Friedrich Schlegel e Novalis
Friedrich Schlegel e Novalis
Friedrich Schlegel e Novalis
Mrcio Seligmann-Silva*
No existe nenhuma poesia ou filosofia totalmente puras
(SCHLEGEL 1963: XVIII 24 [II 74])
Toda prosa potica (SCHLEGEL 1981: XVI 89 [V 40])
Tudo deve ser potico (NOVALIS 1978: I, 737)
Apresentao
SERIA UM ERRO DIZER que a teoria romntica da prosa mais radical e revolucionria do que
a sua teoria da poesia. Antes de mais nada porque essa teoria da poesia j ela mesma uma
teoria da prosa, a saber, da impossibilidade de distino entre esses dois registros de dentro
da tentativa de aprofundar a autonomia do potico. essa estrutura de pensamento
aportica, tpica do romantismo, que marca as suas reflexes sobre o nosso tema. Essa
estrutura do double bind se encontra tambm, por exemplo, em autores mais prximos de
ns, como nas reflexes de Walter Benjamin e de Derrida sobre a traduo e sobre a
diferena entre o potico e o prosaico.1 Tratarei aqui da teoria romntica da poesia/prosa do
ponto de vista da concepo romntica de filosofia (como passagem para o potico). No
poderei me deter, no entanto, na teoria romntica da poesia universal, a saber na teoria da
prosa (potica) como superao da diferena entre a prosa e a poesia. Recordo apenas que foi
dessa doutrina do romance como forma que dissolve toda a histria dos gneros que se
originou a concepo moderna de Literatura que no permite mais uma separao estanque
entre o potico e o filosfico. (SELIGMANN-SILVA 1999:68ss.).
Filosofia como poesia
A poesia, para Novalis e Schlegel, era vista antes de qualquer coisa como poiesis, como
criao e ao. Essa mesma concepo encontra-se na teoria da prosa desses autores. A
filosofia e a prosa encontravam-se intimamente conectadas na concepo romntica de
linguagem. O princpio (positivo) de contradio, que guia o double bind, permite aos
romnticos ao mesmo tempoafirmarem a relao da filosofia com a
comunicao, Mitteillung (em oposio apresentao,Darstellung, produtiva da poesia),
com o desvendamento, Enthllung, com a conceituao, a descrio etc., e com a poesia
transcendental, ou seja, ela tambm seria meio da (re)poetizao (ou romantizao) do
mundo. Expondo esse fato no vocabulrio da lgica do suplemento: a prosa seria para esses
autores o mal somado ao mal na busca de superao do mal originrio (o pecado original, a
queda). Se essa lgica do suplemento mantida por eles, isso ocorre apenas dentro de uma
crtica dessa lgica pois, como conhecido, a crtica dessa estrutura suplementar do
pensamento no consegue escapar do seu campo de foras.
Se a filosofia confunde-se muitas vezes entre os romnticos com o pensamento guiado pelos
juzos determinantes da tipologia que Kant fizera na abertura da sua Terceira Crtica, por
outro lado, aqueles autores percebem que a subsuno do individual ao geral no se pode
abstrair da estrutura abissal do crculo hermenutico. No h geral sem o individual, assim
como no h individual sem o geral: Eu no posso conhecer os indivduos por meio do
gnero, mas o gnero por meio dos indivduos, mas claro que devemos sempre ter sob os
olhos a Idia quando da observao dos indivduos (NOVALIS 1978: II, 182). No h o
gnero, Gattung, fora do individual, assim como no h filosofia sem poetar, Dichten. O
potico como registro do individual-universal em oposio ao filosfico, como registro do
geral- abstrato, devem ser aproximados e mesclados. Ou seja, a percepo da circularidade e
da determinao recproca do individual e do geral levou os romnticos a uma desconstruo
desses dois plos a conseqncia oposta a que a teoria hermenutica tradicional chegou.
O ideal de uma cincia segundo o modo de ver potico seria, na formulao de Novalis: Cada
objeto [Gegenstand] (praticamente) deixa-se tomar como o objeto [Object (sic)] de uma
cincia particular (NOVALIS 1978: II, 695). Ele contrape ao procedimento analtico do juzo
que separa, das trennende Urteil (sic), que faz com que se perca o valor de cada apario
[...] enquanto membro de um todo, o poder da poesia: A poesia cura as feridas abertas
pelo entendimento. Ela consiste justamente em partes em oposio (NOVALIS 1978: II, 814).
