Araujo, R.S., Silva, G.V., Freitas, D., Klein, A.H.F.2008 Georreferenciamento de Fotografias Aereas e Analise Da Variacao Da Linha de Costa

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GEORREFERENCIAMENTO DE FOTOGRAFIAS AREAS E

ANLISE DA VARIAO DA LINHA DE COSTA


R.S. ARAUJO, G.V. SILVA, D. FREITAS, A.H.F. KLEIN
[email protected]
Universidade do Vale do Itaja (UNIVALI), Centro de Cincias Tecnolgicas da Terra e do Mar
(CTTMar) Laboratrio de Oceanografia Geolgica
Rua Uruguai 458, CEP 88302-202, Itaja-SC Brasil

NDICE
1

INTRODUO ...............................................................................2

METODOLOGIA ............................................................................5
2.1

Aquisio dos Dados e Padronizao ....................................6

2.2

Retificao das Imagens e Construo dos Mosaicos............8

2.3

Quantificao do Erro Atribudo ao Processo de Retificao10

2.4

Escolha do Indicador e Extrao da Linha de Costa ............11

2.5

Clculo das Taxas de Variao da Linha de Costa ..............12

2.6

Validao do Mtodo ............................................................13

CONSIDERAES GERAIS .......................................................15

REVISO BIBLIOGRFICA.........................................................15

1 INTRODUO
A orla refere-se estreita faixa de contato da terra com o mar, na qual a ao
dos processos costeiros se faz sentir de forma mais acentuada medida que efeitos
erosivos ou deposicionais podem alterar sensivelmente a configurao da linha de
costa. Nesta faixa a degradao ambiental por destruio da vegetao e construo de
edificaes se torna extremamente evidente, atravs da modificao da esttica da
paisagem e at mesmo interveno no processo de transporte de sedimentos (elico ou
marinho), consequentemente provocando desequilbrios no balano sedimentar e na
estabilidade da linha de costa (Muehe, 2001).
A determinao da posio da linha de costa e seu comportamento migratrio
ao longo do tempo so de extrema importncia para inmeras atividades, sejam elas
de pesquisa, de engenharia e de planejamento (NRC, 1990). Tanto projetos de
engenharia quanto planos de gerenciamento costeiro requerem informaes a respeito
da posio da linha de costa no presente, o seu comportamento no passado e a
possibilidade de previso para o futuro. Exemplos disso so os projetos de proteo da
zona costeira (CERC, 2002), estudos sobre variao do nvel mdio do mar e
determinao de zonas de risco (Leatherman, 2001, Freitas, 2008), estudos sobre
morfodinmica, eroso costeira e monitoramento ambiental (Araujo, 2008, Klein et
al., in press) e formulao e regulamentao de leis de gerenciamento costeiro (NRC,
1990). Atravs da anlise da variao da posio da linha de costa pode-se ainda
identificar os processos de reorientao da mesma no entorno de estruturas rgidas,
determinar os padres de modificao na largura e volume de praias, assim como
quantificar taxas histricas de migrao (Komar, 1998, Moore, 2000, Araujo, 2008,
Klein et al., in press).
Uma definio generalizada de linha de costa refere-se ao ponto de encontro
da interface fsica costeira e marinha (Dolan et al., 1980, Mrner, 1996), estando este
em constante modificao espao-temporal devido a quatro fatores principais: (1)
alteraes do nvel do mar; (2) modificaes verticais do nvel dos continentes
(tectonismo); (3) reformatao da morfologia costeira por processos erosivos e
deposicionais; e (4) alteraes nos processos de interao terra-mar, como a amplitude
das mars, a velocidade e direo dos ventos e energia de ondas.

