FAMÍLIA E APRENDIZAGEM: A Influência Da Família No Processo de Aprendizagem Das Crianças
FAMÍLIA E APRENDIZAGEM: A Influência Da Família No Processo de Aprendizagem Das Crianças
FAMÍLIA E APRENDIZAGEM: A Influência Da Família No Processo de Aprendizagem Das Crianças
FACULDADE DE EDUCAO
CURSO DE GRADUAO EM PEDAGOGIA LICENCIATURA
Orientador:
Prof. Dr. Jaime Jos Zitkoski
Tutor:
Gerson Luiz Millan.
FOLHA DE APROVAO
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, agradeo a Deus que me deu fora para lutar e seguir em
frente em meu caminho, que por muitas vezes fui tentada em me desviar dele.
Agradeo a todos os professores que fizeram parte desta caminhada, pelos
ensinamentos que tive, pois tenho certeza que estou mais preparada hoje, devido ao
empenho destes, em trazer o novo e uma nova forma de ensinar.
Agradeo a algumas pessoas em especial, que marcaram realmente minha
vida neste curso. Estas pessoas alm de estarem ao meu lado nas horas mais
precisas, nunca deixaram de acreditar no meu potencial, ou me fizeram desistir. Por
muitas vezes, senti-me abandonando o curso, mas estas pessoas me chamavam
para seguir. Estas pessoas so: Tutora Celi que iniciou os trabalhos comigo,
auxiliando-me em todas as horas, professor Gerson Millan que me acompanhou em
boa parte do curso, sempre com palavras de f e sabedoria e que de maneira firme
mostrou os passos para fazer um bom trabalho, o professor Credin que sempre
com graa encontra o melhor caminho para nossos problemas, a Tutora Melissa que
me ajudou muito com as tecnologias e ao professor Jaime que compreende e
oportuniza ao seu aluno reconhecer-se como infinito aprendiz na busca do saber
ensinar.
Agradeo tambm a minha famlia que esteve ao meu lado em todos os
momentos, acreditando na minha capacidade em vencer mais este desafio.
E agradeo a UFRGS, pela oportunidade de oferecer este curso e oportunizar
a mim e as minhas colegas, alcanarem o nvel superior de ensino, com qualidade e
renome.
RESUMO
Palavras-chaves:
Educao.
Famlia.
Aprendizagem.
Escola.
Autoestima.
Participao.
ABSTRACT
This work of completion to show the importance of family participation in school life of
children, regardless of their age or social class. For both, has theoretical support of
Paulo Freire, Piaget, Tania Zaguri, among others, who contributed the work to
qualify. The paper is organized as follows: the first chapter is a reference of what is
family and his political role in society, emphasizing ways of valuing self-esteem of
children during the introduction to the school environment. The
second
chapter
SUMRIO
1 INTRODUO.......................................................................................................10
2 O VALOR DA AUTOESTIMA E DO APOIO FAMILIAR NA EDUCAO
ESCOLAR..................................................................................................................14
2.1 O que famlia e qual o seu papel na educao: ...........................................14
2.2 Identificando o papel da famlia na Legislao Brasileira............................15
2.3 O incentivo como garantia de aprendizagem..................................................16
2.4 O que aprendizagem.......................................................................................18
2.5 O aspecto emocional como base do sucesso escolar...................................20
3 BONS PAIS E BONS FILHOS..............................................................................23
3.1 O exemplo como referncia.............................................................................23
3.2 O fracasso escolar: quando a famlia prejudica..............................................24
3.3 Como a famlia pode contribuir para a aprendizagem....................................27
4 O QUE OS PAIS PENSAM SOBRE A APRENDIZAGEM....................................30
4.1 A viso dos pais na relao famlia /escola, com base nas entrevistas.......31
5 PARCERIA FAMLIA E ESCOLA: UMA UNIO QUE D CERTO.....................36
5.1 Participao efetiva dos pais............................................................................36
5.2 O dever da escola...............................................................................................37
5.3 Unindo objetivos e respeitando resultados.....................................................40
6 CONSIDERAES FINAIS:.................................................................................44
REFERNCIAS......................................................................................................46
ANEXOS....................................................................................................................49
1 INTRODUO
Alfabetizar nos dias de hoje, tem sido um desafio cada vez maior, pois
estamos numa poca em que receitas prontas ao servem mais e o dia a dia que
direciona a nossa fundamentao terica. Diante disso, compreende-se a dimenso
da responsabilidade de um professor.
