onde fui orientado pela pesquisadora Flvia Camargo Toni, alm de um
ano de estudos particulares com o violonista Fbio Zanon. Antes disso, porm, houve
um curto perodo em que busquei aprender violo de ouvido, observando meus irmos
mais velhos e tentando tocar acordes bsicos para msicas simples. Creio que esse
incio bastante comum na vida de muitos violonistas, e esta viso corrobora-a Ralph
DENYER ao afirmar:

Os primeiros passos no violo so, em geral, resultantes de um


interesse repentino despertado, que leva a pessoa a passar algumas
horas seguidas tentando repetir um ou dois acordes bsicos, a
recolher-se com o violo para algum canto sossegado da casa para
descobrir, sozinho, a sonoridade do instrumento, ensaiar a melhor
colocao dos dedos, enfim, travar o primeiro contato mais ntimo
com sua mais recm-descoberta paixo.33

Segundo Marcos Krning CORRA, os trabalhos cientficos publicados sobre


aprendizagem do violo fora do ambiente escolar, com jovens adolescentes no Brasil,
ainda so escassos.34 Maura PENNA observa que violo de ouvido uma forma de
aprendizagem prtica da msica, caracterstico de pessoas que aprenderam por conta
prpria, observando os outros tocarem: olho no brao do violo mais ouvido em
ao.35 Para Keith SWANWICK, o aprendizado por intermdio da observao de

32

VIEIRA, Alexandre. Op. cit. Pg. 26.


DENYER, Ralph. Toque: curso completo de violo e guitarra. Rio de Janeiro: Rio Grfica e Editora,
s.p., 1983.
34
CORRA, Marcos Krning. Violo sem professor: um estudo sobre processos de auto-aprendizagem
com adolescentes. Dissertao de mestrado em msica. UFRGS. 2000. Pg. 4.
35
PENNA, Maura. O desafio necessrio: por uma educao musical comprometida com a democratizao
no acesso a arte. Cadernos de Estudo: educao musical 4/5. Atravez/UFMG, 1994. P.15.
33

13

outras pessoas tambm bastante comum (sendo que minha diferena de idade para
meu irmo de um ano e para minha irm mais velha de cinco anos):

A aprendizagem em msica envolve imitao e comparao com


outras pessoas. Somos fortemente motivados a observar os outros, e
tendemos a competir com nossos colegas, o que tem um efeito mais
direto do que quando instrudos apenas por aquelas pessoas as quais
chamamos professores. (...) A imitao e a competio so
particularmente fortes entre pessoas da mesma faixa etria e mesmo
grupo social. 36

Sobre os sete anos de conservatrio, eu os cursei por no saber exatamente o que


fazer com a msica, e o conservatrio pareceu algo mais lgico e natural para uma
criana com dez anos de idade. Esses sete anos foram cumpridos para obter um diploma
que eu no sabia exatamente para o que servia ou para o que poderia servir no futuro.
Como muitas crianas na mesma situao, a concluso e obteno de um diploma era
algo natural, como um diploma de um curso de ingls ou de algum outro curso similar.
Os quatro anos do curso de msica na Universidade Estadual Paulista, entre
1991 e 1994, para mim e minha famlia, era algo esperado e necessrio. O
encaminhamento dos meus estudos foi determinando o que, em tese, eu sou hoje como
msico e como pessoa.
O perodo de especializao na Guildhall School of Music and Drama foi
tambm determinante para um rumo especfico da minha carreira, especialmente em
termos do que eu poderia fazer com toda a bagagem que eu j havia visto, ouvido e
estudado, tanto no Brasil quanto no exterior. O estudo na Inglaterra aconteceu por
influncia de um dos meus professores, e por eu j ter algumas informaes sobre o que
eu iria estudar na escola - em termos curriculares, diga-se, e no em termos de estudos
no violo, especificamente -, e que era, enfim, o que eu achava que poderia ser til para
minha carreira naquele momento e para minha carreira futura.
Os quatro anos de mestrado em artes na Universidade de So Paulo foram
importantes e determinantes para saber organizar um estudo e um projeto de forma clara
e definida. Alm do mais, foi importante para eu terminar um projeto que havia
comeado h quase dez anos, e que eu imaginava ser importante para a histria do
violo brasileiro pois seria o resgate de obras e compositores que foram relevantes

36

SWANWICK, Keith. Ensino Instrumental enquanto ensino de msica. Trad. Fausto Borm. Cadernos
de Estudo: Educao Musical 4/5. So Paulo: Atravez, 1994.

14

para o instrumento e que praticamente estavam ausentes das salas de concerto e do


repertrio dos alunos de violo e para minha carreira como violonista.
Alm desses estudos, outro fator decisivo na minha vida como msico: as aulas
particulares, durante um ano - dez meses, especificamente - com o principal violonista
paulista jovem daquela poca 1990 -, Fbio Zanon.
Farei, agora, um histrico de como foram meus estudos, apresentando a
metodologia utilizada para cada caso. Tanto o estudo quanto a metodologia sero
vinculados aos outros captulos da tese, buscando definir e justificar a importncia dos
trabalhos de ps-graduao sobre violo escritos no Brasil.

1.1.3 Conservatrio

Meus estudos em conservatrio foram realizados durante sete anos seguidos


(perodo da formao para obteno do diploma), entre 1982 e 1989 com um ano de
iniciao para crianas inicialmente numa Escola de Msica (Curso Bsico) e,
posteriormente, no Conservatrio Musical Mrio de Andrade (Curso Tcnico), sugerido
pelo prprio professor da primeira escola, visando minha obteno de um diploma
vlido. Ambas essas escolas se encontram na zona oeste da cidade de So Paulo.
O primeiro local que estudei o que Marlia SILVA caracteriza como uma das
escolas alternativas, aquelas que no possuem vnculo com a rede oficial de ensino 37,
como muitas de iniciativas particulares, espalhadas nos bairros de pequenas e grandes
cidades. Afirma a autora:

De modo geral so escolas que apresentam currculo ou programa de


disciplinas flexvel e repertrios voltados para estilos musicais
variados, vinculados aos instrumentos dos quais dispem, e tambm,
ao interesse daqueles que procuram a escola para aprender msica,
sem oferecer, contudo, a concesso de diplomas. 38

Luciana Pires REQUIO entende por escola de msica alternativa aquelas


cujos professores que compem seu quadro no precisam ser concursados, e a

37

SILVA, Walnia Marlia. Escola de Msica Alternativa: sua dinmica e seus alunos. Revista da ABEM,
vol.3, ano 1, pg. 51.
38
Idem.

15

legitimao de sua competncia docente est ligada diretamente sua atuao como
msico.39
A metodologia utilizada por professores de violo seguiu inicialmente o padro
estabelecido pelo violonista uruguaio Isaas Svio. Este foi o primeiro professor a
conseguir estabelecer o estudo do violo clssico em um conservatrio no Brasil (em
1947, no Conservatrio Dramtico e Musical de So Paulo, sendo institucionalizado em
1960), e foi tambm quem redigiu o contedo programtico desses estudos. O violonista
e professor Maurcio Orosco escreveu uma dissertao de mestrado sobre Svio, onde
colocou que:
Com a criao do curso de violo no Conservatrio Dramtico e
Musical de So Paulo, a escola violonstica de Isaias Savio ganharia
uma ferramenta divulgadora que auxiliaria no processo de sua prpria
formao, que por sua vez estimularia o aprendizado formal e por
meio deste, a oficializao do curso treze anos aps sua criao.40

Apesar da oficializao do curso de violo por Svio ter atravessado trs


dcadas, desde o incio dos anos 30 o ensino musical era obrigatrio no Brasil, com o
decreto 19890 de 11 de abril de 1931. Villa-Lobos, em 1932, trabalhou junto
Superintendncia Educacional e Artstica (SEMA), e que teria uma transformao a
partir de 1945 com a redemocratizao do pas 41. Mas o violo no estava inserido nesta
ao pedaggica, que era principalmente baseada no canto orfenico (ou canto
coletivo). interessante notar que, j em 1932, PELAFSKY (apud SOUZA)
diferenciava os conceitos de educao musical esta visando educao musical
coletiva com o conceito de instruo musical esta ministrada nos institutos e
conservatrios42.
A metodologia de Isaas Svio inclua, entre outros, sete cadernos de Estudos
violonsticos e sete cadernos de Peas de compositores violonistas dos perodos barroco,
clssico e romntico, alm de um caderno com obras para crianas e alguns outros sobre
tcnica violonstica. Esses cadernos deveriam ser estudados em cada perodo especfico,
para totalizar o contedo programtico estabelecido por esse professor. So eles:

39

REQUIO, Luciana Pires de S. Saberes e Competncias no mbito das Escolas de Msica


Alternativa: a atividade docente do msico-professor na formao profissional do msico. Revista da
ABEM, n.7, setembro de 2002, pg. 63.
40
OROSCO, Maurcio Tadeu dos Santos. O Compositor Isaas Svio e suas obras para violo.
Dissertao de Mestrado. USP. 2001. Pg. 36.
41
SOUZA, Jusarama. Op.cit. pg.12.
42
SOUZA, Jusarama, op.cit. pg. 18.

16

Vamos estudar violo. So Paulo, Ricordi, 1972. 16 p.


Estudos para o 1. ano de violo. So Paulo, Ricordi, 1971. 15 p.
Estudos para o 2. ano de violo. So Paulo, Ricordi, 1971. 16 p.
Estudos para o 3. ano de violo. So Paulo, Ricordi, 1971. 20 p.
Estudos para o 4. ano de violo. So Paulo, Ricordi, 1971. 20 p.
Estudos para o 5. ano de violo. So Paulo, Ricordi, 1971.
Estudos para o 6. ano de violo. So Paulo, Ricordi, 1971.
Estudos para o 7. ano de violo. So Paulo, Ricordi, 1971.
Coleo de peas clssicas para o 1. ano de violo. So Paulo, Ricordi, 1972. 9 p.
Coleo de peas clssicas para o 2. ano de violo. So Paulo, Ricordi, 1972. 10 p.
Coleo de peas clssicas para o 3. ano de violo. So Paulo, Ricordi, 1972. 15 p.
Coleo de peas clssicas para o 4. ano de violo. So Paulo, Ricordi, 1972. 18 p.
Coleo de peas clssicas para o 5. ano de violo. So Paulo, Ricordi, 1972.
Coleo de peas clssicas para o 6. ano de violo. So Paulo, Ricordi, 1972.
Coleo de peas clssicas para o 7. ano de violo. So Paulo, Ricordi, 1972.

Tcnica e exerccios para o aperfeioamento do violo; ex - tcnica diria do violo.


So Paulo, Ricordi, 1972. 16 p
No meu estudo violonstico naquela pequena escola, fiz inicialmente o caderno
de estudo infantil para violo e, em seguida, integralmente os quatro primeiros cadernos
desses Estudos e Peas editados por Svio, no perodo dos quatro primeiros anos (entre
1982 e 1986). Alm disso, estudei tambm o citado caderno de tcnica diria do
instrumento e algumas poucas composies do repertrio violonstico brasileiro, entre
elas as msicas Abismo de Rosas, de Amrico Jacomino Canhoto e Sons de Carrilhes,
de Joo Pernambuco.
Em seguida, j no Conservatrio Musical Mrio de Andrade, meus estudos
tomaram um rumo distinto e eu no mais utilizei regularmente a metodologia proposta
por Isaas Svio, como havia feito anteriormente. Neide ESPERIDIO escreve que o
conservatrio musical prioriza a prtica instrumental, j que ao aluno compete adquirir
as habilidades necessrias para a execuo instrumental, em detrimento de uma
educao musical que contemple o indivduo como um ser atuante, reflexivo, sensvel e

17

criativo.43 Ao professor, por sua vez, competiria a responsabilidade de transmitir os


conhecimentos durante o processo de aprendizagem. 44 J sem a necessidade formal de
cumprir risca o contedo programtico estabelecido por Isaas Svio, o professor de
violo deste conservatrio se ateve a msicas de um nvel similar ao proposto pelo
violonista uruguaio, mas sem se utilizar dos cadernos de Estudos e Peas (como eu
vinha seguindo at ento). Com isso, estudei basicamente obras do repertrio do
violonista espanhol Andrs Segvia e alguns outros estudos e obras variadas. Entre as
msicas que me dediquei estiveram obras de Mrio Castelnuovo-Tedesco (Tarantella e
Tonadilla sur Le nom de Andrs Segovia), Federico Moreno Torroba (Preldio e
Serenata Burlesca), Manuel Ponce (Sonatina Meridional), Johann Sebastian Bach
(Fuga BWV 1000), Trrega (Recuerdos de Alhambra, Pavana, Maria, Marietta, Oremus
e alguns Preldios) e Heitor Villa-Lobos (Preldio n.1 e Choros n.1). Em meu recital de
formatura, toquei Sevilla, de Isaac Albeniz, em transcrio de Andrs Segvia.
Com relao ao estudo de tcnica pura, o professor de violo indicou um mtodo
de violo de Mario Rodrigues Arenas, do qual realizei diferentes frmulas de arpejos,
ligados e escalas.
Em termos de msica de cmara, estudei algumas obras para violo e piano, que
eram basicamente os dois nicos instrumentos musicais ensinados naquele
conservatrio musical. Entre as msicas estudadas estiveram peas curtas de Anton
Diabelli e Ferdinando Carulli.
Alm dos estudos de violo solo e msica de cmara, na grade curricular
constavam as disciplinas: Harmonia, Histria da Msica, Teoria Musical, Histria da
Msica Brasileira e Canto Coral.
Os conservatrios musicais brasileiros, especialmente os mais antigos,
costumavam seguir o mesmo modelo europeu de ensino, visando basicamente a prtica
instrumental. Entre as dissertaes de mestrado que questionam o papel de ensino dos
conservatrios, h a de Levi Teixeira, segundo o qual:

As entrelinhas do modelo conservatorial europeu se constituem de


imposies de como deve ser a msica, e principalmente como a
msica deve ser feita. O problema desse modelo a criao de um
paradigma que preconiza o fazer musical como o necessariamente
virtuosstico da msica de concerto e isso no d conta do que fazer
msica, bem como dos diversos empenhos e desempenhos dos
43
44

ESPERIDIO, Neide. Op.cit. pg.70.


Idem.

18
caminhos da msica. Sendo assim, a prtica conservatorial est
presente na medida em que o professor se fecha na sua viso de
mundo e desconhece outras possibilidades, em especial, aquelas
apontadas pelo perfil a ser formado45.

1.1.4 Aula Particular

Em seguida aos meus estudos no conservatrio, fiz dez meses de aulas


particulares com o violonista Fbio Zanon. Segundo REQUIO, msicos como este
violonista apesar de possurem formao musical universitria se encaixam no
quesito msico-professor, aquele que

teve uma formao profissional voltada para o desenvolvimento de


atividades artsticas na rea de msica, e que coloca a atividade
docente em segundo plano no escopo de suas atividades profissionais,
apesar dessa ser, freqentemente, a atividade mais constante e com
uma remunerao mais regular em seu cotidiano profissional. 46

Zanon, basicamente, no fez mudanas na minha tcnica violonstica, atendo-se


ao estudo musical. J na primeira aula separamos as obras que iramos trabalhar durante
o ano, optando por uma diversidade de autores e perodos, especialmente algo pouco
tocado por outros violonistas. Foram estudadas, ento, as seguintes obras:

Marcos Lopes: Trs Movimentos para Violo Solo


David Kellner: Fantasia em R Maior
Wenceslaw Matiegka: Grande Sonata em R Maior
Heitor Villa-Lobos: Estudo n.10
Miguel Llobet: El Noi de la Mare

Em termos de tcnica pura, estudei apenas a base da tcnica de Abel Carlevaro,


de forma rpida. Isso representou uma mudana ou pelo menos um contraponto ao
estudo tcnico do violo que eu vinha praticando desde o incio, j que h diferenas
radicais entre as vises violonsticas de Carlevaro e a tcnica de Isaas Svio, sendo que
o estudo deste ltimo provinha de Trrega47, e o ensino da tcnica de Carlevaro
significaria algo moderno ou pelo menos nunca antes visto no Brasil e Amrica
45

TEIXEIRA, Levi Trindade. Op.cit. pg. 52.


REQUIO, Luciana Pires de S. Op.cit. pg. 64.
47
Cf. OROSCO, Maurcio, op. cit.
46

19

Latina at a dcada de 1970. O violonista e professor Marcelo Fernandes escreveu uma


dissertao de mestrado sobre Carlevaro, na qual traou as diferenas da tcnica desse
violonista com a de Trrega48. Segundo Fernandes:

(...) a tcnica considerada moderna para o violo continuava sendo a


tarreguiana forjada para um repertrio romntico , e os mtodos de
estudo/aprendizagem tambm estavam muito aqum de instrumentos
como o piano e o violino.
O labor de Carlevaro vem justamente reparar essa anacronia do
instrumento, racionalizando a teoria e o estudo do violo e dotandolhe de maiores possibilidades de atender s exigncias da msica e das
platias modernas.49

Da mesma forma, o estudo com Fbio Zanon me proporcionou uma mudana de


viso do instrumento para algo mais em vigncia com os violonistas internacionais
daquela poca50.

1.1.5 Universidade
Estudei na Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho (UNESP)
entre 1991 e 1994. O professor de violo desta universidade, Giacomo Bartoloni, focou
basicamente na parte musical, tendo deixado o estudo da tcnica pura escolha de cada
aluno. Assim como Fbio Zanon, esse professor no seguiu nenhum mtodo
violonstico nem se utilizou de uma metodologia especfica de ensino.
Fernando GALIZIA, relata em seu artigo:

(...) h um nmero relativamente pequeno de pesquisas sobre o ensino


universitrio, e em especial sobre o ensino universitrio de msica no
Brasil, bem como sobre os profissionais que a atuam e seu trabalho
acadmico. Essa falta de pesquisa sobre esse nvel de ensino no
reflete a importncia e complexidade do ensino universitrio de
msica.51

Sobre a grade curricular das universidades brasileiras, muito se escreveu e


debateu em fruns, encontros e revistas especializadas, com posicionamentos distintos.
48

PEREIRA, Marcelo Fernandes. A Escola Violonstica de Abel Carlevaro. Dissertao de mestrado.


USP. 2003.
49
Idem, pg. 213.
50
Esta refere-se ao ano de 1990 em So Paulo.
51
GALIZIA, Fernando Stanzione, AZEVEDO, Maria Cristina de Carvalho Cascelli e HENTSCHKE,
Liane. Os professores universitrios de msica: um estudo sobre seus saberes docentes. Revista da ABEM,
n.19, maro de 2008, pg. 33.

20

Magali KLEBER, por exemplo, observa que a necessidade de construo de modelos


distintos do conhecimento musical e de novas metodologias e formas de avaliao,
tambm nos provoca um desconforto quando nos deparamos com a realidade vivida
hoje nos meios acadmicos diante das dificuldades para a concretizao de propostas
inovadoras.52 Maura PENNA observa que o mito do virtuosismo ainda permanece
como uma meta ideal na maioria dos bacharelados em msica 53.
Nos quatro anos de universidade pude trabalhar uma diversidade de obras com o
professor de violo, em geral msicas de um nvel j profissional, visando recitais em
localidades distintas tanto na capital quanto no interior do estado. Como essa
universidade possui campi em uma grande quantidade de cidades, eu pude me
apresentar em quase duas dezenas de cidades distintas, alm da capital. Foi um perodo
de treinamento e aprendizado muito grande, especialmente para testar repertrio,
psicologia da performance e outros fatores de uma carreira j profissional. Ocorreu o
que KLEBER observou sobre a
ampliao dos textos e contextos musicais abordados como contedos
e saberes musicais, bem como a ampliao da sala de aula,
normalmente centro do processo de ensino e aprendizagem, para
outros espaos, quer sejam fsicos, geogrficos ou virtuais.54

Entre as obras trabalhadas em sala de aula estiveram desde msicas do perodo


renascentista (Allemanda e Gallarda de John Dowland, My Lord Willoughbys Welcome
Home de William Byrd), at msicas de vanguarda (Canticum de Leo Brouwer),
passando por sutes de Bach (BWV 996) e obras do perodo clssico (Variaes sobre
um tema de Mozart opus 9, de Fernando Sor). Tive oportunidade tambm de estudar
obras do prprio Giacomo Bartoloni, como o Tango Martes e obras referenciais do
repertrio neoclssico ingls, como o Nocturnal de Benjamin Britten.
Outra caracterstica do estudo na Universidade Estadual Paulista foi a
possibilidade de tocar repertrio de msica de cmara. Com isso, pude aprender e
apresentar obras para violo e canto (soprano, mezzo-soprano e tenor), violo e flauta,
violo e violoncelo, violo e violino, duos, trios e quartetos de violes, violo e piano e
violo e orquestra de cmara. Tive oportunidade de tocar em duo com meu professor de
52

KLEBER, Magali. Qual Currculo? Pensando espaos e possibilidades. Revista da ABEM, n.8, maro
de 2003, pg. 58.
53
PENNA, Maura. No basta tocar? discutindo a formao do educador musical. Revista da ABEM, n.16,
maro de 2007, pg. 53.
54
Idem, pg. 58.

21

violo e aprender bastante a forma como ele mesmo encarava uma carreira profissional.
Toquei tambm com um quarteto de violes formado por ele, com o qual nos
apresentamos em alguns projetos musicais importantes.
Meu recital de formatura, em novembro de 1994, acabou sendo um retrato de
meu perodo de quatro anos nessa universidade. O programa, em trs partes ( maneira
de Andrs Segovia), foi moldado para apresentar primeiramente o repertrio tradicional
do violo na primeira parte, o repertrio camerstico na segunda parte e, na parte final,
uma obra referencial especfica do repertrio moderno do violo:

Primeira Parte: violo solo


-Melancholy Galliard / My Lady Hunsdons Puffe (John Dowland)
-Sonata em R Maior (Domenico Scarlatti)
-Variaes sobre um tema de Mozart opus 9 (Fernando Sor)
-Torre Bermeja (Isaac Albeniz)

Segunda Parte: msica de cmara


-Ballata DalEsilio (Mrio Castelnuovo-Tedesco) com o tenor Milton Monte
-Song for voice and guitar (Elliot Carter) com o mezzo-soprano Edinia de Oliveira
-Preludio e Fuga em Do sustenido menor (Castelnuovo-Tedesco) com Giacomo
Bartoloni
-Serenata Al Alba del Dia (Joaquin Rodrigo) com a flautista Celina Charlier

Terceira Parte: violo solo


-Nocturnal (Benjamin Britten)

Observando meus contemporneos de outras faculdades de msica, percebi que


o estudo na Universidade Estadual Paulista me proporcionou oportunidades visando j
uma carreira profissional em curto prazo. O estmulo dado pelo meu professor de violo
- no apenas ministrando aulas, mas tocando com os alunos - tambm foi fundamental
para o prosseguimento da minha carreira.
Em termos de grade curricular, a UNESP apresentava, alm das aulas de
Instrumento e Msica de Cmara, as disciplinas de Canto Coral, Harmonia, Histria da
Msica, Histria da Msica Brasileira, Anlise Musical, Instrumento Complementar
(Piano) e algumas matrias optativas (como Anlise da Msica Renascentista e

22

Metodologia da Pesquisa). Com exceo dessas ltimas, pouco acrescentou, em termos


de grade curricular, ao que eu j havia estudado (de forma mais elementar) no
Conservatrio Musical Mrio de Andrade. Com isso, o principal diferencial que pude
observar entre o estudo na Universidade e o estudo no Conservatrio Musical foi o do
aprofundamento do ensino de alguns tpicos - em especial, o da Histria da Msica - a
prtica intensiva da msica de cmara e a possibilidade de apresentao musical em
diferentes localidades do estado de So Paulo.
Numa comparao entre Conservatrio e Universidade no Brasil, alm das
possibilidades (reais e necessrias em termos acadmicos) proporcionadas pelo diploma
superior de ensino, creio que h o aspecto do convvio musical mais intenso entre os
estudantes. No caso da universidade, esse convvio mais focado em termos de
profissionalismo, ao contrrio do conservatrio, que mais focado em termos
amadores. Essa questo necessitaria de maior estudo, principalmente por causa da
validade e abrangncia de um diploma de conservatrio no Brasil em comparao com
o mesmo diploma na Europa, por exemplo, onde o estudo do violo nas universidades
mais restrito ao mbito da pesquisa e do ensino. Pude perceber isso de forma mais clara
quando do final dos meus estudos na Universidade Estadual Paulista em 1994 e durante
meus estudos de especializao numa escola de msica na Inglaterra logo aps a
concluso do bacharelado na UNESP.

1.1.6 Curso de Especializao

Meus estudos na Guildhall School of Music and Drama, em Londres, Inglaterra,


foram realizados no perodo letivo de setembro de 1995 at julho de 1996. Nessa escola,
como em muitas outras do hemisfrio norte, o ano escolar estabelecido em trs
perodos, correspondentes aos termos de outono (setembro a dezembro), inverno
(janeiro a abril) e primavera (maio a julho), deixando o perodo de frias para o termo
de vero (entre julho e setembro). A organizao da grade curricular, com isso, foi
diferenciada do que eu havia visto at ento no Brasil.
Ao pesquisar o currculo dos professores e a grade curricular percebi que o
estudo era totalmente focado na performance musical, algo que poderia me
proporcionar um aprimoramento das minhas experincias profissionais j testadas na
Universidade Estadual Paulista. A meta do virtuose musical, assim como eu havia

23

observado na UNESP, novamente se apresentava, mas com ainda mais direcionamento,


haja vista a grade curricular desta escola inglesa.
Com Robert Brightmore, o professor de violo desta escola - e um discpulo de
Julian Bream - novamente meu estudo do violo foi focado nas obras musicais. Ele
jamais me falou de tcnica instrumental, no seguiu nenhum mtodo de violo nem
utilizou nenhuma metodologia especfica de ensino. Com isso pude me aprofundar num
repertrio bastante extenso, totalmente dedicado a obras referenciais do repertrio
violonstico profissional. Entre as msicas estudadas estiveram a Elegy de Alan
Hawsthorne, Sonata II (Eduardo Lopez-Chavarri), Acentuado e Compadre (Astor
Piazzolla), Ritmata (Edino Krieger), Due Canzoni Lidie (Nuccio DAngelo), Petit Suite
(Radams Gnattali), Suite BWV 996 (Bach), Sonatina (Federico Moreno Torroba) e
Tarantos (Leo Brouwer), entre vrios outras. Em meu recital de formatura me
apresentei tambm em duo com meu ex-professor Fbio Zanon (que na poca tambm
morava em Londres), ocasio em que tocamos a Per Suonare a Due, de Leo Brouwer.
Alm das aulas de violo solo, tive na grade curricular aulas de Msica de
Cmara e Leitura Primeira Vista (com o alaudista David Miller), Interpretao da
Msica Antiga (com o alaudista Nigel North), Tcnica de Alexander (com Elizabeth
Waterhouse) e uma aula em conjunto denominada Recital Class (tambm com Robert
Brightmore), na qual todos os alunos se reuniam s sextas-feiras para tocar e discutir
assuntos pertinentes carreira musical ou ao violo especificamente. Hoje em dia, creio
que aulas como essas se forem realizadas no Brasil podem ser beneficiadas com
teses e dissertaes, em que se poderia discutir a respeito de algum desses trabalhos
semanalmente. Essas aulas, em especial, representaram algo bastante diverso de tudo o
que eu j havia visto, tanto no conservatrio quanto na universidade, e me mostraram a
importncia do relacionamento e da troca de informaes entre os alunos e o professor.
As mesmas tambm me deram ideias para algo similar na minha atitude enquanto
professor na Universidade Federal da Paraba (UFPB), o que ser explicado mais
adiante neste captulo.
Na tese de LOURO, h uma importante parte em que a pesquisadora entrevista
alguns professores de instrumentos musicais, e os relatos apresentam um panorama de
ideias e reflexes a respeito do papel do professor dentro de seu contexto especfico.
Essas entrevistas tambm falam a respeito da formao desses didatas, e as palavras de
um deles (uma professora) revelam algo parecido com o que ocorreu a muitos msicos
brasileiros que foram estudar por certo perodo no exterior:

24

Quando fui aos Estados Unidos, a sim, eu estava no meio de um


bando de gente que tocava e que tocava to bem quanto e mais, muito
mais do que eu e gente que tocava menos que eu, ento, eu estava
dentro daquele fervo... e aquilo foi muito, muito bom no sentido de
ampliar um pouco os horizontes e conhecer mais coisas. A formao
aqui foi muito boa em termos instrumentais e meu professor de
instrumento deu muitas oportunidades e realmente a preocupao dele
foi dar uma formao muito completa e eu reconheo que ele
realmente deu isso. Ento, no me faltava nada, era s uma questo de
ampliar os horizontes, a experincia do exterior foi fundamental,
tambm, como j disse, para ampliar os horizontes, para saber... que
existem outras coisas, para estar num meio onde existe mais prtica de
msica, para ver outras coisas, ver boas orquestras, ter melhores
referenciais de qualidade, de sonoridade, coisa que aqui quase
impossvel de se ter a no ser por gravaes, CDs....55

No meu caso, o fato de o curso da Guildhall School of Music and Drama ter
durao de trs termos distintos, com dois pequenos recessos entre eles (e um perodo
de frias mais prolongado no vero), faz com que o aluno tenha tempo de repensar sobre
os estudos e se preparar para o perodo seguinte. Numa comparao entre conservatrio
musical brasileiro, universidade de msica no Brasil e escola de msica na Inglaterra, a
principal diferena que encontrei (alm da durao dos perodos) foi a de foco.
Enquanto o Conservatrio trabalhou pensando em algo amador, e a universidade em
algo profissional, a especializao foi um aprofundamento dos estudos da universidade,
visando especificamente o estudo do violo solo.

1.1.7 Mestrado

Meu perodo de mestrado em musicologia ocorreu entre 1998 e 2002, na


Universidade de So Paulo.
A orientadora dessa dissertao de mestrado foi a professora doutora Flvia
Camargo Toni, que organizou comigo o trabalho da seguinte maneira 56:

Introduo

55

LOURO, Ana Lucia de Marques. op.cit. pg. 71.


ANTUNES, Gilson. Amrico Jacomino "CANHOTO" e o desenvolvimento da arte solstica do violo
em So Paulo. Dissertao de mestrado. USP, 2002.
56

25

Captulo I Informaes sobre a utilizao do violo no Brasil entre os sculos XVI e


XIX
I.1 Primeiras manifestaes do violo no Brasil
I.2 O novo ambiente violonstico em So Paulo com os estudantes da
Faculdade de Direito do Largo So Francisco
I.3 O ambiente violonstico em So Paulo 1900 1930
I.4 Agustn Barrios em So Paulo 1917/1929
I.5 Josefina Robledo: Uma mulher violonista no Brasil 1917/1922
Captulo II Amrico Jacomino 1889/1928
II.1 Nascimento de Amrico Jacomino
II.2 Primeira gravao de Amrico Jacomino 1912
II.3 Em 1916, o primeiro grande recital de Amrico Jacomino. A mudana de
opinio da crtica em So Paulo
II.4 Casamento de Amrico Jacomino e mudana para So Carlos
II.5 Em 1925, Amrico Jacomino retorna capital paulista
II.6 O concurso O que nosso 1927
Captulo III Panorama do violo em So Paulo 1904/1928
III.1 Os violonistas nas salas de concerto: Canhoto, Barrios, Robledo e outros
III.2 Os violonistas nos estdios das gravadoras: Canhoto, Levino Albano,
Rogrio Guimares e outros
Captulo IV O violonista Amrico Jacomino: O msico, a obra, o professor e seu
instrumento
IV.1 Aspectos tcnico-interpretativos e recursos violonsticos empregados
IV.2 - Manuscritos e partituras impressas de Amrico Jacomino
IV.3 Lacunas no repertrio de Amrico Jacomino
IV.4 O Mtodo de violo de Amrico Jacomino
IV.5 Comentrios a respeito do violo que pertenceu a Amrico Jacomino
utilizado para a gravao do CD anexo
IV.6 Consideraes sobre a gravao do CD anexo

Concluso

26

Bibliografia
Anexo I Tabela de gravaes realizadas por violonistas entre 1902 e 1928
Anexo II O repertrio dos violonistas e as salas de concerto em que se apresentaram
Anexo III Transcrio de obras de violonistas-compositores do incio do sculo vinte

O perodo do mestrado foi de aprendizagem em termos de organizao das


ideias e da metodologia de uma pesquisa musical.

Aps um distanciamento de quase

uma dcada, desde o momento em que escrevi essa monografia, numa autoanlise eu
creio que a principal contribuio deste trabalho (que na minha catalogao como ser
vista adiante se encaixa como Trabalho Histrico) foi a de mostrar a importncia das
trs primeiras dcadas do sculo vinte para a histria do violo em So Paulo e por
apresentar a biografia do principal violonista daquele perodo, Amrico Jacomino
Canhoto, por meio de fontes primrias. At ento eram poucas as informaes sobre
esse violonista, tanto em artigos de revistas e jornais quanto em artigos na Internet, esta
ainda em desenvolvimento no Brasil (no ano de 2002). Este tambm foi um dos
primeiros trabalhos a mostrar, com o apoio de notcias de jornal e programas de
concertos, as atividades de importantes nomes do violo mundial e sua relao com o
Brasil, ou mais especificamente com a cidade de So Paulo. Entre os violonistas citados
estiveram o paraguaio Agustn Barrios, os espanhis Josefina Robledo e Sainz de la
Maza, o cubano Gil Orozco e os brasileiros Mozart Bicalho, Levino Albano da
Conceio e Joo Pernambuco, alm de Amrico Jacomino. Nenhum trabalho com essa
especificidade havia sido feito no Brasil anteriormente.
O curso de mestrado foi constitudo do cumprimento dos crditos acadmicos
(com um mnimo de quatro matrias, no meu caso) e da escrita da dissertao, aps
longas conversas com a orientadora e muitas horas de pesquisa.
Esse estudo de ps-graduao me proporcionou o prazer da pesquisa (algo que
eu vinha fazendo desde o perodo inicial de meus estudos na UNESP) e tambm me deu
os requisitos bsicos para tentar realizar concursos para professor em alguma
universidade pblica, algo que se tornou atualmente bastante comum entre msicos
recm-formados nas universidades, e que ser discutido posteriormente nessa tese.
Segundo o artigo 66 das Leis de Diretrizes e Bases (LDB) n.9.394 de 20 de dezembro

27

de 1996 (BRASIL, 1996), a preparao para o exerccio do magistrio superior far-se-


em nvel de ps-graduao, prioritariamente em programas de mestrado e doutorado57.
A pianista Cludia Helena SISTE realizou uma dissertao de mestrado sobre o
estudo na ps-graduao em universidades paulistas, que ser tambm utilizada em
captulo posterior nessa tese 58. Por ora, podemos considerar que o curso de psgraduao em msica se deu por meio de um longo processo, assim como a implantao
dos cursos de graduao em msica nas universidades (o que ser demonstrado em
seguida, pelo exemplo da Universidade Federal de Uberlndia). SISTE afirma em sua
dissertao:

A chegada dos programas de ps-graduao em msica no se deu


diretamente, seno que foi precedida de uma importante etapa.
Primeiramente, foram introduzidos os programas de ps-graduao
em artes, nos quais a msica convivia com as outras reas artsticas, a
saber, as artes plsticas, as artes cnicas e as artes corporais. 59

Uma discusso premente em termos de pesquisa, no caso de violonistas,


pianistas e demais instrumentistas, relacionada quantidade de tempo necessrio para
se fazer um trabalho de investigao nas universidades, o que faz com que esses
instrumentistas por vezes se sintam isolados. Uma das entrevistadas da tese de LOURO
faz um relato muito em voga com relao ao assunto:

Eu acho que agora, j que as regras acadmicas cobram da gente, que


a gente faa iniciao cientfica, para a gente se qualificar como
pesquisador, para finalmente publicar, para finalmente a gente fazer
parte de um grupo de pesquisa no CNPq. Se as regras do jogo so
essas, ento ns podemos simplesmente comear a jogar dentro das
regras. Vou dar um exemplo: eu tenho um aluno que fez metodologia
da pesquisa agora e como era uma cobrana do curso, ele escreveu um
projeto de pesquisa, e esse projeto de pesquisa foi sobre uma obra de
um compositor brasileiro para o nosso instrumento que ele se
interessou em pesquisar; quais so os interesses dele? Ele gostaria de
ver se a obra considerada idiomtica, ento esse termo uma
definio que a gente tem que saber do que se trata, o que uma obra
idiomtica para o nosso instrumento, alm do que uma obra que s
existe em manuscrito... Ento ns vamos agora colocar esse projeto no
gabinete de projetos e vamos trabalhar em cima disso... Este trabalho

57

BRASIL. Lei nmero 9.394 de 20 de dezembro de 1996.


SISTE, Cluda Elena. A pesquisa em prticas interpretativas: estudos recentes nas universidades
estaduais paulistas. Dissertao de Mestrado em Msica. USP. 2009. 128 pg.
59
Idem. op. cit. pg. 9.
58

28
feito em tudo o que se faz dentro da minha sala de aula, ento, por que
isso no uma pesquisa?60.

E a discusso continua no relato de outro instrumentista:

Essa atividade escrita contraditria com a atividade musical...


porque no fazer msica, escrever sobre msica. Ento, ela no
para msicos prticos, ela para quem no est no palco... tu no
podes escrever no palco... Enquanto tu ests escrevendo tu no ests
no palco. Tu vais ver que minha atuao como escritor resumida,
no que eu no escreva, porque eu prefiro estar no palco, a minha
produo ligada ao palco, a minha viso universitria no sentido de
ampliar a magnitude da minha atuao.61

Esse assunto chegou a ser discutido tambm em trabalhos violonsticos. APRO


escreve a respeito em sua dissertao de mestrado, observando que

Grande parte dos instrumentistas que se deparam com a perspectiva de


enfrentar uma ps-graduao costumam lamentar o fato de ter de
abandonar seus instrumentos, em vista das exigncias que uma
pesquisa demanda no mbito terico. Tal fato no ocorreu conosco,
pois exploramos esse territrio sem prejuzo recproco. Pelo contrrio,
procuramos
demonstrar
as
vantagens
colhidas
no
contrabalanceamento entre teoria e prtica.62

A equao que pretende combinar a dedicao pesquisa com a carreira solista


por vezes tem se mostrado realmente sem soluo, inclusive entre os violonistas, uma
vez que as duas atividades demandam muita dedicao e so igualmente absorventes.

1.1.8 Trabalho docente: atividades aplicadas e mtodos utilizados para os alunos

Minhas atividades docentes esto relacionadas de forma direta com minha


satisfao profissional, tanto quanto a rea de msico-concertista. Financeiramente eu
posso afirmar que a docncia no apenas a minha forma principal de sobrevivncia,
seno tambm uma das mais importantes entre os violonistas clssicos no s no
Brasil, mas em todo o mundo , j que esse instrumento no faz parte da orquestra
sinfnica tradicional (outra importante forma de sobrevivncia de msicos eruditos).

60

LOURO, Ana Lucia de Marques. op. cit. Pg. 101.


Idem.
62
APRO, Flvio. Os Fundamentos da interpretao musical: aplicabilidade nos 12 Estudos para violo
de Francisco Mignone. Dissertao de mestrado em msica. USP. 2004. Pg. 9.
61

29

Sobre a satisfao profissional, Rod HARRIS privilegia fatores intrnsecos sua anlise
a respeito do tema:

Satisfao no trabalho uma rea muito estudada, ainda que complexa


e com muitas variveis. Os trabalhos so freqentemente derivados
por fatores externos como salrio, meio ambiente, localizao e moral.
Um trabalhador pode muito bem estar satisfeito com o trabalho se um
nmero suficiente de fatores externos est no lugar. Satisfao
intrnseca, por outro lado, derivada de uma satisfao do trabalho em
si mesmo. 63

Comecei a dar aulas muito cedo, num momento em que no tinha ideia exata de
como era ser um professor. Meus ensinamentos se baseavam no que eu havia aprendido
e no que poderia ser, de alguma maneira, funcional para aquele momento e lugar, mas
certamente no era o ideal que eu iria observar no futuro. Isso, como eu pude observar
depois, ocorreu da mesma forma com muitos outros colegas msicos. Luis Ricardo
QUEIROZ e Vanildo MARINHO escrevem a respeito da atividade de professor de
msica e que eu iria aprender posteriormente de forma mais direta, quando na
docncia de uma universidade que:

Por experincias vivenciadas em toda a trajetria da educao


musical, notrio que a formao do professor tem particularidades
que vo alm do perfil de formao do msico, exigindo
configuraes que transcendem o domnio tcnico e estrutural da
msica.64

Levi TEIXEIRA, em sua dissertao de mestrado, coloca algo que eu sempre


senti e tive conscincia desde o incio de minhas atividades didticas:

O docente ciente de que o processo ensino-aprendizagem inconcluso


contribui para desencadear um permanente movimento de busca e,
como conseqncia, estar preparado e atualizado para as
transformaes e reformulaes que a docncia superior exige na
contemporaneidade. Desse modo, no h docncia sem discncia: as
duas se explicam e seus sujeitos no se reduzem a condio de objeto
um do outro, ou seja, ensinar inexiste sem aprender e vice-versa.65
63

HARRIS, Rod. Musician and Teacher: the relationship between role identification and intrinsic career
satisfaction of music faculty at doctoral degree granting institutions. Tese de doutorado. Denton:
University of North Texas, 1991, pg. 03.
64
QUEIROZ, Luiz Ricardo Silva e MARINHO, Vanildo Mousinho. Novas perspectivas para a formao
de professores de msica: reflexes acerca do Projeto Poltico Pedaggico da Licenciatura em Msica da
Universidade Federal da Paraba. Revista da ABEM, n.13, setembro de 2005, pg. 84.
65
TEIXEIRA, Levi Trindade. Referenciais para o ensino do violo na formao do musicoterapeuta.
Dissertao de mestrado em msica. Universidade Federal de Gois. 2005. Pg. 35.

30

Minhas atividades como professor de violo foram iniciadas em 1988, quando


dei aulas de instrumento complementar (violo erudito) para pianistas no Conservatrio
Musical Mrio de Andrade. Naquela poca eu utilizava os mtodos que conhecia e tinha
estudado com meus professores, especialmente os lbuns j citados de Isaas Svio,
tanto de tcnica quanto de estudos e peas progressivas.
Em 1992 comecei a dar aulas no Conservatrio Musical de Santana, nesse
mesmo bairro na zona norte de So Paulo, onde deixei de utilizar apenas os mtodos de
Isaas Svio e passei a utilizar tambm mtodos variados de acordo com o nvel do
estudante. Minhas atividades nesse conservatrio duraram apenas alguns meses, mas eu
pude aplicar desde cadernos de tcnica de Abel Carlevaro 66 at pequenos Estudos de
autores como Edelton Gloeden e Paulo Porto Alegre. No havia uma grade curricular
especfica a ser seguida, nem mesmo aquela proposta por Isaas Svio, e o pouco
perodo de atuao nesse conservatrio no foi capaz de me aprofundar em uma
atividade docente mais intensa e organizada. Acredito, agora, que as teses e dissertaes
j escritas no Brasil podem auxiliar os professores e alunos de conservatrios na
construo dessa grade curricular, o que ser mostrado nos prximos captulos.
Em abril de 1997, logo aps o meu perodo de estudos na Inglaterra, iniciei
minhas atividades docentes na Escola Municipal de Msica de Ourinhos, onde
permaneci por mais de sete anos consecutivos, at maio de 2004. Foi uma poca de
aprendizado em termos de forma de didtica, pois pude aplicar uma quantidade
considervel de mtodos, livros e obras para os meus alunos daquela escola. Caso
houvesse maior facilidade em conseguir os trabalhos de ps-graduao j realizados no
Brasil, certamente os mesmos tambm seriam utilizados nessas aulas.
Desde julho de 2004, sou professor da Universidade Federal da Paraba. Este
curso um dos mais antigos de violo dentro de uma universidade no Brasil, sendo
lecionado desde o final da dcada de 1970. Ainda h dvidas a respeito de qual seria o
curso de violo mais antigo dentro dessa esfera, pois Geraldo Ribeiro j lecionava na
Universidade de Braslia em meados da dcada de 1970 e Turbio Santos fazia o mesmo
na Universidade Federal do Rio de Janeiro no incio da dcada de 1980. Mas h uma
dissertao de mestrado que relata a experincia dentro da Universidade Federal de
Uberlndia (UFU), tambm uma das mais antigas, escrita por Sandra Mara
66

CARLEVARO, Abel. Serie didactica para guitarra; Cuaderno no. 1, Escalas Diatonicas. 3 ed. Buenos
Aires, Editorial Barry, 1970.

