Eerindinlogun, Orisas
Eerindinlogun, Orisas
Eerindinlogun, Orisas
Marcos Arino
Uma questo que sempre tenho observado ser bastante polmica nos dias de hoje
sobre se o eerindinlogun (rndnlgn) If. O que esta no ncleo dessa questo,
junto com vrios aspectos colaterais e acessrios se ele representa uma comunicao
de Orunmila (rnml) entre o ay e o orun (run). Sim, na minha opinio o
eerindinlogun (rndnlgn) pode ser If e pode trazer as mensagens de Orunmila
( rnml) atravs de Od.
Essa discusso, creio eu ficou mais intensa nos ltimos anos devido ao estabelecimento
do culto de If no Brasil e com o surgimento dos primeiros Babalwo brasileiros que,
mais do que se preocupar em fazer dinheiro vendendo obrigaes, esto inseridos na
cultura da religio e participam de fruns e grupos de discusso virtuais.
Como muitas questes prticas, essa simples afirmao, de que eerindinlogun
(rndnlgn) If, envolve alguma complexidade porque o mundo real complexo
na sua composio e essa complexidade que alimenta essa polmica porque muitas
vezes estamos falando de coisas distintas e nem todos tem o mesmo entendimento
bsico da questo que est sendo tratada. No tenho a pretenso de esgotar o assunto,
mas vou dar minha opinio de forma ampla.
que mudaram nada mas, na ausncia de acesso ao dogma original,seja por questes de
distncia ou de lngua, tiveram que se vira com o que tinham e sabiam. Alm disso o
sincretismo influenciou diferentemente cada uma dessas tradies.
Uma tradio um movimento muito comum em qualquer religio. No se trata de uma
degradao, pelo contrrio, uma especializao, uma melhoria, um formato que
atualiza e adiciona riqueza cultural. Quando a criatividade demasiada isso gera de fato
uma nova religio ou uma prtica que se distancia demais da matriz teolgica original
para que possamos cham-la de tradio, assim, sempre necessrio um certo
dogmatismo e fundamentalismo porque seno a religio se perde e acaba ocorrendo um
processo igual ao da Umbanda, que no significa nada em termos religiosos.
Dentro dessa sua diferenciao o Candombl reformatou o culto aos orixa (r) em
bases que eram as possveis e tambm as necessrias para a nossa terra. E, um desses
aspectos, foi a centralizao do culto a todas as divindades em uma s casa, sob um
nico teto, alm da qualidade multifuncional do sacerdote religioso, o Babalr.
O conhecimento que tenho do formato Africano, atravs de uma poucas fontes escritas
ou orais, era de que o culto na frica tinha uma certa especializao. Assim eram
templos dedicados a uma divindade, o culto a uma divindade concentrado em vilas e at
mesmo regies e os sacerdotes especializados no culto de sua divindade. Um modelo
muito diferente do nosso. O objetivo no fazer comparaes qualitativas at porque, o
Candombl uma tradio muito bem sucedida e completa, preservando cultos que
foram perdidos pelos africanos e com liturgias, oraes e cantos muito mais completos
que a tradio Lukumi (cubana), por exemplo.
Temos sim um problema interno de continuidade da tradio em vista da baixa
qualidade da transmisso do conhecimento, da abertura por pessoas incapazes de novas
casas, e do lixo que representa o sincretismo, mas, isso assunto para outro dia.
Entretanto isso so problemas cotidianos.
Dessa maneira, exceto pelo caso do culto eegngun, que separado do Candombl e
especializado neste tipo de esprito, a convivncia com cultos especializados a
divindades no o nosso padro de compreenso do universo liturgico no Candombl.
Entretanto essa uma realidade a encarar, compreender e aceitar uma vez que esse culto
era e sempre foi muito distinto do culto aos orixa (r). Em Cuba onde existe uma
tradio da disspora, o Lukumi, e If eles so muito distintos. Existe uma certa mistura
de rituais porque muitos Babalwo foram Obariate e da mesma forma como acontece
aqui com o povo que vem da Umbanda l tambm ocorre e eles compartilham a mesma
viso sincrtica dos orixa (r). Mas so casas separadas e cultos separados.
Desta feita eu quero registrar que estamos lidando com a mesma religio, os mesmos
dogmas, divindades e princpios. Existe uma especializao de sacerdote, em If os
sacerdotes de especializam na divindade If, ou Orunmila ( rnml), e no Candombl
os sacerdotes cuidam de trabalham com todas as divindades.
O orculo tem que estar presente em qualquer pratica dessa religio e se em If um
babalawo tem iniciao e aprendizado o mesmo acontece no Candombl. Um sacerdote
para poder ter o orculo ele iniciado no orixa (r) e recebe o jogo ritualmente.
Depois passa anos praticando, aprendendo e desenvolvendo.
ancestrais. Assim ele a boca dos orixa (r) que fala atravs do seu orculo, o
orculo de If.
Mas a fala de Orunmila ( rnml) no uma coisa simples e direta como estamos
acostumados nos orculos que usamos no dia a dia ou mesmo atravs dos guias de
Umbanda. Orunmila ( rnml) fala atravs de sinais e de histrias. Suas histrias so
metforas, parbolas e meias verdades que devem ser interpretadas.
Orunmila ( rnml) fala sempre atravs de um Od. Existem 256 Od e os sacerdotes
de If dedicam a sua vida a aprender a entender as mensagens de orunmil atravs
desses Od, a aprender os versos de If, poemas, os s, que contem atravs de
metforas os ensinamentos e mensagens para os consulentes. Alm disso devem
aprender a como fazer as rezas, os b, as folhas e at sacrifcios que permitiro ao od
atuar na vida das pessoas.
Assim, no se pode falar de Orunmila ( rnml) e de If sem considerar que tudo isso
gira em torno de Od. No sei se todos entendem o que um Od porque sem entender
o que um od no se entende If, mas volto nisso adiante.
Entre ns, no Brasil, If sinnimo de Orculo e muita gente usa assim indistintamente
sem as vezes entender a origem dessa palavra.
No culto de If um Babalwo se dedica consultar o orculo para as pessoas e a fazer as
aes decorrentes para poder corrigir o problema que Orunmila ( rnml) viu na vida
da pessoa, no necessariamente o que a pessoas estava buscando l. Quando a gente
entre nessa rea na qual um Babalwo ou um Babalr, atende algum e faz aquilo o
que a pessoa quer ou que resolve o que a pessoa foi buscar estamos na rea da feitiaria
e no da religio.
Uma babalwo no uma pessoa para fazer santo nos outros ou cuidar de orixa (r)
dos outros, para isso existem os Babalr. Um babalwo trabalha atravs de Orunmila
( rnml) com rezas, elementos simples e muito atravs de Exu () e Osanyin
( snyn). Mas basicamente a vida de uma Babalwo consultar o orculo.
Contudo existe uma coisa comum entre If e Candombl que a teogonia a base da
religio, que a mesma. Ser um culto especializado em uma divindade no muda o
contexto religioso que ele est situado. Para qualquer um estamos tratando da mesma
matriz religiosa e nessa matriz o papel de Orunmila ( rnml) reconhecido da
mesma forma.
Na nossa teologia, antes de nossos espritos virem para o aiy, no orun (run) ns nos
ajoelhamos perante Oldmar para junto a ele pedirmos o nosso destino, que alguns
preferem chamar de objetivo de vida. Nesse momento ns escolhemos o que queremos
viver nessa vida, o que queremos realizar e qual o nosso objetivo ao nascer no aiy.
Oldmar pode concordar com o que pedimos ou no, ou pode ainda definir para ns
outros objetivos de vida. Essa conversa uma das coisas mais importantes para ns e
dela poder depender por exemplo qual ser o nosso od de nascimento, porque ele faz
parte do nosso Or e vai ser definido para nos ajudar na vida que vamos ter aqui no aiye.
O nosso orixa (r) tambm poder ser definido nesse momento e tambm ser
escolhido de forma a nos ajudar com nosso objetivo de vida.
Nesse ponto cabe uma dvida porque o od com certeza depende de nosso destino
escolhido e atribudo, mas o orixa (r) no tenho certeza. Eu gosto da viso de que o
orixa (r) no tem restries no seu poder e qualquer orixa (r) que tenhamos vai
nos ajudar igualmente. No meu ntimo essa idia de especializao funcional de orixa
(r), como as pessoas gostam e chegam a dizer que profisso uma pessoa de tal orixa
(r) deveria ter, uma idia meio cartesiana muito simplificadora e racionalista.
Assim no tem minha simpatia.
Uma outra opo a que nascemos com algum orixa (r) de nossa famlia, de Pai,
me ou avs, assim uma mesma linhagem teriam filhos com orixa (r) similares e
claro sempre se casa com uma pessoa de fora da famlia e novas opes de orixa (r)
podem ser includas.
Mas o importante que como eu sempre disse, ns aqui no aiy somos a coisa mais
importante de Oldmar. Esse mundo espiritual, os orixa (r) existem para nos
ajudar a viver e no para nos escravizar ou atrapalhar.
Essa nossa conversa com Oldmar tem apenas 1 testemunho: Orunmila ( rnml).
Assim ele o nico que pode saber o nosso destino. Algumas outras divindades podem
fazer parte, uma delas ajala, outra onibode, oporteiro do orun (run). Antes de
descermos para o aiy perante Onibode ns falamos o nosso destino e quando
pretendemos retornar.
Mas para ns aqui Orunmila ( rnml) o lri (elerii) pin, testemunho dos destino
de todos ns e o mensageiro divino aquele que traz as mensagens de Oldmar e de
todos os orixa (r). Quando em nossa vida temos uma dificuldade que no
conseguimos resolver, e isto est nos impedindo de seguir em frente, naqueles
momentos em que no sabemos mais o que fazer, devemos recorrera a Orunmila
( rnml) consultando o orculo de If. Essa consulta ao mesmo tempo um pedido
de socorro e Orunmila ( rnml), o lri (elerii) pin vai responder de forma a corrigir
nossa vida para que possamos seguir com nosso destino.
Essa viso o sentido religioso que eu conheo para o orculo dentro de uma religio e
esta viso a mesma para o culto de If ou dos orixa (r). Dessa maneira no
existem 2 testemunhos, s existe um testemunho, e ele Orunmila ( rnml), e existe
para qualquer pessoa. Assim seja no culto de If ou de orixa (r) voc tem que lidar
com a mesma divindade, com Orunmila ( rnml)
quer voc do destino e no 2, se vamos a um orculo de eerindinlogun para corrigirmos
o nosso destino e vamos ter uma resposta para isso, quem est respondendo Orunmila
( rnml). No pode ser Oxala (l) ou Xango (ng) ou Oxun ( un) ou
qualquer outro porque somente Orunmila ( rnml) o testemunho de nosso destino.
O que Od
Od a base da comunicao de Orunmila ( rnml), e como muitas palavras em
yoruba ela usada para vrias coisas. Od so marcas grficas, assinaturas, que
representam um smbolo. A este smbolo esto associadas histrias e versos que formam
a famosa e to pouco conhecida literatura de If, poemas de If, que eram transmitidos
oralmente, mas que hoje j encontramos escritos. Esse conjunto no completo, muita
coisa se perdeu, ou uniforme cada escola de If tem o seu que pode ter variaes em
relao a outras. interpretao dessas histrias que podem estar na forma de mitos ou
de poemas que vem o significado de um Od. A mensagem que um od traz para
nossa vida esta contida nas histrias que so associadas a ele.