O ambiente familiar no o nico aspecto a influenciar na aprendizagem;
necessrio entender que por trs da dificuldade de aprendizagem podem existir
vrios fatores, podendo ser de origem biolgica, emocional ou social. No entanto, a
famlia tem grande influncia e pode amenizar ou agravar os sintomas, at mesmo
no caso de dificuldades biolgicas.
O ambiente familiar ajuda a criana a tornar-se mais esperta. A carncia de
estmulos cognitivos tambm no ambiente familiar faz com que ela no se
desenvolva tanto quanto as que so estimuladas.
Entre os alunos que demoram mais para aprender, encontram-se famlias
mais ausentes, onde no existe um dilogo, onde no existe uma participao ou
interesse pela vida escolar da criana. So famlias que raramente aparecem na
escola, nem para buscar as avaliaes dos filhos. Algumas famlias porem, vendo
que seus filhos no aprendem, pois apresentam dificuldade, ficam ansiosos a
acabam prejudicando mais o processo, fazendo cobranas, demonstrando
impacincia ou colocando toda a culpa na escola.
As crianas que aprendem com mais facilidade so aquelas que tm pelo
menos um membro da famlia que investe nelas. Em alguns casos, nem so os pais,
mas um irmo ou irm ou outra pessoa que mora na casa e que, mesmo com um
grau de escolaridade baixo, demonstra interesse pelas atividades da criana.
Percebe-se, nestas crianas, mais desejo de aprender e mais coragem
autoconfiana. Assim, por exemplo, a colaborao dos pais nas lies de casa faz
com que a criana sinta-se motivada, segura e, consequentemente, aprenda com
mais facilidade.
Desde que nasce a criana recebe estmulos da me e envolvida por
10
diversas informaes, que a faz criar um contato com o mundo e com o meio onde
est inserida. Estes estmulos devem ter uma continuidade durante os primeiros
anos de vida e principalmente quando a criana entra em contato com o ambiente
escolar. O seu desenvolvimento cognitivo e sequencial, caminha de estruturas mais
simples para estruturas mais complexas.
A famlia essencial para que a criana ganhe confiana, para que se sinta
valorizada, para que se sinta assistida.
A alfabetizao tem que ser acompanhada pela famlia. Os primeiros escritos,
o incentivo leitura, os brinquedos pedaggicos. Como bom para o filho poder
mostrar suas prodigiosas conquistas aos pais. E como triste para o filho quando
ele no encontra a devida ateno. O pai chega cansado e que ver televiso, quer
navegar na internet, quer ler, e a criana quer mostrar seu desenho sua lio de
casa. So universos distintos, e o lado maduro e experiente deve dar ateno ao
lado que ainda est no incio do processo de desenvolvimento.
Qualquer projeto institucional srio depende da participao familiar: em
alguns momentos apenas do incentivo; em outros, de uma participao efetiva no
aprendizado, ao pesquisar, ao discutir, ao valorizar a preocupao que o filho traz da
escola.
Tanto o xito quanto o fracasso escolar comeam em casa, pois na famlia
que o aluno encontra suas motivaes, l que se constri o desejo de aprender e a
autoconfiana.
Nos dias atuais, os alunos esto carentes, pois seus pais trabalham o dia
todo, e o tempo que ainda resta com os pais antes de ir para a cama, precioso. E
esta falta de tempo dos pais para os pequenos ensinamentos com os filhos, que
remete a escola cumprir com mais esta tarefa.
Mas famlia como instituio, no pode ignorar a sua responsabilidade na
construo dos valores, dos deveres, dos bens comuns, dos pequenos
ensinamentos do dia a dia, como por exemplo, sentar mesa com todos reunidos. A
falta de investimento neste tempo to precioso por uma vida mais prtica e rpida
torna todo o resto sem sentido, tambm rpido e em significado. Por isso hoje nos
deparamos com famlias desestruturadas, sem moral, sem princpios, sem valores,
sem a base dos mandamentos construdos pela famlia.
11
Parece que tudo ficou para e escola ensinar. A preparao para a vida, a
formao da pessoa, a construo do ser, so responsabilidades da famlia.
As
famlias
esto
mais
instveis,
delegando
escola
maiores
13
e histria, mas dentro de si a maioria dos pais, sabe que atravs do comportamento
e da competncia dos seus filhos na escola eles estaro sendo julgados. E isso
difcil, pois traz tona todas as inseguranas, culpas, dvidas e angstias.