31

ALFONSO67. Na UFU, o violo entrou por uma via transversal, dentro do curso de
educao artstica, com o professor Eustquio Grilo, em 1981, aps uma reformulao
curricular. No ano seguinte foi a vez do carioca Jodacil Damaceno assumir outra vaga
como professor contratado daquela universidade. Outros cursos foram se abrindo, como
o da Universidade de So Paulo (USP) em 1986 (com o professor Edelton Gloeden) e o
da Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita (UNESP) em 1987 (com o
professor Giacomo Bartoloni).
Um artigo publicado pela Revista da ABEM em 200868 disserta sobre a relao
do professor de msica e a universidade. Nele os autores dizem que, ao tentarem
responder indagaes sobre o assunto, encontraram uma bibliografia bastante carente
em relao ao tema, especificamente em trabalhos acadmicos. Entre as perguntas
formuladas pelos autores estavam: de que maneira se configura o trabalho acadmico
dos professores universitrios de msica? O que um professor de msica necessita saber
para desenvolver uma prtica docente na universidade a qual ele est inserido?
Quando da minha mudana para a Paraba, aps um perodo de quase quinze
anos como violonista profissional radicado em So Paulo, eu passei o que outros
violonistas passaram e continuam passando com relao a um modo de vida de viagens
e mudanas decorrentes da profisso de professor de violo em uma universidade, aps
ser contratado por intermdio de um concurso pblico. Sandra Mara ALFONSO relata
algo parecido a respeito de Jodacil Damaceno:

A mudana para Uberlndia foi a aceitao de um novo desafio. Aps


a conquista de um espao garantido no Rio de Janeiro, Jodacil iniciava
uma nova jornada, em uma terra considerada distante, porm receptiva
e preparada para ser semeada. Ele declara que a mudana para
Uberlndia foi a terceira guinada na sua vida. A primeira foi deixar de
servir cafezinho, a segunda, ter deixado o escritrio da empresa de
navegao e dedicar-se exclusivamente msica e a terceira, deixar o
Rio de Janeiro e radicar-se em Uberlndia69.

SISTE sustenta em sua dissertao que:

A chegada dos cursos de graduao em msica representa o momento


em que a sociedade e, por extenso, a universidade comeam a
67

ALFONSO, Sandra Mara. Jodacil Damaceno: uma referncia na trajetria do violo no Brasil.
Dissertao de mestrado em histria. Universidade Federal de Uberlndia. 2005. 212 pg.
68
GALIZIA, Fernando Stanzione, AZEVEDO, Maria Cristina de Carvalho Cascelli e HENTSCHKE,
Liane. OP.cit., pg. 28.
69
ALFONSO, Sandra Mara. Op. cit. Pg. 121.

32
entender o significado do papel que as artes e a msica possuem do
ponto de vista de um conhecimento especfico, prprio. Reconhecer
que h conhecimento nas prticas artsticas significou uma mudana
de paradigma do que pode ser julgado conhecimento cientfico,
podemos assim afirmar.70

Minha metodologia de ensino ainda est sendo formada, a partir de toda a


experincia que tive com meus alunos desde 1988. SOUZA, que diferencia mtodo de
metodologia, explica que:

(...) mtodo significa literalmente seguir um caminho para atingir um


objetivo: perseguir alguma coisa j antes imaginada ou prdeterminada. O caminho a ser percorrido, que o mtodo sugere,
depende do assunto, do objeto pretendido e das possibilidades do
educando.71

Mas a principal diferena entre a metodologia que eu busco seguir com a de


meus antigos orientadores baseada na minha convico dos benefcios do estudo da
tcnica pura, algo que nenhum deles focou de forma mais intensa. Nesse sentido,
acredito que a maioria dos mtodos de tcnica violonstica mais conhecidos (Abel
Carlevaro72, Henrique Pinto 73, Ricardo Iznaola74 e Joseph Urshalm75) pode ser utilizada
de uma maneira ou de outra, sem a necessidade de se valer apenas de uma metodologia
especfica. Em termos de obras, meu foco se d em material menos conhecido do
repertrio do violo, para mostrar aos alunos a diversidade e grande quantidade de obras
ainda pouco divulgadas e que poderiam ter maior destaque numa carreira violonstica.
Segundo a tese de LOURO, a metodologia da disciplina de instrumento diferenciada
de outras como teoria e percepo, sendo tal metodologia associada tradio recebida
de seus antigos professores, s experincias pedaggicas, adquiridas ao longo de suas
carreiras, a cursos de formao pedaggica e sua atuao profissional como
instrumentista.76
A respeito da utilizao dos trabalhos de mestrado e doutorado escritos no Brasil
para o auxlio das aulas e dos programas anuais das aulas de violo, essa tese ir
70

SISTE, Cludia Elena. Op. cit. Pg. 8.


SOUZA, Jusamara. Aspectos metodolgicos na formao didtica do professor de instrumento. Anais
do Terceiro Simpsio de Educao Musical. Londrina, 1994, pg. 48-49.
72
CARLEVARO, Abel. Op. cit.
73
PINTO, Henrique. Iniciao ao Violo Volume II. So Paulo. Ricordi, 2000.
74
IZNAOLA, Ricardo. Kitharologus The path to virtuosity. Mel Bay, 1997.
75
URSHALMI, Joseph. A Conscious Approach to Guitar Technique. United Kingdon. Chanterelle
Verlag, 2008.
76
LOURO, Ana Lucia de Marques. op.cit. pg. 118.
71

33

procurar mostrar de qual forma os mesmos podem ser atrelados ao estudo (por parte do
aluno) e ensino (por parte do professor) tanto em escolas de msica quanto em
conservatrios musicais e universidades. Algo que eu j venho fazendo regularmente
em minhas aulas na UFPB, com relao a atividades de pesquisa, a Recital Class
(igual que eu vinha freqentando nos meus estudos de especializao na Inglaterra),
na qual eu utilizo como base as teses e dissertaes sobre violo, em que so discutidos
com os alunos assuntos estudados por pesquisadores a respeito de violo. o que de
mais explcito eu pude relacionar com minhas atividades didticas, at o momento, em
se tratando desses trabalhos acadmicos e suas relaes com meus alunos universitrios.
Essa ao corrobora-a Patrcia SANTIAGO, ao dizer que: A atividade de pesquisa tem
se tornado cada vez mais relevante para os profissionais de msica que lidam com a
performance e com a pedagogia da performance musical77.
Novamente, utilizo o trabalho de LOURO, quando em suas reflexes finais ela
afirma que sentiu um conflito:
(uma) sensao de crise de identidade por parte dos docentes
universitrios-professores de instrumento. Por um lado, havia o que os
participantes relatavam nas entrevistas; por outro, existiam os outros
colegas, as vivncias em congressos e a minha prpria crise de
identidade. Os professores entrevistados espelhavam em suas falas
uma inquietao da rea de atuao universitria msico-instrumental
que era sentida por mim como nossa 78.

A autora refere-se, no texto, a respeito do papel do professor em relao a suas


diversas atividades dentro da universidade, como administrao, pesquisa, extenso e
prticas musicais pblicas, alm de questes financeiras e outros assuntos. Ou seja, algo
a mais do que apenas dar aulas e tocar instrumento, e a maneira de se fazer isso. Eu
considero essas reflexes relevantes e reais dentro da realidade de um msico
(performer) e sua relao com suas atividades extrapalco. E GALIZIA, sobre a
responsabilidade social dos professores de ensino superior, fala o que parece ser no
apenas a minha, mas a rotina de muitos professores universitrios na mesma situao,
ao escrever que ns temos uma responsabilidade social por formarmos profissionais,
por ensinarmos os alunos, produzirmos conhecimento atravs da pesquisa e por difundi-

77

SANTIAGO, Patrcia Furst. Mapa e sntese do processo de pesquisa em performance e em pedagogia


da performance musical. Revista da ABEM, n.17, setembro de 2007, pg. 17.
78
LOURO, Ana Lucia de Marques. op.cit. pg. 172.

34

los na extenso, alm de sermos msicos com atividades regulares em termos


artsticos79.

E no posso deixar de compactuar com TEIXEIRA a respeito da viso de ensino


em uma universidade, ao dizer que os educadores precisam sempre revisar suas prticas
atravs da interdisciplinaridade, e no apenas ficarem num discurso fechado .80
Na tese de LOURO, em um dos relatos dos professores observamos novamente
algo similar ao que ocorreu a mim e a muitos outros professores universitrios:

O seu relato revela a paixo pelo instrumento, muitas vezes


descrevendo aspectos tcnico-musicais especficos. Ela acredita e
afirma a necessidade do professor de instrumento ser capaz de atuar
em outras reas, mas defende sempre maiores espaos para a atuao
como performer e no ensino especfico do instrumento. Da sua
infncia reala que, embora os pais no fossem msicos, sempre
incentivaram bastante o estudo de msica. Ao longo de seus estudos,
localiza aprendizados muito significativos e alguns momentos de
frustrao. Em sua larga experincia profissional, se diz realizada,
apesar de afirmar que os professores universitrios no Brasil ainda no
so valorizados em termos de remunerao salarial.81

Algo que eu senti de forma mais intensa na universidade, com relao ao trabalho dos
professores, diz respeito s caracterizaes de HUBERMAN (apud LOURO). Este autor
divide a carreira profissional em cinco fases distintas: 1- Entrada e tateamento; 2Estabilizao e consolidao de um repertrio pedaggico; 3- Diversificao, ativismo e
questionamento; 4- Serenidade, distanciamento afetivo e conservantismo e; 5Desinvestimento (sereno ou amargo).
Este captulo procurou mostrar que minhas atividades se estabeleceram em
vrios campos distintos de ensino, desde uma pequena escola de msica de um bairro
residencial at a universidade pblica, e os mtodos que eu utilizei foram os mesmos
usados por inmeros alunos em vrias pocas distintas a partir do estabelecimento do
violo nos conservatrios musicais brasileiros na dcada de 1940. As possibilidades de
utilizao dos trabalhos de ps-graduao escritos no Brasil nessas diferentes unidades
acadmicas citadas mostrariam mais uma real importncia da escrita desses trabalhos
em termos didticos. Uma metodologia violonstica baseada nessas teses e dissertaes
79

GALIZIA, Fernando Stanzione, AZEVEDO, Maria Cristina de Carvalho Cascelli e HENTSCHKE,


Liane. OP.cit., pg. 33.
80
TEIXEIRA, Levi Trindade. Op. cit. Pg. 53.
81
LOURO, Ana Lucia de Marques. op.cit. pg. 61.

35

se mostraria como algo de valor incomensurvel tanto para alunos quanto para
professores, e isso o que buscaremos mostrar nos prximos captulos.

1.2 Os Programas de Ps-Graduao

O rgo principal que cuida dos cursos de ps-graduao no Brasil em todos os


seus aspectos a Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior, que
neste captulo utilizaremos a sigla pela qual mais conhecida, CAPES 82. Segundo sua
pgina eletrnica oficial, ela tem como misso a avaliao da ps-graduao strictu
senso, o acesso e a divulgao da produo cientfica, o investimento na formao
de recursos de alto nvel no pas e no exterior, a promoo da cooperao cientfica
internacional e a induo e fomento da formao inicial e continuada de professores
para a educao bsica nos formatos presencial e a distncia.

Esse rgo foi criado

em 1951, ainda no governo de Getlio Vargas, tendo sido subordinado presidncia da


repblica dez anos depois.
No ano de 1981 a CAPES ficou reconhecida oficialmente como o rgo
responsvel pela ps-graduao.
Em 1995, aps o perodo de atuao do presidente Fernando Collor de Mello quando a instituio foi extinta e depois recriada -, o sistema de ps-graduao chegou a
ter mais de 1000 cursos de mestrado e 600 de doutorado.
Os primeiros cursos de ps-graduao em msica deram-se no Rio de Janeiro
em 1980, no Rio Grande do Sul em 1987, na Bahia em 1990 e em So Paulo em 1993
(USP), sendo todos voltados inicialmente ao mestrado. O doutorado em msica foi
iniciado apenas em 1995 na Universidade do Rio Grande do Sul. Para a nossa tese de
doutorado, esses dados so interessantes quando das anlises das dissertaes e teses,
especialmente quanto ao nmero de trabalhos defendidos e o local de realizao dos
mesmos.
A Associao Nacional de Ps-Graduao em Msica (ANPPOM) seria criada
em 1988, tendo sido sedimentada apenas em 1995, ajudando assim no desenvolvimento
das pesquisas de ps-graduao em msica no Brasil. Seu encontro anual um dos mais
aguardados e importantes para os pesquisadores brasileiros na rea de msica.

82

http://www.capes.gov.br/sobre-a-capes/historia-e-missao , pesquisado em outubro de 2009.

36

Com o aumento do nmero desses cursos, a Fundao CAPES comeou a exigir,


segundo SISTE83, uma definio e articulao das linhas de pesquisa e reas de
concentrao com a proposta do programa. Os programas teriam, ento, que cumprir
esses objetivos atravs das especificaes estabelecidas por eles.
Em sua pgina eletrnica, a CAPES coloca que a rea de Concentrao deve
expressar o programa de ps-graduao, indicando a rea de conhecimento a qual
pertence, sua especialidade enquanto produtora de conhecimento e formao, desejando
tambm que seja abrangente para que no se altere (a no ser por uma forte
reestruturao). Foi estabelecido que pode haver uma ou mais reas de
Concentrao num Programa de Ps-Graduao.
Sobre o termo Linha de Pesquisa, a CAPES observa que ela deve mostrar a
especificidade de produo de conhecimento dentro de uma rea de concentrao,
devendo ser sustentada pelo corpo docente permanente do programa. As linhas de
pesquisa devem expressar um recorte especfico e bem delimitado, devendo tambm
ser proporcional dimenso e rea de competncia dos professores.
Ainda, segundo a instituio, so trs os deveres da linha de pesquisa:
1) Agregar os projetos de pesquisa de forma proporcional ao corpo docente.
2) Articular as ementas com os temas dos projetos de ps-graduao
3) Garantir proporo adequada entre nmero de projetos e dimenso do corpo
docente.
esperado, por fim, que linhas, orientaes, disciplinas ministradas e produtos
da pesquisa estejam em ntima articulao.
Observamos, atravs das anlises das teses e dissertaes sobre violo, que essas
articulaes esperadas pela CAPES foram cumpridas, e isso nos ajudou inclusive no
estudo das relaes entre universidade, orientador, aluno e pesquisa. SISTE 84 observa
pelo menos dois requisitos aos quais as pesquisas devem atender: integrar e alinhar-se
ao pensamento geral da universidade por meio do perfil da mesma e representar
verdadeiramente as reas de interesse, capacidades e competncias dos docentes que a
executam.
Esses dados demonstram que determinados tipos de pesquisa dificilmente
poderiam ser realizadas em universidades diferentes das quais foram originalmente. Isso

83

SISTE, Cluda Helena. A pesquisa em prticas interpretativas: estudos recentes nas universidades
estaduais paulistas. Dissertao de Mestrado em Msica. USP. 2009, pg. 8.
84
SISTE, Cluda Helena. Idem.

37

importante para mostrar e orientar os futuros pesquisadores com relao ao local onde
podem escrever e desenvolver seus trabalhos.
Claudia SISTE acrescenta ainda que
embora a pesquisa seja campo aberto, a ser preenchido pelas
especificidades de cada rea, em consonncia com as tendncias do
corpo docente, ela deve reportar-se aos princpios gerais que norteiam
toda a produo cientfica 85.

Faremos, nesse captulo, uma sinopse dessas linhas de pesquisa e reas de


concentrao

das

universidades

principalmente nos prprios sites

86

pesquisadas,

informaes

essas

coletadas

das mesmas. Houve certo obstculo em algumas

dessas pesquisas, pela pouca quantidade de informao disponvel em alguns websites,


como no caso da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e pela falta de
atualizao de algumas dessas pginas eletrnicas, como no caso da Universidade
Federal da Bahia (UFBA), sendo que buscvamos primordialmente informaes como o
ano de abertura dos programas de ps-graduao ou mesmo o contedo desses
programas.
Tivemos grande dificuldade na obteno de muitas das teses e dissertaes em
formato eletrnico principalmente os documentos mais antigos, do incio da dcada de
1990, sendo isso outro empecilho para nossa pesquisa.
Vamos citar, agora, caso a caso, a partir da regio Centro-Oeste, como surgiram
e como so organizados esses programas nas universidades em que foram defendidos os
trabalhos sobre violo no Brasil entre 1991 e 2007. As regies analisadas foram
definidas por ordem alfabtica. Seguindo este critrio, iremos em seguida analisar as
Regies Nordeste, Sudeste e, por fim, Regio Sul. No ser analisada nenhuma
universidade da Regio Norte, por no termos encontrado nenhuma dissertao ou tese
nessa regio como fonte principal ao nosso trabalho.
Observamos que muitas das informaes obtidas nas pginas eletrnicas dessas
universidades, com relao s linhas de pesquisa e rea de concentrao so
basicamente genricas, semelhantes.
Quando da utilizao da sigla, por ordem alfabtica de regio e de universidade,
seu significado correspondente, como j assinalado no incio da tese, :

85

SISTE, op. cit., pg. 7-8.


Utilizaremos a palavra site ou website em seu original ingls, por entendermos ser de uso comum, e
adotaremos a fonte em itlico.
86

38

-CBM: Conservatrio Brasileiro de Msica


-PUC-SP: Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo
-UFBA: Universidade Federal da Bahia
-UFG: Universidade Federal de Gois
-UFMG: Universidade Federal de Minas Gerais
-UFPE: Universidade Federal de Pernambuco
-UFRGS: Universidade Federal do Rio Grande do Sul
-UFRJ: Universidade Federal do Rio de Janeiro
-UFSC: Universidade Federal de Santa Catarina
-UFU: Universidade Federal de Uberlndia
-UNESP: Universidade Estadual Paulista
-UNICAMP: Universidade de Campinas
-UNIRIO: Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
-USP: Universidade de So Paulo

1.2.1 Regio Centro-Oeste


1.2.1.1 Universidade Federal de Gois (UFG)
A pgina eletrnica dessa Universidade 87 coloca como objetivo do curso
qualificar profissionais da rea de Msica para o exerccio de
atividades docentes, artsticas e de pesquisa compatveis com as
necessidades de nossa poca; desenvolver/ampliar a pesquisa e a
reflexo

quanto

produo

artstica,

instrumentalizando

docentes/artistas para o aprimoramento de suas atividades acadmicas;


enfatizar e promover a articulao existente entre o ensino e a
pesquisa, preparando docentes para o exerccio pleno do ensino de
graduao na rea de Msica.

A rea de Concentrao oferecida se chama Msica na Contemporaneidade,


abarcando trs linhas de pesquisa: Msica, Criao e Expresso; Msica, Educao e
Sade e, por fim, Msica, Cultura e Sociedade. Sobre a principal linha de pesquisa
utilizada pelos violonistas pesquisadores, a universidade informa que
MSICA, CRIAO E EXPRESSO abarca pesquisas sobre
processos de criao musical, performance musical, composio e
87

http://www.prppg.ufg.br/?id_pagina=570&site_id=84 , pesquisado em outubro de 2009.

39
outras interfaces da msica com processos de criao e expresso.
(...): nesta linha so aceitos apenas pesquisadores instrumentistas,
cantores, regentes ou compositores que desenvolvam trabalhos que
necessariamente envolvam performance. A seleo diferenciada
exigindo avaliao de conhecimento artstico em performance ou
composio.

O professor de violo desta universidade o paulista Eduardo Meirinhos. A


UFG abriga alunos no apenas do Estado de Gois, mas tambm do Distrito Federal,
provavelmente pela proximidade do local, alm de outras regies mais distantes.
Foram analisados trs trabalhos com temtica violonstica defendidos nessa
universidade, os quais sero analisados e discutidos no quarto captulo. O orientador de
todos esses trabalhos foi o prprio professor de violo da universidade, Eduardo
Meirinhos.
At 2007 no havia nenhuma dissertao sobre violo defendida na
Universidade de Braslia, motivo pelo qual no a relacionamos em nosso trabalho.

1.2.2 Regio Nordeste


1.2.2.1 Universidade Federal da Bahia (UFBA)
Conforme consta no site dessa Universidade88 os objetivos do programa de psgraduao so:
desenvolver a capacidade crtica do graduado em msica atravs de
uma formao cientfica, filosfica e musical de alto nvel,
capacitando-o a melhor compreender e interferir positivamente no
processo de desenvolvimento das reas de Composio, Educao
Musical, Etnomusicologia e Execuo Musical particularmente no
Brasil. Produzir conhecimento nas reas mencionadas e melhorar o
desempenho profissional, inclusive para o ensino de terceiro grau.
Observar, registrar, classificar, objetiva e isentamente, o que se faz
musicalmente nas diversas culturas musicais brasileiras. Apreender o
significado dessas msicas, ou seja, compreender por que se faz o que
se faz. Estudar os sistemas musicais existentes no pas. Comparar
esses sistemas com os que praticamos. Ampliar esses limites
gradativamente para culturas subsidirias e, progressivamente, para as
culturas musicais do mundo.

As linhas de pesquisa, na poca da visualizao da pgina eletrnica, estavam


todas voltadas msica brasileira, com os itens Criao Musical, Execuo Musical,
Msica e Cultura e, por fim, Msica e Educao.

88

http://www2.ppgmus.ufba.br/apresentacao/objetivos, pesquisado em outubro de 2009.

40

Os orientadores dos trabalhos de ps-graduao com temtica violonstica, no


perodo delimitado em nosso trabalho, foram os professores de violo Ana Cristina
Tourinho e Mario Ulloa, alm de Oscar Dourado, Joel Luis da Silva Barbosa, Pedro
Ribeiro Kroeger, Alda de Jesus Oliveira e Geber Lisboa Ramalho.
Foram dezesseis os trabalhos defendidos, os quais sero analisados no quarto
captulo.

1.2.2.2 Universidade Federal de Pernambuco (UFPE)

Foram encontrados e analisados trs trabalhos com temtica violonstica nessa


universidade, sendo que os mesmos no foram defendidos no Departamento de Msica
dessa universidade, mas sim no Departamento de Cincia da Computao. O site89 desta
Universidade relata que o Programa de Ps-graduao em Cincia da Computao teve
incio em 1975 (mestrado) e em 1992 (doutorado), obtendo da CAPES em 2010 o
conceito 6.
As reas de concentrao, tanto em mestrado quanto em doutorado, na poca de
nossa pesquisa, eram: Arquitetura de Computadores e Sistemas Digitais; Banco de
Dados; Inteligncia Computacional; Engenharia de Software e Linguagens de
Programao; Redes de Computadores e Sistemas Distribudos Teoria da Computao.
Com relao s linhas de pesquisa, eles ofereciam Arquitetura de Computadores,
Sistemas Digitais, Banco de Dados, Processamento de Imagens, Processamento de
Linguagem Natural, Redes Neurais, Engenharia de Software, Linguagens de
Programao, Administrao e Integrao de Sistemas, Redes de Computadores,
Sistemas Distribudos, Algoritmos e Complexidade, Lgica e Sistemas Distribudos,
Matemtica Computacional.
Com relao aos crditos acadmicos, h dois que so obrigatrios (os
seminrios), e vinte e quatro eletivos (doze bsicos e doze especficos), totalizando vinte
e quatro crditos.
O orientador desses trs trabalhos analisados para a nossa tese foi Geber Lisboa
Ramalho, com coorientao de Carlos Sandroni em um deles.

89

http://www.propesq.ufpe.br/index.php?option=com_content&view=article&id=70&Itemid=138,
pesquisado em novembro de 2011.

41

1.2.3 Regio Sudeste


1.2.3.1 Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)

Os trabalhos analisados nesta universidade so divididos em dois programas, o


do Departamento de Msica e o do Departamento de Histria.
1.2.3.1.1 Departamento de Msica
De acordo com a pgina eletrnica do Programa de Ps-Graduao em Msica
da Universidade Federal de Minas Gerais90, ele tem por objetivo

gerar novos conhecimentos atravs da pesquisa e da prtica musical,


integrando reflexo terica e produo artstica, tendo como meta
primordial a formao artstica, tcnica e cientfica de profissionais da
rea tanto para a prtica acadmica, quanto para sua insero no
mercado de trabalho e no meio cultural do pas.

As trs linhas de pesquisa eram, quando da visita pgina da universidade,


Performace Musical, Estudos das Prticas Musicais e Sonologia. Essa ltima representa
algo diferenciado da maioria das outras linhas de pesquisa dentre as universidades
analisadas.
Foram encontrados cinco trabalhos de mestrado defendidos nesta universidade
durante o perodo de delimitao da nossa tese. Desses cinco trabalhos, apenas um no
foi defendido no Departamento de Msica, mas sim no Departamento de Histria.
1.2.3.1.2 Departamento de Histria
Segundo o site do Departamento de Histria 91, o curso de mestrado teve incio
em 1990, e o de doutorado em 2000, por recomendao da CAPES, tendo recebido
desta instituio a nota 06 em 2007. Com quase vinte anos de atividades, o
departamento de Histria j havia realizado quase quatrocentas defesas de mestrado e
doutorado.
As trs linhas de pesquisa so: Cincia e Cultura na Histria, Histria e Culturas
Polticas na qual foi realizada a dissertao de mestrado com assunto violonstico e,
por fim, Histria Social da Cultura. Todas elas foram balizadas atravs dos conceitos de
Tradio e Modernidade.

90

http://www.musica.ufmg.br/mestrado.html#Objetivos , pesquisado em 25 de maio de 2011.


http://www.fafich.ufmg.br/his/site/index.php/ppghistoria/ppghis/PPGH-UFMG/Programa, pesquisado
em outubro de 2009.
91

42

A linha de pesquisa Histria e Culturas Polticas, segundo o site da universidade,


apia-se num quadro de pesquisas de historiadores do poltico que, nos ltimos anos,
tm transitado na elaborao dos seus trabalhos e na definio dos seus objetos de
pesquisa numa fronteira em que se cruzam a histria poltica e a histria cultural 92.
Os orientadores dos trabalhos analisados foram Maurcio Alves Loureiro,
Helosa Maria Murgel Starling, Maurcio Freire, Fausto Borm e Walnia Marlia Silva.

1.2.3.2 Universidade Federal de Uberlndia (UFU)

Foram encontradas duas dissertaes de mestrado com assuntos violonsticos


defendidos nessa universidade durante o perodo de delimitao do nosso trabalho.

1.2.3.2.1 Faculdade de Cincia da Computao

A primeira dissertao pesquisada foi realizada na faculdade de Cincia da


Computao. Em informaes colhidas no site desta Universidade93 afirmado que:
O programa de ps-graduao Stricto Sensu em Cincia da
Computao (PPG-CC) da Universidade Federal de Uberlndia foi
criado em Maro de 2001, tendo iniciado suas atividades desde ento,
com recomendao da CAPES. O Programa desenvolve pesquisas
com nfase em 4 linhas principais: Banco de Dados, Engenharia de
Software, Redes de Computadores e Inteligncia Artificial. O PPGCC oferece formao de alta qualidade em Cincia da Computao em
nvel de Mestrado, formando em mdia 12 mestres por ano.

Ainda conforme o endereo eletrnico,


o programa de ps-graduao em Cincia da Computao da
Faculdade de Computao da Universidade Federal de Uberlndia,
objetiva qualificar profissionais para atuarem nas reas de ensino e
pesquisa, bem como na aplicao de tcnicas da Cincia da
Computao a fins prticos industriais e empresariais. Outro objetivo
primordial atingir um reconhecido padro de qualidade nos
resultados e produtos de pesquisa nele produzidos.

1.2.3.2.2 Departamento de Histria

A outra dissertao foi defendida no Departamento de Histria. O site deste


departamento94 observa que o Programa de Ps-Graduao em Histria, em nvel de
92
93

Idem.
http://www.cnpq.br/areasconhecimento/1.htm , pesquisado em outubro de 2009.

43

mestrado, foi institudo em 1999, com rea de concentrao Histria Social, com o eixo
temtico Poltica e Cultura. As quatro linhas de pesquisa so Histria e Cultura, Poltica
e Imaginrio, Trabalho e Movimentos Sociais e, por fim, Linguagens, Esttica e
Hermenutica. Ainda conforme a pgina eletrnica, as linhas de pesquisa apontariam
para a diversidade de campos, como pesquisas e reflexes sobre cultura, pesquisa sobre
imbricaes e relaes entre racionalidades, sentimentos e sensibilidades na histria,
pesquisas sobre o mundo do trabalho e movimentos sociais e interconexes entre
arte e sociedade.
Os orientadores dos dois nicos trabalhos defendidos foram Alcides Freire
Ramos (Departamento de Histria) e Luciano Vieira Lima (Faculdade de Cincia da
Computao).

1.2.3.3 Conservatrio Brasileiro de Msica (CBM)

A dissertao de mestrado analisada foi defendida no ano de 2000. J em 2012,


no site da instituio, o ensino de Educao Musical na ps-graduao constava como
um curso de especializao. Este aproveitava os crditos dos alunos da extenso para
preenchimento das 360 horas de crditos totais do curso, sendo cada curso de extenso
considerado uma disciplina da ps-graduao. Os concluintes deveriam entregar um
trabalho final de curso e participarem da disciplina Metodologia da Pesquisa.
Entre os objetivos gerais e especficos constam o aprimoramento e atualizao
dos conhecimentos sobre Educao Musical.
O orientador da dissertao defendida nesse conservatrio foi Eduardo Passos.

1.2.3.4 Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO)

A pesquisa na pgina eletrnica desta Universidade foi realizada em agosto de


95

2009 . O programa de ps-graduao em msica, criado em 1993, coloca como objeto


preferencial a msica brasileira, tendo como subreas de conhecimento de mestrado a
Musicologia, Prticas Interpretativas, Msica e Educao e Composio. A primeira
defesa de uma dissertao de mestrado em msica nessa universidade viria a ocorrer em

94
95

http://www.pos.inhis.ufu.br/_sgg/m1_1.htm, pesquisado em outubro de 2009.


http://www.unirio.br/propg/posgrad/stricto_paginas/stricto.htm, pesquisado em agosto de 2009.

44

1995. O curso de doutorado em msica nessa universidade, por sua vez, seria criado em
1998 (com a primeira tese sendo defendida em 2000).
Em 2009 ocorreu uma reformulao do curso, atravs da reforma curricular,
normas de credenciamento docente, implantao para as subreas de doutorado e
reestruturao de disciplinas.
As linhas de pesquisa em 2009 eram: Documentao e Histria da Msica,
Linguagem e Estruturao Musical, Teoria e Prtica na Interpretao, Etnografia das
Prticas Musicais e Ensino-Aprendizagem em Msica.
Entre 2001 (ano da primeira defesa de um trabalho com tema violonstico
realizado nessa universidade) e 2007 foram realizadas cinco monografias de mestrado
desse tipo. Os orientadores dos trabalhos foram Carole Gubernikoff, Jos Nunes
Fernandes, Ingrid Barancoski e Luis Otvio Braga.

1.2.3.5 Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

1.2.3.5.1 Departamento de Msica


Segundo o site da universidade96, o Programa de Ps-Graduao em msica foi
criado em 1980, tendo sido pioneiro nesta especificidade. A instituio mantm, at o
momento da consulta (2011), apenas o curso de mestrado acadmico strictu senso.
Inicialmente havia apenas duas reas de concentrao: Prticas Interpretativas e
Composio. Posteriormente foram agregadas as reas de Musicologia e de Educao
Musical. O programa de Ps-graduao aponta como objetivos

qualificar docentes para o ensino superior na rea de msica,


desenvolver a reflexo terica sobre o fenmeno musical e as
competncias individuais artsticas e de pesquisa, e promover a
interao com os cursos de graduao da Escola de Msica, no sentido
de implementar o mais cedo possvel a prtica da pesquisa e o
nascimento de projetos relevantes para as linhas de pesquisa
propostas.

Um dado interessante apresentado no site da universidade detalhamento que


infelizmente no foi apresentado no site de outras instituies, para melhor visualizao
que at junho de 2008, dos 284 formandos, 200 se formaram na linha de pesquisa

96

http://www.musica.ufrj.br/index.php?option=com_content&view=article&id=60&Itemid=85,
pesquisado em setembro de 2011.

45

Prticas Interpretativas (71%), 43 na rea de musicologia (15%) e 40 na rea de


composio (14%).

1.2.3.5.2 Departamento de Histria


Uma das teses de doutorado foi defendida no Departamento de Histria,
similarmente ao ocorrido com a dissertao de mestrado sobre Jodacil Damaceno na
UFU. Segundo o site desse departamento97, o curso estrutura-se a partir da rea de
concentrao Histria Social, com trs linhas de pesquisa distintas: Sociedade e Cultura,
Sociedade e Poltica e, tambm, Economia. Ainda segundo a mesma pgina eletrnica,
O PPGHIS tambm tem se caracterizado pela efetiva interdisciplinaridade, acolhendo
projetos de pesquisa das reas de arquitetura, msica e patrimnio cultural, por
exemplo98.
Ao todo foram defendidos vinte e trs trabalho de mestrado e doutorado com
temas violonsticos nesta universidade. Os orientadores foram Ricardo Tacuchian,
Turbio Santos, Marlia Duse Campos Lopes, Samuel Mello Arajo Jr., Vanda Lima
Bellardi Freire, Antonio Jardim, Eduardo Passos, Jos Murilo de Carvalho (em Histria
Social) e Ruth Serro.

1.2.3.6 Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo (PUC-SP)

1.2.3.6.1 Departamento de Histria


A pgina eletrnica desta universidade99 coloca que o Programa de PsGraduao em Histria da PUC-SP foi fundado em 1972, tendo seu eixo se estabelecido
por meio de reflexes a respeito de diferentes experincias sociais e sobre culturas que
ainda no receberam tanta ateno dessa matria, o que teria resultado num interesse
crescente pela histria social e pelo eixo temtico Histria e Cultura. Em 1990 foi
aberto o curso de Doutorado.
Os objetivos desse programa de ps-graduao, ainda segundo a pgina
pesquisada, so:
fornecer condies para o aprimoramento da capacitao cientfica no
campo da Histria, incentivar o surgimento de projetos de pesquisa na
rea do conhecimento histrico numa preocupao constante em criar
instrumentos para a avaliao crtica da realidade, organizar e
97

http://www.ppghis.ifcs.ufrj.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm
Ibidem.
99
http://www.pucsp.br/pos/programas/historia/apresentacao.htm, pesquisado em maio de 2009.
98

46
sistematizar fontes documentais, de acordo com as prioridades de
pesquisa estabelecidas pelo Programa, desenvolver e incentivar um
trabalho interdisciplinar que represente uma efetiva contribuio para
a recuperao e preservao da memria histrica do pas, cuidar da
divulgao da produo cientfica de professores e alunos do
Programa e integrar-se na dinmica de uma Universidade que busque
marcar sua presena crtica e transformadora da realidade brasileira,
em colaborao com outros centros de ensino e pesquisa em Histria.

As trs linhas de pesquisa oferecidas, por ocasio da nossa consulta pgina


eletrnica referida, eram Cultura e Trabalho, Cultura e Cidade e Cultura e
Representao. Entre os trabalhos pesquisados esto alguns relacionados ao violo
paulista (tese sobre Amrico Jacomino Canhoto) e ao compositor Heitor Villa-Lobos.

1.2.3.6.2 Departamento de Comunicao e Semitica


Conforme a pgina eletrnica desse departamento, o doutorado tem como
objetivo de estudos:
os processos comunicativos que ocorrem atravs de mediaes
codificadas, tecnolgicas ou no, estabelecendo dinmicas culturais e
interativas individuais, coletivas e massivas. Nesses processos, a
comunicao encontra na semitica, enquanto lgica da linguagem,
um indispensvel arcabouo terico e metodolgico de interpretao
cientfica100.

A rea de concentrao foi denominada Signo e Significao das Mdias, tendo


trs linhas de pesquisa: Cultura e Ambientes Miditicos, Processos de Criao nas
Mdias e Anlise das Mdias.
No total, foram defendidos quatro trabalhos com temtica violonstica nesta
universidade. Os orientadores foram Antonio Pedro Tota (Histria), Ceclia Almeida
Salles e Arthur Nestrovsky (os dois ltimos em Comunicao e Semitica).
1.2.3.7 Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho (UNESP)
1.2.3.7.1 Departamento de Msica
A pesquisa no site desta Universidade ocorreu em maio de 2009 101. O interesse
principal do programa privilegia a msica no Brasil em seus contextos sociais, com as
vertentes cincia musical e ao musical, que seriam enfatizados nas linhas de
pesquisa e projetos temticos. As duas reas de concentrao so Interpretao/Teoria e

100

http://www.pucsp.br/pos/cos/apresentacao.html

101

http://www.ia.unesp.br/pos/stricto/musica/index.php

47

Composio (com linhas de pesquisa Musicologia/Etnomusicologia/Educao Musical,


Abordagens Histricas, Estticas e Educacionais do Processo de Criao, Transmisso e
Recepo da Linguagem Musical, Estudos sobre o processo de criao, transmisso e
recepo dentro da cultura musical brasileira.

1.2.3.7.2 Departamento de Histria


Um dos orientadores dos trabalhos violonsticos dessa universidade foi o prprio
professor de violo, Giacomo Bartoloni, que cursou o doutorado no departamento de
Histria. Segundo o endereo eletrnico desse departamento 102, o programa organiza-se
atravs da rea de concentrao Histria e Sociedade, tendo trs linhas de pesquisa
especficas: Identidades Culturais, Etnicidades, Migraes; Poltica: aes e
representaes e; Religies e Vises de Mundo.
Ao todo foram onze os trabalhos de ps-graduao (mestrado e doutorado) com
assuntos violonsticos defendidos na UNESP durante o perodo de delimitao da nossa
tese. Os orientadores foram, no Departamento de Msica, Maria de Lourdes Sekeff
Zampronha, Vilmo Guimares Mello, Giacomo Bartoloni, Alberto Ikeda e Marcos Pupo
Nogueira. No Departamento de Histria, a orientadora foi Palmira Petratti Teixeira.

1.2.3.8 Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP)


O site da UNICAMP103, pesquisado em junho de 2009, observa que:
O Programa de Mestrado e Doutorado em Msica oferece cursos
stricto sensu em trs reas de concentrao: Prticas Interpretativas
(piano, violino, viola, violo, guitarra, canto, regncia, cravo e
clarineta), Fundamentos Tericos e Processos Criativos.

Ainda segundo a pgina pesquisada,


O Programa de Ps-Graduao em Msica, Mestrado e Doutorado, a
consolidao da idia desenvolvida no Instituto de Artes da
UNICAMP, de se criar um centro gerador de estudos musicais que
incorpore a pesquisa e a prtica em vrios gneros musicais, incluindo
a msica popular.

A data de implantao do Programa de Ps-Graduao em Msica desta


universidade foi abril de 2001, tendo seu incio no segundo semestre desse mesmo ano.

102

http://www.assis.unesp.br/posgraduacao/historia/int_conteudo_sem_img.php?conteudo=86, pesquisado
em agosto de 2011.
103
http://www.iar.unicamp.br/pg/index.mu.php

48

Ao todo foram oito os trabalhos com assuntos violonsticos defendidos nesta


universidade no perodo delimitado em nossa tese. Os orientadores foram Claudiney
Rodrigues Carrasco, Marcos Siqueira Cavalcanti, Ricardo Goldemberg e Carlos Fiorini.

1.2.3.9 Universidade de So Paulo (USP)

1.2.3.9.1 Departamento de Msica


A pgina eletrnica da USP104 informa que o Programa de Ps-Graduao
compreende duas reas de concentrao, Musicologia, com as linhas de pesquisas
compreendendo Histria, Estilo e Recepo e Processos de Criao Musical, com as
linhas de pesquisa Tcnicas Composicionais e Questes Interpretativas.
Com relao rea de concentrao Musicologia, esta, segundo a pgina
eletrnica da universidade,

aborda questes que apontam para conceitos histricos, estticos e


tericos. Incluem-se aqui os processos de criao e composio, assim
como os procedimentos analticos. No se restringe msica de
concerto de tradio ocidental, mas abrange tambm as manifestaes
de outras culturas musicais.

Sobre a linha de pesquisa da rea, ela visa aprofundar o estudo das diversas
tradies musicais, incluindo as manifestaes que se situam fora da tradio musical
ocidental, fazendo a ponte entre aspectos histricos, estticos e tcnico-formais.
Um dado importante, e que teve reflexos nos trabalhos que pesquisamos, que
uma ateno especial seria dedicada histria da msica brasileira e s tendncias
musicais contemporneas.
E com relao rea de concentrao Processos de Criao Musical, ainda
segundo o site pesquisado, esta

busca a discusso e produo relacionada teoria e anlise de


problemas estticos, filosficos, tcnicos e tecnolgicos envolvidos
nas prticas composicionais e interpretativas. Pressupe a reflexo do
compositor e do intrprete, mas tambm do terico e do analista, sobre
questes ligadas ao repertrio, tcnicas, estilos, meios de expresso,
questes interpretativas e analticas, sempre com nfase no processo
de criao musical.

104

http://www.pos.eca.usp.br/index.php?q=pt-br/node/269, pesquisado em maio de 2009.

49

A respeito da linha de pesquisa da rea, esta

busca discutir as questes referentes anlise, ao estilo e aos


problemas tcnicos e tecnolgicos envolvidos na prtica musical.
Nesse sentido esto contemplados os mbitos de atuao do
compositor e do intrprete, bem como as pesquisas voltadas ao estudo
e desenvolvimento de novas tecnologias musicais.

1.2.3.9.2 Programa de Integrao da Amrica Latina


Um dos trabalhos dessa universidade foi defendido no PROLAM (Programa de
Ps-Graduao Interunidades em Integrao da Amrica Latina). Segundo o site desse
programa105, os objetivos propostos so:

Produzir conhecimento sobre diferentes processos de integrao poltico, econmico, social e cultural - da regio latino-americana
(Brasil, Amrica Hispnica e Caribe); Formar recursos humanos de
excelncia acadmica, versados sobre temas da integrao; Fortalecer
laos polticos, sociais e culturais entre o Brasil e os demais pases da
regio.

A dissertao de mestrado defendida nesse departamento versou sobre os dois


principais compositores para violo na Amrica Latina o brasileiro Villa-Lobos e o
cubano Leo Brouwer o que manteve coerncia com as propostas definidas por esse
programa, e que pode ser observado na pgina eletrnica desse departamento quando
estipula que

A misso do Prolam/USP produzir conhecimento sobre os processos


de integrao latino-americana sob as dimenses econmica, poltica e
cultural por meio de metodologia comparativa aplicada a, pelo menos,
dois pases da Amrica Latina ou sobre uma temtica comum aos
pases da regio106.

Ao todo foram dezoito trabalhos defendidos, nos cursos de mestrado e


doutorado. Os orientadores foram, no Departamento de Msica, Lea Vinocour Freitag,
Jos Eduardo Gandra da Silva Martins, Flvia Camargo Toni, Marcos Branda Lacerda,
Rgis Duprat, George Olivier Toni, Lorenzo Mammi, Fernando Corvisier, Edelton
Gloeden, Rubens Russomano Ricciardi e, no PROLAM, Dilma de Mello Silva.

105
106

http://www.usp.br/prolam/objetivos.htm, pesquisado em junho de 2009.


http://www.usp.br/prolam/historico.htm, pesquisado em junho de 2009.

50

1.2.4

Regio Sul

1.2.4.1 Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

1.2.4.1.1 Departamento de Msica


Em informaes colhidas no site desta Universidade107, o programa de psgraduao em msica da UFRGS privilegia e tem por objetivo a difuso do
conhecimento por meio de duas vertentes, a pesquisa e a prtica musical. A
configurao seria prpria e organizada a partir da formao acadmica do corpo
docente da universidade. citado como destaque as avaliaes Capes do binio 19961997 e dos trinios 1998-2000, 2001-2003 e 2004-2006 que resultaram no nico
conceito 6 (seis) dentre todos os programas de Ps-Graduao da rea de Msica no
pas, conforme informaes da pgina pesquisada.
A pgina eletrnica ainda informa que, conforme orientao da CAPES para a
rea de Artes/Msica,
a rea considera indispensvel s suas especificidades o equilbrio
entre produo bibliogrfica e artstica. Esse equilbrio, entendido em
termos de qualidade e impacto e no quantitativamente, fornece o
dado fundamental de coincidncia do perfil do corpo docente com o
perfil traado para si pelo prprio Programa, em termos de reas de
concentrao e linhas de pesquisa.

Tal equilbrio seria evidenciado nas quatro reas de concentrao do Programa


bem como em suas respectivas linhas de pesquisa e nas disciplinas que compem essa
estrutura curricular.
As reas de concentrao do programa de ps-graduao da UFRGS eram, at a
data pesquisada:
1- Doutorado: composio, educao musical, musicologia/etnomusicologia e
prticas interpretativas (rgo, piano).
2- Mestrado: Composio, Educao Musical e Prticas Interpretativas (rgo,
piano, violo e violino).
E com relao s linhas de pesquisa, elas eram:
1- Processos de construo musical, Aspectos analticos, histricos e documentais
da composio.
2- Prticas educacionais e scio-culturais em msica
107

http://www6.ufrgs.br/ppgmusica/, pesquisado em junho de 2009.

51

3- Investigao metodolgica dos processos de transmisso e recepo musical em


diferentes contextos culturais e institucionais.
4- Transmisso e recepo de repertrios musicais histricos e contemporneos
5- Pesquisas de cunho etnomusicolgico desenvolvidas a partir de fundos
arquivsticos e/ou etnografias musicais.
6- Prticas e processos de interpretao musical
7- Investigao sistemtica dos processos e prticas aplicadas execuo musical.

