Eerindinlogun, Orisas

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Eerindinlogun (rndnlgn) If?

Marcos Arino
Uma questo que sempre tenho observado ser bastante polmica nos dias de hoje
sobre se o eerindinlogun (rndnlgn) If. O que esta no ncleo dessa questo,
junto com vrios aspectos colaterais e acessrios se ele representa uma comunicao
de Orunmila (rnml) entre o ay e o orun (run). Sim, na minha opinio o
eerindinlogun (rndnlgn) pode ser If e pode trazer as mensagens de Orunmila
( rnml) atravs de Od.
Essa discusso, creio eu ficou mais intensa nos ltimos anos devido ao estabelecimento
do culto de If no Brasil e com o surgimento dos primeiros Babalwo brasileiros que,
mais do que se preocupar em fazer dinheiro vendendo obrigaes, esto inseridos na
cultura da religio e participam de fruns e grupos de discusso virtuais.
Como muitas questes prticas, essa simples afirmao, de que eerindinlogun
(rndnlgn) If, envolve alguma complexidade porque o mundo real complexo
na sua composio e essa complexidade que alimenta essa polmica porque muitas
vezes estamos falando de coisas distintas e nem todos tem o mesmo entendimento
bsico da questo que est sendo tratada. No tenho a pretenso de esgotar o assunto,
mas vou dar minha opinio de forma ampla.

A questo do culto s divindades


Em primeiro lugar, temos a questo do culto especializado ao orculo, que novo no
nosso ambiente cultural e que deu uma nova dimenso a essa discusso. If um culto
diferente do Candombl. um culto especializado e orientado a uma divindade,
Orunmila ( rnml), o elerii (lri) pin, testemunho dos destino de todos ns. Os
sacerdotes de If se dedicam a ser os mensageiros de Orunmila ( rnml), que por sua
vez o mensageiro dos orixa (r) e de Oldmar, o Deus supremo dos Yorb. No
que pese ser impossvel praticar a religio sem que todos os orixa (r) estejam
envolvidos os sacerdotes de If se dedicam exclusivamente a uma nica divindade
Orunmila ( rnml) e tudo deles gira e torno dele. If Orunmila ( rnml) e
tambm o nome do orculo atravs do qual Orunmila ( rnml) fala conosco.
No Brasil, no tivemos o culto da If. Esse foi um culto que no veio e no foi trazido
posteriormente, como acabou ocorrendo com o culto de eegn. Temos assim muito bem
estabelecido, com qualidade, o culto de orixa (r), atravs do Candombl das naes
(nago, ketu, jeje, ijex, hansa, mina, tapa e muitas outras) e temos o culto de eegn, com
casas exclusivas para um e para o outro.
O Candombl uma tradio religiosa baseada em uma matriz teolgica africana. Ele
contudo no reflete exatamente o que existe na frica porque uma tradio originada
atravs da dispora negra. Esse processo, a dispora criou mais do que uma tradio
religiosa, no nosso caso o Candombl, mas tambm o lukumi em Cuba e o Voodoo no
Haiti. Todas essas tradies desenvolveram conceitos prprios e at prticas. No acho

que mudaram nada mas, na ausncia de acesso ao dogma original,seja por questes de
distncia ou de lngua, tiveram que se vira com o que tinham e sabiam. Alm disso o
sincretismo influenciou diferentemente cada uma dessas tradies.
Uma tradio um movimento muito comum em qualquer religio. No se trata de uma
degradao, pelo contrrio, uma especializao, uma melhoria, um formato que
atualiza e adiciona riqueza cultural. Quando a criatividade demasiada isso gera de fato
uma nova religio ou uma prtica que se distancia demais da matriz teolgica original
para que possamos cham-la de tradio, assim, sempre necessrio um certo
dogmatismo e fundamentalismo porque seno a religio se perde e acaba ocorrendo um
processo igual ao da Umbanda, que no significa nada em termos religiosos.
Dentro dessa sua diferenciao o Candombl reformatou o culto aos orixa (r) em
bases que eram as possveis e tambm as necessrias para a nossa terra. E, um desses
aspectos, foi a centralizao do culto a todas as divindades em uma s casa, sob um
nico teto, alm da qualidade multifuncional do sacerdote religioso, o Babalr.
O conhecimento que tenho do formato Africano, atravs de uma poucas fontes escritas
ou orais, era de que o culto na frica tinha uma certa especializao. Assim eram
templos dedicados a uma divindade, o culto a uma divindade concentrado em vilas e at
mesmo regies e os sacerdotes especializados no culto de sua divindade. Um modelo
muito diferente do nosso. O objetivo no fazer comparaes qualitativas at porque, o
Candombl uma tradio muito bem sucedida e completa, preservando cultos que
foram perdidos pelos africanos e com liturgias, oraes e cantos muito mais completos
que a tradio Lukumi (cubana), por exemplo.
Temos sim um problema interno de continuidade da tradio em vista da baixa
qualidade da transmisso do conhecimento, da abertura por pessoas incapazes de novas
casas, e do lixo que representa o sincretismo, mas, isso assunto para outro dia.
Entretanto isso so problemas cotidianos.
Dessa maneira, exceto pelo caso do culto eegngun, que separado do Candombl e
especializado neste tipo de esprito, a convivncia com cultos especializados a
divindades no o nosso padro de compreenso do universo liturgico no Candombl.
Entretanto essa uma realidade a encarar, compreender e aceitar uma vez que esse culto
era e sempre foi muito distinto do culto aos orixa (r). Em Cuba onde existe uma
tradio da disspora, o Lukumi, e If eles so muito distintos. Existe uma certa mistura
de rituais porque muitos Babalwo foram Obariate e da mesma forma como acontece
aqui com o povo que vem da Umbanda l tambm ocorre e eles compartilham a mesma
viso sincrtica dos orixa (r). Mas so casas separadas e cultos separados.
Desta feita eu quero registrar que estamos lidando com a mesma religio, os mesmos
dogmas, divindades e princpios. Existe uma especializao de sacerdote, em If os
sacerdotes de especializam na divindade If, ou Orunmila ( rnml), e no Candombl
os sacerdotes cuidam de trabalham com todas as divindades.
O orculo tem que estar presente em qualquer pratica dessa religio e se em If um
babalawo tem iniciao e aprendizado o mesmo acontece no Candombl. Um sacerdote

para poder ter o orculo ele iniciado no orixa (r) e recebe o jogo ritualmente.
Depois passa anos praticando, aprendendo e desenvolvendo.

O culto a Orunmila ( rnml)


No Candombl eu posso dizer que, como outros irunmale (irnmal), Orunmila
( rnml) uma figura distante pouco conhecida pelas massas, uma figura cult.
Faz parte daquele enredo secreto que domina a mesquinharia do conhecimento. As
pessoas associam o orculo a Exu () e a Oxun ( un) mas a Orunmila ( rnml)
coisa para entendidos.
Apesar de Or ser um nome conhecido, e o Bor a cerimnia mais executadas, e talvez
populares, do Candombl eu no vejo com clareza as pessoas entendendo de fato o
papel de Or na sua vida ou mesmo o sentido de um Br (Bori). Eu acho que isso se
soma aquelas coisas repetidas por imitao ao infinito e digo isso porque apesar de todo
mundo conhecer a palavra e o significado o sentido de Or na vida das pessoas
substitudo pelo orixa (r). Essa situao j muito boa porque entre os Lukumi
(Cuba) a maior parte no tem nem idia do que Or e como se cultua. O Candombl
um culto centrado nos orixa (r), isso tenho certeza de que todos concordam, o que
alis muito bom.
Mas If no o , e nesse caso Or assume uma outra proporo e por isso eu tive que
iniciar este segmento citando-o. claro que eu posso estar sendo aqui otimista ou
fundamentalista demais, entretanto no d para falar nisso de forma diferente. No,
antes que concluam isso, If no um culto a Or. If um culto dedicado a Orunmila
( rnml) uma divindade cujo propsito de existncia ser o mensageiro entre o aiy e
o orun (run).
Orunmila ( rnml) entre os irunmale (irnmal) considerado o deus da sabedoria,
ou o orixa (r) da sabedoria j que aplicar deus para os irunmale (irnmal) ou
orixa (r) tem levado a devaneios sobre a natureza dessa religio. Dois nomes pode
ser aplicados a esse irunmale (irnmal), o de If ou de Orunmila ( rnml).
Simplificando essa parte, o nome If aplicado ao sistema oracular e ao irunmale
(irnmal), a divindade e o nome Orunmila ( rnml) somente aplicado divindade.
Nos versos do Od surge um outro complicador porque nas histrias se diz que
Orunmila ( rnml) consultou If ou Orunmila ( rnml) consultou os Babalwo,
mas, ignorem isso, apenas figura de expresso.
Orunmila ( rnml) uma das mais importantes divindades da religio Yoruba. Sua
atuao esta centrada no orculo e nos b corretivos e sua atuao junto s demais
divindades e seres humanos gira em torno da transmisso de sabedoria e da humildade.
O fato de no ser um orixa (r) guerreiro talvez tambm explique a pouco
popularidade no Candombl j que os orixa (r) tradicionais sempre tem que
carregar uma arma branca na mo e so representados como musculosos e lindas
beldades. Essas descries jamais seriam adequadas para Orunmila ( rnml).
Atravs de sua grande sabedoria, conhecimento e compreenso Orunmila ( rnml)
coordena a atuao dos irunmale (irnmal) da religio Yoruba. Ele funciona como um
intermedirio entre os demais irunmale (irnmal) e as pessoas e entre as pessoas e seus

ancestrais. Assim ele a boca dos orixa (r) que fala atravs do seu orculo, o
orculo de If.
Mas a fala de Orunmila ( rnml) no uma coisa simples e direta como estamos
acostumados nos orculos que usamos no dia a dia ou mesmo atravs dos guias de
Umbanda. Orunmila ( rnml) fala atravs de sinais e de histrias. Suas histrias so
metforas, parbolas e meias verdades que devem ser interpretadas.
Orunmila ( rnml) fala sempre atravs de um Od. Existem 256 Od e os sacerdotes
de If dedicam a sua vida a aprender a entender as mensagens de orunmil atravs
desses Od, a aprender os versos de If, poemas, os s, que contem atravs de
metforas os ensinamentos e mensagens para os consulentes. Alm disso devem
aprender a como fazer as rezas, os b, as folhas e at sacrifcios que permitiro ao od
atuar na vida das pessoas.
Assim, no se pode falar de Orunmila ( rnml) e de If sem considerar que tudo isso
gira em torno de Od. No sei se todos entendem o que um Od porque sem entender
o que um od no se entende If, mas volto nisso adiante.
Entre ns, no Brasil, If sinnimo de Orculo e muita gente usa assim indistintamente
sem as vezes entender a origem dessa palavra.
No culto de If um Babalwo se dedica consultar o orculo para as pessoas e a fazer as
aes decorrentes para poder corrigir o problema que Orunmila ( rnml) viu na vida
da pessoa, no necessariamente o que a pessoas estava buscando l. Quando a gente
entre nessa rea na qual um Babalwo ou um Babalr, atende algum e faz aquilo o
que a pessoa quer ou que resolve o que a pessoa foi buscar estamos na rea da feitiaria
e no da religio.
Uma babalwo no uma pessoa para fazer santo nos outros ou cuidar de orixa (r)
dos outros, para isso existem os Babalr. Um babalwo trabalha atravs de Orunmila
( rnml) com rezas, elementos simples e muito atravs de Exu () e Osanyin
( snyn). Mas basicamente a vida de uma Babalwo consultar o orculo.
Contudo existe uma coisa comum entre If e Candombl que a teogonia a base da
religio, que a mesma. Ser um culto especializado em uma divindade no muda o
contexto religioso que ele est situado. Para qualquer um estamos tratando da mesma
matriz religiosa e nessa matriz o papel de Orunmila ( rnml) reconhecido da
mesma forma.
Na nossa teologia, antes de nossos espritos virem para o aiy, no orun (run) ns nos
ajoelhamos perante Oldmar para junto a ele pedirmos o nosso destino, que alguns
preferem chamar de objetivo de vida. Nesse momento ns escolhemos o que queremos
viver nessa vida, o que queremos realizar e qual o nosso objetivo ao nascer no aiy.
Oldmar pode concordar com o que pedimos ou no, ou pode ainda definir para ns
outros objetivos de vida. Essa conversa uma das coisas mais importantes para ns e
dela poder depender por exemplo qual ser o nosso od de nascimento, porque ele faz
parte do nosso Or e vai ser definido para nos ajudar na vida que vamos ter aqui no aiye.
O nosso orixa (r) tambm poder ser definido nesse momento e tambm ser
escolhido de forma a nos ajudar com nosso objetivo de vida.

Nesse ponto cabe uma dvida porque o od com certeza depende de nosso destino
escolhido e atribudo, mas o orixa (r) no tenho certeza. Eu gosto da viso de que o
orixa (r) no tem restries no seu poder e qualquer orixa (r) que tenhamos vai
nos ajudar igualmente. No meu ntimo essa idia de especializao funcional de orixa
(r), como as pessoas gostam e chegam a dizer que profisso uma pessoa de tal orixa
(r) deveria ter, uma idia meio cartesiana muito simplificadora e racionalista.
Assim no tem minha simpatia.
Uma outra opo a que nascemos com algum orixa (r) de nossa famlia, de Pai,
me ou avs, assim uma mesma linhagem teriam filhos com orixa (r) similares e
claro sempre se casa com uma pessoa de fora da famlia e novas opes de orixa (r)
podem ser includas.
Mas o importante que como eu sempre disse, ns aqui no aiy somos a coisa mais
importante de Oldmar. Esse mundo espiritual, os orixa (r) existem para nos
ajudar a viver e no para nos escravizar ou atrapalhar.
Essa nossa conversa com Oldmar tem apenas 1 testemunho: Orunmila ( rnml).
Assim ele o nico que pode saber o nosso destino. Algumas outras divindades podem
fazer parte, uma delas ajala, outra onibode, oporteiro do orun (run). Antes de
descermos para o aiy perante Onibode ns falamos o nosso destino e quando
pretendemos retornar.
Mas para ns aqui Orunmila ( rnml) o lri (elerii) pin, testemunho dos destino
de todos ns e o mensageiro divino aquele que traz as mensagens de Oldmar e de
todos os orixa (r). Quando em nossa vida temos uma dificuldade que no
conseguimos resolver, e isto est nos impedindo de seguir em frente, naqueles
momentos em que no sabemos mais o que fazer, devemos recorrera a Orunmila
( rnml) consultando o orculo de If. Essa consulta ao mesmo tempo um pedido
de socorro e Orunmila ( rnml), o lri (elerii) pin vai responder de forma a corrigir
nossa vida para que possamos seguir com nosso destino.
Essa viso o sentido religioso que eu conheo para o orculo dentro de uma religio e
esta viso a mesma para o culto de If ou dos orixa (r). Dessa maneira no
existem 2 testemunhos, s existe um testemunho, e ele Orunmila ( rnml), e existe
para qualquer pessoa. Assim seja no culto de If ou de orixa (r) voc tem que lidar
com a mesma divindade, com Orunmila ( rnml)
quer voc do destino e no 2, se vamos a um orculo de eerindinlogun para corrigirmos
o nosso destino e vamos ter uma resposta para isso, quem est respondendo Orunmila
( rnml). No pode ser Oxala (l) ou Xango (ng) ou Oxun ( un) ou
qualquer outro porque somente Orunmila ( rnml) o testemunho de nosso destino.

O que Od
Od a base da comunicao de Orunmila ( rnml), e como muitas palavras em
yoruba ela usada para vrias coisas. Od so marcas grficas, assinaturas, que
representam um smbolo. A este smbolo esto associadas histrias e versos que formam
a famosa e to pouco conhecida literatura de If, poemas de If, que eram transmitidos
oralmente, mas que hoje j encontramos escritos. Esse conjunto no completo, muita

coisa se perdeu, ou uniforme cada escola de If tem o seu que pode ter variaes em
relao a outras. interpretao dessas histrias que podem estar na forma de mitos ou
de poemas que vem o significado de um Od. A mensagem que um od traz para
nossa vida esta contida nas histrias que so associadas a ele.
Od tambm uma energia divina que vem de Orunmila ( rnml) para ns em
resposta consulta ao orculo. Assim alm de ser um smbolo grfico, alm de conter
atravs de suas histrias significados para nossa vida um Od tambm a resposta a
nossa aflio. Essa energia primria vem atravs do orculo e ser utilizada pelo
Babalwo junto com os orixa (r) para nos ajudar.
Od no um caminho e nem significa caminho. A palavra Yoruba significa com
recipiente grande para conter algo dentro, como uma cabaa.
Em termos quantitativos so 256 Od. Existe uma matemtica nesses nmeros. So 16
figuras diferentes, feitas com a combinao de traos duplos ou simples. Como cada
od formado pela combinao de 2 figuras, ento teremos 16 x 16 = 256 od. Nessas
256 figuras diferentes, aquelas onde o mesmo smbolo aparece repetido, so chamados
dos Od Mj, ou principais. Esses Od so ordenados de acordo com uma ordem
arbitrria definida e If que seria a ordem nos quais esses od chegaram ao mundo.
Existe ainda uma maior relevncia para os 4 primeiros Od. Os Od que no so os
Mj so chamados de Omo (m) Od ou Od filhos.
Toda a comunicao entre Orunmila ( rnml) e ns atravs dos Babalwo feita
usando Od.

O orculo em If
Em If, a consulta ao orculo feito usando uma corrente com metades de semente
chamada opele (pl) ou com os caroos de dendezeiros chamados de ikin, esses so
os instrumentos bsicos de um Babalwo. O processo da consultar assim:
Usa-se o opele (pl) ou os ikins para formar o desenho de od, um dos 256 Od, que
uma figura formada por 2 pernas. Cada uma das pernas um dos 16 od principais.
Essa a anatomia de um od, uma formao grfica composta por 2 partes, ou 2 pernas
(ou patas com dizem os cubanos). Essa figura traada da direita para a esquerda assim
se l o nome do Od da direita antes do da esquerda.
Os od so compostos de uma coluna de traos duplos ou simples, no total de 4. Para se
ter um od SEMPRE tem que se ter 2 pernas ou seja as 2 partes dessa figura. Ento
II.......I
II.......I
II.......I
II.......I
A figura acima corresponde ao Od ogbe-oyeku (ogbe-oyeku (ogb-yk)) e esse o
dcimo stimo od. antes dele esto os od mj. So chamados de mj porque mj
significa (2). O numero 2 j, mas em yoruba quando o numero colocado depois do

substantivo, ou seja quando ele usado para contar alguma coisa adiciona-se o M na
frente. Assim j o nmero 2 e ogbe j traduzido como 2 ogbe, ou 2 od ogbe:
I........I
I........I
I........I
I........I
Dessa maneira o od acima o ogb mj, ou 2 ogb, porque seria ogb-ogb mas no
se fala assim, a gente fala ogb mj de maneira que ogb-ogb e ogb mj so a
mesma coisa.
Assim, isso um od. Um od sempre tem 2 pernas. SEMPRE, mesmo os mj,
lembrando que como eu j disse dezenas de vezes:
- No existe ligao entre od e nmero.
- Os od so ordenados atravs de uma hierarquia, ou ordem de senioridade e essa
ordem de senioridade serve para definirmos qual o mais velho e por conseqncia qual
b escolhemos.
O relacionamento de od com numero no tem nenhum fundamento. Anteriormente eu
expliquei isso, isso apenas fruto de sincretismo com a cultura rabe que foi exportada
para a Europa, provavelmente. um vinculo entre numerologia e If e que no existe
motivo ou fundamento. Dessa forma pertence as coisas da Umbanda que adora
sincretismo.
Os primeiros 16 od so os od meji, indo de ogbe meji at orangun meji. Depois disso
feita uma combinao entre cada od e os conseguintes, formando de ogbe-oyeku
(ogb-yk) at ogb-fn e depois indo para oyeku-ogbe (yk- ogb) e na mesma
lgica.
Para que eu estou explicando tudo isso? Para reforar que NO existe od que no
tenha 2 pernas ou seja que no seja um dos 256 od, formado por 2 partes. E repetindo,
mesmo os od meji, os 16 primeiros, que so os usados no merindinlogun tem que ter 2
pernas, porque Od meji tem 2 pernas, lembram ogb-ogb = ogb mj.
Em If o resultado de uma consulta a Orunmila ( rnml) um od. Um e somente
um. Tudo se inicia com determinao desse od. Com o opele (pl) um processo
rpido. Com os ikins mais demorado, mas o resultado o od que veio em resposta.
Temos o que se pode chamar de uma segunda parte da consulta que a qualificao do
od. A seguir como j expliquei, se determina de est em ibi ou ire. Depois o tipo de ibi
ou ire. e se for em ibi a origem desse tipo.
Com isso se completa a qualificao do od que veio em resposta consulta.
claro que para ter essas resposta de ire ou ibi, tipo e origem se faz usando o Ibos e
outras caidas do opele ou dos ikin para usando a hierarquia se selecionar a mo a ser
aberta e o ibo, esse o processo de If. mas essa sequencia adicional de ods so apenas

para perguntas e selees.