De acordo com Tnia Zaguri (2003), o ser humano, por natureza, tem o
desejo de sentir-se amado, aprovado, elogiado. Portanto, temos de aproveitar esse
aspecto em prol da boa formao de nossas crianas. Quando o elogio vem da
mame ou do papai ento que elas do maior valor.
A autoestima comea a ser formada muito cedo, e cabe aos pais auxiliarem
nesta formao, com amor, respeito, confiana, limites segurana, e tantos outros
valores que norteiam a educao. Um indivduo com baixa autoestima tem
possibilidades de apresentar problemas como depresso e insucesso nos estudos e,
mais tarde, na vida profissional.
A influncia dos pais no se d no nvel intelectual, isto , no porque os
pais so estudados e podem ajudar o filho a fazer seus deveres escolares que o
desempenho da criana melhora. Nada disso. A ajuda dos pais decisiva no
aspecto emocional. O carinho com que eles cuidam do filho, o interesse sincero que
demonstram com seu progresso escolar, o esforo que fazem para garantir boas
condies de estudo em casa tudo isso aumenta a autoestima da criana e faz
com que ela se interesse mais em aprender, em levar a srio a escola.
A auto-estima norteia os interesses do aluno. ela que fundamenta novas
investidas em si mesmo ou no. Segundo Tnia Zaguri (2003), a autoestima
(autoimagem ou amor prprio) a forma pela qual o indivduo percebe seu prprio
eu. o sentimento de aceitao ou de rejeio da sua maneira de ser. Se a pessoa
se v de forma positiva, valorizando suas caractersticas, ela tem autoestima
elevada ou positiva. Se ao contrrio, ela no se aceita ou se desvaloriza, isto , se
h inconformidade consigo mesma, ela apresenta baixa autoestima ou autoestima
negativa.
importante para os alunos conhecerem suas possibilidades e aceitarem
suas limitaes, gostando do que fazem e no fazendo comparaes com os demais
alunos. Se o aluno apresenta confiana e segurana no que faz e recebe apoio de
seus familiares pelo seu desempenho, seu rendimento muito maior do que o
daquele aluno que apresenta insegurana e necessita agradar aos pais.
17
Para Sara Pain (1985), aprendizagem pode ser considerada uma funo que,
18
21
educao
onde
afeto,
onde
experincias
so
trocadas,
22
correo repleto de afeto, pois os pais sabem que a criana erra porque no sabe
ou porque no consegue.
No mundo escolar, encontra-se todo o tipo de pais. O pai atento e
preocupado, que vai escola com regularidade, que participa nas reunies de pais,
nas atividades da escola; o pai que s vai escola quando convidado a ir, que no
aparece nas reunies porque no tem tempo, no participa nas atividades porque
considera ser uma perda de tempo; o pai perfeitamente despreocupado do filho, que
no sabe nem quer saber se est tudo bem na escola.
A escola faz parte do cotidiano do aluno e os pais devem estar envolvidos em
todo o processo de aprendizagem.
Numa sociedade em transformao como a nossa, diminui cada vez
mais a fora da educao espontnea e cresce a da educao
intencional. Os pais, obrigados pela conjuntura, acabam por deixar
para a escola a adaptao social do filho. (CHALITA, pg. 62, 2001)
A participao dos pais na vida escolar dos seus filhos pode influenciar, de
modo efetivo, o desenvolvimento escolar dos filhos. Os exemplos so seguidos, pois
esto sendo absorvidos. As crianas repetem o que os seus modelos educacionais
fazem, sem avali-los se so bons ou ruins, simplesmente repetem. Uma criana
fala por meio de suas atividades, e atitudes mais do que por meio de suas palavras.
E os valores agregados aos exemplos observados pela criana em seus pais, ao se
referirem escola ou por seu envolvimento com a mesma, refletem da mesma forma
no seu comportamento desinteressado enquanto aluno.
24
Torna-se cada vez maior a preocupao dos pais em acertar na educao dos
filhos. Muitas vezes aqueles se perguntam onde foi que erraram para que o filho
tivesse a dificuldade que hoje tem.
Sabemos que o ambiente familiar no o nico aspecto a influenciar na
aprendizagem; necessrio entender que por trs da dificuldade da aprendizagem
podem existir vrias causas.
As causas dos problemas de aprendizagem podem ser de ordem fsica,
sensorial,
neurolgica,
emocional,
intelectual
ou
cognitiva,
educacional
socioeconmica.