1.2.4.1.2 Instituto de Informtica


Um dos trabalhos foi defendido no Instituto de Informtica, no Programa de PsGraduao em Computao. Segundo o site deste departamento108 (que recebeu
conceito 6 na CAPES entre 2007 e 2009), o programa conta com 43 professores e mais
de 250 alunos na ps-graduao, priorizando os estudantes em dedicao integral e
sendo um dos cinco classificados no Brasil como de classe internacional pelo
Ministrio da Educao. Nesse programa no h disciplinas obrigatrias, pela amplitude
das linhas de pesquisa, sendo que os alunos resolvem cursar as matrias que mais lhes
convm, a partir de conversas com o prprio orientador. O projeto de pesquisa
(elaborado no primeiro ano) visa dar origem a uma monografia cujo objetivo
sedimentar os aspectos de metodologia de pesquisa necessrios ao mestrado. A
dissertao preferencialmente vinculada com o grupo de pesquisa do orientador,
oferecendo ao aluno a oportunidade de trabalhar em conjunto com outros
pesquisadores. Um segundo artigo apresentado, tambm no segundo ano, permitindo
uma avaliao intermediria das dissertaes.
Ao todo foram defendidos dez trabalhos com temtica violonstica at o ano de
2007. Os orientadores foram, no Departamento de Msica, Rose Marie Reis Garcia,
Jusamara Souza, Daniel Wolff, Celso Loureiro Chaves, Any Raquel Carvalho e, no
Instituto de Informtica, Rosa Maria Vicari.

1.2.4.2 Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

O nico trabalho defendido nessa Universidade que encontramos para os


propsitos do nosso trabalho foi realizado no departamento de Engenharia de Produo.
108

http://inf.ufrgs.br/index.php?option=com_content&view=section&layout=blog&id=6&Itemid=59,
pesquisado em outubro de 2011.

52

Segundo as poucas informaes no site da Universidade109, esse programa de


ps-graduao teria iniciado suas atividades em 1969, como parte do programa de PsGraduao em Engenharia Mecnica, tendo se tornado independente em 1970, sendo
reconhecido pelo Conselho Federal de Educao apenas em 1979. O curso de doutorado
seria criado em 1989. Um projeto de reestruturao do programa de ps-graduao seria
posteriormente submetido por meio dos esforos conjuntos dos corpos docente e
discente desta universidade.
O orientador do trabalho realizado foi Francisco Antonio Pereira Fialho.

No captulo seguinte iremos fazer um resumo dos trabalhos com temtica


violonstica no perodo delimitado em nossa tese, para analis-los no terceiro captulo.

109

http://www.ppgep.ufsc.br/viewer.php?indpg=principal, pesquisado em junho de 2009.

53

Captulo 2 O violo nas dissertaes e teses entre 1991 e 2007

Neste captulo analisamos cada uma das dissertaes e teses defendidas no


Brasil com temtica especificamente violonstica. No consideramos outros escritos que
porventura incluram o violo de forma secundria, pelo fato de isso fugir do objetivo
proposto, alm de ser praticamente impossvel listar todos os trabalhos acadmicos que
citam o instrumento ou examinam obras violonsticas sem ser este o tema principal do
mesmo. Uma dissertao sobre Camargo Guarnieri que analise apenas uma ou duas
obras para violo do compositor como exemplo de um trabalho orquestral principal, por
exemplo, no entra em nossa listagem por no ter o violo necessariamente um papel
primordial dentro daquela dissertao.
Fizemos a listagem dos trabalhos por meio primeiramente da Regio na qual a
tese ou dissertao foi defendida, seguida do nome da instituio, programa de psgraduao - com o mestrado aparecendo em primeiro lugar, seguido do doutorado - e
ano de concluso. Quando em um determinado ano aparece mais de uma tese ou
dissertao, a escolha se deu pela ordem alfabtica de sobrenome.
O nmero antes de cada trabalho analisado no corresponde ordem de
finalizao dos mesmos, mas sim seqncia estabelecida no pargrafo anterior.
No apndice desta dissertao foi realizada uma listagem por nome do
orientador, quantidade de trabalhos orientados e ano de defesa das teses e dissertaes.

2.1 A Regio Centro-Oeste

Foram encontrados trs trabalhos defendidos no Centro-Oeste do Brasil.


Somando-se todos os trabalhos dessa regio, eles correspondem a pouco menos de trs
por cento de todos os trabalhos defendidos em universidades brasileiras com temtica
relacionada especificamente ao violo.
Nenhuma tese de doutorado sobre violo foi escrita at 2007 nesta regio.
Faremos, agora, um resumo de cada uma das dissertaes de mestrado coletadas.

2.1.1 Universidade Federal de Gois


Programa de Ps-Graduao em Msica
Mestrado

54

1-Nome: CORDEIRO, Alessandro Borges


Ttulo: A Obra para Violo Solo de Dilermando Reis: Transcrio de Peas No
Publicadas e reviso das Publicaes a Partir de Fontes Primrias
Ano: 2005
Orientador: Prof. Dr. Eduardo Meirinhos

No primeiro trabalho sobre violo defendido nesta universidade o autor


questionou a dificuldade em se aprofundar numa obra que ainda no est totalmente
publicada ou disponvel.
O primeiro passo foi o de estudar a bibliografia, as partituras e gravaes
existentes ou encontradas , tendo o autor da dissertao transferido essas gravaes
para mdia digital cabendo, em mdia, dois LPs em cada CD. Em seguida, ele realizou
o arranjo de trinta e uma peas no publicadas, cuja escuta era disponvel apenas nesses
discos de vinil, e revisou seis outras publicaes por meio das gravaes do prprio
Dilermando Reis. Essas revises foram escolhidas pelo autor porque o mesmo
encontrou incongruncias nas edies que comprometem a compreenso musical dessas
msicas.
O autor apresentou um relato biogrfico de Dilermando Reis e fez uma
classificao de sua obra, separando-a conforme os gneros utilizados pelo compositor,
obtendo quatro tipos de composies: as que possuem raiz no choro e seresta, as de
inspirao em ritmos latino-americanos, as de inspirao regional e caipira e, por fim, as
de inspirao na msica erudita e de outras culturas.

2- Nome: OLIVEIRA, Rodrigo Carvalho de


Ttulo: Estudos para Violo de Villa-Lobos, Mignone e Gnattali: O Idiomatismo
Revisitado
Ano: 2006
Orientador: Prof. Dr. Eduardo Meirinhos

O autor se valeu de alguns Estudos especficos de cada compositor- nmeros


1,5,7 e 11, no caso de Villa-Lobos, 1 e 2 de Radams Gnattali e 1, 7 e 8 de Francisco
Mignone -, buscando investigar a relevncia de elementos idiomticos frente a outros

55

elementos constitutivos da composio musical 110. Ainda segundo o autor, o objetivo


no meramente identificar elementos idiomticos, mas a forma de seu aparecimento
em cada pea analisada 111.
Aps a anlise de cada um dos estudos no apenas em seus aspectos tericos,
mas tambm relacionados aos recursos idiomticos do violo o autor chegou
concluso de que a dificuldade encontrada por compositores no-violonistas residiria,
tambm, na falta de proximidade com o instrumento, j que essas escritas idiomticas
encontradas nos Estudos analisados seriam proporcionais familiaridade que cada
compositor teria com a escrita violonstica. A aproximao que cada compositor teria
com alguns colegas violonistas ajudaria na confeco das obras mais bem sucedidas.
O autor da dissertao tambm observou a falta de uma literatura especializada
sobre composies para violo, o que deixaria o instrumento de certa forma em
desvantagem com outros instrumentos com uma maior bibliografia disponvel aos
compositores interessados em escrever para violo.

3- Nome: PEROTTO, Leonardo Luigi


Ttulo: A Obra para Violo de Pedro Cameron: Caractersticas Idiomticas e
Estilsticas
Ano: 2007
Orientador: Prof. Dr. Eduardo Meirinhos

A proposta da pesquisa foi a de investigar o processo de criao do autor em


questo, observando a influncia do violo nas questes idiomtico-composicionais.
O autor iniciou sua dissertao fazendo uma contextualizao sobre violonistas e
compositores, escrevendo, em seguida, uma breve biografia de Pedro Cameron. No
captulo seguinte, descreveu a vertente analtica utilizada por meio de autores como
Spences & Temko, Hanslick e Schoenberg e fez uma anlise de cinco obras do
compositor: Trilogia, Repentes, Ludus Primus, Quatro Preldios e Sonata Beatriz. A
dissertao foi finalizada com uma exposio de aspectos tcnico-idiomticos e de
estilo de Cameron, analisando tambm suas influncias e vivncias esttico-culturais.

110

OLIVEIRA, Rodrigo Carvalho de. Estudos para Violo de Villa-Lobos, Mignone e Gnattali: O
Idiomatismo Revisitado. Dissertao de mestrado em msica. UFG. 2006, pg. 01.
111
Idem.

56

A dissertao foi concluda com a observao de que a incorporao de


influncias populares dentro do mbito de conhecimento da msica erudita por parte de
Pedro Cameron trouxe s obras deste uma linguagem prpria, um estilo singular, onde
a obra por si s cria sua prpria existncia 112.

2.2 A Regio Nordeste

Foram encontrados dezessete trabalhos defendidos na regio nordeste do Brasil,


na Universidade Federal da Bahia e na Universidade Federal de Pernambuco. So eles:

2.2.1Universidade Federal da Bahia


Programa de Ps-Graduao em Msica
Mestrado em Educao Musical

4- Nome: TOURINHO, Ana Cristina Gama dos Santos


Ttulo: A Motivao e o Desempenho Escolar na Aula de Violo em Grupo: Influncia
do Repertrio de Interesse do Aluno
Ano: 1995
Orientador: Profa. Dra. Alda Jesus de Oliveira

O primeiro trabalho que encontramos sobre violo defendido na regio Nordeste,


de autoria de Ana Cristina Gama dos Santos Tourinho, abordou a influncia do
repertrio utilizado em sala de aula observada nos estudantes. Por intermdio dessa
premissa, foram montados dois grupos entre os alunos do curso Oficina de Violo da
Universidade Federal da Bahia, onde a autora leciona. A observao do rendimento das
aulas sobre os alunos com o repertrio de interesse dos mesmos foi o cerne da
dissertao. Segundo a autora, a chamada Hiptese Nula seria a de que o desempenho
de execuo e leitura no violo seria igual para alunos que tiveram aulas com ou sem
material do seu interesse. O grupo estimulado por msicas exclusivamente de seu
interesse se denominou Grupo Experimental, e o outro, oposto, com repertrio do
programa escolar, Grupo Controle. As aulas foram em mesmo nmero e tipo para os
112

PEROTTO, Leonardo Luigi. A Obra para Violo de Pedro Cameron: Caractersticas Idiomticas e
Estilsticas. Dissertao de mestrado em msica. UFG. 2007, pg. 368.

57

dois grupos. Ao final foi observado um sensvel crescimento do primeiro grupo em


relao ao segundo, apesar de ambos terem cumprido o programa com resultado
satisfatrio, segundo a dissertao. As trs etapas utilizadas foram denominadas prteste, tratamento e ps-teste.
A dissertao foi iniciada com uma reviso de literatura sobre o tema abordado,
prosseguindo com a descrio da forma de realizao do trabalho e o resultado de seu
desenvolvimento, com suas avaliaes.
O registro das aulas foi realizado em fita de videocassete e foi transcrito em
formato de tabelas, com o tempo, atividade e detalhamento. Nas concluses a autora
colocou que possvel obter maiores resultados quando da aplicao de obras do
interesse do aluno.

2.2.2 Universidade Federal da Bahia


Programa de Ps-Graduao em Msica
Doutorado em Educao Musical

5- Nome: TOURINHO, Ana Cristina Gama dos Santos


Ttulo: Relaes entre os Critrios de Avaliao do Professor de Violo e uma Teoria
de Desenvolvimento Musical
Ano: 2001
Orientador: Profa. Dra. Alda de Jesus Oliveira

O trabalho de doutorado de Ana Cristina Tourinho investigou as relaes entre o


julgamento de professores de violo sobre seus alunos e os critrios de avaliao de
Keith Swanwick. Esses critrios seriam um ponto referencial para as anlises
encontradas nos professores estudados, mesmo nos que no explicitaram nenhum
referencial terico.
Essa tese seria um desenvolvimento natural da dissertao de mestrado da
autora, j analisada. A necessidade de uma avaliao precisa e verbalizada, segundo a
tese, seria de fundamental importncia para ajudar no crescimento intelectual e musical
do aluno, e os princpios de Swanwick seriam tambm de ajuda na organizao didtica
do professor.
A autora iniciou dissertando sobre a escolha do tema e seu desenvolvimento
natural devido a suas pesquisas anteriores. Aps uma reviso da literatura a autora

58

explicou o referencial terico escolhido, no caso o j citado Keith Swanwick, seguindo


com a metodologia - critrios de amostragem, populao e instrumento de coleta de
dados - e a posterior amostragem dos resultados. Nas concluses, analisou a falta de
intimidade dos professores de instrumento com referenciais tericos especficos, sendo
que os mesmos procuram avaliar os alunos basicamente por meio de conceitos pessoais
obtidos em suas prprias carreiras de estudantes e alunos.
Dois fatores de interferncia foram observados sobre a avaliao do professor,
sendo eles o calendrio escolar e o programa estabelecido do curso de msica.
Por fim, a autora observou que a pesquisa e didtica devem caminhar lado a lado
para um melhor aproveitamento de ambas para o prprio professor.

2.2.3 Universidade Federal da Bahia


Programa de Ps-Graduao em Msica
Mestrado em Msica

6- Nome: SOUZA, Mrcio de


Ttulo: Preparao de Orpheus" de Leonardo Boccia: a relao compositor-intrprete
Ano: 1997
Orientador: Prof. Dr. Oscar Dourado

Esse trabalho teve como foco a relao entre compositor e intrprete e os


resultados obtidos por meio dessa parceria. O compositor em questo foi o italiano
Leonardo Boccia, professor da UFBA, e o intrprete o prprio autor da dissertao. Foi
utilizada a obra Orpheus, desde sua concepo at seu resultado final, e o trabalho
uma descrio de todo esse processo.
O autor iniciou seu trabalho com a reviso da literatura sobre a relao
compositor-intrprete, trabalhando em seguida as etapas de elaborao da obra Orpheus
por meio de anlise musical, tcnica instrumental, modificao e reviso da partitura.
Nas concluses o autor observou que pelo trabalho conjunto foi possvel resolver in
loco questes sobre o processo da composio da msica, destacando tambm a
influncia decorrente do contato com outras culturas nos subsdios para a anlise
musical.
Entre os anexos, uma cpia impressa e cpia manuscrita da msica analisada,
alm de uma biografia de Leonardo Boccia.

59

7- Nome: SOARES, Albrgio Claudino Diniz


Ttulo: Orientadores Tcnicos nos Estudos IV e VII de Francisco Mignone
Ano: 1998
Orientador: Prof. Dr. Oscar Dourado

Esta dissertao teve como assunto principal apenas dois estudos de Francisco
Mignone, os de nmero quatro e sete, para descrever os usos do que ele denominou
orientadores tcnicos.
O autor falou da vantagem em se representar graficamente procedimentos da
tcnica violonstica, tendo constatado uma ausncia de smbolos representativos para
esses procedimentos em mtodos desde finais do sculo dezoito at o sculo vinte, e
para isso ele desenvolveu uma reviso da literatura violonstica que foi desde autores
como Fernando Sor at Abel Carlevaro.
Albrgio Diniz desenvolveu, ento, para sua dissertao de mestrado, uma srie
de smbolos, os orientadores tcnicos, e os aplicou aos dois estudos de Mignone
citados. Esses orientadores poderiam ser aplicados por outros violonistas a outras obras
violonsticas.
O autor da dissertao concluiu dizendo que o que deve ser mantido pelo
intrprete em todo esse processo, a atitude inquisitiva e reflexiva ante os desafios que
a execuo musical lhe impe 113.

8- Nome: MATOS, Robson Barreto


Ttulo: Brasiliana n13 de Radams Gnattali: uma abordagem tcnica e interpretativa.
Ano: 1999
Orientador: Prof. Dr. Joel Luis da Silva Barbosa

O autor apresentou uma anlise formal e temtica da msica Brasiliana n 13


baseada em conceitos de Rudolph Reti. O autor escreveu, tambm, sobre a preparao
da obra para performance musical e definiu alguns recursos como solues por
exemplo, a preparao da mo direita isoladamente, que denotaria uma grafia
especfica.
113

SOARES, Albrgio Claudino Diniz. Orientadores Tcnicos nos Estudos IV e VII de Francisco
Mignone. Dissertao de Mestrado. UFBA. 1998, pg. 51.

60

No primeiro captulo Robson Matos mostrou dados biogrficos do compositor


analisado, seguindo com um histrico e anlise da msica. Aps dissertar sobre a
preparao tcnica-instrumental da Brasiliana 13, o autor escreveu a respeito da
interpretao de cada um dos trs movimentos da obra. Essa concepo interpretativa,
segundo o autor, teria como reflexo a unidade estrutural e composicional da msica.
Nas concluses, Robson Matos escreveu que elementos da cultura brasileira
foram mostrados na obra de Gnattali a partir de figuraes rtmicas e gneros abordados
na msica estudada, e a unidade da obra foi apresentada a partir de dois materiais
temticos presentes em cada um dos trs movimentos da Brasiliana 13. O trabalho
apresentado poderia, por fim, servir como modelo para outras anlises de obras do
compositor, seguindo o mesmo parmetro abordado.

9- Nome: JALES, Paulo Rogrio de Oliveira


Ttulo: O Violo no Conservatrio de Msica Alberto Nepomuceno: processo de ensino
e aprendizagem
Ano: 2002
Orientador: Alda de Jesus Oliveira

Esta dissertao foi um estudo de campo sobre o funcionamento didtico do


Conservatrio de Msica Alberto Nepomuceno - cuja sigla CMAN - em Fortaleza,
Cear.
O autor coletou dados por meio de entrevistas, dirio de campo e
acompanhamento das aulas, utilizando tambm materiais tecnolgicos (gravaes em
vdeo e udio) como apoio.
Aps uma reviso da literatura na qual o autor utilizou basicamente obras que
no possuem vnculo com a literatura violonstica especfica, mas sim com educao
musical geral foi apresentada a metodologia utilizada na pesquisa, como entrevistas,
questionrios etc..
Em seguida o autor analisou os resultados obtidos em entrevistas, questionrios
e materiais de apoio, concluindo que h trs processos de ensino de violo naquele
conservatrio: um com caractersticas tradicionais (metodologia universal), outro com a
mistura da primeira com a experincia pessoal dos professores e um terceiro em que o
trabalho iniciado pela msica popular, passando em seguida para o ensino
tradicional.

61

10- Nome: ZORZAL, Ricieri Carlini


Ttulo: Dez Estudos para Violo de Radams Gnattali: Estilos Musicais e Propostas
Tcnico-Interpretativas
Ano: 2005
Orientador: Prof. Dr. Mario Ulloa

Essa dissertao foi publicada posteriormente em livro impresso pela Editora da


Universidade Federal do Maranho (vide bibliografia). Como foi explicado na
introduo da nossa tese, vamos nos ater, para anlise, ao trabalho original - dissertao
de mestrado - e no publicao.
Segundo o autor, a dissertao se props a dar uma interpretao dos 10 Estudos
baseada nas caractersticas estilsticas atribudas pela literatura musical obra geral do
compositor 114. O referencial terico adotado foi o de Leonard Meyer, em seu livro El
Estilo em la Musica. Teoria musical, historia y ideologia.
O autor entrevistou os dedicatrios de alguns desses estudos e realizou uma
comparao entre o estilo do compositor e o contedo musical da obra em questo. A
concluso foi a de que apesar desses estudos terem sido compostos no final da dcada
de 1960 uma poca de grande agitao vanguardstica no Brasil esse ciclo no
explorou novidades tcnicas e sonoras do instrumento.
O autor ressaltou, ainda, a influncia do jazz e da msica norte-americana, alm
de caractersticas do final do romantismo do sculo dezenove na composio dos 10
Estudos. Esses teriam sido escritos numa fase do compositor em que o virtuosismo
instrumental no era o foco principal, e os atributos estilsticos comumente aplicados ao
compositor foram identificados nessa obra.

11- Nome: FIREMAN, Milson Casado


Ttulo: O Repertrio na Aula de Violo
Ano: 2006
Orientador: Profa. Dra. Ana Cristina Gama dos Santos Tourinho

114

ZORZAL, Ricieri Carlini. Dez Estudos para Violo de Radams Gnattali: estilos musicais e propostas
tcnico-interpretativas. Dissertao de mestrado em msica. UFBA. 2006, pg. 4.

62

Nesta dissertao o autor analisou a maneira utilizada por professores quanto ao


repertrio para os alunos em um curso de graduao, considerando os momentos de
escolha, atividades e avaliaes. Entre as referncias utilizadas estiveram os conceitos
tericos de Leonard Meyer. A metodologia adotada pelo autor foi explicitada com a
escolha do professor e alunos para anlise (incluindo gravaes de entrevistas entre os
mesmos) e questes como comprovantes de matrcula e horrio das aulas, sendo por fim
apresentadas as discusses e concluses do trabalho.
Milson Fireman analisou que as escolhas dos professores em termos de
repertrio podem ser flexveis aos anseios dos alunos, e que isso pode trazer benefcios
a ambos. Por outro lado, a escolha prpria de repertrio do professor seria baseada em
seus conhecimentos de causa e efeito. As obras musicais utilizadas seriam um ponto
primordial para o desenvolvimento das atividades em aula, por todas as difuses que
elas propiciariam.
Por fim, o autor observou a falta de maior literatura sobre o assunto pesquisado.

12- Nome: VILA, Guilherme Augusto de


Ttulo: O Processo Motor na Apassionata de Ronaldo Miranda
Ano: 2007
Orientador: Prof. Dr. Mrio Ulloa

Essa dissertao apresentou uma anlise da msica Apassionata de Ronaldo


Miranda por meio do processo motor de Neil Todd, relacionado aggica e dinmica,
segundo o qual um crescendo seria seguido de um acellerando e um decrescendo seria
seguido por um rallentando. Foram analisadas tambm quatro gravaes comerciais dos
violonistas Fbio Shiro Monteiro, Graham Devine, Luis Mantovani e Fbio Zanon, e
no foram objetivados outros aspectos como anlise formal ou harmnica da msica.
Cada violonista foi tratado como A, B, C e D durante as anlises das gravaes.
Para a anlise das gravaes o autor utilizou desde planos de aggica associados
a clculos de desvio mdio de andamento at textos e entrevistas com os intrpretes.
Aps um breve apanhado biogrfico do compositor e informaes acerca da obra
estudada, o autor fez a anlise baseando-se nas estratgias composicionais e processo
motor em trs trechos escolhidos da msica.
Nas concluses o autor observou que os intrpretes utilizaram o processo motor
ou sua correo, ou mesmo ambos os procedimentos interpretativos. Um procedimento

63

performtico no anularia o outro, j que as interpretaes seriam pr-estabelecidas


pelos violonistas, sendo esta a recomendao do autor do trabalho para que o intrprete
no se sinta refm do processo motor.

13- Nome: NAZRIO, Luciano da Costa


Ttulo: Concerto-Suite Gacho para Violo e Orquestra
Ano: 2007
Orientador: Prof. Dr. Pedro Ribeiro Kroeger

Essa dissertao consta de um memorial e de uma composio musical.


Amplamente baseada na msica do Rio Grande do Sul, esse estudo fez um
apanhado de compositores com bibliografia relacionada msica sul-rio-grandense
(Radams Gnattali, Tasso Bangel etc.), mostrou as caractersticas histrico-estilsticas
dessa msica, descreveu a relao entre o violo e as danas regionais e, por fim, fez
uma anlise da msica apresentada e que d ttulo dissertao. Entre as danas
apresentadas no Concerto-Suite esto Vanera, Chamarra, Milonga e Chamam.
Um CD com a gravao ao vivo da msica foi apresentado em anexo. Entre os
autores que passaram pela reviso bibliogrfica esto Barbosa Lessa, Paixo Cortes e
Bruno Kiefer.

14- Nome: QUADROS JUNIOR, Joo Fortunato Soares


Ttulo: Ensino de Violo: a influncia do repertrio na aprendizagem um estudo de
caso na Escola Pracatum
Ano: 2007
Orientador: Profa. Dra. Ana Cristina Tourinho

O autor deste trabalho se valeu de uma escola em Salvador, Bahia, intitulada


Centro de Educao Profissional Pracatum para desenvolver sua pesquisa. Foram
selecionados trs professores com respectivas turmas para anlise e coleta de dados. Por
meio de abordagem qualitativa, o autor optou pelo estudo de caso. Os resultados
mostraram, novamente, que o repertrio influi sobremaneira no resultado final do
desenvolvimento musical do aluno.
A dissertao foi iniciada com uma reviso da bibliografia sobre fatores que
influenciam o processo de ensino e aprendizagem musical, fez um breve histrico da

64

escola Pracatum, descreveu a metodologia da dissertao e desenvolveu o processo de


trabalho desenvolvido. O autor concluiu dizendo que aconselhvel ao professor fazer
utilizao de repertrio musical em suas aulas, observao obtida a partir da
comparao entre turmas que utilizaram ou no esse recurso durante um perodo
estudado dentro do curso.

15- Nome: QUEIROZ, Fbio Rodrigues de


Ttulo: A Obra para Violo Solo de Bruno Kiefer: Uma edio crtica direcionada
execuo
Ano: 2007
Orientador: Prof. Dr. Mrio Ulloa

Este foi o primeiro trabalho acadmico de ps-graduao que encontramos que


privilegiou as trs obras para violo solo de Bruno Kiefer: Quia..., Msica sem Nome e
Faz de Conta.
Por meio dos diversos manuscritos e do resultado final, o autor analisou as
escolhas e modificaes do compositor durante o processo de composio.
Os trs processos de trabalho do autor da dissertao foram: o confronto de
fontes (os manuscritos e as edies publicadas), recepo (entendimento estticocomposicional,

que

possui dois aspectos bsicos:

anlise composicional

contextualizao do momento histrico) e proferio da obra (questes tcnicoinstrumentais).


O referencial terico utilizado se baseou no autor James Grier (1996), que
defende quatro tipos de edies musicais: Fac-smile, Rplica Impressa da fonte
original, Edies Interpretativas e Edies Crticas.
Segundo o autor, o trabalho no pretendeu oferecer uma verso definitiva das
trs msicas, e sim solues entre as alternativas j disponveis.
A dissertao apresentou tambm um pequeno resumo biogrfico de Bruno
Kiefer.

16- Nome: SILVA, Joo Raone Tavares da


Ttulo: Reminiscncias op. 78 de Marlos Nobre: Um estudo tcnico e interpretativo.
Ano: 2007
Orientador: Prof. Dr. Mrio Ulloa

65

Este foi o primeiro trabalho acadmico que encontramos sobre violo escrito no
Brasil a tratar especificamente de uma obra do compositor pernambucano Marlos
Nobre.
O autor props sugestes tcnico-instrumentais visando facilitar a execuo da
msica Reminiscncias opus 78.
A dissertao inseriu informaes sobre o compositor - dados biogrficos,
incluindo a fase de formao, esttica musical e fases composicionais, sendo que
Reminiscncias pertenceria quinta dessas fases - e sua obra para violo - solista,
camerstica e orquestral - alm das caractersticas que compem cada um dos trs
movimentos da msica (Choro, Seresta e Frevo) para questes de contextualizao.
Em seguida o autor analisou a msica e fez um apanhado geral sobre tcnica e
interpretao dentro da mesma. Uma comparao entre a fonte manuscrita e a fonte
editada foi tambm apresentada.
Uma nova edio foi proposta a partir das questes analisadas, incluindo
digitaes, correes e smbolos para recursos especficos dentro da obra - os chamados
orientadores tcnicos. Entre os elementos de interpretao utilizados estiveram a
articulao, aggica, tempo e dinmica.
Joo Raone concluiu que uma interpretao desta msica baseada em
caractersticas dos gneros populares utilizados seria uma possibilidade interessante.
Dentre as alternativas tcnico-instrumentais propostas esto a utilizao do dedo polegar
da mo esquerda raramente utilizado pelos violonistas e o uso de digitaes
alternativas dos dedos da mo direita.

2.2.4 Universidade Federal da Bahia


Programa de Ps-Graduao em Msica
Doutorado em Msica

17- Nome: ULLOA, Mario


Ttulo: Recursos Tcnicos, Sonoridades e Grafias do Violo para Compositores No
Violonistas
Ano: 2001
Orientador: Prof. Dr. Joel Luis da Silva Barbosa

66

Esta tese de doutorado tratou da relao entre o compositor e intrprete, assim


como o trabalho de Mrcio de Souza, tambm defendido na UFBA e j analisado neste
captulo (vide trabalho nmero 6).
O autor se utilizou de todos os seus conhecimentos como didata e intrprete para
moldar uma espcie de metodologia especfica destinada aos compositores que no
possuem muita intimidade com o violo. Recursos tcnicos diversos foram explicados,
assim como as diferentes sonoridades que o instrumento capaz de obter. O autor
demonstrou uma grafia elementar para ser utilizada pelos compositores no
acostumados com o violo e lamenta a parca bibliografia existente, alm da
inconsistncia das fontes encontradas.
Sua metodologia se baseou em formar dois grupos de compositores, ambos com
a particularidade de serem no-violonistas, para comporem obras que foram analisadas
pelo autor do trabalho. O primeiro grupo consistiu em participantes do curso de psgraduao, e o segundo grupo consistiu de participantes do curso de graduao e
tambm da ps-graduao.
A principal concluso que o autor considerou ter encontrado em sua tese foi a de
que no necessrio ser violonista para compor para o instrumento, ao contrrio do que
muitos compositores pensam.

2.2.5 Universidade Federal de Pernambuco


Programa de Ps-Graduao em Cincia da Computao
Mestrado em Cincia da Computao

18- Nome: CABRAL, Giordano Ribeiro Eullio


Ttulo: DAccord Guitar: Um Sistema Para Execuo Violonstica
Ano: 2002
Orientador: Prof. Dr. Geber Lisboa Ramalho

O DAccord Guitar um programa de computador que foi desenvolvido


basicamente para facilitar o aprendizado de acompanhamentos no violo. O autor
observou que entre as dificuldades encontradas esto o fato de ser necessrio grande
preciso na performance musical, utilizao de multimdia especfica e necessidade de
criao de interfaces grficas especiais.

67

O autor iniciou sua dissertao observando os sistemas automticos e o seu


DAccord Guitar, fazendo em seguida um apanhado geral dos mtodos convencionais
de aprendizado, como tablaturas, partituras, cifras, etc., para ento adentrar nos mtodos
computacionais utilizados no aprendizado de peas musicais. Aps essa espcie de
prembulo, o autor se deteve especificamente na criao de seu software.
Nas concluses, observou que no houve tempo hbil para uma validao
sistemtica deste programa de computador, mas o mesmo foi disponibilizado como teste
na Internet para usurios interessados, tendo obtido boa aceitao. O trabalho, por fim,
segundo o autor, abriu caminho para uma nova linha de pesquisa musical junto ao
Centro de Informtica daquela universidade, com perspectivas tambm comerciais do
software em questo.

19- Nome: DAHIA, Mrcio Leal de Melo


Ttulo: Gerando Acompanhamento Rtmico Automtico para Violo: Estudo de Caso
do Cyber-Joo
Ano: 2004
Orientador: Prof. Dr. Geber Lisboa Ramalho
Coorientador: Prof. Dr. Carlos Sandroni

Este trabalho trata de um programa que gera acompanhamento rtmico para


violo automaticamente, fazendo a reutilizao contextualizada de padres rtmicos.
Duas tcnicas de inteligncia artificial foram utilizadas: raciocnio baseado em casos e
raciocnio dedutivo baseado em regras. Um programa que gera acompanhamento
rtmico para bossa nova foi desenvolvido com o nome de Cyber-Joo, que foi
comparado empiricamente com outras abordagens para a resoluo de problemas de
programao, sendo os resultados obtidos com sucesso, segundo o autor.
O autor citou e analisou softwares j estabelecidos, como o DAccord Violo
analisado anteriormente como DAccord Guitar, e desenvolvido tambm na UFPE por
Giordano Ribeiro Eullio Cabral e comentou sobre a dificuldade em se realizar
artificialmente um acompanhamento rtmico semelhante a um humano por dois motivos
principais: a falta de conhecimento natural de como um intrprete produz esse
acompanhamento e a pouca ateno dada pela computao musical questo do
acompanhamento rtmico. Por meio do desenvolvimento do j citado software
DAccord Violo e tambm do ImPact viria a justificativa para o desenvolvimento do

68

Cyber-Joo. Este ltimo seria alimentado com 21 padres rtmicos utilizados em


gravaes de Joo Gilberto (da o nome-homenagem) e seis regras que influenciariam as
escolhas dos padres.
Como recursos auxiliares o autor criou tambm o Crazy-Joo e o Joo-in-a-Box,
e citou como contribuio primordial de seu trabalho o detalhamento sobre gerao
automtica de acompanhamentos rtmicos, sendo a dissertao de mestrado pioneira
nesse sentido, segundo o autor da dissertao.

2.2.6 Universidade Federal de Pernambuco


Programa de Ps-Graduao em Cincia da Computao
Doutorado em Cincia da Computao

20- Nome: LIMA NETO, Ernesto Trajano de


Ttulo: Descoberta automtica de conhecimento em interpretaes musicais: o caso do
acompanhamento rtmico ao violo
Ano: 2007
Orientador: Geber Lisboa Ramalho
Mais um trabalho defendido no Departamento de Cincia da Computao, assim
como os de Mrcio Leal de Mello Dahia e Giordano Ribeiro Eullio Cabral. Neste o
autor desenvolve uma ferramenta para descoberta de padres rtmicos no violo. Uma
forte influncia na interpretao musical seria a forma que a mesma seria grafada, e o
autor questiona se a interpretao no seria algo intangvel e que no pode ser
generalizada.
Entre outras observaes, o autor coloca que o modo do acompanhamento
rtmico da bossa-nova deve ser realizado em dois estgios separados: a determinao
dos padres rtmicos empregados e a construo de um modelo que descreveria os
padres.

2.3 A Regio Sudeste

Foram encontrados setenta e seis trabalhos defendidos na regio sudeste do


Brasil. So eles:

69

2.3.1 Conservatrio Brasileiro de Msica


Centro de Ps-Graduao, Pesquisa e Extenso
Mestrado em Msica rea de Educao Musical

21- Nome: QUEIROZ, Luis Ricardo Silva


Ttulo: O ensino do violo clssico sob uma perspectiva de educao musical: uma
experincia pedaggica no Conservatrio de Msica Lorenzo Fernandez
Ano: 2000
Orientador: Prof. Dr. Eduardo Passos

O autor constatou que os processos metodolgicos sugeridos por autores


contemporneos como Murray Schafer e John Paynter podem contribuir para o processo
de aprendizagem no violo. A pesquisa de campo foi realizada num conservatrio
musical em Minas Gerais baseada nessas premissas.
O autor fez inicialmente um apanhado da histria do violo e sua metodologia,
com dados sobre o violo no Brasil e a pedagogia contempornea do instrumento.
No captulo seguinte o autor fez outra sinopse, mas em termos de educao
musical contempornea, enfatizando aspectos dos j citados Schafer e Paynter.
A pesquisa de campo foi realizada em Montes Claros-MG, tendo o autor
concludo que as contribuies dos pedagogos de educao musical no apenas
educaram e sensibilizaram, mas tambm provocaram maior interesse dos alunos pelos
estudos da msica.

2.3.2 Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo


Programa de Ps-Graduao em Comunicao e Semitica
Mestrado em Comunicao e Semitica

22- Nome: PACHECO, Fernando Antonio


Ttulo: Heitor Villa-Lobos: O Processo de Composio dos 5 Preldios
Ano: 2001
Orientador: Profa. Dra. Ceclia Almeida Salles

70

Essa dissertao versou sobre os Cinco Preldios para violo de Villa-Lobos,


sendo que o autor desenvolveu o trabalho por meio da crtica gentica musical.
Fernando Pacheco fez um breve histrico da vida do compositor e analisou os
manuscritos da obra com a finalidade cientfica de compreender o processo de criao
artstica por meio de uma investigao comparativa dos documentos de processo com a
obra editada.
A anlise teve como sustentao terica a crtica gentica sob a perspectiva da
semitica de linha peirceana, tendo apresentado tambm elementos histricos e
analticos da produo musical dos Cinco Preldios do compositor, obra escrita em
1940. Segundo o autor da dissertao, o processo de composio da obra foi
direcionado por um projeto potico, no qual foram encontradas ideias musicais
embrionrias consistentes.

2.3.3 Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo


Programa de Ps-Graduao em Comunicao e Semitica
Doutorado em Comunicao e Semitica

23- Nome: MOLINA JUNIOR, Sidney Jos


Ttulo: O Violo na Era do Disco: interpretao e desleitura na arte de Julian Bream.
Ano: 2006
Orientador: Prof. Dr. Arthur Nestrovski

O objeto principal da tese foi, pela primeira vez num trabalho acadmico
brasileiro, o violonista ingls Julian Bream.
O autor assinalou que o cnone do violo ao contrrio de outros instrumentos
como o piano foi formado no sculo vinte, e por isso dependente da sonoridade e
figura dos msicos de destaque daquele sculo. Com isso, o que ele chama de a era dos
LPs, com a escuta dos discos, seria to importante quanto a edio de partituras, por
exemplo.
As duas figuras de destaque nessa esttica seriam Andrs Segovia e Julian
Bream. O estudo crtico da obra deste ltimo foi dividido em trs momentos: o do
desvio em relao a Segovia, o da caracterizao de uma voz prpria e o da fase
madura.
Um levantamento discogrfico foi realizado pelo autor ao final da tese.

71

2.3.4 Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo


Programa de Ps-Graduao em Histria
Mestrado em Histria

24- Nome: ESTEPHAN, Srgio


Ttulo: O Violo Instrumental brasileiro: 1884-1924
Ano: 1999
Orientador: Prof. Dr. Antonio Pedro Tota

O autor objetivou estudar o violo instrumental brasileiro produzido entre o final


do sculo dezenove e o incio do sculo vinte (1924).
Uma anlise da msica do perodo colonial brasileiro foi apresentada em nvel
de contextualizao, sendo estudada em seguida a vida e obra de trs dos principais
violonistas do incio da era da gravao no Brasil, Amrico Jacomino Canhoto, Joo
Pernambuco e Quincas Laranjeiras.
Entre os outros msicos analisados que serviram de base para orientar aspectos
do perodo estiveram Ernesto Nazareth, Chiquinha Gonzaga e Anacleto de Medeiros. A
figura de Heitor Villa-Lobos foi colocada em destaque, e segundo o autor suas
contribuies ainda no haviam sido incorporadas pelo violo contemporneo.
A delimitao cronolgica que o autor utilizou para contextualizar seu trabalho
se baseou em trs datas que ele julgou importantes: 1884 (ano em que Quincas
Laranjeiras iniciou seus estudos musicais), 1904 (ano em que Quincas Laranjeiras e
Heitor Villa-Lobos se conhecem) e 1924 (ano em que Villa-Lobos e o violonista
espanhol Andrs Segovia a quem foram dedicados seus 12 Estudos na dcada de 1920
se conhecem).
O autor lamentou a ausncia de fontes e bibliografia para sua pesquisa, incluindo
a falta de partituras dos autores estudados na dissertao.

2.3.5 Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo


Programa de Ps-Graduao em Histria
Doutorado em Histria

25- Nome: ESTEPHAN, Srgio

72

Ttulo: A Obra Violonstica de Amrico Jacomino, o Canhoto (1889 1928), na cidade


de So Paulo
Ano: 2007
Orientador: Prof. Dr. Antonio Pedro Tota

A tese foi iniciada refletindo sobre aspectos da metodologia empregada, para em


seguida entrar nos dados biogrficos de Amrico Jacomino, com informaes sobre o
ambiente musical em So Paulo no perodo em que viveu este violonista e compositor.
Sua trajetria musical foi analisada desde o perodo em que se apresentou em duo com
Paraguau at suas apresentaes em salas da capital, como o Conservatrio Dramtico
e Musical e o Teatro Municipal.
Em seguida o autor analisou composies de Amrico Jacomino por meio de
suas gravaes e partituras e fez consideraes sobre sua tcnica instrumental.
O trabalho foi finalizado com uma investigao sobre o violo latino-americano
pela aproximao musical entre Canhoto e Carlos Gardel e uma abordagem sobre o
violonista paraguaio Agustn Barrios.

2.3.6 Universidade Estadual de Campinas


Programa de Ps-Graduao em Artes
Mestrado em Artes

26- Nome: VASCONCELOS, Marcus Andr Varela


Ttulo: Recursos Idiomticos em scordatura na Criao de Repertrio para Violo.
Ano: 2002
Orientador: Prof. Dr. Marcos Siqueira Cavalcanti

O autor analisou, nesta dissertao, a expressividade que poderia obter o violo


por meio da utilizao da scordatura, que so afinaes diferentes da normalmente
usada em qualquer instrumento musical.
Uma breve histria da afinao do violo foi apresentada desde o perodo
renascentista, com a vihuela e diversos tipos de violo, at o perodo moderno, em que o
autor fez uma classificao das possibilidades de afinao afinaes abertas, afinaes
reentrantes etc..

73

O uso corrente do violo foi analisado em seguida, com a afinao padro e a


coerncia da afinao tradicional. Nas concluses o autor observou a constante
transformao do violo desde o incio de sua literatura, e como essa questo foi
influenciando a questo idiomtica do instrumento.
O fato de a afinao ser verstil e ao mesmo tempo ter se estabelecido durante
muito tempo representaria, por outro lado, uma limitao e uma barreira, segundo o
autor. O uso da scordatura viria a contrapor essa limitao, abrindo novas
possibilidades principalmente em termos de textura.
Cinco partituras foram colocadas em anexo para ilustrar essa questo da
scordatura.

2.3.7 Universidade Estadual de Campinas


Programa de Ps-Graduao em Msica
Mestrado em Msica

27- Nome: BARROS, lvaro Alberto de Paiva


Ttulo: Trinta e Uma Peas Musicais de Joo Juvanklin: Uma Edio Comentada.
Local: UNICAMP/UFRN
Ano: 2002
Orientador: Prof. Dr. Claudiney Rodrigues Carrasco

Essa dissertao foi defendida na UNICAMP, onde o papel da msica popular


sempre foi de relevncia entre os trabalhos de ps-graduao. Neste, o autor abordou
obras do compositor Joo Juvanklin, do Rio Grande do Norte, fazendo uma edio
comentada das peas.
As obras foram selecionadas pelo prprio compositor, que se utilizou de
cavaquinho, violo e bandolim.
A dissertao foi iniciada com dados biogrficos sobre o compositor,
prosseguindo com a anlise (harmnica, rtmica e meldica) das msicas e terminou
com comentrios das 31 peas.
Na concluso o autor exps que apesar de no apresentar nenhuma novidade
relacionada com o mbito a que se dedicou, sua importncia para a msica do Rio
Grande do Norte se inseriu na mesma medida que outros grandes compositores do
universo popular.

74

28- Nome: LIMA JUNIOR, Fanuel Maciel de


Ttulo: A Elaborao de Arranjos de Canes Populares para Violo
Ano: 2003
Orientador: Prof. Dr. Marcos Siqueira Cavalcanti

Esta dissertao teve como objetivo ser um guia orientador para os


procedimentos de elaborao de adaptaes de canes, desde o conceito de arranjo at
questes como tonalidade e harmonizao.
O autor fez um histrico sobre as questes de arranjos na msica ocidental, para
em seguida fazer um estudo sobre a escolha do repertrio a ser trabalhado.
A questo da tonalidade a ser utilizada foi observada no captulo seguinte,
exemplificada por um arranjo da msica Rosa de Pixinguinha.
Harmonizao, textura e acompanhamento foram ento observados. O autor
concluiu enfatizando sobre os benefcios da organizao de uma prtica sobre o assunto.

29- Nome: PELLEGRINI, Remo Tarazona


Ttulo: Anlise dos Acompanhamentos de Dino Sete Cordas em Samba e Choro.
Ano: 2005
Orientador: Prof. Dr. Ricardo Goldemberg

Este foi o segundo trabalho sobre Dino Sete Cordas escrito e defendido numa
universidade brasileira, sendo que o primeiro foi de autoria de Marcia Taborda uma
dissertao de mestrado (vide trabalho nmero 79 deste captulo).
O autor se props desta vez a transcrever e analisar uma parte da obra visitada
por Dino Sete Cordas como subsdios para estudar este tipo de violo (distinto em
relao ao violo de seis cordas).
Inicialmente houve uma contextualizao sobre o choro, o regional e o samba
para em seguida apresentar o instrumento de sete cordas e seu principal representante. A
anlise de oito msicas foi apresentada aps a definio da metodologia empregada.
Nas concluses o autor afirmou que pelas transcries foi possvel observar a
utilizao de diversos motivos musicais por Dino Sete Cordas, alguns criados por ele,
outros j de uso comum entre instrumentistas desse tipo de violo.