Mas essa contraposio entre a poesia e o entendimento, que apenas momentnea, deve
ser compreendida como um estratgia de crtica do modelo da verdade como produto do
pensamento lgico. Para Novalis e Schlegel, o ideal, como ainda veremos mais de perto,
permanece sendo a unificao dos dois registros.
A filosofia enquanto prosa produtiva no visaria descoberta de uma verdade dada de
antemo,2mas sim ao desdobramento de uma ausncia, de um Problema cuja soluo a
prpria atividadefilosfica: Assim como no comemos para nos apropriarmos de um material
totalmente novo, desconhecido [Fremde] do mesmo modo no filosofamos para achar
verdades totalmente novas, desconhecidas (NOVALIS 1978: II, 355), escreveu Novalis. O seu
modelo e o de F. Schlegel de filosofia deixa-se aproximar do que Rorty (1982:92) pretendeu
derivar da Phnomenologie de Hegel, ou seja, a concepo da filosofia como uma cadeia de
textos que se somam constituindo uma obra infinita. Schlegel afirmou nesse sentido que a
filosofia se resumia sua histria (A filosofia decerto nada seno a Histria da Filosofia,
SCHLEGEL 1963: XVIII, 137 [III 187]; Histria no nada seno Filosofia e esses nomes
poderiam ser totalmente trocados, SCHLEGEL 1963: XVIII, 226 [IV 382]). A sua definio
irnica do filsofo como aquele que cr na possibilidade de se conhecer o universo (SCHLEGEL
1963: XVIII, 230 [IV 432]) tambm vai nesse sentido de crtica ao modelo representacionista
da filosofia. A esse modelo ele e Novalis contrapem o da filosofia como prxis, que
aproximada da atividade criativa, poietica do Genie3: A Filosofia s pode ser apresentada
de modo prtico e, como a atividade do gnio, no se deixa em geral descrever (NOVALIS
1978: II, 828). O Genie caracterizado como aquele que constitui um sistema fechado em si
mesmo. Se o objetivo do filsofo tradicionalmente a compreenso do mundo, o filsofognio por sua vez marcado pela incapacidade de ser compreendido (Faz parte da essncia
do Gnio que ele seja um Sistema por si e que, portanto, ningum mais compreenda um
Gnio, SCHLEGEL 1963: XVIII, 112 [II 996]). O saber, Wissen, seria, assim como a arte, coisa
de gnio (SCHLEGEL 1963: XVIII, 344 [V 271]), e cada obra do Genie para Schlegel pode at
ser clara aos olhos, mas eternamente misteriosa para o entendimento (SCHLEGEL 1967: II,
322). Da por que para ele um filsofo entende to mal ao outro, ou talvez ainda menos, do
que um poeta ao outro (SCHLEGEL 1963: XVIII, 112 [II 997]). Mas isso no implica uma
simples desvalorizao da filosofia. A individualidade da linguagem (assim como a da poesia
ou da arte) resgatada pelos romnticos contra o acento iluminista (e humanista, retrico)
na sua universalidade. A concepo do Genie da lngua aplicada a cada lngua particular;
por assim dizer, cada indivduo falaria apenas um idioleto, pois a lngua a expresso da sua
individualidade, de sua forma de ler o mundo: Cada pessoa tem a sua prpria lngua. Lngua
expresso do esprito. Lnguas individuais. Gnio-da-lngua (NOVALIS 1978: II, 349),
escreveu Novalis ao seu modo tipicamente enigmtico indescritvel. 4 A filosofia no para
os romnticos superada devido a essa incompreenso entre as lnguas. Ela constitui antes
uma atividade central para eles. Como Fichte, Novalis v na filosofia o ideal da cincia em
geral (NOVALIS 1978:II, 623); ela seria um esquema desse Ideal, a saber, da inteligncia
mesma. O ncleo dessa concepo de filosofia , portanto, a teoria do funcionamento do
pensamento.
