Direcao Espiritual Do Homem e Da Humanidade PDF
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A DIRECO ESPIRITUAL
DO HOMEM E DA
HUMANIDADE
Resultados cientfico-espirituais sobre a evoluo da
humanidade
Traduo de
Lavnia Viotti
Ttulo original:
DIE GEISTIGE FHRUNG DES MENSCHEN UND DER MENSCHHEIT
1974 Rudolf Steiner Verlag Dornach Sua
GA-Nr. 15 ISBN 3-7274-0150-8
Direitos desta traduo reservados
EDITORA ANTROPOSFICA
(Associao Pedaggica Rudolf Steiner)
R. So Benedito, 1525 c/ 45
04755 So Paulo SP
Tel. (011) 247-9714
Reviso da traduo:
Jacira Cardoso
Digitao de texto:
Vera Lcia Santos
1. edio: 1984
2'. edio 1991
ISBN 85-7122-029-8
SUMRIO
PREFCIO
I
A adaptao do ser humano infantil ao mundo: a orientao no espao, a linguagem, o
pensamento. A conscincia do eu e a memria. A actuao de foras superiores no
homem. A descida do Cristo em Jesus de Nazar. A verdade dos Evangelhos
II
Os estgios da evoluo csmica da Terra. As entidades precursoras do homem. Dos
deuses aos guias primordiais da Humanidade. A lngua humana primordial. O
materialismo egpcio e seu renascimento na cincia contempornea. As entidades
retardatrias na evoluo. Clarividncia e iniciao. O princpio cristico
III
As sete civilizaes ps-atlnticas. O Cristo na quinta poca ps-atlntica. O homem
como ser csmico. Os dois meninos Jesus. As curas milagrosas do Cristo. O Cristo e a
cincia moderna
PREFCIO
Esta obra reproduz o contedo de conferncias que pronunciei em Copenhague, no
ms de junho deste ano, depois da Assembleia Geral da Sociedade Teosfica
Escandinava. Essas conferncias foram, portanto, pronunciadas perante um auditrio
familiarizado com a Cincia do Esprito ou Teosofia, e pressupem o conhecimento
prvio do assunto. Nelas me refiro continuamente aos princpios enunciados em minhas
obras Teosofia e A Cincia Oculta. Se este livro casse em mos de um leitor no
familiarizado com tais ideias, poderia ser considerado por ele um produto curioso de
uma simples fantasia. Mas as obras acima citadas contm as bases cientficas daquilo
que vamos expor.
Fiz uma reviso cuidadosa das notas estenogrficas dessas conferncias, mas
conservei, premeditadamente, seu carcter de discurso falado. Fao questo de frisar
este ponto porque, via de regra, minha opinio que as obras destinadas leitura
exigem uma forma completamente diversa da usada numa conferncia falada. Observei
essa distino em minhas obras anteriores, sempre que foram destinadas ao prelo. Mas
neste livro preferi conservar o estilo oral, porque tenho razes para public-lo neste
momento, e uma reviso no sentido acima aludido representaria uma enorme perda de
tempo.
Munique, 20 de agosto de 1911
Rudolf Steiner
I.
O homem que empreende a tarefa de conhecer-se a si mesmo descobre em breve
que, alm da personalidade constituda por seus pensamentos, sentimentos e volies
conscientes, possui ainda uma segunda personalidade, mais poderosa que a primeira.
Percebe ento que est subordinado a essa personalidade como a um poder superior. No
princpio ela lhe parecer uma entidade inferior sua entidade psquica plenamente
consciente, inclinada ao bem e verdade. E ele procurar, por isso, dominar essa
entidade pretensamente inferior.
Um exame mais profundo de si mesmo lhe apresentar essa segunda personalidade
sob nova luz. Ao fazermos, no decorrer da vida, uma espcie de exame retrospectivo de
nossas experincias ou actos, fazemos uma descoberta singular; e essa descoberta vai
evidenciando cada vez mais sua importncia, medida que envelhecemos. Perguntando
a ns mesmos o que fiz ou disse nessa ou naquela poca de minha vida?, constatamos
havermos praticado inmeros actos cujo sentido s chegamos a compreender numa
idade mais avanada. Praticamos actos h sete, oito ou talvez vinte anos, dos quais
falamos agora com toda a convico: S agora, aps tanto tempo, minha inteligncia
chegou compreenso daquilo que fiz ou disse naquela poca. Muitas so as pessoas
que nunca chegam a fazer esta descoberta, por no se preocuparem com isso. Mas
extraordinariamente frutfero fazer frequentemente esses exames de conscincia, essa
introspeco anmica. No momento em que percebemos havermos praticado, anos atrs,
actos que s agora comeamos a compreender em razo de nossa inteligncia ainda no
ter, naquela poca, o amadurecimento necessrio para compreender o que fizemos ou
dissemos no momento em que fazemos essa descoberta, nossa alma atingida pelos
sentimentos de estarmos protegidos por uma potncia benfica, que reina nas
profundidades de nosso ser; pouco a pouco vamos adquirindo a confiana de que, no
sentido mais elevado da palavra, no estamos ss no mundo, e tudo o que
compreendemos e de que temos conscincia no , a bem dizer, seno uma pequena
parte do que realizamos no Universo.
Repetindo com frequncia essa observao, comearemos a transferir vida prtica
uma verdade muito fcil de se reconhecer teoricamente. Teoricamente, fcil
reconhecer que o homem no iria muito longe na vida caso tivesse de executar todos os
seus actos com plena conscincia, graas deciso de uma inteligncia atenta em pesar
todos os detalhes dos acontecimentos. Para verificar teoricamente esse princpio, basta
que nos entreguemos s consideraes seguintes :
Em que poca da vida o homem atua sobre si mesmo do modo mais decisivo para
sua existncia? Em que momento trabalha com maior sabedoria em sua prpria
personalidade? Desde o nascimento at aproximadamente a poca mais recuada que sua
memria pode atingir, quando mais tarde contempla retrospectivamente sua existncia
terrestre. Ao rememorarmos o que fizemos h trs, quatro, cinco anos, continuando a
rememorar retrospectivamente chegamos a um determinado ponto de nossa infncia que
nossa memria no ultrapassa. O que se passou antes desse momento, s o podemos
saber por nossos pais ou outras pessoas; a memria pessoal chega s at determinado
ponto. Esse limite a poca em que o homem aprendeu a sentir-se um eu. Nas pessoas
cuja memria no ultrapassa os limites da vida normal existe necessariamente essa
barreira. Pois bem, foi antes desse momento que a alma humana realizou na prpria
pessoa os actos de maior sabedoria; e mais tarde, quando houver atingido sua plena
conscincia, o homem no poder jamais realizar dentro de si mesmo progressos to
grandiosos e decisivos como os que realiza nos primeiros anos da infncia, quando suas
Finalmente, h uma terceira coisa que raramente se imagina ter o homem aprendido
por si mesmo, com a entidade interior que conduzida atravs das encarnaes. Tratase da vida dentro do mundo dos pensamentos. A estruturao do crebro efectua-se por
ser ele o instrumento do pensar. No comeo da existncia esse rgo ainda malevel,
pois o prprio homem' deve estrutur-lo para que se torne um instrumento adequado
entidade conduzida atravs das encarnaes. O crebro, logo aps o nascimento, um
rgo moldado pelas foras herdadas dos pais, dos avs, etc. Mas no acto de pensar o
homem deve manifestar sua entidade interior, que sofreu a influncia das existncias
anteriores. Por essa razo deve transformar as peculiaridades do crebro, recebidas por
hereditariedade, a partir do momento em que aps o nascimento se liberta
fisicamente de seus pais, antepassados, etc.