Assim toda a consulta feita com apenas 1 od. O babalwo tem que interpretar esse
od ou melhor tem que junto com o consulente interpretar o od e para isso existem os
versos que transmitem as mensagens do od, so varias mensagens em um mesmo od
os mitos/pataki e tambm os significados daquele od.
Um od carrega muita informao e existem, sim, od adicionais que se usa para
complementar o od principal, mas, no quero confundir nem omitir, entretanto, no
existem novas cadas de opele para isso. Esses Od complementares so obtidos como
parte do grafismo do Od principal, como por exemplo sua sombra ou o Od formado
pela combinao da perna de um com a de outro e por ai vai dependendo da escola do
Babalwo. Entretanto, isso penas para entender as mensagens, tudo o que vai se fazer
esta ligado ao od que foi obtido na primeira consulta. Assim concluindo aqui, em uma
consulta somente um Od interpretado. Atravs dessa interpretao teremos o
problema da pessoa e tambm a indicao dos b.

O eerindinlogun (rndnlgn) e If
A prtica do orculo no Candombl tomou mais de um caminho ao longo da nossa
histria e sofreu influncia diversas. A primeira coisa que eu lembro a todos que If e
orculo so sinnimos no Candombl e muita gente pode at desconhecer que exista um
culto separado destinado a If ou a divindade Orunmila ( rnml). Assim da mesma
forma como If e Orunmila ( rnml) so em certo aspecto sinnimos em If, no
Candombl, If e orculo so sinnimos, sem que isso seja necessariamente vinculado a
Od. Assim, por muitos anos temos ouvido as pessoas chamarem o seu orculo de If
sem que isso guardasse qualquer vnculo com o Culto de If e com o Orculo de If.
Hoje a gente saber que uso de Od no orculo do Candombl opcional e no
dominado por muitos.
Mas vamos voltar a esse ponto mais adiante, para que a gente chegue em algum lugar
vamos examinar primeiro a ligao entre o ow eyo (y) merindinlogun
(mrndnlgn) e If.
Com simplicidade, sem recorrer a textos de od, vamos considerar que tudo um
mesma religio. Assim dentro do culto dos orixa (r) ou do culto de If estamos
tratando da mesma religio. o mesmo Oldmar o mesmo aiy o mesmo orun
(run) so os mesmos orixa (r). A Teogonia a mesma. E nesse conjunto, como
estamos todos falando com as mesmas divindades e acreditando na mesma metafsica,
se recorremos a um orculo para tratar da vida e do destino das pessoas e recebemos
respostas sobre isso que nos permitem ajudar e orientar essa pessoa ento. Orunmila
( rnml) esta se manifestando em nossa vida.
Assim eu no vejo porque Orunmila ( rnml) no poderia falar atravs do
eerindinlogun (rndnlgn). Se isso no ocorre ns temos que supor que todo
Babalr um enganador, o que no verdade, nem todo Babalr um enganador,
e que no existe outro testemunho do destino, somente Orunmila ( rnml) tem essa
informao.

Eu lembro que o orculo do candombl, o eerindinlogun (rndnlgn) sempre serviu


e continuar servindo com louvor a tudo o que necessrio fazer em uma casa de santo.
Esse orculo representa sim uma forma autntica e verdadeira de dilogo entre ns e o
divino, entre ns e os orixa (r), entre ns e Orunmila ( rnml). Se no fosse
assim tudo seria errado ou sairia errado, e no isso o que ocorre.
A ligao entre Orunmila ( rnml) e o eerindinlogun (rndnlgn) existe nos
versos do Od Ogb- s, conforme transcritos por Wande Abimbola. Houve um tempo
que Oldmr convocou todo os 401 orixa (r) para o run ( run), para para
surpresa dos orixa (r) eles encontraram as Aj (j) no run ( run) e estas
passaram a comer um por um. Mas como Orunmila ( rnml) havia feito um sacrifcio
antes de deixar a terra ele foi miraculosamente salvo por Oxun ( un) que substituiu
Orunmila ( rnml) por carne fresca de cabrito (que Orunmila havia usado no
sacrifcio recomendado por If).
Quando eles retornaram a terra eles se tronaram mais prximos do que nunca. Este foi
provavelmente o tempo no qual Orunmila ( rnml) teve Oxun ( un) como esposa.
Orunmila ( rnml) ento decidiu recompensar Oxun ( un) e ento ele colocou junto
os 16 bzios e ensinou a Oxun ( un) como us-los.
Este mostra como Orunmila (rnml) e Oxun (un) se tornaram unidos.
Orunmila (rnml) disse que estava agradecido com o que ela fez por ele.
Foi uma coisa expecional.
Ele se esmerou no que dar a ele em agradecimento.
Esta foi a razo mais importante pela qual Orunmila (rnml) criou os
ow y mrndnlgn.
Ele ento colocou-os nas mos de Oxun (un).
De todos os orixa (r) que usam os ow y mrndnlgn.
No existe nenhum que tenha feito isso antes de Oxun (un).
Esta foi a forma pela qual If foi dado a Oxun (un).
E foi pedido para ela us-los
Como um outro meio de consutar o orculo.
Isto foi como If foi usado para recompensar Oxun (un).
Desta forma Oxun (un) tambm podia chamar If.
Ningum mais pode saber
porque Orunmila (rnml) tomou Oxun (un) como esposa.
Das diversas formas de orculo

ow y mrndnlgn a mais prxima de If.

Assim de acordo com esse Od foi Orunmila ( rnml) que criou o ow y


mrndnlgn e se Orunmila ( rnml) If e o conhecimento de Orunmila
( rnml) baseado em Od e If ele no poderia ter criado algo que no fosse parte
do seu prprio conhecimento. Isso muda a verso de um mito popular de que Oxun
( un) teria obtido o ow y mrndnlgn de Exu () o que de fato teria como
consequencia uma no ligao direta com Orunmila ( rnml). Mas esse Od Ogb s deixa claro que Orunmila ( rnml) o criador do ow y mrndnlgn.
Este Od tambm vai mostrar a seguir que o ow y mrndnlgn recebeu o seu
do prprio Oldmr:
A cada 16 anos
Oldmr usava chamar os adivinhos da terra para um teste.
Para saber se eles estavam dizendo mentiras para os habitantes da terra.
Ou se eles estava dizendo a verdade
Este teste consistia em chamar Orunmila (rnml) e outros olhadores da
terra
Oldmr diria o que ele ira ver neles.
Quando eles chegaram
Oldmr pediu para eles consultarem o orculo para ele.
Quando Orunmila (rnml) terminou a consulta
Oldmr perguntou: Quem o prximo?
Orunmila (rnml) disse que a prxima pessoa vinha a ser sua
companheira
O qual era uma mulher
Oldmr ento perguntou:
Ela tambm uma advinha, uma olhadora?
O qual Orunmila (rnml) respondeu, Sim, isto verdade
Oldmr ento pediu a ela para consultar o orculo para ele
Quando Oxun (un) examinou Oldmr,
ela viu tudo em sua mente
Mas ela no disse para ele tudo o que viu

Ela mencionou a essncia


Mas ela no disse as razes do problema assim como faz If
Oldmr ento perguntou a Orunmila (rnml) o que era aquilo?
Orunmila (rnml) ento explicou a Oldmr
como ele honrou Oxun (un) com o ow y mrndnlgn
Oldmr disse, Esta tudo certo
Ele disse que mesmo sabendo que ela no lhe contara tudo o que sabia
Ele daria a sua autoridade para ela
Ele adicionou De hoje para sempre,
at mesmo quando o ow y mrndnlgn
no disse tudo detalhadamente
Qualquer um que desacreditar dele
sofrer as consequencias imediatamente
Isso no precisar esperar at o dia seguinte
Este o motivo pelo qual as previses do ow y mrndnlgn ocorrem
rapidamente
Esta foi a forma como o ow y mrndnlgn recebeu o seu
diretamente de Oldmr

A transcrio desse Od esta no artigo "The Bag of wisdom - osun and the origin of if
divination" de Wande Abimbola.
Um outro verso contido no od Okanransode, que foi transmitido pelo Babalawo
Iftgn, famoso sacerdote de lob, conta a histria do saco da sabedoria.
Oldmr jogou na terra o saco da sabedoria e pediu a todos os orixa (r) que
procurassem por ele. Ele garantiu que o orixa (r) que o encontrasse seria o mais
sbio de todos eles. Oldmr mostrou como era o saco para todos os orixa (r)
para que eles reconhecessem quando o vissem.Uma vez que Orunmila ( rnml) e
Oxun ( un) eram ntimos eles decidiram procurar juntos.
Uma pessoa velha amarou um um fio de contas mas ele se abriu
Um sbio amarrou um fio de conta e el ficou frouxo
Somete uma pessoa que apoia suas costas em ikins

ir amarrar um fio de contas que ir durar


Ifa foi consuktado para Orunmila (rnml)
quando ele e Oxun (un) foram procurar pela sabedoria
Foi Oldmr que chamou as 401 divindades (da direita)
e as 201 divindades (da esquerda)
para se reunierem no Orun (run)
Quando elas chegaram l
Ele disse que queria dar para elas profunda sabedoria e poder
Ele disse que que qualquer um poderia ver isto
que ele iria dar para o Ori deles
E esta seria a pessoa mais sbida na terra
Ele disse que 19 dias a frente
Ele jogaria o saco da sabedoria na terra
Mas se isso seria na floresta
ou seria no campo
Ou seria no rio
ou seria em uma cidade
ou seria em uma estrada
Ele no diria onde extamente seria
Oldmr mostrou ento a todos o saco da sabedoria
Ele disse isso
Olhem bem
E observem bem.
Quando eles chegaram de volta a terra
alguns deles iniciaram a fazer sacrificios
Alguns fizeram remdios
Alguns planejaram a sua propria estratgia
Todos disseram Essa coisa, serei eu quem vai achar

Orunmila (rnml) e Oxun (un) costumavam fazer coisas juntos


Eles estavam sempre um na companhia do outro
Ambos adicionaram 2 bzios a 3
e foram consultar If
Eles perguntaram aos babalawo para verificarem sobre ambos

A coisa que os orixa (r) esto procurando poderiam ser ambos eles as
pessoas que a encontrariam?
Os babalawo pediram a Orunmila (rnml) e Oxun (un) que fizessem
um sacrifcio
Com os grandes alakas que eles estavam usando
Cada um deles deveria oferecer um cabrito
e um rato domtico
Bem como 201 k cheios de bzios para cada um deles
Orunmila (rnml) disse a Oxun (un) que eles deveriam fazer o
sacrifcio
Mas Oxun (un) disse m por favor, deixe me descanar
V fazer o sacrificio com o seu alaka
Qual a relao disso com o que estamos procurando?
Oxun (un) se recusou a fazer o sacrifcio
Orunmila (rnml) cujo outro nome era jn,
pegou o seu alaka e ofereceu em sacrificio
Ele tambm usou um rato domstico e dinheiro para o sacrifcio
Eles ento procuraram pelo saco da sabedoria mas no acharam
Todos os outros orixa (r) tmbm no encontraram
Eles procuraram em g aj
Ele foram longe at s ad
alguns foram ainda at k w
alguns procurara tambm em drm w
Onde o dia vira noite

Mas ele no encontraram


Um dia um rato domstico foi at o alaka que Oxun (un) usava
E fez um buraco no bolso
No dia seguinte eles se consideraram prontos
e procuraram o saco da sabedoria mais uma vez
Ento Oxun (un) o encontrou!
Ela exclamou Han-in este o saco da sabedoria!
Ela colocou ento no bolso do seu alaka
Ela ento foi embora apressada
Como ela estava atravessando florestas mortas e subindo por troncos
repentinamente o saco caiu do seu bolso
pelo buraco que o rato tinha feito
Oxun (un) estava chamando Orunmila (rnml)
Dizendo Orunmila (rnml), cujo outro nome jn
Venha rpidp, venha rpido
Eu vi o saco da sabedoria
Quando Orunmila (rnml) estava indo ele viu o saco da sabedoria no
cho
Ele ento colocou no bolso do seu prprio Alaka
Quando ele chegou em casa
Orunmila (rnml) disse: Oxun (un) deixe-me ver o saco
mas Oxun (un) disse que ela jamais mostraria para um homem
Mas se um homem precisasse ver
Ele teria que dar lhe 200 ratos
200 peixes
200 passaros
200 animais
e um monte de dinheiro

Orunmila (rnml) implorou por muito tempo para ver o saco


mas ela no permitiu
Ele ento retornou para a sua prpria casa
Quando Oxun (un) tentou pegar o saco no seu bolso
de maneira que ela o visse mais uma vez
Ela colocou a sua mo no bolso
e sua mo entrou dentro do buraco feito no fundo do bolso
Ento Oxun (un) foi encontrar Orunmila (rnml) na sua casa
Ela comeou a implorar a ele
Ela comeou a agradar Orunmila (rnml)
Assim foi ento como Oxun (un) foi para a casa de Orunmila (rnml)
para viver com ele como marido
De maneira que ele pudesse ensinar para ela um pouco de sabedoria
Nos tempos antigos, quando uma pessoa se casava
No era obrigatrio para a esposa ir para a casa do marido viver com ele
Assim foi como os casais passaram a viver juntos
Quando Oxun (un) tirou o seu alaka
ela colocou na sua boca e disse
daquele dia em diante nenhuma mulher ia vestir um alaka como os homens
Ela ento jogou o seu alak no lixo
Depois de muitos pedidos de Oxun (un)
Orunmila (rnml) pegou um pouco de sabedoria e deu para ela
Este o eerindinlogun (rndnlgn)
O qual Oxun (un) faz uso
O saco de sabedoria Od If,
os remdios e todas as demais profundas sabedorias do povo Yoruba

Assim vou destacar de forma bem objetiva o que o Od Okanransode ensina:

Oxun ( un) foi a primeira a ter acesso a sabedoria de If. Ela encontrou o saco
de sabedoria e olhou para ele, assim ela obteve antes de Orunmila ( rnml) a
sabedoria de If. Devido a sua teimosia, falta de f ou preguia ela perdeu o saco
para Orunmila ( rnml) que assim teve a posse dele por todo o tempo e a
sabedoria e poder que Oldmr prometeu. Mas no se pode ignorar o acesso
que Oxun ( un) teve a If.
Oxun ( un) foi viver com Orunmila ( rnml) e este lhe deu mais sabedoria
de If.

Esse od nos d tambm uma excelente explicao de porque somente homens


tem acesso pleno a sabedoria de If. Oxun ( un) se tivesse acesso teria omitido
isso dos homens, Orunmila ( rnml) observando isso limitou o acesso de
Oxun ( un) ao conhecimento de If. Essa interpretao deve ser estendida aos
homens em geral e as mulheres tambm, e no especificamente a Oxun ( un) e
Orunmila ( rnml). Oxun ( un) a essncia feminina e um od uma
metfora. Assim isso explica o papel de Babalawo e de Apetebi.

Outra lio o mal destino que teve a ambio ou ganncia no uso da sabedoria
de If. O desejo de Oxun ( un) era se enriquecer com essa sabedoria. Isso foi
penalisado, assim a sabedoria de If jamais deve ser usada para enriquecer
ningum.

Outro aspecto foi o preo a ser pago para se tornar sbio. Orunmila ( rnml)
pagou o preo e se tornou sbio, Oxun ( un) no quis pagar e no obteve exito
na sua busca. A sabedoria exige sacrifcios de bens.

Apesar disso tudo inegvel o vinculo de Orunmila ( rnml) com Oxun ( un) ou
seja de Oxun ( un) com If. Mesmo depois desse episdio Oxun ( un) e Orunmila
( rnml) ficaram mais prximos.
Unindo os versos de Okanransode com o de Ogb- s fica demonstrado e clara e
evidente ligao entre Orunmila ( rnml) e o eerindinlogun (rndnlgn).