75

Alguns procedimentos, como o violo tamborim, tambm foram destacados


pelo autor de forma frequente. Em termos harmnicos Dino fez utilizao de escalas
baseadas em diversos tipos de acordes, uso de cromatismos e desdobramentos de
acordes, alm de outros padres especficos.

30- Nome: MANGUEIRA, Bruno Rosas


Ttulo: Concepes Estilsticas em Hlio Delmiro. Violo e Guitarra na Musica
Instrumental Brasileira
Ano: 2006
Orientador: Prof. Dr. Marcos Siqueira Cavalcanti
Esta dissertao tratou de um autor que privilegiou tanto o violo quanto a
guitarra eltrica em seu trabalho.
Foi feita uma anlise da inventividade musical do violonista buscando achar
elementos comuns sua interpretao. Foi observado o papel de destaque do violonista
entre os instrumentistas de sua gerao no tocante sua linha de atuao.
O trabalho foi iniciado com a apresentao de dados biogrficos de Hlio
Delmiro e seus principais referenciais musicais, como Baden Powell, Wes Montgomery
e Victor Assis Brasil. O captulo seguinte tratou da carreira e discografia do violonista,
sendo que os aspectos formais e seu repertrio foram destacados em seguida. Aspectos
meldicos, rtmicos e harmnicos foram destrinchados para se entender melhor o
universo de Hlio Delmiro, e foi enfatizada na concluso a sua influncia pelo jazz e
pela msica brasileira.

31- Nome: RAYS, Luis Gustavo Carvalho Alonso.


Ttulo: A Trajetria Musical do Compositor Brasileiro Djalma de Andrade Bola
Sete.
Ano: 2006
Orientador: Prof. Dr. Marcos Siqueira Cavalcante
Essa dissertao traa a carreira do compositor e violonista Bola Sete
enfatizando suas obras para violo solo, gravadas especialmente em dois discos
principais: Ocean Memories e Shambhala Moon.
Aps um levantamento biogrfico, o autor analisa as influncias musicais principalmente o jazz e guitarristas como Wes Montgomery - e a tcnica violonstica
com um estilo difcil de caracterizar, segundo o autor - empregada pelo msico,

76

direcionando-se em seguida s obras para violo solo, com transcries e anlises de


quinze msicas.

32- Nome: SMARARO, Jlio Csar Caliman


Ttulo: Cantador: A Msica e o Violo de Dori Caymmi
Ano: 2006
Orientador: Prof. Dr. Marcos Siqueira Cavalcante

Essa dissertao estudou a vida e obra de Dori Caymmi por meio do enfoque
deste compositor como violonista.
A discografia do msico foi dividida em trs fases distintas, cada qual
representado um momento especfico de sua carreira. Composies e arranjos de autoria
de Caymmi foram analisados buscando caractersticas latentes em sua msica, com
nfase na parte instrumental do compositor.
O trabalho foi iniciado com dados biogrficos que percorreram desde sua
infncia at seus primeiros trabalhos musicais, observando em seguida o papel do
instrumentista, arranjador e compositor. As trs fases - brasileira, americana e
homenagens - foram esmiuadas, apresentado ento questes harmnicas e rtmicas de
momentos-chave da carreira do violonista e compositor.
O autor concluiu observando as influncias estadunidenses e brasileiras sobre a
obra de Dori e deixou em aberto a possibilidade de estudos relacionados ao compositor,
como seus arranjos para instrumentos de cordas e suas homenagens a outros artistas.

33- Nome: MAIA, Marcos da Silva


Ttulo: Tcnica Hbrida Aplicada ao Violo
Ano: 2007
Orientador: Prof. Dr. Carlos Fernando Fiorini

Esta dissertao de mestrado se ateve ao uso de uma tcnica diferenciada, no


caso uma tcnica hbrida entre dedos e palheta, sendo que desde a antiguidade as
sonoridades poderiam oscilar entre esses dois timbres.
A palheta seria utilizada nos dedos polegar e indicador da mo direita, enquanto
que os trs dedos restantes mdio, anelar e mnimo tocariam normalmente. Dessa

77

maneira o violonista poderia se ater a mais possibilidades que apenas o uso da palheta
no possibilitaria.
Para sua metodologia, o autor se valeu de quatro direcionamentos especficos:
manuseio da palheta, combinao de palheta e dedos, desenvolvimento do dedo
mindinho da mo direita - denominado Chico, do espanhol - e prtica do repertrio.
A dissertao foi iniciada com os antecedentes histricos uso do plectro e da
palheta, uso dos dedos, unha versos carne , depois exps a tcnica hbrida aplicada ao
violo e apresentou seus procedimentos metodolgicos anlise de documentos
sonoros, observaes, avaliaes, estudos diversos e entrevistas com msicos que
utilizam essa tcnica.

34- Nome: SCARDUELLI, Fbio


Ttulo: A Obra para Violo Solo de Almeida Prado
Ano: 2007
Orientador: Prof. Dr. Carlos Fernando Fiorini

Fbio Scarduelli escreveu a primeira dissertao sobre a obra integral para


violo de Almeida Prado. Neste trabalho foram analisadas as quatro msicas escritas
pelo compositor para o violo solo, que percorrem trs fases distintas de sua carreira,
entre 1972 e 1983.
A dissertao foi iniciada com dados biogrficos e estilsticos de Almeida Prado.
Em seguida, foram expostos a estrutura e os procedimentos musicais das obras do
compositor, para ento se comentar o quo idiomticas so estas obras para violo.
Aspectos tcnico-interpretativos foram analisados ao final da dissertao.
Nas concluses o autor afirmou que as transformaes graduais do uso dos
recursos do instrumento se deram no compositor na medida em que o mesmo foi
adquirindo mais experincia com o violo, sendo que Almeida Prado possua domnio
especfico da escrita modal para o instrumento e sabia escrever de forma idiomtica
mesmo sem saber tocar violo.

2.3.8 Universidade de So Paulo


Programa de Ps Graduao em Artes
Mestrado em Artes

78

35- Nome: RIGHINI, Rafael Roso


Ttulo: A Escola Violonstica do Prof. M. So Marcos
Ano: 1991
Orientador: Profa. Dra. La Vinocour Freitag

Esta foi a primeira dissertao de mestrado sobre tema especificamente


violonstico escrita e defendida no Brasil que verificamos.
A dissertao foi iniciada com dados biogrficos do professor Manoel So
Marcos e apresentao sobre sua proposta didtica. As razes da escola violonstica
deste didata foram apresentadas em seguida desde trabalhos de violonistas pedagogos
espanhis do final do sculo dezoito at incio do sculo vinte , sendo que o autor da
dissertao se colocou como testemunha oral do processo de trabalho de Manoel So
Marcos por ter sido discpulo do mesmo e participado da Camerata Violonstica, grupo
criado pelo pedagogo.
Nas concluses o autor observou que o trabalho didtico de Manoel So Marcos
foi uma continuao do trabalho realizado pelos violonistas espanhis do final do sculo
dezoito e incio do sculo dezenove, colocando como figura fundamental o nome de
Isaas Svio por este ter sido professor e orientador esttico de Manoel So Marcos.
O trabalho do violonista e professor So Marcos na criao da Camerata
Violonstica, segundo o autor da dissertao, foi fundamental para a objetivao de suas
ideias musicais por ser uma organizao orquestral indita e original.

36- Nome: GLOEDEN, Edelton


Ttulo: O Ressurgimento do Violo no Sculo XX: Miguel Llobet, Emilio Pujol e
Andrs Segovia
Ano: 1996
Orientador: Prof. Dr. Jos Eduardo Gandra Martins

Edelton Gloeden escreveu uma dissertao expondo sua viso do ressurgimento


do violo no sculo vinte, aps um perodo de relativo ostracismo do instrumento entre
meados do sculo dezenove e incios do sculo vinte.
Seu foco principal foi o trabalho de Andrs Segovia e de dois discpulos de
Francisco Trrega: Emlio Pujol e Miguel Llobet, alm de Domingo Prat. Figuras de

79

destaque foram, tambm, o luthier Antonio Torres e o violonista e compositor Julian


Arcas.
O autor analisou o papel do violo nos perodos antecedentes ao tema da
dissertao e retratou os principais autores e obras compostas na terceira dcada do
sculo vinte (entre 1920 e 1930), e a importncia que as mesmas (e os intrpretes)
tiveram como fontes de influncia para as geraes seguintes, alm da importncia
natural como obras contemporneas naquela poca.
Foram analisados aspectos do violo na Europa e na Amrica Latina. Autores
como Joaquin Turina, Federico Moreno Torroba, Manuel Ponce, Villa-Lobos e Manuel
de Falla foram apresentados em destaque. Edelton deixou claro que sua dissertao
visou dar subsdios para futuras pesquisas, dada a amplitude do tema. Os altos e baixos
do violo em termos histricos justificariam o termo ressurgimento utilizado pelo
autor.

37- Nome: MEIRINHOS, Eduardo


Ttulo: Fontes Manuscritas e Impressas dos 12 Estudos para Violo de Heitor VillaLobos
Ano: 1997
Orientador: Prof. Dr. Jos Eduardo Gandra da Silva Martins

Esta dissertao de mestrado foi escrita quatro anos aps o trabalho de Krishna
Salinas Paz (vide trabalho nmero 76 deste captulo) e tratou basicamente do mesmo
tema.
A diferena que Meirinhos comentou e analisou aspectos da construo
musical e da destinao tcnico-violonstica dos 12 Estudos, sendo que o autor tambm
fez opes prprias nesses trechos musicais observados.
Nos anexos o autor colocou cpias dos 12 Estudos na verso da editora Max
Eschig, alm da chamada pgina perdida do Estudo 10 a qual consta no manuscrito
de 1928, e no na verso editada e fez uma anlise harmnica do Estudo 11.

38- Nome: OROSCO, Maurcio Tadeu dos Santos


Ttulo: O Compositor Isaas Svio e suas obras para violo
Ano: 2001
Orientador: Profa. Dra. Flvia Camargo Toni

80

Essa dissertao foi a primeira a tratar da vida e obra de um dos principais


didatas da histria do violo no Brasil, o uruguaio Isaas Svio.
O trabalho foi iniciado com informaes sobre o histrico do violo em So
Paulo desde os primrdios da histria do Brasil, passando pelo violo popular, pelos
primeiros solistas em meados do sculo dezenove e chegando at o nome de Isaas
Svio.
Em seguida Maurcio Orosco apresentou um captulo especfico sobre este
compositor e professor, com informaes sobre sua vida e obra. A anlise de algumas
obras-chave do compositor e a realizao de um catlogo comentado foram dispostas
em seguida.
O autor da dissertao anexou tambm um CD com obras diversas de Isaas
Svio, destacando os grupos e subgrupos de sua produo musical apresentados durante
a dissertao.

39- Nome: TIN, Paulo Jos de Siqueira


Ttulo: Trs compositores na msica popular no Brasil: Pixinguinha, Garoto e Tom
Jobim. Uma anlise comparativa que abrange o perodo do choro bossa-nova.
Ano: 2001
Orientador: Prof. Dr. Marcos Branda Lacerda

Paulo Tin fez uma comparao, em sua dissertao de mestrado, de trs autores
distintos, mas com caractersticas comuns principalmente na questo harmnica.
O autor introduziu seu trabalho falando especificamente sobre a msica popular,
incluindo a revoluo atingida com os processos de reproduo da arte e questes sobre
msica folclrica e popular.
Entre os questionamentos do trabalho estiveram a anlise em comum entre
msica erudita e msica improvisatria, quais as vantagens que a msica escrita poderia
ter na msica popular e se seria possvel comparar diferentes perodos da msica
popular verificando as mudanas estilsticas de cada poca.
A anlise dos trs compositores citados foi a maneira que o autor da dissertao
pensou para responder a essas questes. Foram escolhidas cinco obras de cada autor
para anlise, com preferncia pela gravao mais antiga dessas msicas. O autor
concluiu

dizendo

que

as

ferramentas

de

musicologia

histrica,

terica

81

etnomusicolgicas poderiam ser utilizadas para analisar elementos diversos dentro desse
universo.
Apesar dos trs autores estudados possurem universos musicais distintos,
caractersticas em comum os unem numa sntese pessoal, segundo observaes do autor
da dissertao.

40- Nome: ANTUNES, Gilson Uehara


Ttulo: Amrico Jacomino "CANHOTO" e o desenvolvimento da arte solstica do violo
em So Paulo
Ano: 2002
Orientador: Profa. Dra. Flvia Camargo Toni

Esse trabalho, escrito pelo autor dessa tese, basicamente um trabalho histrico
sobre o violo solista em So Paulo no incio de seu desenvolvimento, isto , primeiro
quarto do sculo vinte.
A figura principal deste perodo foi o violonista Amrico Jacomino Canhoto,
por ter este msico gravado mais discos de violo solo que todos os outros seus
contemporneos juntos (at o perodo de falecimento deste violonista).
A dissertao foi iniciada com um histrico sobre o violo no Brasil, desde os
primrdios at o incio do sculo vinte. Os principais violonistas concertistas que se
apresentaram em So Paulo foram analisados em seguida, por meio de pesquisa no
jornal O Estado de S. Paulo, peridico que tambm serviu de base para a biografia de
Jacomino.
Aps a ateno dada a Canhoto, a dissertao utilizou algumas obras do
compositor como objeto de anlise para questes de conhecimento de gneros utilizados
no apenas por este, mas por outros violonistas contemporneos.
Transcries de partituras de alguns compositores-violonistas do perodo foram
apresentadas, visando suprir uma lacuna editorial a respeito desse repertrio.
A dissertao apresentou, em anexo, uma listagem dos discos de 78 RPM at o
final da dcada de 1920, quando da morte de Amrico Jacomino, alm de uma listagem
dos principais concertistas que se apresentaram em So Paulo e um CD gravado pelo
autor no violo que pertenceu ao prprio Amrico Jacomino, com repertrio baseado
nos compositores discutidos no trabalho.

82

41- Nome: CAVALCANTI, Jairo Jos Botelho


Ttulo: Radams Gnattali e o Violo
Ano: 2002
Orientador: Prof. Dr. Rgis Duprat

Jairo Cavalcanti traou inicialmente um perfil biogrfico de Radams Gnattali,


explicando em seguida a sua anlise musical empregada. A Toccata em Ritmo de Samba
1, Toccata em Ritmo de Samba 2 e a Sonata para Violo e Violoncelo foram observadas
pelo autor, que fez uma edio no programa Encore 4 desta ltima.
Na concluso o autor escreveu que nenhum compositor brasileiro da gerao de
Gnattali se dedicou tanto msica de cmara quanto ele, tendo sido significativas suas
contribuies musicais nesse sentido. Quanto anlise da potica musical, Gnattalli
teria contribudo de maneiras diferenciadas em questes de forma, harmonia e
expresso.

42- Nome: PEREIRA, Marcelo Fernandes


Ttulo: A Escola Violonstica de Abel Carlevaro
Ano: 2003
Orientador: Prof. Dr. George Olivier Toni

Este trabalho foi o nico escrito e defendido numa universidade brasileira sobre
a escola violonstica de Abel Carlevaro, at o momento.
O trabalho foi iniciado com uma breve histria do violo, para em seguida tratar
do instrumento no sculo vinte e particularmente no Uruguai, terra natal do violonista
enfocado na dissertao. O autor fez um levantamento biogrfico de Carlevaro para em
seguida comparar sua escola com a de Francisco Trrega, por meio do mtodo de
Emilio Pujol. A comparao foi bastante expressiva, tendo tratado de assuntos-chave da
tcnica do instrumento.
Nas concluses o autor observou a importncia da escola de Carlevaro para o
instrumento, alm de sua contribuio como didata e concertista para o mundo
violonstico.

43- Nome: CAMARGO, Guilherme de

83

Ttulo: A Guitarra do Sculo XIX em Seus Aspectos Tcnicos e Estilstico-Histricos a


Partir da Traduo Comentada e Anlise do Mtodo para Guitarra de Fernando Sor
Ano: 2005
Orientador: Prof. Dr. Lorenzo Mammi

Este foi o primeiro trabalho acadmico sobre violo defendido no Brasil que se
utilizou da traduo de um mtodo importante para o instrumento, no caso o clebre
compndio do espanhol Fernando Sor.
O autor iniciou sua dissertao com um histrico sobre a msica antiga e o
mtodo em questo, fazendo um apanhado dos instrumentos antecessores ao violo com
5 cordas duplas e 6 cordas simples.
Em seguida foram apresentados dados biogrficos de Fernando Sor e foram
feitas analogias entre seu mtodo para violo e a Enciclopdia de Diderot e dAlembert.
Os critrios editoriais da traduo foram apresentados a seguir, com comparaes,
tradues e abreviaturas utilizadas. Finalizando, a traduo do mtodo foi apresentada.
Guilherme de Camargo enfatizou que no universo das cordas dedilhadas a
pesquisa sobre msica antiga estava pouco divulgada, em parte devido a escassa
quantidade de obras publicadas e a ausncia de tradues para o portugus de mtodos e
tratados sobre o assunto, o que justificaria seu trabalho acadmico.
Sobre o nome de Sor, o autor o colocou como personagem fundamental para a
nova linguagem do instrumento na poca de seu estabelecimento (incios do sculo
dezenove), o que justificaria tambm uma traduo comentada de seu mtodo.

44- Nome: MARTINS, Eric Aversari


Ttulo: A Viola Caipira, a Modinha e o Lundu
Ano: 2005
Orientador: Prof. Dr. Fernando Corvisier

Esta dissertao de mestrado tratou dos dois gneros principais da msica


brasileira nos sculos dezoito e dezenove, a Modinha e o Lundu. Por intermdio do
livro dos viajantes Spix e Martius o autor apresentou suas transcries para viola caipira
em partituras originalmente publicadas para piano e voz.

84

Informaes sobre a origem da viola, sua tradio e sua relao com os dois
gneros expostos foram enfatizados pelo autor, que em seguida mostrou a metodologia
empregada para as transcries das msicas.
A afinao utilizada foi a chamada Rio Abaixo, que no apresentou problemas
para a parte vocal, sendo que apenas duas foram transpostas, uma delas instrumental.
As transcries para viola, na concluso do autor, vieram suprir uma lacuna no
repertrio do instrumento, alm de ampliar o acervo musical disponvel para o mesmo.

45- Nome: ZANIN, Fabiano Carlos


Ttulo: Aspectos Gerais da Msica Flamenca
Ano: 2005
Orientador: Prof. Dr. Marcos Branda Lacerda

Aps o pioneiro trabalho de Paulo Rogrio Vianna (vide trabalho nmero 82


deste captulo), Fabiano Zanin realizou tambm uma pesquisa sobre msica flamenca.
O autor iniciou sua dissertao fazendo um histrico sobre as origens e
influncias do flamenco, incluindo informaes sobre o violo utilizado. Elementos
musicais como harmonia e ritmo foram analisados em seguida, objetivando uma melhor
compreenso dessa arte.
O autor argumentou que algumas caractersticas so de difcil compreenso para
quem no habituado ao contexto da produo artstica da regio andaluza, da a
inteno didtica explcita observada na dissertao.

46- Nome: ALMEIDA, Renato da Silva


Ttulo: Do Intimismo Grandiloqncia (Trajetria e Esttica do Concerto para Violo
e Orquestra: Das Razes At a Primeira Metade do Sculo XX em Torno de Segovia e
Heitor Villa-Lobos)
Ano: 2006
Orientador: Prof. Dr. Edelton Gloeden

Esse trabalho diz respeito basicamente ao Concerto para Violo e Orquestra de


Villa-Lobos.

85

O autor fez um panorama dos concertos escritos para o instrumento desde o


incio do sculo dezenove, citando fatos e eventos importantes para o estabelecimento
dessa formao ao longo dos tempos, concluindo com uma anlise do Concerto.
No terceiro captulo, que tratou especificamente dessa obra, Almeida citou os
concertos para solista e orquestra do autor brasileiro, detalhou, em seguida, as principais
inovaes relacionadas s suas obras para violo, fez um breve histrico desse concerto,
incluindo uma discografia selecionada, e terminou com uma anlise morfolgica,
esttica e harmnica do mesmo.

47- Nome: ARMADA JUNIOR, Ubirajara Pires


Ttulo: Os 10 Estudos para Violo de Radams Gnattali: Uma Anlise
Ano: 2006
Orientador: Prof. Dr. Marcos Branda Lacerda

O autor privilegiou o aspecto harmnico dos estudos e utilizou ferramentas


desenvolvidas para anlises de obras no-tradicionais para compreender estruturas
sonoras e questes como movimento harmnico, prolongamento harmnico e
meldico, sonoridades octatnicas e de tons inteiros e forma

115

Primeiramente foram mostradas as ferramentas analticas utilizadas - Douglass


Green, Arnold Schoenberg e Felix Salzer - para se fazer, em seguida, uma comparao
das fontes dos Estudos em questo.
Nas concluses, Ubirajara observou uma incidncia constante de sonoridades
octatnicas e de tons inteiros.

48- Nome: CORRADI JUNIOR, Cludio Jos


Ttulo: Csar Guerra-Peixe: Suas Obras para Violo
Ano: 2006
Orientador: Prof. Dr. Edelton Gloeden

Este foi outro trabalho acadmico brasileiro sobre a obra para violo de GuerraPeixe, aps a dissertao de Clayton Vetromilla no Rio de Janeiro (vide trabalho
nmero 90 deste captulo).
115

ARMADA JUNIOR, Ubirajara Pires. Os 10 Estudos para Violo de Radams Gnattali: Uma anlise.
Dissertao de mestrado. USP. 2006, pgina do resumo.

86

O autor iniciou seu trabalho com dados biogrficos enfatizando o contato de


Guerra-Peixe com o violonista Nlio Rodrigues e um catlogo das obras para violo
do compositor (solo e msica de cmara). Em seguida fez colocaes sobre sua
fundamentao terica e analisou suas msicas para violo solo. A fundamentao foi
baseada nos escritos do prprio Guerra-Peixe apostila de composio, tratado de
composio, currculos e catlogo temtico , o que aproximou de forma mais
contundente s ideias integrais deste compositor.
Nas concluses o autor observou que Guerra-Peixe buscou compor msica
brasileira independentemente da corrente esttica a que esteve atrelado nos perodos de
sua carreira. O compositor foi o nico de sua gerao que se dedicou msica didtica
para o violo e o primeiro a compor uma Suite dodecafnica (1946) e uma Sonata para
violo (1969).
Corradi finalizou observando o desconhecimento da obra do compositor por
parte dos violonistas, esperando que sua dissertao possa contribuir para a divulgao
das obras de Guerra-Peixe.

49- Nome: COSTA, Gustavo Silveira


Ttulo: O Processo de Transcrio para Violo de Tempo di Ciaccona e Fuga de Bla
Bartk
Ano: 2006
Orientador: Prof. Dr. Rubens Russomano Ricciardi

Esta dissertao de mestrado apresenta algo raro dentre os trabalhos acadmicos


defendidos nos programas de ps-graduao da Regio Sudeste que em geral
privilegiaram a msica brasileira , pois focada em uma transcrio de uma obra para
violino de um autor hngaro (Bla Bartk) que no escreveu nada para violo.
O autor iniciou seu trabalho contemplando anlises estruturais bsicas dos dois
movimentos propostos, fez um histrico da msica e observaes biogrficas sobre o
compositor. Outras edies da Sonata para Violino Solo foram citadas, assim como
transcries para violo de outras obras do compositor por violonistas como Cristina
Azuma e William Kannengeiser.
Sobre a transcrio em si o autor observou recursos comuns a cada um dos
instrumentos - violo e violino - e serviu-se das transcries de Bach como modelos

87

bem-sucedidos a serem ressaltados. Transcries do prprio Bartk foram tambm


analisadas como parte do processo anlogo a ser estudado.
Por fim, o processo de transcrio dos dois movimentos foi apresentado no
ltimo captulo, observando a tessitura, recursos instrumentais e realizaes harmnicas.

50- Nome: MORAIS, Luciano Csar


Ttulo: Srgio Abreu: Herana Histrica, Potica e Contribuio Musical Atravs de
Suas Transcries para Violo
Ano: 2007
Orientador: Prof. Dr. Edelton Gloeden

A dissertao de mestrado de Luciano Moraes apresentou o trabalho do luthier e


violonista Srgio Abreu por meio de suas pouco conhecidas transcries para violo.
Srgio j fazia uso dessa prtica na poca em que tocava em duo com seu irmo
Eduardo, quando formaram uma das mais expressivas duplas da histria do violo.
Em seu trabalho, Luciano iniciou suas consideraes com um histrico das
transcries desde o Renascimento at o sculo vinte, a fim de validar artisticamente
essa prtica. Meno especial foi feita ao trabalho de Andrs Segovia. A partir das
transcries de Srgio procurou-se recompor a inteligibilidade da potica musical na
qual se modelaram as interpretaes do duo de Srgio e seu irmo. Para isso, o autor se
valeu das leituras de Luigi Pareyson e Martin Heidegger. Dados biogrficos de Srgio
Abreu foram apresentados antes da dissertao se focar nas transcries em si. Foram
analisadas verses de Sor, Bach, Rameau a Albeniz.
Para finalizar, o autor fez uma apreciao crtica de gravaes de Srgio e
Eduardo Abreu.

2.3.9 Universidade de So Paulo


Programa de Ps-Graduao em Artes
Doutorado em Artes

51- Nome: GLOEDEN, Edelton


Ttulo: As 12 Valsas Brasileiras em Forma de Estudos para Violo de Francisco
Mignone: um ciclo revisitado

88

Ano: 2002
Orientador: Prof. Dr. Jos Eduardo Gandra da Silva Martins

Este trabalho foi o segundo escrito sobre as Doze Valsas para Violo de
Francisco Mignone sendo o primeiro o de Flvio Barbeitas na UFRJ (vide trabalho
nmero 83 deste captulo).
Edelton Gloeden iniciou seu trabalho com um apanhado geral sobre o repertrio
brasileiro de concerto compreendido entre 1944 e 1975. Em seguida ele observou
especificamente as obras para violo de Francisco Mignone, para analisar, no captulo
seguinte, as 12 Valsas por meio dos aspectos musicais, e fazer sua edio crtica desta
obra. Na concluso o autor observou quatro fatores que contriburam para a pouca
receptividade deste ciclo por parte dos violonistas: o emprego de tonalidades pouco
usadas, a grande quantidade de erros da primeira edio, a falta de uma reviso da obra
e certa precipitao quando da publicao desta msica - observando as datas de escrita
e publicao da obra.
Ao tratar de questes abrangentes dentro de um mesmo compositor e obra, o
autor da tese fez um trabalho que possui aplicaes didticas diversas, tanto em termos
histricos, quanto analticos e biogrficos.

2.3.10 Universidade de So Paulo


Programa de Ps-Graduao em Integrao da Amrica Latina
Mestrado em Produo Artstica e Crtica Cultural na Amrica Latina

52- Nome: SOARES, Teresinha Rodrigues Prada


Ttulo: A Obra Violonstica de Heitor Villa-Lobos (Brasil) e Leo Brouwer (Cuba): A
Sensibilidade Americana e a Aventura Intelectual
Ano: 2001
Orientador: Profa. Dra. Dilma de Mello Silva
Esta dissertao procurou mostrar as semelhanas e diferenas entre os
compositores Heitor Villa-Lobos e Leo Brouwer, este ltimo cubano e principal
continuador das ideias violonsticas do compositor brasileiro. Entre os traos similares
estariam a influncia da msica popular nas composies, o envolvimento na esfera
governamental de suas pocas, fases vanguardsticas e um retorno em suas fases
maduras a um condicionamento mais tradicional.

89

O trabalho apresentou inicialmente um contexto histrico da Amrica Latina na


poca de ambos os compositores, seguindo com uma breve histria do violo no Brasil
e em Cuba, dados biogrficos de ambos os compositores e anlise de obras especficas,
entre elas algumas msicas da Suite Popular Brasileira, Preldios e Estudos de VillaLobos e Danza Caracterstica, Canticum e Rito de los Orishas de Leo Brouwer.
Teresinha Prada utilizou cinco vertentes comuns aos dois compositores para os
estudos comparativos: Nacionalismo, Vanguardas, Retorno, Poltica e Violo.
A autora que tambm violonista inseriu um CD em anexo com sua prpria
gravao de seis obras analisadas na dissertao, sendo trs de cada compositor.
A autora concluiu observando que Villa-Lobos e Leo Brouwer foram os dois
principais representantes do violo no sculo vinte.
2.3.11 Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho
Programa de Ps-Graduao em Artes
Mestrado em Msica

53- Nome: BARTOLONI, Giacomo.


Ttulo: O violo na Cidade de So Paulo: no Perodo de 1900 a 1950
Ano: 1995
Orientador: Profa. Dra. Maria de Lourdes Sekeff Zampronha

A dissertao de mestrado de Giacomo Bartoloni foi uma das poucas a respeito


da histria do violo em um estado especfico, no caso o estado de So Paulo. Outros
autores pesquisaram tambm outras localidades como o Rio de Janeiro, mas muitas
outras ainda precisariam ter estudos para se poder escrever uma histria do violo
brasileiro com maior quantidade de informaes.
Bartoloni fez inicialmente um levantamento bibliogrfico de informaes sobre
a prtica violonstica local, desde o sculo dezenove, por meio de jornais e revistas. Em
seguida, dissertou sobre alguns importantes nomes do instrumento que influenciaram as
geraes posteriores nesta localidade, caso de Amrico Jacomino Canhoto, Anbal
Augusto Sardinha e Dilermando Reis.
O autor apresentou tambm uma listagem de obras significativas do perodo
analisado.

90

54- Nome: LIMA, Edilson Vicente de


Ttulo: As Modinhas do Brasil da Biblioteca da Ajuda
Ano: 1998
Orientador: Prof. Dr. Vilmo Guimares Melo

Este trabalho tambm foi pioneiro em termos de dissertaes de mestrado sobre


violo no Brasil, pois tratou de questes interpretativas sobre a Modinha, um gnero
musical em voga no Brasil nos sculos dezoito e dezenove, e que poderia ser
acompanhado por instrumentos como piano, viola ou violo.
Esta dissertao tambm seria publicada em livro posteriormente 116, com
pequenas adaptaes editoriais.
A obra descreveu a origem e difuso do gnero Modinha, apresentou uma
reviso bibliogrfica sobre o tema - analisando autores como Mrio de Andrade e
Baptista Siqueira -, explicou questes dos arranjos das Modinhas da Biblioteca DAjuda
- o mais antigo documento do gnero - e mostrou cinco tipos de anlises - meldica,
harmnica, morfolgica, prosdica e rtmica - das mesmas.

2.3.12 Universidade Estadual Paulista


Programa de Ps-Graduao em Histria
Doutorado em Histria

55- Nome: BARTOLONI, Giacomo


Ttulo: Violo: a imagem que fez escola
Ano: 2000
Orientador: Profa. Dra. Palmira Petratti Teixeira

Nesta tese de doutorado Giacomo Bartoloni novamente estudou o violo em So


Paulo como em sua dissertao de mestrado, j analisada neste captulo como trabalho
de nmero 50 , mas dessa vez por uma tica de histria social do instrumento.
O autor iniciou sua tese apresentando um apanhado histrico do violo, desde
suas origens, passando pelo instrumento discriminado da virada do sculo dezenove
para o sculo vinte no Brasil, at meados do sculo passado. Bartoloni observou vrios

116

LIMA, Edilson de. As Modinhas do Brasil. EDUSP, 2001, 274 pg.

91

fatores que fizeram parte do desenvolvimento do violo, desde a fundao de fbricas


do instrumento at os gneros utilizados pelos compositores e intrpretes, sem esquecer
fontes textuais de autores como Mrio de Andrade e Jos Ramos Tinhoro e o
movimento modernista de 1922.
Um aspecto enfocado por Bartoloni diz respeito s tcnicas de composies
entre o piano e violo, sendo que ambos se influenciaram mutuamente. Entre os
intercmbios de recursos destaca-se a utilizao das linhas cantantes na regio grave dos
instrumentos, notas ingales (notas desiguais) e posies fixas, que Villa-Lobos e
Camargo Guarnieri utilizaram tanto no violo quanto no piano.
Entre os violonistas-compositores assinalados pelo autor da tese estiveram
Amrico Jacomino, Joo Pernambuco, Villa-Lobos, Garoto e Dilermando Reis, entre
outros. Giacomo Bartoloni afirmou ainda que o nmero de grandes compositores
brasileiros que no se dedicou tanto ao violo se deve, talvez, insegurana dos
mesmos quanto s tcnicas composicionais para o instrumento.
2.3.13 Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho
Programa de Ps-Graduao em Msica
Mestrado em Msica

56- Nome: GOMES, Rosimari Parra


Ttulo: Cancioneiros Portugueses do Sculo XVI: Discusso e Metodologia da
Transcrio de msica Polifnica vocal para Instrumentos de Cordas Dedilhadas.
Ano: 2003
Orientador: Prof. Dr. Giacomo Bartoloni

Esta dissertao no diz respeito especificamente ao violo, mas a autora


violonista e especialista em instrumentos de cordas dedilhadas, sendo que o assunto da
dissertao pode ser desenvolvido tambm neste instrumento, o que explica a incluso
deste trabalho na nossa tese e neste captulo em particular.
A transcrio de peas vocais do sculo XVI para instrumentos de cordas
dedilhadas foi o escopo principal do trabalho. A autora fez inicialmente um apanhado
histrico e musical do perodo, adentrou na questo dos cancioneiros, ressaltando
aspectos de interpretao e composio dos mesmos, e fez observaes sobre a prtica
das transcries desde o sculo dezesseis.

92

Finalmente a autora apresentou suas transcries que podem servir para alade,
vihuela ou violo. Ela concluiu observando a falta de literatura especfica sobre o
assunto em lngua portuguesa.

57- Nome: APRO, Flvio


Ttulo: Os Fundamentos da Interpretao Musical: Aplicabilidade nos 12 Estudos para
Violo de Francisco Mignone
Ano: 2004
Orientador: Prof. Dr. Giacomo Bartoloni

A dissertao abordou fundamentos tericos da interpretao musical, baseandose nos 12 Estudos para violo de Francisco Mignone.
O escopo do trabalho esteve dividido em dois captulos, sendo o primeiro uma
abordagem das teorias de Luigi Pareyson e Umberto Eco sobre interpretao e o
segundo uma reviso bibliogrfica a respeito da obra de Francisco Mignone e
consideraes a respeito de suas obras para violo na dcada de 1970, focalizando, em
seguida, no objeto principal do trabalho, os 12 Estudos para violo.
O autor apresentou solues tcnicas para a interpretao da obra e um modelo
de aplicao terica discutida no primeiro captulo. Nas consideraes finais, os
questionamentos iniciais foram respondidos de forma no conclusiva, pelo fato de que o
modelo de interpretao apresentado seria apenas um entre outros possveis.
No primeiro segmento, dividido em trs subpartes, o autor discorreu a respeito
das tendncias de interpretao musical (aspectos histricos, fidelidade e liberdade),
teoria da formatividade - de Luigi Pareyson - e limites da interpretao.
O segundo segmento foi direcionado principalmente aos 12 Estudos de
Francisco Mignone, tendo sido analisados aspectos tcnicos e sugeridos diferentes
modelos de digitao e edio a partir do texto manuscrito em contraponto verso
editada pelo violonista Carlos Barbosa Lima.
Aps a bibliografia bsica, foram apresentados oito anexos como suporte aos
elementos analisados.
Nas consideraes finais o autor defendeu que as teorias de Pareyson so
adequadas como aplicao geral a qualquer tipo de repertrio, por requerer o respeito e
o equilbrio geral entre as intenes do compositor, da obra e do intrprete em partes

93

iguais 117. Defendeu, ainda, que uma adequao de igual medida entre o padro tcnico
de uma execuo erudita e uma interpretao baseada nos moldes populares
fundamental para o sucesso da obra.

58- Nome: BARTOLONI, Fbio Figueiredo


Ttulo: Guido Santrsola: Uma Introduo obra violonstica e seu trabalho como
professor para o violo brasileiro
Ano: 2004
Orientador: Glria Maria F. Machado

Essa dissertao tratou da vida e obra para violo do compositor italiano Guido
Santrsola. Este viveu quase toda a sua vida na Amrica do Sul, em especial no
Uruguai, onde teve contato com importantes violonistas como Abel Carlevaro, Isaas
Svio e os irmos Srgio e Eduardo Abreu.
O primeiro captulo foi todo dedicado vida de Santrsola, desde seu perodo na
Itlia at sua mudana para o Uruguai. O segundo captulo foi dedicado s obras do
compositor, observando suas trs fases composicionais, que Fbio Bartoloni preferiu
separar em apenas duas grandes fases de obras tonais e atonais alm de sua verve
como professor. O terceiro e ltimo captulo foi dedicado anlise de duas obras de
Santrsola, a Suite Antiga (tonal) e o Diptico classificada como obra sob influncia
Dodecafnica, apesar de no seguir esse estilo de composio.
Entre os anexos, Bartoloni colocou vrias entrevistas nas quais foi possvel
perceber a importncia e contribuio deste compositor para o universo violonstico,
desde suas obras de concerto at seu mtodo de harmonia. O fato deste compositor no
ter sido violonista aparece como um benefcio ao fazer com que os violonistas
prestassem mais ateno na parte musical, e no apenas na parte instrumental.

59- Nome: BRAZIL, Marcelo Alves


Ttulo: Baden Powell e o Jazz na Msica Brasileira
Ano: 2004
Orientador: Prof. Dr. Giacomo Bartoloni

117

APRO, Flvio. Os Fundamentos da Interpretao Musical: aplicabilidade nos 12 estudos para violo
de Francisco Mignone. Dissertao de mestrado em Msica. UNESP, 2004, pg. 118.

94

Este trabalho foi o primeiro a abordar a obra para violo de Baden Powell. A
trajetria musical do violonista foi analisada a partir do modelo proposto por Eric
Hobsbawm em seu clssico livro Histria Social do Jazz.
O autor analisou a influncia do jazz na msica brasileira, estudando em seguida
a msica e a trajetria artstica de Baden Powell.
Muitas das gravaes em estdio do violonista teriam o carter de gravao ao
vivo, por terem sido gravadas sem cortes de edio, e o autor atentou para o grande
nmero de gravaes de Powell.
O foco do trabalho recaiu sobre a obra instrumental, sabendo que grande nmero
das msicas do compositor possui poesia. Nisso recaram questionamentos sobre a
classificao da obra de Baden Powell e as influncias musicais sofridas pelo mesmo. A
msica tradicional brasileira e o jazz seriam, ento, as principais fontes de inspirao do
compositor e violonista.
A delimitao do trabalho se estabeleceu entre obras do perodo situado entre
1959 e 1975 e entre as gravaes coletadas pelo pesquisador.

60- Nome: PICHERZKY, Andra Paula


Ttulo: Armando Neves - Choro no Violo Paulista
Ano: 2004
Orientador: Prof. Dr. Alberto Ikeda

Esta autora fez o primeiro e nico trabalho sobre Armando Neves at o momento
e mais um dos estudos sobre o violo em So Paulo. Picherzky privilegiou trs aspectos
da vida e obra do compositor: a trajetria do violonista na cidade de So Paulo, a anlise
musical de seus choros e a catalogao de suas obras.
A dissertao concluiu observando que Armando Neves conseguiu sobreviver
por meio de seu talento no esporte como jogador de futebol e na msica. Nesta
ltima, sua atuao ao lado de importantes msicos como Amrico Jacomino
demonstrou seu papel de destaque entre os msicos populares da poca.
Outra observao foi sobre o fato de que se o compositor tivesse aprendido a
escrever msica no papel, e no apenas saber tocar de ouvido, suas composies
poderiam ter se enveredado por outros objetivos estticos.

61- Nome: CARVALHO, Mrcio Pacheco de

95

Ttulo: A Escrita Modular no Repertrio do Violo: Proposta Interpretativa para a


Obra Tarantos, de Leo Brouwer
Ano: 2005
Orientador: Prof. Dr. Giacomo Bartoloni

Mrcio Pacheco fez uma anlise da msica Tarantos, do compositor Leo


Brouwer, a partir de outras cinco msicas (La Espiral Eterna, Paisaje Cubano con
Campanas, Estudio Sencillo XX todas de Leo Brouwer Repente 1 e Repente 9 de
Pedro Cameron) tambm para violo solo e que apresentam escrita modular, como a
Tarantos de Brouwer, porm de forma no aleatria.
A tcnica de anlise foi a teoria ps-tonal dos conjuntos, apresentada no
primeiro captulo. O seguinte foi totalmente dedicado msica La Espiral Eterna,
contendo tambm a anlise de um artigo do violonista uruguaio Eduardo Fernndez
sobre essa obra.
A ideia do autor foi a de inserir a obra Tarantos analisada no terceiro captulo,
incluindo clculos das probabilidades de execuo a partir dos mdulos da msica em
um recital juntamente com outras obras primando pela unidade de concepo musical.
A elaborao dessa apresentao seria o resultado desse processo de pesquisa.

62- Nome: CORREIA, Mrcio Guedes


Ttulo: Concerto Carioca n.1 de Radams Gnattali: A Utilizao da Guitarra Eltrica
como Solista
Ano: 2007
Orientador: Prof. Dr. Marcos Pupo Nogueira

O autor analisou a escrita orquestral do compositor por meio do ritmo musical


empregado, da instrumentao inusitada - com a utilizao de violo eltrico construo de melodias e procedimentos harmnicos. Novamente, como em
praticamente todos os trabalhos analisados, foi ressaltada a confluncia de utilizao das
msicas erudita e popular na obra do compositor, sendo isto uma caracterstica marcante
de seu estilo.
O primeiro captulo inteiro foi dedicado influncia da msica popular urbana
na obra orquestral do compositor (em oposio msica popular rural e/ou folclrica,
mais utilizada pelos seus contemporneos brasileiros). Em seguida, o autor discorreu

96

sobre os ritmos populares dentro do Concerto Carioca n.1, enfatizando que alguns
instrumentos de percusso foram os utilizados pelas escolas de samba, e os metais
seguiram maneira das big bands. O terceiro captulo foi sobre a utilizao da guitarra
eltrica neste concerto e, por fim, o ltimo discorreu a respeito dos motivos ritmomeldicos na msica de concerto de Gnattali.

2.3.14 Universidade Federal de Minas Gerais


Programa de Ps-Graduao em Histria
Mestrado em Histria

63- Nome: LANA, Jonas Soares


Ttulo: Sob o selo nacional, sob o solo popular: ressonncias de uma nao na obra
para violo solo de Heitor Villa-Lobos
Ano: 2005
Orientador: Profa. Dra. Helosa Maria Murgel Starling
A dissertao apresentou um estudo das ressonncias de imagens

118

do povo

brasileiro por meio da obra para violo solo do compositor carioca. Para isso, o autor
inicialmente fez um paralelo entre histria e msica, com os sons enquanto fonte
primordial e, em seguida, a trajetria da msica ao longo dos tempos. Foi debatido o
papel do intrprete, alm da relao da msica com a memria, utilizando os conceitos
de Walter Benjamim. As primeiras atividades musicais de Villa-Lobos foram discutidas
nesse captulo, enquanto que as atividades musicais do compositor nas dcadas de 1930
e 1940 foram debatidas no captulo seguinte, incluindo sua relao com a Era Vargas e a
composio dos Cinco Preldios para Violo em 1940.
Aps dados histricos sobre o violo, o autor fez uma anlise desses Preldios,
que so as ltimas obras para violo solo deste compositor, que se voltaria novamente
ao instrumento na dcada de 1950 para escrever um concerto para violo e orquestra.
Essa anlise incluiu as relaes entre cada um dos Preldios com as observaes do
compositor a temticas individuais: o Preldio n.1 teria uma relao com o caboclo
brasileiro, o Preldio n.2 com o gnero Choro, o Preldio n.3 com Bach, o Preldio n.4

118

LANA, Jonas S. Sob o Selo Nacional, Sobre o Solo Popular: as ressonncias de uma nao na obra
para violo de Heitor Villa-Lobos. Dissertao de Mestrado em Histria. UFMG. 2006, pg. 5.

97

com os ndios e, por fim, o Preldio n.5 seria uma homenagem vida social carioca
daquele perodo.

2.3.15 Universidade Federal de Minas Gerais


Programa de Ps-Graduao em Msica
Mestrado em Msica

64- Nome: NAVEDA, Luis Alberto Bavaresco de


Ttulo: O Timbre e o Volume Sonoro do Violo: Uma Abordagem Acstica e PsicoAcstica
Ano: 2002
Orientador: Prof. Dr. Maurcio Alves Loureiro

Neste trabalho o autor analisou alguns recursos de tcnica violonstica aliados


reviso dos principais tpicos da acstica do instrumento e psicoacstica. Ele props
uma metodologia de equao do volume de sons impulsivos para descrever a influncia
dos principais fatores do timbre destes recursos do violo dentro da percepo do
volume.
Luis Naveda fez um apanhado histrico do instrumento desde o perodo
renascentista at a figura de Andrs Segovia no sculo vinte para em seguida realizar
um estudo da anatomia do violo, ao das cordas e tipos de toque de mo direita, para
finalmente tocar na questo do volume de som.
O autor fez, ento, um trabalho experimental verificando as diferenas de
volume entre pares de sons de timbres diferentes por meio de testes subjetivos. O
problema central deste experimento seria a influncia especfica das caractersticas
espectrais do som do violo na percepo do volume.
A concluso foi de que os parmetros timbrsticos mais influentes sobre o
volume de notas do som do violo seriam uma combinao do decaimento e da
magnitude da presena de transientes.