Na verdade, j Fichte tinha uma concepo prtica da filosofia: no no sentido kantiano da
filosofia moral, mas na medida em que transformou a filosofia em ato filosfico, em
ao,Tathandlung, do eu que pe a si mesmo e que existe apenas em funo desse pr
(FICHTE 1971: I, 96). Novalis e Schlegel levam essa concepo mais adiante com a sua
entronizao da ao do Eu, com a sua concepo de poesia (romntica) universal e de poeta
transcendental. Pensar, falar e agir so conectados nessa viso de mundo, e a linguagem
oriunda dessa constelao mgica, absolutamente criadora como a linguagem de Deus no
incio da Bblia: Pensar falar. Falar e atuar e fazer so uma operao modificada. Deus
falou faa-se luz e fez-se (NOVALIS 1978: II, 531). Para Novalis um pensamento
necessariamente lingual [wrtlich] (NOVALIS 1978:II, 705). Do mesmo modo que para ele a
linguagem uma ao criadora, tambm no h uma realidade fora do universo lingstico.
Tudo deixa-se descrever5 Verbis. Todas as atividades so ou podem ser acompanhadas por
palavras assim como todas as representaes [Vorstellungen] do Eu (NOVALIS 1978: II, 676).
alm do somatrio das partes, mas resultado do movimento das mesmas. A infinitude da
filosofia uma resposta infinitude do movimento da Setzung, do pr, da reflexo. A
concepo do todo como um sistema constitudo a partir da interao recproca das suas
partes foi exposta de modo exemplar por Novalis nos seus Fichte-Studien: Apenas o todo
real Apenas a coisa seria absolutamente real que no fosse novamente parte constante. O
todo consiste aproximadamente como as pessoas jogando que, sem cadeiras, sentam-se num
crculo uma no joelho da outra (NOVALIS 1978:II, 152). Desse modo Novalis e Schlegel
adiantaram a concepo saussuriana da linguagem segundo a qual em cada elemento
lingstico est contido o sistema inteiro (MENNINGHAUS 1987:58). A parole e a langue tm
uma relao sobredeterminante, a segunda (a linguagem como um todo) no podendo existir
sem a primeira (a sua execuo prtica): assim como tambm para Wittgenstein as palavras
no falam para voc a partir de si; uma palavra tem significado apenas em uma frase
(WITTGENSTEIN 1984:87).
A filosofia no se caracteriza por um movimento retilneo de gradual esclarecimento do
mundo mas sim cclico, sendo que as curvas, Winkel, do pensamento expressam
justamente o seu carter arbitrrio (SCHLEGEL 1963: XVIII, 229 [IV 421]). A filosofia como
uma Trieb insacivel, como um ir e vir entre certezas e ceticismos (um jogo entre luz e
sombra), um tema constante dos fragmentos de Schlegel: Ceticismo o estado da reflexo
oscilante (SCHLEGEL 1963:XVIII, 400 [V 955]). O todo deve iniciar com uma reflexo sobre a
infinitude da pulso de saber. [...] (O itinerrio dessa metafsica deveria se dar em muitos
ciclos, sempre em frente e maior). Quando atingir o fim, deveria sempre reiniciar a partir do
incio alternando entre caos e sistema, o caos preparando para o sistema e ento um novo
caos. (Esse itinerrio muito filosfico.) (SCHLEGEL 1963:XVIII, 283 [IV 1048]). A filosofia
como um movimento de eterna autogerao e autodestruio (SCHLEGEL 1963: XVIII, 111 [II
987]) um resultado da concepo relativista da verdade (SCHLEGEL 1963:XVIII, 131 [III 113]),
sendo que assim como a poesia, para os romnticos, era caracterizada por um centro duplo
(harmonia e alegoria11), do mesmo modo o sistema e o caos constituiriam o centro duplo da
filosofia: A filosofia uma elipse que contm dois centros (SCHLEGEL 1963:XVIII, 340 [V
217]). Esse elemento dinmico, ativo, como parte essencial da filosofia uma conseqncia
do postulado romntico da Setzung (o pr) como princpio da mesma que se diferencia da
soluo fichteana: No meu sistema o ltimo fundamento efetivamente uma prova