Os mtodos de consultar If
Orunmila ( rnml) fala atravs de od, isso definitivo. O ow eyo (y)
merindinlogun (mrndnlgn) tambm obtem respostas atravs de Od. Existem 2
formas. A primeira a mais clssica que todos conhecem e que usa os 16 od mj:
ogb, oyeku (yk), wr, d, obara (br), okanran (knrn), rsn, owonrin
(wnrn), gnd, osa (s), irete (rt), tw, oturupon (trpn), ka, oxe (),
fn. Aqui no Brasil o mtodo de banbogxe ficou mais conhecido mas hoje em dia
existem outros. Pode-se ainda usar o ow eyo (y) merindinlogun (mrndnlgn)
para ler um dos 256 od, como os cubanos fazem e ensinam.
Eu vou transcrever abaixo um trecho do artigo "The Bag of wisdom - osun and the
origin of if divination". O autor do artigo Wande Abimbola um dos mais eminentes
acadmicos Nigerianos da atualidade que se dedicou a reconstituir a cultura de If na
africa. Sendo o autor Nigeriano e ao mesmo tempo 100% comprometido com If, talvez

at demais, isso o torna bastante isento, o texto a seguir uma anlise dele sobre a
pesquisa e a interpretao dos od Okanransode e Ogb- s que transcrevemos
anteriormente:
"Por "If Divination" ns queremos traduzir como If e sistemas correlacionados de
orculo baseados em estrias e smbolos de Od tais como Dida owo (uso do opele),
etite-ale (uso do ikins), eerindinlogun (16 buzios), agbigba (um tipo de opele) e obi. O
propsito desse artigo examinar a ntima relao de Oxun ( un) com o orculo de If
de duas formas, atravs dela mesma e atravs da instrumentalizao de xetuura, seu
filho. Ns iremos iniciar com a viso popular que envolve Oxun ( un) em If no qual
ela obteve o seu conhecimento de If atravs de seu marido orunmila. Ns
examinaremos ento a importncia de oxetuura para o sacrficio resultante do orculo.
Nas ultimas pginas deste artigo ns iremos ento fazer a afirmao de que Oxun
( un) tem muito mais relao com If do que os bablawo so capazes de admitir. Eu
irei, claro, colocar a hiptese que que todo o sistema de If iniciou a partir de Oxun
( un) e ela o deu para orunmila e no o contrrio. Eu irei basear minhas afirmaes
em versos de If. Eu tambm irei examinar a possibilidade que o eerindinlogun mais
antigo do que dida owo e etite-ale que so desenvolvimentos posteriores do orculo de
If".
Assim, ele no deixa nenhuma dvida de que o eerindinlogun (rndnlgn) um
sistema que se baseia nas histrias e simbolos de Od, tanto quanto todos os outros. Isso
uma afirmao bsica e no uma hiptese. claro que como eu disse, precisa-se de
fato usar o instrumento, os bzios, e o contedo, Od com suas histrias e smbolos. O
simples uso dos bzios no caracteriza um orculo de od e essa afirmao devido as
variaes que so encontradas principalmente devido a mediunidade dos olhadores.
Como eu j repeti aqui, no Brasil tem vrios mtodos de jogar buzios. Um dos mtodos
o famoso mtodo que bangboxe trouxe para o Brasil, e que trouxe o od para os
buzios. nesse mtodo que encontramos as 4 cadas, onde aparecem 4 od. A descrio
do mtodo foi feita de forma bem clara pelo Jose Beniste no seu livro O jogo de Bzios,
dentro do universo de poucas obras que temos, uma obra de referncia no assunto.
Entretanto eu tenho algumas observaes sobre o uso desse mtodo para trabalhar com
Od. Contudo, primeiro, eu quero lembrar que as pessoas que usam esse mtodo hoje
no guardam o seu formato inicial preservando as histrias associadas a cada od. Essas
histrias hoje esto em 2 fontes mas so todas originas da mesma pessoa, o material
da Iyalorixa Aninha.
O Verger publicou essas histrias, h muito tempo atrs, preservando inclusive o
linguajar, mas a Aninha no gostou e ele nunca mais republicou o livro. Depois o Prandi
publicou as mesmas histrias tendo como fonte o Agenor que tinha esse habito de dizer
que as coisas dos outros eram dele, quando no eram, e era o mesmo material da Aninha
j publicado pelo Verger. Depois disso o Beniste publicou essas histrias em uma forma
interpretada no seu livro o Jogo de ow eyo (y) merindinlogun (mrndnlgn). Ele
no publicou as histrias completas e sim uma interpretao do seu significado. Nesse
livro cita a fonte de sua pesquisa e a autoria do material original.
Ao todo so 72 histrias. Cada od at ika tem histrias, 4 ou 5, sendo que ejionile tem
8. Essas histrias foram chamadas de os caminhos dos od, porque para um mesmo od
elas davam opes diferentes, criando assim caminhos de interpretao para aquele od.

Foi dai que eu acredito que uns gnios, entenderam que od era caminho, mas, eu acho
que eles confundiram as histrias que criavam os caminhos em cada od com od ser
um caminho. O livro do Prandi-Agenor se chama Caminhos de Od, porque o contedo
de apenas e unicamente as 72 histrias associadas a cada Od. Ento dai para entender
que, Od = caminho foi apenas um passo, de cego, claro.
Mas observem, que em If a estrutura de interpretao de um od a mesma. S que a
gente faz isso para 256 od e no somente para 16. Tambm, no se tem todas as
histrias de cada od cada escola ou ax pode ter o seu conjunto e que pode variar em
relao a outro. Mas tambm existem gnios em If So aqueles que dizem que existem
2.046 od. No existem. De novo, a mesma genialidade que transformou od em
Caminho pegou as histrias que compoe um od, que podem ser 16 para cada od, em
novos od. Coisa de gnio, no? Mas no . Um od pode ter interpretaes diferentes e
as histrias trazem essas possibilidades. Se no fosse assim teramos que considerar que
todos os problemas da humanidade se resumiriam em 256.... rsrsrs
Dessa maneira a grande sacada do orculo de buzios fazer um If mais simples ao
invs de aprender 256 od voc aprende 16, ao invs de centenas de histrias voc se
concentraria em aprender 72. Se diz que o eerindinlogun (rndnlgn) seria nesse
formato menos detalhado, que daria uma informao incompleta em relao If.
Existe at um texto atribudo ao no Od gnd-rt falando sobre isso. Mas o mesmo
texto diz que a informao conhecida e no seria apenas dita, possivelmente em
funo da quantidade menor de Od.
Mas, no ow eyo (y) merindinlogun (mrndnlgn), temos que lembrar que temos
muito mais recursos para nos ajudar na interpretao, alm dos 16 Od Mj. O orculo
nos fala tambm atravs da posio que os bzios caem no pn, em alguns grafismos
que podem fazer e usando o recurso da sub-diviso das cadas nos chamados barraces.
Assim a ferramenta de fato oferece muito mais opes do que o opele (pl) e os ikin.
Existem muito pouco literatura sobre mtodos de jogos com buzios. Se ns recorrermos
a um clssico, o livro do Bascom 16 cowries, l o mtodo o Salako tirar apenas um
od, uma nica cada. Ele joga uma vez e faz uma correspondncia entre buzios abertos
e Od O Od que sair ele considera como sendo mj, isto , ele no faz uma segunda
jogada para saber a outra perna. Joga-se uma vez e considera-se que a segunda perna
igual a primeira, formando assim um od mj. O livro ento documenta inmeros
versos para cada od criando assim um processo similar ao de If Continua existindo a
determinao de ire/ibi e tipo e origem e para isso so feitas caidas adicionais, mas ele
sempre considera que uma cada mj. Essa a caracterstica do eerindinlogun
(rndnlgn).
Os cubanos tem um processo distinto. Vi fontes diferentes com pequenas variaes no
processo mas a mesma coisa. Os cubanos usam os buzios para tirar as 2 pernas do
od. Assim, eles jogam a primeira vez e tiram a perna da direita e jogam de novo e tiram
a perna da esquerda. 2 caidas de buzios forma 1 omo od, da mesma forma como em If
Dessa maneira com o eerindinlogun (rndnlgn) voc pode optar por trabalhar com
uma configurao mais simples com Od mj ou uma mais completa com os 256 Od.
A ferramenta, o instrumento no o limita.

Dito isso tudo eu volto a colocar a afirmao que podemos dizer que If fala tambm
atravs do eerindinlogun (rndnlgn). No existe nenhuma restrio conceitual a
isso e apenas a prtica pode separa uma coisa da outra. Por esses motivos no existe
razo para que pessoas pr-estabeleam que o eerindinlogun (rndnlgn) no If.
Essa afirmao pura e simples ao meu ver mostra apenas desinformao e ignorncia. O
que temos que examinar de fato so questes de prtica que podem desconectar o uso
do eerindinlogun (rndnlgn) de If e faremos um analise disso a seguir.

O orculo no Candombl
O Orculo por excelncia do Candombl o ow eyo (y) merindinlogun
(mrndnlgn) , os Bzios, mas a forma de us-los muda bastante. Como ele feito
majoritariamente pelo Babalr existe sempre uma enorme componente de
mediunidade envolvida. Assim, no mundo real, os Bzios so usados atravs da
vidncia do olhador e depois pela chamada fala dos orixa (r) que combina cadas de
bzios com orixa (r).
Historicamente o orculo atravs dos ow eyo (y) merindinlogun (mrndnlgn) a
ferramenta bsica de um sacerdote de orixa (r). Os bzios podem indistintamente
serem usados por homens e mulheres enquanto que If um culto predominantemente
masculino, com a presena de mulheres em algumas funes especficas. As mulheres
no recebem iniciao para trabalhar com os instrumentos principais dos babalwo o
opele (pl) e ikin. Alm disso um Babalwo no tem incorporao de forma que ou
uma pessoa um Babalwo ou um Babalr.
O ow eyo (y) merindinlogun (mrndnlgn) ento o orculo majoritrio no culto
de orixa (r) e fontes que eu tive acesso elogiam em larga escala o mesmo. Ns
sabemos por nossa prtica no Brasil que os Bzios so excelentes como orculo e esse
conceito tambm existe na frica.
O uso desse instrumento, ow eyo (y) merindinlogun (mrndnlgn), sofre muitas
variaes. A gente tem que considerar inicialmente o fator Umbanda. Um enorme
contingente de pessoas que so Babalr no Candombl j foram Pai de Santo de
Umbanda (muitos escondem isso) e l eles trabalhavam fortemente com vidncia, de
maneira que essas pessoas tem a clarividncia e aurividncia muito aflorada. possvel
que a totalidade deles no deixe de trabalhar com seus guias de Umbanda mesmo
estando no Candombl. Muitas dessa pessoas na Umbanda, tinham o seu jogo de bzios
que no era nada mais do que um simples exerccio de mediunidade com os guias
intuindo, falando ou trazendo vidncia ao Pai de santo dos problemas que o consulente
trazia. Essa prtica nunca teve qualquer vnculo com If, apesar de muitos chamarem
assim o seu orculo (sem saber o que isso queria dizer de fato).
No Candombl existe uma baxssima qualidade de transmisso de conhecimento. Existe
uma enorme facilidade em se vender obrigaes e nenhum compromisso em continuar
ou fazer a formao de uma pessoa seja para ela ser um Babalr ou simplesmente um
sacerdote da casa. As pessoas pagam suas obrigaes e anos de submisso para serem
depois um Babalr com sua prpria casa, onde ele d suas ordens (o conceito de
comunidade no inexiste, de fato). O orculo a porta de entrada de qualquer pessoa no
mundo sacro do Candombl. Tudo feito a partir do orculo e tudo feito com o
orculo. No pode existir um Babalr que no tenha um orculo na mo.

Dessa maneira as pessoas tem que se virar com o que tem e com o que sabem da
maneira como puderem, lembrando que nada de graa. Em funo disso temos muita
variao de qualidade no orculo dentro do Candombl e o principal tipo de orculo,
aqueles que os Babalr conseguem usar com mais facilidade, esse baseado apenas
em mediunidade. Em grande parte dos casos a quantidade de bzios no se restringe a
16 (como deveria ser), as pessoas usam a peneira ou mesmo o opon e decoram a mesa
com uma pilha de guias que mal sobra espao para se deixar cair os buzios, a ainda,
pedras, cristais, conchas, moedas, favas, figas, pirmides, velas, copos com gua,
imagens de orix, imagens de santos, calendrio de so Jorge, as vezes dentes de
animais e ossos e por ai vai. Isso tudo decorativo, no tornar o jogo melhor.
Assim os bzios caem mas as informaes vm atravs da mediunidade. Nesse tipo de
uso nem passa pela cabea de ningum considerar que se esta trabalhando com If ou
com Orunmila ( rnml).
Existe um outro grupo que faz uma variao disso. Considera que usa Od porque
restringe-se a 16 Bzios e d nome de od para as cadas. Eles sempre uma associao
entre Od e orixa (r) e isso se torna uma informao de primeira linha, sendo que as
pessoas disputam por ai saber que orixa (r) fala em cada Od ou cada. Cada od
corresponde um ou mais orixa (r) que falam. Em funo do orixa (r) que est
falando e do arqutipo do orixa (r), no conhecimento popular, aquela cada significa
uma coisa. Uma cada com etaogunda, associada com gn e dessa maneira voc vai
ter problemas com brigas, justia, etc... Os Olhadores associam ento essa correlao de
Od-orixa (r) ou simplesmente cada-orixa (r) com a sua mediunidade para
responder ao consulente.
Neste tipo de uso dos bzios o importante mesmo o orixa (r) que est
respondendo. Existem olhadores que chegam a dizer que tal pessoa pertence ao orixa
(r) que respondeu nas suas cadas ou mesmo no que mais respondeu. Sem nos
preocuparmos com aspectos qualitativos, esse tipo de uso dos bzios, mesmo que
nomeando o Od que cai, jamais poder ser considerado como If assim como a
associao de Od com a quantidade de ow eyo (y) merindinlogun (mrndnlgn)
aberto, mesmo que use algum padro estabelecido, tambm no poder ser If ou
Orunmila ( rnml). A consulta gira sempre em torno de orixa (r), e qualquer
considerao feita considerando um ou mais orixa (r).
Existem outra pessoas que fazem diferente e se aprofundam mais na questo Od, mas,
observe a mediunidade est sempre presente. Ai entra nessa longa histria aqui um outro
elemento, o Bernard Mapouil que fez um livro muito interessante sobre orculo, em
francs, e que um dos pilares para a interpretao de Od no Candombl. Existe um
mesmo material que usado por todo mundo que derivado desse livro dele, que foi
feito no Benin e no na Nigria. Esse livro originou um conjunto de interpretaes para
cada od. Assim de Okaran at alaafia, as pessoas decoram as mesmas printerpretaes dos significados dos od. esse material que repetido com pequenas
variaes por todo mundo.
Como uma coisa interpretada e mais fcil de ser usada do que interpretar na hora
histrias e mitos, Normalmente as pessoas usam as 4 cadas do bangboxe com essas
interpretaes e ignoram as histrias do banbogxe, que ao meu ver ao longo do tempo,
por deficincias de transmisso do mtodo, a necessidade de usar, ou mesmo a forma de

usar as histrias e de interpretar o Od com elas se perdeu. Como tambm se perdeu o


uso dos b para poder interagir com o Or do consulente.
Esse conjunto de Babalr associam sua mediunidade, o orculo com uma base de
Od mas que tambm, preponderantemente, inclui a famosa relao de orixa (r)
com od que influi na interpretao e determina o que vai ser feito. Alm disso entra um
novo elemento, a numerologia, tambm herdada da Umbanda e tem gente que inclusive
faz od s com nmeros, a partir de nome, de data de nascimento, etc... Alis, no existe
essa relao de od e nmero, isso foi um sincretismo. Dessa maneira no tem nenhuma
utilidade fazer contas com nomes e data de nascimento e querer associar isso pessoa.
Inclusive muito comum se usar a expresso de se determinar o od de nascimento
atravs da data de nascimento. Isso to verdadeiro como se determinar a o orixa
(r) da pessoa de acordo com o dia da semana em que ela nasce, ou seja, no existe
isso.
Dessa forma, elas dizem que usam o mtodo do banbogxe, ou que jogam por Od, mas
ignoram 3 coisas muito bsicas para se usar Od. Primeiro usam muitos Od para
interpretar, segundo no usam as histrias e terceiro no usam o Or do consulente para
as respostas, no usam os b. Eu inclusive j ouvi uma pessoa que diz que usa esse
mtodo dizer que os caminhos dos od voc determinar se o eb vai ser na praia, no
mato, na rua, na encruzilhada, etc...
Observem que, como eu disse no incio, If no baseado em orixa (r), baseado
em Orunmila ( rnml), em Or e no nosso destino. Eu considero que to importante
quanto Orunmila ( rnml) Or em uma consulta de orculo. No existe consulta de
If sem que o Or participe diretamente nas respostas atravs dos b. Entretanto essa
prtica no existe mais no jogo de bzios, se existir uma minoria, ou talvez raridade.
provvel que o consulente nem pegue nos bzios antes de eles serem jogados para ele.
Ento, provvel que o mtodo de usar o ow eyo (y) merindinlogun
(mrndnlgn) tenha se perdido com o tempo devido a deficincia na transmisso de
conhecimento que existe no Candombl e tambm, temos que reconhecer a falta de
fontes de informao e aprendizado. O mtodo e o sentido foi substitudo pela vidncia
e nesse caso no fico somente com a crtica fcil, acho que foi uma forma de dar
continuidade a isso em face as dificuldades. O que seria ento um mtodo com um
tempo menor de estudo ficou gradativamente intuitivo.
Nesses casos, no posso considerar que estejamos trabalhando com od e que isso seja
If, por mais que essas pessoas assim o pensem. Como ltima observao eu gostaria de
lembrar que esses Babalr tem uma forma de interpretar o orculo com os seus
bzios muito pessoal, assim como pessoal e exclusivo o conhecimento deles. O que
eles sabem s para eles.
impossvel, voc colocar 2 babalorixa interpretando o mesmo jogo, assim como
impossvel um Babalr chamar outro para ajudar ele no orculo. Cada um s sabe ler
o seu e no diz para o outro o que sabe ou o que no sabe.
Em If diferente, ou usando qualquer orculo de od voc pode colocar 16 babalawo
interpretando o mesmo od, eles vo falar a mesma coisa e podero discutir
interpretaes ou complementar as informaes. muito comum terem sempre 2

babalwo em uma consulta, um ajudando o outro. Isso possvel porque eles esto
tratando da mesma base de conhecimento e do mesmo processo.
Mas esse o nosso caldo cultural e If vem muito recentemente se adicionando.

Ultimas Palavras
Eu no tenho como objetivo ser panfletrio para nenhum lado. Me interessa de fato a
verdade, os fatos e os fundamentos. Para poder dar essas explicaes colocando a minha
opinio sobre esse assunto eu tenho me dedicado a muito tempo a essa questo, sempre
buscando novos argumentos e novas formas de ver isso.
Eu considero que ow eyo (y) merindinlogun (mrndnlgn) pode ser usado para
trabalhar em If, com Orunmila ( rnml), Od e Or. Isso pode existir pela teologia e
tambm pela prtica. Isso poder ser feito usando somente os Od Mj como tambm
com os 256 Od. Contudo nem todo mundo que usa bzios os faz pelo mtodo de If,
alis, na prtica quase ningum o faz. Para fazer isso necessria uma outra
aprendizagem e isso esbarra no comodismo ou mesmo na dificuldade de buscar esse
conhecimento.
Eu tenho razes para supor que o mtodo de Banbogxe era aderente ao mtodo de If e
que isso foi perdido, sendo os seus mecanismos substitudos gradualmente pela
mediunidade ou por essa coisa sem sentido que a numerologia.
Hoje em dia temos uma nova opo com o estabelecimento em bases perenes do culto
de If no Brasil, mas no tem ajudado a atitude de muita gente de If. Seja os nativos
que entram no culto e se acham o prprio Deus, ou no mnimo acima do resto dos
mortais, sejam de cubanos que vem com suas bases If-lukumi sejam os africanos que
vem, sei l com que.
Esse mais um desafio que o Candombl esta faceando. A sua primazia na posse de um
Orculo esta definitivamente com os dias contados e o culto de If ir de forma
definitiva tomar para si, como tem feito, a propriedade de ser o orculo de If em
detrimento a forma oracular pouco estruturada que usa o mesmo nome no Candombl.
Como eu disse ao longo de todo esse texto isso no uma verdade, o orculo do
Camdonbl tem bases dogmticas para se impor como um orculo de If e ser
considerado um orculo mais preciso e eficaz. A comprovao disso encontrada no
versos desses 2 Od que eu transcrevi e mais no Od tr, Ogb-gnd, s mj,
rt mj e outros que eu pretendo consolidar e apresentar.
O Candombl tem ainda mais outros desafios: a formatao do Candombl para ser uma
opo religiosa de fato; A integrao de pessoas vindas de classes sociais e nveis
culturais mais evoludos; O bloqueio da sua degradao dogmtica devido a entrada em
massa de pessoas vindas de Umbanda que trazem uma anarquia teolgica; a
estruturao de uma forma de transmisso de conhecimento que separe o que teologia
de liturgia; a incapacidade das casas de se estruturarem para permanecer com as pessoas
depois que eles fazem os seus 7 anos e so obrigadas a se anularem evitando assim a
proliferao de casas com pessoas sem condies de as manterem.

Sero os r (Orix) elementos da natureza ?


