BRANDAO Roberto de Oliveira Elementos de Metodologia em Nivel de Pos Graduacao Area de Letras
BRANDAO Roberto de Oliveira Elementos de Metodologia em Nivel de Pos Graduacao Area de Letras
BRANDAO Roberto de Oliveira Elementos de Metodologia em Nivel de Pos Graduacao Area de Letras
ITjJ
USP - UNIVERSIDADE
DE sAo PAULO
Reitor:
Pror. Dr. ]acques l\.larcovitch
Vice-Reitor:
ProL Dr. AJolpho Jose Melfi
li
"')
FFlCHIU$P
FFLCH - FACULDADE
LETRAS E CIENCIAS
DE FILOSOFIA,
HUMANAS
DirelOr:
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J3 Silva Queiro:
~~
FFLCH/USP
CONSELHO
EDITORIAL
ASSESSOR
DA HUMANITAS
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(Filosofia)
{Filosofia}
MOllf<J
DEPARTAMENTO
DE LETRAS
CLAsSICAS
Chefe:
Suplente:
COhllssAo
E VERNAcULAS
Elementos de Metodologia
Abdala ]unior
de Paula do Amara! Dick
(""3
DE PS.GRADUAAo
Em nvel de Ps-Graduao
rea de Letras
de ECLLP)
Coordenador:
Vice-coordenadora:
Vendas
Ll\'HI\H!i\
Hl),~!A"JT ..\sDI.~Ct,'R.~l)
- So
JJ
') -
Ciclo
Universitria
PiJUlo - SP - Bril.~i1
H\ ..~!:\t'JT:\SDj:';THlHl;IC.\O
Rua do La~o, 7 7 - Cid. Universitria
J
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it<lS
FFLCH/USP
ECLLP
2001
Humanitas
- FFLCH/USP
- setembro/2001
UNIVERSIDADE
DE SO PAULO
Sumrio
Apresentao
B817
'"
O que a ps-graduao
09
Distines
11
Convergncias
Atividades
46 p.
ISBN 85-7506-040-6
I. Metodologia de pesquisa 2. Estrutura de trabalhos cientficos 3. Ensino de ps-graduao I. Ttulo
07
Organizao
entre mestrado
e doutorado
de leitura
13
15
das leituras
19
21
25
27
Linguagens
e funes da redao
29
Perspectivas
33
CDD 001.42
Algumas observaes
37
Elementos
41
Organizao
e-mail: [email protected]
T elefax: 38184593
Editor Responsvel
Editorial e Capa
Ktia Rocini
35
Citaes e referncias
de linguagem crtica
Normas gramaticais
HUMANITAS
FFLCH/USP
prticas e teis
e coerncia do texto
dos captulos
43
45
Elementos de metodologio
o que a ps-graduao
Como toda palavra que ostenta o prefixo "ps" (ou "pr"), tambm
o termo "ps-graduao" vago e impreciso. Ancorada nas noes de
tempo (ps) e de lugar de partida (graduao), seu surgimento atendeu,
por um lado, necessidade de superar insuficincias que iam sendo percebidas na chamada "graduao" dos cursos universitrios. tendncia,
natural em todos os campos do saber que a ampliao e diversificao dose;
objetos do conhecimento dem origem setorizao dos domnios cientficos. Por outro lado, com a ps-graduao buscava-se formar os quadros
do prprio magistrio universitrio, possibilitando um ensino mais aprofundado em que se acrescentava a atividade de pesquisa como forma de
garantir no apenas a qualidade do ensino, ajustando-o s novas exigncias da realidade, mas tambm a abertura para outras reas de interesse e
aplicao do saber. No primeiro momento, entretanto, seu surgimento
representou mais um sentimento de que algo j no satisfazia e precisava
mudar, ocorrncia, alis, que tem acompanhado de longa data o processo
de desmembramento das chamadas "cincias" de seus estgios anteriores,
muitas vezes desqualificados pelos cientistas como "mitologia", por sua
tendncia de tratar os problemas de forma sincrtica e metafrica, sem
discriminar seus limites, sua especificidade e autonomia, traos exigidos
pelo avano e complexidade das novas forma de saber.
No incio, o propsito ainda impreciso de "ir alm da graduao"
recebeu vrios nomes: "extenso", "especializao", "aperfeioamento", e
outros, procurando, no prprio nome, dar uma idia de sua aplicao.
Posteriormente, l pelos anos 60, algumas instituies universitrias passaram a adotar o ttulo "Ps-Graduao" I nas duas modalidades: mestrado e doutorado.