A definio da linha de costa pode ser realizada de diferentes maneiras, sendo


que a escolha do mtodo vai depender das informaes que se pretende extrair, da
disponibilidade e qualidade de dados, dos equipamentos utilizados, as escalas de
trabalho escolhidas e os erros associados aos processos de aquisio e processamento
das imagens (Boak e Turner, 2005).
Em funo da dinmica natural do sistema, a definio da posio desta no
tempo e no espao ainda um desafio para os pesquisadores. Para fins prticos, o uso
de indicadores da linha de costa torna-se mais vivel, sendo geralmente uma feio
usada como aproximao para uma linha de costa verdadeira. O ideal aquela
facilmente visualizada em campo, em fotografias ou imagens areas e em qualquer
praia, e deve estar presente em todas as sries temporais caso o trabalho utilize
comparaes em escala temporal (Boak e Turner, 2005). Inmeras feies j foram
sugeridas como indicadores, como a linha da vegetao costeira, a base ou a crista da
duna frontal, escarpas ou cristas no perfil praial, e a mxima linha dgua atingida
(interface areia seca/molhada). Este ltimo o indicador mais freqentemente
utilizado, sobretudo porque este limite caracteriza-se por uma mudana ntida de
tonalidade na areia da praia, facilmente identificvel (Morton e Speed, 1998; Pajak e
Leatherman, 2002).
Num estudo realizado sobre definio e deteco da linha de costa, Boak e
Turner (2005) expem uma variedade de fontes possveis de se extrair indicadores da
linha de costa, dentre os quais se destacam:
(a) Sensoriamento Remoto (Fotografias areas e imagens de satlite) foi
no final da dcada de trinta que fotografias areas comearam a ser realmente
utilizadas na definio mais exata da linha de costa, tornando-se a fonte de dados mais
utilizada na demarcao de linhas de costa pretritas (Leatherman, 1983). Contudo,
distores neste mtodo so bastante comuns, como distoro radial causada pela
lente do equipamento, relevo, inclinao da aeronave e a variao na escala da
imagem por mudana na altitude do vo. Da mesma forma, satlites imageadores so
amplamente utilizados para aquisio de dados com ampla cobertura espacial e alta
resoluo (Moore, 2000).
A partir da dcada de 90, com o grande avano da tecnologia no campo da
informtica, foram desenvolvidos pacotes de softwares que facilitaram e at mesmo

automatizaram a extrao de dados referentes posio da linha de costa (Sistemas de


Informao Geogrfica), e desta forma desenvolveu-se um meio de analisar e
quantificar

as

diferentes

fontes

de

erro

decorrentes

do

processo

de

georreferenciamento (Thieler et al., 2005).


A escala e a resoluo das fotografias areas que determinam seu valor para
uma aplicao particular. Uma foto em pequena escala (1:60.000) fornece uma viso
sinptica e tem baixa resoluo espacial, recobrindo uma grande rea em cada cena.
mais utilizada no estudo da geologia estrutural e em mapeamentos de vastas regies.
As fotografias areas em grande escala, por outro lado, fornecem uma viso detalhada
com alta resoluo espacial, sendo mais indicadas na anlise da vegetao e
morfologia (Curran, 1986).
(b) Levantamento Topogrfico (Perfil Praial) - esta metodologia pode ser
empregada como fonte determinante da linha de costa, desde que haja um conjunto
suficiente de dados de campo para se conferir uma boa preciso longitudinal. Como
os resultados so obtidos pela interpolao de dados discretos de perfis transversais,
longitudinalmente pode perder fidelidade com o aumento das distncias entre os
mesmos (Morton, 1991). Uma vantagem deste mtodo que geralmente os perfis
aquisitados esto referenciados a uma cota conhecida (nvel de referncia), o que
possibilita a obteno de dados muito precisos no que se refere ao volume e largura
observados.
A metodologia apresentada neste captulo prope a combinao da anlise de
fotografias areas e imagens de satlite de diferentes anos para caracterizao do
comportamento migratrio da linha de costa em escala decenal, e sugere uma forma
de validao dos resultados atravs da comparao com dados obtidos atravs
monitoramento topogrfico (perfis praiais). A regio utilizada como caso de estudo
foi a Enseada do Itapocori, localizada no Estado de Santa Catarina, litoral sul do
Brasil (Figura 1).

Figura 1: Localizao geogrfica da Enseada do Itapocori, Estado de Santa


Catarina, litoral sul do Brasil.

2 METODOLOGIA
A metodologia sugerida neste captulo desenvolvida em seis passos,
envolvendo etapas de pr-processamento (aquisio dos dados, georreferenciamento e
construo dos mosaicos das sries temporais), anlise da variao da linha de costa
(atravs de ferramenta computacional), e a validao dos resultados (atravs da
comparao com dados de monitoramento topogrfico) (Figura 2).

Figura 2: Etapas da metodologia empregada para anlise da variao da linha


de costa.