A famlia contribui em grande parte para a determinao desses problemas.
Tanto o xito quanto o fracasso escolar comeam em casa, pois na famlia que o
aluno encontra suas motivaes, l que se constri o desejo de aprender e a
autoconfiana.
Celso Antunes (2003) afirma que o ambiente familiar ajuda a criana a tornarse mais esperta e que a carncia de estmulos cerebrais faz com que elas no se
desenvolvam tanto quanto as que so estimuladas.
Os pais, principalmente, podem de diversas maneiras, favorecer ou
prejudicar o processo de aprendizagem de seus filhos. Ao ingressarem na escola, as
crianas, muitas vezes, demonstram dificuldades de adaptao que pode ser
consequncia de conflitos e crises de um sistema familiar ineficiente.
Os aspectos psicolgicos da famlia influenciam na educao escolar dos
filhos, ou seja, os filhos vivem reflexos negativos e positivos do contexto familiar,
internaliza-os conforme o modelo recebido, e esses modelos parecem possuir um
peso considervel no contexto escolar.
Destaco um exemplo, registrado durante as reflexes no perodo de estagio:
Nesta semana, na quarta-feira, trabalhamos sobre a histria bblica de Caim
e Abel, destacando as atitudes humanas. Chamou-me a ateno o fato de que a
turma, na sua maioria, apresenta famlias desestruturadas, ou seja, no sendo mais
presente todos os membros e como a histria fala de morte entre irmos, tem um
caso na turma de uma menina que sua me foi assassinada pelo pai a facadas na
frente dela e dos seus irmos. Todos os alunos relataram que existe algum problema
na sua famlia. Alguns so mais srios que outros, mas as crianas tm uma grande
necessidade de falar e todas dizem que esses fatos no so bons e as deixam
tristes. Fiz alguns questionamentos sobre o porqu que as famlias esto ficando
25
assim? O que pode ser feito para que elas mudem? Que sentimentos preciso
aprender a controlar? Que sentimentos bons eu tenho? 1
Celidonio (1998) afirma que muitas crianas que poderiam ter um
relacionamento sadio no so valorizadas e muitas vezes at so desprezadas
porque diferem daquilo que delas esperavam seus pais. Da surgirem grandes
conflitos e por parte dos pais, sentimentos de decepo e fracasso diante da
inutilidade de "tanto esforo".
Entre os alunos que demoram mais para aprender, na realidade observada,
encontram-se famlias onde no existe dilogo, que transferem a ateno para a
televiso, por exemplo, no procuram saber o que seus filhos fazem na escola, no
acompanham as atividades, no revisam cadernos, no participam das atividades da
escola, ou seja, no demonstram nenhum interesse pela vida escolar do filho.
Muitos dos problemas que os alunos enfrentam na escola tm origem no
ambiente familiar, que os pais se demitem, frequentemente, do seu papel de
educadores. O seu desinteresse leva-os a encarar a escola como um depsito.
Entregam os filhos na escola, mas no a valorizam, no so capazes de apoi-los
nos seus trabalhos escolares nem impor um mnimo de regras necessrias vida
escolar. No compram livros nem jogos educativos, esto ausentes, deixam os filhos
entregues a si prprios ou a ver televiso.
As causas deste no envolvimento so: a falta de tempo, o no saber ajudar,
pois no compreendem o que deve ser feito, no tem pacincia com o filho, colocam
seu trabalho em primeiro lugar ou acreditam que o que a escola faz esta de acordo
com o esperado.
Mais uma vez destaco a importncia da famlia, a sua responsabilidade na
construo dos valores, dos deveres, dos bens comuns, dos pequenos
ensinamentos do dia a dia, como por exemplo, sentar mesa com todos reunidos. A
falta de investimento neste tempo to precioso por uma vida mais prtica e rpida
torna todo o resto sem sentido, tambm rpido e em significado. Por isso hoje nos
deparamos com famlias desestruturadas, sem moral, sem princpios, sem valores,
sem a base dos mandamentos construdos pela famlia.
Alm do desinteresse, os pais podem prejudicar a vida escolar dos filhos
utilizando o prprio estudo como castigo por desobedincia, menosprezando a
26
escola, fazendo as tarefas para ele ao invs de orient-lo, quando deixa a criana
sem orientao e disciplina ao horrio e local de estudo.
