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Especificao de DPS

Como Especificar
Eng. Sergio Roberto Santos
Para especificarmos um Dispositivo de Proteo contra Surtos (DPS) precisamos determinar o seu tipo, a
sua tenso nominal e a sua corrente de impulso, para um DPS tipo I, ou corrente nominal de descarga para os DPS
tipo II.
Os DPS so classificados em tipos I, II ou III, dependendo de qual a sua localizao entre as zonas de proteo
contra raios (ZPR), conforme foi mostrado em outro boletim.
A tenso nominal de um DPS a voltagem para o qual ele foi projetado e que existir entre os terminais do dispositivo quando no existir uma sobretenso transitria na rede. Esta tenso a nominal do sistema, mais uma tolerncia para evitar a atuao do DPS frente a aumentos de tenso considerados admissveis e suportveis pelos equipamentos protegidos.
Existem basicamente trs grandes famlias de DPS, independente do seu tipo. DPS tipo I, II e III podem ser fabricados a partir de centelhadores, varistores, diodos ou uma combinao de dois ou trs destes elementos.
O primeiro passo para especificao de um DPS determinar se a edificao possui um Sistema de Proteo
contra Descargas Atmosfricas (SPDA) externo ou se a rede da concessionria area. Se uma destas duas
condies preenchida deveremos instalar em seu quadro de entrada um DPS tipo I.
Caso no exista um SPDA externo ou a rede da concessionria seja subterrnea, o primeiro DPS, tambm instalado no quadro de entrada, dever ser um DPS tipo II, que proteger as instalaes eltricas contra sobretenses
induzidas ou surtos de manobra criados por variaes bruscas de tenso da prpria rede da concessionria.
A Corrente de impulso depende das caractersticas das descargas atmosfricas esperadas na edificao, e o seu
valor ser funo das caractersticas da localizao, exposio s descargas atmosfricas e dimenses da edificao. Valores estes que podem ser obtidos atravs da norma ABNT NBR5419-2005.
Deve-se estimar tambm a expectativa de vida esperada do DPS, o que depender de qual tecnologia utilizada
pelo fabricante, o que informado aos profissionais atravs do seu numero de atuaes. Para os DPS tipo I os
valores mais utilizados so 50KA (10/350S) *, 33 KA (10/350S) e 25KA (10/350S).
A corrente nominal de descarga tambm deve ser estimada, j que os fatores que determinariam o seu valor so
variveis e de difcil previso. Como orientao, podemos sugerir que em quadros de distribuio de casas, fbricas ou edificaes maiores poderemos utilizar um DPS com corrente nominal de descarga de 20 KA (8/20S) e
corrente mxima de 40KA (/20S) e em apartamentos ou salas comerciais, correntes nominais de descarga de
10KA (8/20S) e corrente mxima de 20KA (8/20S). Os valores de corrente nominal e mxima no so independentes entre si, e o projetista deve ter o cuidado de no especificar DPS com caractersticas incoerentes ou que
no sejam encontrados no mercado.
Um DPS a base de varistores pode conduzir entre 10 e 20 vezes a corrente nominal e uma ou duas vezes a
corrente mxima. Os DPS tipo III, pela sua localizao, s conduziro correntes de baixa amplitude e podero ser
especificados com correntes de 5 a 10 KA (8/20S). Como os DPS tipo III so geralmente fabricados a partir de
diodos semicondutores, s necessrio especificar a corrente nominal de descarga, j que DPS fabricados com
diodos no se degradam com o uso e neste caso as correntes nominais e mximas so iguais.
Os DPS so instalados entre o condutor de fase e o terminal de aterramento da instalao. Por isso a tenso nominal do DPS dever ser a tenso fase-terra do sistema. Para redes 220/127V, DPS 175V, redes 380/220V, DPS
280V e redes 440/254V, DPS 320V.
Os DPS disponveis tm uma tenso mxima de operao acima da tenso nominal da rede, para compensar
sobretenses temporrias existentes em qualquer sistema eltrico. Esta medida impede que um DPS comece a
atuar logo que a tenso apresente pequenas variaes, como por exemplo, elevaes de tenso de 127V para
132V em uma rede de 220/127V.