Hoje, com algumas diferenas, a ps-graduao em Letras compre~ende basicamente atividades conjuntas de cursos, pesquisas, leituras e
9
de metodologia
10
II
Elementos de metodologio
em princpio,
ou menor experincia
que o momento
durante
e mestra-
com nitidez.
sero determinadas
basicamente
pela maior
as atividades
obtidas
transformando-as
em
idias, anlises e propostas crticas ou tericas. Por outro lado, nem sempre esgotamos inteiramente
plo, fase de
pode sugerir
ou a tese que
contida num
desautorizar
ou exigir reformulao
de
final do orientando,
13
Elementos de metodologia
Atividades de leitura
Idenrificada uma obra como importante para a pesquisa, devemos
l-Ia com bastante ateno, buscando sempre ter uma idia clara de sua
contribuio para o nosso trabalho. Quando percebemos que um tpico
toca em aspectos do projeto, podemos transcrev-Io, dando-lhe um ttulo
significativol (arquivo de pesquisa), descrevendo, em nota, sua relao
com o trabalho que estamos realizando. Essa nota precisa ser elaborada'
com cuidado para que possamos us-Ia depois. O fragmento transcrito
deve estar entre aspas, com indicao de fonte (autor, obra, pgina) e ser
de fcil localizao. Arquivos displicentes, textos sem indicao de assunto e fonte, guardados em lugares diversos, sem nenhuma organizao, em
geral levam a perder ou descaracterizar
realizamos no momento de leitura.
O cuidado na elaborao
das informaes
que
tante por dois motivos bsicos: primeiramente, porque oferece oportunidade para que o pesquisador reflita sobre o material coletado; posteriormente, como j foi lembrado h pouco, se organizados adequadamente,
os textos recolhidos,
acompanhados
das observaes
ajustes.
daquelas
direta-
mente ligadas ao objeto de nossa pesquisa, deve ser feita o mais integralmente possvel, sem grandes interrupes.
de compreender
sua atmosfera
tendncia
Esse ttulo pode lembrar o aspecto tratado no texto transcrito ou aquele que interessa ao tema da pesquisa. Ser bom se as duas coisas puderem ser conjugadas,
15
Elementos
Em geral, ao lermos uma obra em funo de um trabalho acadmico ou a situamos como expresso de um saber atualmente
aceito ou como
de metodologia
da" ou "anacrnica". Para chegarmos a tal opinio ser preciso ter conhecimento de causa, fundamentando
a aprovao ou a recusa de uma obra
com as causas que a motivaram, para que no exijamos de um autor uma
perspectiva que sua poca ainda no tinha elaborado j que eram outras
as condies do pensamento e da reflexo sobre determinado assunto.
Por outro lado, sabemos que as teorias tm sempre um vis histrico que as aproxima (ou afasta) de outras posies tericas, sejam passadas
ou contemporneas,
dialogando ou polemizando com elas, ou mesmo retomando-as
contempor-
16
17
Elementos de metodologio
material a ser analisado seja como suporte terico ou crtico cujas perspectivas fundamentam nossa leitura e interpretao. Outras obras, embora mais distantes de nosso trabalho,
oferecem um horizonte de contraste
que s a dinmica
podem determinar
das leituras e
o estatuto de
em
19
v desenvolvendo
seus pr-
Elementosde metodologia
seja como; a)
categorias
de
validade geral; b) implicaes histricas, reunindo ou comparando tendncias e autores necessrios compreenso do tema ou aspecto em estudo;
c) o corpus, isto , os textos, a obra ou obras que constituiro o material a
ser analisado.
Alm desses itens formados por grupos de obras, podemos pensar
em outros critrios que organizem as informaes a partir de tpicos decorrentes dos objetivos da pesquisa: temtico, formal, lingstica, esttico,
esses aspectos podem no constituir a mathistrico etc.4 Naturalmente,
ria exclusiva desta ou daquela obra, mas cor responder a contedos parciais que o pesquisador
corpo de seu texto.
encontrar
no
21
da pesquisa
Dela depende,
muitas ve-
Consideradas
critrio aglutinador
a) apresentem
um quadro
histrico-crtico
relativo personagem
elementos
de aventura,
construtivos
temticos
picaresco,
utilizados
ou formais
psicolgico,
para configurar
no enredo etc.
do-a com o quadro histrico apresentado no incio, aproximando-a ou afastando-a dos modelos historicamente estabelecidos a
partir de sua natureza,
mostrando
es da personagem
etc.;
e as fun-
moderna.
bom ressaltar que tais indicaes precisam ser ajustadas (ampliadas, reduzidas ou modificadas) a cada pesquisa ou projeto, e que seus
itens devem manter uma relao de complementaridade,
no caso aludido
acima, por exemplo, partindo de uma reflexo sobre a personagem num
determinado
ser dis-
tribudos, respectivamente, pelos captulos da dissertao ou tese. De qualquer maneira, ser importante fazer referncia na apresentao do trabalho, justificando-se a escolha.