Od tambm uma energia divina que vem de Orunmila ( rnml) para ns em
resposta consulta ao orculo. Assim alm de ser um smbolo grfico, alm de conter
atravs de suas histrias significados para nossa vida um Od tambm a resposta a
nossa aflio. Essa energia primria vem atravs do orculo e ser utilizada pelo
Babalwo junto com os orixa (r) para nos ajudar.
Od no um caminho e nem significa caminho. A palavra Yoruba significa com
recipiente grande para conter algo dentro, como uma cabaa.
Em termos quantitativos so 256 Od. Existe uma matemtica nesses nmeros. So 16
figuras diferentes, feitas com a combinao de traos duplos ou simples. Como cada
od formado pela combinao de 2 figuras, ento teremos 16 x 16 = 256 od. Nessas
256 figuras diferentes, aquelas onde o mesmo smbolo aparece repetido, so chamados
dos Od Mj, ou principais. Esses Od so ordenados de acordo com uma ordem
arbitrria definida e If que seria a ordem nos quais esses od chegaram ao mundo.
Existe ainda uma maior relevncia para os 4 primeiros Od. Os Od que no so os
Mj so chamados de Omo (m) Od ou Od filhos.
Toda a comunicao entre Orunmila ( rnml) e ns atravs dos Babalwo feita
usando Od.
O orculo em If
Em If, a consulta ao orculo feito usando uma corrente com metades de semente
chamada opele (pl) ou com os caroos de dendezeiros chamados de ikin, esses so
os instrumentos bsicos de um Babalwo. O processo da consultar assim:
Usa-se o opele (pl) ou os ikins para formar o desenho de od, um dos 256 Od, que
uma figura formada por 2 pernas. Cada uma das pernas um dos 16 od principais.
Essa a anatomia de um od, uma formao grfica composta por 2 partes, ou 2 pernas
(ou patas com dizem os cubanos). Essa figura traada da direita para a esquerda assim
se l o nome do Od da direita antes do da esquerda.
Os od so compostos de uma coluna de traos duplos ou simples, no total de 4. Para se
ter um od SEMPRE tem que se ter 2 pernas ou seja as 2 partes dessa figura. Ento
II.......I
II.......I
II.......I
II.......I
A figura acima corresponde ao Od ogbe-oyeku (ogbe-oyeku (ogb-yk)) e esse o
dcimo stimo od. antes dele esto os od mj. So chamados de mj porque mj
significa (2). O numero 2 j, mas em yoruba quando o numero colocado depois do
substantivo, ou seja quando ele usado para contar alguma coisa adiciona-se o M na
frente. Assim j o nmero 2 e ogbe j traduzido como 2 ogbe, ou 2 od ogbe:
I........I
I........I
I........I
I........I
Dessa maneira o od acima o ogb mj, ou 2 ogb, porque seria ogb-ogb mas no
se fala assim, a gente fala ogb mj de maneira que ogb-ogb e ogb mj so a
mesma coisa.
Assim, isso um od. Um od sempre tem 2 pernas. SEMPRE, mesmo os mj,
lembrando que como eu j disse dezenas de vezes:
- No existe ligao entre od e nmero.
- Os od so ordenados atravs de uma hierarquia, ou ordem de senioridade e essa
ordem de senioridade serve para definirmos qual o mais velho e por conseqncia qual
b escolhemos.
O relacionamento de od com numero no tem nenhum fundamento. Anteriormente eu
expliquei isso, isso apenas fruto de sincretismo com a cultura rabe que foi exportada
para a Europa, provavelmente. um vinculo entre numerologia e If e que no existe
motivo ou fundamento. Dessa forma pertence as coisas da Umbanda que adora
sincretismo.
Os primeiros 16 od so os od meji, indo de ogbe meji at orangun meji. Depois disso
feita uma combinao entre cada od e os conseguintes, formando de ogbe-oyeku
(ogb-yk) at ogb-fn e depois indo para oyeku-ogbe (yk- ogb) e na mesma
lgica.
Para que eu estou explicando tudo isso? Para reforar que NO existe od que no
tenha 2 pernas ou seja que no seja um dos 256 od, formado por 2 partes. E repetindo,
mesmo os od meji, os 16 primeiros, que so os usados no merindinlogun tem que ter 2
pernas, porque Od meji tem 2 pernas, lembram ogb-ogb = ogb mj.
Em If o resultado de uma consulta a Orunmila ( rnml) um od. Um e somente
um. Tudo se inicia com determinao desse od. Com o opele (pl) um processo
rpido. Com os ikins mais demorado, mas o resultado o od que veio em resposta.
Temos o que se pode chamar de uma segunda parte da consulta que a qualificao do
od. A seguir como j expliquei, se determina de est em ibi ou ire. Depois o tipo de ibi
ou ire. e se for em ibi a origem desse tipo.
Com isso se completa a qualificao do od que veio em resposta consulta.
claro que para ter essas resposta de ire ou ibi, tipo e origem se faz usando o Ibos e
outras caidas do opele ou dos ikin para usando a hierarquia se selecionar a mo a ser
aberta e o ibo, esse o processo de If. mas essa sequencia adicional de ods so apenas
O eerindinlogun (rndnlgn) e If
A prtica do orculo no Candombl tomou mais de um caminho ao longo da nossa
histria e sofreu influncia diversas. A primeira coisa que eu lembro a todos que If e
orculo so sinnimos no Candombl e muita gente pode at desconhecer que exista um
culto separado destinado a If ou a divindade Orunmila ( rnml). Assim da mesma
forma como If e Orunmila ( rnml) so em certo aspecto sinnimos em If, no
Candombl, If e orculo so sinnimos, sem que isso seja necessariamente vinculado a
Od. Assim, por muitos anos temos ouvido as pessoas chamarem o seu orculo de If
sem que isso guardasse qualquer vnculo com o Culto de If e com o Orculo de If.
Hoje a gente saber que uso de Od no orculo do Candombl opcional e no
dominado por muitos.
Mas vamos voltar a esse ponto mais adiante, para que a gente chegue em algum lugar
vamos examinar primeiro a ligao entre o ow eyo (y) merindinlogun
(mrndnlgn) e If.
Com simplicidade, sem recorrer a textos de od, vamos considerar que tudo um
mesma religio. Assim dentro do culto dos orixa (r) ou do culto de If estamos
tratando da mesma religio. o mesmo Oldmar o mesmo aiy o mesmo orun
(run) so os mesmos orixa (r). A Teogonia a mesma. E nesse conjunto, como
estamos todos falando com as mesmas divindades e acreditando na mesma metafsica,
se recorremos a um orculo para tratar da vida e do destino das pessoas e recebemos
respostas sobre isso que nos permitem ajudar e orientar essa pessoa ento. Orunmila
( rnml) esta se manifestando em nossa vida.
Assim eu no vejo porque Orunmila ( rnml) no poderia falar atravs do
eerindinlogun (rndnlgn). Se isso no ocorre ns temos que supor que todo
Babalr um enganador, o que no verdade, nem todo Babalr um enganador,
e que no existe outro testemunho do destino, somente Orunmila ( rnml) tem essa
informao.
A transcrio desse Od esta no artigo "The Bag of wisdom - osun and the origin of if
divination" de Wande Abimbola.
Um outro verso contido no od Okanransode, que foi transmitido pelo Babalawo
Iftgn, famoso sacerdote de lob, conta a histria do saco da sabedoria.
Oldmr jogou na terra o saco da sabedoria e pediu a todos os orixa (r) que
procurassem por ele. Ele garantiu que o orixa (r) que o encontrasse seria o mais
sbio de todos eles. Oldmr mostrou como era o saco para todos os orixa (r)
para que eles reconhecessem quando o vissem.Uma vez que Orunmila ( rnml) e
Oxun ( un) eram ntimos eles decidiram procurar juntos.
Uma pessoa velha amarou um um fio de contas mas ele se abriu
Um sbio amarrou um fio de conta e el ficou frouxo
Somete uma pessoa que apoia suas costas em ikins
A coisa que os orixa (r) esto procurando poderiam ser ambos eles as
pessoas que a encontrariam?
Os babalawo pediram a Orunmila (rnml) e Oxun (un) que fizessem
um sacrifcio
Com os grandes alakas que eles estavam usando
Cada um deles deveria oferecer um cabrito
e um rato domtico
Bem como 201 k cheios de bzios para cada um deles
Orunmila (rnml) disse a Oxun (un) que eles deveriam fazer o
sacrifcio
Mas Oxun (un) disse m por favor, deixe me descanar
V fazer o sacrificio com o seu alaka
Qual a relao disso com o que estamos procurando?
Oxun (un) se recusou a fazer o sacrifcio
Orunmila (rnml) cujo outro nome era jn,
pegou o seu alaka e ofereceu em sacrificio
Ele tambm usou um rato domstico e dinheiro para o sacrifcio
Eles ento procuraram pelo saco da sabedoria mas no acharam
Todos os outros orixa (r) tmbm no encontraram
Eles procuraram em g aj
Ele foram longe at s ad
alguns foram ainda at k w
alguns procurara tambm em drm w
Onde o dia vira noite
Oxun ( un) foi a primeira a ter acesso a sabedoria de If. Ela encontrou o saco
de sabedoria e olhou para ele, assim ela obteve antes de Orunmila ( rnml) a
sabedoria de If. Devido a sua teimosia, falta de f ou preguia ela perdeu o saco
para Orunmila ( rnml) que assim teve a posse dele por todo o tempo e a
sabedoria e poder que Oldmr prometeu. Mas no se pode ignorar o acesso
que Oxun ( un) teve a If.
Oxun ( un) foi viver com Orunmila ( rnml) e este lhe deu mais sabedoria
de If.
Outra lio o mal destino que teve a ambio ou ganncia no uso da sabedoria
de If. O desejo de Oxun ( un) era se enriquecer com essa sabedoria. Isso foi
penalisado, assim a sabedoria de If jamais deve ser usada para enriquecer
ningum.
Outro aspecto foi o preo a ser pago para se tornar sbio. Orunmila ( rnml)
pagou o preo e se tornou sbio, Oxun ( un) no quis pagar e no obteve exito
na sua busca. A sabedoria exige sacrifcios de bens.
Apesar disso tudo inegvel o vinculo de Orunmila ( rnml) com Oxun ( un) ou
seja de Oxun ( un) com If. Mesmo depois desse episdio Oxun ( un) e Orunmila
( rnml) ficaram mais prximos.
Unindo os versos de Okanransode com o de Ogb- s fica demonstrado e clara e
evidente ligao entre Orunmila ( rnml) e o eerindinlogun (rndnlgn).
Os mtodos de consultar If
Orunmila ( rnml) fala atravs de od, isso definitivo. O ow eyo (y)
merindinlogun (mrndnlgn) tambm obtem respostas atravs de Od. Existem 2
formas. A primeira a mais clssica que todos conhecem e que usa os 16 od mj:
ogb, oyeku (yk), wr, d, obara (br), okanran (knrn), rsn, owonrin
(wnrn), gnd, osa (s), irete (rt), tw, oturupon (trpn), ka, oxe (),
fn. Aqui no Brasil o mtodo de banbogxe ficou mais conhecido mas hoje em dia
existem outros. Pode-se ainda usar o ow eyo (y) merindinlogun (mrndnlgn)
para ler um dos 256 od, como os cubanos fazem e ensinam.