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Especificao de DPS - Como Especificar


Devemos utilizar tantos plos de um DPS, quanto o numero de fases a proteger e mais um dependendo
da situao do neutro. Um sistema com o neutro aterrado no quadro em que o DPS ser instalado, ter o
numero de plos do DPS igual ao numero de fases do Sistema. Sistemas trifsicos pedem um DPS tripolar,
bifsicos um DPS bipolar e monofsicos um DPS monopolar. Se o neutro e o terra esto isolados no ponto de
instalao do DPS, ser necessrio um DPS adicional para proteger o condutor de neutro durante a ocorrncia do surto de tenso. Desta forma em quadros em que o neutro no estiver aterrado teremos o numero de
plos do DPS igual ao numero de fases do sistema mais um. Em um sistema trifsico um DPS tetrapolar,
bifsico pede um DPS tripolar e monofsico equivale a um DPS bipolar.
Todo DPS deve ser instalado aps um dispositivo de proteo contra sobrecorrentes, disjuntor ou
fusvel, cujo valor da sua corrente determinado pelo fabricante do DPS, variando de modelo para modelo. A
funo deste fusvel ou disjuntor retirar o DPS do circuito caso ele apresente algum defeito e comprometa a
segurana da instalao aonde ele se encontra.
Aps o DPS instalado no quadro de entrada, devemos instalar DPS adicionais nos quadros de distribuio e na alimentao dos equipamentos eletrnicos, como TV, computadores, DVD, etc. Os DPS em uma
mesma instalao devem estar afastados por um comprimento de cabo, determinada pelo fabricante, para
permitir uma coordenao entre eles de tal forma que cada tipo de DPS atue aps a atuao do DPS anterior,
evitando-se assim um desgaste prematuro do DPS de menor tempo de resposta. Esta distncia o comprimento do cabo entre os dois DPS e no a distncia entre os prprios DPS. Um DPS pode estar ao lado de
outro no mesmo painel, desde que o comprimento dos condutores entre eles atenda a distncia de coordenao necessria. Caso no seja possvel atender a esta exigncia, um indutor com caractersticas determinadas
pelo fabricante dos DPS deve ser instalado.
Erros mais comuns na especificao ou instalao de um DPS:
1)No especificar o tipo do DPS.
Errado: DPS 175V - 40 KA / Certo: DPS tipo I 175V - 40KA ou DPS 175V - 40KA (10/350S)
2)Confundir a tenso nominal da rede com a tenso nominal do DPS.
Exemplos para uma rede 220/127V.
Errado: DPS tipo II 220V - 20KA. Certo: DPS tipo II 175V - 20KA ou DPS tipo II para uma rede trifsica
220/127V - 20KA.
3)No informar se a corrente do DPS mxima ou nominal. Para alguns DPS, centelhadores e diodos, estas
correntes so iguais e em outros, varistores, so diferentes.
Exemplo para um projeto que exige um DPS de 20KA nominal e 40 KA
mxima. Errado DPS tipo II 175V; 40KA. Estes 40KA corresponderiam a
corrente nominal do DPS.
Certo DPS tipo II 175V; In = 20KA, Imx = 40KA.
4)Considerar o neutro aterrado em todos os quadros porque o neutro est aterrado no quadro de entrada.
Exemplo para um sistema TNC-S. Q1; DPS tripolar tipo I 280V, In= 25KA, Q21 DPS tripolar tipo II 280V, In =v
20KA.
Correto: Q1; DPS tripolar tipo I 280V, In= 25KA, Q2; DPS tetrapolar tipo II 280V, In = 20KA.
5)Interligar o DPS a barra de aterramento atravs de um cabo no retilneo ou com comprimento excessivo.
Correto utilizar um percurso o mais curto possvel, no mximo 0,5 metros, e retilneo.
* redundante informar que um DPS do Tipo I e a forma de onda da corrente 10/350S. Da mesma forma
um DPS tipo II ou III tem necessariamente a forma de onda 8/20S.
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Glossrio
Capacidade de curto-circuito - DPS devem conduzir correntes de curto-circuito at que elas sejam interrompidas pelo prprio DPS
ou por um dispositivo de proteo contra sobre correntes interno ou externo.
