Terapia de Grupo
Terapia de Grupo
Terapia de Grupo
ARTIGO
RESUMO
Este trabalho consiste na reviso bibliogrfica acerca do atendimento de grupo
e as relaes estabelecidas entre os seus membros. Visando este objetivo, a
pesquisa foi estruturada de maneira a explorar, primeiro, o conceito de grupo e
suas diversas leituras atravs das lentes da Teoria de Campo, da Teoria
Organsmica e da Fenomenologia, enfocando os pontos nas quais essas
teorias aproximam-se dos pressupostos da abordagem da Gestalt-Terapia. Em
um segundo momento, a proposta foi revisar como um indivduo estabelece
relaes com outras pessoas e com o meio em que vive, e os mecanismos que
pode desenvolver. A partir da, foi visto como os membros de um grupo
teraputico interagem entre si e as mudanas que acontecem nessas relaes,
que possibilitam o trabalho teraputico em grupo. Em seqncia,
apresentado um relato de atendimento de grupo, com a finalidade de expor
como na prtica possvel observar algumas mudanas nos relacionamentos
entre os membros do grupo, com o passar do tempo. Esse estudo visa uma
reflexo sobre o atendimento em grupo e alguns dos benefcios que o cliente
pode ter a partir dessa modalidade de atendimento.
Palavra-chave: Contato; Gestalt-Terapia; Psicoterapia de Grupo.
ABSTRACT
This work consists on a biography review of group psychotherapy and the
relations established between the members. With this in mind, the research was
structured in a way to explore, at first, the concept of group and the various
readings, throw the eyes of Field Theory, Organismic Theory and
Phenomenology, focusing the on the point in which these theories approach the
perspective of Gestalt-Therapy. In a second moment, the purpose was to
review how an individual establishes relationships with other people and with
the world he lives in, as well as the mechanisms he can develop. From that
point on, it was seen how psychotherapy group members interact with each
other and the changes that occur in these relations that allows group therapy.
Later on, a report of a group psychotherapy is shown with the objective of
showing how, during the practice, it is possible to observe some changes in the
relationships between members of the group as time passes. This study tries to
lead to a reflection about group psychotherapy and the benefits that the client
can obtain with this modality of therapy.
Keywords: Contact: Gestalt-Therapy; Group Psychotherapy.
Introduo
O ser humano um ser social e est inserido em um grupo desde seu
nascimento: a famlia. Com o passar do tempo, vai sendo inserido em outros
grupos (a escola, a vizinhana, etc) nos quais vai convivendo e aprendendo,
formando seus conceitos, seus valores e construindo sua personalidade.
Nessas relaes, que a pessoa vai estabelecendo, ao longo de sua vida, ela
vai elaborando diferentes formas de colocar-se no mundo, de entrar em contato
com ela mesma e com outras pessoas. Contudo, no decorrer dos anos, a
criana, to espontnea e criativa, cede lugar a um adulto rgido, com maneiras
de relacionamentos engessados no qual a novidade parece no ter espao e
nem o encantamento da infncia. nesse cenrio que chega a maioria dos
clientes para atendimento. Muitos, por pr-conceito e/ou por falta de
conhecimento sobre a psicoterapia em grupo, optam pela terapia individual,
quando a primeira modalidade, pode ser at mais indicada em determinados
casos.
um fato, que o ser humano um ser social, que est inserido em um grupo
desde o seu nascimento at os seus ltimos suspiros. Sendo assim, se o
homem adoece, ele adoece em grupo, no contato com outras pessoas e nas
relaes, e ento, por que no utilizar essa modalidade de terapia como
curadora? Por que no fazer o caminho inverso que o levou a doena?
Se o homem encontra-se em um estado no-saudvel, originado nas relaes
com outras pessoas, ento, ser que se ele for capaz de estabelecer novas
maneiras, mais saudveis, de fazer contato, no ser esse um caminho do
restabelecimento da sade?
O grupo teraputico rene pessoas diferentes cada um com o seu jeito prprio
com seus potenciais e suas limitaes, facilidades e dificuldades. Pouco a
pouco, medida que o grupo vai acontecendo, as formas peculiares dos
membros de interagir com o mundo vo sendo reveladas.