Eu vou transcrever abaixo um trecho do artigo "The Bag of wisdom - osun and the
origin of if divination". O autor do artigo Wande Abimbola um dos mais eminentes
acadmicos Nigerianos da atualidade que se dedicou a reconstituir a cultura de If na
africa. Sendo o autor Nigeriano e ao mesmo tempo 100% comprometido com If, talvez
at demais, isso o torna bastante isento, o texto a seguir uma anlise dele sobre a
pesquisa e a interpretao dos od Okanransode e Ogb- s que transcrevemos
anteriormente:
"Por "If Divination" ns queremos traduzir como If e sistemas correlacionados de
orculo baseados em estrias e smbolos de Od tais como Dida owo (uso do opele),
etite-ale (uso do ikins), eerindinlogun (16 buzios), agbigba (um tipo de opele) e obi. O
propsito desse artigo examinar a ntima relao de Oxun ( un) com o orculo de If
de duas formas, atravs dela mesma e atravs da instrumentalizao de xetuura, seu
filho. Ns iremos iniciar com a viso popular que envolve Oxun ( un) em If no qual
ela obteve o seu conhecimento de If atravs de seu marido orunmila. Ns
examinaremos ento a importncia de oxetuura para o sacrficio resultante do orculo.
Nas ultimas pginas deste artigo ns iremos ento fazer a afirmao de que Oxun
( un) tem muito mais relao com If do que os bablawo so capazes de admitir. Eu
irei, claro, colocar a hiptese que que todo o sistema de If iniciou a partir de Oxun
( un) e ela o deu para orunmila e no o contrrio. Eu irei basear minhas afirmaes
em versos de If. Eu tambm irei examinar a possibilidade que o eerindinlogun mais
antigo do que dida owo e etite-ale que so desenvolvimentos posteriores do orculo de
If".
Assim, ele no deixa nenhuma dvida de que o eerindinlogun (rndnlgn) um
sistema que se baseia nas histrias e simbolos de Od, tanto quanto todos os outros. Isso
uma afirmao bsica e no uma hiptese. claro que como eu disse, precisa-se de
fato usar o instrumento, os bzios, e o contedo, Od com suas histrias e smbolos. O
simples uso dos bzios no caracteriza um orculo de od e essa afirmao devido as
variaes que so encontradas principalmente devido a mediunidade dos olhadores.
Como eu j repeti aqui, no Brasil tem vrios mtodos de jogar buzios. Um dos mtodos
o famoso mtodo que bangboxe trouxe para o Brasil, e que trouxe o od para os
buzios. nesse mtodo que encontramos as 4 cadas, onde aparecem 4 od. A descrio
do mtodo foi feita de forma bem clara pelo Jose Beniste no seu livro O jogo de Bzios,
dentro do universo de poucas obras que temos, uma obra de referncia no assunto.
Entretanto eu tenho algumas observaes sobre o uso desse mtodo para trabalhar com
Od. Contudo, primeiro, eu quero lembrar que as pessoas que usam esse mtodo hoje
no guardam o seu formato inicial preservando as histrias associadas a cada od. Essas
histrias hoje esto em 2 fontes mas so todas originas da mesma pessoa, o material
da Iyalorixa Aninha.
O Verger publicou essas histrias, h muito tempo atrs, preservando inclusive o
linguajar, mas a Aninha no gostou e ele nunca mais republicou o livro. Depois o Prandi
publicou as mesmas histrias tendo como fonte o Agenor que tinha esse habito de dizer
que as coisas dos outros eram dele, quando no eram, e era o mesmo material da Aninha
j publicado pelo Verger. Depois disso o Beniste publicou essas histrias em uma forma
interpretada no seu livro o Jogo de ow eyo (y) merindinlogun (mrndnlgn). Ele
no publicou as histrias completas e sim uma interpretao do seu significado. Nesse
livro cita a fonte de sua pesquisa e a autoria do material original.
Ao todo so 72 histrias. Cada od at ika tem histrias, 4 ou 5, sendo que ejionile tem
8. Essas histrias foram chamadas de os caminhos dos od, porque para um mesmo od
elas davam opes diferentes, criando assim caminhos de interpretao para aquele od.
Foi dai que eu acredito que uns gnios, entenderam que od era caminho, mas, eu acho
que eles confundiram as histrias que criavam os caminhos em cada od com od ser
um caminho. O livro do Prandi-Agenor se chama Caminhos de Od, porque o contedo
de apenas e unicamente as 72 histrias associadas a cada Od. Ento dai para entender
que, Od = caminho foi apenas um passo, de cego, claro.
Mas observem, que em If a estrutura de interpretao de um od a mesma. S que a
gente faz isso para 256 od e no somente para 16. Tambm, no se tem todas as
histrias de cada od cada escola ou ax pode ter o seu conjunto e que pode variar em
relao a outro. Mas tambm existem gnios em If So aqueles que dizem que existem
2.046 od. No existem. De novo, a mesma genialidade que transformou od em
Caminho pegou as histrias que compoe um od, que podem ser 16 para cada od, em
novos od. Coisa de gnio, no? Mas no . Um od pode ter interpretaes diferentes e
as histrias trazem essas possibilidades. Se no fosse assim teramos que considerar que
todos os problemas da humanidade se resumiriam em 256.... rsrsrs
Dessa maneira a grande sacada do orculo de buzios fazer um If mais simples ao
invs de aprender 256 od voc aprende 16, ao invs de centenas de histrias voc se
concentraria em aprender 72. Se diz que o eerindinlogun (rndnlgn) seria nesse
formato menos detalhado, que daria uma informao incompleta em relao If.
Existe at um texto atribudo ao no Od gnd-rt falando sobre isso. Mas o mesmo
texto diz que a informao conhecida e no seria apenas dita, possivelmente em
funo da quantidade menor de Od.
Mas, no ow eyo (y) merindinlogun (mrndnlgn), temos que lembrar que temos
muito mais recursos para nos ajudar na interpretao, alm dos 16 Od Mj. O orculo
nos fala tambm atravs da posio que os bzios caem no pn, em alguns grafismos
que podem fazer e usando o recurso da sub-diviso das cadas nos chamados barraces.
Assim a ferramenta de fato oferece muito mais opes do que o opele (pl) e os ikin.
Existem muito pouco literatura sobre mtodos de jogos com buzios. Se ns recorrermos
a um clssico, o livro do Bascom 16 cowries, l o mtodo o Salako tirar apenas um
od, uma nica cada. Ele joga uma vez e faz uma correspondncia entre buzios abertos
e Od O Od que sair ele considera como sendo mj, isto , ele no faz uma segunda
jogada para saber a outra perna. Joga-se uma vez e considera-se que a segunda perna
igual a primeira, formando assim um od mj. O livro ento documenta inmeros
versos para cada od criando assim um processo similar ao de If Continua existindo a
determinao de ire/ibi e tipo e origem e para isso so feitas caidas adicionais, mas ele
sempre considera que uma cada mj. Essa a caracterstica do eerindinlogun
(rndnlgn).
Os cubanos tem um processo distinto. Vi fontes diferentes com pequenas variaes no
processo mas a mesma coisa. Os cubanos usam os buzios para tirar as 2 pernas do
od. Assim, eles jogam a primeira vez e tiram a perna da direita e jogam de novo e tiram
a perna da esquerda. 2 caidas de buzios forma 1 omo od, da mesma forma como em If
Dessa maneira com o eerindinlogun (rndnlgn) voc pode optar por trabalhar com
uma configurao mais simples com Od mj ou uma mais completa com os 256 Od.
A ferramenta, o instrumento no o limita.
Dito isso tudo eu volto a colocar a afirmao que podemos dizer que If fala tambm
atravs do eerindinlogun (rndnlgn). No existe nenhuma restrio conceitual a
isso e apenas a prtica pode separa uma coisa da outra. Por esses motivos no existe
razo para que pessoas pr-estabeleam que o eerindinlogun (rndnlgn) no If.
Essa afirmao pura e simples ao meu ver mostra apenas desinformao e ignorncia. O
que temos que examinar de fato so questes de prtica que podem desconectar o uso
do eerindinlogun (rndnlgn) de If e faremos um analise disso a seguir.
O orculo no Candombl
O Orculo por excelncia do Candombl o ow eyo (y) merindinlogun
(mrndnlgn) , os Bzios, mas a forma de us-los muda bastante. Como ele feito
majoritariamente pelo Babalr existe sempre uma enorme componente de
mediunidade envolvida. Assim, no mundo real, os Bzios so usados atravs da
vidncia do olhador e depois pela chamada fala dos orixa (r) que combina cadas de
bzios com orixa (r).
Historicamente o orculo atravs dos ow eyo (y) merindinlogun (mrndnlgn) a
ferramenta bsica de um sacerdote de orixa (r). Os bzios podem indistintamente
serem usados por homens e mulheres enquanto que If um culto predominantemente
masculino, com a presena de mulheres em algumas funes especficas. As mulheres
no recebem iniciao para trabalhar com os instrumentos principais dos babalwo o
opele (pl) e ikin. Alm disso um Babalwo no tem incorporao de forma que ou
uma pessoa um Babalwo ou um Babalr.
O ow eyo (y) merindinlogun (mrndnlgn) ento o orculo majoritrio no culto
de orixa (r) e fontes que eu tive acesso elogiam em larga escala o mesmo. Ns
sabemos por nossa prtica no Brasil que os Bzios so excelentes como orculo e esse
conceito tambm existe na frica.
O uso desse instrumento, ow eyo (y) merindinlogun (mrndnlgn), sofre muitas
variaes. A gente tem que considerar inicialmente o fator Umbanda. Um enorme
contingente de pessoas que so Babalr no Candombl j foram Pai de Santo de
Umbanda (muitos escondem isso) e l eles trabalhavam fortemente com vidncia, de
maneira que essas pessoas tem a clarividncia e aurividncia muito aflorada. possvel
que a totalidade deles no deixe de trabalhar com seus guias de Umbanda mesmo
estando no Candombl. Muitas dessa pessoas na Umbanda, tinham o seu jogo de bzios
que no era nada mais do que um simples exerccio de mediunidade com os guias
intuindo, falando ou trazendo vidncia ao Pai de santo dos problemas que o consulente
trazia. Essa prtica nunca teve qualquer vnculo com If, apesar de muitos chamarem
assim o seu orculo (sem saber o que isso queria dizer de fato).
No Candombl existe uma baxssima qualidade de transmisso de conhecimento. Existe
uma enorme facilidade em se vender obrigaes e nenhum compromisso em continuar
ou fazer a formao de uma pessoa seja para ela ser um Babalr ou simplesmente um
sacerdote da casa. As pessoas pagam suas obrigaes e anos de submisso para serem
depois um Babalr com sua prpria casa, onde ele d suas ordens (o conceito de
comunidade no inexiste, de fato). O orculo a porta de entrada de qualquer pessoa no
mundo sacro do Candombl. Tudo feito a partir do orculo e tudo feito com o
orculo. No pode existir um Babalr que no tenha um orculo na mo.
Dessa maneira as pessoas tem que se virar com o que tem e com o que sabem da
maneira como puderem, lembrando que nada de graa. Em funo disso temos muita
variao de qualidade no orculo dentro do Candombl e o principal tipo de orculo,
aqueles que os Babalr conseguem usar com mais facilidade, esse baseado apenas
em mediunidade. Em grande parte dos casos a quantidade de bzios no se restringe a
16 (como deveria ser), as pessoas usam a peneira ou mesmo o opon e decoram a mesa
com uma pilha de guias que mal sobra espao para se deixar cair os buzios, a ainda,
pedras, cristais, conchas, moedas, favas, figas, pirmides, velas, copos com gua,
imagens de orix, imagens de santos, calendrio de so Jorge, as vezes dentes de
animais e ossos e por ai vai. Isso tudo decorativo, no tornar o jogo melhor.
