ARTIGOS

A prtica entre vrios: a psicanlise na instituio de sade

mental

The practical between several: the psychoanalysis in the

institution of mental health

Douglas Nunes Abreu

Psicanalista, Mestre em Psicanlise (Centro de Ensino Superior-Juiz Fora), Mestrando
em Letras (Centro de Ensino Superior-Juiz Fora), Coordenador do CAPS Santos
Dumont e do CAIA
Endereo para correspondncia

RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo discutir a psicanlise aplicada instituio de
sade mental. Buscamos discutir a funo do analista no mundo atual e sua relao
com as instituies de tratamento da loucura. Como eixo condutor desta discusso,
tomamos o conceito de prtica entre vrios, apresentando consideraes sobre a
interveno da psicanlise no campo coletivo. Procuramos discutir a transferncia na
psicose, a dimenso do saber, a construo do caso clnico visando apontar para a
constituio de instituies de sade mental que apostem na inveno subjetiva e
valorizem o discurso do sujeito em sua teraputica.
Palavras-chave: Psicanlise, Instituio, Sade mental, Psicose, Prtica entre
vrios.

ESTUDOS E PESQUISAS EM PSICOLOGIA, UERJ, RJ, ANO 8, N.1, P. 74-82, 1 SEMESTRE DE 2008

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ABSTRACT
The present work has as its objective to discussion the psychoanalysis applied to the
institution of mental health. We search to argue the function of the analyst in the
current world and its relation with the institutions of the treatment of madness. As a
conducting axle of this discussion we take the concept of practical, done by many,
presenting considerations on the intervention of the psychoanalysis in the collective
field. We look for to argue the transference on the psychosis, the dimension of
knowing, the construction of the clinical case to point to the constitution of
institutions of mental health that bet on the subjective invention and value of the
speech of the citizen in therapeutcis.
Keywords: Psychoanalysis, Institution, Mental health, Psychosis, Practical of done
by many.

A prtica entre vrios: a psicanlise na instituio de sade

mental
cada vez mais comum nos dias de hoje encontrarmos analistas no campo da sade
mental. Eric Laurent (1999) nos aponta que os analistas so agora, no nosso
mundo, dos poucos que escutam, que seguem escutando os loucos, quando se torna
muito mais rpido preencher as fichas convencionais do servio psiquitrico onde se
encontre o paciente(p.15).
A clnica da loucura foi renegada ao longo dos sculos, confinada aos manicmios e
recheada de equvocos e transgresses ao direito e subjetividade. Ns analistas
temos o dever tico de nos ocuparmos dos sofrimentos de nossa sociedade. Laurent
(1999) critica a posio de intelectual ocupada por muitos analistas e revela que
estes so analistas sem ideais que tendem a se apagar frente s mazelas e
transformaes da humanidade. Torna-se preciso a passagem do analista
especialista da desidentificao ao mundo externo, a um analista cidado que deve
ser capaz de entender qual foi a sua funo e qual lhe corresponde agora (p. 13).
No significa afastar-nos da tica que nos prpria, nem perder o ouro do
inconsciente e desconsiderar as relaes do significante. Muito ao contrrio! Se a
psicanlise traz algo de novo na clnica das psicoses e na atuao nos dispositivos
sociais exatamente por conter um discurso diferente da norma, da regra, da moral.
O discurso da psicanlise o discurso do sujeito na dimenso de sua inveno, que
leva em conta o inusitado, o impondervel, o impossvel da relao sexual. O
analista se ocupa de uma clnica sem standard, mas no sem princpios (BARROS,
2003, p. 39).
A busca pela cidadania dos loucos, pela sua insero psicossocial marca as aes em
sade mental no Brasil. Porm, preciso estar atento para que este ideal no se
torne um ideal tirnico para o sujeito. Para que isto no acontea, preciso que
[...] o valor da cidadania seja um pressuposto tico e poltico, e no um ideal de
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desempenho social imposto ao sujeito [...] (TENRIO, 2001, p.153). O analista