Vemos que o homem, nos primeiros anos da vida, realiza coisas de importncia
capital. Ele atua sobre si prprio de acordo com uma sabedoria superior. Efectivamente
no poderia, pondo apenas em aco sua prpria inteligncia, realizar o que realiza na
primeira infncia, estando ainda destitudo de inteligncia. Por que a fonte dessas
aces que escapam conscincia se encontra nas profundezas da alma? que nos
primeiros anos de vida o homem, com toda a sua alma e todo o seu ser, est muito mais
estreitamente unido aos mundos espirituais das Hierarquias superiores do que mais
tarde. O clarividente, aps passar por uma evoluo espiritual que lhe permite perceber
os fenmenos reais do espirito, faz uma experincia importantssima no momento em
que consegue desenvolver a conscincia do eu, a qual lhe permite a recordao
retrospectiva at aludida poca de sua infncia. Nos primeiros anos de existncia,
aquilo que chamamos de aura infantil circunda a criana como uma potncia
maravilhosa, a um s tempo humana e sobre-humana. Essa aura infantil, a parte
propriamente superior do homem, prolonga-se para todos os lados no mundo espiritual;
e no momento mais remoto que a memria humana atinge se retrai, penetrando mais
profundamente no ntimo do homem. A partir desse momento o homem pode sentir-se
um eu coerente consigo mesmo, porque os elementos anteriormente ligados aos mundos
superiores se integraram ento a seu eu. Desse momento em diante a conscincia se pe
em contacto com o mundo exterior. Isso no se d ainda na infncia. Nesse perodo da
vida tudo se apresenta criana como que flutuando num mar de sonhos. Graas a uma
sabedoria que no reside nele, o homem atua sobre si mesmo. Essa sabedoria mais
poderosa e mais vasta que todo o saber consciente que ele venha a adquirir
posteriormente. Essa sabedoria superior se obscurece mais tarde para a alma humana, e
a conscincia toma ento seu lugar. Das alturas do mundo espiritual essa sabedoria flui
sobre o organismo corpreo, de modo que por seu intermdio o homem pode estruturar
seu crebro, partindo do esprito. Por essa razo se pode dizer que o maior dos sbios
pode aprender com uma criana; o que se manifesta nela a mesma sabedoria que, mais
tarde, no penetra na conscincia. Essa sabedoria estabelece uma espcie de
comunicao telefnica com as entidades espirituais em cujo mundo o homem se
encontra entre a morte e um novo nascimento. Desse mundo espiritual continuam a
descer outras influncias sobre a aura infantil, e o homem, como indivduo, encontra-se
ento sob a direco directa da totalidade do mundo espiritual ao qual pertence. As
foras espirituais desse mundo continuam a fluir sobre a criana. Elas s deixam de
actuar sobre esta no momento mais afastado que a memria normal atinge. So essas
foras que do ao homem a possibilidade de harmonizar-se com as leis da gravidade
terrestre. So elas ainda que formam sua laringe e estruturam seu crebro, para que este
se torne um instrumento vivo do pensamento, da sensibilidade e da vontade.
A actuao do homem, do alto de uma personalidade ainda em conexo imediata
com os mundos espirituais, actuao essa que se realiza na infncia de modo intensivo,
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persiste at certo grau, durante o resto da existncia, sob reserva das aludidas
transformaes. Mais tarde, anos aps, percebemos termos agido e falado anos atrs
sem a compreenso que s hoje podemos ter: nessa poca afastada deixamo-nos guiar
por uma sabedoria superior. S muitos anos aps que compreendemos os motivos que
nos levaram a agir. Das consideraes acima nos vem o sentimento que nos diz:
imediatamente aps o nascimento ainda no estamos por completo libertos do mundo
em que nos encontrvamos antes do nascimento fsico, mundo de cujo ambiente jamais
conseguiremos libertar-nos por completo. A parte de espiritualidade elevada que
possumos nos acompanha na vida fsica. Com frequncia senti-mos o seguinte: o que
reside em ns no apenas uma personalidade superior que evolui gradualmente, porm
algo que j existe e que nos leva tantas vezes auto-superao.
Tudo que o homem pode manifestar em matria de ideal, de criao artstica, assim
como todas as foras curativas naturais que ele pode fazer surgir no prprio corpo para
compensar continuamente os danos causados pela existncia, toda essa elevada
actividade no emana do entendimento comum, mas das foras profundas que nos
primeiros anos de vida actuam para que nos orientemos no espao foras essas que
moldam tambm nossa laringe e nosso crebro. Essas foras permanecem no homem.
Muitas vezes, na presena de enfermidades, dizem-nos que as foras exteriores no nos
podem auxiliar, mas nosso organismo deve pr em aco sua prprias foras curativas;
apela-se desse modo a uma sbia influncia que se exerce no homem. E da mesma
fonte que continuam a fluir as benficas foras que nos conduzem ao conhecimento do
mundo espiritual, isto , verdadeira clarividncia.
E agora pode surgir a seguinte pergunta: por que razo essas foras superiores s
actuam sobre o homem nos primeiros anos da infncia?
Pode-se responder facilmente a uma parte dessa pergunta. Caso essas foras
superiores continuassem a actuar do mesmo modo, o homem permaneceria como uma
criana; no chegaria plena conscincia do eu. preciso incorporar prpria
personalidade o que actuava anteriormente, vindo do exterior. Mas h uma razo mais
importante que esclarecer melhor ainda os mistrios da vida humana; a seguinte:
A Cincia do Esprito nos ensina que o corpo humano, tal como existe no estgio
actual da evoluo terrestre, um organismo que passou por outros estados, antes de
chegar forma atual.
O conhecedor da Cincia do Esprito sabe que essa evoluo se realizou em virtude da
influncia de foras diversas sobre o ser humano; certas foras actuaram sobre o corpo
fsico, outras sobre o corpo etrico e outras sobre o corpo astral. A entidade humana
chegou sua forma actual graas aco das entidades s quais demos o nome de
lucifricas e arimnicas. Sob o efeito dessas foras a entidade humana tornou-se, em
certo sentido, pior do que deveria ser caso s tivessem actuado as foras emanadas dos
guias csmicos espirituais, cuja inteno auxiliar a evoluo normal do homem. A
causa da dor, das molstias e mesmo da morte reside no facto de, alm das entidades
que fazem o homem evoluir em linha recta, imperarem tambm as entidades lucifricas
e arimnicas, interpondo-se continuamente no caminho que leva directamente
evoluo normal. O homem traz consigo, ao nascer, elementos superiores a tudo o que
mais tarde ele possa fazer de sua prpria vida.
As foras lucifricas e arimnicas tm pouca influncia sobre a entidade humana
nos primeiros anos da infncia; elas se manifestam principalmente na vida consciente
aps a idade infantil. Se a parte melhor de seu prprio ser continuasse a ter sobre o
homem o mesmo poder aps a primeira infncia, ele no poderia suportar essa
influncia, pois sua entidade se encontra ento completamente debilitada pela influncia
oposta das foras de Lcifer e rim. O homem, no mundo fsico, possui uma
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constituio que no lhe permite suportar a influncia das foras espirituais actuantes na
primeira infncia; ele s as pode suportar enquanto se conserva dctil e malevel como
uma criana. Se as foras que o orientam no espao e estruturam sua laringe e seu
crebro continuassem a influenci-lo de um modo imediato, ele seria aniquilado por
elas. Essas foras so to poderosas que, se continuassem a actuar sobre ns, nosso
organismo definharia pela santidade das mesmas. O homem s deve apelar a essas
foras quando se trata de estabelecer uma relao consciente com o mundo suprasensvel.
Disso decorre um pensamento de profundo significado para quem o compreende de
modo correcto. O Novo Testamento assim o exprime: Quem no receber o reino de
Deus qual uma criana no entrar nele. Segundo estas palavras, qual o mais elevado
ideal da Humanidade? Aproximar-se cada vez mais de um estado que se poderia chamar
de relao consciente com as foras que actuam sobre o ser inconsciente da criana.
No nos esqueamos de que o homem se desintegraria sob a poderosa aco dessas
foras, caso elas penetrassem em sua vida consciente sem qualquer preparao. Por
isso a aquisio das faculdades que exprimem a percepo dos mundos superiores
requer uma preparao cuidadosa. Esta preparao tem por fim tornar o homem capaz
de suportar o que normalmente no poderia.
A passagem atravs de encarnaes sucessivas importante para o
desenvolvimento completo da entidade humana. Esta atravessou no passado sucessivas
existncias; e enquanto prossegue em seu caminho, a Terra tambm continua sua
evoluo paralelamente do homem. Chegar uma poca em que a Terra ter chegado
sua meta; ento a entidade fsica do planeta terrestre se desligar da totalidade das
almas humanas, assim como, ao morrer, o corpo humano se desliga do espirito quando a
alma humana, para poder continuar a viver, entra no reino espiritual que lhe cabe entre a
morte e um novo nascimento. luz dessa ideia, compreenderemos que o mais elevado
ideal da evoluo humana assimilarmos, antes da morte da Terra, todos os frutos que
possam ser colhidos da vida terrestre.
Pois bem as foras que impedem o homem de atingir as foras actuantes na
primeira infncia provm do organismo da Terra. Quando esse organismo se desligar do
ser humano, ser necessrio que o homem, para atingir sua meta, seja capaz de entregarse, na plenitude de seu ser, s foras que actualmente s actuam na primeira infncia. O
sentido da evoluo atravs das sucessivas vidas terrestres , portanto, o ser humano
completo, inclusive sua parte consciente, tornar-se aos poucos a manifestao das foras
que, sob a actuao do mundo espiritual, reinam sobre a inconscincia da primeira
infncia. O pensamento que essas consideraes despertam na alma deve ench-la de
humildade, mas ao mesmo tempo da justa conscincia da dignidade humana. Esse
pensamento o seguinte: o homem no est sozinho; nele vive uma essncia que
permanentemente o faz sentir ser capaz de elevar-se acima de si mesmo, at atingir algo
que j o ultrapassa actualmente e que vai crescendo de existncia em existncia. Esse
pensamento poder tomar uma forma cada vez mais precisa; dar-nos- ento um
sentimento de extrema paz e elevao, mas, ao mesmo tempo, encher nossa alma da
humildade e da modstia necessrias. Que essncia essa que habita no homem? Na
verdade um homem superior, um homem divino, cuja presena sentimos dentro de ns
como uma realidade vivente, e do qual podemos dizer: o meu guia dentro de mim.