23
Elementos de metodologia
,
~
praxe na pesquisa acadmica que o trabalho de coleta e organizao dos dados relativos obra ou ao tema em estudo seja acompanhado
de comentrios e reflexes basicamente em dois nveis.
No primeiro, que em certos aspectos se confunde com o prprio
trabalho de coleta dos dados, compreende o levantamento das anlises j
existentes sobre o assunto, a partir das quais o pesquisador vai realizar
suas prprias reflexes. Em relao a esse referencial terico-crtico, devemos lembrar que ele deve ser o mais amplo possvel e pertinente ao assunto, respeitando-se as condies histricas, cientficas e culturais em que
foi produzido, isto , seus conceitos, seu vocabulrio tcnico, suas aplicaes especficas e as correlaes que esses elementos mantm com o quadro terico do mesmo perodo ou de outros perodos, especialmente no
caso em que o autor estudado faz um retrospecto crtico do tratamento
dispensado ao tema no passado.5
Nessa fase, pode-se dizer que o pesquisador mobiliza mais sua capacidade de compreenso e organizao das informaes disponveis sobre
determinado
assunto do que exerce sua prpria atividade reflexiva. A
escolha das bases tericas que sero utilizadas para a anlise do corpus,
especialmente quando este ainda no foi estudado, to importante quanto
a prpria atividade reflexiva sobre ele. Delas depende no apenas a possibilidade de insero do corpus numa cadeia terica, crtica ou histrica,
mas a prpria caracterizao das pesquisas e reflexes em curso como
originais e inovadoras.
Podemos imaginar trs situaes extremas: na primeira, teoria e carpas so retomados pelo pesquisador. Nesse caso. sua tarefa ser aprofundar e alargar as concluses
j obtidas. Na segunda, uma teoria aplicada a um carjJas ainda no estudado. Na
terceira, o estudo de um carpas nOvo exige a produo de bases tericas tambm
novas. Todo pesquisador dever ter conscincia do lugar ocupado por sua pesquisa
nessa escala, embora, na prtica, tais situaes sejam impensveis em estado puro.
25
Elementos de metodologia
das contribuies
tericas ante-
observando
realizam o mesmo
ao texto concludo
tem sua
nem a
26
no magistrio e na orientao
de novos ps-graduandos
27
Elementos de metodologia
o termo
tericos, seu
etc. Devemos
de um tema ou problema,
a exposi-
ao pesquisador para "expor" teorias, quadros histricos ou estticos, procedimentos lingsticas ou criativos etc., isto , aqueles elementos que ele
toma emprestados
Elementos de metodologia
tambm a linguagem
Uma linguagem
crtica
el
aps
de outro patamar
a retificao
terico, a recontex-
contri-
campo do saber,
Pode-se dizer que grande parte da contribuio original do pesquisador consiste exatamente na percepo de interaes pertinentes, mas
no detectadas antes dele. A esse respeito, podemos lembrar a classificao dos escritores proposta por Ezra Pound em: "inventores, mestres, diluidores, bons escritores sem qualidades salientes, beletristas e lanadores
de moda", conforme sua funo na produo e difuso da literatura.7
Ver: POUND, Ezra. Abc da literatura. Organizao e apresentao de Augusto de
Campos. Traduo de Augusto de Campos e Jos Paulo Paes. So Paulo, Cultrix,
1970, p. 42.
30
Elementos de metodologlo
adequao
e har-
aca-
do pesquisador
transparece desde a escolha de seu
e anlises que faz sobre o material estudado,
corpus at os comentrios
e estabelece relaes
do material
de
esforo de
34
3S
Elementosde metodologlo
Citaes e referncias
Um dos traos mais caractersticos
do trabalho
acadmico
ca de fundamentao
dor. Da a constante
a bus-
pelo pesquisa-
e as de outros autores
cujos textos (tericos ou criativos) servem para dar-lhe respaldo por serem
reconhecidos
e conceituados
individual
de
37
Elementos de metodologia
Roberto de Oliveira8rando
b) se um falante diz "eu", a referncia do pesquisador deve transformar (ou traduzir) esse pronome em primeira pessoa para "ele",
"o autor", "seu nome prprio", "a personagem" ou outra forma,
conforme parea mais adequada a quem faz a referncia.
c) se algum diz "aqui" (ou expresso equivalente), a reproduo
posterior operada no discurso do pesquisador deve transformar
tal referncia em "l" ou "nome do lugar" etc.
d) se um autor "a" fazuma formulao e, a partir dela, o pesquisador
"p" emite sua prpria opinio, a referncia do pesquisador deve
assumir, aproximadamente, a seguinte formulao: "Levando-se
em conta o que afirma 'a', podemos dizer (ou propor) que..."