Assim os bzios caem mas as informaes vm atravs da mediunidade. Nesse tipo de
uso nem passa pela cabea de ningum considerar que se esta trabalhando com If ou
com Orunmila ( rnml).
Existe um outro grupo que faz uma variao disso. Considera que usa Od porque
restringe-se a 16 Bzios e d nome de od para as cadas. Eles sempre uma associao
entre Od e orixa (r) e isso se torna uma informao de primeira linha, sendo que as
pessoas disputam por ai saber que orixa (r) fala em cada Od ou cada. Cada od
corresponde um ou mais orixa (r) que falam. Em funo do orixa (r) que est
falando e do arqutipo do orixa (r), no conhecimento popular, aquela cada significa
uma coisa. Uma cada com etaogunda, associada com gn e dessa maneira voc vai
ter problemas com brigas, justia, etc... Os Olhadores associam ento essa correlao de
Od-orixa (r) ou simplesmente cada-orixa (r) com a sua mediunidade para
responder ao consulente.
Neste tipo de uso dos bzios o importante mesmo o orixa (r) que est
respondendo. Existem olhadores que chegam a dizer que tal pessoa pertence ao orixa
(r) que respondeu nas suas cadas ou mesmo no que mais respondeu. Sem nos
preocuparmos com aspectos qualitativos, esse tipo de uso dos bzios, mesmo que
nomeando o Od que cai, jamais poder ser considerado como If assim como a
associao de Od com a quantidade de ow eyo (y) merindinlogun (mrndnlgn)
aberto, mesmo que use algum padro estabelecido, tambm no poder ser If ou
Orunmila ( rnml). A consulta gira sempre em torno de orixa (r), e qualquer
considerao feita considerando um ou mais orixa (r).
Existem outra pessoas que fazem diferente e se aprofundam mais na questo Od, mas,
observe a mediunidade est sempre presente. Ai entra nessa longa histria aqui um outro
elemento, o Bernard Mapouil que fez um livro muito interessante sobre orculo, em
francs, e que um dos pilares para a interpretao de Od no Candombl. Existe um
mesmo material que usado por todo mundo que derivado desse livro dele, que foi
feito no Benin e no na Nigria. Esse livro originou um conjunto de interpretaes para
cada od. Assim de Okaran at alaafia, as pessoas decoram as mesmas printerpretaes dos significados dos od. esse material que repetido com pequenas
variaes por todo mundo.
Como uma coisa interpretada e mais fcil de ser usada do que interpretar na hora
histrias e mitos, Normalmente as pessoas usam as 4 cadas do bangboxe com essas
interpretaes e ignoram as histrias do banbogxe, que ao meu ver ao longo do tempo,
por deficincias de transmisso do mtodo, a necessidade de usar, ou mesmo a forma de
babalwo em uma consulta, um ajudando o outro. Isso possvel porque eles esto
tratando da mesma base de conhecimento e do mesmo processo.
Mas esse o nosso caldo cultural e If vem muito recentemente se adicionando.
Ultimas Palavras
Eu no tenho como objetivo ser panfletrio para nenhum lado. Me interessa de fato a
verdade, os fatos e os fundamentos. Para poder dar essas explicaes colocando a minha
opinio sobre esse assunto eu tenho me dedicado a muito tempo a essa questo, sempre
buscando novos argumentos e novas formas de ver isso.
Eu considero que ow eyo (y) merindinlogun (mrndnlgn) pode ser usado para
trabalhar em If, com Orunmila ( rnml), Od e Or. Isso pode existir pela teologia e
tambm pela prtica. Isso poder ser feito usando somente os Od Mj como tambm
com os 256 Od. Contudo nem todo mundo que usa bzios os faz pelo mtodo de If,
alis, na prtica quase ningum o faz. Para fazer isso necessria uma outra
aprendizagem e isso esbarra no comodismo ou mesmo na dificuldade de buscar esse
conhecimento.
Eu tenho razes para supor que o mtodo de Banbogxe era aderente ao mtodo de If e
que isso foi perdido, sendo os seus mecanismos substitudos gradualmente pela
mediunidade ou por essa coisa sem sentido que a numerologia.
Hoje em dia temos uma nova opo com o estabelecimento em bases perenes do culto
de If no Brasil, mas no tem ajudado a atitude de muita gente de If. Seja os nativos
que entram no culto e se acham o prprio Deus, ou no mnimo acima do resto dos
mortais, sejam de cubanos que vem com suas bases If-lukumi sejam os africanos que
vem, sei l com que.
Esse mais um desafio que o Candombl esta faceando. A sua primazia na posse de um
Orculo esta definitivamente com os dias contados e o culto de If ir de forma
definitiva tomar para si, como tem feito, a propriedade de ser o orculo de If em
detrimento a forma oracular pouco estruturada que usa o mesmo nome no Candombl.
Como eu disse ao longo de todo esse texto isso no uma verdade, o orculo do
Camdonbl tem bases dogmticas para se impor como um orculo de If e ser
considerado um orculo mais preciso e eficaz. A comprovao disso encontrada no
versos desses 2 Od que eu transcrevi e mais no Od tr, Ogb-gnd, s mj,
rt mj e outros que eu pretendo consolidar e apresentar.
O Candombl tem ainda mais outros desafios: a formatao do Candombl para ser uma
opo religiosa de fato; A integrao de pessoas vindas de classes sociais e nveis
culturais mais evoludos; O bloqueio da sua degradao dogmtica devido a entrada em
massa de pessoas vindas de Umbanda que trazem uma anarquia teolgica; a
estruturao de uma forma de transmisso de conhecimento que separe o que teologia
de liturgia; a incapacidade das casas de se estruturarem para permanecer com as pessoas
depois que eles fazem os seus 7 anos e so obrigadas a se anularem evitando assim a
proliferao de casas com pessoas sem condies de as manterem.
A ORIGEM DO SINCRETISMO
Conforme mencionei anteriormente no existe nada que eu tenha lido ou ouvido que
remeta a ligao de r (orix) como sendo elementos da natureza. Vou me explicar
adiante, mas, minha opinio que isso se trata apenas de sincretismo que foi feito com
boa o m inteno, no importa uma vez que ambos so perniciosos, com tradies
pagans da Europa e Itlia onde o panteo dos deuses dessas tradies era associado com
este tipo de elemento.
Conforme j comentei antes a igreja catlica criou uma denominao genrica e sem
nenhum significado absoluta para qualquer outra religio que no fosse Abraamica, ou
seja, que tivesse origem em Abrao patriarca que gerou as correntes do Judaismo,
cristianismo e islamismo. Todas essas 3 tem o mesmo Deus e a mesma origem. Os
Judeus no reconhecem ningum, os cristo reconhecem a parte formal do Judaismo
que o antigo testamento e os mulumanos os mais recentes, sculo VII, reconhecem as
anteriores, inclusive Jesus, mas no a trindade catlica.
Para os Cristo que dominaram o mundo fora da espada o que no era catlico era
Pago, eles s no tiveram coragem de chamar os Judeus de Pagos, mas criaram o
termo hertico, para aqueles que divergissem da interpretao teolgica oficial de
Roma... Assim pago, no tem significado religioso, tudo o que no e catlico, essa
uma definio clssica vo encontrar em qualquer lugar.
Os abraamicos consideravam o seu Deus o nico e defenestravam qualquer outro tipo
de manifestao religiosa. A partir do sculo XV a igreja catlica baniu toda as praticas
que mostrassem similaridades com simpatias, encantamentos e feitios. A igreja
medieval era totalmente esotrica, mas para se afastar disso eles baniram
completamente essas
prticas, de modo a poderem a partir do sculo XV dominar os seus fiis atravs do
do norte exercer forte influncia nos aspectos de usos e costumes e algumas facetas
culturais, o esoterismo e as nossas tradies no crists so oriundas da europa. Assim o
kardecismo francs e criou toda uma viso espiritual confundindo o prprio
Candombl que no tem nenhuma relao com esse.
O esoterismo europeu fortemente influenciado pelos cultos ditos pagos, como os
celtas, stregheria e com o renascimento da bruxaria na forma da Wicca. Outro aspecto
so a irmandades gnsticas como roza-cruzes, thelema e por ai vai. Tudo isso exerce
forte influncia sobre a nossa sociedade no aspecto esotrico e em funo da deficiente
formao religiosa dentro do Candombl fez com que, na minha viso, esses conceito
de fora da natureza se estabelecesse dentro do prprio Candombl. Os que no gostam
de eu dizer que a formao religiosa do Candombl deficiente devem observar que o
acesso a mitos ou poemas de Ifa restrito ou inexistente. O hbito de discutir teologia
no Candombl no existe, voc no consegue juntar 3 babalr (babalorix) sem que
seja para eles rasgarem seda entre eles, poucos esto dispostos a colocar em questo o
que sabem ou o que pensam, exceto se for uma ctedra onde ele fala e outros ouvem.
Assim podemos ter um grupo de especialistas espalhados por casas mas um legio de
outros que pouco acesso tiveram ou tem e mesmo assim abrem-se casas como se nunca
viu. claro que essas pessoas tem que se virar com algo ou com o que tem. neste
campo que essas concepes florescem, assim como o que mais existe pai de santo
que responde perguntas usando os conceitos do kardecismo-espirita, afinal eles vo
dizer o que? Que no sabem?
claro que a vertente conhecimento no o forte do Candombl. A vertente forte a
devocional, a f. Para isso voc no precisa saber o que , voc sente o que e voc
tambm acredita porque sente e v. A resposta mais comum para quando se pergunta
uma coisa do tipo o que o Candombl ou o que o r (orix) ou qualquer coisa de
aspecto mais teolgico ser algo que comea com "eu amo meu r (orix)..." e por ai
vai uma torrente de expresses de sentimento e f. Isso reflete o que ela sabem, e elas
sabem o que sentem.
Esse o jeito pelo qual esse tipo de sincretismo aceito e prolifera. Assim como os
africanos fizeram no passado com os antroplogos, as pessoas sabem o que , elas
sentem o que , e se esta definio, de elemento da natureza satisfaz o inquisidor, que o
seja. Isso no impede entretanto que em espaos ou oportunidades como essa a gente
possa visitar ou revisitar questes como essa, ou a reencarnao ou o conceito de
nascimento e destino, as proibies, etc... evitando assim que da nossa prpria boca saia
coisas como o Karma.
claro que saber ou no o que parece certo no faz uma pessoa fazer melhor um santo
do que outro. (ax) e ronc outra coisa, mas, no tem nada demais a gente poder
tratar dos assuntos com outra base.
POLITEISMO e MONOTEISMO
A gente pode voltar a essa discusso depois, mas, esta uma discusso um pouco
complicada porque muito poluda por preconceitos.
Em termos de definio para uma religio ser politesta no importa a quantidade de
divindade e sim a qualidade delas e de sua relao. Em uma religio politesta no existe
uma divindade superior as demais, todas tem o mesmo poder e no existe assim uma
fora reguladora do conjunto.
O Candombl, como outras, no politesta porque existe uma relao bem cara de
hierarquia entre Oldmar e as demais divindades. Assim possuir divindades, originais
ou divinizadas no transforma uma religio em politesta, seno, o catolicismo com seus
santos e sua trindade tambm o seriam, mas ningum ousa fazer isso.