deve estar atento a este equvoco muitas vezes praticado em nome da clnica. No
raro encontrarmos nos servios de sade mental aes cidads que, num primeiro
momento, apontem em prol de benefcios para o paciente, mas que invadem o
sujeito em sua particularidade, precipitando muitas vezes passagens ao ato. Exercer
a cidadania um trabalho que cada sujeito se coloca de forma singular. A tarefa do
psicanalista a consiste [...] em oferecer ao sujeito uma possibilidade de tematizar,
ressignificar e elaborar sua misria, at onde for possvel, para tomar uma outra
posio frente a toda essa desgraa cotidiana [...] (FIGUEIREDO, 2001, p.111).
Srgio de Mattos (2003) traz um termo bastante pertinente para esta questo: a
disponibilidade do analista. Termo que designa uma certa presena que permite que
a operao analtica acontea de uma maneira pura e/ou aplicada (p.52). Um
analista multiuso que est nas instituies para operar a psicanlise e permitir existir
o sujeito do inconsciente.
Zenoni (2000) aponta para duas funes da instituio: a de acolher e a de tratar.
Quanto primeira funo preciso perceber que ela responde a uma necessidade
social. As demandas para as instituies vo alm daquelas acolhidas por ns
analistas em nossos consultrios; so demandas que surgem acompanhadas de
fenmenos clnicos, a certos estados da psicose, a certas passagens ao ato, a
alguns estados de depauperamento fsico, que podem levar o sujeito excluso
social absoluta e at a morte (p.14-15). Este um lugar prprio da psicanlise: o
lugar de acolher o impossvel de suportar, como escreveu Srgio de Mattos (2003,
p.55). Quanto funo de tratamento o saber da psicanlise se constitui num olhar
outro sobre o sujeito. Esta funo de acolhimento e de clnica da instituio, bem
como sua vocao para lidar com passagens ao ato, na neurose e na psicose,
constitui um lugar para alm das modalidades teraputicas comumente disponveis:
a instituio permite uma terceira via (ZENONI, 2000, p. 15), um lugar onde a
clnica se faz operar e onde o sujeito se faz acolher, que permite uma passagem de
uma clnica a dois, a uma clnica dita coletiva: uma clnica feita por muitos, uma
prtica entre vrios.
Jacques-Alain Miller nomeia esta que seria a prtica da psicanlise na instituio, ou,
por assim dizer, a psicanlise aplicada teraputica na instituio, de prtica
entre vrios1. Antnio Di Ciaccia (1999) cunha em Antenne 110 esta que no se
funda na presena do Um do Mestre, do discurso do Mestre, mas sim na falta deste
Um, no se sustenta em A, mas em S(A) (p.60-61). na possibilidade mesma da
falta no grande Outro intervir que cada um pode repensar sua prtica na direo de
uma clnica feita a partir de vrios. isto que representa esta inveno, a questo do
saber, ou melhor, de seu furo, que ocupa lugar central nesta dinmica. A psicanlise
se funda no no saber, o saber da psicanlise deve ser construdo, o que Freud
chamou construes em anlise. O saber do sujeito da psicanlise advm de sua
construo prpria e singular. um processo de construo de um saber do sujeito
sobre si mesmo, sobre seus modos de gozo, sobre seu sintoma (FERREIRA, 2001,
p.16). Uma clnica entre vrios uma aposta no sujeito, na capacidade de produo
de discurso, atrelada posio da equipe que pode colaborar nesta direo.
uma clnica do ato e da transferncia. Do ato, pois este que define o analista e d
direo a sua interveno. Todo ato um ato solitrio e se encontra preso na
dinmica transferencial. Numa clnica dita a dois, ou na relao entre tcnico e
paciente na instituio, sabemos que ser um ato solitrio no quer dizer que no
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haja conseqncias para alm do colquio singular entre os atores (GUGUEM,