2.1

Aquisio dos Dados e Padronizao


Apesar do recente advento de equipamentos com capacidade de aquisio de

dados digitais (cmeras fotogrficas digitais aerotransportadas), a maioria dos dados


disponveis encontra-se ainda em meio analgico, especialmente dos anos anteriores
dcada de 1990. Desta forma, a primeira etapa do processo consiste na converso das
fotografias areas analgicas para o meio digital, a fim de possibilitar o uso destas em
um sistema de informao geogrfica (SIG).

Para utilizao de ortofotografias ou imagens de satlite, sugere-se manter uma


representao do pixel1 de 1 metro aproximadamente, ou seja, cada pixel das
fotografias e imagens representando 1 metro no terreno. Para definir a
representatividade do pixel no terreno multiplica-se 2,54 10 2 (valor, em metros, de
uma polegada) pela escala da imagem e, ento divide-se o resultado pela resoluo
com que a imagem foi digitalizada, conforme a equao 1:

Representatividade do pixel =

2,54 10 2 (m) Escala


resoluo(dpi )

(1)

Se uma imagem de escala 1:25.000 digitalizada com uma resoluo de 600


dpi, tem-se:

Representatividade do pixel =

2,54 10 2 (m) 25.000


= 1,058metros
600(dpi )

As imagens digitais, ao contrrio dos produtos cartogrficos analgicos, no


tm escala definida, sendo necessrio que se disponha de outras informaes para
avaliar a qualidade geomtrica. Contudo, possvel definir a resoluo, uma vez que
essa representada pela quantidade de pixels na horizontal e vertical. Nestes casos,
para que cada pixel represente 1 metro no terreno, deve-se conhecer/medir a distncia
entre dois extremos da imagem em um dos eixos, e esta deve coincidir com o nmero
de pixels no mesmo eixo.
O exemplo da Figura 3 referente aquisio de uma imagem do sensor
orbital QuickBird do ano de 2005, disponibilizada online pelo software
GoogleEarth. Como a imagem pode ser adquirida com resoluo de 4800 x 2700
pixels, a distncia entre os extremos da imagem deve ser de 4800 metros na horizontal
e 2700 metros na vertical.

Pixel (aglutinao de Picture e Element) o menor elemento num dispositivo de exibio

(como por exemplo, um monitor), ao qual possvel atribuir-se uma cor. o menor ponto que forma
uma imagem digital.

Figura 3: Definio da representatividade do pixel em uma imagem digital.


Fonte: Imagem orbital do Sensor QuickBird do ano de 2005, disponibilizada online pelo
software GoogleEarth.

2.2

Retificao das Imagens e Construo dos Mosaicos


O mtodo de georreferenciamento de uma imagem consiste em relacionar as

coordenadas da imagem com as coordenadas reais do local. O processo pode ser


realizado com a ajuda do Sistema de Informao Geogrfica ArcGis 9.2, atravs do
mdulo ArcMap, utilizando-se a ferramenta Georeferencing tools.
Para tal, necessita-se de uma base cartogrfica em meio digital, neste exemplo
disponibilizada na escala de 1:2.000, que serve para a fixao dos pontos de controle
(PCs) necessrios ao processo de correo. Os PCs correspondem aos locais que
podem ser satisfatoriamente identificados tanto na base cartogrfica como na
fotografia/imagem de satlite.
Os PCs devem ser distribudos ao longo de toda a rea da fotografia/imagem,
caso haja a necessidade desta estar retificada por inteiro, ou se concentrar em uma
zona correspondente rea de interesse (por exemplo a regio de entorno de uma
desembocadura). Neste ltimo caso apenas a regio de interesse apresentar uma boa
retificao, sendo que o restante da fotografia/imagem pode apresentar um certo grau
de distoro devido ao processo de ajuste.
8

Como referncia para a demarcao de pontos de controle, comumente


utilizam-se cruzamentos de ruas e avenidas, e obras de engenharia de pequena altura
(casas). Isto se deve pelo fato de que edifcios altos, principalmente se no esto
localizados na regio central da imagem, apresentaro um desvio angular em relao
ao sensor (cmera fotogrfica ou satlite), o que certamente vai influenciar de forma
negativa no processo de georreferenciamento. Via de regra, um mnimo de 20 PCs
devem ser escolhidos para cada fotografia (Figura 4).

Figura 4: Processo de retificao geomtrica das imagens areas. A


metodologia considera a utilizao de 20 pontos de controle distribudos
uniformemente ao longo da rea de interesse, que no caso corresponde rea de
entorno da desembocadura do rio Piarras.