Em funo de preconceito, conforme eu j me expliquei anteiormente, as religies
abraamicas tem esse interesse histrico em diminuir e marginalizar as demais religies,
conforme eu disse todas denominadas pags. Assim eles de forma ignorante simplificam
essa discusso a um modelo muito simplista do que ou no monotesta ou politesta
baseado no modelo de referncia deles, que est longe de ser consistente e
conceitualmente correto. Assim o preconceito domina essa a conversa toda a ponto de as
pessoas que no gostam da abordagem crist procuram sem saber porque dizer que no
fazem parte de uma religio monotesta, como se isso fosse um problema ou soluo. As
crist que querem dar prosseguimento ao preconceito histrico contra as outras
correntes religiosas chamam as demais de politesta como se isso fosse correto ou
mesmo uma ofensa. A maior parte do ignorantes assim prefere aceitar duas definies
carregadas de preconceito e ignorncia que chamar a sua religiao de seita e dizer que
politesta.
Para os cristos, seita uma coisa menor um pedao da religio verdadeira, e isto est
correto uma vez que o termo nasceu do judasmo onde as seitas so tradies que
divergem da interpretao tradicional das suas escrituras e politesmo remete ao velho
testamento, quando os prprios judeus adoravam Deuses zoomrficos, na forma de
animais como o carneiro. Isso para eles era um episdio negro e assim poitesmo um
pejorativo.
Pessoas que pertencem a uma outra religio devem primeiro se informar para poderem
primeiro entenderem a si mesmo e tambm poderem discutir com elementos de outras
religies, ao invs de aceitarem tacitamente rtulos inadequados, seja pelo aspecto que
um uso inadequado de conhecimento seja porque a finalidade de fato ofender. Assim
temos uma dupla ignorncia.
outros e isso nos leva a sempre ficar isolados ou discutindo e rebatendo as mesmas
coisas, que so o malefcio, o sacrifcio, etc..., questes menores porque no se discute o
que comum nas religies que a f e o significado disso na nossa vida.
No mito da criao que todos conhecem a terra foi criada por Oldmar e s havia a
agua. Ele deu a bolsa da existncia contendo os elementos que seria plantados e depois
espalhado para formar a terra. Depois de tudo criado, conforme o od oxetuwa os r
(orix) foram enviados para suportar a vida ensinando os homens a se relacionar com o
divino.
Assim sendo o que ocorre que os r (orix) como representantes ou intermedirios
de Oldmar e os homens possuem poderes sobre determinados elementos da natureza
que vo desde a agua a doenas, mas, isso na sua forma controlada e organizada e no
na sua forma violenta. Uma coisa ter controle sobre ou ser ou ter controle total.
Assim por mais que se faa uma oferenda um furaco, um tsunami, um terremoto e uma
seca no podero ser evitados. Essa uma manifestao descontrolada da fora da
natureza, os r (orix) ajudar os homens a se prevenir ou superar as consequncias
disso.
O COSMO YORUBA
Os r (orix) so parte de um conjunto de divindades e no todo ele. Ns que os
cultuamos acabamos nos concentrando neles mas no podemos ignorar todo o resto.
Devemos nos lembrar que uma religio explica o mundo que vivemos atravs de uma
estrutura metafsica e composta de elementos religiosos. o contraponto da cincia para
a qual tudo tem uma explicao determinstica e pode ser sintetizado em equaes e
previsibilidade. Em um mundo onde no havia cincia a religio quem explica ao
homem o sentido de sua existncia e tambm tudo o de bom e ruim que lhe acontece. Se
o seu apoio o mundo algo sem sentido ou senso, de forma que as pessoas para
conseguirem viver tem que se apoiar em uma ou outra.
No Cosmo Yoruba como em outras religies temos um sistema metafsico que suporta
toda a existncia, assim as primeiras foras que se destacam so Oldmar e
(Exu). Oldmar o criador de tudo, fonte da existencia, designador dos destinos e
quem julga nossa vida. (Exu) representa mais de uma coisa. A primeira o ax.
(Exu) considerado o ax em si, o movimento a fora que pe a vida em ao.
Alm disso ele o policial de Oldmar e da religio, uma fora neutra acima do
bem e do mal que se encarrega de verificar que tudo seja feito certo e que o (ax)
das oferendas faam o seu efeito. Tambm pune com o destino no evitado aqueles que
falham no cumprimento de sua obrigao. Ele no a favor ou contra ningum.
A terceira fora rnml (Orunmila) porque o mensageiro de Oldmar e dos
r (orix). rnml (Orunmila) que estabelece a comunicao entre o divino e o
fsico.
Depois temos outros grupos mais conectados:
Ori
os ancestrais, a base de toda essa religio e que representam a sequencia da vida
na terra.
Os r (orix)
Os espiritos
Conforme comentei em outras ocasies os yoruba acreditam que tudo que grande ou
significativo um esprito, assim uma montanha tem um esprito em si, uma arvore,
como o iroko um espirito, um grande lago tem um espirito nele, o vento tem vrios
espiritos (nenhum oya...) esta a forma como os yoruba explicavam o mundo onde
viviam, assim os espritos esto presentes em tudo e torna o mundo um elemento vivo.
Este tipo de divindade o que pode gerar essa relao com os elementos da natureza,
mas observe, no so r (orix), so espiritos, e so associados com tudo como uma
forma de os yoruba traduzirem as reaes do mundo que os envolve.
Por uma questo de hbito ou correlao podiam at mesmo receber oferendas, uma vez
que os r (orix) os recebiam, mas no me recordo de ter lido uma s linha de od
onde um desses espritos recebesse algo Os od nos relacionam com os r (orix) e
na proteo contra os ajogun e aj. Assim conforme meu entendimento esses espritos
no so parte do culto principal da religio, fazem parte do entendimento do mundo por
um povo agrrio e sem cincia, mas esto longe de representarem um panteo de
Deuses.
j (Aj) uma parte chave nesse quebra-cabea. Sua existncia explica a ao do mal
ou do bem na sua forma mais direta. o mal de uma pessoa contra outra e elas,
conforme todos os od onde aparecem passam por cima dos r (orix) e desta forma
de sua proteo explicando porque mesmo uma pessoa devota e portadora do (ax)
do seu r (orix) ser afetado pela ao da j (Aj) que so provocadas por outros
serem humanos. A imagem que se tem de (Exu) aqui no Candombl em parte
deveria ser creditada a j (Aj). A ao dos guias de Umbanda e da Macumba que
podem fazer o bem ou o mal de acordo como so usados, para ns no Candombl tem
que ser explicado pela ao da j (Aj) que desta forma uma fora neutra. Para
entender aj eu recomendo ler, com calma, Verger.
Os ajogun representam as piores foras da natureza ou a consequencia delas na sua
forma mais bruta. So apaziguados com oferendas e desta forma atravs de (Exu) e
tambm so foras superiores a proteo dos r (orix).
Os r (orix) so divindades criadas e enviadas por Oldmar. Definir o que um
r (orix) seria como definir o que um anjo. No nosso caso r (orix) representa
a representao de Oldmar na terra e os r (orix) possuem foras e propriedades
designadas por esse. Eles se dividem em 2 grupos, os primordiais criados por
Oldmar e os ancestres divinizados. Aos r (orix) cabe a assistncia e proteo
aos homens e conforme mito tambm conhecido, quando houve a separao do orun e
do aiye eles no mais puderam transitar entre os 2 mundos livremente. Para isso teriam
que contar com uma pessoa o elegun que seria preparado para ser essa ponte. Assim sem
elegun no temos r (orix) de forma que onde no existem homens no existira a
divindade.
Assim os r (orix) sendo eles primordiais ou no so manifestaes reais do divino,
eles se fazem presente junto de ns e so representados nos mitos e od atuando como
pessoas, sugeitos as mesmas coisas que qualquer um se sujeita. Devemos lembrar que
essas estrias so metforas e no expresso da realidade. atravs delas que
entendemos como nos comportar, que exemplos seguir, as consequencias de atos ruins,
etc..
FINALIZANDO
Para quem chegou at aqui, como eu disse e repeti vrias vezes a religio composta de
elementos muito importantes, alguns intangveis como o iwa pele e o nosso destino,
Complementar a isso existe o registro escrito da tradiao oral, o hadith e Sana que
complementam o alcoro com interpretaes e complementos e finalmente a charia o
cdigo de tica. A existncia do alcoro faz com que cada crente tenha a
NECESSIDADE de aprender a ler para poder ele mesmo, ler, estudar e repetir as
palavras do profeta e de Deus. Mais ainda,em todo o mundo os versos do alcoro e suas
rezas devem ser ditos em rabes, a lingua original.
Assim o divino e a tradio oral convivem juntos com a literatura e a farta filosofia
mulumana a Falsafa. Como no caso dos Yoruba a religio invade a vida comum, a arte,
a dana, a msica e a literatura.
Assim, religio e tradio oral no so antagnicos ao registro escrito, pelo contrrio
lhes do fora.
Marcadores: candomble, ifa, orixa, teologia
postado por Marcos Arino s 12:46 AM 0 Comentrios Links para esta postagem
que pese ser impossvel praticar a religio sem que todos os orixa (r) estejam
envolvidos os sacerdotes de If se dedicam exclusivamente a uma nica divindade
Orunmila ( rnml) e tudo deles gira e torno dele. If Orunmila ( rnml) e
tambm o nome do orculo atravs do qual Orunmila ( rnml) fala conosco.
No Brasil, no tivemos o culto da If. Esse foi um culto que no veio e no foi trazido
posteriormente, como acabou ocorrendo com o culto de eegn. Temos assim muito bem
estabelecido, com qualidade, o culto de orixa (r), atravs do Candombl das naes
(nago, ketu, jeje, ijex, hansa, mina, tapa e muitas outras) e temos o culto de eegn, com
casas exclusivas para um e para o outro.
O Candombl um tradio religiosa baseada em uma matriz teolgica africana. Ele
contudo no reflete exatamente o que existe na frica porque uma tradio originada
atravs da dispora negra. Esse processo, a dispora criou mais do que uma tradio
religiosa, no nosso caso o Candombl, mas tambm o lukumi em Cuba e o Voodoo no
Haiti. Todas essas tradies desenvolveram conceitos prprios e at prticas. No acho
que mudaram nada mas, na ausncia de acesso ao dogma original,seja por questes de
distncia ou de lngua, tiveram que se vira com o que tinham e sabiam. Alm disso o
sincretismo influenciou diferentemente cada uma dessas tradies.
Uma tradio um movimento muito comum em qualquer religio. No se trata de uma
degradao, pelo contrrio, uma especializao, uma melhoria, um formato que
atualiza e adiciona riqueza cultural. Quando a criatividade demasiada isso gera de fato
uma nova religio ou uma prtica que se distancia demais da matriz teolgica original
para que possamos cham-la de tradio, assim, sempre necessrio um certo
dogmatismo e fundamentalismo porque seno a religio se perde e acaba ocorrendo um
processo igual ao da Umbanda, que no significa nada em termos religiosos.
Dentro dessa sua diferenciao o Candombl reformatou o culto aos orixa (r) em
bases que eram as possveis e tambm as necessrias para a nossa terra. E, um desses
aspectos, foi a centralizao do culto a todas as divindades em uma s casa, sob um
nico teto, alm da qualidade multifuncional do sacerdote religioso, o Babalr.
O conhecimento que tenho do formato Africano, atravs de uma poucas fontes escritas
ou orais, era de que o culto na frica tinha uma certa especializao. Assim eram
templos dedicados a uma divindade, o culto a uma divindade concentrado em vilas e at
mesmo regies e os sacerdotes especializados no culto de sua divindade. Um modelo
muito diferente do nosso. O objetivo no fazer comparaes qualitativas at porque, o
Candombl uma tradio muito bem sucedida e completa, preservando cultos que
foram perdidos pelos africanos e com liturgias, oraes e cantos muito mais completos
que a tradio Lukumi (cubana), por exemplo.