Partindo destas ideias, ocorre naturalmente alma o pensamento de que
necessrio fazer todo o esforo possvel para harmonizar-se com essa parte do ser
humano, mais sbia do que a inteligncia consciente. Ento, da personalidade
consciente, o pensamento se eleva a uma personalidade mais vasta, em presena da qual
todo e qualquer falso orgulho e presuno humanos podem ser extirpados e combatidos.
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Podemos afirmar que futuramente muitas pessoas adquiriro, por meio da Cincia
Espiritual, a compreenso correcta do contedo dos Evangelhos; essas pessoas vero
nas Sagradas Escrituras um guia da Humanidade, e dar-lhe-o um valor maior do que
lhes foi dado at hoje. Conhecendo a entidade humana em sua essncia, a Humanidade
adquirir a compreenso desses textos profundos. Poderemos dizer ento que
encontramos nos Evangelhos algo referente prpria essncia do homem, justamente
porque os homens que escreveram esses documentos na Terra o introduziram neles;
para os autores desses documentos, o conhecimento de nossa prpria natureza,
adquirido por meio de meditaes de acordo com a realidade, deve ter, portanto, um
valor especial progressivamente com o avanar da idade. Praticamos inmeras aces
que s compreendemos muitos anos mais tarde; podemos considerar os autores dos
Evangelhos pessoas que escreveram sob a inspirao do Eu Superior que atua na
primeira infncia. Assim sendo, os Evangelhos so obras provenientes da mesma
sabedoria que estrutura o ser humano. O homem, em seu corpo, manifesta o espirito; os
Evangelhos revelam o esprito por meio da linguagem escrita.
Nessas condies, o conceito da inspirao adquire novamente seu significado
correcto. Assim como foras superiores estruturam o crebro nos trs primeiros anos da
infncia, do mesmo modo se imprimiram, nas almas dos Evangelistas, foras oriundas
dos mundos espirituais, as quais ditaram os Evangelhos. Nesse facto se revela a
direco espiritual da Humanidade. Uma Humanidade realmente guiada quando dela
fazem parte pessoas cujas revelaes provm das mesmas foras que plasmam com
tanta sabedoria o ser humano. E assim como o indivduo se exprime ou age de um modo
que somente compreender mais tarde, a Humanidade em seu conjunto produziu nos
Evangelistas os intermedirios graas aos quais recebeu revelaes que s pouco a
pouco se tornaro compreensveis. A compreenso desses textos acompanhar o
progresso da Humanidade. O homem pode sentir dentro de si mesmo a direco
espiritual; a Humanidade, em seu conjunto, pode senti-la nas pessoas que actuam, como
o fazem os Evangelistas.
Essa ideia da direco da Humanidade pode ser ampliada sob muitos aspectos.
Suponhamos que um homem tenha encontrado discpulos algumas pessoas que o
reconhecem como mestre. Esse homem, se tiver o conhecimento de si prprio, ver que
o facto de ter encontrado discpulos despertar nele o seguinte sentimento: O que tenho
a dizer no provm de mim. como se foras espirituais dos mundos superiores
quisessem comunicar-se aos discpulos, encontrando no mestre o instrumento adequado
para manifestar-se.
Esse instrutor pensar: Quando eu era criana, evolu graas ao trabalho que
exerci sobre mim mesmo por meio de foras oriundas do mundo espiritual; e ainda
agora, o melhor que posso oferecer de mim deve provir dos mundos espirituais; no
devo consider-lo um apangio de minha conscincia normal. algo demonaco, uma
espcie de daimon demnio, no sentido de uma potncia espiritual boa que por
meu intermdio age do mundo espiritual sobre os discpulos. Era esse o sentimento de
Scrates, que, conforme Plato, falava de seu demnio como de um ser que o guiava
e dirigia. Procurou-se explicar de muitas maneiras esse demnio de Scrates. Mas a
nica explicao que Scrates nutria pensamentos e sentimentos semelhantes aos
enunciados por ns. Compreenderemos ento que, durante os trs ou quatro sculos em
que o pensamento socrtico actuou na Grcia, difundiu-se ali um estado de alma que
preparou um outro grande acontecimento. O sentimento de que o homem, tal como ns
o vemos, no representa inteiramente o ser oriundo dos mundos superiores, continuou a
exercer sua influncia. Os melhores dentre os que perceberam esse facto foram os
mesmos que, mais tarde, melhor compreenderam estas palavras: No sou eu, mas o
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Cristo em mim!, pois puderam pensar: Scrates falou de uma fora demonaca que
age dos mundos superiores; pelo ideal crstico compreendemos perfeitamente o que
Scrates quis dizei. S que Scrates ainda no podia falar do Cristo, pois no tempo em
que viveu ningum podia ainda encontrar dentro de si prprio a entidade crstica.
Descobrimos assim um novo aspecto da direco espiritual da Humanidade: nada
pode ser introduzido no mundo sem preparao. Por que razo Paulo encontrou
justamente na Grcia seus melhores discpulos? Porque o socratismo preparara ali um
solo favorvel, por meio do referido ambiente espiritual. Isso significa que o que sucede
mais tarde na evoluo da Humanidade liga-se a influncias anteriores, que prepararam
os homens para receber a influncia dos factos futuros. No podemos sentir ali a
vastido do impulso que orienta a evoluo humana e coloca no mundo, no momento
devido, as pessoas necessrias? Tais so os factos em que, num primeiro olhar,
manifesta-se de forma geral a direco da Humanidade.
II.
H um notvel paralelismo entre o que se passa na evoluo do indivduo e o que
impera na evoluo da Humanidade; percebemos isso ao considerar o que os mestres e
sbios do antigo Egipto revelaram aos antigos gregos sobre a direco da vida espiritual
egpcio. Um egpcio, a quem um grego perguntou por quem fora ele dirigido e
conduzido desde os tempos mais antigos, respondeu: Nos tempos remotos da
Antiguidade eram os deuses que reinavam sobre ns e nos instruam, e s mais tarde
vieram homens como guias. O primeiro guia que apareceu sob forma fsica se chamava
Menes, diziam os egpcios aos gregos; foi o primeiro guia com aparncia humana. Em
resumo: de acordo com os relatos dos gregos, os dirigentes do povo egpcio referiam ter
havido tempos em que os prprios deuses dirigiam e guiavam o povo. Devemos
compreender de modo adequado essa antiga tradio. Que queriam dizer os egpcios ao
afirmar: Os deuses foram nossos reis e nossos grandes mestres? Queriam dizer que,
caso se retornasse aos tempos primitivos do povo egpcio e se interrogasse aos homens
que sentiam em si prprios uma espcie de sabedoria dos mundos superiores Quem
so, na realidade, vossos mestres?, eles responderiam: Se eu quisesse falar de meu
verdadeiro mestre, no me referiria a este ou aquele homem, porm me transportaria a
um estado de clarividncia, (pela Cincia Espiritual sabe-se que isso era relativamente
mais fcil na Antiguidade do que em nossos dias) e ento encontraria meu verdadeiro
inspirador, meu verdadeiro mestre; ele s se aproximar de mim se meus olhos
espirituais estiverem abertos. No antigo Egipto desciam das alturas dos mundos
espirituais essas entidades que se revelavam aos homens sem encarnar-se em corpos
fsicos humanos. Foram de facto os deuses que, no Antigo Egipto, reinaram e
instruram, por intermdio de homens dotados de um corpo fsico; por deuses os
antigos egpcios compreendiam os seres que precederam o homem em sua evoluo.