2003, p.24). destes efeitos no campo do Outro que somos convidados a nos haver
em nossa prtica. Se uma prtica a dois produz limites aos impasses do real, temos
na instituio o inaugurar de uma nova prtica que aponta para uma sada na
interveno clnica. O caso clnico tomado por todos na instituio constitui a
essncia desta nova proposta.
Alexandre Stevens (2003, p.90) orienta quatro eixos para se pensar a prtica entre
vrios: a desespecializao, a formao, a inveno e a transmisso.
A no-especializao tomada aqui sobre dois planos: o plano do sintoma e o plano
do trabalho tcnico. Uma clnica na instituio pela luz da psicanlise no pode ser
uma clnica mono-sintomtica, que identifica o sujeito ao significante de seu
sofrimento. A identificao nomeao advinda do discurso cientfico conduz
alienao. O sujeito tende a seguir no caminho da repetio, atrelando-se aos
ganhos secundrios e no produzindo corte em sua cadeia para o surgimento de um
novo significante que possa representar melhor sua histria. O que se busca numa
interveno a descoberta, melhor dizendo, inveno de um significante que faa
corte, que produza para o sujeito um sentido outro, que o localize em lugar seguro
frente ao gozo que o atormenta. Uma clnica de esquizofrnicos, anorexos,
toxicmanos, deprimidos, uma clnica da excluso, tanto no que diz respeito s
conseqncias sociais, como na excluso do sujeito e de suas possibilidades de
inveno. Quanto ao plano profissional, temos uma marca nova, que visa furar o
imaginrio que cerca os profissionais. Muito mais que uma clnica multidisciplinar,
interdisciplinar e at transdiciplinar, o funcionamento das relaes entre os tcnicos
no se d pelo diploma ou pelo saber que cada profisso carrega. Mas sim pelo saber
construdo a partir de cada sujeito que ali se trata. Este saber recorta a todos, at
mesmo os que no tem diplomas superiores. A funo teraputica , pois, exercida
por cada um na instituio. O ato de cada um dos membros de uma equipe que
produz efeitos teraputicos. Nessa perspectiva temos o afrouxamento dos lugares
pr-estabelecidos nos diplomas universitrios. Cada tcnico ocupa, desse modo, um
lugar que lhe prprio na dinmica transferencial. claro que esta direo da clnica
entre vrios no desconsidera o saber prprio de especialidade que em muito tem a
somar para o desenvolvimento da equipe. Alis, esta multiplicidade de
conhecimentos contribui em muito quando tratamos de um campo onde a verdade
absoluta sobre a psique passa longe da existncia. Musso Greco prope o termo ideal
ecumnico2 para este encontro de saberes.
Outro eixo de trabalho a formao. Falamos anteriormente em desespecializao,
pois preciso agora buscar a definio de uma direo comum que permeie o
trabalho.
As pessoas que trabalham e intervm neste tipo de instituio no so psicanalistas,
efetivamente, mesmo se h alguns, mas estes so analisantes civilizados.
Analisante estar em anlise, ou em todo caso ter uma transferncia psicanlise
como sujeito suposto saber, e civilizado que dizer regulado pela transferncia
(STEVENS, 2003, p.90).
Pensar a psicanlise como um norte na formao, conduz-nos a uma posio de
suposio de saber, que permite ao sujeito produzir seu prprio saber. A psicanlise
um saber que busca no saber, para assim permitir que o outro saiba de si
mesmo, pela via do manejo da transferncia. preciso uma poltica comum que
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oriente a prtica institucional. Propomos a poltica da psicanlise, e com ela a sua