Temos sim um problema interno de continuidade da tradio em vista da baixa
qualidade da transmisso do conhecimento, da abertura por pessoas incapazes de novas
casas, e do lixo que representa o sincretismo, mas, isso assunto para outro dia.
Entretanto isso so problemas cotidianos.
Dessa maneira, exceto pelo caso do culto eegngun, que separado do Candombl e
especializado neste tipo de esprito, a convivncia com cultos especializados a
divindades no o nosso padro de compreenso do universo liturgico no Candombl.
Entretanto essa uma realidade a encarar, compreender e aceitar uma vez que esse culto
era e sempre foi muito distinto do culto aos orixa (r). Em Cuba onde existe uma
tradio da disspora, o Lukumi, e If eles so muito distintos. Existe uma certa mistura
de rituais porque muitos Babalwo foram Obariate e da mesma forma como acontece
aqui com o povo que vem da Umbanda l tambm ocorre e eles compartilham a mesma
viso sincrtica dos orixa (r). Mas so casas separadas e cultos separados.
Desta feita eu quero registrar que estamos lidando com a mesma religio, os mesmos
dogmas, divindades e princpios. Existe uma especializao de sacerdote, em If os
sacerdotes de especializam na divindade If, ou Orunmila ( rnml), e no Candombl
os sacerdotes cuidam de trabalham com todas as divindades.
O orculo tem que estar presente em qualquer pratica dessa religio e se em If um
babalawo tem iniciao e aprendizado o mesmo acontece no Candombl. Um sacerdote
para poder ter o orculo ele iniciado no orixa (r) e recebe o jogo ritualmente.
Depois passa anos praticando, aprendendo e desenvolvendo.
contexto religioso que ele est situado. Para qualquer um estamos tratando da mesma
matriz religiosa e nessa matriz o papel de Orunmila ( rnml) reconhecido da
mesma forma.
Na nossa teologia, antes de nossos espritos virem para o aiy, no orun (run) ns nos
ajoelhamos perante Oldmar para junto a ele pedirmos o nosso destino, que alguns
preferem chamar de objetivo de vida. Nesse momento ns escolhemos o que queremos
viver nessa vida, o que queremos realizar e qual o nosso objetivo ao nascer no aiy.
Oldmar pode concordar com o que pedimos ou no, ou pode ainda definir para ns
outros objetivos de vida. Essa conversa uma das coisas mais importantes para ns e
dela poder depender por exemplo qual ser o nosso od de nascimento, porque ele faz
parte do nosso Or e vai ser definido para nos ajudar na vida que vamos ter aqui no aiye.
O nosso orixa (r) tambm poder ser definido nesse momento e tambm ser
escolhido de forma a nos ajudar com nosso objetivo de vida.
Nesse ponto cabe uma dvida porque o od com certeza depende de nosso destino
escolhido e atribudo, mas o orixa (r) no tenho certeza. Eu gosto da viso de que o
orixa (r) no tem restries no seu poder e qualquer orixa (r) que tenhamos vai
nos ajudar igualmente. No meu ntimo essa idia de especializao funcional de orixa
(r), como as pessoas gostam e chegam a dizer que profisso uma pessoa de tal orixa
(r) deveria ter, uma idia meio cartesiana muito simplificadora e racionalista.
Assim no tem minha simpatia.
Uma outra opo a que nascemos com algum orixa (r) de nossa famlia, de Pai,
me ou avs, assim uma mesma linhagem teriam filhos com orixa (r) similares e
claro sempre se casa com uma pessoa de fora da famlia e novas opes de orixa (r)
podem ser includas.
Mas o importante que como eu sempre disse, ns aqui no aiy somos a coisa mais
importante de Oldmar. Esse mundo espiritual, os orixa (r) existem para nos
ajudar a viver e no para nos escravizar ou atrapalhar.
Essa nossa conversa com Oldmar tem apenas 1 testemunho: Orunmila ( rnml).
Assim ele o nico que pode saber o nosso destino. Algumas outras divindades podem
fazer parte, uma delas ajala, outra onibode, oporteiro do orun (run). Antes de
descermos para o aiy perante Onibode ns falamos o nosso destino e quando
pretendemos retornar.
Mas para ns aqui Orunmila ( rnml) o lri (elerii) pin, testemunho dos destino
de todos ns e o mensageiro divino aquele que traz as mensagens de Oldmar e de
todos os orixa (r). Quando em nossa vida temos uma dificuldade que no
conseguimos resolver, e isto est nos impedindo de seguir em frente, naqueles
momentos em que no sabemos mais o que fazer, devemos recorrera a Orunmila
( rnml) consultando o orculo de If. Essa consulta ao mesmo tempo um pedido
de socorro e Orunmila ( rnml), o lri (elerii) pin vai responder de forma a corrigir
nossa vida para que possamos seguir com nosso destino.
Essa viso o sentido religioso que eu conheo para o orculo dentro de uma religio e
esta viso a mesma para o culto de If ou dos orixa (r). Dessa maneira no
existem 2 testemunhos, s existe um testemunho, e ele Orunmila ( rnml), e existe
para qualquer pessoa. Assim seja no culto de If ou de orixa (r) voc tem que lidar
com a mesma divindade, com Orunmila ( rnml)
quer voc do destino e no 2, se vamos a um orculo de eerindinlogun para corrigirmos
o nosso destino e vamos ter uma resposta para isso, quem est respondendo Orunmila
( rnml). No pode ser Oxala (l) ou Xango (ng) ou Oxun ( un) ou
qualquer outro porque somente Orunmila ( rnml) o testemunho de nosso destino.
O que Od
Od a base da comunicao de Orunmila ( rnml), e como muitas palavras em
yoruba ela usada para vrias coisas. Od so marcas grficas, assinaturas, que
representam um smbolo. A este smbolo esto associadas histrias e versos que formam
a famosa e to pouco conhecida literatura de If, poemas de If, que eram transmitidos
oralmente, mas que hoje j encontramos escritos. Esse conjunto no completo, muita
coisa se perdeu, ou uniforme cada escola de If tem o seu que pode ter variaes em
relao a outras. interpretao dessas histrias que podem estar na forma de mitos ou
de poemas que vem o significado de um Od. A mensagem que um od traz para
nossa vida esta contida nas histrias que so associadas a ele.
Od tambm uma energia divina que vem de Orunmila ( rnml) para ns em
resposta consulta ao orculo. Assim alm de ser um smbolo grfico, alm de conter
atravs de suas histrias significados para nossa vida um Od tambm a resposta a
nossa aflio. Essa energia primria vem atravs do orculo e ser utilizada pelo
Babalwo junto com os orixa (r) para nos ajudar.
Od no um caminho e nem significa caminho. A palavra Yoruba significa com
recipiente grande para conter algo dentro, como uma cabaa.
Em termos quantitativos so 256 Od. Existe uma matemtica nesses nmeros. So 16
figuras diferentes, feitas com a combinao de traos duplos ou simples. Como cada
od formado pela combinao de 2 figuras, ento teremos 16 x 16 = 256 od. Nessas
256 figuras diferentes, aquelas onde o mesmo smbolo aparece repetido, so chamados
dos Od Mj, ou principais. Esses Od so ordenados de acordo com uma ordem
arbitrria definida e If que seria a ordem nos quais esses od chegaram ao mundo.
Existe ainda uma maior relevncia para os 4 primeiros Od. Os Od que no so os
Mj so chamados de Omo (m) Od ou Od filhos.
Toda a comunicao entre Orunmila ( rnml) e ns atravs dos Babalwo feita
usando Od.
O orculo em If
Em If, a consulta ao orculo feito usando uma corrente com metades de semente
chamada opele (pl) ou com os caroos de dendezeiros chamados de ikin, esses so
os instrumentos bsicos de um Babalwo. O processo da consultar assim:
Usa-se o opele (pl) ou os ikins para formar o desenho de od, um dos 256 Od, que
uma figura formada por 2 pernas. Cada uma das pernas um dos 16 od principais.
Essa a anatomia de um od, uma formao grfica composta por 2 partes, ou 2 pernas
(ou patas com dizem os cubanos). Essa figura traada da direita para a esquerda assim
se l o nome do Od da direita antes do da esquerda.
Os od so compostos de uma coluna de traos duplos ou simples, no total de 4. Para se
ter um od SEMPRE tem que se ter 2 pernas ou seja as 2 partes dessa figura. Ento
II.......I
II.......I
II.......I
II.......I
A figura acima corresponde ao Od ogbe-oyeku (ogbe-oyeku (ogb-yk)) e esse o
dcimo stimo od. antes dele esto os od mj. So chamados de mj porque mj
significa (2). O numero 2 j, mas em yoruba quando o numero colocado depois do
substantivo, ou seja quando ele usado para contar alguma coisa adiciona-se o M na
frente. Assim j o nmero 2 e ogbe j traduzido como 2 ogbe, ou 2 od ogbe:
I........I
I........I
I........I
I........I
Dessa maneira o od acima o ogb mj, ou 2 ogb, porque seria ogb-ogb mas no
se fala assim, a gente fala ogb mj de maneira que ogb-ogb e ogb mj so a
mesma coisa.
Assim, isso um od. Um od sempre tem 2 pernas. SEMPRE, mesmo os mj,
lembrando que como eu j disse dezenas de vezes:
- No existe ligao entre od e nmero.
- Os od so ordenados atravs de uma hierarquia, ou ordem de senioridade e essa
ordem de senioridade serve para definirmos qual o mais velho e por conseqncia qual
b escolhemos.
O relacionamento de od com numero no tem nenhum fundamento. Anteriormente eu
expliquei isso, isso apenas fruto de sincretismo com a cultura rabe que foi exportada
para a Europa, provavelmente. um vinculo entre numerologia e If e que no existe
motivo ou fundamento. Dessa forma pertence as coisas da Umbanda que adora
sincretismo.
Os primeiros 16 od so os od meji, indo de ogbe meji at orangun meji. Depois disso
feita uma combinao entre cada od e os conseguintes, formando de ogbe-oyeku
(ogb-yk) at ogb-fn e depois indo para oyeku-ogbe (yk- ogb) e na mesma
lgica.
Para que eu estou explicando tudo isso? Para reforar que NO existe od que no
tenha 2 pernas ou seja que no seja um dos 256 od, formado por 2 partes. E repetindo,
mesmo os od meji, os 16 primeiros, que so os usados no merindinlogun tem que ter 2
pernas, porque Od meji tem 2 pernas, lembram ogb-ogb = ogb mj.
O eerindinlogun (rndnlgn) e If
A prtica do orculo no Candombl tomou mais de um caminho ao longo da nossa
histria e sofreu influncia diversas. A primeira coisa que eu lembro a todos que If e
orculo so sinnimos no Candombl e muita gente pode at desconhecer que exista um
culto separado destinado a If ou a divindade Orunmila ( rnml). Assim da mesma
forma como If e Orunmila ( rnml) so em certo aspecto sinnimos em If, no
Candombl, If e orculo so sinnimos, sem que isso seja necessariamente vinculado a
Od. Assim, por muitos anos temos ouvido as pessoas chamarem o seu orculo de If
sem que isso guardasse qualquer vnculo com o Culto de If e com o Orculo de If.
Hoje a gente saber que uso de Od no orculo do Candombl opcional e no
dominado por muitos.
Mas vamos voltar a esse ponto mais adiante, para que a gente chegue em algum lugar
vamos examinar primeiro a ligao entre o ow eyo (y) merindinlogun
(mrndnlgn) e If.