Existe um conceito generalizado que associa r (orix) a elementos da natureza e
depois de me debruar sobre esse assunto analisando referncia teolgicas e mais ainda
textos de od eu tenho uma opinio completamente divergente e gostaria de apresentar
aqui. Na minha concluso isso um sincretismo europeu, ou seja, uma forma de
expressar um conceito de outras vises religiosas, as quais inclusive eu j tive muito
contato, com a religio africana.
Ento veja, ng (Xango) um ebor, um r (orix) divinizado e no um dos r
(orix) originais assim, como ele poderia ser o fogo ou o trovo, que um elemento que
existe desde o incio dos tempos. O vento ya, mas ela tambm divinizada, assim, o
vento j existia antes dela ela no pode ser o vento,uma fora da natureza. un (Oxun)
uma irnmal (irunmal) um r (orix) original da criao e poderia sim estar
ligada com a gua ou ser agua, como a gente mesmo diz, mas l (Oxal) o ar, por
que? ele pode ser o firmamento ou o al que cobre a todo o mundo, mas, de novo acho
que uma viso muito onrica dos r (orix), um sincretismo com religies europias
como a bruxaria tradicional, wicca, ocultismo, etc...
Assim, essa ligao de uma divindade com os elementos da natureza existe em algumas
tradies religiosas, muitas delas politestas puras de fato, mas no acho que seja
consistente e repetitiva na religio africana. A mim me parece mais uma forma de
sincretizar a religio africana com formas politestas ou animistas com as quais a
religio africana foi forosamente comparada. Assim, de novo, como sempre eu digo o
sincretismo que de novo nos prejudica e enfraquece, s que as pessoas acham isso
bonito e romntico e resolvem repetir a adotar.
tipo assim se as religies que foram classificadas como pags na europa tem como
deuses as foras da natureza ento como o a religio africana pag tem que ser o
mesmo. Mas no necessariamente assim.
Por esta razo, dizer que os r (orix) so as foras da natureza como eu canso de
ouvir o mesmo que dizer que ng (Xango) So Jernimo, ya Santa Barbara,
gn So jorge. o mesmo que ouvir babalorix explicando a vida e a reencarnao
usando a doutrina esprita.
Eu no parei muito tempo para aprofundar isso, at porque estou longe de ter esse
tempo ou ter a competncia para isso, mas acho que no caso da religio africana
giramos em torno da energia vital, o (ax), aquilo que permeia tudo, que nos d
fora, que nos movimenta, que nos traz sade, prosperidade, etc. De novo nesse caso
um conceito bastante amplo e com muitas facetas para designar uma s coisa, bem
tpico dos conceitos poderosos e profundos dessa religio mas muito pouco elaborado.
No caso do (ax) um dos aspectos importantes a afinidade entre a energia de
(ax) com as divindades e com od. Existem combinaes que fazem bem para o
(ax), o amplificam, o diminuem ou o prejudicam. Assim tudo tem (ax) porque
tudo tem energia e/ou vida. Assim r (orix) usam a energia de od para atuarem e
tanto podemos acreditar que qualquer r (orix) pode usar a energia de qualquer od
como tambm existe uma ligao mais forte entre determinados od e r (orix), eu
no sei a resposta mas sou mais pela primeira. Existe elementos da natureza que esto

dentro do domnio de determinadas divindades e assim elas se manfestam junto com


eles, mas tudo o que eu vi me mostra que no existe voo solo, e assim muitas divindades
se manifestam em um mesmo fenmeno ou fora. As oferendas contm materiais que
so do domnio de diferentes r (orix) e sero transformados em ax, mas existem
muitos materiais comuns a vrios ou muitos. As folhas certamente so um tipo especial
de material porque vida e contm (ax) vivo assim existe uma ligao mais intima
e fundamental. Mas montar essa matriz no algo simples porque eu vejo sempre
muitas superposies e complementaridades.
Essa ligao, com (ax), elementos, odu, r (orix), ori e ns o que
importante. o que nos fortalece ou nos enfraquece, mas isso acaba ficando
prejudicado ou esquecido e as pessoas se lembram de ficar ligando r (orix) com
elementos de natureza que no nos interessa. Pelo menos eu no consigo ver o sentido
ou importncia dessa ligao, exceto por uma curiosidade inconsistente que d certo
para algumas coisa e errado, acho que somente um esforo sincrtico uma deformao
no nosso conhecimento. De novo, eu estou dizendo isso no s porque eu acho isso ou
tenho antipatia por isso, mas, porque de fato eu no consigo encontrar essa ligao em
nenhum texto de od ou mito. Assim, sempre em muitas histrias existe a ligao de
od e r (orix) com um monte de elementos naturais, mas, e dos quatro elementos
eu no vejo.

A ORIGEM DO SINCRETISMO
Conforme mencionei anteriormente no existe nada que eu tenha lido ou ouvido que
remeta a ligao de r (orix) como sendo elementos da natureza. Vou me explicar
adiante, mas, minha opinio que isso se trata apenas de sincretismo que foi feito com
boa o m inteno, no importa uma vez que ambos so perniciosos, com tradies
pagans da Europa e Itlia onde o panteo dos deuses dessas tradies era associado com
este tipo de elemento.
Conforme j comentei antes a igreja catlica criou uma denominao genrica e sem
nenhum significado absoluta para qualquer outra religio que no fosse Abraamica, ou
seja, que tivesse origem em Abrao patriarca que gerou as correntes do Judaismo,
cristianismo e islamismo. Todas essas 3 tem o mesmo Deus e a mesma origem. Os
Judeus no reconhecem ningum, os cristo reconhecem a parte formal do Judaismo
que o antigo testamento e os mulumanos os mais recentes, sculo VII, reconhecem as
anteriores, inclusive Jesus, mas no a trindade catlica.
Para os Cristo que dominaram o mundo fora da espada o que no era catlico era
Pago, eles s no tiveram coragem de chamar os Judeus de Pagos, mas criaram o
termo hertico, para aqueles que divergissem da interpretao teolgica oficial de
Roma... Assim pago, no tem significado religioso, tudo o que no e catlico, essa
uma definio clssica vo encontrar em qualquer lugar.
Os abraamicos consideravam o seu Deus o nico e defenestravam qualquer outro tipo
de manifestao religiosa. A partir do sculo XV a igreja catlica baniu toda as praticas
que mostrassem similaridades com simpatias, encantamentos e feitios. A igreja
medieval era totalmente esotrica, mas para se afastar disso eles baniram
completamente essas
prticas, de modo a poderem a partir do sculo XV dominar os seus fiis atravs do

temor ao mal, ao diabo e a perseguio ao pecado. Assim estudiosos do aspecto do Mal


na religio correlacionam o surgimento da fora do diabo com a necessidade de um
controle mais rigoroso da sociedade pela forma poltica uma vez que esse temor e
domnio no existiam anteriormente. Igualmente isso coincidiu com os papas-generais,
guerreiros que literalmente com a espada no mo construiram Roma e a Igreja que
conhecemos hoje. O prprio celibato, que no havia dizem que foi devido a igreja
passar a ter posses. Eles no queriam se envolver em disputas judiciais com esposas de
padres, bispos e papas. Enfim a fora da reforma, de Lutero e Calvino, obrigaram a
igreja a mudar sua posio e adotar polticas mais ativas.
No centro de tudo isso ficaram as religies de fato politestas que tinham uma
interpretao diferente da divindade e dos seus poderes. As correntes celtas e bruxaria
tradicional viam a terra como centro de tudo assim a natureza era o sagrado e seus
poderes eram invocados atravs de nomes que os traduziam. Os politesmos clssicos
no tinham a idia de uma divindade superior o poder era compartilhado e uma coisa
influenciava a outra. A vida era mais simples e mais ldica. esse mesmo tipo de religio
ocorria em Roma e tambm na grcia. Assim duas coisas co-existiam, o politesmo no
qual o poder sobre a natureza era exercido por multiplas fontes e um grande nmero de
deuses que traduziam esses poderes que eram a natureza em si. O uso da palavra
Panteo esta assim associado no somente a um nmero grande de deuses mas tambm
ao politesmo. Essas religies passaram a ser ento a traduo da palavra paganismo e
essa palavra apesar de no significar originalmente.
A expanso europia para a Africa exps os europeus sufocados por sculos de opresso
religiosa a um novo conjunto de culturas e tambm de religio. Os mtodos cientficos
estavam longe de terem sido os mais corretos e ticos, assim como os primeiros a irem
para a Africa estava longe de serem os cultos e eruditos e sim os comerciantes e
militares.
A interpretao e anlise do que eles encontraram foi assim um misto de simplificao e
sincretismo. Acredito que longe deles se preocuparem em entender de fato as culturas
locais, a sua idia de superioridade tornava todo o resto menos importante. Dessa
maneira aliado a incapacidade deles em se comunicarem livremente com os nativos
devido a lingua a religio encontrada na Africa por similaridade foi associada ao que j
encontravam no paganismo Europeu. No houve uma preocupao de de fato se
entender o que se encontrava.
A religio Africana por sua vez no simples. Esta e estava longe de ter uma perfeita
uniformidade ou mesmo estar pronta a se adaptar aos padres classificatrios europeus.
Assim entre 2 opes bsicas monotesmo e politesmo, foi considerada politesta em
vista da quantidade de Deuses encontrados. E desta forma sendo politesta e
considerando a natureza cheia de espritos, tinha que ser Pagam.
Mais recentemente esta questo tem sido revisitada e novas classificaes tem sido
criadas para se classificar culturas e religies mais complexas, mas, para o povo comum
pode ser que isso nunca chegue assim, a cultura dominante no mundo ocidental a
Abraamica e assim, ou voc monotesta ou politesta.
Em funo disso a religio africana ganhou o cunho de paganismo e seus Deuses so
foras da natureza. Entretanto no existe nada que de valor a isso. Apesar de a america

do norte exercer forte influncia nos aspectos de usos e costumes e algumas facetas
culturais, o esoterismo e as nossas tradies no crists so oriundas da europa. Assim o
kardecismo francs e criou toda uma viso espiritual confundindo o prprio
Candombl que no tem nenhuma relao com esse.
O esoterismo europeu fortemente influenciado pelos cultos ditos pagos, como os
celtas, stregheria e com o renascimento da bruxaria na forma da Wicca. Outro aspecto
so a irmandades gnsticas como roza-cruzes, thelema e por ai vai. Tudo isso exerce
forte influncia sobre a nossa sociedade no aspecto esotrico e em funo da deficiente
formao religiosa dentro do Candombl fez com que, na minha viso, esses conceito
de fora da natureza se estabelecesse dentro do prprio Candombl. Os que no gostam
de eu dizer que a formao religiosa do Candombl deficiente devem observar que o
acesso a mitos ou poemas de Ifa restrito ou inexistente. O hbito de discutir teologia
no Candombl no existe, voc no consegue juntar 3 babalr (babalorix) sem que
seja para eles rasgarem seda entre eles, poucos esto dispostos a colocar em questo o
que sabem ou o que pensam, exceto se for uma ctedra onde ele fala e outros ouvem.
Assim podemos ter um grupo de especialistas espalhados por casas mas um legio de
outros que pouco acesso tiveram ou tem e mesmo assim abrem-se casas como se nunca
viu. claro que essas pessoas tem que se virar com algo ou com o que tem. neste
campo que essas concepes florescem, assim como o que mais existe pai de santo
que responde perguntas usando os conceitos do kardecismo-espirita, afinal eles vo
dizer o que? Que no sabem?
claro que a vertente conhecimento no o forte do Candombl. A vertente forte a
devocional, a f. Para isso voc no precisa saber o que , voc sente o que e voc
tambm acredita porque sente e v. A resposta mais comum para quando se pergunta
uma coisa do tipo o que o Candombl ou o que o r (orix) ou qualquer coisa de
aspecto mais teolgico ser algo que comea com "eu amo meu r (orix)..." e por ai
vai uma torrente de expresses de sentimento e f. Isso reflete o que ela sabem, e elas
sabem o que sentem.
Esse o jeito pelo qual esse tipo de sincretismo aceito e prolifera. Assim como os
africanos fizeram no passado com os antroplogos, as pessoas sabem o que , elas
sentem o que , e se esta definio, de elemento da natureza satisfaz o inquisidor, que o
seja. Isso no impede entretanto que em espaos ou oportunidades como essa a gente
possa visitar ou revisitar questes como essa, ou a reencarnao ou o conceito de
nascimento e destino, as proibies, etc... evitando assim que da nossa prpria boca saia
coisas como o Karma.
claro que saber ou no o que parece certo no faz uma pessoa fazer melhor um santo
do que outro. (ax) e ronc outra coisa, mas, no tem nada demais a gente poder
tratar dos assuntos com outra base.

POLITEISMO e MONOTEISMO
A gente pode voltar a essa discusso depois, mas, esta uma discusso um pouco
complicada porque muito poluda por preconceitos.
Em termos de definio para uma religio ser politesta no importa a quantidade de
divindade e sim a qualidade delas e de sua relao. Em uma religio politesta no existe

uma divindade superior as demais, todas tem o mesmo poder e no existe assim uma
fora reguladora do conjunto.
O Candombl, como outras, no politesta porque existe uma relao bem cara de
hierarquia entre Oldmar e as demais divindades. Assim possuir divindades, originais
ou divinizadas no transforma uma religio em politesta, seno, o catolicismo com seus
santos e sua trindade tambm o seriam, mas ningum ousa fazer isso.
Em funo de preconceito, conforme eu j me expliquei anteiormente, as religies
abraamicas tem esse interesse histrico em diminuir e marginalizar as demais religies,
conforme eu disse todas denominadas pags. Assim eles de forma ignorante simplificam
essa discusso a um modelo muito simplista do que ou no monotesta ou politesta
baseado no modelo de referncia deles, que est longe de ser consistente e
conceitualmente correto. Assim o preconceito domina essa a conversa toda a ponto de as
pessoas que no gostam da abordagem crist procuram sem saber porque dizer que no
fazem parte de uma religio monotesta, como se isso fosse um problema ou soluo. As
crist que querem dar prosseguimento ao preconceito histrico contra as outras
correntes religiosas chamam as demais de politesta como se isso fosse correto ou
mesmo uma ofensa. A maior parte do ignorantes assim prefere aceitar duas definies
carregadas de preconceito e ignorncia que chamar a sua religiao de seita e dizer que
politesta.
Para os cristos, seita uma coisa menor um pedao da religio verdadeira, e isto est
correto uma vez que o termo nasceu do judasmo onde as seitas so tradies que
divergem da interpretao tradicional das suas escrituras e politesmo remete ao velho
testamento, quando os prprios judeus adoravam Deuses zoomrficos, na forma de
animais como o carneiro. Isso para eles era um episdio negro e assim poitesmo um
pejorativo.
Pessoas que pertencem a uma outra religio devem primeiro se informar para poderem
primeiro entenderem a si mesmo e tambm poderem discutir com elementos de outras
religies, ao invs de aceitarem tacitamente rtulos inadequados, seja pelo aspecto que
um uso inadequado de conhecimento seja porque a finalidade de fato ofender. Assim
temos uma dupla ignorncia.

AS SEMPRE CONTROVERSAS FONTES DE


INFORMAO
Os antroplogos que estudaram a Africa ao longo do sculo passado e talvez o anterior
se preocupavam muito mais com o aspecto da sociedade. Eles no tinham formao ou
a formulao religiosa como um fim, mas entendiam que no poderiam falar sobre o
povo sem falar sobre a religio uma vez que uma coisa permeava a outra. como hoje
em dia a gente estudar um pais mulumano. As dificuldades de comunicao e a
preocupao dos africanos estudados em agradar aqueles que os pagavam levaram a
respostas e interpretaes equivocadas. Assim os prprios yorubas foram em parte
responsveis pela viso que se criou da religio deles.
Posteriormente na medida em que africanos foram sendo educados na europa e tiveram
acesso as cincias humanas e sociais bem como ao que foi feito sobre eles, eles
voltaram a africa para fazer os seus prprios estudos. Idowu em seu livro "African

Traditional Religion" fescreve 3 fases nos estudos sobre os africanos. A primeira a da


ignorncia a segunda onde quem escreve j passa a respeitar que existe uma diferena
cultural e que existe de fato uma cultura no conhecida mas comparvel a deles no lado
"nativo" e a terceira onde finalmente entram em cena os escritores africanos.
claro que em vista da enorme fragmentao que existe na base de conhecimento sobre
a religio africana existe muito pouco consenso. Existem muitas verdades, existem
mentiras que de tanto serem repetidas viram verdades e claro existe a competio pela
autoria do conhecimento. Da mesma forma todos querem que sua verdade seja a certa.
Assim existe um grupo de autores teolgicos que so muito questionados devido a sua
origem crist. So pessoas que se formaram padres e voltarem ao Continente para
escrever sob sua religio natural.
Sobre eles temos que fazer algumas consideraes. Primeiro julgar todos eles devido a
sua origem como sem credibilidade apenas preconceito. Mesmo aqui no Brasil,
pessoas de origem pobre somente tinham no passado uma forma de estudar que era em
colgios religiosos e at mesmo seguindo a carreira religiosa. O acesso a educao de
qualidade era praticamente impossvel. Da mesma forma eu considero que muitos
africanos passaram pelo mesmo. A sua educao somente foi possvel ao se
transformarem em pastores, quando tiveram a oportunidade de at mesmo se
transformarem em acadmicos. Dessa forma muito comum que uma pessoa para se
dedicar a estudar uma religio sob o aspecto teolgico tenha passado por uma educao
crist, mas isso no significa que o que eles escreva esteja comprometido ou no tenha
valor.
O mtodo de se fazer isso e o contedo revelam a inteno. Se no for assim temos que
considerar que todas as obras de antroplogos so invlidas ou questionveis uma vez
que somente se fizermos uma investigao detalhada da vida pessoal dele poderemos
desvendar suas intenes. Eu acho impossvel ser assim e prefiro me ater ao contedo
em si. Isso esta longe de ser um comodismo, ou simplificao ou ingenuidade, mas,
temos que sair do outro lado e para isso eu preto ateno ao contedo e claro
comparao do contedo. Em relao aos escritores estarem escrevendo repetindo os
anteriores, ou seja, um escreve uma coisa e os seguintes re-escrevem o que este fez de
forma que estamos tratando do mesmo contedo original equivocado e no da
confirmao do conhecimento atravs de fontes diferentes, eu lembro que isso uma
pratica de todo mundo. Todos usam a bibliografia como referncia para no terem que
refazer estudos e se algum repete algo porque concorda com aquela abordagem.
Assim, se formos considerar isso um equvoco temos ento que jogar tudo o que existe
fora. No caso da cultura africana estamos diante de uma impossibilidade de re-estudo
em vista de que, a cultura original deles foi destruda pelo escravagismo, por eles no
terem lingua escrita, pela morte dos que sabiam, etc.. Assim em determinados
momentos a nica forma crer nos registro que foram feitos porque refaz-los
impossvel.
Assim mesmo essa questo bem simples, como, o que o r (orix) que todo mundo
deveria saber ou dizer se reverte ainda hoje de polmica. claro que qualquer um que
seja de uma casa de Candomble sabe o que um r (orix), porque ele o v nascer,
ele o sente, e ai esta manifestado o aspecto sentimental e devocional, essa a parte fcil.
O que nos difcil discutir questes filosficas e teolgicas com ns mesmo e com

outros e isso nos leva a sempre ficar isolados ou discutindo e rebatendo as mesmas
coisas, que so o malefcio, o sacrifcio, etc..., questes menores porque no se discute o
que comum nas religies que a f e o significado disso na nossa vida.