Vale ressaltar que as devolues vo ocorrendo de forma progressiva durante
o andamento do grupo. Como a maioria dos relacionamentos, o grupo
teraputico inicia com um contato mais superficial que, com o passar do tempo,
vai se aprofundando e permitindo trocas mais freqentes e mais intensas.
Este estudo, desde sua introduo, visa refletir sobre a psicoterapia de grupo,
focando principalmente, algumas das propriedades desenvolvidas pelas
relaes estabelecidas entre os seus membros, que promovem o carter
teraputico a esse tipo de atendimento. O objetivo no de fornecer respostas
prontas e fechadas e sim poder pensar sobre ingredientes que temperam essa
modalidade de atendimento e como seus membros podem ser beneficiados.
Definindo grupo
A Gestalt-Terapia e Psicoterapia de grupo:
Por ser a Gestalt-Terapia uma abordagem que sofreu influncia
de diversas teorias, entre elas a teoria organsmica, a teoria de
campo, a fenomenologia e o existencialismo, busca diferentes
maneiras de definir o homem e o meio no qual ele est inserido.
A Gestalt-Terapia uma sntese coerente de vrias correntes
filosficas, metodolgicas e teraputicas, formando uma
verdadeira filosofia existencial, uma forma particular de conceber
as relaes do ser vivo com o mundo (FERRAZ, 2007, p.131).
A Gestalt-Terapia constitui-se em uma abordagem relacional, onde o contato
segundo Cardoso (2007a) matria-prima da relao humana (p. 20). Sendo
assim, a psicoterapia de grupo, bem sustentada por seus pressupostos e
vem sendo, cada vez mais, utilizada como instrumento por terapeutas que se
apiam teoricamente nessa abordagem.
Segundo Borris (2007), ela comeou com a proposta de terapia individual e s
posteriormente que estendeu seus conhecimentos para aplicao em grupos
e apresenta a importncia desse tipo de atendimento.
Sem dvida, o grupo como comunidades de aprendizagem
cooperativa no so uma panacia para todos os males.
Entretanto, so uma forma efetiva de atuao para psiclogos,
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Esse exemplo mostra bem essa viso separada que muitas pessoas costumam
apresentar, esquecendo que os rins fazem parte do seu corpo, de uma
unidade maior e que se eles no esto funcionando bem, sinal de que o
organismo est debilitado.
Um outro exemplo que pode ajudar a clarificar ainda mais a idia de totalidade
a de um conjunto de engrenagens funcionando juntas. Caso uma dessas
engrenagens comece a no ter um encaixe perfeito, todo o conjunto ter o seu
trabalho comprometido. Da mesma maneira, que se mudar a velocidade de
apenas uma engrenagem de um conjunto que est funcionando de forma
harmoniosa, para que essa harmonia continue, faz-se necessria a mudana
de velocidade de todas as demais engrenagens.
Segundo Ribeiro (1994e) apud Goldstein o organismo possui uma sabedoria
prpria e sua tendncia auto-regular-se se baseando em dois princpios
bsicos: Goldstein afirma que o organismo se organiza em funo de dois
princpios bsicos, o de satisfazer suas necessidades por falta e o de crescer,
buscando sua nutrio de uma maneira organizada interna e externamente (p.
72).
O organismo motivado pelo seu impulso de auto-regulao e s ele capaz
de saber quais so suas reais necessidades e qual a melhor forma de
satisfazer-se. Essa caracterstica chamada de sabedoria organsmica e de
fundamental importncia para a organizao do organismo enquanto sistema.
A doena surge quando o organismo no est em equilbrio, havendo uma
necessidade de auto-regular-se para restabelecer o equilbrio e
conseqentemente, o estado saudvel.
Ribeiro (1994f) compara o grupo a um organismo na seguinte colocao:
Transportando esse conceito para o grupo, diremos que, sendo o grupo um
corpo, tambm ele deve ser visto como um todo, como algo que age como um
todo e deve ser tratado como um todo (p.71).
Para o autor, por essa possibilidade de ver o grupo como um todo, possvel
trat-lo como um organismo, que apresenta as mesmas caractersticas de
qualquer outro organismo, como j foi mencionado acima. Pode-se dizer que o
grupo vai buscar sua totalidade e sua auto-regulao.