65- Nome: MELO, Raissa Anastcio de Souza


Ttulo: A Sonatina para flauta e violo de Radams Gnattali: estudo de aspectos
estruturais e interpretativos do primeiro movimento.
Ano: 2007

98

Orientador: Prof. Dr. Maurcio Freire

A autora se props a fazer um estudo analtico (estrutural) e interpretativo


(concepo) da obra, com base na partitura e em trs gravaes diferentes: Norton
Morozowicz (flauta) e Eduardo Meirinhos (violo), Marcelo Barbosa (flauta) e Fbio
Zanon (violo) e, por fim, Jos Ananias Souza Lopes (flauta) e Edelton Gloeden
(violo).
A dissertao foi iniciada com dados biogrficos sobre Gnattali, para em seguida
tratar da relao do compositor com a flauta e o violo. O segundo captulo foi sobre
anlise musical em si, focando em seguida no primeiro movimento da msica. O
terceiro captulo versou sobre a anlise interpretativa por intermdio das trs gravaes,
observando-se ritmo e fraseado, articulao, uso de dinmica e vibrato, alm de outras
consideraes.
Nas concluses a autora escreveu que a proposta do trabalho foi justamente
realizar um encontro da anlise com a execuo musical 119.

66- Nome: NUNES, Alvimar Liberato


Ttulo: Interpretao, Arranjo e Improvisao de Rafael Rabello em Odeon de Ernesto
Nazareth
Ano: 2007
Orientador: Prof. Dr. Fausto Borm

Alvimar Liberato se ateve, em sua dissertao, especificamente ao trabalho de


Rafael Rabello em diversas vertentes de sua atividade.
Inicialmente o autor apresentou traos biogrficos de Ernesto Nazareth
(compositor), Rafael Rabello (arranjador) e Antonio Sinpoli (arranjador), trs nomes
atrelados aos objetivos de anlise da dissertao. Em seguida foi realizada uma anlise
dos aspectos de arranjo e improvisao de Rabello no tango Odeon, valendo-se de
aspectos formais, harmnicos, rtmicos e meldicos, alm das sees introdutria e
final. Na concluso o autor reforou a diferena de direcionamento entre as verses de
Rabello (popular) e Sinpoli (erudita) e as implicaes atreladas a isso.

119

MELO, Raissa Anastsia de Souza. A Sonatina para Flauta e Violo de Radams Gnattali: Estudo de
Aspectos estruturais e interpretativos do primeiro movimento. Dissertao de Mestrado em msica.
UFMG. 2007, pg. 57.

99

O trabalho comum entre o trabalho do arranjador e do improvisador no mbito


da msica popular tambm foi enfatizado.

67- Nome: RODRIGUES, Fernando Macedo


Ttulo: Tocar Violo: Um Estudo Qualitativo sobre os Processos de Aprendizagem dos
Participantes do Projeto Arena de Cultura
Ano: 2007
Orientador: Profa. Dra. Walnia Marlia Silva

Fernando Rodrigues focou, em sua dissertao, temas abordados especialmente


nos trabalhos acadmicos defendidos na Bahia, onde a educao musical atravs do
violo foi objeto de estudos diversos.
Rodrigues se valeu do Projeto Arena de Cultura, da Prefeitura de Belo
Horizonte, onde alunos aprendem violo e guitarra. Os mesmos admitiram que j
participaram de atividades musicais em seus bairros, e a dissertao buscou
compreender a forma de aprendizado desses jovens em suas comunidades por meio de
questionrios, entrevistas e observaes.
Dentre as concluses o autor observou elementos comuns de aprendizado desses
jovens, como a busca pela Internet, revistas com cifras e a ajuda de colegas de seus
bairros.
O autor iniciou sua dissertao expondo sua metodologia coleta, anlise e
validade dos elementos , explanou sobre o Projeto Arena de Cultura, incluindo sua
experincia pessoal, comentou a respeito dos participantes, processos e sobre os
recursos de aprendizagem.

2.3.16 Universidade Federal de Uberlndia


Programa de Ps-Graduao em Cincias da Computao
Mestrado em Cincias da Computao

68- Nome: MENEZES JNIOR, Carlos Roberto Ferreira de


Ttulo: Editor Midi para Violo com articulao humanizada nota a nota e qualidade
acstica em linguagem funcional pura
Ano: 2007
Orientador: Luciano Vieira Lima

100

Essa dissertao props a implementao de um software de computador que


permite ao usurio criar seqncias musicais MIDI para violo. Esse programa
possibilita que cada nota musical possa ser editada individualmente com a qualidade de
um instrumento musical acstico, sendo este o principal diferencial deste para outros
programas similares. O resultado sonoro pode ser transformado em formatos mais
conhecidos, como o Wave. O aplicativo, segundo o autor da dissertao, pode ser
utilizado por pessoas sem muita experincia com programas de computao musical.
A dissertao apresentou inicialmente os formatos MIDI e WAVE bastante
conhecidos na atualidade por usurios de computadores , a criao e edio de
SoundFonts fontes de timbres musicais, operando como fontes de textos de linguagem
e a linguagem computacional Clean. A escolha desta ltima se deu por esta ser
gratuita, simples, possuir transparncia referencial o resultado de uma funo ser
sempre a mesma e por permitir cdigos gerados por outras linguagens, como a C,
entre muitos outros argumentos.
O autor fez em seguida uma anlise comparativa entre os softwares e concluiu
observando que as tcnicas de programao apresentadas na dissertao podem servir
como material de referncia a futuros pesquisadores, alm de demonstrar os recursos e
benefcios do software apresentado na dissertao. A pesquisa mostrou que trabalhos
futuros podem ser desenvolvidos, e o autor citou uma srie de objetivos que podem ser
implementados a partir desta dissertao.

2.3.17 Universidade Federal de Uberlndia


Programa de Ps-Graduao em Histria
Mestrado em Histria

69- Nome: ALFONSO, Sandra Mara


Ttulo: Jodacil Damaceno: uma referncia na trajetria do violo no Brasil
Ano: 2005
Orientador: Prof. Dr. Alcides Freire Ramos

A autora se props a estudar a histria do violo no Brasil em correlao


trajetria do violonista Jodacil Damaceno, que foi professor da prpria Universidade
Federal de Uberlndia, no Departamento de Msica.

101

O primeiro captulo foi dedicado histria do violo desde o incio de seu


desenvolvimento at sua trajetria no Brasil. Para isso a autora dissertou sobre a
circularidade e flexibilidade do instrumento em trafegar entre a msica popular e a
msica de concerto, dando exemplos de violonistas importantes no desenvolvimento do
violo no pas.
Os captulos seguintes apresentaram dados biogrficos especficos sobre Jodacil
Damaceno, incluindo sua atividade de professor na UFU e sua volta ao Rio de Janeiro
aps sua aposentadoria. A concluso foi um resumo da dissertao, enfatizando a
afirmao da importncia de Damaceno para o violo brasileiro.
Essa foi uma das poucas dissertaes com temtica violonstica que acabaram
sendo publicadas posteriormente em formato de livro, at o momento.

2.3.18 Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro


Programa de Ps-Graduao em Msica
Mestrado em Msica

70- Nome: CARNEIRO, Josimar M. Gomes


Ttulo: Baixaria: anlise de um elemento caracterstico do choro, observado na
performance do violo de sete cordas
Ano: 2001
Orientador: Profa. Dra. Carole Gubernikof
Nesta dissertao o autor estudou a conduo da voz do baixo algo que tpico
dos grupos de choro e participante ativa dos aspectos contrapontsticos e rtmicos da
msica.
Uma reviso bibliogrfica dos cinco anos anteriores ao trabalho foi apresentada
em seguida, a partir de obras de autores como Marcia Taborda, Silvio Merhy e Jos
Paulo Becker, entre outros. No segundo captulo o autor escreveu sobre a funo da
baixaria no contexto musical do choro, exemplificando com trechos de msicas
especficas.
O autor analisou, ainda, as msicas Assim Mesmo de Luis Americano, Receita de
Samba de Jacob do Bandolim e Sofres Porque Queres de Pixinguinha e Benedito
Lacerda a partir de tericos neo-schenkerianos para observar caractersticas especiais da
msica.

102

O trabalho foi concludo observando a falta de pesquisas at aquele momento


sobre alguns aspectos da prtica do choro, relatando tambm que a prtica da
transcrio mostrou ser uma atividade importante como fonte de estudo do assunto.
O autor acreditou ter ampliado o conceito genrico de baixaria por meio de suas
funes, e salientou que a singularidade de cada msica o que moldaria a anlise da
mesma.

71- Nome: CHAVES, Carlos Antonio Gomes da Costa


Ttulo: Anlise dos Processos de Ensino-Aprendizagem do Acompanhamento do Choro
no Violo de Seis Cordas
Ano: 2001
Orientador: Prof. Dr. Jos Nunes Fernandes

Carlos Chaves utilizou em sua dissertao de mestrado o mesmo objeto de


trabalho da dissertao de Jos Paulo Becker (vide trabalho nmero 84 deste captulo),
mas sob uma tica diferenciada: anlise de ensino-aprendizagem do acompanhamento
do choro por meio da experincia de violonistas tradicionais neste gnero e instrumento.
As bases tericas utilizadas foram as de Santos, Conde & Neves e o modelo de
Swanwick. A anlise desses fatores determinou a proposta de ensino-didtica elaborada
pelo autor da dissertao, que incluiu tcnica, literatura, execuo, composio e
audio.
Uma reviso bibliogrfica sobre o choro incluindo teses e dissertaes sobre
choro, violo e educao musical foi apresentada para situar o leitor nesse assunto do
trabalho.
O autor da dissertao concluiu observando que um mtodo como o exposto
pode ser importante para a preservao da memria, facilidade e acessibilidade ao
ensino-aprendizagem do choro, maior divulgao do mesmo e a existncia de mtodos
para serem utilizados em cursos de msica popular, que segundo o autor esto cada vez
mais em expanso.

72- Nome: SILVA JUNIOR, Mrio da


Ttulo: O Violo no Paran Uma anlise histrico-estilstica
Ano: 2002
Orientador: Profa. Dra. Ingrid Barancoski

103

O autor apresentou um apanhado do violo no sculo vinte sobre a literatura


violonstica

no

nacionalismo

musical

brasileiro

sobre

os

compositores

contemporneos das regies sul e sudeste.


Em seguida o autor escreveu especificamente sobre o violo no Paran, dando
nfase parte composicional, para em seguida organizar um catlogo de compositores e
obras daquele estado.
Nas concluses o autor observou caractersticas comuns a alguns compositores
do mesmo perodo e caractersticas particulares entre Waltel Branco e Jaime Zenamon.
A figura de Arrigo Barnab se distanciaria desses grupos por ter uma obra serial nica
entre esses compositores.
A interao entre violonistas e compositores se deu por meio de msicos que no
sabiam tocar o instrumento e se aventuraram a escrever para o mesmo. Um constante
intercmbio de ideias entre os violonistas paranaenses e de outras regies tambm foi
destacado pelo autor da dissertao.

73- Nome: CARDOSO, Thomas Fontes Saboga


Ttulo: Um Violonista-Compositor Brasileiro: Guinga. A Presena do Idiomatismo em
Sua Msica
Ano: 2006
Orientador: Prof. Dr. Luis Otvio Braga

Esta foi a primeira dissertao que encontramos a respeito do compositor Guinga


defendida em uma universidade brasileira. Ela visou estudar e entender o pensamento
musical deste compositor por meio de sua msica e de entrevistas.
O autor observou o universo composicional de Guinga, nutrido de diversas
fontes, e sua msica instrumental baseada em tcnicas intrinsecamente ligadas ao
idioma natural do violo. O perodo em que Guinga estudou com Jodacil Damaceno lhe
proporcionou contato com autores como Villa-Lobos e Leo Brouwer, que compuseram
baseados na prpria anatomia do instrumento, o que foi de influncia decisiva na
composio de Guinga e em sua abordagem tcnica no violo.
Um panorama da vida do compositor foi apresentado, assim como um debate
sobre a questo do nacional e o tradicional na msica brasileira.

104

Entre as concluses do autor foi observado o fato de Guinga se considerar um


continuador da tradio do violo brasileiro e que a msica composta pelo mesmo no
poderia ser enquadrada nem como erudita nem como popular.

74- Nome: MENDONA, Gustavo da Silva Furtado de


Ttulo: A Guitarra Eltrica e o Violo: O Idiomatismo na Msica de Concerto de
Radams Gnattali
Ano: 2006
Orientador: Profa. Dra. Carole Gubernikoff

Esta dissertao tratou da relao idiomtica entre o violo, o violo eltrico e a


guitarra eltrica, tendo como elo unificador duas obras especficas de Radams Gnattali:
a Suite Popular Brasileira para piano e violo eltrico e a Sonatina para violo e piano.
O autor iniciou seu trabalho descrevendo o violo e seus diversos tipos,
repertrios e tcnicas, fazendo em seguida o mesmo com a guitarra eltrica, incluindo,
neste caso, os recursos de efeito, com amplificadores e pedais.
Aps uma pequena biografia de Radams Gnattali com nfase na contribuio
desse compositor literatura da guitarra eltrica o autor analisou as obras citadas e
buscou encontrar o paralelo idiomtico para o violo e a guitarra eltrica. Em relao a
esta ltima, a dissertao buscou mostrar tambm ocorrncias idiomticas com obras da
literatura universal.
Na concluso, o autor reconheceu ter aumentado a bibliografia para a guitarra
eltrica, observou o desenvolvimento distinto entre a guitarra eltrica e o violo no
sculo vinte embora um e outro instrumento tenham se beneficiado com os recursos
tecnolgicos como os amplificadores e a ausncia da guitarra eltrica nas salas de
concerto por no ter sido empregada por compositores clssicos mais reconhecidos, com
poucas excees. Entre essas excees est o nome de Radams Gnattali, que o autor da
dissertao reconhece como o primeiro a utilizar o instrumento na msica clssica. O
equvoco entre os termos guitarra eltrica e electric guitar foram tambm
observados pelo autor. Entre as diferenas de composio para os dois instrumentos,
segundo a dissertao, Gnattali utilizava uma orquestrao mais robusta nas obras com
guitarra eltrica e mais leve (sem muitos metais, por exemplo) com relao ao violo
normal. As semelhanas e diferenas entre as tcnicas instrumentais dos dois
instrumentos foram tambm analisadas.

105

2.3.19 Universidade Federal do Rio de Janeiro


Programa de Ps-Graduao em Histria
Doutorado em Histria Social

75- Nome: TABORDA, Marcia Ermelindo


Ttulo: Violo e Identidade Nacional: Rio de Janeiro 1830-1930
Ano: 2004
Orientador: Prof. Dr. Jos Murilo de Carvalho

A autora novamente se props a estudar o violo no Rio de Janeiro, aps sua


dissertao de mestrado (vide trabalho nmero 79 deste captulo), mas dessa vez em
questes relacionadas histria social e esttica do instrumento.
A tese buscou estudar desde a organologia do violo, passando pelo problema da
nomenclatura do mesmo pelos relatos dos viajantes de sculos atrs e se dedicou a
examinar a sua introduo dentro da sociedade brasileira. A grande realizao do
instrumento, na opinio da autora, teria sido a de servir de suporte harmnico aos
gneros formadores da msica popular brasileira.
A questo da identidade do nacional do violo teria vindo a partir de uma
dualidade: ao mesmo tempo em que ele seria smbolo da marginalidade artstica, seria
um retrato do emblemtico da nacionalidade do pas.
A tese foi iniciada com informaes sobre a histria do instrumento ao longo dos
sculos, passando pelos primeiros concertistas que se apresentaram no Brasil, pela
figura de Heitor Villa-Lobos at chegar ao nome de Turbio Santos, este como expoente
moderno do instrumento neste pas.
Este seria o retrato do desenvolvimento do violo no Rio de Janeiro, sendo que a
autora prosseguiu sua tese com referncias desde as primeiras gravaes at os
violonistas que obtiveram destaque na cena carioca, passando pela literatura romntica e
modernista e questes sobre o erudito e o popular na arte.

2.3.20 Universidade Federal do Rio de Janeiro


Programa de Ps-Graduao em Msica
Mestrado em Msica

106

76- Nome: BARROS, Ncolas Lehrer de Souza


Ttulo: A Adaptao da obra alaudstica de Johann Sebastian Bach para Alt-Guitar:
um modelo hbrido
Ano: 1993
Orientador: Prof. Dr. Ricardo Tacuchian

O autor procurou examinar os critrios de adaptao de obras para alade


barroco para o alt-guitar, instrumento que se assemelha ao violo, mas que possui 11
cordas. O compositor estudado foi Johann Sebastian Bach, cujas msicas possuem
adaptao para os mais diversos instrumentos musicais, incluindo os de cordas
dedilhadas, que uma especialidade do autor do trabalho de mestrado em questo.
A dissertao foi dividida em duas partes, sendo a primeira dedicada histria
do alade, sua escrita em tablaturas, a relao de Bach com o instrumento e as
transcries para o violo e alt-guitar das obras para alade deste compositor, com o
estabelecimento dos problemas desses arranjos tonalidades, digitaes, ornamentaes
etc.. A segunda parte descreveu a prtica instrumental no alade barroco, as influncias
da prtica instrumental do violo para o estudo deste trabalho e as verses das Suites
BWV 995 e BWV 997 para alade e da Sonata BWV 1001 para violino, finalizando com
uma verso para teclado das obras alaudsticas de Bach.

77- Nome: HARO, Maria


Ttulo: Nicanor Teixeira: A msica de um violonista compositor brasileiro
Ano: 1993
Orientador: Prof. Turbio Santos

A violonista e autora dessa dissertao fez um retrato biogrfico de Nicanor


Teixeira e analisou dez de suas principais obras, as quais constam anexadas no final da
dissertao.
A autora demonstrou que a obra do compositor se formou a partir de trs
influncias bsicas: a msica que o mesmo ouvia na infncia na Bahia, o choro carioca e
os compositores barrocos.
O primeiro captulo apresentou informaes sobre o violo a partir de fontes
como as dos viajantes europeus durante o sculo dezenove, como Von Martius, e das
reminiscncias do autor Alexandre Gonalves Pinto no Rio de Janeiro.

107

As composies analisadas foram Carioca 1, Ponteio, Ponteio 1, Suite Pequenas


Paisagens (em 4 movimentos), Procisso, Romaria do Bom Jesus da Lapa e Auto
Retrato Batuque.
Na concluso a autora classificou a obra de Nicanor Teixeira como msica
instrumental brasileira, evitando utilizar tanto o termo erudito quanto o termo
popular. Nos anexos foram includos entrevistas e depoimentos de Nicanor Teixeira,
Jodacil Damaceno e Turbio Santos, entre outros, alm da cpia manuscrita de quatro
das msicas analisadas na dissertao.
Maria Haro apresentou tambm um catlogo completo das obras do compositor.

78- Nome: PAZ, Krishna Salinas.


Ttulo: Os 12 Estudos para Violo de Villa-Lobos Reviso dos Manuscritos
Autgrafos e Anlise Interpretativa de 3 Interpretaes Integrais.
Ano: 1993
Orientador: Prof. Turbio Santos

O trabalho mais antigo sobre a obra para violo de Heitor Villa-Lobos defendido
em uma universidade brasileira, que encontramos, foi o de Krishna Salinas.
O autor fez a primeira comparao entre fontes manuscritas e a edio publicada
pela Editora Max Eschig, o que poderia determinar num reposicionamento dos
intrpretes perante a obra.
Krishna Salinas se valeu da ento recente descoberta de manuscritos
pertencentes famlia da primeira esposa de Villa-Lobos, Luclia Guimares, alm de
outro manuscrito, datado de 1928, o que daria continuidade para outros trabalhos de
pesquisa e de gravaes.
Aps a exposio de dados referentes s fontes manuscritas e edio final pela
Max Eschig incluindo trechos de cartas entre violonistas e diversas comparaes
entre as trs fontes, o autor exps suas concluses e recomendaes a respeito da
interpretao desses Estudos. Entre essas concluses, o autor afirma que a edio da
Max Eschig teria se originado do manuscrito da Famlia Guimares, e no do outro
manuscrito de 1928. Diz tambm que talvez outro manuscrito possa estar perdido, pelas
diferenas encontradas entre o manuscrito de 1928 e a data final apresentada pelo
compositor dos Estudos, que seria de 1929. Por fim, o autor deu como sugesto o estudo

108

de todas as fontes disponveis dessas obras para violo para melhor interpretao das
ideias do compositor.

79- Nome: ALAN, Graa


Ttulo: Violo carioca - nas ruas, nos sales, na universidade uma trajetria
Ano: 1995
Orientador: Profa. Dra. Marila Duse Campos Lopes

Assim como o trabalho de Giacomo Bartoloni (vide trabalho nmero 50 deste


captulo), este de Graa Alan tratou especificamente da histria do violo em uma
localidade especfica, no caso o Rio de Janeiro.
A partir de informaes encontradas em revistas como O Violo, A Voz do
Violo e Violo e Mestres a autora traou um perfil social do instrumento desde sua
aura de marginal at sua aceitao no meio de concerto e consagrao por intermdio
da premiao de alguns violonistas em concursos internacionais do instrumento.
A dissertao foi iniciada com dados histricos sobre o instrumento desde o
perodo colonial, passando pelo perodo de acompanhador e solista instrumental no
incio do sculo vinte at sua entrada na grade curricular de universidades brasileiras. A
importncia de alguns dos principais nomes do instrumento, como Jodacil Damaceno,
Turbio Santos, Marcos Allan e duo Abreu foi sublinhada em seguida. A autora
enfatizou o nome dos dois primeiros como destaques dentro da histria do violo no Rio
de Janeiro por suas atuaes enquanto concertistas e didatas e atribuiu sua dissertao
como pioneira nos estudos desse tipo nos trabalhos acadmicos at ento.

80- Nome: PIRES, Luciano Linhares


Ttulo: Dilermando Reis, o violonista brasileiro e suas composies
Ano: 1995
Orientador: Prof. Dr. Samuel Mello Arajo Jr

O trabalho de Luciano Pires teve como foco a vida e obra de um dos principais
violonistas brasileiros a trafegar pela tnue linha entre o erudito e popular. O autor
dissertou sobre essa questo no primeiro captulo, utilizando como fonte bibliogrfica
autores como Jos Ramos Tinhoro, Alfredo Bosi e Jos Maria Neves.

109

No captulo seguinte traos biogrficos do compositor foram apresentados,


sendo que estudos sobre o estilo composicional do compositor e a anlise de algumas
obras apareceram em seguida. Entre esses estilos, o autor observou uma instabilidade
harmnica na segunda parte das msicas, como em Feitio e Sobradinho, variaes de
mtrica, uso de acordes diminutos, apojaturas e arpejos de finalizao.
A cano Alma Apaixonada foi analisada, e uma transcrio da msica Dois
Destinos foi proposta, aps a comparao entre duas edies da obra.
Uma discografia e listagem de partituras de Dilermando Reis foram apresentadas
no final da dissertao, aps o autor observar que no foi possvel obter afirmaes
conclusivas, uma vez que no foi analisado o montante total de sua obra para violo.

81- Nome: TABORDA, Marcia Ermelindo


Ttulo: Dino Sete Cordas e o acompanhamento de violo na M.P.B.
Ano: 1995
Orientador: Prof. Turbio Santos

Este trabalho tratou especificamente da contribuio do violonista Horondino


Silva, o Dino Sete Cordas para o violo e para a msica popular brasileira.
A autora fez um apanhado geral sobre o violo de sete cordas desde o incio do
sculo dezenove at o sculo vinte , mostrou um perfil histrico do grupo camerstico
especfico em que atuou o msico o regional , traou um resumo biogrfico de Dino
Sete Cordas e, por fim, apresentou transcries de alguns acompanhamentos musicais,
com anlises sobre algumas obras lanadas em discos desde 1902, quando do incio da
era da comercializao dos discos no Brasil.
Taborda concluiu dizendo que os acompanhamentos musicais das trs primeiras
dcadas do incio do sculo passado eram bastante simples, no havendo preocupao
com a conduo dos baixos, sendo que a dcada de 1930 iniciou um maior tratamento
sobre essa questo. Com o passar do tempo os regionais iriam ganhar importncia
tambm em termos de gravaes comerciais e qualidade musical.
A carreira de Horondino Silva, segundo a autora, poderia ser dividida entre antes
e depois de seu contato com Pixinguinha, e sua principal influncia didtica foi por
meio de sua arte propriamente dita, que inspirou inmeros violonistas de sete cordas
que apareceram posteriormente.

110

82- Nome: VIANNA, Paulo Rogrio de Faria


Ttulo: Contribuies do rasgueado segundo a forma flamenca, escola moderna do
violo
Ano: 1995
Orientador: Vanda B. Freire
Coorientador: Prof. Turbio Santos

Paulo Rogrio apresentou, em sua dissertao, o primeiro trabalho relacionado


msica flamenca defendido em uma universidade brasileira.
O autor focou especificamente no trabalho da mo direita dentro da tcnica
violonstica, e mostrou sua relao entre estilos contrastantes. O objetivo principal foi o
de demonstrar a eficincia do estudo especfico da tcnica do rasgueado, sendo este
comum ao violo erudito, popular e flamenco.
O autor mostrou a origem do estilo flamenco visando esclarecer as origens dessa
escola, incluindo informaes sobre o canto e dana flamenca. As poucas informaes a
respeito do rasgueado em mtodos clssicos foram demonstradas em seguida, o que fez
o autor observar os benefcios que essa tcnica pode trazer ao violo clssico relaes
tambm com a cinesiologia e fisioterapia. Entre os elementos do flamenco citados pelo
autor esto a alzapa, golpes, picado e trmolo.
Paulo Rogrio inseriu, como anexo, um quadro comparativo dos principais
mtodos de ensino do violo, entre eles os mtodos de Fernando Sor, Ferdinando
Carulli, Mauro Giuliani, Matteo Carcassi e Dionsio Aguado.

83- Nome: WIESE, Bartolomeu


Ttulo: Radams Gnattali e sua Obra para Violo
Ano: 1995
Orientador: Prof. Turbio Santos

Essa dissertao de mestrado foi a primeira que encontramos sobre a obra para
violo de Radams Gnattali defendida no Brasil.
Escrito por Bartolomeu Wiese, o trabalho procurou mostrar como o compositor
(Radams Gnattali) fundiu seu conhecimento acadmico com a maneira brasileira de se
tocar violo. O autor escolheu quatro de suas obras para analisar: Brasiliana 13, Dana
Brasileira, Toccata em Ritmo de Samba n.1 e a Toccata em Ritmo de Samba n.2.

111

A dissertao apresentou, ainda, um breve perfil biogrfico e uma listagem das


obras para violo do compositor.
Nos parmetros utilizados para a anlise das msicas de Gnattali, o autor do
trabalho observou que trs deles so comuns: movimentos meldicos, pedal e simetria,
sendo que esta ltima, o timbre e o ostinato no assumiram um papel preponderante
dentro das obras analisadas.

84- Nome: MERHY, Silvio Augusto


Ttulo: Oscilaes do Centro Tonal nos Choros de Garoto
Ano: 1995
Nmero de pginas: 95
Orientador: Prof. Dr. Samuel Mello Arajo

Essa dissertao foi a primeira que encontramos sobre Anbal Augusto Sardinha,
o Garoto, defendida numa universidade brasileira.
Silvio Merhy fez uma anlise harmnica e comentou quinze choros compostos
pelo violonista paulista: Aqui Estou, Caramelo, Despedida, Desvairada, Meditando,
Meu Cavaquinho, Pingo de Ouro, Puxa-Puxa, Quando Di uma Saudade, Relmpago,
Sonhador, Trapalhadas do Garoto, Tristezas de um Violo, Vamos Acabar com o Baile
e Ver Para Crer. Foram feitas informaes biogrficas sobre esse compositor.
O autor fez em seguida um resumo histrico do gnero choro, assim como
algumas colocaes estticas, como os conceitos de msica comercial e msica sria,
avaliando o carter de inovao e transgresso de algumas msicas populares
brasileiras.
A dissertao foi concluda observando os benefcios que a crtica de pesquisa
em msica popular pode trazer.
No apndice o autor colocou partituras e suas anlises grafadas de todas as obras
estudadas na dissertao.

85- Nome: BARBEITAS, Flvio Terrigno


Ttulo: Circularidade Cultural e Nacionalismo nas Doze Valsas para Violo de
Francisco Mignone
Ano: 1996
Orientador: Prof. Dr. Samuel Mello Arajo

112

A dissertao de mestrado mais antiga que encontramos sobre uma obra para
violo de Francisco Mignone foi escrita por Flvio Barbeitas.
Nesta dissertao, o autor teve como foco as 12 Valsas Brasileiras em Forma de
Estudos, tratando da questo da circularidade cultural e no nacionalismo papel do
movimento nacionalista.
O autor analisou a construo musical e relaes entre obra e aspectos do
contexto scio-cultural a qual ela se inseriu. A circularidade seria o movimento
dinmico das manifestaes culturais no interior das sociedades 120.
Em trs partes, o autor descreveu a trajetria da valsa sob perspectiva da
circularidade cultural desde suas origens europeias at sua utilizao pelos
compositores nacionalistas brasileiros , fez consideraes sobre a valsa brasileira e
suas principais caractersticas e analisou cada uma das doze obras para violo deste
gnero utilizado por Mignone, fazendo uma contextualizao dessa msica com outras
escritas no mesmo perodo pelo compositor.
Entre as concluses, o autor da dissertao observou que Mignone no se
prendeu a um padro formal especfico apesar da recorrncia da forma ABA ,
afastou-se da tradio popular desse gnero ao no utilizar perodos de 16 ou 32
compassos nessas composies, identificou-se possivelmente com a modinha ou
gneros seresteiros e nostlgicos por causa da utilizao de tonalidades menores,
utilizou elaboraes harmnicas sofisticadas nesse gnero musical e enquanto aspecto
meldico apresentou caractersticas tpicas da chamada valsa brasileira.
No apndice h um resumo das anlises e partituras das doze valsas para violo
e da msica Dois Amores.

86- Nome: BECKER, Jos Paulo Thaumaturgo


Ttulo: O acompanhamento do violo de seis cordas a partir de sua viso no conjunto
poca de Ouro
Ano: 1996
Orientador: Prof. Dr. Ricardo Tacuchian

120

BARBEITAS, Flvio Terrigno. Circularidade Cultural e Nacionalismo nas Doze Valsas para Violo
de Francisco Mignone. Dissertao de mestrado. UFRJ. 1996, pg. Vi.

113

Esse trabalho analisou o papel do violo de seis cordas em termos de


acompanhamento num grupo de regional de choro, o conjunto poca de Ouro. Em geral
as atenes sobre esse tipo de abordagem costumam recair nos violes de sete cordas
caso do trabalho de mestrado de Marcia Taborda , e isto um ponto de importncia
relacionado ao trabalho de Jos Paulo Becker.
O trabalho foi iniciado com um levantamento sobre a histria do choro e dos
grupos regionais, abordando em seguida a vida e poca de Jacob do Bandolim
fundador do conjunto poca de Ouro e concluindo com transcries de
acompanhamentos realizados pelo violo de seis cordas, juntamente com anlise de seu
procedimento dentro do grupo. Entre as msicas transcritas estiveram Noites Cariocas,
O Vo da Mosca e Receita de Samba.
Nas concluses o autor afirmou que o violo foi pea chave no processo de
estruturao do gnero do choro pelo modo particular de atuao do seu
acompanhamento instrumental encadeamento de acordes e movimentao dos baixos.
O modo de tocar esses baixos teria sido desenvolvido de modo intuitivo pelos msicos
de choro, o que implicou uma forte tendncia desses msicos ao improviso.
O conjunto poca de Ouro, segundo o autor, pode ser considerado um marco na
histria dos regionais por sua viso organizada dos arranjos nos quais os violes
teriam papel de destaque e por ter servido de modelo aos grupos de choro que
apareceram posteriormente.
Pelas transcries realizadas o autor constatou que o violo de sete cordas surgiu
em decorrncia e como extenso do violo de seis cordas, sendo que o que destacaria o
primeiro do segundo seria a maior liberdade na realizao das baixarias.
As transcries e anlises das partituras da dissertao viriam a preencher uma
lacuna desse tipo de material, segundo o autor.

87- Nome: GARCIA NETO, Moacyr Teixeira


Ttulo: Msica contempornea brasileira para violo
Ano: 1996
Orientador: Prof. Dr. Ricardo Tacuchian

114

Esta dissertao de mestrado foi, ao que tudo indica, a primeira a ser publicada
como livro independente121 em termos de trabalho de ps-graduao com temas
violonsticos no Brasil.
No primeiro captulo, Moacyr Teixeira exps brevemente a histria do violo no
Brasil, enfatizando a obra de Heitor Villa-Lobos e a dcada de 1970. No segundo
captulo, citou o desenvolvimento do instrumento nas regies brasileiras e fez uma
anlise por meio da textura musical de obras especficas do repertrio violonstico
escritas entre 1980 e 1995, o que o autor definiu como a msica contempornea do
ttulo da dissertao: Cantiga da Sonata n.1 do compositor Almeida Prado, Trs Peas
para Violo de Carlos Cruz, Samba Bossa Nova da Brasiliana 13 de Radams Gnattali,
Ldica II de Ricardo Tacuchian, Frevo da suite Reminiscncias de Marlos Nobre e
Valseana da suite Aquarelle de Srgio Assad.
Entre os anexos, Moacyr Teixeira incluiu uma discografia, partituras analisadas
e questionrio que foi enviado aos compositores.

88- Nome: SOUZA, Eugnio Lima


Ttulo: Recursos Tcnicos e Processos Intertextuais na Sonatina para
Violo de Jos Alberto Kaplan
Ano: 1997
Orientador: Prof. Dr. Antonio Jardim

Este foi o primeiro trabalho de mestrado sobre violo no Brasil a tratar de uma
obra especfica do repertrio brasileiro com exceo dos 12 Estudos para Violo de
Heitor Villa-Lobos, que formam um conjunto de obras no caso a Sonatina do
compositor Jos Alberto Kaplan.
Kaplan, apesar de ser argentino, comps grande parte de suas obras em estilo
nacionalista brasileiro, tendo vivido grande parte de sua vida no Brasil 122.
Eugnio Lima fez uma breve resenha biogrfica do compositor e utilizou, em
seguida, alguns recursos tcnicos e operadores de execuo com intuito de facilitar
recursos tcnico-interpretativos da Sonatina.

121

TEIXEIRA NETO, Moacyr. Msica contempornea brasileira para violo. Edio Independente,
Esprito Santo, 1998.
122
Kaplan naturalizou-se brasileiro e viveu a partir de 1961 na Paraba, onde veio a falecer.

115

Um captulo especial sobre interpretao musical foi apresentado em seguida,


inserindo ento uma reviso musicogrfica da Sonatina completa.
O aspecto intertextual foi o enfoque principal do autor, que fez um apanhado dos
termos no primeiro captulo e mostrou sua relao com a referida msica.

89- Nome: CMARA, Fbio Adour da


Ttulo: Sobre a Composio para Violo
Ano: 1999
Orientador: Prof. Dr. Antonio Jardim

O trabalho de Fbio Adour tem similaridades temticas com o trabalho


posteriormente escrito por Mario Ulloa (vide tese nmero 17 deste captulo).
Esta dissertao visou fornecer subsdios a compositores pouco familiarizados
com o violo para comporem para este instrumento, discutindo suas possibilidades
tcnicas e sonoras.
Os captulos foram escritos objetivando ampliar as categorias de monofonia,
homofonia e polifonia para abranger particularidades que costumam aparecer no
repertrio violonstico. Recursos prprios do violo foram apresentados nos trs
captulos subseqentes, centrando-se na tcnica e repertrio do instrumento no sculo
vinte.
O autor concluiu a dissertao confessando o receio de ter iniciado uma
pesquisa infindvel, e ao mesmo tempo concluiu observando o estmulo para
pesquisas futuras a partir do material apresentado.

90- Nome: OLIVEIRA, Ledice Fernandes de


Ttulo: Radams Gnattali e o Violo: Relao entre os campos de produo na msica
brasileira
Ano: 1999
Orientador: Prof. Dr. Samuel Mello Arajo

Esta dissertao de mestrado fez um levantamento histrico dos eventos


musicais entre as dcadas de 1930 e 1950, visando analisar e compreender a formao
do estilo do compositor.

116

A autora traou um paralelo entre Radams Gnattali e Anbal Augusto Sardinha


Garoto pela identificao musical entre ambos, para tentar descobrir procedimentos
tcnico-composicionais comuns aos dois compositores. Para isso ela utilizou no quarto
captulo o choro Gracioso, de Garoto, e duas variaes de Radams Gnattali sobre o
mesmo tema Estudo X para violo solo e um arranjo desta msica por Radams
Gnattali para a rdio Nacional.
O primeiro captulo apresentou informaes tericas sobre a poca de atuao de
Gnattali em termos histricos e musicais. O segundo trouxe informaes biogrficas
desse compositor e de Garoto, incluindo suas obras para violo. No captulo seguinte a
autora mostrou as caractersticas violonsticas empregadas em aspectos meldicos,
rtmicos e harmnicos.
Ledice escreveu, ainda, que o uso de acordes e ritmos emprestados de outros
campos de produes musicais, como o jazz, choro e samba foi identificado nas peas
para violo solo de Radams Gnattali.
Entre os anexos a autora inseriu as partituras do choro Gracioso em arranjos
para violo por Paulo Bellinati e para orquestra em arranjo do prprio compositor.

91- Nome: CAIADO, Nelson Fernando


Ttulo: Samba, Msica Instrumental e o Violo de Baden Powell
Ano: 2001
Orientador: Prof. Dr. Samuel Mello Arajo

Essa dissertao privilegiou a obra para violo de Baden Powell, assim como o
trabalho de Marcelo Brazil (vide trabalho nmero 56 deste captulo). O autor analisou o
porqu de existir um nmero to pouco expressivo do gnero samba instrumental,
apesar da importncia e relevncia do mesmo dentro da msica brasileira. O compositor
e violonista Baden Powell, nesse caso, seria uma exceo, pois teria composto vrias
msicas nesse gnero, o que o colocaria como figura de destaque neste trabalho.
Os captulos so bastante especficos, tratando a respeito do choro, samba, bossa
nova e, mais especificamente, do violonista e compositor Baden Powell.
O autor concluiu observando a importncia do gnero samba na obra do
compositor citado, tendo sido este um dos principais divulgadores do samba
instrumental.

117

A tradio seria um dos elementos que explicariam o fato de haver mais


sambas cantados ligados palavra que instrumentais.

92- Nome: VETROMILLA, Clayton Daunis


Ttulo: Introduo obra para violo solo de Guerra-Peixe
Ano: 2002
Orientador: Prof. Turbio Santos

Este foi o primeiro trabalho que encontramos sobre a obra para violo de
Guerra-Peixe defendido em uma universidade brasileira.
O autor iniciou seu trabalho fazendo uma introduo obra deste compositor por
meio de trs premissas: suas trs fases estticas, gnese e crtica na obra para violo e,
enfim, anlise da sua Suite, obra escrita para o instrumento em 1946.
Foram apresentados comentrios do prprio Guerra-Peixe e outros crticos a
respeito de sua obra, fazendo um elo entre seu pensamento esttico e suas obras para
violo. A dissertao encerrou com uma edio crtica da Suite, obra historicamente
importante do repertrio do violo brasileiro no sculo vinte.
Anexo dissertao o autor incluiu, ainda, um CD com a gravao da obra
integral para violo de Guerra-Peixe.

93- Nome: CURY, Fernando Svio da Conceio


Ttulo: Percussion Study I, de Arthur Kampela: Um Guia para Intrpretes
Ano: 2006
Orientador: Prof. Dr. Turbio Santos

Este foi o primeiro trabalho acadmico sobre uma obra do compositor brasileiro
Arthur Kampela, que h anos reside e leciona nos Estados Unidos.
O autor explicou sobre a peculiaridade da msica deste compositor, que adotou
recursos tcnicos tradicionais ao mesmo tempo que inovaes em termos de percusso e
ritmos no violo apesar da complexidade de leitura e execuo, esses gestos seriam
independentes e no interromperiam o discurso da msica ao serem tocados.
Na dissertao foram separados os trs elementos bsicos utilizados na
composio (Extended Techinique, Micro-metric modulation e Tapping Technique) e

118

cada um foi estudado com a finalidade de se compreender melhor as bases da tcnica e


realizao musical.
A dissertao apresentou um breve histrico sobre o violo contemporneo na
Europa e nas Amricas, explicou as tcnicas utilizadas na composio da Percussion
Study n.1 e fez uma caracterizao dos efeitos da mesma.
Na concluso o autor observou que para a execuo dessa msica necessrio
do intrprete maiores informaes que as encontradas em mtodos tradicionais de
violo. Enfatizou tambm que o tratamento percussivo utilizado pelo compositor
original e que seus efeitos so parte integrante do discurso musical, e no meros floreios
ou ornamentos suprfluos.
Entre as principais dificuldades da execuo da msica foram apontados o
andamento inicial e a quantidade de sinais que indicam tocar o mais rpido possvel e a
quantidade de gestos que no fazem parte do repertrio tradicional do violonista.

94- Nome: AMORIM, Humberto


Ttulo: Heitor Villa-Lobos: Uma Reviso Bibliogrfica e Consideraes sobre a
Produo Violonstica
Ano: 2007
Orientador: Profa. Dra. Ruth Serro

O oitavo e ltimo trabalho realizado at dezembro de 2007 sobre obras para


violo de Villa-Lobos foi praticamente um resumo e uma observao de obras-chave
que foram publicadas a respeito da produo para violo e da vida do compositor.
O autor dessa dissertao de mestrado, Humberto Amorim, citou como objetivos
um trip de ideias: instigar novos caminhos para a anlise da bibliografia dedicada a
Heitor Villa-Lobos, definir os elementos que caracterizam a sua escrita violonstica, e
compreender a produo para o instrumento no contexto da trajetria artstica e social
do compositor.
Para tanto, o autor focou em apenas cinco autores: Carlos Marinho de Paula
Barros e Vasco Mariz bigrafos pioneiros de Villa-Lobos , Paulo Renato Gurios
bigrafo recente de Villa-Lobos e os dois nicos autores a publicarem livros
especficos sobre a obra violonstica do compositor: Turbio Santos e Marco Pereira.
O adendo dessa pesquisa foi o fato do autor analisar duas obras recmdescobertas, e que no haviam sido analisadas em trabalhos anteriores: So elas a Valse

119

Choro publicada apenas em 2006 e da Valsa de Concerto n.2 (1904). Alm disso, o
mesmo tambm incluiu nessa pesquisa a anlise das obras camersticas em que o violo
se apresentou ao lado de outros instrumentos ou de voz feminina.

95- Nome: PEDRASSOLI JUNIOR, Paulo


Ttulo: Jos Vieira Brando e o Violo
Ano: 2007
Orientador: Prof. Turbio Santos

Este foi o nico trabalho que encontramos a respeito da obra para violo de Jos
Vieira Brando.
Paulo Pedrassoli iniciou sua dissertao fazendo consideraes biogrficas sobre
o compositor, focando em seguida nas suas obras para violo incluindo transcries
de suas obras para piano. Um catlogo foi apresentado ao final do trabalho, tanto com
obras para violo solo quanto para violo e outros instrumentos.
O autor enfatizou a falta de informaes a respeito das obras do compositor
abordado, em especial as suas obras para violo. Pedrassoli considera que as obras de
Vieira Brando para esse instrumento possuem todas as caractersticas de seu melhor
trabalho e pensamento musical, o que validaria a dissertao.
Entre os anexos, Paulo Pedrassoli incluiu partituras impressas e revisadas de
obras de Vieira Brando.

96- Nome: PEREIRA, Fernanda Maria Cerqueira


Ttulo: O Violo na Sociedade Carioca (1900 1930): Tcnicas, Estticas e Ideologias.
Ano: 2007
Orientador: Profa. Dra. Vanda Lima Bellard Freire

Fernanda Maria Pereira realizou seu trabalho focando no desenvolvimento


histrico do violo no Rio de Janeiro.
A autora iniciou sua dissertao com uma reviso bibliogrfica, para ento expor
sua metodologia e referencial terico. Na apreciao auditiva a autora analisou
caractersticas tcnicas e estticas a partir de gravaes de intrpretes como Benedito
Chaves, Henrique Brito, Levino Albano da Conceio e Joo Pernambuco. Os conceitos

120

utilizados foram os de Thomas Clifton. Na sequencia, a trajetria do violo no Rio de


Janeiro foi analisada criticamente pela autora.
Fernanda enfatizou a falta de maior quantidade de trabalhos que enfocam o
perodo em questo a respeito do violo no Rio de Janeiro. Foi ressaltado que o perodo
de delimitao da dissertao foi o de 1900 e 1930 por este possuir violonistas que,
segundo a autora, no so conhecidos pelo pblico nem pelas novas geraes de
instrumentistas, com exceo de Joo Pernambuco.