A ORIGEM DOS r (orix)


Eu vou fazer uma abordagem tradicional e minha referncia o texto do
Od oxetuwa. Para no se ter dvida eu carreguei o texto desse od existe um texto
neste Blog com o mesmo
Eu recomendo que seja lido ele contm inmeros conceitos e fundamentos importantes.
Este texto foi extrado originalmente do livro Os Nago e a Morte, mas existe em outras
obras, contudo essa um verso completa com inseres de outras verses que eu li.
Neste od fica claro que Oldmar criou o mundo, populou-o com os homens e enviou
os r (orix) para poderem ajudar os homens na sua vida, na superao das
dificuldades. Eram 16 e havia somente uma mulher entre eles un (Oxun), que
representa assim o poder feminino original. Desta forma se os r (orix) foram
enviados para suportar os homens inclusive de calamidades naturais no poderiam eles
serem os prprios elementos da natureza, conforme a viso das religies pags
europias. Este od estebelece uma distino entre as divindades de Oldmar, suas
funes e a natureza.
Tomemos por exemplo as divindades femininas que tiveram uma origem comum em
un (Oxun). Como eu j disse antes, Oya que muitos consideram o vento no poderia
o s-lo porque ela foi claramente um ancestre divinizado, e o vento j existia antes dela.
ya bem como todas as divindades femininas so cultuadas e associadas com o
elemento agua. Assim Oya esta ligada a Rio gn, xun ao rio com seu nome, Yemanja
a rio e lagos e inclusive mar, Olokun ao mar, as aj so as que possuiam os 7 rios da
terra na sua criao, iyewa e at nana que nem yoruba. O elemento agua que de
un (Oxun), mas que tambm o nico elemento que sozinho pode gerar e sustentar a
vida e esta associado sempre a existncia de vida. Tudo isso tem origem em un
(Oxun). ng (Xango) dito ser o fogo, mas a real ligao dele com o fogo foi a
capacidade que adquiriu de manipul-lo, o que tambm foi feito por ya segundo o
mito. ng (Xango) esta associado com troves e raios, sim mas por manipul-los
porque ele considerado a justia de Oldmar ou a sua ira e joga os raios contra
pessoas que de to ruim que foram no merecem mais viver. Igualmente aps a sua
morte o mito diz que ele jogou raios contra as pessoas que diziam que ele tinha se
enforcado.

No mito da criao que todos conhecem a terra foi criada por Oldmar e s havia a
agua. Ele deu a bolsa da existncia contendo os elementos que seria plantados e depois
espalhado para formar a terra. Depois de tudo criado, conforme o od oxetuwa os r
(orix) foram enviados para suportar a vida ensinando os homens a se relacionar com o
divino.
Assim sendo o que ocorre que os r (orix) como representantes ou intermedirios
de Oldmar e os homens possuem poderes sobre determinados elementos da natureza

que vo desde a agua a doenas, mas, isso na sua forma controlada e organizada e no
na sua forma violenta. Uma coisa ter controle sobre ou ser ou ter controle total.
Assim por mais que se faa uma oferenda um furaco, um tsunami, um terremoto e uma
seca no podero ser evitados. Essa uma manifestao descontrolada da fora da
natureza, os r (orix) ajudar os homens a se prevenir ou superar as consequncias
disso.

O COSMO YORUBA
Os r (orix) so parte de um conjunto de divindades e no todo ele. Ns que os
cultuamos acabamos nos concentrando neles mas no podemos ignorar todo o resto.
Devemos nos lembrar que uma religio explica o mundo que vivemos atravs de uma
estrutura metafsica e composta de elementos religiosos. o contraponto da cincia para
a qual tudo tem uma explicao determinstica e pode ser sintetizado em equaes e
previsibilidade. Em um mundo onde no havia cincia a religio quem explica ao
homem o sentido de sua existncia e tambm tudo o de bom e ruim que lhe acontece. Se
o seu apoio o mundo algo sem sentido ou senso, de forma que as pessoas para
conseguirem viver tem que se apoiar em uma ou outra.
No Cosmo Yoruba como em outras religies temos um sistema metafsico que suporta
toda a existncia, assim as primeiras foras que se destacam so Oldmar e
(Exu). Oldmar o criador de tudo, fonte da existencia, designador dos destinos e
quem julga nossa vida. (Exu) representa mais de uma coisa. A primeira o ax.
(Exu) considerado o ax em si, o movimento a fora que pe a vida em ao.
Alm disso ele o policial de Oldmar e da religio, uma fora neutra acima do
bem e do mal que se encarrega de verificar que tudo seja feito certo e que o (ax)
das oferendas faam o seu efeito. Tambm pune com o destino no evitado aqueles que
falham no cumprimento de sua obrigao. Ele no a favor ou contra ningum.
A terceira fora rnml (Orunmila) porque o mensageiro de Oldmar e dos
r (orix). rnml (Orunmila) que estabelece a comunicao entre o divino e o
fsico.
Depois temos outros grupos mais conectados:

Ori
os ancestrais, a base de toda essa religio e que representam a sequencia da vida
na terra.

Os r (orix)

Os espiritos

Aj que so um elemento regulador da existencia evitando que tudo seja bem


demais ou ruim demais. De fato um esprito que pode ser utilizado para o bem
ou para o mal representando assim a ao dos homens.

os ajogun que so as coisas ruins (a morte, a guerra, a perda, a


doena, a paralisia, a feitiaria, as maldies, os problemas...

Conforme comentei em outras ocasies os yoruba acreditam que tudo que grande ou
significativo um esprito, assim uma montanha tem um esprito em si, uma arvore,
como o iroko um espirito, um grande lago tem um espirito nele, o vento tem vrios
espiritos (nenhum oya...) esta a forma como os yoruba explicavam o mundo onde
viviam, assim os espritos esto presentes em tudo e torna o mundo um elemento vivo.
Este tipo de divindade o que pode gerar essa relao com os elementos da natureza,
mas observe, no so r (orix), so espiritos, e so associados com tudo como uma
forma de os yoruba traduzirem as reaes do mundo que os envolve.
Por uma questo de hbito ou correlao podiam at mesmo receber oferendas, uma vez
que os r (orix) os recebiam, mas no me recordo de ter lido uma s linha de od
onde um desses espritos recebesse algo Os od nos relacionam com os r (orix) e
na proteo contra os ajogun e aj. Assim conforme meu entendimento esses espritos
no so parte do culto principal da religio, fazem parte do entendimento do mundo por
um povo agrrio e sem cincia, mas esto longe de representarem um panteo de
Deuses.
j (Aj) uma parte chave nesse quebra-cabea. Sua existncia explica a ao do mal
ou do bem na sua forma mais direta. o mal de uma pessoa contra outra e elas,
conforme todos os od onde aparecem passam por cima dos r (orix) e desta forma
de sua proteo explicando porque mesmo uma pessoa devota e portadora do (ax)
do seu r (orix) ser afetado pela ao da j (Aj) que so provocadas por outros
serem humanos. A imagem que se tem de (Exu) aqui no Candombl em parte
deveria ser creditada a j (Aj). A ao dos guias de Umbanda e da Macumba que
podem fazer o bem ou o mal de acordo como so usados, para ns no Candombl tem
que ser explicado pela ao da j (Aj) que desta forma uma fora neutra. Para
entender aj eu recomendo ler, com calma, Verger.
Os ajogun representam as piores foras da natureza ou a consequencia delas na sua
forma mais bruta. So apaziguados com oferendas e desta forma atravs de (Exu) e
tambm so foras superiores a proteo dos r (orix).
Os r (orix) so divindades criadas e enviadas por Oldmar. Definir o que um
r (orix) seria como definir o que um anjo. No nosso caso r (orix) representa
a representao de Oldmar na terra e os r (orix) possuem foras e propriedades
designadas por esse. Eles se dividem em 2 grupos, os primordiais criados por
Oldmar e os ancestres divinizados. Aos r (orix) cabe a assistncia e proteo
aos homens e conforme mito tambm conhecido, quando houve a separao do orun e
do aiye eles no mais puderam transitar entre os 2 mundos livremente. Para isso teriam
que contar com uma pessoa o elegun que seria preparado para ser essa ponte. Assim sem
elegun no temos r (orix) de forma que onde no existem homens no existira a
divindade.
Assim os r (orix) sendo eles primordiais ou no so manifestaes reais do divino,
eles se fazem presente junto de ns e so representados nos mitos e od atuando como
pessoas, sugeitos as mesmas coisas que qualquer um se sujeita. Devemos lembrar que
essas estrias so metforas e no expresso da realidade. atravs delas que
entendemos como nos comportar, que exemplos seguir, as consequencias de atos ruins,
etc..

Ori e r (orix) representam a presena do divino em nossas vidas, nos orientado e


protegendo, no sendo superiores a foras maiores do mundo que nos cerca, mas, sendo
de uma forma muito vsivel para ns o exemplo de como devemos ser. Os r (orix)
so a manifestao humana do divino, a mais prxima e a mais palpvel que nos faz
sentir protegidos, ouvidos e assistido por Oldmar. Eles so parte de nosso ori, assim
junto com ori que a principal divindade que nos assiste, junto com nossos ancestres
que fazem parte do ori, todos temos um orix que nos acompanha no nosso elemento
mais fundamental, nosso ori.
Sem um iniciado o r (orix) no se manifesta no aiye, o sacerdote feito, a ponte
entre o aiye e o orun a ligao do homem com o divino, no s para aquela pessoa mas
para todas que a cercam, assim a feitura e a participao ativa na religio tem um
sentido muito maior do que a prpria satisfao pessoal. Os elegun so a presena do
r (orix) na vida da terra e enquanto existirem elegun, enquanto existirem babalawo
o divino estar junto da humanidade na forma dos r (orix).
Se os r (orix) fossem as foras da natureza ento eles j estariam aqui e no seria
necessria essa ponte qe representa o elegun. Algum poderia dizer que no que a
iniciao uma preparao da pessoa para podert incorporar um r (orix), mas, eu
respondo que o mito no diz isso, diz sim o que eu mencionei.
O pessoal da Umbanda, sempre muito confuso com tudo, e os Lukumi (cubanos) so os
primeiros a dizer que os elegun no incorporam um r (orix) porque sendo eles
elementos da natureza teriam uma fora tremenda e assim uma pessoa, um elegun, no
poderia os incorporar. Essa de fato a viso de quem acredita que os r (orix) so
elementos da natureza.
Mas o Candombl no pensa assim. No Candombl os elegun de fato incorporam os
r (orix), ou sua energia como se queira. Desta feita para seguir com esse
entendimento temos que desconsiderar que r (orix) sejam os elementos da natureza
e sim divindades que tem o controle sobre alguns elementos.
Assim na concepo que eu tenho, os r (orix) tem estreita ligao com os homens
e no so foras desconectadas de ns. O cosmo yoruba no muito simples mas o
r (orix) tem um papel estreito com a raa humana e isso esta no nosso dia a dia e
tambm nos textos de od. A gente que vive isso todo o dia sabe o que e como um
r (orix). Sabe tambm o que a natureza e suas foras sejam boas ou mas e a gente
no confunde isso, no?
Ento na forma que eu vejo os r (orix) dentro da concepo metafsica da religio
so a ligao do divino com o homem, so reais e no concepes abstratas e
inatingveis, mas fazem parte da ordenao divina e representam a ao de foras que
so superiores a ns, o divino, na assistncia a nossa vida, seja pela nossa sade, pela
nossa prosperidade como pela nossa proteo. No so absolutos mas so a parte mais
significativa para ns no equilbrio das foras que dominam o nosso mundo e dia a dia.

FINALIZANDO
Para quem chegou at aqui, como eu disse e repeti vrias vezes a religio composta de
elementos muito importantes, alguns intangveis como o iwa pele e o nosso destino,

outros lembrados mais indiretamente atualmente que a ancestralidade que se perde um


pouco devido a que nem todos de uma mesma famlia seguem a religio e uma casa de
santo esta longe de representar uma famlia espiritual, mas, mesmo que a gente no se
lembre a ancestralidade uma das bases da nossa vida.
A religio que a gente adota complexa em parte porque existem de fato conceitos
pouco claros, na origem, ou que se tornaram complexo devido a juno aqui no Brasil
de vrias correntes religiosas e regionais distintas. Infelizmente s recentemente existe
um esforo de teologizar a religio que esbarra na polmica e no preconceito. Outras
correntes religiosas contam com linhas filosficas que procuram aprofundar as questes
e interpretaes essa religio aqui no contou com isso na Africa e no novo mundo
esbarra em uma babel pior ainda. Eu acho que no cabe discutir determinadas liturgias
mas no podemos em funo disso nos abster de discutir todo o resto independente de
sabermos ou no as resposta.
... sem querer ser chato, mas enfatizando, assim na formo que eu vejo o cosmo yoruba
baseado em textos de od que eu consegui ler at hoje, em mitos que eu li ou ouvi ao
longo de anos, o r (orix) no faz parte da ordenao das foras naturais do mundo
em que vivemos. Esse ordenamento no explcito ou atribudo a Oldmar que como
o
Deus distante (ou tornado distante) faz com que a natureza e o mundo funcione.
Os r (orix) conforme aparecem nas histrias e explicitamente no od xotuwa so
os braos e mos de Oldmar no aiye, mas na sua ligao com ns. Assim nosso ori
feito com nosso r (orix). Os r (orix) surgem em todas as histrias
representando papis comuns como se fossem pessoas comuns, com as mesmas
perfeies e imperfeies que temos de modo a que possamos nos espelhar e entender o
conhecimento que passam. So tambm a instncia direta, junto com o ori e a
ancestralidade, que recorremos para resolver nossos problemas, ligados ao nosso
sucesso na nossa vida como a necessidade de termos sade, de termos famlia, mulher,
filhos, oportunidades, trabalho, dinheiro e podermos com nossa prosperidade darmos
seguinto a nossa vida e atingir o destino que estabelecemos antes de iniciar essa nova
encarnao.
Como braos e mos de Oldmar os r (orix), conforme eu comentei no incio
disso tudo, tem controle sobre elementos da natureza, assim eles os usam e controlam na
sua forma calma e ordenada. Mas como elementos podemos considerar um todo, de
vegetais, minerais, doenas, at fenomenos da natureza, e estes sao usados no de uma
forma reguladora, mas como instrumentos de sua necessidade e ao em exercer a sua
misso junto a ns.
Eu assim no consigo ver um r (orix) sem o mesmo estar relacionado com nossa
vida, ficando assim longe do significado que tem os deuses naturais das tradies
europias e greco-romanas (no tenho conhecimento suficiente para citar outras).
Assim o entendimento da metafsica desse cosmo deve passar pela lembrana que temos
vrios entidades e espiritos alm dos r (orix). Este conjunto esta longe de ser
perfeito e complementar, existem coisas que parecem redundantes ou que no so
complemente racionais, mas, como sabemos um povo muito simples, agrrio e que

no teve unidade, continuidade e pensamento filosfico prprio para poder explorar e


documentar cada faceta da rica cultura e religio.
Eu concordo com os crticos que podemos, veja, podemos, em algum grau, hoje, estar
lidando com conceitos documentados e de alguma forma manipulado por aqueles
estrangeiros que os estudaram, muito difcil encontrar um analista isento, mas, agora
tarde tanto para evitarmos isso como para querermos dizer que existem outras verdades.
A verdade sera a soma de todas essas mentiras que sao contadas temos que buscar
alguma coerncia nisso tudo, contando com isso com as inmeras fontes, lembrando
tambm para os crticos que qualquer literatura sobre assunto teve origem na tradio
oral de forma que apesar de escrita o reflexo da tradio oral, no sendo assim pior ou
menos importante do que essa.
Em relao ao distnciamento que se criou de Oldmar a ponto de muitos criticarem
sua real existncia, eu lembro que, o distanciamento pode ter sido fruto apenas do
apego, carinho e amor aos r (orix) de modo que esta relao devocional acabou
afastando e deixando distante a presena e culto a Oldmar. Igualmente a
multiplicao linear do nmero de r (orix) em cada regio, seja pela divinizao ou
seja somente pelo estabelecimento de qualidades que estivessem mais de acordo com as
tradies locais contribuiu para isso.
Hoje estamos muitos centrados no culto ao r (orix) a ponto de eu mesmo ter que
reconhecer, contrario a minha vontade, que aqueles que dizem que Candombl um
culto ou uma seita e no uma religio tem os seus motivos. A centralizao de tudo em
torno do culto aos r (orix) uma realidade de forma que isso o que se ve. A
externalizao do sincretismo com essa identificao de r (orix) com santos
catlicos assim como a imensido de Candombecista que se acha espirita e usa as teses
do evangelho kardecista para se explicar outra. S falta agora iyawo e babalorixa
participar de congresso e reunio espirita. Sugiro que vo vestidos carater.
por essa razo que eu sugiro que os crticos de uma teologia mais centrada na
existncia de uma alta-divindade - Oldmar podem no estar certos. Eu considero que
a cosmogonia composta de Oldmar, (Exu), rnml (Orunmila), ancestrais,
orixa, espiritos, aje, ajogun, etc.. quando colocada em uma perpectiva mais ordenada e
adequada para dar coerncia a tudo o que precisamos. Contudo o sincretismo e
influencias externas tornaram isso muito complicado (ou chato) hoje e dia, como por
exemplo o prprio verger em seu livro r (orix) citar que as pessoas consideram que
ogun, (Exu) e oxossi so irmos e filhos de yemanja. Eu no vou nem me ater a
essa coisa de filho e irmo, mas (Exu) no pode estar nivelado assim, muito menos
ogun, assim, pode me jogar pedra, mais isso no ajuda.
Nesse ponto a falta do pensamento teolgico e da escrita, bem como o escravagismo as
invases e introduo do cristianismo e islamismo foram fatores que levaram a isso.
Eu lembro ou informo que o islamismo uma religio muito forte e simples e adotada
por pessoas de todas as classes sociais. Mas ela composta de uma base escrita, o
alcoro que so poemas que foram ditados diretamente pelo arcanjo gabriel a mohamed.
So versos.

Complementar a isso existe o registro escrito da tradiao oral, o hadith e Sana que
complementam o alcoro com interpretaes e complementos e finalmente a charia o
cdigo de tica. A existncia do alcoro faz com que cada crente tenha a
NECESSIDADE de aprender a ler para poder ele mesmo, ler, estudar e repetir as
palavras do profeta e de Deus. Mais ainda,em todo o mundo os versos do alcoro e suas
rezas devem ser ditos em rabes, a lingua original.
Assim o divino e a tradio oral convivem juntos com a literatura e a farta filosofia
mulumana a Falsafa. Como no caso dos Yoruba a religio invade a vida comum, a arte,
a dana, a msica e a literatura.
Assim, religio e tradio oral no so antagnicos ao registro escrito, pelo contrrio
lhes do fora.
Marcadores: candomble, ifa, orixa, teologia
postado por Marcos Arino s 12:46 AM 0 Comentrios Links para esta postagem

Domingo, Abril 27, 2008


Eerindinlogun (rndnlgn) If?
Uma questo que sempre tenho observado ser bastante polmica nos dias de hoje
sobre se o eerindinlogun (rndnlgn) If. O que esta no ncleo dessa questo,
junto com vrios aspectos colaterais e acessrios se ele representa uma comunicao
de Orunmila (rnml) entre o ay e o orun (run). Sim, na minha opinio o
eerindinlogun (rndnlgn) pode ser If e pode trazer as mensagens de Orunmila
( rnml) atravs de Od.
Essa discusso, creio eu ficou mais intensa nos ltimos anos devido ao estabelecimento
do culto de If no Brasil e com o surgimento dos primeiros Babalwo brasileiros que,
mais do que se preocupar em fazer dinheiro vendendo obrigaes, esto inseridos na
cultura da religio e participam de fruns e grupos de discusso virtuais.
Como muitas questes prticas, essa simples afirmao, de que eerindinlogun
(rndnlgn) If, envolve alguma complexidade porque o mundo real complexo
na sua composio e essa complexidade que alimenta essa polmica porque muitas
vezes estamos falando de coisas distintas e nem todos tem o mesmo entendimento
bsico da questo que est sendo tratada. No tenho a pretenso de esgotar o assunto,
mas vou dar minha opinio de forma ampla.