tica. Numa prtica entre vrios, torna-se imprescindvel o estudo terico. De certo
que o qu chamamos formao, junto com Lacan, vai alm da leitura de textos. A
formao em psicanlise pode iniciar-se em um grupo de estudo, mas vai ter suas
conseqncias para alm do arcabouo terico, podendo tocar na anlise pessoal e
no processo de superviso. No CAIA3, instituio que coordeno, organizamos nossa
dinmica centrada no trip: reunio de equipe semanal, superviso e grupo de
estudo.
O terceiro eixo j foi bastante citado: a inveno. Inveno aqui sob dois planos: da
inveno do sujeito sobre si mesmo e da inveno na interveno. Frente ao
desamparo que vivemos no resta outra sada que inventar sadas. O que Freud
chamou de construes em anlise podemos tomar aqui com o termo inventar. O
sujeito precisa de pontos de ancoragem. Lacan nos ensina, no decorrer de seus
estudos sobre o n borromeano, que o Nome-do-Pai no se trata nada a mais que
uma inveno. Esta que permite ao sujeito neurtico se localizar frente ao Outro, e
amarra seus registros, simblico, real e imaginrio. Porm Joyce, psictico, inventou
seu Nome-do-Pai: sua escrita. Pela via da letra James Joyce criou mais que textos
enigmticos, mas inventou um ponto de ancoragem. Schreber foi um grande
inventor. Seu delrio megalomanaco produziu para ele um porto seguro, onde
ancorou as alucinaes que o assolavam.
Numa instituio devemos estar atentos s invenes dos sujeitos. Estamos ali no
para criar para ele, mas para dizer sim as suas invenes, para testemunh-las
apenas em alguns casos. Um usurio do CAPS acredita, e assim se nomeia, ser o
Cantore do CAPS. Passa todo seu tempo na instituio cantando msicas de seu
tempo. De certo que ali se operou uma inveno, a saber, a construo de um lugar
prprio que o protege e localiza sua existncia. S nos resta ouvir suas, s vezes
desafinadas, canes e como testemunhos permitir que sua inveno circunscreva o
gozo do qual investido, e que, por hora, encontra-se adormecido.
O uso da transferncia e o processo inventivo exigem muitas vezes a subverso da
instituio em suas regras pr-estabelecidas. Uma instituio deve ser lugar de
exceo (ALKMIN, 2003, p.43). No sentido de buscar se constituir numa instituio
diferente para cada sujeito. A instituio deve caber ao paciente e no este caber na
instituio. Portanto, preciso inventar uma instituio que acolha as invenes do
sujeito. Outra usuria do CAPS, psictica grave, vaga pelas ruas e rodovirias, por
mais que tenha sua casa. Sua presena nas ruas vai alm da falta de algo concreto.
Conecta-se com sua histria, pouco clara para ns, porm marcante em seu
significante errante. Tem o CAPS seu lugar de ancoragem, para onde ela pode ir
quando o Outro se torna insuportvel. Ela chega na hora que deseja, que lhe
possvel e necessria. Ela tem seu almoo pedido todo dia, sem sabermos ao menos
se hoje ela vir. Um guarda roupa seu fez-se necessrio dentro do servio, ela
tem sua prpria chave. Seus banhos, espordicos, s acontecem no servio a partir
da interveno tcnica. Ela tem seu tcnico de referncia e seu mdico. Porm, o
caso exige mais. Ela paciente do servio, da instituio, de todos. Subvertemos as
regras, subvertemos os lugares, subvertemos o Outro para acolher e tratar, naquilo
que possvel, algo do sujeito que ali se apresenta.
O quarto eixo o da transmisso. Temos o lugar da reunio de equipe como
fundamental no processo de construo de uma prtica entre vrios.

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O lugar essencial do dispositivo institucional volta assim para a reunio clnica

semanal. Todos participam da formalizao dos casos clnicos, tiram conseqncias
do quotidiano, podem agir com seu estilo pessoal na clnica. Mas a reunio clnica
serve para precisar o clculo de nossas intervenes em caso por caso: dar todo seu
valor ao point-de-capiton encontrado pelo sujeito, decidir sustentar esta descoberta,
ou , ao contrrio, considerar que ela no favorvel, ou ainda limitar estes efeitos
(STEVENS, 2003, p.90).
o lugar de esvaziamento do gozo prprio, de circulao da palavra e de construo
do caso clnico. Lugar onde a troca de angstias dos tcnicos, de olhares singulares e
de circulao das construes dos sujeitos por ns assistidos, onde os lugares
possam ser reinventados a cada caso que se apresenta. de suma importncia a
participao de toda a equipe (inclusive do pessoal administrativo, de limpeza,
estagirios e outros). A superviso clnico/institucional outro espao fundamental,
pois traz um fora-da-instituio, um lugar onde os impasses da conduo dos casos
e as resistncias transferenciais dos tcnicos possam ser trabalhados. necessrio
que este sofrimento possa ser coletivizado, falado (MARAZINA, 1989, p.73). Estes
mecanismos permitem a construo coletiva de respostas clnicas, partindo de uma
poltica geral, passando pela estratgia do caso e terminando nas tticas do dia-adia.
Lacan a respeito do tratamento em texto dos Escritos chamado A direo do
tratamento e os princpios de seu poder, aponta que de incio temos uma poltica,
que nos orienta desde sempre, que nos localiza diante de nosso desejo, de nossa
tica, que conduz a aposta no sujeito, em sua inveno. A prtica entre vrios exige
estratgias de interveno que devem ser construdas coletivamente nos dispositivos
j citados, a construo do caso clnico. Aqui temos maior liberdade que na
dimenso poltica. Quanto ttica, do um a um, do caso a caso. Tem a ver com o
estilo tambm. o ato, que deve ser tomado ao seu tempo, mas no alhures
estratgia, muito menos poltica. Permite sim, mais liberdade.
O analista livre, em sua ttica, no que faz com a interpretao. O analista tem a
liberdade de dizer o que tem a dizer,...ser livre para decidir quanto ao momento e ao
nmero de suas interpretaes,...mas essa liberdade ttica s pode ser assim na
medida em que esteja ligada...a estratgia (LAURENT, 1995, p. 17).
As reunies clnicas tm o papel de enlace entre a poltica, a estratgia e a ttica. A
construo do caso clnico se d neste espao como a maior ferramenta de
interveno institucional. o lugar de resgate da lgica de cada caso, de explorao
dos impasses estratgicos e tticos do coletivo, passando pelo instante de ver,
tomando o tempo de compreender a lgica, para alcanar o momento de concluir,
para que cada um esteja ao passo de uma mesma poltica e de uma mesma
estratgia, mas tambm para deixar cada um em seu passo, encarnar esta
estratgia segundo seu estilo, suas manobras, sua habilidade sintomtica. (BAIO,
2003, p.191)
Construir o caso clnico definir uma estratgia diante de uma poltica, abrindo
espaos para a ttica, o estilo. a nica garantia que uma interveno na instituio
tenha seus efeitos ticos na clnica.

