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UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS

FORMAS ALTERNATIVAS DE ENERGIA


PS-GRADUAO









ALIMENTAO DE MOTORES PARA
REFRIGERAO DOMSTICA UTILIZANDO
ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA

LUIS ROBERTO OSIS




LAVRAS / MG
2007


2

LUIS ROBERTO OSIS



ALIMENTAO DE MOTORES PARA
REFRIGERAO DOMSTICA UTILIZANDO
ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA



Monografia apresentada ao Departamento de
Engenharia da Universidade Federal de Lavras,
como parte das exigncias do Curso de Ps-
Graduao Lato Sensu em Formas Alternativas
de Energia para a obteno do ttulo de
especializao.


Orientador
Prof. Carlos Alberto Alvarenga





LAVRAS
MINAS GERAIS BRASIL
2007

3
LUIS ROBERTO OSIS

ALIMENTAO DE MOTORES PARA
REFRIGERAO DOMSTICA UTILIZANDO
ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA

Monografia apresentado ao Departamento de
Engenharia da Universidade Federal de Lavras,
como parte das exigncias do Curso de Ps-
Graduao Lato Sensu em Formas Alternativas
de Energia para a obteno do ttulo de
especializao.


APROVADA em ____ de____________de 2007


Prof.___________________________________


Prof.___________________________________



Prof. Carlos Alberto Alvarenga
UFLA
(Orientador)


LAVRAS
MINAS GERAIS BRASIL
2007

4





D E D I C A T R I A



minha querida esposa Eliane, que sempre me incentivou
e tem sido exemplo de dedicao e compreenso. Aos meus
queridos filhos, Martha e Lucas, pelo apoio e motivao.
Gratido a Deus pela oportunidade de desenvolver os dons que
me deu.








5
RESUMO

A crescente preocupao com a disponibilidade de energia
tem motivado a pesquisa para as mais diversas formas de obt-la.
H ainda muitas regies no Brasil excludas das vantagens da
utilizao da energia eltrica por no terem acesso a ela via linha
de transmisso. Com a fartura de incidncia dos raios solares, a
energia solar fotovoltaica uma soluo importante. Essa
tecnologia tem experimentado grande avano com o
desenvolvimento de materiais e equipamentos compatveis,
facilitando a alimentao de domiclios remotos. Este trabalho
contm informaes bsicas sobre a energia fotovoltaica e o
sistema prprio para alimentar refrigeradores a partir dela. Tendo
as clulas fotovoltaicas como captadoras de energia, o controlador
de carga dosa corretamente a carga das baterias que vo
alimentar diretamente cargas como lmpadas e receptores de
rdio e televiso, e tambm inversores para energizar
equipamentos que necessitam de corrente alternada, como os
refrigeradores domsticos comuns. J encontram-se disponveis
no mercado eletrodomsticos para uso em sistemas fotovoltaicos.
Mas necessria uma poltica para aumentar os incentivos a esse
tipo de pesquisa por parte dos governos e rgos relativos, para
que a energia fotovoltaica torne-se mais acessvel.


6


SUMRIO

Resumo ............................................................................. 05
Lista de figuras ................................................................. 07
Lista de tabelas ................................................................. 08
Introduo ........................................................................ 09
Energia Solar .................................................................... 11
Motores Eltricos ............................................................ 16
Sistema Bsico para Motores de Refrigerao ............. 32
Mdulo Fotovoltaico ........................................................ 34
Controlador de Carga ...................................................... 40
Baterias ............................................................................. 44
Inversor ............................................................................. 58
Refrigerador ..................................................................... 69
Viabilidade das Aplicaes ............................................. 77
Concluses e Perspectivas ............................................... 78
Bibliografia ....................................................................... 80