Aps a retificao de cada fotografia/imagem individualmente, procede-se


construo dos mosaicos de cada srie temporal para a visualizao integral da
enseada e extrao das linhas de costa (Figura 5).

Figura 5: Processo de construo dos mosaicos a partir das fotografias areas


georreferenciadas individualmente.

2.3

Quantificao do Erro Atribudo ao Processo de Retificao


A fim de mensurar imprecises decorrentes do processo fotogramtrico, como

variaes na altitude do vo, inclinao da cmera, distncia focal, erros de paralaxe


(distores em funo da velocidade da aeronave), inclusive de retificao geogrfica
das imagens, sugere-se adotar o padro de posicionamento geoespacial de imagens
proposto pelo Comit Norte-Americano de Padronizao de Dados Geogrficos
(FGDC-STD, 1998). Este padro utiliza o erro quadrtico mdio (a ser referido neste
estudo

por

EQM)

para

quantificar

erro

atribudo

ao

processo

de

georreferenciamento, e estabelece que a imagem retificada deve ter no mnimo 20


PCs, distribudos uniformemente sobre toda a rea de interesse.
O Erro Quadrtico Mdio (EQM) corresponde raiz quadrada da soma das
diferenas entre as posies da fotografia e da base cartogrfica elevada ao quadrado,
e calculada automaticamente pelo sistema de informao geogrfica, atravs da
equao 2:

10

EQM = ( X foto X base ) 2 + (Y foto Ybase ) 2

(2)

sendo Xfoto e Yfoto correspondentes s coordenadas da fotografia/imagem, e Xbase e Ybase


correspondente s coordenadas da base cartogrfica, respectivamente.
O EQM gerado pelos PCs (identificado na Figura 4 por Total RMS Error)
deve ser multiplicado por uma constante tabelada (1,7308), a fim de se obter um nvel
de confiana de 95% em relao a posio verdadeira dos pontos na base cartogrfica.
Este erro corrigido ser referido aqui como EQMc. Isso significa que 95% da imagem
retificada ter uma exatido igual ou maior que o EQMc, alm de refletir as incertezas
embutidas no processo fotogramtrico (FGDC-STD, 1998).
O erro adotado para cada mosaico restitudo deve ser referente
fotografia/imagem individual que apresenta o maior EQMc. Como os EQMc de cada
mosaico so independentes, deve-se somar os erros de cada srie temporal para
comparao das linhas de costa. Na comparao da evoluo da LC entre 1957 e
1978, por exemplo, somam-se os erros (EQMc) de 1957 ao de 1978, e no devem ser
consideradas variaes totais menores ou iguais ao valor do EQMc final, pois estes
valores podem estar inseridos na amplitude da incerteza.

2.4

Escolha do Indicador e Extrao da Linha de Costa


A deteco da linha de costa envolve dois estgios: seleo do indicador que

servir como uma melhor aproximao da interface terra/gua, e a deteco desse


indicador na fonte dos dados (fotografias, imagem de satlite, perfil praial). Tanto a
seleo do indicador quanto a deteco do mesmo so potenciais fatores de incertezas
quando se trabalha com estimativas de variao de linhas de costa (Stockdon et al.,
2002).
Dada a complexidade da deteco da LC, associada a certo grau de
subjetividade, a extrao deve ser feita pelo indicador mais discernvel e constante nas
imagens, que no exemplo aqui apresentado foi a mxima linha dgua, observada na
fotografia pela mudana de reflexo do sedimento. A areia seca tem maior
reflectncia que a molhada, o que gera uma diferena na tonalidade da superfcie da
praia (Figura 6).

11

Figura 6: Exemplo de extrao de linha de costa da imagem de satlite


Quickbird de 2005 utilizando a interface areia seca/molhada como indicador.

