Metodos Sustentabilidade Na Aquicultura - Anais Zootecnia
Metodos Sustentabilidade Na Aquicultura - Anais Zootecnia
Metodos Sustentabilidade Na Aquicultura - Anais Zootecnia
RESUMO - O objetivo deste artigo introduzir reflexes sobre as estratgias de interconexo da aqicultura no
contexto scio-ambiental, conclamando os atores comprometidos com o setor a pesquisar e utilizar mtodos de
viabilidade em conformidade com o princpio da sustentabilidade. Sendo que o conceito de desenvolvimento sustentvel
defendido aquele que tem como paradigma a incluso da dimenso social e ambiental desde o estgio de planejamento
at a operao. Para tanto, a metodologia da avaliao do ciclo de vida do produto, critrios de avaliao de impacto
ambiental, assim como, a adoo da bacia hidrogrfica como unidade de gesto participativa, so instrumentos
apresentados tendo a piscicultura de gua doce como exemplo. A Legislao ambiental brasileira apresentada como
critrio norteador e determinante na busca do desenvolvimento sustentvel.
Palavras-chave: agenda 21, aqicultura sustentvel, avaliao de ciclo de vida, impacto ambiental, legislao
ambiental
Introduo
O desenvolvimento sustentvel tem levado
todas as naes a buscar um equilbrio entre o
crescimento e a proteo dos recursos naturais. Isto
foi enfatizado na proposta elaborada na reunio
da ONU em 1992 para o futuro sustentvel, a denominada agenda 21. Este documento trata a gua
como um elemento vital, por ser um recurso finito
e de distribuio irregular no planeta (Scare, 2003).
Correspondncias devem ser enviadas para: [email protected]
34
Conceito de sustentabilidade
O conceito de desenvolvimento sustentvel
defendido neste artigo aquele que tem como
paradigma a incluso da dimenso social e
ambiental desde o estgio de planejamento at a
operao e avaliao do empreendimento ou de
uma poltica de desenvolvimento (FAO).
O termo Desenvolvimento Sustentvel prope
uma nova forma de modelo de desenvolvimento,
especialmente a partir do relatrio da comisso
mundial para tratar de meio ambiente e desenvolvimento (Wecd, 1987), mais conhecido como
relatrio de Brundtland. A comisso definiu como
desenvolvimento sustentvel, aquele desenvolvimento que supre as necessidades do presente
sem, contudo, comprometer as necessidades das
geraes futuras.
Vrias abordagens sobre o conceito de desenvolvimento sustentvel (DS) foram apresentadas
por Thiago (2002). O autor ressalta a importncia
Figura 1 Modelo de desenvolvimento sustentvel com enfoque sistmico. Elaborado por Mara Teresa
Lpes B. In: Srie Relatrio Tcnico n.03. Instituto de Pesca/APTA/SAA. 2000.
35
36
Pillay,1992
22
15
11
9
8
5
4
3
2
2
2
2
1
1
1
1
1
Eler, 2000
no foi analisado
observada
Observado
Pstia sp
no observado
no ocorreu
aps tratamento
sem restrio
ocorreu
no analisado
37
8
1
2
3
4
5
Estoque (kg)
10.000
1.000
5.000
400
4.000
10.000
Prejuzo (R$)
50.000,00
5.000,00
25.000,00
2.000,00
20.000,00
50.000,00
OD
Cheia/rompimento
de barragem
e/ou do
monge
1.000
20.000
20.000
3.000
2.000
10.000
5.000,00
10.0000,00
10.0000,00
1.5000,00
10.000,00
50.000,00
Roubo
1.300
6.500,00
Parasita (Laernia)
600
3.000,00
Manejo no inverno
5.000
25.000,00
1.500
7.500,00
Total
94.800
474.000,00
Florescimento
de algas
Uso
Suplemento
Desinfetante
Desinfetante
Antibitico
Antibitico
Desinfetante
Algicida
Desinfetante
Suplemento alimentar
Controle de predador
Desinfetante
Desinfetante
Induo de reproduo ou sexagem
Fonte
Pillay,1990
Pillay, 1990
Pillay , 1990
Vinatea, 1999
Vinatea, 1999
Pillay, 1990
Vinatea, 1999
Pillay, 1990
Pillay, 1990
Vinatea, 1999
Vinatea, 1999
Pillay, 1990
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disso, existe tambm a possibilidade da transmisso de organismos patognicos das criaes para
a populao natural. Sampaio (1996), relata o uso
de DIPTEREX para o controle de insetos e a
influencia negativa na cadeia alimentar nos
viveiros experimentais da CITROSUCO. Os dados
da Tabela 4 apontam o uso mais freqente dos
produtos qumicos empregados nas pesque-pague
e a Figura 2 aponta a presena dos produtos na
gua.