Neste primeiro captulo, foram apresentadas algumas teorias que abordam o
conceito de grupo, com a finalidade de expor olhares diferentes acerca deste.
No prximo captulo ser exposta a definio de contato e como ele
estabelecido entre os seres humanos.
Entrando em contato
Foi apresentado, no captulo anterior, que o ser humano um ser social
estando inserido em diversos grupos alm da sociedade, que abrange os
demais grupos. Dessa forma, o ser humano est, constantemente, fazendo
contato com outras pessoas, relacionando-se nos diversos meios em que
freqenta. Contudo, cada um possui uma maneira peculiar de fazer contato de
acordo com as suas caractersticas pessoais. Algumas pessoas apresentam
uma facilidade em se expor, em colocar seu ponto de vista, ao passo que
outras encontram maior dificuldade em dar sua opinio. No h uma maneira
certa ou errada de se relacionar, cada um apresenta um jeito nico e prprio de
colocar-se no meio.
Entretanto, h formas mais saudveis e outras menos saudveis de se fazer
contato com outras pessoas e com o ambiente.
Antes de continuar falando sobre contato, preciso falar de awareness e do
que este conceito vem a ser. Esses dois termos esto intimamente ligados e
muitos autores usam um para explicar o outro como, por exemplo, Perls,
Hefferline e Goodman (1997a) que dizem que o contato awareness da
novidade. Com o objetivo de tornar a leitura mais clara, feita a seguir, uma
breve apresentao do conceito de awareness.
O conceito de awareness
Esse termo vem da lngua inglesa derivada da palavra aware, cuja traduo
literal estar atento, vigilante, consciente. Entretanto, a palavra awareness
no apresenta uma traduo literal, o que segundo Cardoso (2007c), foi a
razo pela qual os tericos mantiveram o termo em ingls. Na literatura da
Gestalt-Terapia encontram-se diferentes maneiras de explicar este conceito,
entretanto, apenas duas formas foram selecionadas para serem apresentadas
nesse trabalho, j que a proposta no esgotar as possveis maneiras de
definir este conceito e sim expor para o leitor do que se trata este conceito.
Perls, Hefferline e Goodman (1997b) apresentam a seguinte definio para o
conceito de awareness:
A awareness caracteriza-se pelo contato, pelo sentir
(sensao/percepo), pelo excitamento e pela formao de
gestalten. [...] O contato, como tal, possvel sem awareness,
mas para a awareness o contato indispensvel. [...] o sentir
determina a natureza da awareness, quer ela seja distante (p.ex.,
acstica), prxima (p. ex., ttil) ou dentro da pele (proprioceptiva).
Na ltima expresso est includa a percepo de nossos sonhos
e pensamentos. Excitamento parece ser lingisticamente um bom
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Mecanismos Neurticos
Segundo Perls (1988a), cada homem nasce com um senso de equilbrio, de
auto-regulao e procura, dentro do possvel, satisfazer suas necessidades
para que este equilbrio mantenha-se constantemente. Contudo, quando o
indivduo no capaz de distinguir quais so as suas reais necessidades e
nem quais so as necessidades do meio, na busca de seu equilbrio, acaba
permitindo que a sociedade influencie-o mais e mais nas suas decises, e esse
indivduo, o autor chama de neurtico.
Todos os distrbios neurticos surgem da incapacidade do
indivduo encontrar e manter o equilbrio adequado entre ele e o
resto do mundo e todos tm em comum o fato de que na neurose
o social e os limites do meio sejam sentidos como se estendendo
demais sobre o indivduo (p.45).
Para Perls, Hefferline e Goodman (1997g), os comportamentos neurticos so
ajustamentos criativos de um campo onde h represso (p. 248).
Perls (1988b) fala de quatro mecanismos neurticos que apesar de serem
diferentes uns dos outros, atuam em conjunto. So eles: introjeo, projeo,
confluncia e retroflexo. Outros autores, como por exemplo Polster (2001g),
tambm falam desses mecanismos.
A introjeo ocorre quando a pessoa recebe a novidade e a absorve por inteira,
sem questionar, sem criticar, sem processar o que est sendo incorporado. A
pessoa fica com uma idia pronta que veio do meio, no investindo energia na
sua transformao. O indivduo tende a fazer-se responsvel pelo que no
dele e sim do meio.