A questo do culto s divindades


Em primeiro lugar, temos a questo do culto especializado ao orculo, que novo no
nosso ambiente cultural e que deu uma nova dimenso a essa discusso. If um culto
diferente do Candombl. um culto especializado e orientado a uma divindade,
Orunmila ( rnml), o elerii (lri) pin, testemunho dos destino de todos ns. Os
sacerdotes de If se dedicam a ser os mensageiros de Orunmila ( rnml), que por sua
vez o mensageiro dos orixa (r) e de Oldmar, o Deus supremo dos Yorb. No

que pese ser impossvel praticar a religio sem que todos os orixa (r) estejam
envolvidos os sacerdotes de If se dedicam exclusivamente a uma nica divindade
Orunmila ( rnml) e tudo deles gira e torno dele. If Orunmila ( rnml) e
tambm o nome do orculo atravs do qual Orunmila ( rnml) fala conosco.
No Brasil, no tivemos o culto da If. Esse foi um culto que no veio e no foi trazido
posteriormente, como acabou ocorrendo com o culto de eegn. Temos assim muito bem
estabelecido, com qualidade, o culto de orixa (r), atravs do Candombl das naes
(nago, ketu, jeje, ijex, hansa, mina, tapa e muitas outras) e temos o culto de eegn, com
casas exclusivas para um e para o outro.
O Candombl um tradio religiosa baseada em uma matriz teolgica africana. Ele
contudo no reflete exatamente o que existe na frica porque uma tradio originada
atravs da dispora negra. Esse processo, a dispora criou mais do que uma tradio
religiosa, no nosso caso o Candombl, mas tambm o lukumi em Cuba e o Voodoo no
Haiti. Todas essas tradies desenvolveram conceitos prprios e at prticas. No acho
que mudaram nada mas, na ausncia de acesso ao dogma original,seja por questes de
distncia ou de lngua, tiveram que se vira com o que tinham e sabiam. Alm disso o
sincretismo influenciou diferentemente cada uma dessas tradies.
Uma tradio um movimento muito comum em qualquer religio. No se trata de uma
degradao, pelo contrrio, uma especializao, uma melhoria, um formato que
atualiza e adiciona riqueza cultural. Quando a criatividade demasiada isso gera de fato
uma nova religio ou uma prtica que se distancia demais da matriz teolgica original
para que possamos cham-la de tradio, assim, sempre necessrio um certo
dogmatismo e fundamentalismo porque seno a religio se perde e acaba ocorrendo um
processo igual ao da Umbanda, que no significa nada em termos religiosos.
Dentro dessa sua diferenciao o Candombl reformatou o culto aos orixa (r) em
bases que eram as possveis e tambm as necessrias para a nossa terra. E, um desses
aspectos, foi a centralizao do culto a todas as divindades em uma s casa, sob um
nico teto, alm da qualidade multifuncional do sacerdote religioso, o Babalr.
O conhecimento que tenho do formato Africano, atravs de uma poucas fontes escritas
ou orais, era de que o culto na frica tinha uma certa especializao. Assim eram
templos dedicados a uma divindade, o culto a uma divindade concentrado em vilas e at
mesmo regies e os sacerdotes especializados no culto de sua divindade. Um modelo
muito diferente do nosso. O objetivo no fazer comparaes qualitativas at porque, o
Candombl uma tradio muito bem sucedida e completa, preservando cultos que
foram perdidos pelos africanos e com liturgias, oraes e cantos muito mais completos
que a tradio Lukumi (cubana), por exemplo.
Temos sim um problema interno de continuidade da tradio em vista da baixa
qualidade da transmisso do conhecimento, da abertura por pessoas incapazes de novas
casas, e do lixo que representa o sincretismo, mas, isso assunto para outro dia.
Entretanto isso so problemas cotidianos.
Dessa maneira, exceto pelo caso do culto eegngun, que separado do Candombl e
especializado neste tipo de esprito, a convivncia com cultos especializados a
divindades no o nosso padro de compreenso do universo liturgico no Candombl.

Entretanto essa uma realidade a encarar, compreender e aceitar uma vez que esse culto
era e sempre foi muito distinto do culto aos orixa (r). Em Cuba onde existe uma
tradio da disspora, o Lukumi, e If eles so muito distintos. Existe uma certa mistura
de rituais porque muitos Babalwo foram Obariate e da mesma forma como acontece
aqui com o povo que vem da Umbanda l tambm ocorre e eles compartilham a mesma
viso sincrtica dos orixa (r). Mas so casas separadas e cultos separados.
Desta feita eu quero registrar que estamos lidando com a mesma religio, os mesmos
dogmas, divindades e princpios. Existe uma especializao de sacerdote, em If os
sacerdotes de especializam na divindade If, ou Orunmila ( rnml), e no Candombl
os sacerdotes cuidam de trabalham com todas as divindades.
O orculo tem que estar presente em qualquer pratica dessa religio e se em If um
babalawo tem iniciao e aprendizado o mesmo acontece no Candombl. Um sacerdote
para poder ter o orculo ele iniciado no orixa (r) e recebe o jogo ritualmente.
Depois passa anos praticando, aprendendo e desenvolvendo.

O culto a Orunmila ( rnml)


No Candombl eu posso dizer que, como outros irunmale (irnmal), Orunmila
( rnml) uma figura distante pouco conhecida pelas massas, uma figura cult.
Faz parte daquele enredo secreto que domina a mesquinharia do conhecimento. As
pessoas associam o orculo a Exu () e a Oxun ( un) mas a Orunmila ( rnml)
coisa para entendidos.
Apesar de Or ser um nome conhecido, e o Bor a cerimnia mais executadas, e talvez
populares, do Candombl eu no vejo com clareza as pessoas entendendo de fato o
papel de Or na sua vida ou mesmo o sentido de um Br (Bori). Eu acho que isso se
soma aquelas coisas repetidas por imitao ao infinito e digo isso porque apesar de todo
mundo conhecer a palavra e o significado o sentido de Or na vida das pessoas
substitudo pelo orixa (r). Essa situao j muito boa porque entre os Lukumi
(Cuba) a maior parte no tem nem idia do que Or e como se cultua. O Candombl
um culto centrado nos orixa (r), isso tenho certeza de que todos concordam, o que
alis muito bom.
Mas If no o , e nesse caso Or assume uma outra proporo e por isso eu tive que
iniciar este segmento citando-o. claro que eu posso estar sendo aqui otimista ou
fundamentalista demais, entretanto no d para falar nisso de forma diferente. No,
antes que concluam isso, If no um culto a Or. If um culto dedicado a Orunmila
( rnml) uma divindade cujo propsito de existncia ser o mensageiro entre o aiy e
o orun (run).
Orunmila ( rnml) entre os irunmale (irnmal) considerado o deus da sabedoria,
ou o orixa (r) da sabedoria j que aplicar deus para os irunmale (irnmal) ou
orixa (r) tem levado a devaneios sobre a natureza dessa religio. Dois nomes pode
ser aplicados a esse irunmale (irnmal), o de If ou de Orunmila ( rnml).
Simplificando essa parte, o nome If aplicado ao sistema oracular e ao irunmale
(irnmal), a divindade e o nome Orunmila ( rnml) somente aplicado divindade.
Nos versos do Od surge um outro complicador porque nas histrias se diz que

Orunmila ( rnml) consultou If ou Orunmila ( rnml) consultou os Babalwo,


mas, ignorem isso, apenas figura de expresso.
Orunmila ( rnml) uma das mais importantes divindades da religio Yoruba. Sua
atuao esta centrada no orculo e nos b corretivos e sua atuao junto s demais
divindades e seres humanos gira em torno da transmisso de sabedoria e da humildade.
O fato de no ser um orixa (r) guerreiro talvez tambm explique a pouco
popularidade no Candombl j que os orixa (r) tradicionais sempre tem que
carregar uma arma branca na mo e so representados como musculosos e lindas
beldades. Essas descries jamais seriam adequadas para Orunmila ( rnml).
Atravs de sua grande sabedoria, conhecimento e compreenso Orunmila ( rnml)
coordena a atuao dos irunmale (irnmal) da religio Yoruba. Ele funciona como um
intermedirio entre os demais irunmale (irnmal) e as pessoas e entre as pessoas e seus
ancestrais. Assim ele a boca dos orixa (r) que fala atravs do seu orculo, o
orculo de If.
Mas a fala de Orunmila ( rnml) no uma coisa simples e direta como estamos
acostumados nos orculos que usamos no dia a dia ou mesmo atravs dos guias de
Umbanda. Orunmila ( rnml) fala atravs de sinais e de histrias. Suas histrias so
metforas, parbolas e meias verdades que devem ser interpretadas.
Orunmila ( rnml) fala sempre atravs de um Od. Existem 256 Od e os sacerdotes
de If dedicam a sua vida a aprender a entender as mensagens de orunmil atravs
desses Od, a aprender os versos de If, poemas, os s, que contem atravs de
metforas os ensinamentos e mensagens para os consulentes. Alm disso devem
aprender a como fazer as rezas, os b, as folhas e at sacrifcios que permitiro ao od
atuar na vida das pessoas.
Assim, no se pode falar de Orunmila ( rnml) e de If sem considerar que tudo isso
gira em torno de Od. No sei se todos entendem o que um Od porque sem entender
o que um od no se entende If, mas volto nisso adiante.
Entre ns, no Brasil, If sinnimo de Orculo e muita gente usa assim indistintamente
sem as vezes entender a origem dessa palavra.
No culto de If um Babalwo se dedica consultar o orculo para as pessoas e a fazer as
aes decorrentes para poder corrigir o problema que Orunmila ( rnml) viu na vida
da pessoa, no necessariamente o que a pessoas estava buscando l. Quando a gente
entre nessa rea na qual um Babalwo ou um Babalr, atende algum e faz aquilo o
que a pessoa quer ou que resolve o que a pessoa foi buscar estamos na rea da feitiaria
e no da religio.
Uma babalwo no uma pessoa para fazer santo nos outros ou cuidar de orixa (r)
dos outros, para isso existem os Babalr. Um babalwo trabalha atravs de Orunmila
( rnml) com rezas, elementos simples e muito atravs de Exu () e Osanyin
( snyn). Mas basicamente a vida de uma Babalwo consultar o orculo.
Contudo existe uma coisa comum entre If e Candombl que a teogonia a base da
religio, que a mesma. Ser um culto especializado em uma divindade no muda o

contexto religioso que ele est situado. Para qualquer um estamos tratando da mesma
matriz religiosa e nessa matriz o papel de Orunmila ( rnml) reconhecido da
mesma forma.
Na nossa teologia, antes de nossos espritos virem para o aiy, no orun (run) ns nos
ajoelhamos perante Oldmar para junto a ele pedirmos o nosso destino, que alguns
preferem chamar de objetivo de vida. Nesse momento ns escolhemos o que queremos
viver nessa vida, o que queremos realizar e qual o nosso objetivo ao nascer no aiy.
Oldmar pode concordar com o que pedimos ou no, ou pode ainda definir para ns
outros objetivos de vida. Essa conversa uma das coisas mais importantes para ns e
dela poder depender por exemplo qual ser o nosso od de nascimento, porque ele faz
parte do nosso Or e vai ser definido para nos ajudar na vida que vamos ter aqui no aiye.
O nosso orixa (r) tambm poder ser definido nesse momento e tambm ser
escolhido de forma a nos ajudar com nosso objetivo de vida.
Nesse ponto cabe uma dvida porque o od com certeza depende de nosso destino
escolhido e atribudo, mas o orixa (r) no tenho certeza. Eu gosto da viso de que o
orixa (r) no tem restries no seu poder e qualquer orixa (r) que tenhamos vai
nos ajudar igualmente. No meu ntimo essa idia de especializao funcional de orixa
(r), como as pessoas gostam e chegam a dizer que profisso uma pessoa de tal orixa
(r) deveria ter, uma idia meio cartesiana muito simplificadora e racionalista.
Assim no tem minha simpatia.
Uma outra opo a que nascemos com algum orixa (r) de nossa famlia, de Pai,
me ou avs, assim uma mesma linhagem teriam filhos com orixa (r) similares e
claro sempre se casa com uma pessoa de fora da famlia e novas opes de orixa (r)
podem ser includas.
Mas o importante que como eu sempre disse, ns aqui no aiy somos a coisa mais
importante de Oldmar. Esse mundo espiritual, os orixa (r) existem para nos
ajudar a viver e no para nos escravizar ou atrapalhar.
Essa nossa conversa com Oldmar tem apenas 1 testemunho: Orunmila ( rnml).
Assim ele o nico que pode saber o nosso destino. Algumas outras divindades podem
fazer parte, uma delas ajala, outra onibode, oporteiro do orun (run). Antes de
descermos para o aiy perante Onibode ns falamos o nosso destino e quando
pretendemos retornar.
Mas para ns aqui Orunmila ( rnml) o lri (elerii) pin, testemunho dos destino
de todos ns e o mensageiro divino aquele que traz as mensagens de Oldmar e de
todos os orixa (r). Quando em nossa vida temos uma dificuldade que no
conseguimos resolver, e isto est nos impedindo de seguir em frente, naqueles
momentos em que no sabemos mais o que fazer, devemos recorrera a Orunmila
( rnml) consultando o orculo de If. Essa consulta ao mesmo tempo um pedido
de socorro e Orunmila ( rnml), o lri (elerii) pin vai responder de forma a corrigir
nossa vida para que possamos seguir com nosso destino.
Essa viso o sentido religioso que eu conheo para o orculo dentro de uma religio e
esta viso a mesma para o culto de If ou dos orixa (r). Dessa maneira no
existem 2 testemunhos, s existe um testemunho, e ele Orunmila ( rnml), e existe

para qualquer pessoa. Assim seja no culto de If ou de orixa (r) voc tem que lidar
com a mesma divindade, com Orunmila ( rnml)
quer voc do destino e no 2, se vamos a um orculo de eerindinlogun para corrigirmos
o nosso destino e vamos ter uma resposta para isso, quem est respondendo Orunmila
( rnml). No pode ser Oxala (l) ou Xango (ng) ou Oxun ( un) ou
qualquer outro porque somente Orunmila ( rnml) o testemunho de nosso destino.

O que Od
Od a base da comunicao de Orunmila ( rnml), e como muitas palavras em
yoruba ela usada para vrias coisas. Od so marcas grficas, assinaturas, que
representam um smbolo. A este smbolo esto associadas histrias e versos que formam
a famosa e to pouco conhecida literatura de If, poemas de If, que eram transmitidos
oralmente, mas que hoje j encontramos escritos. Esse conjunto no completo, muita
coisa se perdeu, ou uniforme cada escola de If tem o seu que pode ter variaes em
relao a outras. interpretao dessas histrias que podem estar na forma de mitos ou
de poemas que vem o significado de um Od. A mensagem que um od traz para
nossa vida esta contida nas histrias que so associadas a ele.
Od tambm uma energia divina que vem de Orunmila ( rnml) para ns em
resposta consulta ao orculo. Assim alm de ser um smbolo grfico, alm de conter
atravs de suas histrias significados para nossa vida um Od tambm a resposta a
nossa aflio. Essa energia primria vem atravs do orculo e ser utilizada pelo
Babalwo junto com os orixa (r) para nos ajudar.
Od no um caminho e nem significa caminho. A palavra Yoruba significa com
recipiente grande para conter algo dentro, como uma cabaa.
Em termos quantitativos so 256 Od. Existe uma matemtica nesses nmeros. So 16
figuras diferentes, feitas com a combinao de traos duplos ou simples. Como cada
od formado pela combinao de 2 figuras, ento teremos 16 x 16 = 256 od. Nessas
256 figuras diferentes, aquelas onde o mesmo smbolo aparece repetido, so chamados
dos Od Mj, ou principais. Esses Od so ordenados de acordo com uma ordem
arbitrria definida e If que seria a ordem nos quais esses od chegaram ao mundo.
Existe ainda uma maior relevncia para os 4 primeiros Od. Os Od que no so os
Mj so chamados de Omo (m) Od ou Od filhos.
Toda a comunicao entre Orunmila ( rnml) e ns atravs dos Babalwo feita
usando Od.

O orculo em If
Em If, a consulta ao orculo feito usando uma corrente com metades de semente
chamada opele (pl) ou com os caroos de dendezeiros chamados de ikin, esses so
os instrumentos bsicos de um Babalwo. O processo da consultar assim:
Usa-se o opele (pl) ou os ikins para formar o desenho de od, um dos 256 Od, que
uma figura formada por 2 pernas. Cada uma das pernas um dos 16 od principais.
Essa a anatomia de um od, uma formao grfica composta por 2 partes, ou 2 pernas

(ou patas com dizem os cubanos). Essa figura traada da direita para a esquerda assim
se l o nome do Od da direita antes do da esquerda.
Os od so compostos de uma coluna de traos duplos ou simples, no total de 4. Para se
ter um od SEMPRE tem que se ter 2 pernas ou seja as 2 partes dessa figura. Ento
II.......I
II.......I
II.......I
II.......I
A figura acima corresponde ao Od ogbe-oyeku (ogbe-oyeku (ogb-yk)) e esse o
dcimo stimo od. antes dele esto os od mj. So chamados de mj porque mj
significa (2). O numero 2 j, mas em yoruba quando o numero colocado depois do
substantivo, ou seja quando ele usado para contar alguma coisa adiciona-se o M na
frente. Assim j o nmero 2 e ogbe j traduzido como 2 ogbe, ou 2 od ogbe:
I........I
I........I
I........I
I........I
Dessa maneira o od acima o ogb mj, ou 2 ogb, porque seria ogb-ogb mas no
se fala assim, a gente fala ogb mj de maneira que ogb-ogb e ogb mj so a
mesma coisa.
Assim, isso um od. Um od sempre tem 2 pernas. SEMPRE, mesmo os mj,
lembrando que como eu j disse dezenas de vezes:
- No existe ligao entre od e nmero.
- Os od so ordenados atravs de uma hierarquia, ou ordem de senioridade e essa
ordem de senioridade serve para definirmos qual o mais velho e por conseqncia qual
b escolhemos.
O relacionamento de od com numero no tem nenhum fundamento. Anteriormente eu
expliquei isso, isso apenas fruto de sincretismo com a cultura rabe que foi exportada
para a Europa, provavelmente. um vinculo entre numerologia e If e que no existe
motivo ou fundamento. Dessa forma pertence as coisas da Umbanda que adora
sincretismo.
Os primeiros 16 od so os od meji, indo de ogbe meji at orangun meji. Depois disso
feita uma combinao entre cada od e os conseguintes, formando de ogbe-oyeku
(ogb-yk) at ogb-fn e depois indo para oyeku-ogbe (yk- ogb) e na mesma
lgica.
Para que eu estou explicando tudo isso? Para reforar que NO existe od que no
tenha 2 pernas ou seja que no seja um dos 256 od, formado por 2 partes. E repetindo,
mesmo os od meji, os 16 primeiros, que so os usados no merindinlogun tem que ter 2
pernas, porque Od meji tem 2 pernas, lembram ogb-ogb = ogb mj.