Com simplicidade, sem recorrer a textos de od, vamos considerar que tudo um
mesma religio. Assim dentro do culto dos orixa (r) ou do culto de If estamos
tratando da mesma religio. o mesmo Oldmar o mesmo aiy o mesmo orun
A transcrio desse Od esta no artigo "The Bag of wisdom - osun and the origin of if
divination" de Wande Abimbola.
Um outro verso contido no od Okanransode, que foi transmitido pelo Babalawo
Iftgn, famoso sacerdote de lob, conta a histria do saco da sabedoria.
Oldmr jogou na terra o saco da sabedoria e pediu a todos os orixa (r) que
procurassem por ele. Ele garantiu que o orixa (r) que o encontrasse seria o mais
sbio de todos eles. Oldmr mostrou como era o saco para todos os orixa (r)
para que eles reconhecessem quando o vissem.Uma vez que Orunmila ( rnml) e
Oxun ( un) eram ntimos eles decidiram procurar juntos.
Uma pessoa velha amarou um um fio de contas mas ele se abriu
Um sbio amarrou um fio de conta e el ficou frouxo
Somete uma pessoa que apoia suas costas em ikins
ir amarrar um fio de contas que ir durar
Ifa foi consuktado para Orunmila (rnml)
quando ele e Oxun (un) foram procurar pela sabedoria
Foi Oldmr que chamou as 401 divindades (da direita)
e as 201 divindades (da esquerda)
para se reunierem no Orun (run)
Quando elas chegaram l
Ele disse que queria dar para elas profunda sabedoria e poder
Ele disse que que qualquer um poderia ver isto
que ele iria dar para o Ori deles
E esta seria a pessoa mais sbida na terra
Ele disse que 19 dias a frente
Ele jogaria o saco da sabedoria na terra
Mas se isso seria na floresta
ou seria no campo
Ou seria no rio
ou seria em uma cidade
ou seria em uma estrada
Ele no diria onde extamente seria
Oldmr mostrou ento a todos o saco da sabedoria
Ele disse isso
Olhem bem
E observem bem.
Quando eles chegaram de volta a terra
alguns deles iniciaram a fazer sacrificios
Alguns fizeram remdios
Alguns planejaram a sua propria estratgia
Todos disseram Essa coisa, serei eu quem vai achar
Orunmila (rnml) e Oxun (un) costumavam fazer coisas juntos
Eles estavam sempre um na companhia do outro
Ambos adicionaram 2 bzios a 3
e foram consultar If
Eles perguntaram aos babalawo para verificarem sobre ambos
A coisa que os orixa (r) esto procurando poderiam ser ambos eles as
pessoas que a encontrariam?
Os babalawo pediram a Orunmila (rnml) e Oxun (un) que fizessem
um sacrifcio
Com os grandes alakas que eles estavam usando
Cada um deles deveria oferecer um cabrito
e um rato domtico
Bem como 201 k cheios de bzios para cada um deles
Orunmila (rnml) disse a Oxun (un) que eles deveriam fazer o
sacrifcio
Mas Oxun (un) disse m por favor, deixe me descanar
V fazer o sacrificio com o seu alaka
Qual a relao disso com o que estamos procurando?
Oxun (un) se recusou a fazer o sacrifcio
Orunmila (rnml) cujo outro nome era jn,
pegou o seu alaka e ofereceu em sacrificio
Ele tambm usou um rato domstico e dinheiro para o sacrifcio
Eles ento procuraram pelo saco da sabedoria mas no acharam
Oxun ( un) foi a primeira a ter acesso a sabedoria de If. Ela encontrou o saco
de sabedoria e olhou para ele, assim ela obteve antes de Orunmila ( rnml) a
sabedoria de If. Devido a sua teimosia, falta de f ou preguia ela perdeu o saco
para Orunmila ( rnml) que assim teve a posse dele por todo o tempo e a
sabedoria e poder que Oldmr prometeu. Mas no se pode ignorar o acesso
que Oxun ( un) teve a If.
Oxun ( un) foi viver com Orunmila ( rnml) e este lhe deu mais sabedoria
de If.
Outra lio o mal destino que teve a ambio ou ganncia no uso da sabedoria
de If. O desejo de Oxun ( un) era se enriquecer com essa sabedoria. Isso foi
penalisado, assim a sabedoria de If jamais deve ser usada para enriquecer
ningum.
Outro aspecto foi o preo a ser pago para se tornar sbio. Orunmila ( rnml)
pagou o preo e se tornou sbio, Oxun ( un) no quis pagar e no obteve exito
na sua busca. A sabedoria exige sacrifcios de bens.
Apesar disso tudo inegvel o vinculo de Orunmila ( rnml) com Oxun ( un) ou
seja de Oxun ( un) com If. Mesmo depois desse episdio Oxun ( un) e Orunmila
( rnml) ficaram mais prximos.
Unindo os versos de Okanransode com o de Ogb- s fica demonstrado e clara e
evidente ligao entre Orunmila ( rnml) e o eerindinlogun (rndnlgn).
Os mtodos de consultar If
Orunmila ( rnml) fala atravs de od, isso definitivo. O ow eyo (y)
merindinlogun (mrndnlgn) tambm obtem respostas atravs de Od. Existem 2
formas. A primeira a mais clssica que todos conhecem e que usa os 16 od mj:
ogb, oyeku (yk), wr, d, obara (br), okanran (knrn), rsn, owonrin
(wnrn), gnd, osa (s), irete (rt), tw, oturupon (trpn), ka, oxe (),
fn. Aqui no Brasil o mtodo de banbogxe ficou mais conhecido mas hoje em dia
existem outros. Pode-se ainda usar o ow eyo (y) merindinlogun (mrndnlgn)
para ler um dos 256 od, como os cubanos fazem e ensinam.
Eu vou transcrever abaixo um trecho do artigo "The Bag of wisdom - osun and the
origin of if divination". O autor do artigo Wande Abimbola um dos mais eminentes
acadmicos Nigerianos da atualidade que se dedicou a reconstituir a cultura de If na
africa. Sendo o autor Nigeriano e ao mesmo tempo 100% comprometido com If, talvez
at demais, isso o torna bastante isento, o texto a seguir uma anlise dele sobre a
pesquisa e a interpretao dos od Okanransode e Ogb- s que transcrevemos
anteriormente:
"Por "If Divination" ns queremos traduzir como If e sistemas correlacionados de
orculo baseados em estrias e smbolos de Od tais como Dida owo (uso do opele),
etite-ale (uso do ikins), eerindinlogun (16 buzios), agbigba (um tipo de opele) e obi. O
propsito desse artigo examinar a ntima relao de Oxun ( un) com o orculo de If
de duas formas, atravs dela mesma e atravs da instrumentalizao de xetuura, seu
filho. Ns iremos iniciar com a viso popular que envolve Oxun ( un) em If no qual
ela obteve o seu conhecimento de If atravs de seu marido orunmila. Ns
examinaremos ento a importncia de oxetuura para o sacrficio resultante do orculo.
Nas ultimas pginas deste artigo ns iremos ento fazer a afirmao de que Oxun
( un) tem muito mais relao com If do que os bablawo so capazes de admitir. Eu
irei, claro, colocar a hiptese que que todo o sistema de If iniciou a partir de Oxun
( un) e ela o deu para orunmila e no o contrrio. Eu irei basear minhas afirmaes
em versos de If. Eu tambm irei examinar a possibilidade que o eerindinlogun mais
antigo do que dida owo e etite-ale que so desenvolvimentos posteriores do orculo de
If".
Assim, ele no deixa nenhuma dvida de que o eerindinlogun (rndnlgn) um
sistema que se baseia nas histrias e simbolos de Od, tanto quanto todos os outros. Isso
uma afirmao bsica e no uma hiptese. claro que como eu disse, precisa-se de
fato usar o instrumento, os bzios, e o contedo, Od com suas histrias e smbolos. O
simples uso dos bzios no caracteriza um orculo de od e essa afirmao devido as
variaes que so encontradas principalmente devido a mediunidade dos olhadores.
Como eu j repeti aqui, no Brasil tem vrios mtodos de jogar buzios. Um dos mtodos
o famoso mtodo que bangboxe trouxe para o Brasil, e que trouxe o od para os
buzios. nesse mtodo que encontramos as 4 cadas, onde aparecem 4 od. A descrio
do mtodo foi feita de forma bem clara pelo Jose Beniste no seu livro O jogo de Bzios,
dentro do universo de poucas obras que temos, uma obra de referncia no assunto.
Entretanto eu tenho algumas observaes sobre o uso desse mtodo para trabalhar com
Od. Contudo, primeiro, eu quero lembrar que as pessoas que usam esse mtodo hoje
no guardam o seu formato inicial preservando as histrias associadas a cada od. Essas
histrias hoje esto em 2 fontes mas so todas originas da mesma pessoa, o material
da Iyalorixa Aninha.
O Verger publicou essas histrias, h muito tempo atrs, preservando inclusive o
linguajar, mas a Aninha no gostou e ele nunca mais republicou o livro. Depois o Prandi
publicou as mesmas histrias tendo como fonte o Agenor que tinha esse habito de dizer
que as coisas dos outros eram dele, quando no eram, e era o mesmo material da Aninha
j publicado pelo Verger. Depois disso o Beniste publicou essas histrias em uma forma
interpretada no seu livro o Jogo de ow eyo (y) merindinlogun (mrndnlgn). Ele
no publicou as histrias completas e sim uma interpretao do seu significado. Nesse
livro cita a fonte de sua pesquisa e a autoria do material original.
Ao todo so 72 histrias. Cada od at ika tem histrias, 4 ou 5, sendo que ejionile tem
8. Essas histrias foram chamadas de os caminhos dos od, porque para um mesmo od
elas davam opes diferentes, criando assim caminhos de interpretao para aquele od.
Foi dai que eu acredito que uns gnios, entenderam que od era caminho, mas, eu acho
que eles confundiram as histrias que criavam os caminhos em cada od com od ser
um caminho. O livro do Prandi-Agenor se chama Caminhos de Od, porque o contedo
de apenas e unicamente as 72 histrias associadas a cada Od. Ento dai para entender
que, Od = caminho foi apenas um passo, de cego, claro.
Mas observem, que em If a estrutura de interpretao de um od a mesma. S que a
gente faz isso para 256 od e no somente para 16. Tambm, no se tem todas as
histrias de cada od cada escola ou ax pode ter o seu conjunto e que pode variar em
relao a outro. Mas tambm existem gnios em If So aqueles que dizem que existem
2.046 od. No existem. De novo, a mesma genialidade que transformou od em
Caminho pegou as histrias que compoe um od, que podem ser 16 para cada od, em
novos od. Coisa de gnio, no? Mas no . Um od pode ter interpretaes diferentes e
as histrias trazem essas possibilidades. Se no fosse assim teramos que considerar que
todos os problemas da humanidade se resumiriam em 256.... rsrsrs
Dessa maneira a grande sacada do orculo de buzios fazer um If mais simples ao
invs de aprender 256 od voc aprende 16, ao invs de centenas de histrias voc se
concentraria em aprender 72. Se diz que o eerindinlogun (rndnlgn) seria nesse
formato menos detalhado, que daria uma informao incompleta em relao If.
Existe at um texto atribudo ao no Od gnd-rt falando sobre isso. Mas o mesmo
texto diz que a informao conhecida e no seria apenas dita, possivelmente em
funo da quantidade menor de Od.