A introjeo, pois o mecanismo neurtico pelo qual
incorporamos em ns mesmos normas, atitudes, modos de agir e
pensar, que no so verdadeiramente nossos. Na introjeo
colocamos a barreira entre ns e o resto do mundo to dentro de
ns mesmos que pouco sobra de ns (PERLS, 1988c, p.48).
A projeo o contrrio da introjeo. A pessoa coloca o que de fato seu
como se fosse de responsabilidade do meio. A barreira entre a pessoa e o
meio, fica, exageradamente, ao seu favor, sendo possvel, negar todas as
caractersticas que desagradam. A projeo pode acontecer, tambm, com
partes do prprio indivduo e com os seus prprios impulsos, medida, que o
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invs de buscar criar uma nova composio, o msico restringe-se a tocar uma
nica msica, que depois de ser tocada repetidamente, no mais original e
sim cpia da cpia.
O mesmo continua dizendo, que alguma insatisfao em suas vidas, que fez
os clientes procurarem terapia, e talvez, eles estejam cansados de tocar a
mesma msica. Entretanto, pela msica ser to familiar, eles podem no
perceber que eles so responsveis na sua criao. Assim, o que acontece
que muitas pessoas acabam no conseguindo enxergar as suas dificuldades
como suas e acabam atribuindo essa responsabilidade aos outros.
De acordo com Harris (2002b), quando uma pessoa entra em um grupo, ela
entra como um indivduo que escolhe, ativamente, em qual meio entra, e
depois tenta transform-lo no que ela realmente deseja. A forma de realizar
esta ao tem a ver com o que est em foco e que trazido para awareness
de cada um. A terapia de grupo tem como objetivo explorar a forma que cada
um se coloca no mundo, tornando-os mais conscientes de suas sensaes e
comportamentos momento a momento. Com isso, a pessoa assume a
responsabilidade de escolher o que ela quer ser e como quer reagir no grupo (e
no mundo) o que tende a gerar mudana de comportamento.
Retomando os mecanismos neurticos, apresentados anteriormente, cada um
chega no grupo com a sua forma de funcionar e de estar no mundo,
introjetando, projetando, confluindo, retrofletindo ou defletindo. Na terapia, o
objetivo fazer com que o cliente perceba esse seu funcionamento e que ele
possa encontrar uma melhor forma de interagir.
Na terapia temos, ento, que restabelecer a capacidade do neurtico de
discriminar. [...] Temos que ajud-lo a encontrar o prprio limite entre ele e o
resto do mundo (PERLS, 1988f, p. 56).
Na terapia, o cliente percebe que responsvel por suas escolhas, desde as
menores at as de maior proporo. Segundo Yalom (2006c) os membros do
grupo comeam a se dar conta de que so responsveis, tambm, pela coeso
do grupo e que possuem uma participao ativa na manuteno do mesmo.
Isso faz com que eles percebam, que no so meros co-participantes nos
relacionamentos que estabelecem, e sim participantes principais, sendo o
resultado de cada relacionamento diretamente ligado ao seu investimento, ou
no, no mesmo. Muitos dos membros, que chegam para a terapia de grupo,
apresentam um histrico grupal pobre, sendo que eles, dificilmente, sentem-se
valorizados em grupos aos quais pertencem e para eles s o fato de poderem
ter uma experincia de grupo bem sucedida, pode ser curativa.
O grupo a vida aqui e agora, na multiplicidade de laos que cria, na
complexidade de problemas de que trata, vive e experimenta. uma proposta
Experincia Prtica
Este captulo aborda a experincia prtica sobre o tema pesquisado e
desenvolvido nos captulos anteriores.
Fez-se necessrio abordar, anteriormente, como o homem por ser um ser
social vive em grupos, como ele estabelece contato com o meio em que vive e
com as pessoas de sua convivncia. Tambm, so expostas algumas teorias
que oferecem maneiras diferentes de ver e entender o conceito de grupo.