Em If o resultado de uma consulta a Orunmila ( rnml) um od. Um e somente


um. Tudo se inicia com determinao desse od. Com o opele (pl) um processo
rpido. Com os ikins mais demorado, mas o resultado o od que veio em resposta.
Temos o que se pode chamar de uma segunda parte da consulta que a qualificao do
od. A seguir como j expliquei, se determina de est em ibi ou ire. Depois o tipo de ibi
ou ire. e se for em ibi a origem desse tipo.
Com isso se completa a qualificao do od que veio em resposta consulta.
claro que para ter essas resposta de ire ou ibi, tipo e origem se faz usando o Ibos e
outras caidas do opele ou dos ikin para usando a hierarquia se selecionar a mo a ser
aberta e o ibo, esse o processo de If. mas essa sequencia adicional de ods so apenas
para perguntas e selees.
Assim toda a consulta feita com apenas 1 od. O babalwo tem que interpretar esse
od ou melhor tem que junto com o consulente interpretar o od e para isso existem os
versos que transmitem as mensagens do od, so varias mensagens em um mesmo od
os mitos/pataki e tambm os significados daquele od.
Um od carrega muita informao e existem, sim, od adicionais que se usa para
complementar o od principal, mas, no quero confundir nem omitir, entretanto, no
existem novas cadas de opele para isso. Esses Od complementares so obtidos como
parte do grafismo do Od principal, como por exemplo sua sombra ou o Od formado
pela combinao da perna de um com a de outro e por ai vai dependendo da escola do
Babalwo. Entretanto, isso penas para entender as mensagens, tudo o que vai se fazer
esta ligado ao od que foi obtido na primeira consulta. Assim concluindo aqui, em uma
consulta somente um Od interpretado. Atravs dessa interpretao teremos o
problema da pessoa e tambm a indicao dos b.

O eerindinlogun (rndnlgn) e If
A prtica do orculo no Candombl tomou mais de um caminho ao longo da nossa
histria e sofreu influncia diversas. A primeira coisa que eu lembro a todos que If e
orculo so sinnimos no Candombl e muita gente pode at desconhecer que exista um
culto separado destinado a If ou a divindade Orunmila ( rnml). Assim da mesma
forma como If e Orunmila ( rnml) so em certo aspecto sinnimos em If, no
Candombl, If e orculo so sinnimos, sem que isso seja necessariamente vinculado a
Od. Assim, por muitos anos temos ouvido as pessoas chamarem o seu orculo de If
sem que isso guardasse qualquer vnculo com o Culto de If e com o Orculo de If.
Hoje a gente saber que uso de Od no orculo do Candombl opcional e no
dominado por muitos.
Mas vamos voltar a esse ponto mais adiante, para que a gente chegue em algum lugar
vamos examinar primeiro a ligao entre o ow eyo (y) merindinlogun
(mrndnlgn) e If.
Com simplicidade, sem recorrer a textos de od, vamos considerar que tudo um
mesma religio. Assim dentro do culto dos orixa (r) ou do culto de If estamos
tratando da mesma religio. o mesmo Oldmar o mesmo aiy o mesmo orun

(run) so os mesmos orixa (r). A Teogonia a mesma. E nesse conjunto, como


estamos todos falando com as mesmas divindades e acreditando na mesma metafsica,
se recorremos a um orculo para tratar da vida e do destino das pessoas e recebemos
respostas sobre isso que nos permitem ajudar e orientar essa pessoa ento. Orunmila
( rnml) esta se manifestando em nossa vida.
Assim eu no vejo porque Orunmila ( rnml) no poderia falar atravs do
eerindinlogun (rndnlgn). Se isso no ocorre ns temos que supor que todo
Babalr um enganador, o que no verdade, nem todo Babalr um enganador,
e que no existe outro testemunho do destino, somente Orunmila ( rnml) tem essa
informao.
Eu lembro que o orculo do candombl, o eerindinlogun (rndnlgn) sempre serviu
e continuar servindo com louvor a tudo o que necessrio fazer em uma casa de santo.
Esse orculo representa sim uma forma autntica e verdadeira de dilogo entre ns e o
divino, entre ns e os orixa (r), entre ns e Orunmila ( rnml). Se no fosse
assim tudo seria errado ou sairia errado, e no isso o que ocorre.
A ligao entre Orunmila ( rnml) e o eerindinlogun (rndnlgn) existe nos
versos do Od Ogb- s, conforme transcritos por Wande Abimbola. Houve um tempo
que Oldmr convocou todo os 401 orixa (r) para o run ( run), para para
surpresa dos orixa (r) eles encontraram as Aj (j) no run ( run) e estas
passaram a comer um por um. Mas como Orunmila ( rnml) havia feito um sacrifcio
antes de deixar a terra ele foi miraculosamente salvo por Oxun ( un) que substituiu
Orunmila ( rnml) por carne fresca de cabrito (que Orunmila havia usado no
sacrifcio recomendado por If).
Quando eles retornaram a terra eles se tronaram mais prximos do que nunca. Este foi
provavelmente o tempo no qual Orunmila ( rnml) teve Oxun ( un) como esposa.
Orunmila ( rnml) ento decidiu recompensar Oxun ( un) e ento ele colocou junto
os 16 bzios e ensinou a Oxun ( un) como us-los.
Este mostra como Orunmila (rnml) e Oxun (un) se tornaram unidos.
Orunmila (rnml) disse que estava agradecido com o que ela fez por ele.
Foi uma coisa expecional.
Ele se esmerou no que dar a ele em agradecimento.
Esta foi a razo mais importante pela qual Orunmila (rnml) criou os
ow y mrndnlgn.
Ele ento colocou-os nas mos de Oxun (un).
De todos os orixa (r) que usam os ow y mrndnlgn.
No existe nenhum que tenha feito isso antes de Oxun (un).
Esta foi a forma pela qual If foi dado a Oxun (un).
E foi pedido para ela us-los

Como um outro meio de consutar o orculo.


Isto foi como If foi usado para recompensar Oxun (un).
Desta forma Oxun (un) tambm podia chamar If.
Ningum mais pode saber
porque Orunmila (rnml) tomou Oxun (un) como esposa.
Das diversas formas de orculo
ow y mrndnlgn a mais prxima de If.

Assim de acordo com esse Od foi Orunmila ( rnml) que criou o ow y


mrndnlgn e se Orunmila ( rnml) If e o conhecimento de Orunmila
( rnml) baseado em Od e If ele no poderia ter criado algo que no fosse parte
do seu prprio conhecimento. Isso muda a verso de um mito popular de que Oxun
( un) teria obtido o ow y mrndnlgn de Exu () o que de fato teria como
consequencia uma no ligao direta com Orunmila ( rnml). Mas esse Od Ogb s deixa claro que Orunmila ( rnml) o criador do ow y mrndnlgn.
Este Od tambm vai mostrar a seguir que o ow y mrndnlgn recebeu o seu
do prprio Oldmr:
A cada 16 anos
Oldmr usava chamar os adivinhos da terra para um teste.
Para saber se eles estavam dizendo mentiras para os habitantes da terra.
Ou se eles estava dizendo a verdade
Este teste consistia em chamar Orunmila (rnml) e outros olhadores da
terra
Oldmr diria o que ele ira ver neles.
Quando eles chegaram
Oldmr pediu para eles consultarem o orculo para ele.
Quando Orunmila (rnml) terminou a consulta
Oldmr perguntou: Quem o prximo?
Orunmila (rnml) disse que a prxima pessoa vinha a ser sua
companheira
O qual era uma mulher
Oldmr ento perguntou:

Ela tambm uma advinha, uma olhadora?


O qual Orunmila (rnml) respondeu, Sim, isto verdade
Oldmr ento pediu a ela para consultar o orculo para ele
Quando Oxun (un) examinou Oldmr,
ela viu tudo em sua mente
Mas ela no disse para ele tudo o que viu
Ela mencionou a essncia
Mas ela no disse as razes do problema assim como faz If
Oldmr ento perguntou a Orunmila (rnml) o que era aquilo?
Orunmila (rnml) ento explicou a Oldmr
como ele honrou Oxun (un) com o ow y mrndnlgn
Oldmr disse, Esta tudo certo
Ele disse que mesmo sabendo que ela no lhe contara tudo o que sabia
Ele daria a sua autoridade para ela
Ele adicionou De hoje para sempre,
at mesmo quando o ow y mrndnlgn
no disse tudo detalhadamente
Qualquer um que desacreditar dele
sofrer as consequencias imediatamente
Isso no precisar esperar at o dia seguinte
Este o motivo pelo qual as previses do ow y mrndnlgn ocorrem
rapidamente
Esta foi a forma como o ow y mrndnlgn recebeu o seu
diretamente de Oldmr

A transcrio desse Od esta no artigo "The Bag of wisdom - osun and the origin of if
divination" de Wande Abimbola.
Um outro verso contido no od Okanransode, que foi transmitido pelo Babalawo
Iftgn, famoso sacerdote de lob, conta a histria do saco da sabedoria.
Oldmr jogou na terra o saco da sabedoria e pediu a todos os orixa (r) que

procurassem por ele. Ele garantiu que o orixa (r) que o encontrasse seria o mais
sbio de todos eles. Oldmr mostrou como era o saco para todos os orixa (r)
para que eles reconhecessem quando o vissem.Uma vez que Orunmila ( rnml) e
Oxun ( un) eram ntimos eles decidiram procurar juntos.
Uma pessoa velha amarou um um fio de contas mas ele se abriu
Um sbio amarrou um fio de conta e el ficou frouxo
Somete uma pessoa que apoia suas costas em ikins
ir amarrar um fio de contas que ir durar
Ifa foi consuktado para Orunmila (rnml)
quando ele e Oxun (un) foram procurar pela sabedoria
Foi Oldmr que chamou as 401 divindades (da direita)
e as 201 divindades (da esquerda)
para se reunierem no Orun (run)
Quando elas chegaram l
Ele disse que queria dar para elas profunda sabedoria e poder
Ele disse que que qualquer um poderia ver isto
que ele iria dar para o Ori deles
E esta seria a pessoa mais sbida na terra
Ele disse que 19 dias a frente
Ele jogaria o saco da sabedoria na terra
Mas se isso seria na floresta
ou seria no campo
Ou seria no rio
ou seria em uma cidade
ou seria em uma estrada
Ele no diria onde extamente seria
Oldmr mostrou ento a todos o saco da sabedoria
Ele disse isso
Olhem bem

E observem bem.
Quando eles chegaram de volta a terra
alguns deles iniciaram a fazer sacrificios
Alguns fizeram remdios
Alguns planejaram a sua propria estratgia
Todos disseram Essa coisa, serei eu quem vai achar
Orunmila (rnml) e Oxun (un) costumavam fazer coisas juntos
Eles estavam sempre um na companhia do outro
Ambos adicionaram 2 bzios a 3
e foram consultar If
Eles perguntaram aos babalawo para verificarem sobre ambos

A coisa que os orixa (r) esto procurando poderiam ser ambos eles as
pessoas que a encontrariam?
Os babalawo pediram a Orunmila (rnml) e Oxun (un) que fizessem
um sacrifcio
Com os grandes alakas que eles estavam usando
Cada um deles deveria oferecer um cabrito
e um rato domtico
Bem como 201 k cheios de bzios para cada um deles
Orunmila (rnml) disse a Oxun (un) que eles deveriam fazer o
sacrifcio
Mas Oxun (un) disse m por favor, deixe me descanar
V fazer o sacrificio com o seu alaka
Qual a relao disso com o que estamos procurando?
Oxun (un) se recusou a fazer o sacrifcio
Orunmila (rnml) cujo outro nome era jn,
pegou o seu alaka e ofereceu em sacrificio
Ele tambm usou um rato domstico e dinheiro para o sacrifcio
Eles ento procuraram pelo saco da sabedoria mas no acharam

Todos os outros orixa (r) tmbm no encontraram


Eles procuraram em g aj
Ele foram longe at s ad
alguns foram ainda at k w
alguns procurara tambm em drm w
Onde o dia vira noite
Mas ele no encontraram
Um dia um rato domstico foi at o alaka que Oxun (un) usava
E fez um buraco no bolso
No dia seguinte eles se consideraram prontos
e procuraram o saco da sabedoria mais uma vez
Ento Oxun (un) o encontrou!
Ela exclamou Han-in este o saco da sabedoria!
Ela colocou ento no bolso do seu alaka
Ela ento foi embora apressada
Como ela estava atravessando florestas mortas e subindo por troncos
repentinamente o saco caiu do seu bolso
pelo buraco que o rato tinha feito
Oxun (un) estava chamando Orunmila (rnml)
Dizendo Orunmila (rnml), cujo outro nome jn
Venha rpidp, venha rpido
Eu vi o saco da sabedoria
Quando Orunmila (rnml) estava indo ele viu o saco da sabedoria no
cho
Ele ento colocou no bolso do seu prprio Alaka
Quando ele chegou em casa
Orunmila (rnml) disse: Oxun (un) deixe-me ver o saco
mas Oxun (un) disse que ela jamais mostraria para um homem

Mas se um homem precisasse ver


Ele teria que dar lhe 200 ratos
200 peixes
200 passaros
200 animais
e um monte de dinheiro
Orunmila (rnml) implorou por muito tempo para ver o saco
mas ela no permitiu
Ele ento retornou para a sua prpria casa
Quando Oxun (un) tentou pegar o saco no seu bolso
de maneira que ela o visse mais uma vez
Ela colocou a sua mo no bolso
e sua mo entrou dentro do buraco feito no fundo do bolso
Ento Oxun (un) foi encontrar Orunmila (rnml) na sua casa
Ela comeou a implorar a ele
Ela comeou a agradar Orunmila (rnml)
Assim foi ento como Oxun (un) foi para a casa de Orunmila (rnml)
para viver com ele como marido
De maneira que ele pudesse ensinar para ela um pouco de sabedoria
Nos tempos antigos, quando uma pessoa se casava
No era obrigatrio para a esposa ir para a casa do marido viver com ele
Assim foi como os casais passaram a viver juntos
Quando Oxun (un) tirou o seu alaka
ela colocou na sua boca e disse
daquele dia em diante nenhuma mulher ia vestir um alaka como os homens
Ela ento jogou o seu alak no lixo
Depois de muitos pedidos de Oxun (un)

Orunmila (rnml) pegou um pouco de sabedoria e deu para ela


Este o eerindinlogun (rndnlgn)
O qual Oxun (un) faz uso
O saco de sabedoria Od If,
os remdios e todas as demais profundas sabedorias do povo Yoruba

Assim vou destacar de forma bem objetiva o que o Od Okanransode ensina:

Oxun ( un) foi a primeira a ter acesso a sabedoria de If. Ela encontrou o saco
de sabedoria e olhou para ele, assim ela obteve antes de Orunmila ( rnml) a
sabedoria de If. Devido a sua teimosia, falta de f ou preguia ela perdeu o saco
para Orunmila ( rnml) que assim teve a posse dele por todo o tempo e a
sabedoria e poder que Oldmr prometeu. Mas no se pode ignorar o acesso
que Oxun ( un) teve a If.
Oxun ( un) foi viver com Orunmila ( rnml) e este lhe deu mais sabedoria
de If.

Esse od nos d tambm uma excelente explicao de porque somente homens


tem acesso pleno a sabedoria de If. Oxun ( un) se tivesse acesso teria omitido
isso dos homens, Orunmila ( rnml) observando isso limitou o acesso de
Oxun ( un) ao conhecimento de If. Essa interpretao deve ser estendida aos
homens em geral e as mulheres tambm, e no especificamente a Oxun ( un) e
Orunmila ( rnml). Oxun ( un) a essncia feminina e um od uma
metfora. Assim isso explica o papel de Babalawo e de Apetebi.

Outra lio o mal destino que teve a ambio ou ganncia no uso da sabedoria
de If. O desejo de Oxun ( un) era se enriquecer com essa sabedoria. Isso foi
penalisado, assim a sabedoria de If jamais deve ser usada para enriquecer
ningum.

Outro aspecto foi o preo a ser pago para se tornar sbio. Orunmila ( rnml)
pagou o preo e se tornou sbio, Oxun ( un) no quis pagar e no obteve exito
na sua busca. A sabedoria exige sacrifcios de bens.

Apesar disso tudo inegvel o vinculo de Orunmila ( rnml) com Oxun ( un) ou
seja de Oxun ( un) com If. Mesmo depois desse episdio Oxun ( un) e Orunmila
( rnml) ficaram mais prximos.
Unindo os versos de Okanransode com o de Ogb- s fica demonstrado e clara e
evidente ligao entre Orunmila ( rnml) e o eerindinlogun (rndnlgn).

Os mtodos de consultar If
Orunmila ( rnml) fala atravs de od, isso definitivo. O ow eyo (y)
merindinlogun (mrndnlgn) tambm obtem respostas atravs de Od. Existem 2
formas. A primeira a mais clssica que todos conhecem e que usa os 16 od mj:
ogb, oyeku (yk), wr, d, obara (br), okanran (knrn), rsn, owonrin
(wnrn), gnd, osa (s), irete (rt), tw, oturupon (trpn), ka, oxe (),
fn. Aqui no Brasil o mtodo de banbogxe ficou mais conhecido mas hoje em dia
existem outros. Pode-se ainda usar o ow eyo (y) merindinlogun (mrndnlgn)
para ler um dos 256 od, como os cubanos fazem e ensinam.
Eu vou transcrever abaixo um trecho do artigo "The Bag of wisdom - osun and the
origin of if divination". O autor do artigo Wande Abimbola um dos mais eminentes
acadmicos Nigerianos da atualidade que se dedicou a reconstituir a cultura de If na
africa. Sendo o autor Nigeriano e ao mesmo tempo 100% comprometido com If, talvez
at demais, isso o torna bastante isento, o texto a seguir uma anlise dele sobre a
pesquisa e a interpretao dos od Okanransode e Ogb- s que transcrevemos
anteriormente:
"Por "If Divination" ns queremos traduzir como If e sistemas correlacionados de
orculo baseados em estrias e smbolos de Od tais como Dida owo (uso do opele),
etite-ale (uso do ikins), eerindinlogun (16 buzios), agbigba (um tipo de opele) e obi. O
propsito desse artigo examinar a ntima relao de Oxun ( un) com o orculo de If
de duas formas, atravs dela mesma e atravs da instrumentalizao de xetuura, seu
filho. Ns iremos iniciar com a viso popular que envolve Oxun ( un) em If no qual
ela obteve o seu conhecimento de If atravs de seu marido orunmila. Ns
examinaremos ento a importncia de oxetuura para o sacrficio resultante do orculo.
Nas ultimas pginas deste artigo ns iremos ento fazer a afirmao de que Oxun
( un) tem muito mais relao com If do que os bablawo so capazes de admitir. Eu
irei, claro, colocar a hiptese que que todo o sistema de If iniciou a partir de Oxun
( un) e ela o deu para orunmila e no o contrrio. Eu irei basear minhas afirmaes
em versos de If. Eu tambm irei examinar a possibilidade que o eerindinlogun mais
antigo do que dida owo e etite-ale que so desenvolvimentos posteriores do orculo de
If".
Assim, ele no deixa nenhuma dvida de que o eerindinlogun (rndnlgn) um
sistema que se baseia nas histrias e simbolos de Od, tanto quanto todos os outros. Isso
uma afirmao bsica e no uma hiptese. claro que como eu disse, precisa-se de
fato usar o instrumento, os bzios, e o contedo, Od com suas histrias e smbolos. O
simples uso dos bzios no caracteriza um orculo de od e essa afirmao devido as
variaes que so encontradas principalmente devido a mediunidade dos olhadores.
Como eu j repeti aqui, no Brasil tem vrios mtodos de jogar buzios. Um dos mtodos
o famoso mtodo que bangboxe trouxe para o Brasil, e que trouxe o od para os
buzios. nesse mtodo que encontramos as 4 cadas, onde aparecem 4 od. A descrio
do mtodo foi feita de forma bem clara pelo Jose Beniste no seu livro O jogo de Bzios,
dentro do universo de poucas obras que temos, uma obra de referncia no assunto.
Entretanto eu tenho algumas observaes sobre o uso desse mtodo para trabalhar com
Od. Contudo, primeiro, eu quero lembrar que as pessoas que usam esse mtodo hoje
no guardam o seu formato inicial preservando as histrias associadas a cada od. Essas