2.5

Clculo das Taxas de Variao da Linha de Costa


Para o clculo da taxa de variao da linha de costa sugere-se o uso da

ferramenta computacional DSAS 3.2 (Digital Shoreline Analysis System)


desenvolvida para uso na plataforma ArcGis, proposto por Thieler et al. (2005). A
ferramenta gera transectos ortogonais s linhas de costa, com espaamentos prdefinidos pelo usurio, e ento calcula as taxas de variao, que so ento reportadas
em uma tabela de atributos. Essa ferramenta utiliza, entre outros, o mtodo de anlise
EPR (End Point Rate) para calcular a taxa de variao linear entre duas LC, com
espaamentos determinados ao longo da costa.
O princpio do mtodo a obteno da distncia de movimentao da LC entre
dois perodos distintos, e dividi-la pelo tempo transcorrido, fornecendo assim, a taxa
anual de migrao, em metros. A anlise de mltiplas linhas de costa simultaneamente
tambm pode ser realizada. Para descrio detalhada da metodologia e testes
estatsticos envolvidos, consulte o manual do usurio. O download da ferramenta pode
ser realizado atravs do site http://woodshole.er.usgs.gov/project-pages/dsas/ .
12

No exemplo, o arco praial da Enseada do Itapocori foi segmentado em 98


perfis transversais (transectos), numerados do sul para o norte a cada 100m e a partir
destes, foram calculadas as taxas de variao da LC para cada perfil (Figura 7).

Figura 7: Exemplo do procedimento de clculo das taxas de variao da LC


atravs do mtodo EPR. Os pontos amarelos representam as interseces entre as
linhas de costa de 1957 (vermelha) e 2005 (azul). A distncia total (m) entre as linhas,
dividida pelo intervalo de tempo (anos) corresponde taxa de variao (m/ano).

2.6

Validao do Mtodo
Esta etapa se configura de grande importncia, uma vez que o mtodo

apresenta incertezas decorrentes das etapas de pr-processamento, e a validao dos


resultados de extrao da linha de costa pode ser feita pela comparao das taxas
obtidas na anlise de fotografias areas com as taxas calculadas a partir de
monitoramento do perfil topogrfico realizado no mesmo local.
No exemplo aqui apresentado foram utilizados dados de perfil de praia
referentes ao programa de monitoramento topogrfico realizado na regio de estudo,
antes e aps s obras de recomposio da faixa de areia realizadas no ano de 1998
(Araujo, 2008). Estes dados permitiram o clculo das taxas reais de variao da linha
de costa, a partir do trmino das obras at o ano de 2008 (Quadro 1).
13

Quadro 1: Representao da validao do mtodo de extrao da linha de


costa. O procedimento compara as taxas de variao obtidas pela anlise de
fotografias areas com dados de perfis transversais.

No Quadro 1 a coluna da esquerda mostra a variao mdia da linha de costa


entre os anos de 1995 a 2005, obtida pela anlise das fotografias areas atravs da
ferramenta DSAS, e indica que a regio sofreu uma progradao de cerca de +3,8
metros neste perodo. O que acontece na realidade que este valor de progradao
corresponde largura de areia remanescente do total depositado durante a obra de
recomposio realizada em 1998, pois a praia continua em processo erosivo (Araujo,
2008, Klein et al., in press).
A variao mdia da largura, medida com base nos perfis transversais de antes
e depois de aterro (coluna do meio) indica uma taxa de progradao mdia de 31,4
metros, ou seja, em mdia os perfis foram acrescidos em cerca de +31,4m.
Finalmente, a coluna da direita apresenta a taxa real de retrao da linha de costa entre
1999 e 2008, medida atravs do monitoramento topogrfico mensal, e indica que a
diminuio da largura da faixa de areia foi de -28,6 metros em mdia para a regio.
Portanto, ao subtrairmos a taxa de variao calculada pela anlise das fotografias
areas (1995-2005), pela largura mdia de areia adicionada na praia pelo aterro
14

(1998), ou seja, 3,8m 31,4m, chega-se a um valor de retrao de -27,6 metros para a
regio, muito prximo da taxa real medida, que foi de -28,6 metros (Araujo, 2008).

3 CONSIDERAES GERAIS
A metodologia apresentada foi considerada bastante satisfatria como
ferramenta para anlise da variao da linha de costa quando no se tem dados de
campo disponveis para georreferenciamento (isto , dados aquisitados por meio de
DGPS, por exemplo), visto que a comparao entre as taxas obtidas atravs das
fotografias areas foi condizente com as taxas calculadas pelas variaes dos perfis
praiais.
As principais limitaes deste processo esto relacionadas basicamente com a
qualidade dos dados disponveis, como por exemplo, a escala da base cartogrfica e a
resoluo das fotografias areas e imagens de satlite. A utilizao de fotografias
areas analgicas digitalizadas com resoluo inferior 600dpi no aconselhada,
pois a dificuldade na identificao das feies de interesse pode comprometer os
resultados finais.

4 REVISO BIBLIOGRFICA
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