Alm dos impactos negativos anteriormente
mencionados, mencionam-se outros, tais como:
1.a destruio de habitats de espcies nativas,
principalmente nas criaes de camaro nos
mangues: este efeito ocorre quando o projeto
no estuda a capacidade de sustentao da
rea empregada no sistema de criao;
2.a interao entre as espcies de cativeiro e
Tabela 4 -Casos de enfermidades e parasitas mais freqentes nos pesque-pague e produtos empregados
para controle. Fonte: Eler et al., 2006.
Doena
Fungo
N de casos
10
Lernaea (lernia)
20
Dactylogirus
Argulus
1
7
Ichthyophthirus
Bactrias
1
2
Predadores
Algas
55
alfa-BHC
beta-BHC
delta-BHC
Heptacloro
Gama-BHC
Aldrin
Heptacloro Epoxide
Endosulfan-I
4,4-DDE
Dieldrin
Endrin
Enosulfan-II
Endrin - Aldeido
Endosulfan sulffato
Produtos
Formol, verde malaquita, terramicina, sulfato de cobre, azul
de metileno
Dimilim (Diflubenzuron- 20), formol (1), folisuper (parathion
1), dipterex (triclorfon)
Verde malaquita, alcistin
Dimilim (Diflubenzuron- 5), Folidol (Parathion (1), Nitrosol
(nitrofurano 1)
Sulfato de cobre
Terramicina, octetraciclina, po de alho, formol, antibioticos,
verde malaquita (1)
Dipterex
Sulfato de cobre (20), calcrio
1
4
10
14
1
16
13
5
1
3
7
4
2
1
5
10
15
20
Pesque-pague com resultados positivos para gua
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Tabela 5 Nome comum, cientfico e peso das espcies de peixes pescadas no rio Mogi-Guau em
Cachoeira de Emas/junho de 2005. Coleta de dados por meio de entrevista a pescadores no local de
pesca. Fonte: Eler et al., 2005
Nome vulgar
Barbado
Bagre africano*
Cachara
Carpa capim*
Carpa espelho*
Cascudo preto
Curimbat**
Curvina**
Matrinx**
Piauu
Pintado
Pirambeba
Piranha
Piraputanga
Sardinho
Tilpia*
Nome cientfico
Pinirampus pinirampus
Clarias gariepinus (Burchell, 1822)
Pseudoplatystima fasciatum (Linnaeus, 1766)
Ctenopharyngodon idellus (Valenciennes, 1844)
Cyprinus carpio specularis (Gonow, 1854)
Rhinelepis aspera
Prochilodus argentus
Plagioscion squamosisimus (Heckel, 1840)
Brycon cephalus (Gnther, 1869)
Leporinus sp
Pseudoplastytoma corruscan
Serrasalmus rhombeus
Serrasalmus sp
Brycon orbigynianus (Gnther, 1869)
Pellona sp
Oreochromis sp
Peso (kg)
11-18,0
4-6,0
6,0
3,0
9,0
0,5
8,0
1,5- 2,0
1,5
8,0
34-60,0
0,3-1,0
0,5-1,0
1,0
0,3
0,5
40
41
1. Definio do
objetivo e escopo
2. Inventrio do
ciclo de vida
4. Interpretao
42
43
Aqicultura no mbito da BH
Contribuio setor
Avaliao
Interaes
scioeconmicas
Competio
pelo uso da
gua
Aspectos
tcnicos
Interaes
ecolgicas
Sistema:
extensivo/
intensivo
Inventrio da
rea
Interaes
positiva
Espcies
negativa
Controle
ambiental
Aceitvel?
Aceitvel?
No
Aceitvel?
Monitoramento
Sim
Figura 4 Etapas e interaes em projetos aqucolas com enfoque na gesto de Bacias Hidrogrficas.
44
Literatura citada
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sculo 21. O meio ambiente no sculo 21. Andr Trigueiro
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FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE
UNITED NATIONS Global Aquiculture production search