10
11
Observa-se, portanto, que o ajuste retrico e conceirual exige do pesquisador o domnio histrico referente aos conceitos de que trata.
Convm, sempre que possvel, que as citaes sejam feitas a partir do original (fonte
prmria).
39
Elementos de metodologio
41
Elementos de metodologia
to.
d) o caso de partes muito extensas que tratam de aspectos diversos e que ficariam mais compreensveis se fossem divididas em
partes menores, com ttulos e subttulos como meios de ordenar
e distinguir os vrios enfoques do tema ou do material em estu-
do.
43
Elementos de metodologio
importante
limites tem-
da
Primeiro captulo: em geral contm uma exposio dos pressupostos tericos e crticos que serviro de base anlise dos textos, procurando-se comentar e/ou detalhar seus aspectos mais importantes, alm de
justific-Ios como adequados ao corpus escolhido. Obras utilizadas como
apoio terico podem ser referidas, citadas e analisadas, mostrando-se, com
isso, no apenas conhecimento do repertrio terico, mas tambm domnio no seu emprego na anlise de determinado corpus.
Segundo captulo: poder ser formado por uma exposio do corpus
(obra ou obras) do autor a ser estudado, situando-o histrica e esteticamente no perodo em que escreveu, no grupo e na tendncia esttica a
que pertence, o lugar ocupado pelo autor no grupo - se foi iniciador, mais
importante
do grupo, to importante
exposio dever ser mais abrangente possvel, mesmo que algumas das
produes do autor no constituam o objeto central da anlise. Tais informaes resultaro, naturalmente,
no apenas das pesquisas realizadas pelo estudioso, mas tambm da fortuna crtica do autor ou da obra,
isto , das opinies emitidas pela crtica, que o pesquisador dever integrar adequadamente
em seu prprio discurso, concordando
ou polemi45
zando com elas, sem esquecer de indicar as razes para uma ou outra
posio.
Terceiro captulo: estudo detalhado do aspecto central da proposta de dissertao ou de tese, fazendo confluir a descrio dos procedimentos criativos e dos temas bem como sua anlise minuciosa a partir da(s)
perspectiva(s) terica(s) escolhida(s). Ressalte-se que a relao entre o
material estudado e as teorias que fornecem os esquemas e critrios de
anlise precisa passar pelo crivo pessoal do pesquisador, que ser responsvel pela sua adequao e pertinncia. Cuidado especial dever ser tomadu para que no se confunda "anlise" com "parfrase" referentes aos
textos do corpus. Embora esta ltima seja til, e muitas vezes necessria
para marcar um aspecto da obra em estudo, s a anlise poder dar conta
das relaes entre o texto criativo e o substrato terico ou crtico que
"explicam" o funcionamento de sua estrutura.
Concluso: lugar onde o pesquisador emitir suas opinies sobre
a(s) obra(s) analisada(s), a partir dos elementos apresentados nas partes
anteriores, estabelecendo relaes e acrescentando aspectos apenas aludidos antes ou pouco explorados, mas que o pesquisador julga necessrios
compreenso das obras e da anlise feita.
Essas indicaes sobre a distribuio das partes da dissertao ou
da tese tm apenas a finalidade de oferecer uma idia de como organizar
os vrios aspectos do tema, mas pode apresentar outras configuraes
(tanto no nmero dos captulos quanto nos elementos que o compem),
de acordo com as opes pessoais do pesquisador. Ser sempre necessrio,
entretanto, que haja uma relao harmoniosa entre as diversas partes,
para que nem a obra analisada seja mero pretexto para a exposio da
teoria nem esta funcione como camisa de fora impedindo a compreenso
dos aspectos originais e complexos da obra.
Ficha Tcnica
Divulgao
Humanitas
Livraria
Mancha
11,5 x [9 cm
Formato
[6 x 22 cm
Tipologia
Papel
Goudy
Old Style
Off-set 75 g/m2
e verg diamante
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Impresso e acabamento
Charles
Tiragem
46
(miolo)
180 g/m2 (capa)
de Oliveira/Marcelo
Grfica FFLCH/USP
Nmero de jJginas 48
500
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Domingues