Um dos problemas que est na base do insucesso escolar de muitas crianas
a descontinuidade entre a escola e a famlia. Quando no h comunicao entre
estas duas partes fundamentais do mundo do aluno, quando a escola e a famlia
esto de costas voltadas, quando a escola no valoriza nem respeita a cultura da
famlia e da comunidade dos alunos, est aberto o caminho para o fracasso e o
abandono escolares.
A famlia influencia a forma como qualquer criana reage ao ambiente escolar;
os pais condicionam a compreenso que a criana tem da escola; aquela depende
do tipo de pais, sua educao, da conduta da famlia, do desejo que tiveram ou no
de ter filhos e do afeto que lhe souberam dar.
ponto assente que uma estruturao familiar saudvel necessria para
um desenvolvimento equilibrado da criana. Os pais, enquanto modelos devem
apresentar-se perante os filhos com uma conduta dignificante, o que algumas vezes
no acontece. Um ambiente familiar tenso no permite criana construir uma
relao estvel e madura.
da
vida
de
seus filhos.
Presena
que
implica
envolvimento,
28
mas tambm comportamentais. Deve estar pronta para intervir da melhor maneira
possvel, visando sempre o bem de seus filhos, mesmo que isso signifique dizer
sucessivos nos s suas exigncias.
Em outros termos, a famlia deve ser o espao indispensvel para garantir a
sobrevivncia
proteo
integral
dos
filhos
demais
membros,
29
simples. preciso que ele seja capaz de executar as prticas sociais de leitura e de
escrita, como saber localizar e obter informaes, produzir informaes escritas
associadas s prticas de linguagem oral. Trata-se do letramento, capacidade que o
indivduo tem de utilizar prticas sociais de linguagem para promoo da interao
entre pessoas e resoluo de problemas de vida, assumindo um comportamento real
de leitor e de produtor de textos orais e escritos em diferentes situaes.
Neste contexto, percebo que a maior preocupao dos pais em relao
aprendizagem dos filhos a apropriao dos contedos escolares de forma mais
autnoma e sua aprovao para garantir uma vida profissional futura.
Penso que muitas vezes meu filho poderia render muito mais se fosse mais
estimulado pela escola, pois em casa fazemos isso e sinto que ele tem uma grande
sede de saber. Mas observando outras escolas, vejo que a do meu filho est
dentro da mdia e que dificilmente conseguiria mais em uma escola pblica. 2
Alguns pais apresentam uma preocupao em relao aos contedos
desenvolvidos pelos professores, ou pela sua qualificao, ou seja, na sua
atualizao com a nova realidade escolar mais informatizada.
Sinto muito por suas professoras terem parado no tempo e no terem
buscado aperfeioamento, pois nenhuma das duas tem faculdade. [...] 3
Sigolo e Lollato (2001) afirmam que os pais enxergam a escola de forma
idealizada, ficando contentes quando so elogiados, ou introjetando as crticas que
ouvem.
Para alguns pais, a nica coisa sria a escolaridade. Tudo o mais so
coisas de crianas, ninharias, insignificncias. Atravs da socializao com os
colegas e, em geral, com os membros da comunidade que est fora do espao
familiar, adquire formas de vida mais autnomas, transfere parte dos seus afetos e
dos seus dios, obtm satisfaes de modo menos dependente, dispe de outros
ambientes para exprimir e orientar parte das suas tenses. E, assim, o meio familiar
v-se aliviado dessas tenses.
Quando as crianas comeam a frequentar a escola, muitos pais pensam e
agem como se elas tivessem duas vidas distintas; por um lado, a vida familiar, pela
2 Relato de entrevistado A, me de aluno da escola
3 Relato de entrevistado A
31
qual os pais se sentem responsveis, dirigindo-se sua maneira; por outro lado, a
vida escolar dirigida pelos professores sem interferncia familiar.
Penso que ele esta aprendendo esta timo, adoro quando ele chega em casa
com novidades sobre a matria nova, sobre o mundo que esta conhecendo.[...] 4
De acordo com o observado, a maioria dos pais consciente de seu dever
com a escola e com o filho, acreditando que da famlia o ato de educar e participar
da escola em todo o seu contexto, mas tambm admitem que exista uma falta de
tempo que provoca algumas limitaes gerando uma frustrao como pais, na sua
tarefa de ajudar os filhos com os deveres da escola.