De acordo com a Cincia Espiritual, a Terra, antes de se tornar Terra, passou por
um outro estado planetrio que chama-mos de estado lunar. Durante essa etapa, o
homem ainda no era homem no sentido da actualidade; porm na antiga Lua havia
outros seres, diversos da forma humana de hoje, seres de outra espcie, mas que se
encontravam ento no mesmo grau de evoluo que o homem atingiu actualmente na
Terra. Pode-se, portanto dizer que no antigo planeta Lua, desaparecido e do qual se
originou mais tarde a Terra, viviam entidades precursoras dos homens. No esoterismo
cristo elas se chamam Anjos (Angeloi); as que lhes esto acima tm o nome de
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Arcanjos (Archangeloi). Estas ltimas entidades foram homens numa fase anterior dos
Anjos. Os seres chamados, no esoterismo cristo, de Anjos ou Angeloi e na mstica
oriental entidades dhymicas foram homens durante o perodo lunar. Esses seres
esto, portanto, durante o perodo terrestre caso hajam atingido a meta de sua
evoluo lunar um grau acima dos homens. O homem atingir, no fim da evoluo
terrestre, o nvel que essas entidades atingiram no fim da evoluo lunar. Quando
comeou o estado terrestre de nosso planeta e o homem surgiu na Terra, essas entidades
no se podiam revestir de uma forma humana. O corpo humano carnal um produto
essencialmente terrestre, apropriado apenas s entidades que constituem a Humanidade
presente. Quanto s entidades que se encontram um grau acima dos homens, no comeo
da evoluo da Terra, elas no podiam encarnar-se em corpos humanos; s podiam
participar do governo terrestre utilizando-se da clarividncia dos homens antigos para
ilumin-los e inspir-los, influenciando assim a direco dos acontecimentos terrestres.
Os antigos egpcios recordavam-se desses estados de conscincia em que as
personalidades dirigentes viviam em contacto com as entidades chamadas deuses, Anjos
ou seres dhynicos. Que espcie de entidades eram essas que no se encarnavam como
homens, no tomavam uma forma humana carnal, mas actuavam sobre a Humanidade
da maneira aludida? Elas eram precursoras dos homens que j haviam ultrapassado a
etapa humana.
Em nossa poca, muito se abusa de um termo que teria aqui seu uso adequado:
super-homem. Esse termo se aplica perfeitamente a essas entidades que j no perodo
lunar a etapa planetria anterior nossa Terra eram homens e agora se encontram
um grau acima dos homens. Elas s podiam manifestar-se ao clarividente num corpo
etrico. Assim se mostravam, baixando dos mundos espirituais Terra, e governavam a
Terra ainda nos tempos que se seguiram ao perodo atlntico.
Essas entidades tinham a notvel faculdade e possuem-na ainda hoje de no
precisar pensar; pode-se mesmo dizer que nem podem pensar como o homem. De que
modo pensa o homem? Ele parte de um certo ponto que julga ter compreendido e, a
partir desse ponto, procura entender outras coisas. Se no fosse assim, a instruo no
seria para tanta gente to difcil de adquirir. No se pode aprender matemtica de um
dia para o outro, porque preciso comear em dado ponto e ir avanando lentamente.
Isso requer tempo. No se pode abranger de relance um mundo de pensamentos, porque
o pensamento humano evolui no tempo. No se pode erigir de um s golpe um edifcio
mental na alma. preciso esforar-se para encontrar a sequncia dos pensamentos. As
entidades de que falamos no possuem essa caracterstica humana; um amplo edifcio
mental surge nelas com a mesma rapidez com que um animal decide pegar algo que seu
instinto lhe diz ser comestvel. Instinto e reflexo consciente so, nessas entidades
espirituais, uma s coisa. Assim como os animais possuem instintos em seu grau de
evoluo e em seu reino, essas entidades dhynicas ou Angeloi possuem um pensamento
espiritual instantneo, a representao mental imediata. Essa vida interior mental
instintiva que as distingue essencialmente dos homens.
Agora se pode compreender, com facilidade, ser impossvel a essas entidades
utilizar-se de um crebro ou de um corpo fsico, tais como os possuem os homens.
necessrio que se sirvam de um corpo etrico, pois um corpo humano e um crebro
humano s transmitem os pensamentos no tempo, ao passo que essas entidades no
formam os pensamentos no tempo, porm sentem, por assim dizer, fulgurar dentro de si
mesmas a sabedoria que recebem. impossvel que cometam erros em pensamentos,
como o homem. O fluxo de seu pensamento uma inspirao imediata. Da provm a
certeza, por parte das personalidades capazes de aproximar-se dessas entidades sobrehumanas ou anglicas, de se encontrarem em presena da sabedoria infalvel. Quando
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mais baixo nos exrcitos dos espritos lucifricos. O reino das entidades lucifricas j
comea com essas entidades, situadas entre o homem e o Anjo.
faclimo ser induzido em erro ao se pensar nessas entidades. Poderia surgir a
seguinte pergunta: por que razo os espritos divinos, os dirigentes do bem, permitiram
que essas entidades se atrasassem na evoluo, inoculando assim o princpio lucifrico
na Humanidade? Poderamos pensar tambm que os deuses bons dirigem tudo no
sentido do bem. Essa questo se apresenta incontinente. E outro mal-entendido se
exprime na opinio de que essas entidades seriam entes maus. Essas duas opinies
no passam de um mal-entendido. Essas entidades no so, em absoluto, simplesmente
ms, apesar de terem dado origem ao mal na evoluo da Humanidade, porm
ocupam um lugar entre os homens e os super-homens. Sob alguns aspectos, ultrapassam
o homem em perfeio. Em todas as faculdades que o homem ainda tem de adquirir,
essas entidades j atingiram um grau elevado de perfeio; elas se diferenciam dos
precursores dos homens porque no tendo terminado sua etapa humana na Lua so
ainda capazes de encarnar-se em corpos humanos durante o perodo em que o homem
evolui na Terra. As entidades propriamente dhynicas ou anglicas, que so as grandes
inspiradoras dos homens e s quais aludiam os egpcios, no se manifestavam em
corpos humanos, s podendo manifestar-se atravs dos homens; ao passo que as
entidades situadas num grau intermedirio entre os homens e os Anjos ainda podiam,
em tempos pr-histricos, encarnar-se em corpos humanos. Por isso, durante a poca
lemrica e atlntica encontram-se na Terra, entre os homens, entidades cuja natureza
interior anmica a de um ser anglico retardado na evoluo; nos primitivos tempos
lemricos e atlnticos no habitavam na Terra apenas homens comuns, que em razo de
suas sucessivas encarnaes devero atingir o ideal na evoluo humana, mas tambm
outros seres que exteriormente se assemelhavam aos homens. Eles necessitavam
revestir-se de um corpo humano, porque a for-ma exterior de um homem encarnado
dependia das condies fsicas. Especialmente nos perodos mais antigos da civilizao,
viviam entre os homens seres pertencentes mais baixa categoria das individualidades
lucifricas. Ao lado das entidades anglicas, que actuavam na evoluo humana atravs
dos homens, encarnavam-se tambm as aludidas entidades lucifricas, que foram as
fundadoras de civilizaes em diversas regies. E quando, nas lendas populares de
antigos povos, alude-se a essa ou aquela grande individualidade fundadora de uma
civilizao, no se deve crer que essa individualidade seja a encarnao de um ser
lucifrico forosamente maldoso; tais entidades espalharam na civilizao humana
incontveis benefcios.
A Cincia Espiritual nos ensina que nos tempos antigos, especialmente na
Atlntida, existia uma espcie de lngua primordial da Humanidade, um idioma em toda
a superfcie da Terra. A linguagem naqueles tempos recuados emanava, muito mais
do que hoje, das profundezas da alma. Pode-se perceber esse facto pelo seguinte: no
perodo atlntico, as impresses do exterior actuavam de modo tal sobre os homens que
a alma, ao pretender exprimi-las, era obrigada a manifestar-se pela articulao de uma
consoante. O que existia no espao tendia a ser imitado pela consoante. Os gemidos do
vento, o rugido das ondas, a proteco oferecida por um teto, davam origem a
sentimentos que se exprimiam pelas consoantes, que eram uma imitao desses
fenmenos ou coisas. Ao contrrio, as impresses interiores de sofrimento e de alegria,
ou as sensaes de outro ser, eram imitadas com a expresso de uma vogal. Isso
demonstra que a alma, por meio da linguagem, sentia-se em ntima comunho com os
fenmenos ou entidades exteriores. A Crnica do Akasha revela-nos o seguinte:
Suponhamos um homem se aproximando de uma choupana que, em sua primitiva
forma, com seu teto abobadado, oferecia abrigo e proteco a uma famlia; esse homem
16
certo modo, uma entidade anglica nas profundidades de sua alma. Isso demonstra que a
Humanidade, tambm nesse sentido, estava sob uma direco espiritual.
Ora, em cada grau de evoluo h entidades que se retardam, que no chegam
meta possvel de atingir. Consideremos mais uma vez o antigo perodo cultural egpcio,
que floresceu h milnios s margens do Nilo; nessa poca, manifestaram-se aos
egpcios os instrutores sobre-humanos que os prprios egpcios consideravam guias
divinos. A seu lado, porm, actuavam outras entidades que haviam atingido o grau de
Anjo s pela metade ou parcialmente. Na antiga cultura egpcia, o homem atingira
determinado grau de evoluo isto , as mesmas almas dos homens actualmente
encarnados haviam atingido, na cultura egpcia, o nvel correspondente a essa poca.