Corrente de Impulso (Iimp) - Uma corrente padronizada na forma de onda 10/350S, referente a um impulso de corrente. Seus
parmetros so:
-Valor de pico;
- Carga;
- Energia especifica.
Ela simula o Stress causado pela corrente do prprio raio. DPS tipo I devem ter a capacidade de desviar estas correntes inmeras
vezes sem se destruir.
Corrente de seguimento (If) A corrente de seguimento a corrente conduzida atravs do DPS apos uma descarga, cuja fonte
a rede eltrica ao qual o DPS esta conectado. A corrente de seguimento diferente da corrente nominal do sistema e depende das
impedncias existentes no circuito. A corrente de seguimento diferente da corrente nominal do sistema e depende das impedncias existentes no circuito.
Corrente nominal de descarga (In) Valos de pico da corrente conduzida atravs de um DPS com a forma de onda 8/20S. Ela
usada para ensaio dos DPS tipo II e III.
DPS tipo I - DPS cujo projeto o possibilita a desviar correntes de impulso causadas por descargas atmosfricas diretas na instalao.
DPS tipo II - DPS cujo projeto o possibilita a desviar correntes de surto causadas por descargas atmosfricas indiretas ou surtos de
manobra.
DPS tipo III - DPS cujo projeto o possibilita a desviar correntes de surto causadas por eventos internos a instalao, incluindo a
atuao de DPS tipo I e II.
Ligao equipotencial Uma conexo eltrica de baixa impedncia que une partes metlicas de uma instalao, incluindo
condutores externos edificao, eliminando ou reduzindo a diferena de potencial entre elas.
Ligao equipotencial para proteo contra descargas atmosfricas Medida essencial para minimizar os perigos de fogo e
exploso em cmodos ou edifcios a serem protegidos. Esta ligao obtida atravs de condutores de equipotencializao ou DPS
que so conectados ao SPDA externo da edificao, unindo o SPDA, a estrutura metlica do prdio ou cmodo e os condutores de
energia ou sinal que entram ou saem da edificao.
Nvel de proteo (Vp) O mais alto valor de tenso atingido nos terminais de um DPS antes que ele atue.
Tempo de resposta (Tr) - O tempo de resposta caracteriza o tempo necessrio para o elemento de proteo usado no DPS
comear a atuar. O tempo de resposta pode variar dentro de certos limites dependendo da inclinao da funo du/dt do surto de
tenso ou di/dt do surto de corrente.
Tenso Nominal (Vn) - A tenso nominal a voltagem para qual um dispositivo projetado. Ela pode ser a tenso DC ou o valor
RMS de uma tenso alternada senoidal.
Tenso residual (Vr) - O valor de pico da tenso residual que aparece nos terminais do DPS durante a conduo da corrente de
surto.
Zona de proteo contra raios (ZPR) - O termo zona de proteo contra raios refere-se aquelas reas na qual o ambiente eletromagntico causado pelo raio pode ser definido e controlado.
Referncias:
[1] NBR 5410-2004 Instalaes eltricas de baixa tenso; ABNT, Associao Brasileira de Normas Tcnicas.
[2] NBR 5419- 2005 Proteo de estruturas contra descargas atmosfricas; ABNT, Associao Brasileira de Normas Tcnicas.
[3] NBR IEC 61643-1:2007 Dispositivos de proteo contra surtos em baixa tenso; Parte 1: Dispositivos de proteo conectados
a sistemas de distribuio de energia de baixa tenso; ABNT, Associao Brasileira de Normas Tcnicas.
[4] Santos, S.R.S. Instalao de dispositivos de proteo contra surtos. Principais aspectos para assegurar seu correto funcionamento; Revista Lumire, 2005, So Paulo, Brasil.
[5] Santos, S.R.S. Os dispositivos de proteo contra surtos; Portal Abracopel, www.abracopel.org.br.
[6] Santos, S.R.S. Zonas de Proteo contra Raios; Portal Abracopel, www.abracopel.org.br
[7] TBS, Sistemas de Proteo contra transientes e descargas atmosfricas; OBO Bettermann.

Esta serie de artigos procurou cobrir os principais aspectos tericos e prticos relacionados aos dispositivos de proteo contra
surtos.

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