[...] por falta de tempo, procuro auxiliar no que posso, mantendo contato com
as professoras e nas tarefas escolares. [...] 5
Foi possvel observar que tanto pais de alunos com sucesso, quanto os
daqueles com insucesso escolar relataram tentativas de ajudar os filhos nas tarefas,
mesmo mostrando muitas dificuldades em executar essa funo. Pode-se dizer que
os pais valorizam o acompanhamento escolar dos filhos, mas sentem dificuldades
em faz-lo.
Para os pais, o envolvimento refere-se a uma forma de participar
intensamente de atividades relacionadas ao ensino e aprendizagem escolar, tanto
em casa quanto na escola; diz respeito a diversos procedimentos adotados pelos
pais para auxiliar na aprendizagem dos filhos (deveres de casa, leitura de livros,
jogos que estimulam o desenvolvimento cognitivo) e participao ativa na escola
(na sala de aula, biblioteca, excurses).
Na viso das famlias as interaes estabelecidas com a escola ocorrem nos
horrios de sada, nas reunies de pais convocadas pela escola ou em datas
comemorativas, o que ilustra um relacionamento superficial e limitado a situaes
formais, como as reunies bimestrais e as comemoraes, ambas organizadas
pela escola (REALI & TANCREDI, 2002).
Por outro lado, um grande nmero de pais participa efetivamente da escola,
[..] se no participamos da vida escolar de nossos filhos no sabemos o que
lhes acontece, o rumo que esto tomando em suas vidas e desta forma damos
4 Relato de entrevistado B, pai de aluno
5 Relato de entrevistado C, me de aluno
32
33
34
comunicao efetiva.
Estando verdadeiramente por dentro daquilo que acontece na escola, fica
muito mais fcil para os pais cobrar da escola as medidas necessrias para melhorar
a condio de seus filhos nos estudos. Cabe lembrar, porm, que ao definir uma
escola para seus filhos, os pais esto confiando no projeto educacional e retrospecto
(histrico) desse estabelecimento. Supe-se que j tenham se preocupado em visitar
as dependncias e procurado se informar a respeito da proposta pedaggica, dos
professores, dos laboratrios, da biblioteca.
35
ao que acontece e ir direto a escola caso acontea algo que no seja de seu agrado.
Acho que entre a escola e os pais deve haver um dilogo e at mesmo uma
cumplicidade, pois os dois devem agir da mesma forma para no confundir a cabea
dos alunos [] 12
Do ponto de vista da escola, envolvimento ou participao dos pais na
educao dos filhos e filhas significa comparecimento s reunies de pais e mestres,
ateno comunicao escolacasa e, sobretudo, acompanhamento dos deveres
de casa e das notas. Esse envolvimento pode ser espontneo ou incentivado por
polticas da escola ou do sistema de ensino (CARVALHO, 2000).
A poltica de participao dos pais na escola gera concordncia imediata e at
mesmo entusiasmada: parece correta porque se baseia na obrigao natural dos
pais, alis, mes; parece boa porque sua meta beneficiar as crianas; e parece
desejvel porque pretende aumentar tanto a participao democrtica quanto o
aproveitamento escolar.
Alm da escola, a famlia que tem um papel preponderante na educao de
36
maior para os pais do que assistir ao desdobramento da personalidade dos filhos ver
sua beleza brilhar no mundo e saber que sua contribuio essencial
A escola uma instituio potencialmente socializadora. Ela abre um espao
para que os aprendizes construam novos conhecimentos, dividam seus universos
pessoais e ampliem seus ngulos de viso assim como aprendam a respeitar outras
verdades, outras culturas e outros tipos de autoridade. Nessa instituio, o mundo
do conhecimento, da informao, ou seja, o mundo objetivo mistura-se ao dos
sentimentos. Das emoes e da intuio, ao dito mundo do subjetivo. So emoo e
razo que se fundem em busca de sabedoria. (PAROLIM, 2005)
Tanto a famlia quanto a escola desejam a mesma coisa: preparas as crianas
para o mundo; no entanto, a famlia tem as suas particularidades que a diferenciam
da escola, e suas necessidades que a aproximam dessa mesma instituio. A escola
tem sua metodologia e sua filosofia para educar uma criana, no entanto, ela
necessita da famlia para concretizar o seu projeto educativo.
A escola, no entanto, poder contribuir, e muito, no sentido de promover
mudanas nos alunos considerados antes desacreditados pelos pais; e estes
mesmos, atravs da interao filho/escola, de alguma forma, conseguem tambm
modificar seu comportamento, percebendo e respeitando as caractersticas reais de
seu filho, a partir do momento em que este valorizado pela equipe da escola que o
assiste diariamente.