2.4 A Regio Sul

Foram encontrados doze trabalhos defendidos na regio sul do Brasil. Esses


trabalhos somados correspondem a mais de dez por cento de todos os trabalhos
defendidos em universidades brasileiras com tema relacionado ao violo que ns
pudemos encontrar.
Algo importante a ser assinalado que no Artigo 26 do Regimento Didtico
(Captulo V) da legislao da Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
especificado que o trabalho apresentado para o requisito de mestre no necessita ser
exatamente uma dissertao, mas sim algum tipo de trabalho conclusivo, desde que o
mesmo esteja de acordo com os objetivos do Programa de Ps-Graduao. Com isso, os
textos de Flvia Domingues Alves e Aristteles de Almeida Pires foram classificados
como Artigos de Mestrado, e o de Csar Souza Funk foi classificado como Trabalho
Conclusivo de Mestrado lembrando que as informaes desse captulo seguem as
anotaes contidas nas capas dos trabalhos de mestrado e doutorado analisados.

2.4.1 Universidade Federal de Santa Catarina


Programa de Ps-Graduao em Engenharia de Produo
Mestrado em Engenharia de Produo

97- Autor: HAINZENREDER, Afrnio Kraz Borges.


Ttulo: Subsdios Para a Sistematizao de Um Mtodo de Ensino de Msica
Objetivando a Otimizao da Aprendizagem Instrumental.
Ano: 2004.
Orientador: Prof. Dr. Francisco Antonio Pereira Fialho

121

Neste trabalho, o autor analisou a prtica da aprendizagem msico-instrumental,


com nfase nos aspectos mecnicos da execuo dos instrumentos, objetivando ajudar
na elaborao de mtodos de ensino.
Na introduo o autor fez uma descrio dos dados a serem trabalhados,
seguindo pela fundamentao terica, pela descrio e anlise de alguns mtodos de
violo, culminando com estudos de casos sobre a primeira experincia no estudo do
instrumento. Na concluso, o autor observou que os mtodos foram incompletos, se
considerados os critrios a que foram submetidos e analisados.

2.4.2 Universidade Federal do Rio Grande do Sul


Programa de Ps-Graduao em Cincia da Computao
Mestrado em Cincia da Computao

98- Nome: COSTALONGA, Leandro Lesqueves.


Ttulo: Polvo Violonista: Sistema multiagente para simulao de performances em
violo.
Nmero de pginas: 130
Ano: 2005
Orientador: Profa. Dra. Rosa Maria Vicari
Coorientador: Prof. Dr. Daniel Wolff

A dissertao apresentou um software que representaria uma execuo em


violo por meio de quatro agentes: Mo direita, Mo esquerda, Caixa de som e Agente
solista. Foi criada uma biblioteca de armazenagem de conhecimento sobre cifras e
formao de acordes, alm de ter sido abordada a relao entre agentes e componentes
grficos. Na fundamentao terica o autor fez a conceituao de agentes e o referencial
terico em msica, seguindo com uma concepo do sistema utilizado, uma biblioteca
para programao musical e a construo do prottipo.
Entre as principais concluses, o autor escreveu que o sistema poderia contribuir
na criao da parte de violo em uma composio por compositores que no tocam o
instrumento.

2.4.3 Universidade Federal do Rio Grande do Sul


Programa de Ps-Graduao em Msica

122

Mestrado em Educao Musical


99- Autor: PIRES JUNIOR, Jos Homero.
Ttulo: Construo e Funo de Exerccios Integrados na Execuo Violonstica.
Ano: 1998
Orientador: Profa. Dra. Rose Marie Reis Garcia

Esta dissertao estudou a noo de Exerccio Integrado (EI), que seria uma
maneira de conciliar os exerccios de tcnica violonstica com o repertrio musical. O
executante adotaria um elemento de execuo a partir dos problemas tcnico-musicais
estudados no repertrio. Esse tema do Exerccio Integrado seria passvel de ser aplicado
a outros instrumentos que no o violo, apesar de os exerccios propostos terem sido os
do repertrio violonstico.
Na concluso, o autor observou que

O E.I. mostra-se como um meio para o desenvolvimento da


compreenso musical no contexto educativo e como objeto de estudo
pertinente para a pedagogia do instrumento assim como para os
estudos em execuo musical123.

2.4.4 Universidade Federal do Rio Grande do Sul


Programa de Ps-Graduao em Msica
Mestrado em Msica

100- Autor: CORRA, Marcos Krning.


Ttulo: Violo Sem Professor: Um Estudo Sobre Processos de Auto-Aprendizagem com
Adolescentes.
Ano: 2000
Orientador: Profa. Dra. Jusamara Souza

Segundo Marcos Krning Corra, esta dissertao foi um estudo qualitativo que
investigou os procedimentos envolvidos na autoaprendizagem do violo, num contexto
extraescolar, por meio de cinco estudos de caso realizados com adolescentes. A

123

PIRES JUNIOR, Jos Homero. Construo e Funo de Exerccios Integrados na Execuo


Violonstica. Dissertao de Mestrado em Educao Musical. UFRGS, 1998, pg. 98.

123

pesquisa analisou as motivaes que levaram cinco jovens adolescentes a buscarem suas
prprias formas de aprender, descrevendo e analisando os procedimentos metodolgicos
utilizados.
No primeiro captulo o autor dissertou sobre os vrios modelos de captao de
conhecimento, delimitando posteriormente um conceito sobre a autoaprendizagem.
Antes de entrar nos cinco estudos de caso, especificamente, o autor descreveu sua
metodologia, baseada em Antonio Carlos Gil, Mirian Goldenberg e Mauro Roese,
discutindo, ento, sobre os resultados obtidos.
O autor deixou claro que o objetivo do trabalho foi o de descobrir como os
jovens organizavam o tempo para o estudo do violo em seus lares, sem querer obter
generalizaes.

101- Autor: SILVEIRA FILHO, Fernando Gonalves Dutra da.


Ttulo: Uma Anlise da Digitao Grafada nas Five Bagatteles de William Walton.
Ano: 2004
Orientador: Prof. Dr. Daniel Wolff

A partir do trabalho de reviso e digitao realizado pelo violonista ingls Julian


Bream nas Cinco Bagatelas de William Walton, Silveira Filho dissertou sobre as
implicaes violonsticas disso.
O trabalho foi iniciado com explicaes a respeito da motivao de sua
realizao, prosseguindo com explicaes sobre a metodologia utilizada e consideraes
sobre a condio interpretativa de uma dissertao, at a anlise da digitao de Julian
Bream, por meio da articulao, conduo de vozes, prolongao e sustentao das
notas e dos traslados.
Nas concluses, o autor expressou que a digitao nem sempre esteve de acordo
com a realidade do texto, implicando novos modos expressivos e da possibilidade de
uma digitao grafada no solucionar problemas de execuo de determinados trechos
devido variabilidade de mecanismos.

102- Nome: ALVES, Flvia Domingues.


Ttulo: Estudos de Sor e Brouwer: Uma Abordagem Comparativa de Demandas
Tcnicas.
Tipo: Artigo de Mestrado em Msica

124

Ano: 2005
Orientador: Prof. Dr. Celso Loureiro Chaves

Este trabalho analisou alguns Estudos de Fernando Sor e Leo Brouwer, dois dos
principais compositores para violo, em pocas diferentes.
De Sor a autora utilizou a srie de 20 Estudos escolhidos e editados por Andrs
Segovia e de Brouwer foram analisados os 20 primeiros Estudos de uma srie que at o
momento est em nmero de 30.
A comparao foi realizada por meio de demandas tcnicas da mo direita
(toque do polegar, acordes repetidos e arpegios) e da mo esquerda (posies fixas,
ligados ascendentes e descendentes e pestanas).
Nas concluses, a autora escreveu que quanto mo direita a mudana ou
transformao principal foi com relao ao uso do dedo anelar. Na mo esquerda, o uso
de dedos fixos seria para a sustentao de notas, sendo que em Brouwer o uso de dedos
guia favoreceria os traslados de mo para posies distantes. Alm disso, o uso de
ligados teria um tratamento diferenciado, pois em Sor seria permitido o descanso do
dedo na corda imediata aps o ligado, algo que em Brouwer no possvel pelo fato de
ter que soar a nota imediata, o que acarretaria num movimento contrrio do ligado,
segundo a autora. No uso de pestanas, Sor as teria utilizado como exerccio de
resistncia, e Brouwer como exerccio de independncia dos outros dedos na meia
pestana.
Finalizando, a autora colocou que o estudo de ambas as abordagens contribuem
para a formao tcnica do violonista, podendo substituir exerccios de tcnica pura que,
ainda segundo a mesma, geralmente so desestimulantes e que pouco acrescentam para
o desenvolvimento da linguagem musical dos estudantes 124.

103- Nome: FREITAS, Thiago Colombo


Ttulo: Ciaccona em R menor BWV 1004 de J.S. Bach: um estudo das articulaes e
uma transcrio para violo.
Ano: 2005
Orientador: Prof. Dr. Daniel Wolff

124

ALVES, Flvia Domingues. Estudos de Sor e Brouwer: Uma Abordagem Comparativa de Demandas
Tcnicas. Dissertao de mestrado. UFRGS, 2005, pg. 86.

125

Este trabalho foi um estudo sobre articulao, utilizando uma conhecida obra de
Johann Sebastian Bach, presente no repertrio violonstico desde o incio do sculo
vinte.
O autor escreveu inicialmente sobre articulao na msica barroca e sobre
retrica e semntica na obra de Bach, seguindo com uma explanao sobre as tradies
de execuo da obra. Em seguida houve uma longa explicao sobre a articulao em si,
por meio do estudo de ligaduras. Finalizando, o autor fez observaes sobre sua
transcrio da Chacona de Bach, especialmente sobre o acrscimo de notas e ligaduras,
alm de inverses e duplicaes de hastes.
Nas concluses, o autor sustentou que por intermdio da anlise comparativa de
gravaes e edies os sinais de articulao incidem sobre a textura, harmonia, ritmo,
melodia e representao dos afetos, conseqentemente definindo o carter musical da
execuo 125.

104- Nome: FUNK, Csar Souza.


Ttulo: O processo de transcrio da Sute 20 de Johann Froberger para violo.
Tipo: Trabalho Conclusivo de Mestrado em Msica
Ano: 2006
Orientador: Prof. Dr. Daniel Wolff

Para este trabalho o autor se baseou em modelos de transcries dos sculos


XVII e XXI, construindo assim um referencial terico para aplicao de sua transcrio.
A metodologia empregada foi a anlise de transcries. O intrprete utilizado para o
exemplo do sculo XVII foi DAnglebert, e para o sculo XXI os msicos Tilman
Hoppstock e Steffano Grondona. Sobre a transcrio em si o autor focou na mudana da
disposio dos acordes, supresso de notas, mudanas de oitavas e deslocamento de
ritmos em stile bris.
Nas concluses, o autor escreveu sobre as diferenas entre as transcries e
sobre suas prprias escolhas, baseadas na bibliografia estudada.

105- Nome: PIRES, Aristteles de Almeida.

125

FREITAS, Thiago Colombo. Ciaccona em R menor BWV 1004 de J.S. Bach: um estudo das
articulaes e uma transcrio para violo. Dissertao de mestrado. UFRGS. 110 pg. 2005, pg. 87.

126

Ttulo: A Sonoridade do Violo na Execuo Musical: um estudo sobre seus aspectos


formadores e a anlise de duas gravaes das Quatro Peas Breves de Frank Martin.
Tipo: Artigo de Mestrado em Msica
Ano: 2006
Orientador: Prof. Dr. Any Raquel Carvalho

Este trabalho baseou-se na anlise da sonoridade do violo na execuo musical


atravs das Quatro Peas Breves de Frank Martin, obra de referncia no repertrio
violonstico mundial.
Para tanto, o autor iniciou escrevendo sobre a ao interpretativa e os elementos
formadores da execuo musical e da sonoridade, os aspectos tcnicos da execuo
violonstica e sua relao com a sonoridade do violo, aspectos textuais e perceptivos,
passando em seguida para a seleo da obra e dos intrpretes analisados, os
procedimentos dessa anlise e os resultados observados. No caso dos intrpretes, o autor
se utilizou do ingls Julian Bream e do norte-americano Eliot Fisk, ambos com
propostas notadamente distintas de interpretao.
Concluindo, o autor escreveu que a sonoridade um fator complexo e
imprescindvel para o violonista. A sua compreenso e o estudo de seus aspectos
formadores no devem estar isolados do contexto musical, nem tampouco da execuo
126

106- Nome: BORGES, Rafael Garcia.


Ttulo: O uso da scordatura para a execuo no violo de obras compostas para o
alade barroco: transcrio e exemplos extrados da obra de Silvius Leopold Weiss.
Ano: 2007
Orientador: Prof. Dr. Daniel Wolff

Este trabalho tratou do estudo de afinaes alternativas natural do violo em


busca de maior comodidade e relao com as obras compostas para o alade barroco.
Neste caso, o autor se valeu da Suite XIII em R Maior de Silvius Leopold
Weiss, compositor tambm bastante conhecido no universo do violo. O autor iniciou

126

PIRES, Aristteles de Almeida. A Sonoridade do Violo na Execuo Musical: um estudo sobre seus
aspectos formadores e a anlise de duas gravaes das Quatro Peas Breves de Frank Martin.
Dissertao de mestrado. UFRGS. 2006, pg. 99.

127

seu trabalho com uma comparao entre o alade barroco e o violo moderno em
notao, nmero de cordas e tessitura e afinao , observando em seguida aspectos
histricos da scordattura, passando ento para a adaptao idiomtica escrita e
resultado sonoro, adaptao dos baixos e ornamentao. Aps apresentar sua
transcrio, o autor concluiu observando que com o uso da scordatura o violo poderia
reproduzir diversas caractersticas pertinentes ao alade barroco e outros instrumentos
de cordas dedilhadas desse perodo, ressaltando, entretanto, que esse mesmo
procedimento no poderia resolver todas as questes relativas a essa transcrio.

107- Nome: WAGNER, Marcos Vctora.


Ttulo: Scherzo da Sonata para Violo, op. 47 de Alberto Ginastera: Trajetria e
Sntese dos scherzi ginasterianos.
Ano: 2007
Orientador: Profa. Dra. Any Raquel Carvalho

A verificao de uma sntese estilstica entre o scherzo dessa obra e outros do


compositor Astor Piazzolla foi realizada por meio da anlise desta composio para
violo com mais cinco obras para piano solo ou msica de cmara.
Foi averiguada a recorrncia de tcnicas e materiais entre essas msicas. Por
motivo de contextualizao, segundo o autor, foi apresentada uma reviso bibliogrfica
e uma anlise do scherzo para violo desta Sonata.

2.4.5 Universidade Federal do Rio Grande do Sul


Programa de Ps-Graduao em Msica
Doutorado em Msica

108- Nome: CONSTANTE, Rogrio Tavares


Ttulo: Aspectos de estruturao temporal no Concerto para Violo e Orquestra.
Ano: 2006

Nesta tese de doutorado o autor props discutir a estruturao temporal em uma


composio prpria, seu Concerto para Violo e Orquestra. O autor justificou o assunto
ao citar que as anlises tericas sobre msica normalmente residem em anlise de
alturas, sendo pouco explorada a anlise temporal.

128

O autor citou a Esttica do Frio de Victor Ramil como um princpio esttico


norteador da anlise, tendo tambm como modelos tericos nomes como Xenakis,
Carter e Epstein. Questes de tempo, ritmo, mtrica e estratificao e fluxos temporais
foram observados pelo autor.
Foram discutidas a instrumentao e os processos de composio do concerto
forma, estruturao, e andamento para em seguida o autor focar na discusso sobre a
temporalidade em sua obra.
O objetivo principal, segundo o autor, foi oferecer uma contribuio para a rea
de conhecimento por meio de tpicos relacionados aos campos terico e tcnicocomposicional. Sua prpria composio, nesse sentido, serviu de mote para essas
discusses.

No prximo captulo iremos fazer uma anlise dessas dissertaes e teses,


mostrando suas aplicaes didticas e demais dados observados neste captulo e no
anterior.

129

Captulo 3 Classificao, estatstica e anlise dos trabalhos de ps-graduao


com temtica violonstica defendidos no Brasil entre 1991 e 2007.

3.1 Sobre a classificao das teses e dissertaes

No captulo anterior realizamos um resumo das teses e dissertaes buscando


sintetizar o que de mais importante foi apresentado pelo autor de cada um desses
trabalhos, com a finalidade de classificarmos os tipos que mais servissem a cada um
desses escritos, segundo os parmetros apresentados no referido captulo.
Neste terceiro captulo fizemos a classificao, as estatsticas e anlises dessas
teses e dissertaes. Um mesmo trabalho pde ser classificado em mais de uma
categoria como, em geral, isso aconteceu pela maneira como o mesmo foi escrito e
desenvolvido. Procuramos observar os objetivos principais de cada autor em seus
escritos e fizemos nossa anlise baseada nessa questo. O intuito, enfim, foi o de
direcionar o leitor para os pontos-chave nos quais o material base foi aplicado.
Quais so os valores, direcionamentos e os objetivos dos trabalhos de psgraduao em violo defendidos no Brasil? H uma linha (ou linhas) especfica(s) de
abordagem por parte dos pesquisadores que unam esses trabalhos? Em termos didticos,
o que eles podem contribuir para a pesquisa e aprimoramento dos docentes, alunos e
interessados em geral?
Em busca de respostas a essas e outras perguntas, classificamos os trabalhos
analisados em trs tipos, os quais obedeceram caracterizao dos tratamentos dos
assuntos desenvolvidos pelos autores.
Esses cruzamentos de dados classificatrios se deveram s especificidades das
linhas de pesquisa das universidades (cf. captulo 2), ao tipo de abordagem de trabalho
dos orientadores das teses e dissertaes (cf. captulo 3) e tambm organizao
particular de cada autor em relao a seus escritos.
Uma observao imediata foi a das vrias possibilidades de relao desses
trabalhos como material de estudo de professores para seus alunos. Estamos de acordo
com Chris PHILPOTT quando disse que necessrio formular objetivos quando no
planejamento das aulas. Esse autor tambm fez uma diferenciao entre estratgias e
atividades:

130
Voc tambm precisa preparar os recursos e materiais para estruturar
o ensinamento atravs de um plano seqencial de atividades.
Igualmente importante, contudo, so as estratgias, abordagens ou
tticas que voc costuma trazer sobre o aprendizado. Estratgias de
ensino e atividades no so a mesma coisa. Atividades so uma
descrio do que o aluno vai fazer. Estratgias so os caminhos nos
quais voc traz sobre ensinamento musical, e esse requer uma rica
descrio de fins e significados. Atividades de ensino so o veculo
para estratgias de ensino127.

Huib SCHIPPERS128 observou trs foras determinantes na cultura da


transmisso entre alunos e professores: o contedo e a forma da msica em si, a
interao entre quem ensina e quem aprende e, por fim, o ambiente de ensino. O autor
colocou que outros autores atribuem um papel central interao (e.g. a relao entre
professor e aluno em um conservatrio) e a forma de transmisso. Segundo o texto,
todas essas maneiras influenciam fortemente em como a transmisso musical toma
lugar, e necessita ser considerada quando moldando, apresentando ou avaliando uma
educao musical.
Utilizamos alguns trabalhos como referncia para esses tipos classificatrios.
Essas teses e dissertaes aqui exemplificadas consistiram somente em exemplos para
nossa classificao e foram independentes de uma valorao ou adjetivao. Ou seja,
no significa que esses trabalhos foram os melhores que ns lemos, eles apenas foram
modelos para a classificao por ns utilizada.

3.1.1 Trabalho Analtico

Esse tipo de trabalho foi um dos mais utilizados pelos autores pesquisados,
especialmente nas regies Sul e Nordeste do Brasil, onde alguns dos principais
orientadores das dissertaes e teses sobre violo possuem formao acadmica baseada
na performance musical.
Considerando informaes relatadas na bibliografia, e sem fazermos mrito a
essas informaes, diversos escritores abordaram o tema. Edward CONE (apud
KERMAN, 1987) exps, por exemplo, que a principal funo da interpretao de uma
msica seria articulando as diversas relaes que a anlise oferece. Uma interpretao

127

PHILPOTT, Chriss. Learning to Teach Music in the Secondary School. Londres e Nova York.
RoutledgeFalmer. 2001, pg. 70.
128
SCHIPPERS, Huib. Facing the Music Shaping Music Education from a Global Perspective. Oxford.
Oxford University Press. 2010, pg. 90.

131

musical nada mais , ento, que os procedimentos dessa estruturao musical. Segundo
o autor, as percepes dos analistas revelariam como uma msica deveria ser ouvida e,
portanto, como ela deveria ser tocada. A anlise direcionaria performance.
A mesma opinio foi observada por Schenker, cuja metodologia analtica no foi
empregada de forma especfica nas anlises dos trabalhos de violo no perodo de nosso
estudo. No que tange performance histrica, Joseph KERMAN, no entanto, foi
bastante crtico com relao aos tericos tonais, os quais, segundo o autor esto quase
totalmente silenciosos acerca do assunto performance musical: no tendo uma teoria
coerente nessa rea, no oferecem um modelo explcito de performance para a msica j
em repertrio129.
Stefan KOSTKA afirmou sobre a anlise musical que

o objetivo do compositor criar uma obra que seja consistente e


estilisticamente unificada dentro de seu auto-definido universo. O
objetivo do estudante tentar entender o que este universo e como
os diferentes aspectos da composio se encaixam nele130.

Dentro das teses e dissertaes por ns pesquisadas, a anlise de obras teve


como foco basicamente ciclos de compositores importantes que ainda no possuam
uma aceitao ampla pelos violonistas como, por exemplo, as 12 Valsas para Violo
de Francisco Mignone, que praticamente quase no so tocadas pelos violonistas ainda
em 2012 alm de obras j consagradas, cuja anlise poderia ajudar na interpretao e
busca de novos parmetros tcnicos como nos 12 Estudos para Violo de VillaLobos.
Alguns trabalhos se focaram em lanar novos parmetros tcnicos para obras j
editadas, de forma a reverem a posio de algumas obras ou ciclos dentro do repertrio
violonstico. A aplicao seria de forma no apenas terica, mas tambm prtica. Como
exemplo podemos citar o trabalho de Flvio APRO , que escreveu sua dissertao a
respeito dos 12 Estudos para Violo de Francisco Mignone, na qual apresentou uma
nova edio das msicas baseadas nos manuscritos originais e em sua abordagem
esttica. Segundo o autor,

Nossa aplicao da unio entre fidelidade e liberdade nos Estudos de


Mignone buscou manter a essncia e a unidade de cada pea, sem o
129

KERMAN, Joseph. Musicologia. So Paulo. Editora Martins Fontes, 1987, pg. 257.
KOSTKA, Stefan. Materials and Techniques of 20th Century Music. University of Texas at Austin.
1990, pg. 91.
130

132
aniquilamento de nossa prpria personalidade. Assim, esse equilbrio
foi atingido na dosagem que fizemos entre Texto e Expresso:
interveno menor sobre o documento do texto, e uma criatividade
maior na expresso da mensagem contida na obra131.

Flvia Domingues ALVES utilizou-se de dois processos de anlise em sua


dissertao de mestrado referente a Estudos de Leo Brouwer e Fernando Sor: anlise de
observao (levantamento das demandas tcnicas formuladas e das solues propostas)
e anlise comparada (comparao dessas demandas tcnicas). Brouwer muitas vezes
indicou a questo tcnica a ser explorada em seus estudos, e isso facilitou a
classificao da autora em relao s demandas tcnico-musicais o que nem sempre
ocorre com a obra de Fernando Sor. Aps a anlise a respeito das abordagens dos
compositores, a autora concluiu que:

O estudo sistemtico dessas duas abordagens didticas contribui,


portanto, favoravelmente para a formao bsica do violonista. Ele
pode substituir, com vantagens, atravs da variedade de aspectos
especficos de demandas tcnicas e dos contedos musicais enfocados,
muitos dos exerccios de puro mecanismo, que geralmente so
desestimulantes e pouco acrescentam para o desenvolvimento da
linguagem musical dos estudantes. Abre-se, assim, um amplo caminho
para conduzir os estudantes ao estudo e prtica da tcnica, de
maneira criativa e desafiadora132.

J Ubirajara ARMADA JUNIOR, em seu trabalho sobre os 10 Estudos para


Violo de Radams Gnattali, observou que:

Apesar de j existirem pesquisas tratando de sua obra para violo,


nenhuma delas havia se debruado detalhadamente sobre os Estudos,
numa anlise dessas estruturas e sonoridades. Quando havia uma
anlise, sempre encontrava uma discrepncia entre aquilo que eu
ouvia como intrprete e aquilo que elas demonstravam. Uma mera
descrio de entidades harmnicas no me parecia suficiente para
responder s perguntas que surgiam da interpretao das peas. Alm
disso, havia uma completa ausncia que (...) desempenham papel
importantssimo na concepo sonora dos estudos 133.

131

APRO, Flvio. Os Fundamentos da Interpretao Musical: aplicabilidade nos 12 estudos para violo
de Francisco Mignone. Dissertao de mestrado em Msica. UNESP, 2004, pg. 113.
132
ALVES, Flvia Domingues. Estudos de Sor e Brouwer: Uma Abordagem Comparativa de Demandas
Tcnicas. Dissertao de mestrado. UFRGS, 2005, pg. 86.
133
ARMADA JUNIOR, Ubirajara Pires. Os 10 Estudos para Violo de Radams Gnattali: Uma anlise.
Dissertao de mestrado. USP. 2006, pg. 7.

133

Entre os trabalhos analticos de violo, no apenas os compositores consagrados


do instrumento foram objetos de estudos. lvaro BARROS, por exemplo, escreveu uma
dissertao de mestrado a respeito da obra de Joo Juvanklin, compositor potiguar, na
qual foi analisado o choro Primas e Bordes, alm de ter a edio comentada de trinta e
uma de suas composies134.
Outra caracterstica nesses trabalhos foi a da anlise musical em obras de autoria
prpria. Rogrio Tavares CONSTANTE escreveu uma tese de doutorado sobre seu
Concerto Para Violo e Orquestra, na qual no apenas descreveu aspectos de
instrumentao e composio, como tambm observou aspectos de esttica e teoria
musical135. O tambm gacho Luciano NAZRIO escreveu um trabalho sobre seu
Concerto-Suite Gacho para Violo e Orquestra em que observou e estudou as
caractersticas da msica do Rio Grande do Sul em relao sua obra musical 136.
Mas alguns autores tambm observaram as limitaes que uma anlise musical
pode ter em relao interpretao. Remo PELLEGRINI, a esse respeito, escreveu:

importante considerar que ao se analisar a partitura da msica,


diversos fatores no esto sendo levados em conta, o que pode
acarretar graves erros de interpretao. A partitura no considera os
diferentes nveis de intensidade de cada linha transcrita ou mesmo a
tcnica e a sonoridade singular ao msico que a executa137.

Um dos autores mais utilizados pelos pesquisadores na vertente Trabalho


Analtico foi o compositor Arnold SCHOENBERG. Em seu livro Fundamentos da
Composio Musical, ele escreveu que os focos principais de sua publicao foram
auxiliar o estudante mdio das universidades que no possui talento especial para a
composio, ampliar o horizonte dos professores e oferecer subsdios tericos ao
msico talentoso que deseje tornar-se um compositor

138

. No livro, dividido em trs

partes - construo de temas, pequenas e grandes formas -, o autor fez uma conceituao
sobre a forma musical e explorou as ferramentas bsicas para a composio de uma
msica.
134

BARROS, lvaro Alberto de Paiva. Trinta e Uma Pea Musicais de Joo Juvanklin: Uma Edio
Comentada. Dissertao de mestrado em msica. UNICAMP/UFRN. 2002, 197 pg.
135
CONSTANTE, Rogrio Tavares. Aspectos de estruturao temporal no Concerto para Violo e
Orquestra. Tese de doutorado em msica. UFRGS. 2006.
136
NAZRIO, Luciano da Costa. Concerto-Suite Gacho para Violo e Orquestra. Dissertao de
mestrado. UFBA. 2007.
137
PELLEGRINI, Remo Tarazona. Anlise dos Acompanhamentos de Dino Sete Cordas em Samba e
Choro. Dissertao de mestrado em msica. UNICAMP. 2005, pg. 60.
138
SCHOENBERG, Arnold. Fundamentos da Composio Musical. So Paulo. EDUSP. 1991, pg. 259.

134

Muitas das anlises desenvolvidas pelos autores estudados serviram de


fundamento para questes bsicas da tcnica violonstica, em especial questes de
digitao e articulao. Da faz-se uma ligao inevitvel com os trabalhos didticos, o
que transpareceu nos resultados das tipificaes observadas para cada uma das teses e
dissertaes. Ian BENT observou que a Anlise pode servir como ferramenta para se
ensinar, entretanto ela pode (...) ensinar o performer, o ouvinte e at mesmo o
compositor. Mas pode ser igualmente uma atividade singular um processo de
descoberta.139

3.1.2 Trabalho Histrico

Esta abordagem foi igualmente uma das mais utilizadas pelos pesquisadores em
seus trabalhos sobre violo, sendo esta uma ferramenta de ajuda principalmente para
fazer uma relao entre as obras dos compositores e a tcnica instrumental utilizada por
violonistas e tericos do violo. Em geral, esse recurso ocupou os captulos iniciais,
como prembulo para o assunto principal desenvolvido nos captulos subseqentes de
seus trabalhos.
Inicialmente, iramos separar esses trabalhos em duas vertentes distintas, uma
para os trabalhos histricos e outra para os trabalhos biogrficos. Mas um paralelo sobre
biografia e histria pode ser identificado nos trabalhos sobre violo analisados, sendo
que uma relao entre um possvel trabalho biogrfico e o que chamamos de
trabalho histrico bastante estreita. Julgamos interessante, ento, em nosso trabalho,
juntar essas duas tipificaes numa s, como Trabalho Histrico, por crermos ser este o
termo mais adequado na juno dos mesmos.
A relao entre msica e histria, presente mesmo como disciplina de graduao
nas universidades, gera debates sobre suas interdependncias. No artigo Msica e
Histria: desafios da prtica interdisciplinar 140, os autores escreveram que no h mais
lugar, no atual momento, determinado pela interao disciplinar, para continuar
vigorando o antigo acordo entre Msica e Histria, o qual era destinado a afirmar e
justificar a autonomia social e esttica da msica. Mas histria e msica partilhariam
139

BENT, Ian; SADIE, Stanley (Ed.). The New Grove Dictionary of Music and Musicians. 2 ed. London:
Macmillan, 2001, vol.1, pg. 526.
140
ASSIS, Ana Cludia de; BARBEITAS, Flvio; LANA, Jonas; CARDOSO FILHO, Marcos Edson.
Msica e Histria: desafios da prtica interdisciplinar. In: Pesquisa em Msica no Brasil: mtodos,
domnios, perspectivas. Volume 1. Rogrio Budasz (organizador). Goinia: ANPPOM, 2009.

135

afinidades, entre elas uma relao essencial com o tempo. A msica teria uma
temporalidade prpria, destacando-se do outro tempo em que est envolvido, o
histrico. Os desafios entre Msica e Histria poderiam ser resumidos em duas
direes: tomar cincia e absorver as mudanas das prticas de pesquisa musicais e
evitar simplesmente amoldar a msica a procedimentos comuns da historiografia, como
se a msica em si no tivesse suas especificidades.
As teses e dissertaes de violo que caracterizamos nessa vertente histricobiogrfica em geral seguiram padres determinados por prticas diferentes, distintas, s
pregadas pelos autores do artigo citado, demonstrando, porm, mtodos utilizados nos
principais livros sobre histria da msica. Duas outras vertentes foram observadas pelos
autores do artigo, sobre os livros de histria da msica no Brasil: a narrativa histrica influenciada pela tradio positivista e iluminista - e outra, contrastante, caracterizada
pela aproximao direta da pesquisa em msica com outros campos do saber, como
cincias exatas, filosofia e histria.
Podemos citar como exemplo de Trabalho Histrico, inicialmente, a
dissertao de mestrado desenvolvida por Maurcio OROSCO 141. Neste trabalho o autor
fez um breve relato histrico sobre o desenvolvimento do violo no Brasil no perodo
anterior ao de seu estudo, trabalhando em seguida na biografia de Isaas Svio, objeto
principal de sua dissertao, para finalmente analisar algumas de suas obras e tirar suas
concluses a respeito do que foi estudado. Outro trabalho que pode ser exemplificado
o de Sandra Mara ALFONSO 142. Esta seguiu basicamente as mesmas caracterizaes
da dissertao de Maurcio OROSCO, com um foco nos aspectos biogrficos de Jodacil
Damaceno. A quantidade de teses e dissertaes desse tipo aparece de forma constante.
Trabalhos especficos sobre os primrdios do violo no Brasil foram raros, por
motivos diversos. Cremos que por uma falta de bibliografia especfica, at o momento,
esse assunto ainda est em desenvolvimento. E h, dentro das pesquisas sobre violo no
perodo colonial, especialmente, dvidas a respeito dos prprios termos sobre a
nomenclatura do instrumento. No j citado artigo Msica e Histria, os autores
escreveram que

141

OROSCO, Maurcio Tadeu dos Santos. O Compositor Isaas Svio e suas obras para violo.
Dissertao de Mestrado. USP. 2001. 273 pg.
142
ALFONSO, Sandra Mara. Jodacil Damasceno uma referncia na trajetria do violo no Brasil.
Dissertao de mestrado. UFU. 2005.

136
Alm dos trabalhos de cunho geral, no panorama da produo
musicolgica brasileira at os anos 1980 h forte presena tambm
dos estudos dedicados ao perodo colonial, agrupados sob o rtulo de
musicologia histrica e de trabalhos com anlises musicais dirigidas
ao repertrio de concerto. Estes ltimos (...) pecam muitas vezes por
operar uma reduo da estrutura musical a tabelas, quadros, dados
quantitativos e estatsticos, deixando a cargo do leitor interpretar ou
mesmo descobrir as motivaes histricas e estticas que
condicionaram o autor e sua obra143.

Apesar de destoar das tendncias mais contemporneas da Musicologia, segundo


os autores esses tipos de abordagem ainda so muito presentes nos cursos de psgraduao brasileiros. Com relao s teses e dissertaes sobre violo escritas no
Brasil entre 1991 e 2007, podemos dizer o mesmo.
Os trabalhos histricos analisados em nossa tese basicamente se valeram de
questes polticas, sociais e estticas para situar a vida e obra de algum compositor
analisado, sendo esta uma ferramenta de ajuda no quesito anlise de obras,
principalmente. O paralelo entre as principais formas composicionais de um perodo
justificaria a incluso ou no de um compositor e suas obras dentro de uma tradio
ento contempornea a ele. Outra vertente foi a anlise do desenvolvimento do violo
em uma localidade especfica, principalmente So Paulo e Rio de Janeiro. Com relao
a isso, observamos ainda a lacuna de estudos para se escrever de forma consistente uma
histria do violo no Brasil, especialmente sobre as regies Norte, Nordeste e CentroOeste. H um pouco mais de estudos sobre a histria do violo na regio Sul do Brasil,
mas sem se igualar quantidade dessa vertente de estudos na regio Sudeste (sobre vida
e obra de compositores e sobre o desenvolvimento do violo nesta regio). A j
observada lacuna relacionada aos primrdios do violo no Brasil tambm dificulta o
estudo histrico do instrumento. Mas, como observaremos adiante, isso tende a mudar
num futuro breve, e pelo menos um livro j foi escrito no Brasil sobre a histria do
violo, com informaes bsicas a respeito do instrumento neste pas.
Ainda entre exemplos de trabalhos que podem ser includos nesse tipo
classificatrio esto, os de Graa ALAN 144 e Jos Paulo BECKER145. No primeiro,
Graa fez um apanhado geral sobre o violo no Rio de Janeiro desde o perodo colonial
at o final do sculo vinte, tratando das principais figuras que ajudaram no
143

ASSIS, Ana Cludia de. et al. Idem.


ALAN, Graa. Violo carioca: nas ruas, nos sales, na universidade. Dissertao de mestrado em
msica. UFRJ, 1995.
145
BECKER, Jos Paulo. O acompanhamento do violo de seis cordas a partir de sua viso no conjunto
poca de Ouro. Dissertao de mestrado. UFRJ. 1996.
144

137

desenvolvimento do instrumento naquela cidade. O de Jos Paulo BECKER teve como


foco o desenvolvimento do violo de seis cordas dentro de um grupo tradicional de
choro, o conjunto poca de Ouro. O autor fez um apanhado da histria do choro e dos
grupos de regionais, analisando em seguida a vida e a poca de Jacob do Bandolim, que
foi o lder do citado conjunto.
Joseph KERMAN146 observou a respeito do estudo da performance histrica da
msica posterior ao sculo dezenove que a tarefa histrica consistiria em rever uma
tradio j existente, e no a de reconstituir uma tradio esquecida. No caso do violo,
em seus aspectos histricos, isso bem mais complicado, pois no h uma tradio de
interpretao direta entre os primeiros violonistas do sculo dezenove como Fernando
Sor, Mauro Giuliani e Ferdinando Carulli (que, alis, iniciaram seus estudos no final do
sculo dezoito) e os violonistas do sculo vinte. As primeiras palavras do violonista
espanhol Dionsio Aguado, em seu Mtodo para Guitarra, so: o violo um
instrumento que ainda no est muito conhecido. Quem diria que de todos que se usam
hoje, talvez o mais a propsito de se criar uma iluso de semelhana com uma
orquestra em miniatura? 147. Foi apenas com Francisco Trrega que se iniciou uma
ligao de interpretao, repertrio e ensino, j que esse violonista chegou at mesmo a
gravar uma de suas msicas em cilindro no final do sculo dezenove alm de que seus
alunos como Emilio Pujol, Miguel Llobet e Josefina Robledo tambm gravaram discos
e ensinaram durante parte do sculo vinte.
O musiclogo uruguaio Alfredo ESCANDE afirmou que

no ltimo tero do sculo vinte assistimos ao desenvolvimento de


novas e avanadas tendncias na teorizao pedaggica e na prtica
violonstica e, por outro lado, a um florescimento de correntes
historiogrficas unidas a um intenso intuito de reedio de antigos
originais em verso fac-similar148.

Sobre isso, encontramos pelo menos uma dissertao que se props a traduzir
um mtodo clssico de violo, no caso o trabalho de Guilherme de CAMARGO sobre o
Mtodo para Violo de Fernando Sor149.
146

KERMAN, Joseph. Op. cit.


AGUADO, Dionisio. Metodo para Guitarra. Paris. 1825. Pg. 1.
148
ESCANDE, Alfredo. Carlevaro: Um Mundo Nuevo em la Guitarra. Montevido. Aguillar, 2005, pg.
5.
149
CAMARGO, Guilherme de. A Guitarra do sculo XIX em seus aspectos tcnicos e estilsticoshistricos a partir da traduo comentada e anlise do Mtodo para Guitarra de Fernando Sor.
Dissertao de mestrado. USP, So Paulo. 2005.
147

138

Outros trabalhos buscaram situar o leitor brasileiro em campos ainda pouco


explorados culturalmente. Foi o caso da dissertao de mestrado de Fabiano ZANIN 150,
sobre a msica flamenca. O autor observou que no apenas foi necessria a anlise de
aspectos musicais desse tipo de msica, mas tambm a contextualizao histrica para
situar seu objeto de pesquisa. Essa monografia constitui tipicamente uma mescla do que
caracterizamos como Trabalho Histrico com Trabalho Analtico.
Trs compositores receberam maior ateno dos pesquisadores brasileiros sobre
o violo, os quais podemos chamar de casos especficos: Heitor Villa-Lobos,
Francisco Mignone e Radams Gnattali. Aspectos histricos e biogrficos, nesses
trabalhos, foram observados tambm em relao a aspectos analticos e estruturais de
suas obras para violo. Os trabalhos sobre esses trs compositores juntos somam mais
de 20 por cento de todas as teses e dissertaes sobre violo analisadas por ns.
A delimitao de perodos analisados historicamente variou conforme o autor.
No caso de nossa prpria dissertao de mestrado, a respeito do incio do
desenvolvimento do violo solo em So Paulo com nfase na obra de Amrico
Jacomino, optamos por estudar as trs primeiras dcadas do sculo vinte, em que havia
a hiptese de ser o perodo-chave do violo nessa localidade com relao ao tema da
dissertao. O violonista Paulo TIN, por sua vez, observou o perodo compreendido
entre o choro e a bossa-nova para situar em seu trabalho as obras de Garoto,
Pixinguinha e Tom Jobim151. Moacyr TEIXEIRA NETO teve como foco obras para
violo compreendidas entre a dcada de 1980 at 1995, valendo-se de Vasco MARIZ152
para a denominao de Geraes Nacionalistas - perodo compreendido aps o
desaparecimento de Heitor Villa-Lobos - ao escrever sua dissertao de mestrado153.
H uma observao especial em relao ao trabalho de Teresinha Prada
SOARES, defendido no Programa de Ps-Graduao em Integrao da Amrica Latina
da Universidade de So Paulo. Em sua dissertao de mestrado, a pesquisadora
desenvolveu no apenas em aspectos tcnico-violonsticos e biogrficos do cubano Leo
Brouwer e de Villa-Lobos, mas tambm atuao poltica dos mesmos em seus pases

150

ZANIN, Fabiano Carlos. Aspectos Gerais da Msica Flamenca. Dissertao de mestrado em artes.
USP. 2005.
151
TIN, Paulo Jos de Siqueira. Trs compositores na msica popular no Brasil: Pixinguinha, Garoto e
Tom Jobim. Uma anlise comparativa que abrange o perodo do choro bossa-nova. Dissertao de
mestrado. USP. 2001.
152
MARIZ, Vasco. Histria da msica no Brasil. Rio de Janeiro. Civilizao Brasileira, 1981.
153
TEIXEIRA NETO, Moacyr Garcia. Msica contempornea brasileira para violo. Dissertao de
mestrado em Msica, UFRJ. 1996.

139

(ambos participaram de projetos artstico-culturais ligados aos governos em questo). A


autora fez questo de frisar tambm que

o desaparecimento de Heitor Villa-Lobos coincide com a ascenso de


Leo Brouwer, o que permitiu uma leitura do panorama histrico em
cerca de nove dcadas de existncia de vida musical na Amrica
Latina dos anos 10 at os 90 do sculo XX154.

Quando do estudo das teses e dissertaes sobre violo escritas no Brasil, foi
possvel organizar essa vertente histrica de diversas maneiras. Graham WADE 155, em
seu livro sobre a histria do violo, observou o desenvolvimento histrico do
instrumento nas seguintes categorias:

-1500-1600: Evoluo da msica impressa; a vihuela na Espanha; o violo de quatro


ordens.
-1600-1750: O violo barroco de cinco ordens na Espanha, Itlia, Frana, etc.
-1750-1850: Desenvolvimentos no violo de seis cordas simples.
-1850-perodo atual: O violo Torres e o seu perodo subseqente de seis cordas.

Com relao aos assuntos do livro, Wade observou:

-A msica existente e as fontes de cada perodo.


-Tipos de violes utilizados
-Compositores e intrpretes
-Pesquisas recentes nos assuntos descritos acima (incluindo gravaes e edies
relevantes).

O autor percebeu, contudo, que a partir do sculo vinte a quantidade de


informaes como nmero de violonistas, construtores, compositores, concursos,
festivais etc. se multiplicou a ponto de saturao.

154

SOARES, Teresinha Rodrigues Prada. A Obra Violonstica de Heitor Villa-Lobos (Brasil) e Leo
Brouwer (Cuba): A Sensibilidade Americana e a Aventura Intelectual, Dissertao de mestrado.
PROLAM, USP. 2001, pg. 6.
155
WADE, Graham. A concise history of the classic guitar. Mel Bay. 2001. 224 pg.

140

Harvey TURNBULL156 relatou que resolveu escrever seu livro sobre a histria
do violo por simples curiosidade e por perceber a falta de ateno dirigida a assuntos
violonsticos em alguns importantes livros sobre histria da msica. Ele exemplificou
essa afirmao com a quinta edio do Bakers Biographical Dictionary of Musicians
(1958), na qual foi citada como data de morte de Mauro Giuliani o dia 08 de maio de
1828, sendo que o mesmo teria visitado Londres em 1833!
O nico livro especfico publicado no Brasil at o momento sobre a histria do
violo foi o do pesquisador Norton DUDEQUE157, no Paran, que afirmou ter escrito o
livro para preencher uma lacuna na bibliografia brasileira sobre o assunto. Cremos,
como j foi dito, que com as teses e dissertaes j escritas no Brasil (e no exterior)
sobre o violo brasileiro, essa lacuna est cada vez menor, sendo que um livro mais
aprofundado sobre a histria do violo no Brasil poder ser apresentado de forma mais
abrangente.

