Método de Abordagem
Método de Abordagem
Método de Abordagem
Lakatos & Marconi afirmam que a utilização de métodos científicos não é exclusiva da ciência,
sendo possível usá-los para resolução de problemas do cotidiano. Destacam que, por outro
lado, “não há ciência sem o emprego de métodos científicos.”
O raciocínio indutivo, defendido por Bacon e outros empiristas, estabelece uma conexão
ascendente, isto é, parte do caso particular para o geral, deixando a generalização como
produto posterior da coleta de dados particulares, em número suficiente para confirmarem a
suposta realidade. O raciocínio dedutivo, por outro lado, parte do geral ao particular. A partir de
princípios, leis ou teorias consideradas verdadeiras e indiscutíveis, prediz a ocorrência de
casos particulares com base na lógica. Esse método é tradicionalmente definido como um
“conjunto de proposições particulares contidas em verdades universais.”
Popper, contrário ao raciocínio indutivo, propôs o método hipotético-dedutivo, o qual se inicia
com um problema ou lacuna no conhecimento científico, passando pela formulação de
hipóteses e por um processo de inferência dedutiva, o qual testa a predição da ocorrência de
fenômenos abrangidos pela referida hipótese. Segundo Gil, esse método é um dos mais
aceitos atualmente, principalmente nas ciências naturais. A figura a seguir demonstra, em um
ciclo, as diversas fases desse método.
GIL, Antonio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 4. ed. São Paulo: Atlas, 1994.
207p.
LAKATOS, Eva Maria & MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologia
científica. 3. ed. rev. ampl. São Paulo : Atlas,1991. 270p.
Métodos Científicos
Método dedutivo
De acordo com a acepção clássica, é aquele que parte de verdades universais para obter
conclusões particulares, ou seja, parte de teorias e de leis gerais para a determinação ou
previsão de fenômenos particulares. Trata-se de objetos ideais, pertence ao nível da
abstração sendo, portanto, muito utilizado na Lógica e na Matemática, mas de menor
aplicação nas ciências sociais. É defendido pelos racionalistas como Descartes, Spinoza,
Leibniz, segundo os quais apenas a razão é capaz de levar ao conhecimento verdadeiro.
Destina-se a demonstrar e a justificar e exige aplicação de recursos lógico-discursivos.
Esse método tem como critérios de verdade a coerência, a consistência e a não-
contradição.
O protótipo da dedução é o silogismo, um raciocínio lógico composto que, a partir de
duas preposições chamadas premissas, chega a uma terceira, nelas logicamente
implicadas, denominada conclusão.
Exemplo clássico de raciocínio dedutivo:
Método indutivo
A indução percorre o caminho inverso da dedução, ou seja, a cadeia de raciocínio
estabelece conexão ascendente do particular para o geral. Assim, são as condições
particulares que levam às teorias e leis gerais. O raciocínio indutivo parte do efeito para
as causas, exigindo verificação, observação e/ou experimentação. O método indutivo
nasceu com a filosofia moderna, defendido pelos empiristas, como Bacon, Hobbes,
Locke, Hume, para os quais o conhecimento é fundamentado na experiência, sem levar
em consideração princípios estabelecidos. O método trata de problemas empíricos, e a
generalização deve ser constatada a partir da observação de casos concretos
suficientemente confirmadores da realidade. As conclusões são prováveis, não contidas
nas premissas.
Para que ocorra indução é necessário que as observações sejam muitas e repetidas sob
ampla variedade de situações. Além disso, nenhuma proposição de observação deve
conflitar com a lei universal derivada.
É possível um argumento indutivo ser falso, embora suas premissas sejam verdadeiras e
ainda assim não haver contradição. Isso ocorre quando há uma (ou mais) proposição de
observação (hipótese) logicamente possível, mas inconsistente, isto é, se essas
premissas fossem estabelecidas como verdadeiras, terminariam por falsificar o
argumento.
Dizer, por exemplo, que todas as frutas que caem das árvores estão maduras é um fato
logicamente possível, mas inconsistente.
O método indutivo, mesmo tendo reconhecida a sua importância, recebeu inúmeras
críticas. Uma delas, feita por David Hume (1711-1776), decorre do fato de o raciocínio
indutivo não transmitir certeza e evidência. Além disso, a generalização exigiria a
observação de todos os fatos, como defende Karl Popper em sua obra “A lógica da
investigação científica”.
Método hipotético-dedutivo
Método desenvolvido por Popper, em 1935, que parte da percepção de uma lacuna nos
conhecimentos acerca da qual se formulam hipóteses e, pelo processo de inferência
dedutiva, testa a predição da ocorrência de fenômenos abrangidos pela hipótese
(MARCONI; LAKATOS, 2006, p. 106). No método hipotético-dedutivo, o cientista,
combina observação cuidadosa, habilidade nas antecipações e intuição científica, para
alcançar um conjunto de postulados que regem os fenômenos de interesse; a partir daí,
deduz as conseqüências observáveis e verifica as conseqüências por meio de
experimentação, refutando ou substituindo os postulados, quando necessário, por outros
e assim prosseguindo. Historicamente relacionado com a experimentação, esse método é
uma tentativa de equilíbrio entre os métodos indutivo e dedutivo.
Gil (2006, p. 30) apresenta o método hipotético-dedutivo a partir do seguinte esquema:
Trata-se de um método bastante usado em pesquisas das ciências naturais que não se
limita à generalização empírica das observações realizadas, podendo-se, através dele,
chegar à construção de teorias e leis.