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Estas reflexes acerca da instituio de sade mental fazem-se necessrias, no

momento atual da sade mental brasileira. Nota-se que a proliferao de servios
substitutivos ao hospital psiquitrico, a insero de novos saberes na teraputica,
uma mobilizao maior dos poderes pblicos e das organizaes comunitrias, no
garantidor de uma direo tica na conduta clnica. Vrias instituies tidas como
abertas demonstram sua inclinao excludente e alienante. O avano do discurso
capitalista conduz ao aniquilamento do Outro e intolerncia. Devem as instituies
de sade mental trabalhar na direo de subverter a lgica poltico-social vigente.
Devem convocar cada sujeito a se implicar em sua histria e no curso da histria de
seus semelhantes. O psicanalista tem antes de qualquer coisa a funo de agente de
transformao social, e faz isto pela sua escuta, pela sua aposta no sujeito da
linguagem, pela sua crena na singularidade, na diferena de cada inveno e na sua
concepo de verdade no toda. O que tm em comum os psiquiatras, os
trabalhadores de sade mental e os analistas que sabemos que as democracias e o
lao social so coisas muito frgeis, baseadas em um manejo delicado das crenas
sociais(BAIO, 2003, p.19). Se a psicanlise trata sobre uma teoria do lao social
esta nossa tarefa, a tarefa da psicanlise na instituio.

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Heliana B. Conde. CLIO-PSYQUE HOJE: fazeres e dizeres PSI na histria do Brasil.
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GUGUEN, Pierre-Gilles. Quatro destaques sobre a psicanlise aplicada. In: MILLER.

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TENRIO, F. A psicanlise e a clnica da reforma psiquitrica. Rio de Janeiro:
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ZENONI, Alfredo. Psicanlise e instituio: a segunda clnica de Lacan. Revista
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Horizonte, ano 1, n.0, p. 12-93, 2000.

Endereo para correspondncia

Douglas Nunes Abreu
E-mail: [email protected]
Recebido em: 25 de outubro de 2006.
Aceito para publicao em: 9 de setembro de 2007.
Acompanhamento do processo editorial: Deise Mancebo e Sonia Alberti.

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Notas
Este ttulo foi proposto por ocasio da abertura da III Jornada da Rede
Internacional de Instituies Infantis (RI3) realizada em 1 e 2 de fevereiro de 1997
na Antenne 110 em Bruxelas Blgica. O ttulo completo foi Da fundao de Um
prtica entre vrios.
2
GRECO, M. G. Pensando a organizao dos servios de sade mental a partir de
uma lgica terico-poltica. (mimeo).
3
Centro de Acolhimento a Infncia e a Adolescncia. ONG localizada em Juiz de
ForaMG, que presta atendimento especializado e aes sociais voltadas a
crianas/adolescentes em situao de vulnerabilidade e/ou portadores de sofrimento
mental.
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