Mas o progresso do homem sob a direco divina no pertence s a ele; determina
tambm a evoluo das entidades que o guiam e conduzem. Um Anjo, por exemplo,
mais do que era, aps ter guiado os homens durante algum tempo. Em razo de sua
actuao como guia, o Anjo evolui tanto o Anjo completo quanto o de evoluo
retardada. Todos os seres podem caminhar na evoluo; tudo se encontra em incessante
evoluo. Mas em cada grau h entidades que se retardam. No sentido do que dissemos
acima, na antiga cultura egpcia distinguiam-se os guias divinos ou Anjos, depois os
guias semidivinos, que no atingiram completamente o grau de Anjos, e por fim os
homens. Mas certos seres da categoria dos super-homens se atrasaram de novo, isto , a
forma pela qual regem no lhes permite manifestar completamente suas foras, e
durante o antigo perodo de cultura egpcia se retardam, permanecendo no grau de Anjo.
Do mesmo modo, os super-homens incompletos tambm se retardam. Enquanto os
homens progrediram c embaixo na Terra, l nas alturas, entre as entidades dhynicas
ou Anjos, certas individualidades permaneceram retardadas. Quando a cultura egiptocaldaica chegou a seu fim, dando lugar greco-latina, existiam entidades-guias
retardadas, da primeira dessas pocas culturais. Estas, porm, no podiam utilizar mais
suas foras por terem sido substitudas por outros Anjos ou entidades semi-anglicas na
direco da Humanidade. A consequncia disso que ficaram entravadas tambm em
sua prpria evoluo.
Assim, nosso olhar conduzido para uma categoria de entidades que poderiam
ter-se utilizado de suas foras durante a poca egpcia, mas que nessa poca no as
utilizaram de todo. Na poca seguinte, a greco-latina, no as puderam utilizar por terem
sido substitudas por outros guias e tambm por ser-lhes impossvel actuar, em razo do
carcter diferente dessa poca. Assim como as entidades que na Antiga Lua no haviam
atingido seu grau de Anjo tiveram mais tarde a misso de actuar de novo na evoluo da
Humanidade durante o perodo terrestre, do mesmo modo as entidades que se haviam
retardado na cultura egipto-caldaica, em seu papel de entidades-guias, tm a misso de
actuar mais tarde, na civilizao, como entidades retardadas. Assim, veremos surgir um
perodo ulterior dirigido por entidades normalmente evoludas, mas onde, a seu lado,
actuam outras entidades retardadas num perodo anterior, especialmente as que se
retardaram durante a poca do antigo Egipto. O perodo aludido o actual, em que
vivemos hoje quando, ao lado dos guias normais da Humanidade, actuam essas
entidades que se retardaram na cultura egipto-caldaica.
A evoluo dos factos e dos seres s explicvel ao considerar-mos os fenmenos
fsicos como efeitos (manifestaes) cujas verdadeiras causas residem no mundo
espiritual. Nossa poca cultural, observada em seu conjunto, de um lado pode ser
considerada como um progresso em direco espiritualidade. No impulso de
determinadas pessoas em direco espiritualidade se manifestam os guias espirituais
da Humanidade presente, os quais completaram sua evoluo normal. So eles que
exercem sua influncia em tudo o que eleva os homens ao que a Teosofia nos transmite
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da antiga sabedoria espiritual. Por outro lado, as entidades retardadas da cultura egiptocaldaica impregnam tambm nossas tendncias culturais modernas; tanto na aco
como no pensamento de nossos tempos e do futuro prximo, manifestam-se de vrias
for-mas. Actuam em tudo o que confere nossa cultura seu carcter materialista,
podendo-se perceber sua influncia at mesmo nas tendncias espiritualistas de hoje.
Vivemos uma espcie de renascimento da cultura egpcia em nossos dias. Assim, os
guias invisveis de tudo o que sucede no mundo fsico se dividem em duas classes. A
primeira se compe das individualidades que at nossa poca evoluram normalmente.
Elas puderam participar da direco de nossa era, enquanto os guias da poca grecolatina precedente terminaram progressivamente sua misso no decurso do primeiro
milnio da era crist. A segunda classe de guias, cujo trabalho se realiza juntamente
com o da primeira, compreende as individualidades espirituais que no completaram
sua evoluo na cultura egipto-caldaica. Elas se conservaram inactivas durante o
perodo greco-latino, e actualmente podem retomar sua actividade em razo da
semelhana existente entre nossa poca e a egipto-caldaica. Assim, vemos que hoje em
dia h uma espcie de renascimento de foras que actuaram no antigo Egipto; mas entre
essas foras, muitas h que ento actuavam no sentido do esprito e agora reaparecem
sob um aspecto materialista. Para citar um exemplo dessa transposio, pensemos em
Kepler. Ele estava compenetrado pela harmonia csmica, e esse facto se manifestou em
sua notvel descoberta das leis da mecnica celeste, as famosas leis de Kepler. Essas
leis podem parecer ridas e abstractas, mas em Kepler nasceram de uma percepo da
harmonia do Universo. O prprio Kepler escreveu que, para chegar s suas descobertas,
teve de penetrar nos mistrios sagrados dos egpcios, apossar-se dos vasos de seus
templos e assim trazer ao mundo verdades cuja importncia s a posteridade
compreender. Essas palavras de Kepler no so uma frase apenas demonstram que
nele existia a obscura conscincia de um renascimento do que ele conhecera durante sua
encarnao no antigo Egipto. Com todo o fundamento podemos imaginar que Kepler,
durante uma de suas vidas anteriores, tenha conhecido a antiga sabedoria egpcia, tendo
essa sabedoria ressurgido mais tarde em sua alma sob uma for-ma apropriada aos
tempos presentes. Compreende-se que o gnio egpcio tenha dado em nossa poca um
impulso ao materialismo, porque entre os egpcios a espiritualidade estava
compenetrada de forte pendor materialista. Um exemplo disso era o embalsamamento
dos mortos, que ilustra o valor conferido conservao do corpo fsico. Essa tendncia
chegou at ns, manifestando-se sob outros aspectos. As mesmas foras que naquela
poca no chegaram ao termo de seu desenvolvimento actuam agora de novo, com
modificaes adaptadas nossa poca. A ideia da qual se originou o embalsamamento
dos cadveres reaparece hoje em dia nas doutrinas que rendem culto apenas matria.
O egpcio embalsamava os cadveres para conservar algo a que atribua enorme valor.
Julgava que a evoluo da alma depois da morte estivesse relacionada com a
conservao do corpo fsico material. O anatomista moderno disseca o que v, pensando
aprofundar-se desse modo no conhecimento das leis que regem o organismo humano.
Na cincia contempornea revivem as foras do antigo mundo egipto-caldaico, as
quais representam um atraso e que deve-mos conhecer para poder aquilatar
devidamente o carcter de nossa poca. Essas foras prejudicaro o homem de hoje caso
ele no conhea sua natureza; mas ser-lhe-o vantajosas se ele souber de que modo
actuam, colocando-se diante delas com a atitude devida. Essas foras devem ser usadas
para fins adequados; no fora assim, no teramos hoje as grandes conquistas da tcnica,
da indstria, etc. So foras pertencentes a entidades lucifricas do grau inferior. Caso
no sejam conhecidas em seu verdadeiro aspecto, considerar-se-o ento os impulsos
materialistas da actualidade como os nicos possveis, no se enxergando as outras
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encarnaes precedentes. Isso demonstra quo necessrio era que um novo elemento
interviesse na conduo espiritual da Humanidade. Esse elemento foi o verdadeiro
esoterismo moderno. por meio dele que se pode obter o correcto entendimento da
interveno efectuada na conduo da Humanidade e do indivduo humano pelo que
denominamos impulso crstico.
A partir do Mistrio do Glgota at o alvorecer do esoterismo moderno, decorreu
a primeira fase da assimilao do princpio crstico pelas almas humanas. Durante essa
fase, os homens receberam o Cristo sem nenhuma participao consciente de suas
foras espirituais mais elevadas, de modo que mais tarde, quando foram forados a
receb-lo conscientemente, cometeram toda espcie de erros e perderam-se num
verdadeiro labirinto com relao compreenso do Cristo. Nos primeiros tempos do
cristianismo podemos notar que o princpio cristico se vai incorporando nas foras
inferiores da alma. No perodo seguinte, em que ainda vivemos hoje, os homens
comeam a compreender o princpio crstico com as faculdades superiores da alma.
Demonstraremos a seguir que a perda do conhecimento supra-sensvel at o sculo XIII,
bem como seu lento renascimento sob outra forma a partir dessa poca, coincide com a
penetrao do impulso cristico na evoluo da Humanidade.
Desse modo, o esoterismo moderno consiste em fazer do impulso crstico uma
fora activa na direco das almas que querem adquirir o conhecimento dos mundos
superiores, de acordo com as condies evolutivas da poca atual.