alternante. No de Fichte um postulado e uma proposio incondicional (SCHLEGEL
1963:XVIII, 521 [Anexo II 22]), afirmou Schlegel. A conseqncia dessa concepo, para os
romnticos, aquele princpio da infinitude da filosofia a que j me referi aqui, como alis
Benjamin o demonstrou na primeira parte da sua dissertao sobre o conceito romntico de
crtica (BENJAMIN 1993:51), lanando mo, por exemplo, desse importante fragmento:
Na base da filosofia deve repousar no s uma prova alternante [Wechselbeweis], mas
tambm um conceito alternante [Wechselbegriff]. Pode-se a cada conceito e a cada prova
perguntar novamente por um conceito e pela sua prova. Da a filosofia ter de comear, como
a poesia pica, pelo meio, e impossvel recit-la e contar parte por parte de modo que a
primeira parte ficasse completamente fundamentada e clara para si. Ela um todo, e o
caminho para conhec-la no , portanto, uma linha reta, mas sim, um crculo. O todo da
cincia fundamental deve ser derivado de duas idias, proposies, conceitos, intuies sem
recurso a outra matria. (SCHLEGEL 1963:XVIII, 518 [Anexo II 16])
Novalis j lera em Jacobi que, na medida em que conectamos um predicado a um objeto, ns
determinamos o mesmo. O da frmula a [igual a] a no apenas representa um juzo
predicativo, mas tambm estabelece o ser de a. A filosofia como Darstellung, no sentido
romntico dessa palavra, significaria a soluo do insolvel: Se o carter do problema dado
a no-soluo, ento ns o solucionamos se ns apresentarmos a sua insolubilidade. Ns
sabemos o suficiente de a quando ns vemos que o seu predicado a (NOVALIS 1978:II,
613).
Como Schlegel afirmou num dos fragmentos da Athenum, a filosofia deveria ser uma unidade
como num tirso ou num arabesco entre retas e curvas. A filosofia moderna teria o
problema de justamente ter retas demais e de no ser suficientemente cclica (SCHLEGEL
1967:II, 171). O elemento cclico visto ao mesmo tempo como um plo alternante com a
reta e como superao dessa polaridade. A filosofia cclica no nada mais do que o
transcendental realizado (SCHLEGEL 1963:XVIII, 350 [V 359]), ou seja, a tentativa de ligao
do ideal e do real, que para Schlegel e Novalis sempre paradoxal: A mais
Toda a histria da poesia moderna um comentrio contnuo ao curto texto da filosofia: toda
arte deve tornar-se cincia, e toda cincia, arte; poesia e filosofia devem ser unificadas.
(SCHLEGEL 1967:II, 161)
A passagem da filosofia para a poesia segue a lei do tornar-se que vimos acima. Novalis v
uma passagem, no sentido de uma superao contnua, que leva da cincia, passa pela
filosofia e atinge a poesia (NOVALIS 1978:II, 636). O poeta tomado como um objetivo que
todos devem atingir; da ele poder falar de graus do poeta e negar que haja uma separao
entre o poeta e o pensador (NOVALIS 1978:II, 645).17
Notas
Com relao a Walter Benjamin e Derrida cf. o meu ensaio SELIGMANN-SILVA 1999a.
Cf. Manfred Dick (1967:231) que nota que para Novalis a filosofia no equivaleria a uma
busca das ltimas causas mas sim permite que surja o Absoluto no ato de filosofar.
3
Para Novalis o gnio em geral potico. Onde o gnio atuou ele atuou poeticamente. A
pessoa autenticamente moral poeta (NOVALIS 1978:II, 325).
4
As conseqncias dessa concepo para a teoria romntica da traduo so enormes. Tratei
desse ponto no meu livro: 1999:32-37.
5
Com exceo da filosofia que, segundo o fragmento que citamos acima, s apresentvel
via prtica. Na verdade Novalis tenta mostrar que a filosofia no se reduz ao discursivo,
mas, por outro lado, no se pode ir alm da linguagem, pode-se apenas sugerir esse campo,
via alegoria.
6
Esse um ponto central nas suas Vorlesungen de filosofia de Colnia. Cf. SCHLEGEL 1964:XII,
92ss. e 316ss.