Um dos maiores papis que deve ser desempenhado pelo professor fazer
com que acontea a aprendizagem de forma satisfatria, que atenda as exigncias
da sociedade. Mas segundo Freire (1987, p. 52) ningum educa ningum, ningum
educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo.
Assim o professor deixa de ser um transmissor de uma educao bancria, e tornarse a chave sob esta perspectiva, pois ele encarregado da construo do
conhecimento e dos valores necessrios para que o indivduo se torne membro de
uma sociedade que requer, cada vez mais, profissionais que tenham uma boa
formao escolar, eticamente, intelectualmente, crtico etc., e que sejam bem
qualificados e capacitados em seus cursos de formao. Mas se o processo de
aprendizagem e de desenvolvimento do indivduo dependesse s dos professores,
seriam poucos os problemas de alunos sem a competncia necessria para estar
em determinada srie ou curso.
38
no desenvolvimento sensrio-motor,
Entendo que o professor tem uma grande responsabilidade, mas o seu papel
no instruir, mas orientar: possvel influir o aluno de tal modo que este no se
deixe influir, no cabe ao educador tirar dvidas e sim trazer. Enfim, trata-se de um
39
amor exigente: ao mesmo tempo em que cabe apoiar o educando do modo mais
envolvente possvel, deve exigir dele o melhor desempenho vivel. Desta forma, os
professores devem estar cientes de que a funo da escola e da verdadeira
responsabilidade profissional o de conseguir que os alunos atinjam o maior grau
de competncia possvel em todas as suas capacidades. Para tanto, mostra-se
vlido envidar esforos objetivando que estes superem suas deficincias, as quais
muitas vezes carregam por motivos sociais, culturais e pessoais.
Quando uma criana exprime suas dificuldades para compreender, interpretar
ou manejar algum conhecimento novo, j no apenas o professor que deve ser
ativo e encontrar a forma de motivar os alunos em relao ao problema, mas sim
todos os integrantes do grupo devem colaborar para que isso ocorra.
Somente ao relacionar-se com o saber, inteirar-se com o conhecimento que
pode se compreender o significado da aprendizagem. A sala de aula deve ser um
espao de confiana, de liberdade (sem libertinagem, mas com limites), de
contedos interdisciplinares, de incluso dos diferentes, de aceitao do novo e de
afetividade. nesse espao de interao que a aprendizagem ir ocorrer.
O sucesso escolar est na realizao de um trabalho com prazer.
Segundo Freire (1996), h uma relao entre a alegria necessria atividade
educativa e a esperana. A esperana de que professor e alunos juntos podem
aprender ensinar, inquietar-nos, produzir.
humana [...].
estrutura fsica, burocrtica e humana da unidade escolar, pois onde seu filho ir
passar grande parte da sua vida.
preciso analisar mais profundamente os processos avaliativos envolvidos
nas relaes que a famlia vem tendo no mbito escolar para que se compreenda o
processo da aprendizagem e da autoimagem do aluno, uma vez que os fenmenos
da avaliao informal, ligados ao aspecto valorativo, costumam interferir diretamente
em sua autoestima e na maneira como ele se coloca frente aos acontecimentos. A
organizao do trabalho pedaggico, categoria mais ampla que encerra este estudo,
indica a possibilidade de uma parceria entre famlia e escola na construo de seu
projeto poltico pedaggico, apontando na ao conjunta de seus membros a
possibilidade da existncia de uma educao participativa preocupada com a
formao humana dos sujeitos envolvidos neste processo.
O acompanhamento familiar pode evitar uma possvel reprovao e
possibilitar o verdadeiro aprendizado do educando.
Tiba (2002, p.181), afirma que se os pais acompanharem o rendimento
escolar do filho desde o comeo do ano podero identificar precocemente essas
tendncias e, com o apoio dos professores, reativar seu interesse por determinada
disciplina em que vai mal.
Trata-se, nesta perspectiva, de aprimorar o olhar para de fato enxergar a
criana. Desta forma aprendendo seus jeitos de aprender, estabelecendo em
encontro verdadeiro com o outro que no igual a mim, em lugar de tentar
enquadr-lo a partir das inmeras informaes das quais no so conhecidas.