III.
Pelas consideraes do captulo anterior, vimos que a direco espiritual da
evoluo humana est entregue s entidades que passaram pelo estgio humano durante
a precedente encarnao de nosso planeta terrestre, o antigo perodo lunar. A essa
direco se ope uma outra que lhe coloca obstculos mas em certa medida a favorece
com esses entraves; essa influncia contrria exercida por entidades que no
terminaram sua prpria evoluo no perodo lunar. Trata-se de entidades que esto
imediatamente acima dos homens, dentre as quais algumas auxiliam directamente a
evoluo e outras a favorecem, criando obstculos e conferindo assim, s foras
provenientes das entidades geradoras de progresso, fora, firmeza, equilbrio,
ponderao e personalidade. De acordo com o esoterismo cristo, pode-se dar a estas
duas classes de seres acima do homem o nome de Anjos (Angeloi). Acima desses seres
se escalonam as demais Hierarquias superiores os Arcanjos, os Arqueus, etc., que
igualmente tomam parte na direco da evoluo humana.
Em cada uma dessas classes de entidades h vrios graus de perfeio. No incio
da actual evoluo terrestre, existiam Anjos altamente e outros menos evoludos. Os
primeiros haviam ultrapassado consideravelmente o mnimo de perfeio que podiam
atingir na Lua. Entre os altamente evoludos e os que haviam chegado a um mnimo de
perfeio no trmino da evoluo lunar e princpio da evoluo terrestre, existem todos
os graus intermedirios possveis. Cada entidade exerce sobre a evoluo da
Humanidade uma aco apropriada, de acordo com seu grau de adiantamento. No
perodo egpcio de cultura, a Humanidade foi guiada por seres que haviam atingido na
Lua uma perfeio maior do que a dos seres dirigentes da poca greco-latina. E estes
ltimos eram, por sua vez, mais perfeitos que os guias da poca atual. Durante as
pocas egpcia e gregas os guias da Humanidade que deviam intervir mais tarde em sua
direco evoluram, adquirindo assim a maturidade necessria para essa misso.
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os seres sobre-humanos. O Cristo no existe somente para a Terra, mas tambm para
essas entidades. As mesmas entidades que dirigiam a antiga cultura egipto-caldaica no
estavam ento sob a direco do Cristo; s a partir da poca egipto-caldaica se
colocaram sob essa direco nisso consistindo seu progresso , de modo que dirigem
nosso quinto perodo de cultura ps-atlntica sob a influncia do Cristo; elas o seguem
nos mundos superiores. O atraso das entidades que agem paralisando a evoluo
consequncia de no se terem submetido direco do Cristo, e de actuarem
independentemente dele. Assim, cada vez com maior clareza, evidenciar-se- o seguinte
na cultura humana: haver uma corrente materialista sob a direco dos espritos
retardatrios egipto-caldaicos, com um carcter materialista. A maior parte da cincia
materialista de todos os pases est sob sua influncia. Mas j se manifesta uma outra
corrente cuja finalidade fazer com que o homem descubra, em todos os seus actos, o
que podemos chamar de princpio crstico.
H hoje em dia, por exemplo, pessoas que dizem o seguinte: em ltima anlise,
nosso mundo consiste em tomos. Quem inspira aos homens os pensamentos de que o
mundo consiste em tomos? So os seres anglicos sobre-humanos que se retardaram na
evoluo durante o perodo egipto-caldaico.
Qual ser o ensinamento das entidades que atingiram sua meta na antiga esfera
cultural egipto-caldaica, tendo conhecido o Cristo naquela poca? Elas podero inspirar
aos homens pensamentos diferentes da crena nos tomos materiais; podero ensinar
aos homens que a substncia csmica, at mesmo em suas menores partculas, est
permeada pelo esprito do Cristo. E por mais estranho que parea, no futuro haver
qumicos e fsicos que no ensinaro a qumica e a fsica como actualmente se faz, sob a
influncia dos espritos retardatrios egipto-caldaicos; ensinaro que a matria
estruturada conforme o Cristo a foi estruturando progressivamente! Encontrar-se- o
Cristo at mesmo nas leis da qumica e da fsica. No futuro, haver uma qumica
espiritual, haver uma fsica espiritual. Hoje em dia essas ideias certamente parecero a
muitas pessoas um sonho ou coisa pior, mas a razo do futuro , com frequncia, a
loucura do passado.
Para o observador atento, os factores que nesse sentido actuam na evoluo cultural
j se fazem notar, embora ele conhea perfeitamente as objees que podero se feitas,
do ponto de vista cientifico ou filosfico da actualidade, a essas pretensas loucuras.
Graas s consideraes acima, sabemos qual a vantagem das entidades dirigentes
sobre-humanas sobre o homem. Os homens conheceram o Cristo na quarta civilizao
ps-atlntica, na poca greco-latina, isto , quando o acontecimento crstico se deu na
Terra. Nessa poca os homens conheceram o Cristo. As entidades sobre-humanas o
conheceram e se elevaram at ele durante a poca egipto-caldaica. Depois tiveram de
abandonar os homens a seu prprio destino durante a poca greco-latina, para mais
tarde intervir de novo na evoluo humana. E quando se pratica Teosofia, isso significa
reconhecer o facto de que as entidades sobre-humanas que conduziam os homens
retomam agora sua misso sob a direco do Cristo. O mesmo acontece com outras
entidades.
Na antiga poca persa, os Arcanjos participavam da direco da Humanidade. Eles
se colocaram sob as ordens do Cristo mais cedo do que as entidades que lhes so
inferiores; Zaratustra mostrava o Sol a seus discpulos e a seu povo, dizendo: No Sol
vive o grande esprito Ahura Mazdao, que dever descer Terral Ora, as entidades da
regio dos Arcanjos, que guiavam Zaratustra, orientavam-no para chegar ao grande
regente solar, que ainda no havia baixado ao nosso planeta mas tinha iniciado o
caminho que o levaria a participar mais tarde, de modo imediato, da evoluo terrestre.
Quanto s entidades dirigentes que inspiravam os grandes instrutores da ndia, tambm
24
elas indicaram o Cristo do futuro; um erro julgar que esses instrutores no pressentiam
o Cristo. Eles disseram que o Cristo se encontrava acima de sua esfera e que eles no
o podiam encontrar.
Assim como em nossa quinta poca so os Anjos que fazem descer o Cristo nossa
evoluo espiritual, do mesmo modo na sexta poca a civilizao ser guiada pelos
mesmos seres que dirigiram o perodo cultural da Prsia primeva. E os espritos dos
primrdios, os Arqueus, que guiaram a Humanidade durante a antiga poca hindu, sob
as ordens do Cristo, inspiraro a stima poca cultural da Humanidade. Na poca grecolatina, o Cristo desceu das alturas espirituais e manifestou-se no organismo corpreo de
Jesus de Nazar, vindo assim ao mundo fsico. no mundo imediatamente superior a
este que a Humanidade o encontrar, quando adquirir a maturidade necessria. Os
homens no permanecero sempre os mesmos, mas tero adquirido a maturidade e
encontraro o Cristo como Paulo, precursor da evoluo futura, o encontrou na viso
proftica de Damasco: no mundo espiritual. E os mesmos grandes instrutores que
guiaram os homens na poca egipto-caldaica guiam nossa poca e tambm conduziro
os homens no sculo XX a uma viso do Cristo semelhante de Paulo. Mostraro ao
homem que o Cristo no atua apenas sobre a Terra, mas transespiritualiza todo o
sistema solar. E os santos instrutores da ndia, quando se reencarnarem no stimo
perodo cultural, anunciaro o grande e poderoso Esprito pressentido por eles atravs
da unidade de Brahma, que s por meio do Cristo pode ser compenetrada de seu
verdadeiro contedo. Esse grande Esprito que eles diziam reinar acima de sua esfera.
Assim, de etapa em etapa, a Humanidade ser elevada ao mundo espiritual.
Para falar do Cristo, regente dos mundos sucessivos e das Hierarquias superiores,
preciso conhecer a cincia que, sob o signo da Rosacruz, penetrou a partir dos sculos
XII e XIII em nossa cultura e, como demonstramos, tornou-se necessria desde aqueles
tempos. Se, inspirados nessa concepo, estudarmos de perto a entidade que viveu na
Palestina e consumou o Mistrio do Glgota, eis o que se apresentar nossa viso:
At nossa poca, tem havido as mais diversas ideias a respeito do Cristo. Nos
primeiros sculos, por exemplo, certos gnsticos cristos disseram o seguinte: Cristo
que viveu na Palestina no possua corpo fsico carnal algum, mas um corpo aparente,
um corpo etrico que se tornou visvel aos olhos fsicos; portanto sua morte na cruz no
teria sido real, mas aparente, porque se tratava apenas de um corpo etrico. Houve em
seguida as mais variadas discusses entre os adeptos do cristianismo, como por
exemplo a conhecida disputa entre os arianos e os atanasianos, com as mais
contraditrias ideias sobre a natureza do Cristo. At nossa poca, os homens tiveram as
mais diversas opinies sobre o Cristo.