histrias hoje esto em 2 fontes mas so todas originas da mesma pessoa, o material
da Iyalorixa Aninha.
O Verger publicou essas histrias, h muito tempo atrs, preservando inclusive o
linguajar, mas a Aninha no gostou e ele nunca mais republicou o livro. Depois o Prandi
publicou as mesmas histrias tendo como fonte o Agenor que tinha esse habito de dizer
que as coisas dos outros eram dele, quando no eram, e era o mesmo material da Aninha
j publicado pelo Verger. Depois disso o Beniste publicou essas histrias em uma forma
interpretada no seu livro o Jogo de ow eyo (y) merindinlogun (mrndnlgn). Ele
no publicou as histrias completas e sim uma interpretao do seu significado. Nesse
livro cita a fonte de sua pesquisa e a autoria do material original.
Ao todo so 72 histrias. Cada od at ika tem histrias, 4 ou 5, sendo que ejionile tem
8. Essas histrias foram chamadas de os caminhos dos od, porque para um mesmo od
elas davam opes diferentes, criando assim caminhos de interpretao para aquele od.
Foi dai que eu acredito que uns gnios, entenderam que od era caminho, mas, eu acho
que eles confundiram as histrias que criavam os caminhos em cada od com od ser
um caminho. O livro do Prandi-Agenor se chama Caminhos de Od, porque o contedo
de apenas e unicamente as 72 histrias associadas a cada Od. Ento dai para entender
que, Od = caminho foi apenas um passo, de cego, claro.
Mas observem, que em If a estrutura de interpretao de um od a mesma. S que a
gente faz isso para 256 od e no somente para 16. Tambm, no se tem todas as
histrias de cada od cada escola ou ax pode ter o seu conjunto e que pode variar em
relao a outro. Mas tambm existem gnios em If So aqueles que dizem que existem
2.046 od. No existem. De novo, a mesma genialidade que transformou od em
Caminho pegou as histrias que compoe um od, que podem ser 16 para cada od, em
novos od. Coisa de gnio, no? Mas no . Um od pode ter interpretaes diferentes e
as histrias trazem essas possibilidades. Se no fosse assim teramos que considerar que
todos os problemas da humanidade se resumiriam em 256.... rsrsrs
Dessa maneira a grande sacada do orculo de buzios fazer um If mais simples ao
invs de aprender 256 od voc aprende 16, ao invs de centenas de histrias voc se
concentraria em aprender 72. Se diz que o eerindinlogun (rndnlgn) seria nesse
formato menos detalhado, que daria uma informao incompleta em relao If.
Existe at um texto atribudo ao no Od gnd-rt falando sobre isso. Mas o mesmo
texto diz que a informao conhecida e no seria apenas dita, possivelmente em
funo da quantidade menor de Od.
Mas, no ow eyo (y) merindinlogun (mrndnlgn), temos que lembrar que temos
muito mais recursos para nos ajudar na interpretao, alm dos 16 Od Mj. O orculo
nos fala tambm atravs da posio que os bzios caem no pn, em alguns grafismos
que podem fazer e usando o recurso da sub-diviso das cadas nos chamados barraces.
Assim a ferramenta de fato oferece muito mais opes do que o opele (pl) e os ikin.
Existem muito pouco literatura sobre mtodos de jogos com buzios. Se ns recorrermos
a um clssico, o livro do Bascom 16 cowries, l o mtodo o Salako tirar apenas um
od, uma nica cada. Ele joga uma vez e faz uma correspondncia entre buzios abertos
e Od O Od que sair ele considera como sendo mj, isto , ele no faz uma segunda
jogada para saber a outra perna. Joga-se uma vez e considera-se que a segunda perna

igual a primeira, formando assim um od mj. O livro ento documenta inmeros


versos para cada od criando assim um processo similar ao de If Continua existindo a
determinao de ire/ibi e tipo e origem e para isso so feitas caidas adicionais, mas ele
sempre considera que uma cada mj. Essa a caracterstica do eerindinlogun
(rndnlgn).
Os cubanos tem um processo distinto. Vi fontes diferentes com pequenas variaes no
processo mas a mesma coisa. Os cubanos usam os buzios para tirar as 2 pernas do
od. Assim, eles jogam a primeira vez e tiram a perna da direita e jogam de novo e tiram
a perna da esquerda. 2 caidas de buzios forma 1 omo od, da mesma forma como em If
Dessa maneira com o eerindinlogun (rndnlgn) voc pode optar por trabalhar com
uma configurao mais simples com Od mj ou uma mais completa com os 256 Od.
A ferramenta, o instrumento no o limita.
Dito isso tudo eu volto a colocar a afirmao que podemos dizer que If fala tambm
atravs do eerindinlogun (rndnlgn). No existe nenhuma restrio conceitual a
isso e apenas a prtica pode separa uma coisa da outra. Por esses motivos no existe
razo para que pessoas pr-estabeleam que o eerindinlogun (rndnlgn) no If.
Essa afirmao pura e simples ao meu ver mostra apenas desinformao e ignorncia. O
que temos que examinar de fato so questes de prtica que podem desconectar o uso
do eerindinlogun (rndnlgn) de If e faremos um analise disso a seguir.

O orculo no Candombl
O Orculo por excelncia do Candombl o ow eyo (y) merindinlogun
(mrndnlgn) , os Bzios, mas a forma de us-los muda bastante. Como ele feito
majoritariamente pelo Babalr existe sempre uma enorme componente de
mediunidade envolvida. Assim, no mundo real, os Bzios so usados atravs da
vidncia do olhador e depois pela chamada fala dos orixa (r) que combina cadas de
bzios com orixa (r).
Historicamente o orculo atravs dos ow eyo (y) merindinlogun (mrndnlgn) a
ferramenta bsica de um sacerdote de orixa (r). Os bzios podem indistintamente
serem usados por homens e mulheres enquanto que If um culto predominantemente
masculino, com a presena de mulheres em algumas funes especficas. As mulheres
no recebem iniciao para trabalhar com os instrumentos principais dos babalwo o
opele (pl) e ikin. Alm disso um Babalwo no tem incorporao de forma que ou
uma pessoa um Babalwo ou um Babalr.
O ow eyo (y) merindinlogun (mrndnlgn) ento o orculo majoritrio no culto
de orixa (r) e fontes que eu tive acesso elogiam em larga escala o mesmo. Ns
sabemos por nossa prtica no Brasil que os Bzios so excelentes como orculo e esse
conceito tambm existe na frica.
O uso desse instrumento, ow eyo (y) merindinlogun (mrndnlgn), sofre muitas
variaes. A gente tem que considerar inicialmente o fator Umbanda. Um enorme
contingente de pessoas que so Babalr no Candombl j foram Pai de Santo de
Umbanda (muitos escondem isso) e l eles trabalhavam fortemente com vidncia, de
maneira que essas pessoas tem a clarividncia e aurividncia muito aflorada. possvel

que a totalidade deles no deixe de trabalhar com seus guias de Umbanda mesmo
estando no Candombl. Muitas dessa pessoas na Umbanda, tinham o seu jogo de bzios
que no era nada mais do que um simples exerccio de mediunidade com os guias
intuindo, falando ou trazendo vidncia ao Pai de santo dos problemas que o consulente
trazia. Essa prtica nunca teve qualquer vnculo com If, apesar de muitos chamarem
assim o seu orculo (sem saber o que isso queria dizer de fato).
No Candombl existe uma baxssima qualidade de transmisso de conhecimento. Existe
uma enorme facilidade em se vender obrigaes e nenhum compromisso em continuar
ou fazer a formao de uma pessoa seja para ela ser um Babalr ou simplesmente um
sacerdote da casa. As pessoas pagam suas obrigaes e anos de submisso para serem
depois um Babalr com sua prpria casa, onde ele d suas ordens (o conceito de
comunidade no inexiste, de fato). O orculo a porta de entrada de qualquer pessoa no
mundo sacro do Candombl. Tudo feito a partir do orculo e tudo feito com o
orculo. No pode existir um Babalr que no tenha um orculo na mo.
Dessa maneira as pessoas tem que se virar com o que tem e com o que sabem da
maneira como puderem, lembrando que nada de graa. Em funo disso temos muita
variao de qualidade no orculo dentro do Candombl e o principal tipo de orculo,
aqueles que os Babalr conseguem usar com mais facilidade, esse baseado apenas
em mediunidade. Em grande parte dos casos a quantidade de bzios no se restringe a
16 (como deveria ser), as pessoas usam a peneira ou mesmo o opon e decoram a mesa
com uma pilha de guias que mal sobra espao para se deixar cair os buzios, a ainda,
pedras, cristais, conchas, moedas, favas, figas, pirmides, velas, copos com gua,
imagens de orix, imagens de santos, calendrio de so Jorge, as vezes dentes de
animais e ossos e por ai vai. Isso tudo decorativo, no tornar o jogo melhor.
Assim os bzios caem mas as informaes vm atravs da mediunidade. Nesse tipo de
uso nem passa pela cabea de ningum considerar que se esta trabalhando com If ou
com Orunmila ( rnml).
Existe um outro grupo que faz uma variao disso. Considera que usa Od porque
restringe-se a 16 Bzios e d nome de od para as cadas. Eles sempre uma associao
entre Od e orixa (r) e isso se torna uma informao de primeira linha, sendo que as
pessoas disputam por ai saber que orixa (r) fala em cada Od ou cada. Cada od
corresponde um ou mais orixa (r) que falam. Em funo do orixa (r) que est
falando e do arqutipo do orixa (r), no conhecimento popular, aquela cada significa
uma coisa. Uma cada com etaogunda, associada com gn e dessa maneira voc vai
ter problemas com brigas, justia, etc... Os Olhadores associam ento essa correlao de
Od-orixa (r) ou simplesmente cada-orixa (r) com a sua mediunidade para
responder ao consulente.
Neste tipo de uso dos bzios o importante mesmo o orixa (r) que est
respondendo. Existem olhadores que chegam a dizer que tal pessoa pertence ao orixa
(r) que respondeu nas suas cadas ou mesmo no que mais respondeu. Sem nos
preocuparmos com aspectos qualitativos, esse tipo de uso dos bzios, mesmo que
nomeando o Od que cai, jamais poder ser considerado como If assim como a
associao de Od com a quantidade de ow eyo (y) merindinlogun (mrndnlgn)
aberto, mesmo que use algum padro estabelecido, tambm no poder ser If ou

Orunmila ( rnml). A consulta gira sempre em torno de orixa (r), e qualquer


considerao feita considerando um ou mais orixa (r).
Existem outra pessoas que fazem diferente e se aprofundam mais na questo Od, mas,
observe a mediunidade est sempre presente. Ai entra nessa longa histria aqui um outro
elemento, o Bernard Mapouil que fez um livro muito interessante sobre orculo, em
francs, e que um dos pilares para a interpretao de Od no Candombl. Existe um
mesmo material que usado por todo mundo que derivado desse livro dele, que foi
feito no Benin e no na Nigria. Esse livro originou um conjunto de interpretaes para
cada od. Assim de Okaran at alaafia, as pessoas decoram as mesmas printerpretaes dos significados dos od. esse material que repetido com pequenas
variaes por todo mundo.
Como uma coisa interpretada e mais fcil de ser usada do que interpretar na hora
histrias e mitos, Normalmente as pessoas usam as 4 cadas do bangboxe com essas
interpretaes e ignoram as histrias do banbogxe, que ao meu ver ao longo do tempo,
por deficincias de transmisso do mtodo, a necessidade de usar, ou mesmo a forma de
usar as histrias e de interpretar o Od com elas se perdeu. Como tambm se perdeu o
uso dos b para poder interagir com o Or do consulente.
Esse conjunto de Babalr associam sua mediunidade, o orculo com uma base de
Od mas que tambm, preponderantemente, inclui a famosa relao de orixa (r)
com od que influi na interpretao e determina o que vai ser feito. Alm disso entra um
novo elemento, a numerologia, tambm herdada da Umbanda e tem gente que inclusive
faz od s com nmeros, a partir de nome, de data de nascimento, etc... Alis, no existe
essa relao de od e nmero, isso foi um sincretismo. Dessa maneira no tem nenhuma
utilidade fazer contas com nomes e data de nascimento e querer associar isso pessoa.
Inclusive muito comum se usar a expresso de se determinar o od de nascimento
atravs da data de nascimento. Isso to verdadeiro como se determinar a o orixa
(r) da pessoa de acordo com o dia da semana em que ela nasce, ou seja, no existe
isso.
Dessa forma, elas dizem que usam o mtodo do banbogxe, ou que jogam por Od, mas
ignoram 3 coisas muito bsicas para se usar Od. Primeiro usam muitos Od para
interpretar, segundo no usam as histrias e terceiro no usam o Or do consulente para
as respostas, no usam os b. Eu inclusive j ouvi uma pessoa que diz que usa esse
mtodo dizer que os caminhos dos od voc determinar se o eb vai ser na praia, no
mato, na rua, na encruzilhada, etc...
Observem que, como eu disse no incio, If no baseado em orixa (r), baseado
em Orunmila ( rnml), em Or e no nosso destino. Eu considero que to importante
quanto Orunmila ( rnml) Or em uma consulta de orculo. No existe consulta de
If sem que o Or participe diretamente nas respostas atravs dos b. Entretanto essa
prtica no existe mais no jogo de bzios, se existir uma minoria, ou talvez raridade.
provvel que o consulente nem pegue nos bzios antes de eles serem jogados para ele.
Ento, provvel que o mtodo de usar o ow eyo (y) merindinlogun
(mrndnlgn) tenha se perdido com o tempo devido a deficincia na transmisso de
conhecimento que existe no Candombl e tambm, temos que reconhecer a falta de
fontes de informao e aprendizado. O mtodo e o sentido foi substitudo pela vidncia

e nesse caso no fico somente com a crtica fcil, acho que foi uma forma de dar
continuidade a isso em face as dificuldades. O que seria ento um mtodo com um
tempo menor de estudo ficou gradativamente intuitivo.
Nesses casos, no posso considerar que estejamos trabalhando com od e que isso seja
If, por mais que essas pessoas assim o pensem. Como ltima observao eu gostaria de
lembrar que esses Babalr tem uma forma de interpretar o orculo com os seus
bzios muito pessoal, assim como pessoal e exclusivo o conhecimento deles. O que
eles sabem s para eles.
impossvel, voc colocar 2 babalorixa interpretando o mesmo jogo, assim como
impossvel um Babalr chamar outro para ajudar ele no orculo. Cada um s sabe ler
o seu e no diz para o outro o que sabe ou o que no sabe.
Em If diferente, ou usando qualquer orculo de od voc pode colocar 16 babalawo
interpretando o mesmo od, eles vo falar a mesma coisa e podero discutir
interpretaes ou complementar as informaes. muito comum terem sempre 2
babalwo em uma consulta, um ajudando o outro. Isso possvel porque eles esto
tratando da mesma base de conhecimento e do mesmo processo.
Mas esse o nosso caldo cultural e If vem muito recentemente se adicionando.

Ultimas Palavras
Eu no tenho como objetivo ser panfletrio para nenhum lado. Me interessa de fato a
verdade, os fatos e os fundamentos. Para poder dar essas explicaes colocando a minha
opinio sobre esse assunto eu tenho me dedicado a muito tempo a essa questo, sempre
buscando novos argumentos e novas formas de ver isso.
Eu considero que ow eyo (y) merindinlogun (mrndnlgn) pode ser usado para
trabalhar em If, com Orunmila ( rnml), Od e Or. Isso pode existir pela teologia e
tambm pela prtica. Isso poder ser feito usando somente os Od Mj como tambm
com os 256 Od. Contudo nem todo mundo que usa bzios os faz pelo mtodo de If,
alis, na prtica quase ningum o faz. Para fazer isso necessria uma outra
aprendizagem e isso esbarra no comodismo ou mesmo na dificuldade de buscar esse
conhecimento.
Eu tenho razes para supor que o mtodo de Banbogxe era aderente ao mtodo de If e
que isso foi perdido, sendo os seus mecanismos substitudos gradualmente pela
mediunidade ou por essa coisa sem sentido que a numerologia.
Hoje em dia temos uma nova opo com o estabelecimento em bases perenes do culto
de If no Brasil, mas no tem ajudado a atitude de muita gente de If. Seja os nativos
que entram no culto e se acham o prprio Deus, ou no mnimo acima do resto dos
mortais, sejam de cubanos que vem com suas bases If-lukumi sejam os africanos que
vem, sei l com que.
Esse mais um desafio que o Candombl esta faceando. A sua primazia na posse de um
Orculo esta definitivamente com os dias contados e o culto de If ir de forma
definitiva tomar para si, como tem feito, a propriedade de ser o orculo de If em

detrimento a forma oracular pouco estruturada que usa o mesmo nome no Candombl.
Como eu disse ao longo de todo esse texto isso no uma verdade, o orculo do
Camdonbl tem bases dogmticas para se impor como um orculo de If e ser
considerado um orculo mais preciso e eficaz. A comprovao disso encontrada no
versos desses 2 Od que eu transcrevi e mais no Od tr, Ogb-gnd, s mj,
rt mj e outros que eu pretendo consolidar e apresentar.
O Candombl tem ainda mais outros desafios: a formatao do Candombl para ser uma
opo religiosa de fato; A integrao de pessoas vindas de classes sociais e nveis
culturais mais evoludos; O bloqueio da sua degradao dogmtica devido a entrada em
massa de pessoas vindas de Umbanda que trazem uma anarquia teolgica; a
estruturao de uma forma de transmisso de conhecimento que separe o que teologia
de liturgia; a incapacidade das casas de se estruturarem para permanecer com as pessoas
depois que eles fazem os seus 7 anos e so obrigadas a se anularem evitando assim a
proliferao de casas com pessoas sem condies de as manterem.
CATIMB
Catimb no uma religio ou seita. Podemos de consider-lo um culto, uma vez que
no encontrarmos
os elementos estruturados que so caractersticos, como os fundamentos religiosos
prprios, com liturgias
e dogmas. O Catimb se apia totalmente na religio catlica, apesar de guardar um
pouco das prticas
pags, vindas da bruxaria europia.
Ele pode se parecer um pouco com a Umbanda, mas, nem um pouco com o Candombl.
A semelhana com
a Umbanda devido ao trabalho com entidades incorporadas. Entretanto, os Mestres do
Catimb possuem
uma teatralidade de incorporao muito tpica e discreta, e o Catimb esta longe do
trabalho de palco
da Umbanda. Outra infeliz coincidncia a presena da entidade Z Pelintra que no
Catimb dito como
mestre e na Umbanda muito cultuado como Exu e malandro. Catimb no a
Umbanda que voc
conhece!
O Catimb tem uma raiz ndia que foi se perdendo com o tempo. No h dvida que o
Catimb
Xamanista com muita prticas de pajelana, mas, no baseados em Caboclos e sim em
Mestres,
apesar de os Caboclos tambm terem participao. O Catimb no muito diferente ou
melhor do que
estes cultos que citamos, no podemos dizer inclusive que suas entidades sejam de nvel
superior, pelo
contrrio, sob o ponto de vista esprita-kardecista so ainda entidades de baixa energia e
que guardam
muitas referncias com a ltima vida que tiveram em "terra fria".

No Catimb faz se o bem, atravs de curas, problemas sentimentais, mas, tambm o


mal, dependendo
da cabea de que o dirige, infelizmente, como em outras prticas. O Catimb
influenciado pela feitiaria
europia de onde adotou vrias prticas.
O Catimb uma reunio alegre e festiva quando em sua forma de roda (ou gira), mas,
pela falta da
corrente doutrinaria formal vrios formatos sero encontrados, dependendo da
cincia, vidncia,
maturidade e tica de quem o dirige e realiza, podendo ser prticas bem soturnas

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