Mas, no ow eyo (y) merindinlogun (mrndnlgn), temos que lembrar que temos
muito mais recursos para nos ajudar na interpretao, alm dos 16 Od Mj. O orculo
nos fala tambm atravs da posio que os bzios caem no pn, em alguns grafismos
que podem fazer e usando o recurso da sub-diviso das cadas nos chamados barraces.
Assim a ferramenta de fato oferece muito mais opes do que o opele (pl) e os ikin.
Existem muito pouco literatura sobre mtodos de jogos com buzios. Se ns recorrermos
a um clssico, o livro do Bascom 16 cowries, l o mtodo o Salako tirar apenas um
od, uma nica cada. Ele joga uma vez e faz uma correspondncia entre buzios abertos
e Od O Od que sair ele considera como sendo mj, isto , ele no faz uma segunda
jogada para saber a outra perna. Joga-se uma vez e considera-se que a segunda perna
O orculo no Candombl
O Orculo por excelncia do Candombl o ow eyo (y) merindinlogun
(mrndnlgn) , os Bzios, mas a forma de us-los muda bastante. Como ele feito
majoritariamente pelo Babalr existe sempre uma enorme componente de
mediunidade envolvida. Assim, no mundo real, os Bzios so usados atravs da
vidncia do olhador e depois pela chamada fala dos orixa (r) que combina cadas de
bzios com orixa (r).
Historicamente o orculo atravs dos ow eyo (y) merindinlogun (mrndnlgn) a
ferramenta bsica de um sacerdote de orixa (r). Os bzios podem indistintamente
serem usados por homens e mulheres enquanto que If um culto predominantemente
masculino, com a presena de mulheres em algumas funes especficas. As mulheres
no recebem iniciao para trabalhar com os instrumentos principais dos babalwo o
opele (pl) e ikin. Alm disso um Babalwo no tem incorporao de forma que ou
uma pessoa um Babalwo ou um Babalr.
O ow eyo (y) merindinlogun (mrndnlgn) ento o orculo majoritrio no culto
de orixa (r) e fontes que eu tive acesso elogiam em larga escala o mesmo. Ns
sabemos por nossa prtica no Brasil que os Bzios so excelentes como orculo e esse
conceito tambm existe na frica.
O uso desse instrumento, ow eyo (y) merindinlogun (mrndnlgn), sofre muitas
variaes. A gente tem que considerar inicialmente o fator Umbanda. Um enorme
contingente de pessoas que so Babalr no Candombl j foram Pai de Santo de
Umbanda (muitos escondem isso) e l eles trabalhavam fortemente com vidncia, de
maneira que essas pessoas tem a clarividncia e aurividncia muito aflorada. possvel
que a totalidade deles no deixe de trabalhar com seus guias de Umbanda mesmo
estando no Candombl. Muitas dessa pessoas na Umbanda, tinham o seu jogo de bzios
que no era nada mais do que um simples exerccio de mediunidade com os guias
intuindo, falando ou trazendo vidncia ao Pai de santo dos problemas que o consulente
trazia. Essa prtica nunca teve qualquer vnculo com If, apesar de muitos chamarem
assim o seu orculo (sem saber o que isso queria dizer de fato).
No Candombl existe uma baxssima qualidade de transmisso de conhecimento. Existe
uma enorme facilidade em se vender obrigaes e nenhum compromisso em continuar
ou fazer a formao de uma pessoa seja para ela ser um Babalr ou simplesmente um
sacerdote da casa. As pessoas pagam suas obrigaes e anos de submisso para serem
depois um Babalr com sua prpria casa, onde ele d suas ordens (o conceito de
comunidade no inexiste, de fato). O orculo a porta de entrada de qualquer pessoa no
mundo sacro do Candombl. Tudo feito a partir do orculo e tudo feito com o
orculo. No pode existir um Babalr que no tenha um orculo na mo.
Dessa maneira as pessoas tem que se virar com o que tem e com o que sabem da
maneira como puderem, lembrando que nada de graa. Em funo disso temos muita
variao de qualidade no orculo dentro do Candombl e o principal tipo de orculo,
aqueles que os Babalr conseguem usar com mais facilidade, esse baseado apenas
em mediunidade. Em grande parte dos casos a quantidade de bzios no se restringe a
16 (como deveria ser), as pessoas usam a peneira ou mesmo o opon e decoram a mesa
com uma pilha de guias que mal sobra espao para se deixar cair os buzios, a ainda,
pedras, cristais, conchas, moedas, favas, figas, pirmides, velas, copos com gua,
imagens de orix, imagens de santos, calendrio de so Jorge, as vezes dentes de
animais e ossos e por ai vai. Isso tudo decorativo, no tornar o jogo melhor.
Assim os bzios caem mas as informaes vm atravs da mediunidade. Nesse tipo de
uso nem passa pela cabea de ningum considerar que se esta trabalhando com If ou
com Orunmila ( rnml).
Existe um outro grupo que faz uma variao disso. Considera que usa Od porque
restringe-se a 16 Bzios e d nome de od para as cadas. Eles sempre uma associao
entre Od e orixa (r) e isso se torna uma informao de primeira linha, sendo que as
pessoas disputam por ai saber que orixa (r) fala em cada Od ou cada. Cada od
corresponde um ou mais orixa (r) que falam. Em funo do orixa (r) que est
falando e do arqutipo do orixa (r), no conhecimento popular, aquela cada significa
uma coisa. Uma cada com etaogunda, associada com gn e dessa maneira voc vai
ter problemas com brigas, justia, etc... Os Olhadores associam ento essa correlao de
Od-orixa (r) ou simplesmente cada-orixa (r) com a sua mediunidade para
responder ao consulente.
Neste tipo de uso dos bzios o importante mesmo o orixa (r) que est
respondendo. Existem olhadores que chegam a dizer que tal pessoa pertence ao orixa
(r) que respondeu nas suas cadas ou mesmo no que mais respondeu. Sem nos
preocuparmos com aspectos qualitativos, esse tipo de uso dos bzios, mesmo que
nomeando o Od que cai, jamais poder ser considerado como If assim como a
associao de Od com a quantidade de ow eyo (y) merindinlogun (mrndnlgn)
aberto, mesmo que use algum padro estabelecido, tambm no poder ser If ou
e nesse caso no fico somente com a crtica fcil, acho que foi uma forma de dar
continuidade a isso em face as dificuldades. O que seria ento um mtodo com um
tempo menor de estudo ficou gradativamente intuitivo.
Nesses casos, no posso considerar que estejamos trabalhando com od e que isso seja
If, por mais que essas pessoas assim o pensem. Como ltima observao eu gostaria de
lembrar que esses Babalr tem uma forma de interpretar o orculo com os seus
bzios muito pessoal, assim como pessoal e exclusivo o conhecimento deles. O que
eles sabem s para eles.
impossvel, voc colocar 2 babalorixa interpretando o mesmo jogo, assim como
impossvel um Babalr chamar outro para ajudar ele no orculo. Cada um s sabe ler
o seu e no diz para o outro o que sabe ou o que no sabe.
Em If diferente, ou usando qualquer orculo de od voc pode colocar 16 babalawo
interpretando o mesmo od, eles vo falar a mesma coisa e podero discutir
interpretaes ou complementar as informaes. muito comum terem sempre 2
babalwo em uma consulta, um ajudando o outro. Isso possvel porque eles esto
tratando da mesma base de conhecimento e do mesmo processo.
Mas esse o nosso caldo cultural e If vem muito recentemente se adicionando.
Ultimas Palavras
Eu no tenho como objetivo ser panfletrio para nenhum lado. Me interessa de fato a
verdade, os fatos e os fundamentos. Para poder dar essas explicaes colocando a minha
opinio sobre esse assunto eu tenho me dedicado a muito tempo a essa questo, sempre
buscando novos argumentos e novas formas de ver isso.
Eu considero que ow eyo (y) merindinlogun (mrndnlgn) pode ser usado para
trabalhar em If, com Orunmila ( rnml), Od e Or. Isso pode existir pela teologia e
tambm pela prtica. Isso poder ser feito usando somente os Od Mj como tambm
com os 256 Od. Contudo nem todo mundo que usa bzios os faz pelo mtodo de If,
alis, na prtica quase ningum o faz. Para fazer isso necessria uma outra
aprendizagem e isso esbarra no comodismo ou mesmo na dificuldade de buscar esse
conhecimento.
Eu tenho razes para supor que o mtodo de Banbogxe era aderente ao mtodo de If e
que isso foi perdido, sendo os seus mecanismos substitudos gradualmente pela
mediunidade ou por essa coisa sem sentido que a numerologia.
Hoje em dia temos uma nova opo com o estabelecimento em bases perenes do culto
de If no Brasil, mas no tem ajudado a atitude de muita gente de If. Seja os nativos
que entram no culto e se acham o prprio Deus, ou no mnimo acima do resto dos
mortais, sejam de cubanos que vem com suas bases If-lukumi sejam os africanos que
vem, sei l com que.
Esse mais um desafio que o Candombl esta faceando. A sua primazia na posse de um
Orculo esta definitivamente com os dias contados e o culto de If ir de forma
definitiva tomar para si, como tem feito, a propriedade de ser o orculo de If em
detrimento a forma oracular pouco estruturada que usa o mesmo nome no Candombl.
Como eu disse ao longo de todo esse texto isso no uma verdade, o orculo do
Camdonbl tem bases dogmticas para se impor como um orculo de If e ser
considerado um orculo mais preciso e eficaz. A comprovao disso encontrada no
versos desses 2 Od que eu transcrevi e mais no Od tr, Ogb-gnd, s mj,
rt mj e outros que eu pretendo consolidar e apresentar.
O Candombl tem ainda mais outros desafios: a formatao do Candombl para ser uma
opo religiosa de fato; A integrao de pessoas vindas de classes sociais e nveis
culturais mais evoludos; O bloqueio da sua degradao dogmtica devido a entrada em
massa de pessoas vindas de Umbanda que trazem uma anarquia teolgica; a
estruturao de uma forma de transmisso de conhecimento que separe o que teologia
de liturgia; a incapacidade das casas de se estruturarem para permanecer com as pessoas
depois que eles fazem os seus 7 anos e so obrigadas a se anularem evitando assim a
proliferao de casas com pessoas sem condies de as manterem.
CATIMB
Catimb no uma religio ou seita. Podemos de consider-lo um culto, uma vez que
no encontrarmos
os elementos estruturados que so caractersticos, como os fundamentos religiosos
prprios, com liturgias
e dogmas. O Catimb se apia totalmente na religio catlica, apesar de guardar um
pouco das prticas
pags, vindas da bruxaria europia.
Ele pode se parecer um pouco com a Umbanda, mas, nem um pouco com o Candombl.
A semelhana com
a Umbanda devido ao trabalho com entidades incorporadas. Entretanto, os Mestres do
Catimb possuem
uma teatralidade de incorporao muito tpica e discreta, e o Catimb esta longe do
trabalho de palco
da Umbanda. Outra infeliz coincidncia a presena da entidade Z Pelintra que no
Catimb dito como
mestre e na Umbanda muito cultuado como Exu e malandro. Catimb no a
Umbanda que voc
conhece!
O Catimb tem uma raiz ndia que foi se perdendo com o tempo. No h dvida que o
Catimb
Xamanista com muita prticas de pajelana, mas, no baseados em Caboclos e sim em
Mestres,
apesar de os Caboclos tambm terem participao. O Catimb no muito diferente ou
melhor do que
estes cultos que citamos, no podemos dizer inclusive que suas entidades sejam de nvel
superior, pelo
contrrio, sob o ponto de vista esprita-kardecista so ainda entidades de baixa energia e
que guardam
muitas referncias com a ltima vida que tiveram em "terra fria".