A Cincia Espiritual deve reconhecer em Cristo uma entidade no s terrestre,
como tambm csmica. Em certo sentido, o prprio homem um ser csmico. Vive
uma dupla vida: no corpo fsico, do nascimento morte, e nos mundos espirituais entre
a morte e um novo nascimento. Quando encarnado, vive submetido ao poder da Terra,
porque o corpo fsico depende de condies e foras da vida terrestre. Mas o homem
no se contenta apenas em assimilar os produtos materiais e as foras da Terra, e sim
faz parte integrante do organismo fsico terrestre, pertencendo-lhe. Quando atravessa o
portal da morte, no pertence mais s foras da Terra; mas seria inexacto pensar que no
pertence mais a sistema algum de foras, pois est ento ligado s foras do sistema
solar e dos outros sistemas estelares. Entre a morte e um novo nascimento ele vive no
Cosmo, assim como vive no reino terrestre do nascimento morte. Da morte ao novo
nascimento pertence ao Cosmo, tal como na Terra pertence aos elementos ar, gua,
terra, etc. Enquanto sua vida decorre entre a morte e o novo nascimento, ele est no
reino das influncias csmicas. Os planetas no irradiam apenas as foras fsicas que a
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astronomia fsica ensina a gravidade terrestre e outras foras fsicas , mas tambm
foras espirituais. E o homem est em ligao com essas foras espirituais do Cosmo,
cada indivduo de um modo pessoal. Se um homem nasce na Europa, depende de
condies climatricas e outras, diferentes das da Austrlia. Do mesmo modo, na vida
entre a morte e o novo nascimento um indivduo est em relaes mais estreitas com as
foras espirituais de Marte, outro com as de Jpiter e outros ainda com as de todo o
sistema planetrio. E so essas mesmas foras que trazem o homem de retorno Terra.
Assim ele vive, antes do nascimento, unido a todo o espao estelar.
Essas relaes particulares do indivduo com o Cosmo determinam tambm as
foras que o atraem para estes ou aqueles pases, para esta ou aquela regio. O impulso,
o instinto de se reencarnar neste ou naquele lugar, nesta ou naquela famlia, neste ou
naquele povo, numa ou noutra poca, depende da maneira pela qual o homem est
ligado ao Cosmo antes do nascimento.
Havia antigamente, nas regies de lngua alem, uma expresso
extraordinariamente expressiva para significar o nascimento de um homem. Quando
algum nascia, dizia-se que se tinha tornado jovem neste ou naquele lugar. Era uma
aluso inconsciente lei que faz o homem, entre a morte e o novo nascimento,
continuar submetido s foras que o fizeram envelhecer na encarnao precedente, ao
passo que, algum tempo antes do nascimento, em seu lugar intervm foras que o
rejuvenescem. assim que, no Fausto, Goethe utiliza a expresso tornado jovem no
pas da nvoa. O pais da nvoa era a antiga denominao dada Alemanha na Idade
Mdia.
O horscopo baseia-se numa verdade: a de que o conhecedor desses assuntos pode
decifrar as foras que regulam a entrada do homem na existncia fsica. Cada pessoa
possui um horscopo determinado, onde se exprimem as foras que o conduziram
existncia. Quando, por exemplo, no horscopo Marte est em ries, isso significa que
a aco de Marte intercepta ou enfraquece certas foras de ries. Assim o homem
levado ao lugar que lhe compete na existncia fsica, e o horscopo representa aquilo
que o orienta antes de ele vir existncia terrestre. Antes de afirmar esses factos, que
parecem to ousados actualidade, preciso declarar que quase tudo praticado
actualmente nesse sentido puro diletantismo, uma verdadeira superstio; e que, para
o mundo exterior, a verdadeira cincia dessas coisas, na maior parte, perdeu-se por
completo. No se deve julgar os princpios que enunciamos acima relacionando-os com
as fantasias a que actualmente se d o nome de astrologia.
So as foras activas do mundo estelar que impelem o homem encarnao no
mundo fsico.
Se a conscincia clarividente observa algum, pode perceber a que ponto seu
organismo resultado da cooperao entre as foras csmicas. Esclareamos esta lei de
uma forma hipottica, embora condizente com as observaes da clarividncia.
Se extrassemos o crebro de um homem e o examinssemos de forma clarividente,
de modo a distinguir cada circunvoluo e seus prolongamentos, veramos que cada
pessoa tem o crebro diferente da outra. No h dois crebros que se assemelhem.
Suponhamos que se pudesse fotografar a estrutura do crebro, de modo a obter uma
espcie de hemisfrio onde todos os detalhes fossem visveis: essa imagem seria
diferente para cada indivduo. E se fotografssemos o crebro de um homem no
momento exacto em que ele nasce, fotografando em seguida a parte do cu que se
estende justamente por cima do lugar de seu nascimento, essa imagem corresponderia
exactamente a esse crebro humano. Certas partes do crebro esto dispostas como as
estrelas na constelao. O homem tem em si uma imagem do firmamento que difere
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exemplo, que o caminho percorrido pelo Arcanjo Gabriel, de Isabel a Maria, representa
a passagem do Sol do signo de Virgem a um outro signo. Essa explicao no de todo
inexacta; mas esses pensamentos so inspirados, em nossa poca, pelas entidades
retardadas na poca egipto-caldaica. Pretende-se, desse modo, fazer crer que os
Evangelhos no passam de alegorias simbolizando determinadas condies csmicas. A
verdade que o Cosmo inteiro se exprime no Cristo, e possvel citar em sua vida
determinados relacionamentos csmicos que actuam continuamente na Terra, atravs
do Cristo. A verdadeira compreenso desses relacionamentos leva aceitao integral
do Cristo que viveu na Terra, ao passo que o erro acima assinalado faz supor que, se a
vida do Cristo descrita nos Evangelhos se exprime atravs de constelaes csmicas,
isso prova que se trata apenas de constelaes alegoricamente referidas, e que, por
conseguinte, nunca existiu um Cristo terrestre real.
Usando uma comparao, poderamos dizer o seguinte:
Imaginemos cada homem sob a forma de uma esfera em que se reflictam todos os
objectos em derredor. Essa esfera reflectiria todas as imagens em torno dela.
Suponhamos que com um lpis de decalque desenhssemos os contornos reflectidos
nesse espelho. Poderamos, em seguida, retirar o espelho e transportar por toda parte o
decalque dos reflexos. Esta comparao exprime o estado do homem no momento de
seu nascimento, quando reflecte em si prprio o aspecto do Cosmo e depois carrega
consigo, durante toda a vida, uma cpia desse reflexo. Mas poderamos tambm deixar
o espelho subsistir e, portanto, por onde quer que o transportssemos ele reflectiria o
que o rodeasse. A todo momento reflectiria uma imagem de todo o seu derredor. Essa
seria a imagem do Cristo entre o baptismo de Joo e o mistrio do Glgota. O que em
qualquer outro homem flui para a existncia fsica no momento do nascimento flua
para Jesus Cristo a todo momento. E quando se realizou o mistrio do Glgota, as foras
irradiadas ao Cosmo passaram substncia espiritual da Terra, estando desde ento
unidas a seu esprito.
Quando Paulo se tornou clarividente diante de Damasco, percebeu que o que se
encontrava no Cosmo passara agora ao esprito da Terra. Disso poder convencer-se
quem souber reproduzir a viso de Damasco, vivenciando-a dentro de si prprio. No
sculo XX aparecero as primeiras pessoas capazes de vivenciar a viso de Paulo de um
modo espiritual.
At o presente s podiam ter essa viso as pessoas que adquiriram as foras da
clarividncia por meio da disciplina esotrica. No futuro, o progresso natural das foras
da alma humana permitir a viso do Cristo na esfera espiritual da Terra. Tero essa
viso como uma reproduo vivente do acontecimento de Damasco algumas pessoas
a partir de um momento determinado do sculo XX, e seu nmero ir aumentando at
que essa venha a ser, num longnquo futuro, uma faculdade normal da alma humana.
A entrada do Cristo na evoluo terrestre traz a essa evoluo um impulso
totalmente novo. Os prprios factos exteriores histricos o demonstram. Nos primeiros
tempos que se seguiram evoluo atlntica, os homens sabiam perfeitamente que
acima deles, por exemplo, no havia somente um Marte fsico; que o que vemos nesse
planeta, ou em Jpiter ou Saturno, a expresso de entidades espirituais. Nos tempos
seguintes, esses conhecimentos foram esquecidos. Os corpos celestes foram
considerados apenas corpos submetidos s leis fsicas. E na Idade Mdia os homens s
viam nos astros o que os olhos podem ver: a esfera de Vnus, a esfera do Sol, de Marte,
etc., at a esfera das estrelas fixas, por detrs da qual se encontrava a oitava esfera,
como um muro azul e resistente. Ento veio Coprnico, que abriu brechas na concepo
segundo a qual s vlido o que os sentidos percebem.