O interesse em redigir este trabalho surgiu aps atendimento de grupos no
Instituto de Gestalt-Terapia e Atendimento Familiar (IGT) e a curiosidade que
aflorou das observaes feitas durante os atendimentos. Apesar de ter
participado do atendimento a mais grupos, foi eleito apenas um para ser
exposto nesse presente trabalho.
Este grupo foi atendido por Ana Beatriz Azevedo Farah, em co-terapia com
Monica Aparecida de Oliveira Pinheiro, que tambm pertence Turma 3 de
Especializao em Psicologia Clnica Gestalt-Terapia (Indivduo, Grupo e
Famlia), como parte prtica do curso, e com a superviso de Mrcia Estarque
Pinheiro.
Foram realizadas cinqenta e duas sesses de uma hora e meia cada, durante
o perodo de Agosto de 2006 Outubro de 2007. O grupo ocorreu na sede do
prprio IGT.
O grupo era composto de trs membros, todas mulheres, na faixa etria dos
vinte aos trinta anos. Com a finalidade de preservar a identidade das mesmas e
por no apresentar relevncia para o presente trabalho, no ser revelado
nenhum dado pessoal das participantes e nem as queixas iniciais. Este
presente trabalho tem o objetivo de focar o processo que esse grupo viveu,
tornando-se fundo o contedo abordado.
Todas as trs participantes estavam fazendo terapia de grupo pela primeira
vez. No primeiro dia, todos se apresentaram, inclusive as terapeutas.
Apresentamos a proposta do grupo, cuidamos de revisar o contrato com as
regras do grupo e as normas do IGT, alm de tirarmos quaisquer dvidas, que
elas poderiam ter e que fosse do nosso conhecimento as respostas.
Fomos orientadas pela supervisora a deixar o contrato o mais claro possvel,
pois isso ajudaria no bom andamento do grupo.
Consideraes Finais
Neste trabalho, foi abordada a importncia da psicoterapia de grupo e como a
sua caracterstica relacional pode ser de grande proveito para o cliente. Nela, o
cliente pode conhecer suas caractersticas pessoais, qual a sua forma de
relacionar-se com as outras pessoas e com o meio. Caso perceba que esta sua
maneira no est surtindo os resultados desejados, ele encontra no grupo um
ambiente seguro para experimentar novas possibilidades de fazer contato, na
busca de identificar aquelas que lhe so mais satisfatrias.
Intrigou-me o que estaria por trs dessas relaes, que fariam o grupo
teraputico ter essas propriedades de favorecer o desenvolvimento dos
membros, que as difere de um grupo comum de pessoas. Foi, justamente, esse
questionamento que me instigou a refletir sobre o tema e a escolh-lo para
redigir este trabalho.
Durante o acompanhamento do grupo, que foi mencionado, tive a oportunidade
de presenciar o processo e o progresso que o mesmo, como um todo, obteve.
Pude certificar-me que um grupo teraputico promove suporte, ensina e
compartilha suas vivncias de maneira mpar, baseado nessas relaes
estabelecidas. Fui espectadora e participante dessa caminhada que, de acordo
com o seu tempo e dentro do possvel, atingiu um resultado bastante
satisfatrio.
No decorrer deste atendimento, fui tendo mais certeza de que o grupo
teraputico no o mesmo que um grupo de pessoas reunidas batendo papo e
falando sobre suas vidas.
Acontece algo muito alm do que uma simples conversa entre conhecidos,
como o desenvolvimento de uma liga, uma proximidade entre os membros.
Esta interao transforma a terapia em um territrio sagrado, no qual se
encontra um apoio e suporte para falar-se e trabalhar situaes desagradveis
vividas pelas pessoas.
Por se tratar de assuntos delicados, a maioria das pessoas apresenta
dificuldade de falar e lembrar-se do que aconteceu. Geralmente, esses relatos
so carregados de muita emoo e o terapeuta tem o cuidado de acolher e
validar esses sentimentos de maneira que a pessoa possa se sentir respeitada
e ouvida.
Na terapia de grupo, esse acolhimento ocorre no s por parte das terapeutas
como pelos demais participantes, que se tornam solidrios a experincia do
outro e participam demonstrando seu afeto, dando conselhos e, em alguns
casos, dividindo vivncias parecidas com a relatada e contando como superou
uma determinada situao.
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