3.1.3 Trabalho Didtico

Para essa classificao, nos valemos de trabalhos que abrangem desde a


elaborao de aulas em grupo at dissertaes sobre a tcnica violonstica e sua maneira
de ensino e estudo.
Os trabalhos didticos demonstraram uma tendncia em desenvolvimento dentro
das pesquisas realizadas nos Programas de Ps-Graduao em Msica referentes ao
violo, e esto mais relacionados a opes de orientadores com tendncia a trabalhos de
cunho educativo. Segundo Maria de Lourdes SEKEFF, a temtica msica e educao
remete tambm a estudos de psiclogos, neurologistas e educadores. Ela escreveu que
privilegia na educao

o sentir e o pensar como premissas do conhecimento, atentando ao


mesmo tempo para o fato de que somos um ser integrado, o que
equivale a dizer que estamos todos imersos em um universo cultural
que compreende mltiplos valores e diferentes vises do ser
humano158.

156

TURNBULL, Harvey. The Guitar from the renaissance to the present day. The Bold Strummer Ltd.
1991, pg. 1
157
DUDEQUE, Norton. Histria do Violo. Curitiba: Editora da UFPR, 1994.
158
SEKEFF, Maria de Lourdes. Da Msica: seus usos e recursos. So Paulo. Editora UNESP. 2002, pg.
18.

141

A autora prosseguiu comentando sobre as pedagogias que se incorporam a


estratgias cognitivas, artsticas e musicais. Para SEKEFF159, o dilogo de disciplinas
algo necessrio, alm da colaborao de educadores musicais. Ela concluiu que
necessrio a msica ser auxiliadora de um processo educacional escolar de forma
ampla, com seus sistemas lingsticos e tcnicos, indo da voz, escuta, livros, vdeos,
computador s relaes emocionais, hierrquicas e sociais.
Pelo estudo das teses e dissertaes violonsticas, observamos que esse trabalho
interdisciplinar foi pontuado por pesquisadores, sendo o violo um alicerce para uma
educao mais ampla, alm do meramente tcnico-interpretativo que visa, basicamente,
uma opo para concertistas e professores de alunos performance instrumental. Como
observa Sekeff,
pontuar msica na educao defender a necessidade de sua prtica
em nossas escolas, auxiliar o educando a concretizar sentimentos em
formas expressivas; auxili-lo a interpretar sua posio no mundo;
possibilitar-lhe a compreenso de suas vivencias, conferir sentido e
significado sua condio de indivduo e cidado160.

Murray SCHAFER161 enfatizou que todo professor deve se permitir ensinar


diferentemente ou ao menos imprimir, no que ensina, sua personalidade. Sobre
educao musical, o autor observou que: Qualquer discusso a respeito de msica e
educao ser uma tentativa de responder a quatro perguntas bsicas: por que ensinar
msica? O que deve ser ensinado? Como deve ser ensinado? Quem deve ensinar? 162.
Como exemplos de trabalhos didticos podemos citar inicialmente os de Ana
Cristina TOURINHO163 e Luis Ricardo QUEIROZ164. O primeiro falou sobre a
influncia que o repertrio de aula possui sobre o desenvolvimento musical dos alunos.
O segundo disse que contribuies de pedagogos de educao musical como Schafer e
Paynter no apenas educam e sensibilizam, mas tambm provocam maior interesse dos
alunos pelos estudos da msica. Partindo do programa estabelecido pela Escola de
Msica da Universidade Federal da Bahia, Ana Cristina Tourinho observou que:
159

Idem, pg. 120.


Idem.
161
SCHAFER, Murray R. O Ouvido Pensante. So Paulo. Editora UNESP. 1991, pg. 284.
162
Idem, pg.293.
163
TOURINHO, Ana Cristina Gama dos Santos. A Motivao e o Desempenho Escolar na Aula de
Violo em Grupo: Influncia do Repertrio de Interesse do Aluno. Dissertao de mestrado. UFBA.
1995.
164
QUEIROZ, Luis Ricardo Silva. O ensino do violo clssico sob uma perspectiva de educao
musical: uma experincia pedaggica no Conservatrio de Msica Lorenzo Fernandez. Dissertao de
mestrado. UFRJ. 2000.
160

142

Na educao musical, principalmente instrumental, o professor tem


sistematicamente evitado tomar o desejo do aluno como algo slido e
srio, como uma motivao consistente para a aprendizagem, haja
visto a anlise de programas e dados de observao da aula de
instrumento165.

A autora tambm foi enftica com a relao professor/aluno na rea didtica:

(...) nem sempre o profissional de educao tem uma formao


satisfatria no campo da psicologia ou mesmo a respeito dos
fundamentos e teorias da educao, assim como tambm no dispe
de tempo para refletir sobre a natureza psicolgica dos processos de
vida ou de educao. Muitas vezes, fortemente envolvido com a
prpria sobrevivncia, o professor de msica est geralmente mais
preocupado com as tcnicas musicais, com seus problemas de
maturao artstica e de sua prpria vida, do que com a reflexo sobre
o despertar da motivao no aluno de msica 166.

QUEIROZ, por sua vez, ressaltou:

Mesmo mantendo presente caractersticas e influncias do passado, o


grande fator responsvel pelo notvel crescimento do violo, cada vez
mais crescente no cenrio musical, foi a explorao e a busca de novas
possibilidades, principalmente na pedagogia do instrumento que vem
sofrendo diversas e rpidas transformaes, responsvel pela evoluo
no nvel dos instrumentistas e estudantes do violo167.

Outra vertente estudada em termos de trabalho didtico foi a focada no


desenvolvimento da tcnica violonstica. H diversos trabalhos que tratam da questo
instrumental geral, independente do instrumento musical utilizado como o livro de
Cludio Richerme sobre tcnica pianstica e nos valemos deles tambm como
trabalhos de referncia para a nossa tese.
Henrique PINTO168 define tcnica como sendo o domnio da preciso e o
controle de todos os fatores sonoros que podem surgir durante a execuo de uma obra.
O autor relacionou o conceito de tcnica com o da inteligncia musical e observou que
um problema no ensino do violo clssico reside na nsia de se formarem virtuoses em
um curto perodo de tempo. Entre a juno de um mtodo escrito e um didata, Henrique
Pinto escreveu que:
165

TOURINHO, 1995, p.11


Idem, pg. 11.
167
QUEIROZ, op. cit., pg. 28.
168
PINTO, Henrique. Violo Um Olhar Pedaggico. So Paulo. Ricordi Brasileira S/A, 2005.
166

143

Um sistema de ensino tem que se fundamentar num mtodo que possa


ter seqncia lgica de tcnica e peas que gradativamente iro
sedimentar uma estrutura para uma ascenso organizada. Coloquei
como centro deste trabalho uma teoria que percebo ser importante
para uma compreenso mais elstica da pedagogia do violo,
Fundamentos de um Mtodo, que possui os princpios objetivos
(mecnicos) para o desenvolvimento de um aluno. Porm, a presena
de um professor e sua maneira particular de administrar o contedo a
ser ensinado e estimular o estudante essencial 169.

O violonista David Russell disse sobre a tcnica geral que: Aprendemos a


superar dificuldades especficas em estudos especficos, e logo no conseguimos os
mesmos resultados em outros contextos

170

. Com isso, Russell sugeriu que se pratique

a tcnica pura, pois ao contrrio pode se formar o que ele chama de uma seqncia de
dificuldades. Isso apareceu em oposio a Henrique Pinto, que por meio de sua
experincia observou que os resultados do estudo da tcnica pura so insignificantes,
e que aps o perodo inicial de estudos (para correo de posturas corporais,
coordenao de dedilhados e movimentos) essa tcnica deve ser praticada juntamente
com as msicas, e no isoladamente171.
Ricardo IZNAOLA

172

escreveu em seu livro de exerccios violonsticos que a

tcnica s atingida quando as capacidades mecnicas so combinadas com uma


inteno expressiva.
Um trabalho sobre a tcnica pianstica, especificamente, pode ser aplicado em
termos musicais gerais, inclusive no estudo do violo: Cludio RICHERME, pianista, se
disse admirado com o fato de que, mesmo com a imensa quantidade de mtodos
piansticos disponveis, os alunos acabem ficando perplexos ante um universo de
opinies divergentes, pela m divulgao ou pelo prprio contedo dos trabalhos
tericos sobre a tcnica do piano. O autor colocou, inicialmente, que a tcnica
instrumental, de modo conciso, seria o domnio dos movimentos requeridos execuo
do instrumento de acordo com a interpretao que o intrprete desejar. Mas adiante
esclareceu de modo mais amplo:

169

Idem, pg. 3-4.


CONTRERAS, Antonio de. La Tcnica de David Russell em 165 Consejos. Sevilla, Cuadernos
Abolays, 1998.
171
PINTO, Henrique. Op. Cit. Pg. 49.
172
IZNAOLA, Ricardo. Kitharologus The path to virtuosity. Mel Bay, 1997.
170

144
conveniente que se delimite o sentido de tcnica pianstica,
definindo-a de acordo com o sentido mais tradicional: 1- O conjunto
de movimentos de um pianista na execuo, e as caractersticas desses
movimentos. 2- O que est em funo desses movimentos. Em
especial, as teorias sobre esses movimentos - tcnica terica 173.

Richerme sabia que o assunto era polmico e controverso e citou Reginald


Gerig, o qual observou duas linhas gerais de pensamento sobre a tcnica pianstica, a
emprica e a analtica:

De modo geral, os empricos no tm uma preocupao especial com


os processos e problemas fisiolgicos e mecnicos da tcnica
pianstica, e pregam que esta deve ser adquirida naturalmente atravs
do desenvolvimento musical e da experincia individual, sem uma
orientao especfica174.

Aos que no possussem essas qualidades instintivas, o ideal seria pensar de


forma analtica esses problemas e procurar resolv-los. A tcnica no haveria de
dispensar os estudos intelectuais, j que tanto a composio quanto a interpretao no
prescindem destes estudos. Por fim, Richerme disse que o melhor considerar o estudo
da tcnica de modo a trazer resultados prticos.
Entre as dissertaes envolvendo uma abordagem tcnica violonstica
diferenciada h os trabalhos de Eugnio Lima SOUZA e Albrgio SOARES, que
propuseram direcionamentos baseados em operadores de execuo, algo pouco
observado em outros tipos de trabalhos analisados. Segundo Soares,

A utilizao de smbolos representando procedimentos da tcnica


instrumental vem colaborar para uma melhor conscincia na execuo
musical. O emprego dos smbolos demanda conhecimento dos
procedimentos que eles representam, e refora a ateno do
instrumentista para as passagens nas quais esto empregados 175.

J Souza, dissertando sobre a tcnica instrumental, escreveu:

Vencer desafios tcnicos que novas obras nos propem, no significa


repetir exerccios encontrados nos mtodos, cada um com suas
finalidades especficas. Isso exige uma busca e pesquisa de novos
173

RICHERME, Cludio. A Tcnica Pianstica Uma Abordagem Cientfica. So Paulo. Air Musical
Editora, 1996, pg. 11.
174
RICHERME, op. cit. pg. 12.
175
SOARES, Albrgio Claudino Diniz. Orientadores Tcnicos nos Estudos IV e VII de Francisco
Mignone. Dissertao de Mestrado. UFBA. 1998.

145
procedimentos de execuo. Assim, algumas obras podero contribuir
para a evoluo da tcnica instrumental (mesmo que no absorvam
todas as dificuldades do instrumento), enquanto outras cumprem
apenas o seu papel artstico176.

Nas anlises das teses e dissertaes sobre violo, o tema da tcnica teve como
base a comparao e diferenciao de escolas especficas, como a de Marcelo Fernandes
PEREIRA177. Neste trabalho Pereira fez uma comparao entre as escolas violonsticas
de Abel Carlevaro e a de Emlio Pujol, esta ltima exemplificando a tcnica de seu
professor Francisco Trrega. Foi a maneira de comparar abordagens modernas, em seus
respectivos tempos, de utilizao do violo no incio do sculo vinte (Pujol) e ltimo
quarto do mesmo sculo (Carlevaro).
Outro aspecto interessante abordado por violonistas-pesquisadores em seus
trabalhos de ps-graduao foi referente relao entre compositores e intrpretes - no
caso, os violonistas. Pelo menos trs trabalhos tiveram como foco este tipo de vertente,
os de Mrcio de SOUZA178, Fbio Adour da CMARA 179 e Mrio ULLOA180. Para
Souza,

A preparao de uma obra musical, quando feita com a participao


ativa do compositor, proporciona contribuies para ambas as partes.
Em inmeras situaes, essa associao tem sido uma oportunidade
para identificar problemas de escrita e propor solues tcnicas
exeqveis181.

Ulloa, por sua vez, escreveu sua tese aps reflexes a respeito da histria do
violo e a constatao de que uma metodologia na qual explicasse os principais
procedimentos violonsticos a compositores no familiarizados com o instrumento
poderia ser til a eles. Segundo o autor,

Constatamos a inexistncia de material bibliogrfico adequado; as


poucas fontes encontradas so inconsistentes. As explicaes
fornecidas induzem o compositor no violonista, de um lado, a pensar
176

SOUZA, Eugnio Lima. Recursos Tcnicos e Processos Intertextuais na Sonatina para Violo de Jos
Alberto Kaplan. Dissertao de mestrado. UFRJ. 1997, pg. 134.
177
PEREIRA, Marcelo Fernandes. A Escola Violonstica de Abel Carlevaro. Dissertao de mestrado.
USP. 2003.
178
SOUZA, Mrcio de. Preparao de Orpheus" de Leonardo Boccia: a relao compositor-intrprete.
Dissertao de mestrado em msica. UFBA. 1997.
179
CMARA, Fbio Adour da. Sobre a Composio para Violo. Dissertao de mestrado. UFRJ. 1999.
180
ULLOA, Mario. Recursos Tcnicos, Sonoridades e Grafias do Violo para Compositores No
Violonistas. Tese de Doutorado. UFBA. 2001.
181
SOUZA, Mrcio de. op. cit. Pg.1.

146
no violo em termos do que ele imagina possvel de ser realizado, de
outro lado, a pensar que se trata de um instrumento complicado.
Acreditamos que essas explicaes, ao invs de abrir o campo de ao
do compositor, limitam e restringem a criatividade dele182.

Fbio Adour da CMARA, finalmente, escreveu uma espcie de mtodo no


qual explicou desde os aspectos bsicos do violo (estrutura fsica, mos, digitao,
harmnicos etc.) at questes texturais e de ressonncia, articulao e timbre.
Finalizaremos essa parte do captulo citando novamente Luis Ricardo
QUEIROZ,

Se constatamos que um dos aspectos mais importantes para a evoluo


do instrumento foi a explorao que se deu em diferentes mbitos,
como na forma de se construir o instrumento, de executar, interpretar
e compor a sua msica, cabe agora discutirmos como a pedagogia do
violo pode ser enriquecida explorando-se as contribuies e
sugestes da pedagogia musical contempornea 183.

A esse respeito, observamos que as teses e dissertaes sobre violo escritas no


Brasil, com organizao especfica, podem e devem ajudar o interessado na questo
didtica, tanto em termos de pedagogia musical quanto em questes de tcnica
instrumental.

3.2 Classificao geral dos trabalhos

Utilizamos a mesma ordem de nomes dos resumos dos trabalhos no captulo 2.


Para a nossa classificao foram usadas as seguintes siglas:

TA: Trabalho Analtico


TD: Trabalho Didtico
TH: Trabalho Histrico

3.2.1 Regio Centro-Oeste

182
183

ULLOA, Mrio. op. cit., Pg.X.


QUEIROZ, Luis Ricardo Silva. op. cit. Pg. 20.

147

1-CORDEIRO, Alessandro Borges. A Obra para Violo Solo de Dilermando Reis:


Transcrio de Peas No Publicadas e Reviso das Publicaes a Partir de Fontes
Primrias: TA e TH
2-OLIVEIRA, Rodrigo Carvalho de. Estudos para Violo de Villa-Lobos, Mignone e
Gnattali: O Idiomatismo Revisitado: TA e TD.
3-PEROTTO, Leonardo Luigi. A Obra para Violo de Pedro Cameron: Caractersticas
Idiomticas e Estilsticas: TA.

3.2.2 Regio Nordeste


4-TOURINHO, Ana Cristina Gama dos Santos. A Motivao e o Desempenho Escolar
na Aula de Violo em Grupo: Influncia do Repertorio de Interesse do Aluno: TD.
5-TOURINHO, Ana Cristina Gama dos Santos. Relaes entre os Critrios de
Avaliao do Professor de Violo e uma Teoria de Desenvolvimento Musical: TD.
6-SOUZA, Mrcio de. Preparao de Orpheus" de Leonardo Boccia: a relao
compositor-intrprete: TD.
7-SOARES, Albrgio Claudino Diniz. Orientadores Tcnicos nos Estudos IV e VII de
Francisco Mignone: TA e TD.
8-MATOS, Robson Barreto. Brasiliana n13 de Radams Gnattali: uma abordagem
tcnica e interpretativa: TA e TH.
9-JALES, Paulo Rogrio de Oliveira. O Violo no Conservatrio de Msica Alberto
Nepomuceno: processo de ensino e aprendizagem: TD.
10-ZORZAL, Ricieri Carlini. Dez Estudos para Violo de Radams Gnattali: estilos
musicais e propostas tcnico-interpretativas: TA e TD.
11-FIREMAN, Milson Casado. O Repertrio na Aula de Violo: TD.

148

12-AVILA, Guilherme Augusto de. O processo motor na Apassionata de Ronaldo


Miranda: TA e TD.
13-NAZRIO, Luciano da Costa. Concerto-Suite Gacho para Violo e Orquestra: TA
e TH.
14-QUADROS JUNIOR, Joo Fortunato Soares. Ensino de Violo: a influncia do
repertrio na aprendizagem - um estudo de caso na Escola Pracatum: TD.
15-QUEIROZ, Fbio Rodrigues de. A Obra para Violo Solo de Bruno Kiefer: Uma
edio crtica direcionada execuo: TA.
16-SILVA, Joo Raone Tavares da. Reminiscncias op. 78 de Marlos Nobre: Um
estudo tcnico e interpretativo: TA.
17-ULLOA, Mario. Recursos Tcnicos, Sonoridades e Grafias do Violo para
Compositores No Violonistas: TA e TD.
18-CABRAL, Giordano Ribeiro Eullio. DAccord Guitar: um sistema para execuo
violonstica: TD.
19-DAHIA, Mrcio Leal de Melo. Gerando Acompanhamento Rtmico Automtico
para Violo: Estudo de Caso do Cyber-Joo: TD.
20-LIMA NETO, Ernesto Trajano de. Descoberta automtica de conhecimento em
interpretaes musicais: o caso do acompanhamento rtmico ao violo: TD.

3.2.3 Regio Sudeste


21-QUEIROZ, Luis Ricardo Silva. O ensino do violo clssico sob uma perspectiva de
educao musical: uma experincia pedaggica no Conservatrio de Msica Lorenzo
Fernandez: TD e TH.
22-PACHECO, Fernando Antonio. Heitor Villa-Lobos: O Processo de Composio dos
5 Preldios: TA, TD e TH.

149

23-MOLINA JUNIOR, Sidney Jos. O Violo na Era do Disco: interpretao e


desleitura na arte de Julian Bream: TD e TH.
24-ESTEPHAN, Srgio. O Violo Instrumental brasileiro: 1884-1924: TH.
25-ESTEPHAN, Srgio. A Obra Violonstica de Amrico Jacomino, o Canhoto (1889
1928), na cidade de So Paulo: TH.
26-VASCONCELOS, Marcus Andr Varela. Recursos Idiomticos em scordatura na
Criao de Repertrio para Violo. TA, TD e TH.
27-BARROS, lvaro Alberto de Paiva. Trinta e Uma Pea Musicais de Joo
Juvanklin: Uma Edio Comentada: TA e TH.
28-LIMA JNIOR, Fanuel Maciel. A Elaborao de arranjos de canes populares
para violo solo: TD.
29-PELLEGRINI, Remo Tarazona. Anlise dos Acompanhamentos de Dino Sete
Cordas em Samba e Choro: TA.
30-MANGUEIRA, Bruno Rosas. Concepes Estilsticas de Hlio Delmiro: Violo e
Guitarra na Msica Instrumental Brasileira: TD e TH.
31-RAYS, Luis Gustavo Carvalho Alonso. A Trajetria Musical do Compositor
Brasileiro Djalma de Andrade Bola Sete: TA e TH.
32-SMARARO, Jlio Cesar Caliman. O Cantador: A msica e o violo de Dori
Caymmi: TA e TH.
33-MAIA, Marcos da Silva. Tcnica Hbrida Aplicada ao Violo: TD.
34-SCARDUELLI, Fbio. A Obra para Violo Solo de Almeida Prado: TA e TH.
35-RIGHINI, Rafael Roso. A Escola Violonstica Prof. M. So Marcos: TD e TH.
36-GLOEDEN, Edelton. O Ressurgimento do Violo no Sculo XX: Miguel Llobet,
Emilio Pujol e Andrs Segovia: TH.

150

37-MEIRINHOS, Eduardo. Fontes Manuscritas e Impressa dos 12 Estudos para Violo


de Heitor Villa-Lobos: TA, TD e TH.
38-OROSCO, Maurcio Tadeu dos Santos. O Compositor Isaas Svio e suas obras
para violo: TA e TH.
39-TIN, Paulo Jos de Siqueira. Trs compositores na msica popular no Brasil:
Pixinguinha, Garoto e Tom Jobim. Uma anlise comparativa que abrange o perodo do
choro bossa-nova: TA.
40-ANTUNES, Gilson Uehara. Amrico Jacomino "CANHOTO" e o desenvolvimento
da arte solstica do violo em So Paulo: TA e TH.
41-CAVALCANTI, Jairo Botelho. Radams Gnattali e o Violo. Dissertao de
Mestrado. USP. 2002: TA.
42-PEREIRA, Marcelo Fernandes. A Escola Violonstica de Abel Carlevaro: TD e TH.
43-CAMARGO, Guilherme de. A Guitarra do sculo XIX em seus aspectos tcnicos e
estilsticos-histricos a partir da traduo comentada e anlise do Mtodo para
Guitarra de Fernando Sor: TD e TH.
44-MARTINS, Eric Aversari. A Viola Caipira, a Modinha e o Lundu: TD e TH.
45-ZANIN, Fabiano Carlos. Aspectos Gerais da Msica Flamenca: TA, TD e TH.
46-ALMEIDA, Renato da Silva. Do Intimismo Grandiloqncia (Trajetria e
Esttica do Concerto para Violo e Orquestra: das razes at a primeira metade do
sculo XX em torno de Segvia e Heitor Villa-Lobos): TA, TD e TH.
47-ARMADA JUNIOR, Ubirajara Pires. Os 10 Estudos para Violo de Radams
Gnattali: Uma anlise: TA.
48-CORRADI JUNIOR, Cludio Jos. Csar Guerra-Peixe: Suas obras para violo:
TA e TH.
49-COSTA, Gustavo Silveira: O Processo de Transcrio para Violo de Tempo di
Ciaccona e Fuga de Bela Bartok: TA.

151

50-MORAIS, Luciano Csar: Srgio Abreu: Herana Histrica, Potica e Contribuio


Musical Atravs de Suas Transcries para Violo: TH.
51-GLOEDEN, Edelton. As 12 Valsas brasileiras em forma de estudos para violo de
Francisco Mignone: um ciclo revisitado: TA, TD e TH.
52-SOARES, Teresinha Rodrigues Prada. A Obra Violonstica de Heitor Villa-Lobos
(Brasil) e Leo Brouwer (Cuba): A Sensibilidade Americana e a Aventura Intelectual:
TA e TH.
53-BARTOLONI, Giacomo. O violo na Cidade de So Paulo: no Perodo de 1900 a
1950: TH.
54-LIMA, Edilson Vicente de. As Modinhas do Brasil da Biblioteca da Ajuda Lisboa:
TA e TH.
55-BARTOLONI, Giacomo. Violo: a imagem que fez escola: TH.
56-GOMES, Rosimari Parra: Cancioneiros Portugueses do Sculo XVI: Discusso e
Metodologia da Transcrio de msica Polifnica vocal para Instrumentos de Cordas
Dedilhadas: TA e TH.
57-APRO, Flvio. Os Fundamentos da Interpretao Musical: aplicabilidade nos 12
estudos para violo de Francisco Mignone: TA.
58-BARTOLONI, Fbio Figueiredo. Guido Santrsola: Uma Introduo obra
violonstica e seu trabalho como professor para o violo brasileiro: TA e TH.
59-BRAZIL, Marcelo Alves. Baden Powell e o Jazz na Msica Brasileira: TA e TH.
60-PICHERZKY, Andra Paula. Armando Neves - Choro no Violo Paulista: TA e TH.
61-CARVALHO, Mrcio Pacheco de. A Escrita Modular no Repertrio do Violo:
Proposta Interpretativa para a Obra Tarantos, de Leo Brouwer: TA.
62-CORREIA, Mrcio Guedes: Concerto Carioca n.1 de Radams Gnattali: A
utilizao da Guitarra Eltrica como Solista: TA e TH.

152

63-LANA, Jonas S. Sob o Selo Nacional, Sobre o Solo Popular: as ressonncias de


uma nao na obra para violo de Heitor Villa-Lobos: TA e TH.
64-NAVEDA, Luis Alberto Bavaresco de. O Timbre e o Volume Sonoro do Violo:
Uma Abordagem Acstica e Psico-Acstica: TD e TH.
65-MELO, Raissa Anastsia de Souza. A Sonatina para Flauta e Violo de Radams
Gnattali: Estudo de Aspectos estruturais e interpretativos do primeiro movimento: TA e
TH.
66-NUNES, Alvimar Liberato. Raphael Rabello e Odeon de Ernesto Nazareth:
Interpretao, arranjo e improvisao: TD e TH.
67-RODRIGUES, Fernando Macedo. Tocar Violo: um estudo qualitativo sobre os
processos de aprendizagem dos participantes do projeto Arena da Cultura: TD.
68-MENEZES JNIOR, Carlos Roberto Ferreira de. Editor Midi para Violo com
articulao humanizada nota a nota e qualidade acstica em linguagem funcional pura:
TD.
69-ALFONSO, Sandra Mara. Jodacil Damaceno uma referncia na trajetria do violo
no Brasil: TH.
70-CARNEIRO, Josimar M Gomes. Baixaria: anlise de um elemento caracterstico do
choro, observado na performance do violo de sete cordas: TA.
71-CHAVES, Carlos Antonio Gomes da Rocha. Anlise dos Processos de EnsinoAprendizagem do Acompanhamento do Choro no Violo de Seis Cordas: TD e TH.
72-SILVA JUNIOR, Mario da. O Violo no Paran Uma anlise histrico-estilstica:
TH.
73-CARDOSO, Thomas Fontes Saboga. Um violonista-compositor brasileiro: Guinga.
A presena do idiomatismo em sua msica: TA e TH.
74-MENDONA, Gustavo da Silva Furtado de. A Guitarra Eltrica e o Violo: O
idiomatismo na msica de concerto de Radams Gnattali: TA e TH.

153

75-TABORDA, Marcia Ermelindo. Dino sete cordas e o acompanhamento de violo na


M.P.B.: TA e TH.
76-BARROS, Ncolas Lehrer de Souza. A Adaptao da obra alaudstica de Johann
Sebastian Bach para Alt-Guitar: um modelo hbrido: TA e TH.
77-HARO, Maria. Nicanor Teixeira: A msica de um violonista compositor brasileiro:
TA e TH.
78-PAZ, Krishna Salinas. Os 12 Estudos para Violo de Villa-Lobos Reviso dos
Manuscritos Autgrafos e Anlise Interpretativa de 3 Interpretaes Integrais: TA, TD
e TH.
79-ALAN, Graa. Violo carioca: nas ruas, nos sales, na universidade: TH.
80-PIRES, Luciano Linhares. Dilermando Reis, o violonista brasileiro e suas
composies: TA e TH.
81-TABORDA, Marcia Ermelindo. Violo e Identidade Nacional: Rio de Janeiro 18301930: TH.
82-VIANNA, Paulo Rogrio de Faria. Contribuies do rasgueado segundo a forma
flamenca, escola moderna do violo: TD e TH.
83-WIESE, Bartolomeu. Radams Gnattali e sua Obra para Violo. Dissertao de
Mestrado em msica: TA e TH.
84-MERHY, Silvio Augusto. Oscilaes do Centro Tonal nos Choros de Garoto: TA.
85-BARBEITAS, Flvio Terrigno. Circularidade Cultural e Nacionalismo nas Doze
Valsas para Violo de Francisco Mignone: TA e TH.
86-BECKER, Jos Paulo. O acompanhamento do violo de seis cordas a partir de sua
viso no conjunto poca de Ouro: TA e TH.
87-GARCIA NETO, Moacyr Teixeira. Msica contempornea brasileira para violo:
TA e TH.

154

88-SOUZA, Eugnio Lima. Recursos Tcnicos e Processos Intertextuais na Sonatina


para Violo de Jos Alberto Kaplan: TA e TD.
89-CMARA, Fbio Adour da. Sobre a Composio para Violo: TA e TD.
90-OLIVEIRA, Ledice F. de. Radams Gnattali e o Violo: Relao entre os campos
de produo na msica brasileira: TA e TH.
91-CAIADO, Nelson Fernando. Samba, Msica Instrumental e o Violo de Baden
Powell: TH.
92-VETROMILLA, Clayton Daunis. Introduo obra para violo solo de GuerraPeixe: TA, TD e TH.
93-CURY, Fernando Svio da Conceio. Percussion Study I, de Arthur Kampela: um
guia para intrpretes: TA.
94-AMORIM, Humberto. Heitor Villa-Lobos: Uma Reviso Bibliogrfica e
Consideraes sobre a Produo Violonstica: TA e TH.
95-PEDRASSOLI JUNIOR, Paulo. Jos Vieira Brando e o Violo: TA, TD e TH.
96-PEREIRA, Fernanda Maria Cerqueira. O Violo na sociedade carioca (1900
1930): Tcnicas, Estticas e Ideologias: TH.

3.2.4 Regio Sul


97-HAINZENREDER, Afrnio Krs Borges. Subsdios para a Sistematizao de um
mtodo de ensino em msica objetivando a otimizao da aprendizagem instrumental:
TA e TD.
98-COSTALONGA, Leandro Lesqueves. Polvo Violonista: Sistema multiagente para
simulao de performances em violo: TD.
99-PIRES JUNIOR, Jos Homero. Construo e Funo de Exerccios Integrados na
Execuo Violonstica: TA e TD.

155

100-CORRA, Marcos Krning. Violo sem Professor: um estudo sobre processos de


auto-aprendizagem com adolescentes: TA e TD.
101-SILVEIRA FILHO, Fernando Gonalves Dutra da. Uma Anlise da Digitao
Grafada nas Five Bagatteles de William Walton: TA e TD.
102-ALVES, Flvia Domingues. Estudos de Sor e Brouwer: Uma Abordagem
Comparativa de Demandas Tcnicas: TA e TD.
103-FREITAS, Thiago Colombo. Ciaccona em R menor BWV 1004 de J.S. Bach: um
estudo das articulaes e uma transcrio para violo: TA, TD e TH.
104-FUNK, Csar Souza. O processo de transcrio da Sute 20 de Johann Froberger
para violo: TA e TD.
105-PIRES, Aristteles de Almeida. A Sonoridade do Violo na Execuo Musical: um
estudo sobre seus aspectos formadores e a anlise de duas gravaes das Quatro Peas
Breves de Frank Martin: TA.
106-BORGES, Rafael Garcia. O uso da scordatura para a execuo no violo de obras
compostas para o alade barroco: transcrio e exemplos extrados da obra de Silvius
Leopold Weiss: TA, TD e TH.
107-WAGNER, Marcos Vctora. Scherzo da Sonata para Violo, op. 47 de Alberto
Ginastera: Trajetria e Sntese dos scherzi ginasterianos: TA.
108-CONSTANTE, Rogrio Tavares. Aspectos de estruturao temporal no Concerto
para Violo e Orquestra: TA.
Aps a anlise dos textos, chegamos ao seguinte resultado:
1- Ao todo receberam classificao como Trabalhos Analticos (TA) 71 trabalhos,
juntando as teses de doutorado e as dissertaes de mestrado.
2- As teses e dissertaes que receberam a classificao como Trabalhos Didticos
(TD) foram 49.
3- Por fim, 65 foi o nmero de textos que receberam a classificao de Trabalhos
Histricos (TH).

156

Mostraremos, a seguir, as estatsticas dos trabalhos de ps-graduao com


temtica violonstica defendidos no Brasil entre 1991 e 2007. Essas procuram
demonstrar de forma visual o desenvolvimento dos trabalhos de mestrado e doutorado
defendidos no Brasil na poca estipulada para o nosso trabalho.
Para a anlise dos resultados, nos valemos principalmente do histrico do
orientador do trabalho defendido, do programa de ps-graduao da universidade em
que esses trabalhos foram desenvolvidos e, principalmente, dos assuntos abordados
pelos pesquisadores.

3.3 Trabalhos acadmicos ao longo do tempo

3.3.1 Mestrado

1-1991: 1 (mestrado) = 1%
2-1993: 3 (mestrado) = 3%
3-1995: 8 (mestrado) = 8%
4-1996: 4 (mestrado) = 4%
5-1997: 3 (mestrado) = 3%
6-1998: 3 (mestrado) = 3%
7-1999: 4 (mestrado) = 4%
8-2000: 2 (mestrado) = 2%
9-2001: 7 (mestrado) = 7%
10-2002: 9 (mestrado) = 9%
11-2003: 3 (mestrado) = 3%
12-2004: 7 (mestrado) = 7%
13-2005: 12 (mestrado) = 12%
14-2006: 14 (mestrado) = 14%
15-2007: 19 (mestrado) = 20%

TOTAL: 99 dissertaes de mestrado em 15 anos no consecutivos

Tabela 1: Trabalhos acadmicos relacionados ao violo e defendidos no Brasil:


mestrado.

157

1=1991; 2=1993; 3=1995; 4=1996; 5=1997; 6=1998; 7=1999; 8=2000; 9=2001; 10=2002; 11=2003;
12=2004; 13=2005; 14=2006; 15=2007

Tabela 2: Trabalhos acadmicos relacionados ao violo e defendidos no Brasil:


mestrado

1=1991; 2=1993; 3=1995; 4=1996; 5=1997; 6=1998; 7=1999; 8=2000; 9=2001; 10=2002; 11=2003;
12=2004; 13=2005; 14=2006; 15=2007

158

A anlise desses dados pode ser entendida da seguinte maneira:

1- A data de incio da abertura do curso de ps-graduao em determinada


universidade.
2- A quantidade de vagas abertas durante cada ano.
3- A divulgao gradual desses cursos, principalmente no incio de suas aberturas
aos pesquisadores.
4- O nmero crescente de universidades com ps-graduao a cada ano.
Sobre a data de abertura, observamos que a primeira dissertao de mestrado no
foi realizada numa escola de msica, mas sim num departamento de artes (o trabalho de
1991). O ano de 1993 mostra a defesa de trabalhos j desenvolvidos num departamento
de msica, o que justificaria o nmero trs vezes maior de defesas de trabalhos em
1995. Entre 1996 e 2000 h uma mdia entre o nmero de trabalhos desenvolvidos,
sendo que entre 2001 e 2004 h uma oscilao entre esse nmero, para finalmente haver
um claro aumento de trabalhos a partir de 2005. Isso se deveu, a nosso ver, pelo maior
nmero de opes espalhadas por quatro das cinco regies brasileiras e pela ampla
divulgao desses cursos, sendo a ps-graduao um requisito necessrio para os
pesquisadores e msicos que queiram adentrar em uma carreira acadmica. A falta de
um diploma de mestrado ou doutorado inviabilizaria o candidato a prestar o concurso
para professor em uma universidade brasileira, ento essa opo tambm seria um dado
importante para o crescente nmero de trabalhos defendidos em nosso pas.

3.3.2 Doutorado

1-2000: 1 (doutorado) = 11%


2-2001: 2 (doutorado) = 23%
3-2002: 1 (doutorado) = 11%
4-2004: 1 (doutorado) = 11%
5-2006: 2 (doutorado) = 22%
6-2007: 2 (doutorado) = 22%

159

TOTAL: 9 teses de doutorado em 7 anos no consecutivos

Tabela 3: Trabalhos acadmicos relacionados ao violo e defendidos no Brasil:


doutorado

1=2000; 2=2001; 3=2002; 4=2004; 5=2006 e 6=2007

Tabela 4: Trabalhos acadmicos relacionados ao violo e defendidos no Brasil:


doutorado

1=2000; 2=2001; 3=2002; 4=2001; 5=2006 e 6=2007

160

Com relao aos trabalhos de doutorado, no conseguimos detectar um aumento


significativo de defesas de teses, como observamos nas dissertaes de mestrado.

3.4 Estados onde os trabalhos foram realizados (listagem por ordem alfabtica)

1-Bahia: 14 = 13%
2-Gois: 3 = 3%
3-Minas Gerais: 7 = 6%
4-Pernambuco: 3 = 3%
5-Rio de Janeiro: 28 = 26%
6-Rio Grande do Sul: 11 = 10%
7-Santa Catarina: 1 = 1%
8-So Paulo: 41 = 38%

Tabela 5: Estados onde se realizaram os trabalhos de mestrado e doutorado

Tabela 6: Estados onde se realizaram os trabalhos de mestrado e doutorado

161

Podemos analisar esse quesito de maneira puramente quantitativa. So Paulo,


por ser um estado onde h quatro importantes universidades com ps-graduao em
msica, abrigou o maior nmero de defesas de teses e dissertaes, secundado pelo Rio
de Janeiro. A Bahia ocupou a terceira colocao seguida pelo Rio Grande do Sul. Gois
possui apenas trs defesas de mestrado pelo fato de seu curso ter sido aberto h menos
tempo que as demais universidades que ocupam posies mais favorecidas no grfico.

3.5 Universidades onde foram realizados os trabalhos de mestrado e doutorado


(listada por ordem alfabtica de Regio e Estado)

1-Universidade Federal de Gois: 3 = 3%


2-Universidade Federal da Bahia: 14 = 13%
3-Universidade Federal de Pernambuco: 3 = 3%
4-Universidade Federal de Minas Gerais: 5 = 5%
5-Universidade Federal de Uberlndia: 2 = 2%
6-Conservatrio Brasileiro de Msica: 1 = 1%
7-Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro: 5 = 5%
8-Universidade Federal do Rio de Janeiro: 23 = 21%
9-Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo: 4 = 4%
10-Universidade de So Paulo: 18= 17%
11-Universidade Estadual de Campinas: 8 = 7%
12-Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho: 10 = 9%
13-Universidade Federal do Rio Grande do Sul: 11 = 10%

162

14-Universidade Federal de Santa Catarina: 1 = 1%

Tabela 7: Universidades onde foram realizados os trabalhos de ps-graduao

Tabela 8: Universidades onde foram realizados os trabalhos de ps-graduao

163

Apesar de o nmero de trabalhos defendidos ser maior em So Paulo, a


universidade que possuiu o maior nmero de defesas est localizada no Rio de Janeiro
(Universidade Federal do Rio de Janeiro), talvez por ser a mais antiga a oferecer cursos
de mestrado em msica no Brasil. Em segundo lugar ficou a USP. A Bahia
(Universidade Federal da Bahia) ficou em terceiro lugar, talvez por ser a nica do
nordeste a oferecer esta opo (at 2007) e pelas boas notas recebidas pela Coordenao
de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior, a CAPES. A mesma anlise pode ser
observada com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul em relao regio sul do
Brasil.

3.6 Anlise dos Resultados

3.6.1 Regio Centro Oeste:

O professor de violo da Universidade Federal de Gois, Eduardo Meirinhos,


comeou a orientar no curso de ps-graduao apenas em 2005, o que explica o nmero
no muito expressivo de dissertaes sobre violo defendidas nessa universidade at o
perodo de delimitao do nosso trabalho apenas trs.
Dentre os trabalhos de mestrado defendidos nessa regio classificamos um deles
como Trabalho Histrico, trs como Trabalhos Analticos e um como Trabalho
Didtico. Isso significa que todas as trs vertentes observadas em nossa classificao
foram notadas nesses trabalhos. Isso tambm vem ao encontro da prpria dissertao de
mestrado do orientador Eduardo Meirinhos, que foi classificada em nossa tese como
Trabalho Histrico, Trabalho Analtico e Trabalho Didtico.
Partindo dos princpios norteadores da Coordenao de Aperfeioamento de
Pessoal de Nvel Superior quanto orientao e realizao dos trabalhos de psgraduao, em que esperada uma boa articulao entre linhas e produtos de pesquisa e
orientao, observamos que a Regio Centro-Oeste - representada, aqui, apenas pela
Universidade Federal de Gois -, seguiu os padres de forma coerente, tanto em termos
de orientador quanto de temas desenvolvidos.
Algo mais a se ressaltar que as trs dissertaes de mestrado defendidas na
regio Centro-Oeste dizem respeito a temas do violo brasileiro, da mesma forma que a
dissertao de mestrado do orientador desses trabalhos - que foi defendida na
Universidade de So Paulo - o que demonstrou tambm uma coerncia e continuidade

164

de articulao nesse sentido: tanto orientador quanto orientandos trabalharam na mesma


linha de pesquisa na defesa de seus temas de ps-graduao. No caso de Dilermando
Reis, este foi um compositor que teve sua obra analisada at mesmo em trabalhos
acadmicos no exterior184, mas a dissertao de Alessandro Borges CORDEIRO185 foi
importante principalmente pela anlise de obras no publicadas e pela mostra de outra
vertente de concepo a obras j editadas. Com relao ao trabalho de Rodrigo Carvalho
de OLIVEIRA186, ele se focou nos estudos de trs grandes compositores j amplamente
discutidos, como Heitor Villa-Lobos, Francisco Mignone e Radams Gnattali, mas pela
primeira vez seria realizado um trabalho acadmico no Brasil em que os trs so
justapostos e comparados por meio de seus Estudos para violo. Leonardo Luigi
PEROTTO187, por sua vez, realizou um trabalho acadmico totalmente indito,
versando sobre a obra de um importante violonista e compositor com obra premiada no
Brasil e exterior, mas ainda pouco reconhecido mesmo entre os violonistas brasileiros.
Em termos didticos, esses trabalhos realizados na regio Centro-Oeste do Brasil
oferecem um material que pode ser utilizado por professores, alunos e diletantes do
violo.

3.6.2 Regio Nordeste

Dois focos principais de estudo dos violonistas foram observados em nosso


trabalho: a pesquisa em educao musical relacionada ao instrumento - por intermdio
da professora doutora Ana Cristina Tourinho - e o estudo da performance no violo por meio do professor doutor Mario Ulloa. Como este ltimo iniciou suas orientaes
de mestrado h menos tempo, muitas das dissertaes foram voltadas primeira
caracterstica ou foram escritas com orientao de outro professor voltado
performance, mas no especificamente um professor de violo.

184

JEROME, David. Dilermando Reis and the Valorization of the Brazilian Guitar. Hayward.
Dissertao de mestrado. California State University. 2002.
185
CORDEIRO, Alessandro Borges. A Obra para Violo Solo de Dilermando reis: Transcrio de Peas
No Publicadas e reviso das Publicaes a Partir de Fontes Primrias. Dissertao de mestrado em
msica. UFG. 2005.
186
OLIVEIRA, Rodrigo Carvalho de. Estudos para Violo de Villa-Lobos, Mignone e Gnattali: O
Idiomatismo Revisitado. Dissertao de mestrado em msica. UFG. 2006.
187
PEROTTO, Leonardo Luigi. A Obra para Violo de Pedro Cameron: Caractersticas Idiomticas e
Estilsticas. Dissertao de mestrado em msica. UFG. 2007.