Ressalta-se a importncia sobre a construo de uma relao de amizade e
companheirismo onde se conhea problemas, anseios e especificidades entre
famlia e escola, visto que as duas devem trabalhar para o mesmo objetivo, sendo,
portanto, parceiras, e no rivais.
Entretanto, mesmo conhecendo os problemas e peculiaridades das famlias
e por consequncia dos educandos se no houver um interesse mtuo em
solucion-los, o esforo de detectar tais problemas tornam-se nulos, impedindo que
a escola e o professor possam intervir para o sucesso do educando. O interesse e
41
43
6 CONSIDERAES FINAIS
44
A sociedade urge por uma parceria de sucesso entre famlias e escolas, pois
acreditamos que s assim poderemos, realmente, fazer uma educao de qualidade
e que possa promover o bem estar de todos.
S assim poder-se- alcanar uma sociedade coerente em que seus
agentes conheam e cumpram seus papis em todos os processos, sobretudo, no
processo educacional, sem deixar de lado o familiar e social.
Assim, preciso compreender, por exemplo, que no momento em que
escola e famlia conseguirem estabelecer um acordo na forma como iro educar
suas crianas e adolescentes, muitos dos conflitos hoje observados em sala de
aula sero paulatinamente superados. No entanto, para que isso possa ocorrer
necessrio que a famlia realmente participe da vida escolar de seus filhos. Pais e
mes devem comparecer escola no apenas para entrega de avaliaes ou
quando a situao j estiver fora de controle. O comparecimento e o envolvimento
devem ser permanentes e, acima de tudo, construtivos, para que a criana e o
jovem possam se sentir amparados, acolhidos e amados. E, do mesmo modo,
deve-se lutar para que pais e escola estejam em completa sintonia em suas
atitudes, j que seus objetivos so os mesmos. Devem, portanto, compartilhar de
um mesmo ideal, pois s assim realmente estaro formando e educando,
superando conflitos e dificuldades que tanto vm angustiando os professores,
como tambm pais e os prprios alunos.
Dessa forma, como afirma Paulo Freire: Tudo o que a gente puder fazer no
sentido de convocar os que vivem em torno da escola, e dentro da escola, no
sentido de participarem, de tomarem um pouco o destino da escola na mo, deve
ser feito. Tudo o que a gente puder fazer nesse sentido pouco ainda,
considerando o trabalho imenso que se pe diante de ns que o de assumir esse
pas democraticamente.
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REFERNCIAS:
BHERING, E. Percepes de pais e professores sobre o envolvimento dos pais
na educao infantil e ensino fundamental. Contrapontos, (2003)
ERIKSON, E.H. Infncia e sociedade (2 ed.). (G. Amado, Trad.). Rio de Janeiro:
Zahar. 1976
_________. Identidade: Juventude e crise (2 ed.). (A. Cabral, Trad.). Rio de
Janeiro: Zahar. 1976
46
ZAGURY, Tania. Educar sem culpa: a gnese da tica. 21 Edio. Rio de Janeiro;
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disponvel
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http://www.partes.com.br/educacao/familiaerendimento.asp.
Acesso
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outubro
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2010.
Disponvel
em
<http://www.inicepg.univap.br/cd/INIC_2009http://portal.mec.gov.br>
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Questes:
1-O que voc pensa sobre a aprendizagem do seu filho (a)?
2- Voc participa da vida escolar do seu filho (a)?
3- voc acredita que a escola oferece condies para o seu filho (a) ter uma boa
aprendizagem?
4- De que forma voc participa ou acompanha a vida escolar do seu filho (a)?
5 - Esta participao importante? Por qu?
6- At quando os pais devem acompanhar a vida escolar dos filhos?
7- Voc acredita que sem a participao dos pais na vida escolar, existe
comprometimento dos filhos, existe aprendizagem?
8- O que voc pensa sobre os pais que no acompanham a vida escolar dos filhos?
9-Voc acredita que as crianas que apresentam baixo rendimento escolar so por
falta de acompanhamento ou incentivo dos pais?Justifique sua resposta
10-Qual a funo dos pais com a escola?
11- Qual a funo da escola?
12- O que voc pensa sobre uma parceria entre famlia e escola?
13- Voc acredita que para o aluno ter uma aprendizagem mais significativa e que
faa sentido para ele, preciso a participao da famlia?
14- Voc acredita que a escola sozinha oferece tudo de que o aluno precisa para
garantir um bom desenvolvimento cognitivo, emocional e social? Por qu?
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