7
Cf. a famosa passagem da carta de Russel a Ottoline Morell que fala da averso de
Wittgenstein aos argumentos e da sua atrao pelo simples afirmar.
8
A comunicao deve ser amigvel, portanto vivaz, e o estilo enrgico, de um certo modo
toda a preleo deve ser dramtica. No deve ocorrer como se algum ensinasse apenas a si
mesmo, mas sim como em uma conversa; o leitor deve sentir-se a todo o momento solicitado;
a marcha dos pensamentos no deve ser furtiva e medrosa, p ante p, mas sim arrebatar
tudo em volta com fora veloz. Friedrich Schlegel, Lessings Gedanken und Meinungen,
SCHLEGEL 1988a: III, 42. A crtica da linearidade da exposio filosfica encontrou o seu
correlato tanto na crtica da linearidade temporal da representao histrica, como tambm
na recusa de um modelo mimtico do conhecimento: no h descrio pura, mas sim
construo do real. interessante notar que o que vale para a teoria da mmesis ou
traduo da realidade reelaborado e aprofundado quando se trata da teoria romntica da
traduo interlingstica. Isso fica ainda mais patente nas tradues de Hlderlin e nas suas
reflexes sobre a diferena entre a Grcia e a Modernidade. Cf. entre outros comentadores,
BERMAN 1984 e 1987 e o livro recentemente publicado de ROSENFIELD 2000.
9
Cf. Quem no filosofa em funo da filosofia, mas antes utiliza a filosofia como meio, um
sofista (SCHLEGEL 1967: II, 179), i.e. visa ao convencimento, um elemento exterior
ao poitico.
10
Cf. SELIGMANN-SILVA 2001.
11
Cf. SELIGMANN-SILVA 2001.
12
Cf. tambm o Bltenstaub de nr. 26 de autoria de Schlegel (1967: II, 164).
13
Essa idia uma conseqncia da radicalizao do princpio kantiano segundo o qual o eu
penso, ich denke, acompanha todas as nossas representaes, Vorstellungen. Cf. as
prelees de filosofia de Schlegel (SCHLEGEL 1964:XII, 351). Nessas Vorlesungen Schlegel
criticou o conceito de no-eu, Nicht-Ich, porque ele compactuaria com a idia de que
existe algo fora do eu, uma coisa-em-si, e portanto uma finitude, um limite do eu. Ele props
ao invs desse conceito o de contra-eu, Gegen-Ich (SCHLEGEL 1964: XII, 338).
14
Cf. ainda: Pr-se a esfera da incompreensibilidade e confuso um patamar elevado e
talvez o ltimo da formao do esprito. O compreender do caos consiste em reconhecer
(SCHLEGEL 1963: XVIII, 227 [IV 396]). Com base nessa teoria positiva
da Unverstndlichkeit como parte da compreen so, como seu plo alternante, a frase Toda
prosa sobre o mais elevado incompreensvel (SCHLEGEL 1963: XVIII, 254 [IV 723]) revela a
sua outra face no-metafsica.
15
Cf. os estudos de Fichte de Novalis (NOVALIS 1978: II, 32).
16
A poesia o heri da filosofia. A filosofia eleva a poesia a princpio. Ela nos ensina a
conhecer o valor da poesia. Filosofia a teoria da poesia. Ela mostra-nos o que a poesia ,
que ela tudo e o todo. NOVALIS 1978:II, 380.
17
Este texto foi publicado como um captulo na coletnea Estudos Anglo-Germnicos em
Perspectiva, org. por Izabela M. Furtado Kestler, Ruth P. Nogueira e Slvia B. de Melo, Rio de
Janeiro: Faculdade de Letras da UFRJ, 2002.
1
2
Bibliografia:
Benjamin, Walter. 1974. Gesammelte Schriften, org. por R. Tiedemann und H.
Schweppenhuser, Frankfurt a.M.: Suhrkamp, vol. I: Abhandlungen.
Benjamin, Walter. 1993. O Conceito de Crtica de Arte no Romantismo Alemo, trad. pref. e
notas M. Seligmann-Silva, So Paulo: Iluminuras/ Edusp.
Berman, Antoine. 1984. Lpreuve de ltranger. Culture et traduction dans lAllemagne