165

Dentre os trabalhos defendidos na Universidade Federal da Bahia, classificamos


oito deles como Trabalhos Didticos, oito como Trabalhos Analticos e apenas dois
como Trabalhos Histricos.
A professora de violo e orientadora Ana Cristina Tourinho realizou tanto seu
trabalho de mestrado quanto o de doutorado na mesma instituio, sendo ambos
classificados como Trabalhos Didticos. O professor de violo e orientador Mario Ulloa
tambm realizou sua tese de doutorado na Universidade Federal da Bahia, sendo esta
classificada como Trabalho Didtico e Analtico. Isso vem ao encontro, assim como na
anlise dos trabalhos da Regio Centro-Oeste, dos pressupostos da Coordenao de
Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior quanto aos trabalhos de ps-graduao
no Brasil - em geral, quando fala sobre a articulao entre as partes -, e explica a
menor quantidade de dissertaes de mestrado com a classificao de Trabalho
Histrico - assim como a maior classificao como Trabalho Didtico e Analtico. Da
mesma forma, os trabalhos defendidos se conformam aos objetivos estabelecidos pela
prpria Universidade Federal da Bahia.
Outro ponto a se observar, por fim, que a quase totalidade desses trabalhos de
ps-graduao defendidos na Universidade Federal da Bahia diz respeito msica
brasileira. Esse ponto talvez tenha sido o mais enfatizado quando consultamos o
objetivo principal estabelecido nas normas da ps-graduao dessa universidade, e os
trabalhos de violo seguiram rigorosamente este princpio dentro dos limites
estabelecidos em nossa tese.
Sobre a Universidade Federal de Pernambuco, como observaremos tambm na
Universidade Federal de Santa Catarina e na Universidade Federal de Uberlndia, as
trs dissertaes encontradas so excees entre os trabalhos de ps-graduao em
violo, pela especificidade do tema e por esta universidade no abrigar cursos de
mestrado ou doutorado em msica pelo menos at 2007.
Mas destacamos, de antemo, que essa tendncia mostra o carter
interdisciplinar do violo, o qual pode se inserir em qualquer universidade. Essas trs
dissertaes so diferenciadas tambm pelo fato de relacionarem o violo didtica em
termos de msica e informtica.
Os trs trabalhos sobre violo defendidos na Universidade Federal de
Pernambuco foram inseridos em nossa classificao como Trabalhos Didticos,
especificamente pelo uso que os mesmos podem ter por meio de alunos e professores
em suas aulas e aprendizados. Isso novamente vem ao encontro dos requisitos

166

observados por Cludia SISTE188 sobre o alinhamento do pensamento geral da


universidade e das reas de interesse, capacidade e competncia dos docentes.
Numa anlise desses trabalhos, percebemos que o foco principal de atuao de
alguns orientadores acabou por influir, direta ou indiretamente, no direcionamento de
algumas dissertaes. Ana Cristina Tourinho conhecida pela questo do ensino em
grupo nas aulas de violo, focando no repertrio. Os trabalhos por ela orientados
seguiram tambm esse enfoque como os de Milson Casado FIREMAN 189 e Joo
Fortunato Soares QUADROS JUNIOR190. Mario Ulloa conhecido principalmente por
seu papel como concertista, j tendo gravado diversos CDs com repertrio variado. Da
mesma maneira, as dissertaes orientadas por ele tambm seguiram um enfoque de
tcnica e interpretao de repertrio violonstico vide trabalhos de Joo Raone
SILVA191, Fbio Rodrigues de QUEIROZ192 e Ricieri Carlini ZORZAL193. Pela
preferncia de autores nacionais na escolha dos trabalhos de anlise, ou em escolas
regionais da Bahia para observao em termos de repertrio de aulas, cremos que a
Universidade Federal da Bahia se foca principalmente no trabalho de assuntos
brasileiros, refletindo essa preferncia para esses trabalhos acadmicos de violo.
Alguns dos autores focados nos trabalhos apareceram pela primeira vez como
personagens principais, como os compositores Bruno Kiefer e Marlos Nobre. Dois
trabalhos tambm mereceram destaque pela relao compositor-intrprete, sendo eles os
de Mrcio de SOUZA194 e Mario ULLOA195.
Em termos didticos, esses trabalhos realizados na regio nordeste do Brasil
oferecem um material de referncia que tambm pode ser utilizado por professores,
alunos e diletantes do violo. Com relao s dissertaes de Ernesto Trajano de Lima

188

SISTE, Cludia Helena. Op. cit., pg. 8.


FIREMAN, Milson Casado. O Repertrio na Aula de Violo. Dissertao de mestrado em msica.
UFBA. 2006.
190
QUADROS JUNIOR, Joo Fortunato Soares. Ensino de Violo: a influncia do repertrio na
aprendizagem - um estudo de caso na Escola Pracatum. Dissertao de mestrado em msica. UFBA.
2007.
191
SILVA, Joo Raone Tavares da. Reminiscncias op. 78 de Marlos Nobre: Um estudo tcnico e
interpretativo. Dissertao de Mestrado. UFBA. 2007. 176 pg.
192
QUEIROZ, Fbio Rodrigues de. A Obra para Violo Solo de Bruno Kiefer: Uma edio crtica
direcionada execuo. Dissertao de mestrado em Msica. UFBA. 2007.
193
ZORZAL, Ricieri Carlini. Dez Estudos para Violo de Radams Gnattali: estilos musicais e propostas
tcnico-interpretativas. Dissertao de mestrado em msica. UFBA. 2006.
194
SOUZA, Mrcio de. Op. cit.
195
ULLOS, Mrio. Op. cit.
189

167

Neto196, Giordano Ribeiro Eullio CABRAL 197 e de Mrcio Leal de Melo DAHIA198,
desenvolvidas na Universidade Federal de Pernambuco e com temticas semelhantes,
trata-se de algo nico at o momento, e que pode servir como parte integrante de um
trabalho didtico com uso da informtica.

3.6.3 Regio Sudeste

Foram encontrados cinco trabalhos de mestrado defendidos na Universidade


Federal de Minas Gerais durante o perodo de delimitao da nossa tese. Classificamos
quatro deles como Trabalhos Histricos, trs como Trabalhos Didticos e dois como
Trabalhos Analticos (lembrando mais uma vez que uma dissertao pode se encaixar
em mais de uma linha classificatria).
A dissertao de mestrado em questo versou sobre a relao de Villa-Lobos
com a ressonncia do povo brasileiro, encaixando-se no perfil requerido por esse
Departamento, demonstrando novamente a juno interdisciplinar do violo.
Seguindo tambm a linha proposta por universidades como Universidade
Federal da Bahia e Universidade de So Paulo, os trabalhos sobre violo defendidos na
Universidade Federal de Minas Gerais versaram sobre temas brasileiros, com exceo
da primeira dissertao de mestrado defendida, que possui tema genrico.
A dissertao de mestrado defendida no Departamento de Cincia da
Computao da Universidade Federal de Uberlndia se trata de algo raro entre os
trabalhos de ps-graduao sobre violo no Brasil, e se liga a outros de Pernambuco e
Santa Catarina como pontos de exceo nas dissertaes sobre violo. Isso se deve
talvez a ausncia dos cursos de ps-graduao em msica nessas localidades at o
perodo por ns estudado, o que enfatizou o tratamento do instrumento em aspectos
diferenciados de direcionamento.
Outra exceo nessa universidade foi um trabalho escrito sobre o violonista
Jodacil Damaceno, um ex-professor do prprio departamento de msica desta
universidade, sendo um dos poucos casos em que isso aconteceu, em se tratando de uma
196 LIMA NETO, Ernesto Trajano de. Descoberta automtica de conhecimento em interpretaes
musicais: o caso do acompanhamento rtmico ao violo. Doutorado em Cincia da Computao. UFPE.
2007.
197
CABRAL, Giordano Ribeiro Eullio.DAccord Guitar: um sistema para execuo violonstica.
Dissertao de mestrado em Ciencias da Computao. UFPE. 2002. 156 pg.
198
DAHIA, Mrcio Leal de Melo. Gerando Acompanhamento Rtmico Automtico para Violo: Estudo
de Caso do Cyber-Joo. Dissertao de mestrado em cincia da computao. UFPE. 2004. 109 pg.

168

dissertao de mestrado com assunto violonstico - o mesmo ocorreu na Universidade


Estadual de Campinas, com um trabalho sobre o compositor Almeida Prado, que
tambm foi professor daquela instituio.
As caractersticas principais encontradas nos trabalhos de ps-graduao
defendidos na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro foram o foco na
msica brasileira - como versa o programa oficial - e em assuntos pertinentes
principalmente ao prprio Rio de Janeiro. Tanto a histria do violo na cidade quanto os
personagens principais de composio e interpretao receberam ateno dos
pesquisadores em seus trabalhos.
Quatro dos trabalhos foram classificadas como Trabalhos Histricos, trs como
Trabalhos Analticos e um como Trabalho Didtico.
O mesmo foco observado na Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
pode ser colocado na Universidade Federal do Rio de Janeiro, que tambm privilegiou o
violo brasileiro e assuntos relacionados ao Rio de Janeiro em especial.
Das mais de vinte teses e dissertaes analisadas, dezenove foram classificadas
como Trabalhos Histricos, dezessete foram classificadas como Trabalhos Analticos e
sete como Trabalhos Didticos.
Os quatro trabalhos defendidos na Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo
se enquadram na classificao de Trabalhos Histricos, sendo que duas delas tambm
foram classificadas como Trabalhos Didticos e uma como Trabalho Analtico. Isso est
de acordo com os objetivos propostos pelo Programa de Ps-Graduao da instituio.
O professor de violo da Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita
Filho Giacomo Bartoloni199 foi a pessoa que mais orientou trabalhos de violo nesta
universidade, porm outros orientadores focados em msica brasileira, como Alberto
Ikeda, tambm ajudaram na confeco de trabalhos importantes sobre o violo paulista
- como em um trabalho sobre o violonista e compositor Armando Neves.
Os trabalhos de ps-graduao - mestrado e doutorado - com assuntos
violonsticos defendidos na Universidade Estadual Paulista somam dez durante o
perodo de delimitao da nossa tese. O dado curioso que nenhum desses trabalhos foi
classificado como Trabalho Didtico. Oito foram classificados como Trabalho Histrico
e oito como Trabalho Analtico. Isso apresenta um contraponto interessante com a

199

Gisela Nogueira, a outra professora de violo da UNESP, obteve seu doutoramento em 2008, por isso
no se encontrava credenciada para orientar trabalhos de ps-graduao no perodo delimitado em nossa
pesquisa (1991-2007).

169

Universidade Federal da Bahia, por exemplo, onde a quantidade de trabalhos didticos


foi bem mais abrangente. Isso se explica, talvez, justamente pela qualificao
diferenciada dos corpos docentes de ambas as universidades, o que vem em
conformidade, tambm, com os objetivos da Coordenao de Aperfeioamento de
Pessoal de Nvel Superior.
A Universidade Estadual de Campinas se mostrou bastante aberta em acolher
trabalhos voltados msica popular, sendo essa uma das caractersticas das dissertaes
defendidas por l, e tambm um diferencial entre os trabalhos defendidos em outras
universidades brasileiras. Um dos autores de uma dissertao de mestrado - e,
posteriormente, doutorado sobre o mesmo objeto de estudo - Fbio Scarduelli se voltou
a estudar a obra de um ex-professor da universidade, no caso o compositor Almeida
Prado, sendo este tambm um caso raro entre os pesquisados neste nosso trabalho assim como aquele referido trabalho defendido na Universidade Federal de Uberlndia
sobre um de seus professores de violo.
Quatro dos oito trabalhos defendidos nessa universidade foram classificados
como Trabalhos Didticos, cinco como Trabalhos Histricos e cinco como Trabalhos
Analticos, demonstrando um balanceamento relacionado aos assuntos abordados pelos
pesquisadores nessa universidade.
O professor de violo da Universidade de So Paulo, Edelton Gloeden, somente
h pouco iniciou seu processo como orientador de dissertaes, sendo que muitos dos
violonistas que defenderam seus trabalhos nesse perodo focaram temas histricos ou
relacionados a exemplos fora do mbito da tcnica instrumental, com exceo de um
trabalho sobre Abel Carlevaro.
Dentre as universidades paulistas, a Universidade de So Paulo foi a que mais
apresentou defesas de trabalhos de ps-graduao sobre assuntos violonsticos no
perodo de nossa delimitao.
Classificamos a maioria dos dezoito trabalhos defendidos nessa universidade
paulista (quatorze deles) como Trabalho Histrico, seguida dos Trabalhos Analticos
(doze) e dos Trabalhos Didticos (oito).

Numa anlise desses textos da regio Sudeste, observamos uma riqueza de


variedade e originalidade de temas a respeito do violo no Brasil. Pelas prprias
caractersticas dos programas de ps-graduao das universidades, o foco principal das
dissertaes e teses foi a msica brasileira.

170

Foi possvel encontrar desde trabalhos que objetivaram a reviso bibliogrfica de


temas especficos de autoria de Fernanda Pereira e de Mrcia Taborda - at o trabalho
indito sobre obras integrais de compositores como o de Paulo Pedrassoli sobre Vieira
Brando e Fbio Scarduelli sobre Almeida Prado. No campo didtico, trabalhos sobre
projetos sociais tambm foram abordados como o de Fernando Macedo Rodrigues -,
sendo que no aspecto de repertrio e sua reviso tcnica, autores desde os mais
conhecidos, como Francisco Mignone, at os mais alternativos, como Arthur Kampela,
foram destacados.
A regio sudeste foi a que apresentou a defesa de mais trabalhos que qualquer
outra regio, pela grande quantidade de universidades, por ser demograficamente a mais
habitada e por oferecer mais opes de programas de ps-graduao diferenciados. A
Universidade Estadual de Campinas, por exemplo, demonstrou ser aberta a trabalhos de
msica popular, e tambm foi a nica universidade a ter um trabalho defendido em
conjunto com uma universidade nordestina, a Universidade Federal do Rio Grande do
Norte200. Os alunos buscaram em geral temas pertinentes a seus focos de ao, tendo
autores cariocas estudado temas sobre o violo no Rio de Janeiro como os trabalhos
de Graa Alan e de Mrcia Taborda - e paulistas estudado temas relacionados a So
Paulo como as dissertaes de Giacomo Bartoloni e de Andra Paula Picherzky.
O professor que mais orientou trabalhos no Rio de Janeiro foi Turbio Santos,
totalizando oito orientaes e uma coorientao. Ainda nesta cidade destacou-se o nome
de Samuel Mello Arajo Jnior, que orientou seis trabalhos de ps-graduao. Em So
Paulo recebem destaque os nomes de Giacomo Bartoloni orientador na Universidade
Estadual Paulista - e Marcos Siqueira Cavalcanti orientador na Universidade Estadual
de Campinas - tendo cada um deles orientado quatro trabalhos at o final de 2007. Em
seguida aparecem os nomes de Edelton Gloeden, Jos Eduardo Gandra da Silva Martins
e Marcos Branda Lacerda, os trs da Universidade de So Paulo, tendo orientado trs
trabalhos cada um.

3.6.4 Regio Sul

O orientador principal das dissertaes de mestrado da Universidade Federal do


Rio Grande do Sul, Daniel Wolff, um violonista com estudos de performance nos

200

Vide trabalho nmero 24 deste captulo, de autoria de Marcus Andr Varela Vasconcelos.

171

Estados Unidos, e os trabalhos defendidos nessa universidade seguem uma linha


universal nesse sentido, no se focando a assuntos e autores nacionais, como nas
universidades paulistas e cariocas. Revises tcnicas e interpretativas de obras do
repertrio foram os exemplos mais comuns encontrados nos trabalhos de ps-graduao
defendidos nessa localidade, fazendo disso seu diferencial entre as outras universidades
pesquisadas.
Foram analisados onze trabalhos com temtica violonstica. Desses, dez foram
classificados como Trabalhos Analticos, oito como Trabalhos Didticos e dois como
Trabalhos Histricos. Isso demonstra, mais uma vez, que os objetivos da Coordenao
de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior nos assuntos violonsticos em que
as linhas, orientaes, disciplinas ministradas e produtos da pesquisa se articulem de
forma definida procuraram ser mantidos dentro da esfera desses trabalhos.
Ainda de se esperar a abertura dos cursos de ps-graduao em msica nas
universidades do estado de Santa Catarina, para ver a real participao do mesmo no
processo de implementao de temas violonsticos a serem analisados.
Pela especificidade da temtica e do departamento no qual a dissertao foi
desenvolvida, o trabalho sobre violo defendido na Universidade Federal de Santa
Catarina tambm observou um diferencial entre outros trabalhos defendidos sobre
violo no Brasil.
Classificamos esse nico trabalho como Trabalho Didtico e tambm como
Trabalho Analtico. Ele apareceu em conformidade, mais uma vez, com o carter
interdisciplinar que as temticas violonsticas se colocaram em outros momentos, como
foi observado.
Algo necessita ser levado em considerao a respeito dos trabalhos defendidos
no Sul. Em primeiro lugar, alguns dos principais e mais influentes violonistas dessa
regio, como os curitibanos Mrio da Silva, Fbio Scarduelli e Orlando Fraga, e os
gachos Mrcio de Souza e Daniel Wolff, no defenderam seus trabalhos de psgraduao em sua prpria regio. Isso pode ser atribudo a vrios fatores, entre eles a
escolha desses pesquisadores por programas de ps-graduao especficos que poderiam
suprir suas necessidades acadmicas (sendo que nem sempre esses programas podem ou
poderiam estar no estado ou Regio de origem desses pesquisadores) ou mesmo o
intuito de realizar tal trabalho em uma universidade especfica. Com isso, um trabalho

172

importante como o do violonista e professor Mrio da SILVA 201, que tratou da histria
do violo no Paran, teve sua realizao em uma universidade do sudeste na
Universidade Federal do Rio de Janeiro. O principal professor da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul, Daniel Wolff, que foi tambm o orientador da maioria das
dissertaes de mestrado com temtica violonstica dessa mesma universidade,
defendeu seus trabalhos de ps-graduao em uma instituio na Amrica do Norte,
assim como os violonistas paranaenses Orlando Fraga e Luciano Lima. H casos, ainda,
de violonistas influentes dessa regio como Norton Dudeque, que escreveu o j citado
e nico livro sobre a histria do violo publicado no Brasil (em 1994) que defenderam
seus trabalhos em outros temas ou enfoques, que no apenas o violo, caso tambm do
violonista Andr Egg e outros. Outra explicao seria a falta de um departamento
universitrio no Paran que correspondesse rea especfica na qual o pesquisador
quisesse realizar sua pesquisa a respeito do violo. Nisso se inclui o nome de Fbio
SCARDUELLI, que defendeu sua dissertao de mestrado sobre as obras para violo do
paulista Almeida Prado202 na Universidade de Campinas, onde o compositor lecionou
durante boa parte de sua vida.
Em termos didticos, esses trabalhos realizados na regio sul do Brasil fornecem
um farto arsenal de ideias a serem utilizadas por professores, alunos e diletantes do
violo.

As

dissertaes

de

Jos

Homero

PIRES

JUNIOR 203,

Afrnio

HAINZENREDER204, Flvia Domingues ALVES205 e Leandro COSTALONGA206, em


especial, oferecem aplicaes especificamente focadas em termos de recursos tcnicoinstrumentais. A dissertao de Marcos Kroning CORRA 207 se aplica a questes
importantes de autoaprendizagem para se entender melhor essa faceta to difundida
entre violonistas brasileiros, em especial os de msica popular. Os trabalhos de

201

SILVA JUNIOR, Mario da. O Violo no Paran Uma anlise histrico-estilstica. Dissertao de
mestrado. UNIRIO. 2002.
202
SCARDUELLI, Fbio. A Obra para Violo Solo de Almeida Prado. Dissertao de Mestrado,
UNICAMP. 2007. 253 pg.
203
PIRES JUNIOR, Jos Homero. Construo e Funo de Exerccios Integrados na Execuo
Violonstica. Dissertao de Mestrado em Educao Musical. UFRGS, 1998.
204
HAINZENREDER, Afrnio Krs Borges. Subsdios para a Sistematizao de um mtodo de ensino
em msica objetivando a otimizao da aprendizagem instrumental. Dissertao de mestrado em
engenharia de produo. UFSC. 2004. 66 pg.
205
ALVES, Flvia Domingues. Op. cit.
206
COSTALONGA, Leandro Lesqueves. Polvo Violonista: Sistema multiagente para simulao de
performances em violo. Dissertao de mestrado. UFRGS. 2005. 130 pg.
207
CORRA, Marcos Kroning. Violo sem Professor: um estudo sobre processos de auto-aprendizagem
com adolescentes. Dissertao de mestrado em msica. UFRGS. 2000.

173

Fernando SILVEIRA FILHO 208, Thiago Colombo FREITAS 209, Csar FUNK210 e
Rafael Garcia BORGES211 se aplicam especialmente em questes de transcrio,
articulao e dedilhado, sendo importantes fontes de estudos para esse quesito. A
dissertao de Aristteles PIRES212 analisou principalmente a questo da sonoridade do
violo, o que se insere tambm em uma questo de tcnica instrumental. Por fim, o
trabalho de Marcos Vctora WAGNER 213 serve de modelo para comparaes e
desenvolvimentos de formas musicais por meio de um mesmo compositor, algo
importante para o repertrio violonstico dado o grande nmero de obras de repertrio
de compositores inseridos nesse contexto (William Walton, Lennox Berkeley, Moreno
Torroba, Castelnuovo-Tedesco, Villa-Lobos etc.).

208

SILVEIRA FILHO, Fernando Gonalves Dutra da. Uma Anlise da Digitao Grafada nas Five
Bagatteles de William Walton. Dissertao de mestrado. UFRGS. 2004. 67 pg.
209
FREITAS, Thiago Colombo. Ciaccona em R menor BWV 1004 de J.S. Bach: um estudo das
articulaes e uma transcrio para violo. Dissertao de mestrado. UFRGS. 110 pg. 2005.
210
FUNK, Csar Souza. O processo de transcrio da Sute 20 de Johann Froberger para violo.
Trabalho Conclusivo de mestrado. UFRGS. 2006. 59 pg.
211
BORGES, Rafael Garcia. O uso da scordatura para a execuo no violo de obras compostas para o
alade barroco: transcrio e exemplos extrados da obra de Silvius Leopold Weiss. Artigo de mestrado.
UFRGS. 2007. 122 pg.
212
PIRES, Aristteles de Almeida. A Sonoridade do Violo na Execuo Musical: um estudo sobre seus
aspectos formadores e a anlise de duas gravaes das Quatro Peas Breves de Frank Martin.
Dissertao de mestrado. UFRGS. 2006. 116 pg.
213
WAGNER, Marcos Vctora. Scherzo da Sonata para Violo, op. 47 de Alberto Ginastera: Trajetria e
Sntese dos scherzi ginasterianos. Dissertao de mestrado. UFRGS. 2007. 108 pg.

174

Concluso

No incio de nossa pesquisa, nos deparamos com vrios questionamentos a


respeito dos trabalhos de ps-graduao com temticas violonsticas defendidas no
Brasil. Ao terminarmos de escrever nossa tese, cremos que foi possvel respond-los,
mas entendendo que vrias ramificaes ainda podem e devem ser observadas a partir
dos dados coletados. A tendncia natural, como foi visto nas estatsticas do ltimo
captulo, a de um crescente nmero de projetos defendidos a cada ano em todo o
Brasil, assim como o aprimoramento das pginas eletrnicas das universidades e o
entendimento de que um banco de dados digital mais abrangente, em especial aos
trabalhos realizados nas prprias universidades de origem, fundamental para a
divulgao dessas pesquisas e aprimoramento do conhecimento.
Sobre as regies brasileiras, com suas respectivas universidades, podemos
chegar s seguintes constataes:

Regio Centro-Oeste

1- Todos os trs trabalhos analisados foram defendidos na Universidade Federal de


Gois (UFG), tendo sido orientados pelo professor de violo daquela
universidade, o que nos faz crer que a preferncia por trabalhos analticos de
obras de compositores violonistas (como no caso de Dilermando Reis e Pedro
Cameron) ou de obras de autores consagrados (Villa-Lobos, Gnattali e Mignone)
pode recair sobre o nome desse orientador, Eduardo Meirinhos.
2- Esses trabalhos foram defendidos a partir de 2005, aps esse mesmo orientador
ter obtido seu grau de doutor em msica, o que demonstra ser recente a procura
do curso de mestrado nessa universidade pelos violonistas - que provavelmente
estavam esperando desenvolver seus projetos com um orientador mais envolvido
neste instrumento musical.
3- Os trabalhos tiveram como foco principal obras de compositores especficos,
sendo que os aspectos biogrficos ficaram em segundo plano em favor de
anlises de obras para violo.
4- Todos esses projetos desenvolveram temas sobre compositores brasileiros, o que
pode denotar um aspecto da ps-graduao da UFG, apesar de no especificado
no site da universidade (como demonstrado no primeiro captulo); uma

175

preferncia do orientador desses trabalhos, que se formou na Universidade de


So

Paulo

(USP),

uma

universidade

cuja

ps-graduao

privilegia

principalmente tal tema e a msica brasileira; ou mesmo a preferncia dos


prprios autores das dissertaes defendidas sobre essa temtica nacional.
5- At a data de delimitao de nossa pesquisa, no encontramos nenhuma tese de
doutorado com assunto especificamente violonstico defendido na regio
Centro-Oeste.

Regio Nordeste

1- Em sua quase totalidade, as teses e dissertaes analisadas foram defendidas na


Universidade Federal da Bahia (UFBA). As dissertaes realizadas na
Universidade Federal de Pernambuco dificilmente poderiam ter sido
desenvolvidas no Departamento de Msica da UFBA, dada a especificidade
daquelas dissertaes.
2- As dissertaes orientadas por Ana Cristina Tourinho (UFBA) se basearam em
questes de aprendizado e ensino musical por meio do repertrio, algo que foi
desenvolvido pela prpria orientadora suas pesquisas de mestrado e doutorado.
3- Os trabalhos orientados por Mario Ulloa (UFBA) se basearam principalmente
em questes tcnico-interpretativas, o que se insere no contexto e vertente
principal desse orientador, que um concertista de violo.
4- As teses e dissertaes da regio nordeste possuem caractersticas que abarcam
todos os trs tipos classificatrios de trabalhos assinalados por ns.
5- Os estudos privilegiaram temas da msica brasileira, levando-se em
considerao que os compositores Bruno Kiefer (alemo, j falecido) e
Leonardo Boccia (italiano naturalizado brasileiro) compuseram obras com
temtica nacional e fizeram ou fazem parte da cultura musical brasileira de
maneira intensa e incontestvel.

Regio Sudeste

1- Dos setenta e cinco trabalhos pesquisados, vinte e trs foram apresentados na


Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Em seguida aparece a
Universidade de So Paulo (USP), com dezoito trabalhos defendidos, seguida da

176

Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho (UNESP), com dez


trabalhos, e a Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), com oito.
2- Sete foram os trabalhos defendidos no estado de Minas Gerais.
3- No encontramos nenhum trabalho defendido em alguma universidade do
Esprito Santo relacionada ao tema de nossa pesquisa, durante o perodo de
nossa delimitao de trabalho.
4- Apesar de o Rio de Janeiro possuir a universidade com maior nmero de
trabalhos defendidos, o estado de So Paulo que apresenta, em conjunto, o
maior nmero de teses e dissertaes de mestrado e doutorado sobre temas
violonsticos.
5- As teses e dissertaes defendidas na Regio Sudeste encaixam-se nas trs
vertentes de estudo do nosso trabalho.
6- Os estudos dessas universidades do sudeste possuem temticas quase que
exclusivamente baseadas em autores brasileiros, seguindo a linha de pesquisa
proposta nos programas de ps-graduao dessas universidades.
7- O professor Turbio Santos, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, foi o
professor que mais orientou trabalhos de violo em todo o perodo delimitado
em nossa pesquisa, com quatro orientaes e uma coorientao entre 1993 e
2007, em anos descontnuos.

Regio Sul

1- Dos doze trabalhos pesquisados na regio sul, onze foram defendidos na


Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), assim constituindo-se no
principal difusor de estudos dessa natureza nessa regio.
2- Desses trabalhos, dois no foram apresentados em departamentos de msica, o
que mostrou aspecto interdisciplinar nesses estudos.
3- Com relao ao tema de nossa pesquisa, foi encontrado at o momento apenas
um trabalho defendido no Estado de Santa Catarina, ainda assim em um
departamento distinto ao de msica Departamento de Engenharia de Produo.
4- No encontramos nenhum trabalho defendido em alguma universidade do
Paran relacionada ao tema de nossa pesquisa, durante o perodo de delimitao
da nossa tese.

177

5- Os trabalhos foram baseados, em sua maioria, nas anlises de obras musicais ou


aspectos tcnicos do violo, deixando de lado aspectos puramente biogrficos.
6- Ao contrrio dos estudos das universidades da regio sudeste do Brasil, os da
regio sul no tiveram como foco principal apenas os compositores brasileiros,
buscando um aspecto mais universal das obras e compositores.
7- O professor da UFRGS, Daniel Wolff, foi quem mais orientou trabalhos de
violo no perodo delimitado em nossa pesquisa, com quatro orientaes e uma
coorientao num trabalho defendido no Departamento de Cincia da
Comunicao. De 2004 ano de sua primeira orientao a 2007 ele orientou
pelo menos um trabalho por ano, sem exceo.
8- No encontramos nenhum projeto de doutorado com assunto violonstico
defendido nessa regio no perodo correspondente delimitao da nossa
pesquisa.

Entre os questionamentos que colocamos na introduo, podemos enfim


responder que:

1) As teses e dissertaes sobre assuntos violonsticos servem principalmente para


responder a respeito da tcnica, interpretao, histria e didtica do instrumento,
abarcando assim uma grande quantidade de vertentes observadas quando do
estudo do violo.
2) Entre as similaridades de trabalhos encontramos especialmente os que versaram
sobre educao musical por meio do violo, desenvolvimento de softwares de
msica em que o violo um dos assuntos principais, anlises e digitaes de
obras do repertrio violonstico e tendncias biogrficas de alguns compositores
e violonistas como Armando Neves e Amrico Jacomino, alm da histria social
do violo em determinadas localidades, especialmente Rio de Janeiro e So
Paulo.
3) As relaes mais estreitas entre os programas de ps-graduao das
universidades e os trabalhos realizados em que teses e dissertaes seguiram
estritamente a proposta principal desses programas em relao a temas de
pesquisa podem ser percebidas especialmente nas universidades da Regio
Sudeste e da Regio Sul.

178

4) Enquanto a Regio Sudeste e a Regio Centro-Oeste possuem similaridades, a


Regio Sul e a Regio Nordeste possuem particularidades de cada departamento
e/ou orientador dos trabalhos. Por exemplo, os projetos realizados pela
professora da UFBA Ana Cristina Tourinho e as dissertaes de mestrado
orientadas por ela seguem a linha definida da didtica.

Embora os assuntos sejam abordados de forma bastante variada, em termos


numricos os temas mais abordados pelos pesquisadores brasileiros nos primeiros
dezessete anos de pesquisas sobre violo no Brasil incidiram sobre trs importantes
compositores: Francisco Mignone, Heitor Villa-Lobos e Radams Gnattali. Isto pode ter
ocorrido talvez pela maior quantidade de material de base disponvel para se pesquisar,
pela proximidade temtica entre pesquisadores e compositores brasileiros e pelas
normas dos programas de ps-graduao, que privilegiam autores e temas nacionais.
Esses trs compositores citados, ento, constituem o que chamamos de casos
especficos. Mas em geral os pesquisadores dos textos analisados abordaram apenas
um autor, como na dissertao sobre as obras para violo de Bruno Kiefer ou sobre
Pedro Cameron; dois autores interligados, como no trabalho de Teresinha Prada,
relacionando Leo Brouwer a Heitor Villa-Lobos; uma obra isolada, como realizou
Eugnio Lima sobre a Sonatina de Alberto Kaplan; um intrprete, como o trabalho de
Sandra Mara Alfonso sobre Jodacil Damaceno, ou mesmo uma escola violonstica,
como efetuou Marcelo Fernandes Pereira sobre Abel Carlevaro.
Um dos aspectos que nossa investigao procurou demonstrar foi o de que a
bibliografia brasileira sobre assuntos relacionados ao violo bem maior do que possa
inicialmente aparentar, mesmo com poucos livros publicados sobre o assunto. As teses e
dissertaes de mestrado e doutorado representam, na verdade, apenas mais uma parcela
de documentos que tambm incluem a publicao e divulgao de artigos em revistas
cientficas na internet (como os peridicos Ictus, Urucungo, Per Musi, Em Pauta e
Opus) e em revistas impressas (como a revista da Academia Brasileira de Msica,
Brasiliana e at mesmo a Revista Concerto, vendida em bancas de jornal, entre outras).
A literatura referente ao violo no Brasil no pode ficar restrita aos livros especficos
sobre esse instrumento ou sobre msica em geral, mas tambm a fontes diversas, como
livros de histria, livros biogrficos bastante utilizados nos trabalhos com a vertente
histrica, segundo nossa classificao e at mesmo livros de computao, como as
dissertaes desse tipo demonstraram.

179

Por meio dessas observaes, podemos perceber que textos sobre os primrdios
do violo no Brasil ainda so escassos, pela falta de um nmero maior de material de
base para esse tipo de pesquisa.
Constatamos, aps nosso estudo, que algumas dissertaes e teses sobre o violo
foram realizadas em outros departamentos que no o de msica, demonstrando aspecto
social relevante e interdisciplinar do violo em nosso pas.
Ao definirmos os trabalhos em trs vertentes Trabalhos Histricos, Trabalhos
Analticos e Trabalhos Didticos , ns pudemos observar os enfoques apresentados
pelos programas de ps-graduao das universidades e o caminho que seguiram e
desenvolveram as dissertaes e teses sobre violo no Brasil. Ao compararmos os
programas

das

universidades

com

as

especificaes

da

Coordenao

de

Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior (CAPES), observamos coerncia no


trato das linhas de pesquisa e dos objetivos propostos por esta entidade.
A ausncia da Regio Norte em nosso trabalho, por no termos encontrado
nenhuma dissertao ou tese especfica de nosso tema, demonstra que muito ainda se
pode escrever sobre violo no Brasil, especialmente com temticas locais.
A diversidade de trabalhos foi observada, tambm, nos diferentes departamentos
onde foram defendidos os projetos, mostrando o carter interdisciplinar pelo qual o
violo transitou. Isso apareceu principalmente em universidades em que no h, ainda,
cursos de mestrado ou doutorado em msica ou rea correlata. Por isso a diferenciao
de alguns trabalhos defendidos na Universidade Federal de Pernambuco, Universidade
Federal de Santa Catarina e Universidade Federal de Uberlndia.
Como explicamos na introduo, no foram analisadas proposies sobre
instrumentos de cordas dedilhadas que no possuem uma ligao direta com o violo.
Alguns trabalhos sobre a viola (tangida, no a de arco), no entanto, foram analisados
pela relao inicial deste instrumento com o violo em terras brasileiras, especialmente
no sculo dezenove. Podemos exemplificar com os projetos desenvolvidos por Eric
Martins e Edilson Vicente de Lima, que pesquisaram o instrumento enquanto
acompanhador de Modinhas e Lundus. Mas teses e dissertaes sobre a viola como
assunto correlato ao acompanhamento de danas folclricas, por exemplo, ou sobre a
participao desse instrumento em conjuntos de msica sertaneja ou caipiras no foram
includas por fugirem da proposta da nossa pesquisa.

180

Das teses e dissertaes analisadas, lembramos que algumas delas foram


publicadas por editoras posteriormente em formato de livro impresso. Para a nossa tese
no houve nisso uma influncia direta, pois trabalhamos sempre com o material
original, os prprios textos defendidos nas universidades. Entre esses trabalhos
publicados esto os de Edilson de Lima, Humberto Amorim, Mrcia Taborda, Moacyr
Teixeira Neto, Ricieri Zorzal, Sandra Mara Alfonso e Teresinha Prada. A tese de Marco
Pereira sobre a obra para violo de Heitor Villa-Lobos publicada na dcada de 1980
no foi analisada, como dissemos, por ter sido escrita e defendida numa universidade
estrangeira, no caso, a Sorbonne na Frana. A importncia dessas publicaes reside
basicamente na ampliao da bibliografia especfica para a histria do violo no Brasil,
j que os temas desenvolvidos foram em geral de msica brasileira de pocas distintas,
desde os primrdios da utilizao do violo no caso do livro de Edilson de Lima ,
passando pelo violo no Rio de Janeiro antes de 1930 livro de Mrcia Taborda at a
biografia de um importante violonista e didata como Jodacil Damaceno apresentada
no livro de Sandra Mara Alfonso , alm de anlises de obras para violo de Radams
Gnattali como na publicao de Ricieri Zorzal. A relevncia do compositor Heitor
Villa-Lobos para o violo, que foi um dos autores mais pesquisados nas teses e
dissertaes, foi tambm demonstrada na publicao de trs desses trabalhos, no caso de
Humberto Amorim, Teresinha Prada e Marco Pereira.
Mesmo assim, a parcela de trabalhos acadmicos sobre violo transformada em
livro impresso ainda bastante pequena, o que colabora para a falsa impresso geral
como demonstrada em nossa tese de que a bibliografia disponvel sobre violo ainda
escassa no Brasil.

Na primeira parte do primeiro captulo, escrevemos em primeira pessoa para


relatar a experincia de um violonista especfico o prprio autor dessa tese durante o
perodo de estudos at a profissionalizao. Relacionando novamente, agora, o papel de
um msico especfico e o quanto essas teses e dissertaes podem ser teis tanto nos
estudos quanto para a preparao para recitais ou para assuntos de didtica na sala de
aula, cremos ter constatado o seguinte, a partir da leitura, anlise e classificao de
todos esses textos - enfatizando que so apenas sugestes, no podendo obviamente
esses trabalhos serem tratados de forma alguma como definitivos em suas
especificidades:

181

1) Para um estudante de conservatrio ou escola livre de msica, ou para


professores que desejem obter informaes sobre mtodos de ensino, h vrios textos
que podem auxiliar no desenvolvimento musical. Para anlise ou iniciao violonstica,
por exemplo, h os trabalhos de Marcos Krning Corra, Milson Fireman, Afrnio
Hainzenreder, Paulo Jales, Fanuel Lima Junior, Joo Fortunato Quadros Junior, Luis
Ricardo Silva Queiroz, Fernando Rodrigues e Ana Cristina Tourinho.
2) Para informaes a respeito da histria do violo no Brasil e seu
desenvolvimento ao longo dos anos informaes estas que podem ser utilizados nas
salas de aula , h desde livros dos primrdios da utilizao do violo em trabalhos de
Edilson de Lima e Eric Martins, passando pela histria do instrumento no Rio de
Janeiro, Paran e em So Paulo nos trabalhos de Graa Alan, Fernanda Pereira, Mrcia
Taborda, Maurcio Orosco, Paola Picherzky, Srgio Estephan, Mrio da Silva e
Giacomo Bartoloni, entre outros. Sobre msica contempornea, especificamente, h o
trabalho de Moacyr Teixeira Neto, enquanto que a dissertao de mestrado de Edelton
Gloeden apresenta um compndio sobre o violo clssico at o final da dcada de 1920.
3) Para comparaes entre diferentes escolas violonsticas, existe a dissertao
de Marcelo Fernandes Pereira. O pioneiro trabalho de Rafael Righini sobre Manuel So
Marcos igualmente aborda a questo de escolas violonsticas.
4) Alguns softwares de computador poderiam tambm auxiliar o violonista,
como mostram as dissertaes de Ernesto Trajano de Lima Neto, Giordano Cabral,
Carlos Roberto Menezes Junio e Marcio Dahia.
5) Em se tratando da relao entre compositores e violonistas, pelo menos quatro
textos foram escritos como fundamento para se ter um maior dilogo e entendimento
entre ambos, em termos de como se compor para o instrumento: os trabalhos de Fbio
Adour, Mrcio de Souza, Marcos Varela Vasconcelos e o de Mrio Ulloa.
6) Para o professor que busca um maior entendimento sobre processos distintos
de didtica, os trabalhos de Marcos Krning Correa, Milson Fireman, Afranio
Hainzenreder, Paulo Jales, Joo Fortunato Quadros Junior, Luis Ricardo Queiroz,
Fernando Macedo Rodrigues e Ana Cristina Tourinho.
7) Sobre questes de tcnica violonstica, h os trabalhos de Homero Pires,
Fernando Silveira Filho, Albrgio Soares, Eugnio Lima, Ricieri Zorzal, Flvia Alves e
Marcelo Fernandes Pereira.

182

8) Para o interessado em conhecer mais sobre o violo e a msica flamenca, duas


dissertaes foram escritas: a de Paulo Rogrio Vianna e a de Fabiano Zanin.
9) Mas talvez o que haja de mais abrangente so justamente as temticas sobre
compositores e repertrios especficos, como demonstram os trabalhos de Renato
Almeida, Humberto Amorim, Flvio Apro, Ubirajara Pires Armada Junior, Guilherme
vila, Flvio Barbeitas, Fbio Bartoloni, Marcelo Brazil e vrios outros.
Finalmente, essa tese no definitiva e estamos cientes de que so inmeras as
possibilidades de anlise dos dados coletados, principalmente com relao
classificao dos trabalhos realizados, e que ns optamos por relacionar em apenas trs
vertentes. Esperamos que esse trabalho seja aprimorado e continuado por futuros
pesquisadores, especialmente no que tange s vertentes de estudo e a descoberta de teses
e dissertaes correspondentes ao perodo por ns pesquisados. Cremos tambm que
posteriormente nossa tese poder ser desmembrada e utilizada como referncia para
outras pesquisas que podero ter como objeto de estudo cada uma dessas teses ou
dissertaes de uma maneira mais especfica.

183

APNDICE

LISTA DE ORIENTADORES POR REGIO E ANO EM QUE OS TRABALHOS


ORIENTADOS FORAM DEFENDIDOS

A listagem corresponde s regies brasileiras em ordem alfabtica, seguidas dos


nomes dos orientadores tambm por ordem alfabtica - e os respectivos anos em que
os mesmos orientaram os trabalhos. O nmero em parnteses denota a quantidade de
trabalhos defendidos num mesmo ano, no caso de haver mais de um.
Essa listagem foi realizada visando facilitar a busca pelos orientadores no
captulo 3, onde os leitores podero fazer as pesquisas atravs da regio e do ano em
que os trabalhos foram defendidos.
Achamos desnecessrio colocar o grau acadmico de cada professor antes de
cada nome, j que todos possuem ttulo de doutor, com exceo de Turbio Santos, que
possui ttulo de Notrio Saber.

1- REGIO CENTRO-OESTE:
-Eduardo Merinhos: 2005, 2006 e 2007

2- REGIO NORDESTE:
-Alda Jesus de Oliveira: 1995, 2001
-Ana Cristina Tourinho: 2006, 2007
-Geber Lisboa Ramalho: 2002, 2004, 2007
-Joel Luis da Silva Barbosa: 1999, 2001
-Mario Ulloa: 2005, 2007 (3)
-Oscar Dourado: 1997, 1998
-Pedro Ribeiro Kroeger: 2007

3- REGIO SUDESTE:
-Alberto Ikeda: 2004
-Alcides Freire Ramos: 2005
-Antonio Jardim: 1997, 1999
-Antonio Pedro Tota: 1999, 2007
-Arthur Nestrovsky: 2006

184

-Carlos Fernando Fiorinni: 2007 (2)


-Carole Gubernikof: 2001, 2006
-Ceclia Almeida Salles: 2001
-Claudiney Rodrigues Carrasco: 2002
-Dilma de Mello Silva: 2001
-Edelton Gloeden: 2006 (2), 2007
-Eduardo Passos: 2000
-Fausto Borm: 2007
-Fernando Corvisier: 2005
-Flvia Camargo Toni: 2001, 2002
-George Olivier Toni: 2003
-Gicomo Bartoloni: 2003, 2004 (2), 2005
-Helosa Maria Murgel Starling: 2005
-Ingrid Barancoski: 2002
-Jos Eduardo Gandra Martins: 1996, 1997, 2002
-Jos Murilo de Carvalho: 2004
-Jos Nunes Fernandes: 2001
-La Vincour Freitag: 1991
-Lorenzo Mammi: 2005
-Luis Otvio Braga: 2006
-Marcos Branda Lacerda: 2001, 2005, 2006
-Marcos Pupo Nogueira: 2007
-Marcos Siqueira Cavalcanti: 2002, 2003, 2006 (3)
-Maria de Lourdes Sekeff: 1995
-Maria Duse Campos Lopes: 1995
-Maurcio Alves Loureiro: 2002
-Maurcio Freire: 2007
-Palmira Petrotti Teixeira: 2000
-Rgis Duprat: 2002
-Ricardo Goldemberg: 2005
-Ricardo Tacuchian: 1993, 1996 (2)
-Ruben Ricciardi: 2006
-Ruth Serro: 2007
-Samuel Melo Arajo: 1995 (2), 1996, 1999, 2001

185

-Turbio Santos: 1993 (2),1995 (3), 2002, 2006, 2007


-Vanda Lima Bellard Freire: 1995, 2007
-Vilmo Guimares Melo: 1998
-Walnia Marlia Silva: 2007

Co-orientao: Turbio Santos: 1995

4- REGIO SUL:
-Any Raquel Carvalho: 2006, 2007
-Celso Loureiro Chaves: 2005
-Daniel Wolff: 2004, 2005, 2006, 2007
-Francisco Antonio Pereira Fialho: 2004
-Jusamara Souza: 2000
-Rosa Maria Vicari: 2005
-Rose Marie Reis Garcia: 1998

Co-orientao: Daniel Wolff: 2005

186

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-Urucungo: Peridico on-line de msica

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PUC-SP: www.pucsp.br

UFBA: www.ufba.br

UFG: www.ufg.br

UFMG: www.ufmg.br

UFPE: www.ufpe.br

UFRGS: www.ufrgs.br

UFRJ: www.ufrj.br

UFSC: www.ufsc.br

UFU: www.ufu.br

UNICAMP: www.unicamp.br

UNIRIO: www.unirio.br

USP: www.usp.br

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