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Os fsicos de hoje podero dizer que preciso ser louco para pretender que o
mundo seja maya, iluso, sendo necessria a viso de um mundo espiritual para se
encontrar a verdade. A verdadeira cincia a que se baseia nos sentidos e interpreta os
dados dos sentidos. Mas quando foi que os astrnomos se fiaram unicamente nos
sentidos? Foi na poca em que dominava a cincia astronmica hoje combatida!
A astronomia moderna surgiu quando Coprnico comeou a conceber as coisas
existentes no espao csmico alm da aparncia sensvel, e o mesmo aconteceu em
todos os domnios da cincia. Por onde quer que a cincia se tenha tornado moderna, foi
sempre contra as aparncias sensveis. Quando Coprnico declarou: O que vedes
maya, iluso; confiai naquilo que no podeis ver!, nesse instante fundou a cincia
oficialmente admitida hoje. Poderamos, portanto, dizer aos representantes da cincia
contempornea: Vossa cincia s se tornou de facto cincia quando deixou de
fundar-se unicamente na experincia sensvel. Vejo depois Giordano Bruno, que
interpretou filosoficamente a doutrina de Coprnico. Ele dirigiu o olhar ao espao
csmico e anunciou o seguinte: o que chamaram de fronteira do espao a oitava
esfera, que limita todo o espao apenas maya, iluso, e no uma barreira; uma
infinidade de nmeros est espalhada no espao. O que se chamava outrora de fronteira
do espao apenas a fronteira do mundo dos sentidos humanos. Dirijamos nosso olhar
para alm do mundo sensvel, e no veremos mais o mundo como nossos sentidos
mostram; ento conheceremos tambm o infinito.
Vemos por todas essa razes que, no decorrer da evoluo da Humanidade, .o
homem partiu de uma concepo espiritual do Cosmo, tendo-a perdido no decurso dos
tempos. Uma ideia puramente sensorial do Universo se havia implantado quando o
impulso crstico penetrou na evoluo. Graas a ele a Humanidade impregnou
novamente de espiritualidade as concepes materialistas. No momento em que
Giordano Bruno rompeu as cadeias da aparncia sensvel, a evoluo crstica j estava
suficientemente avanada para que em Bruno pudesse actuar a fora psquica que o
impulso do Cristo havia despertado. Vemos assim, em sua totalidade, a importncia da
aco do Cristo sobre a evoluo humana, evoluo essa que est apenas em seus
primrdios.
Quais so, pois, as finalidades da Cincia Espiritual?
No que se refere cincia fsica exterior, ela completa a obra de Giordano Bruno e
outros, dizendo: o que a cincia exterior conhece apenas maya, iluso. Assim como
outrora se fitava a oitava esfera acreditando-se ser essa esfera o limite do espao, do
mesmo modo o pensamento da actualidade acredita que o homem esteja encerrado entre
o nascimento e a morte. Mas a Cincia do Esprito estende o olhar para alm do
nascimento e da morte.
H um encadeamento ininterrupto na evoluo da Humanidade, reconhecvel nas
ideias enunciadas acima. E no verdadeiro sentido da palavra, o que foi feito por
Coprnico e Giordano Bruno com relao ao espao, para vencer a aparncia sensvel,
decorre das inspiraes daquela corrente espiritualista que inspirou tambm a nova
Cincia do Esprito, ou Teosofia. O esoterismo moderno j actuava de modo misterioso
sobre Coprnico, Bruno, Kepler e outros. E aqueles que, em nossos dias, pretendem
conservar-se no terreno de Giordano Bruno e de Coprnico, no querendo aceitar a
Teosofia, so infiis s suas prprias tradies, apegando-se s aparncias sensveis.
Mas a Cincia do Esprito demonstra que, assim como Giordano Bruno rompeu os
limites da abbada celeste, esta cincia tambm rompe as fronteiras de nascimento e
morte, mostrando como o homem, que tem sua origem no Macrocosmo, penetra na
existncia fsica e, atravessando a morte, reentra numa existncia macrocsmica. O
fenmeno que vemos reproduzir-se em cada indivduo humano, de forma reduzida, se
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nos apresenta sob uma forma grandiosa no representante do Esprito Csmico, Jesus
Cristo. Uma nica vez apenas o Cosmo pde reflectir-se desse modo, pois a constelao
que se apresentou naquela poca no pode mais reproduzir-se. Ela teve de actuar atravs
de um corpo humano para poder dar o impulso Terra. Assim como essa constelao
no se repete, tambm o Cristo s pde encarnar-se uma vez. S quando se ignora que o
Cristo o representante do Universo inteiro, no se conseguindo compenetrar o prprio
ser com esta ideia do Cristo, cujos elementos nos so dados pela Cincia do Esprito,
que se pode pretender que esse ente possa encarnar-se repetidas vezes na Terra.
Desse modo, a nova Cincia do Esprito ou Teosofia traz uma concepo do Cristo
que apresenta sob novo aspecto as relaes entre o homem e todo o Macrocosmo. Para
compreender verdadeiramente o Cristo, preciso apelar s foras inspiradoras que
agora surgem atravs das entidades sobre-humanas da poca primeva egipto-caldaica
guiadas pelo prprio Cristo. Essa nova inspirao necessria inspirao que os
grandes mestres esotricos da Idade Mdia, a partir do sculo XIII, prepararam e que
deve tornar-se cada vez mais conhecida publicamente. Se, por meio de uma disciplina
da alma, o homem se preparar de modo correcto no sentido dessa Cincia Espiritual
para o conhecimento do mundo do esprito, poder ele ouvir e ver, de modo
clariaudiente e clarividente, as revelaes das potncias antigas do antigo Egipto e da
Caldeia que se tornaram guias espirituais sob a direco da entidade do Cristo. O que
surgir um dia ao olhar da Humanidade, os primeiros sculos da era crist at nossa
poca s puderam preparar. Podemos dizer, portanto, que futuramente viver nos
coraes dos homens uma ideia do Cristo qual nada do que a Humanidade julgou
conhecer at agora se pode comparar em grandeza. O que surgiu como primeiro
impulso do Cristo e continuou a viver como concepo crstica at hoje mesmo entre
os melhores representantes do princpio crstico foi apenas uma preparao para o
verdadeiro conhecimento do Cristo. Os que trazem ao Ocidente essa nova ideia do
Cristo poderiam ser acusados, por mais estranho que parea, de terem abandonado o
terreno da tradio crist ocidental. que a tradio crist do Ocidente absolutamente
incapaz de compreender o Cristo do futuro mais prximo.
Conforme os dados do esoterismo ocidental, pode-se ver a conduo espiritual da
Humanidade passar progressivamente a uma outra, que podemos considerar
verdadeiramente a direco do futuro sob a influncia do impulso crstico. Este novo
esoterismo ir penetrando lentamente nos coraes humanos; e a direco espiritual do
homem e da Humanidade ser cada vez mais conscientemente considerada sob essa luz.
Recordemos que para o princpio crstico penetrar nos coraes humanos foi necessrio
o Cristo viver no corpo fsico de Jesus de Nazar, na Palestina. Foi somente ento que
os homens, pouco a pouco limitando-se a confiar apenas no mundo sensvel, puderam
aceitar esse impulso, porm de acordo com suas prprias concepes. Em seguida, esse
mesmo impulso, sob a influncia do novo esoterismo, inspirou espritos como Nicolau
Cusano, Coprnico e Galileu. Foi ele quem ditou, por exemplo, a Coprnico o princpio
de que a aparncia sensvel no pode esclarecer a verdade sobre o sistema solar;
preciso procurar essa verdade alm da aparncia sensvel.
Naquela poca, mesmo espritos como Giordano Bruno no estavam amadurecidos
para filiar-se conscientemente corrente esotrica moderna; o esprito condutor dessa
corrente teve de actuar inconscientemente neles. Giordano Bruno pregou uma doutrina
excelsa: quando um homem entra na existncia pelo nascimento, uma essncia
macrocsmica que se concentra em mnada, e quando ele passa pela morte a mnada se
dilata novamente; tudo o que estava encerrado no corpo se dilata no Universo para, em
seguida, concentrar-se de novo em outras etapas de existncia e dilatar-se novamente.
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* O termo proto-prsica no significa aqui a Prsia conhecida na Histria, mas uma cultura asitica pr-histrica (irnica), que
floresceu na regio do Ir, onde mais tarde se estendeu o Imprio Persa.
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