7
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Tringulo de potncias................................... 22
Figura 2 Fator de potncia ........................................... 23
Figura 3 Sistema de alimentao para refrigerador... 33
Figura 4 Diagrama de uma clula solar ...................... 35
Figura 5 Constituio de um mdulo fotovoltaico ...... 37
Figura 6 Mdulo fotovoltaico concentrador ................ 38
Figura 7 Sistema fotovoltaico autnomo ...................... 40
Figura 8 Reguladores Shunt e Srie ............................. 42
Figura 9 Perfil de carga de baterias ............................. 52
Figura 10 Curvas de carga de baterias ........................ 52
Figura 11 Perfil da tenso na descarga de baterias .... 53
Figura 12 Partes da clula eletroqumica .................... 54
Figura 13 Comparao entre ondas PWM ................. 65
Figura 14 Sobremodulao PWM ................................ 67
Figura 15 Esquema de refrigerador ............................. 70
Figura 16 Circulao de gs Freon ............................... 71
Figura 17 Ar frio no refrigerador ................................ 72
Figura 18 Temperatura dos alimentos ......................... 73







8

LISTA DE TABELAS


Tabela 1 Comparao de compressores ...................... 28
Tabela 2 Tenso de baterias chumbo-cido ................ 55
Tabela 3 Tenso de baterias nquel-cdmio ................ 56
Tabela 4 Comparao modelos de refrigeradores....... 78
























9
ALIMENTAO DE MOTORES PARA REFRIGERAO
DOMSTICA UTILIZANDO ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA

1 - Introduo

A sociedade moderna, tecnologicamente avanada, j no
pode ignorar a importncia da energia no seu cotidiano. E a forma
de energia mais verstil e que mais adapta-se civilizao atual
a eletricidade. O setor de transportes tem a tendncia de utiliz-la
com maior abrangncia, mesmo porque ainda no aproveitada
em larga escala neste segmento.
No caso do Brasil, que tem uma extenso territorial
significativa, torna-se um difcil desafio fornecer energia eltrica
para a populao em reas com tantas diferenas geogrficas,
econmicas e sociais. Mesmo sendo a hidroeletricidade a maior
parte da energia gerada no pas, necessrio considerar os
efeitos ambientais negativos causados por grandes projetos
hidroeltricos executados sem os devidos cuidados. O resultado
da emisso de poluentes na atmosfera pela queima de
combustveis fsseis na gerao de energia no deve passar
despercebido.
Dentre os tipos de energia limpa pesquisados e
desenvolvidos na atualidade, a solar destaca-se pela abundncia,
potencial e, principalmente, a pequena interferncia no que diz
respeito ao meio ambiente. O desenvolvimento da tecnologia tem
10
facilitado seu uso, tanto na sua gerao, como no rendimento da
sua utilizao e baixando seus custos de instalao.
necessria, portanto, a conscientizao de todos os
setores que envolvem o uso da energia eltrica quanto
importncia da utilizao dessa tecnologia em proporo cada vez
maior.

As cargas possveis de serem alimentadas pela energia
solar so inmeras, principalmente as que demandam quantidade
menor de consumo. Cargas domsticas comuns como iluminao,
aparelhos de som e televiso, so alguns exemplos. Os aparelhos
que utilizam motores necessitam de uma ateno especial, por
suas caractersticas diferenciadas como a elevada corrente de
partida.

O desafio fornecer energia eltrica suficiente para que
seja possvel o uso normal de cada equipamento, atendendo s
suas caractersticas, sendo o motor eltrico, o caso de maior
cuidado, pois necessita potncia de reserva para sua partida.

As perspectivas so boas, de acordo com a tendncia do
desenvolvimento tecnolgico de se otimizar o consumo de
diversas formas, como tivemos o exemplo da lmpada econmica
que aumentou em muito o rendimento da produo de luz gerando
menos calor, ou seja, menor desperdcio de energia. Na rea
11
motriz tambm h muito progresso com a evoluo dos inversores
e motores de alto rendimento.

2 - Energia Solar
Vive-se rotineiramente em contato com a fonte mais
expressiva de energia do planeta, mas quase nunca sua
importncia considerada como soluo para os problemas de
suprimento energtico, sem poluir nem ameaar o meio scio-
ambiental. A energia solar a fonte alternativa ideal,
especialmente por algumas caractersticas bsicas: abundante,
permanente, renovvel a cada dia, no polui nem prejudica o
ecossistema e gratuita.
A idia de utilizar a energia solar remonta aos tempos
antigos. Alguns historiadores acreditam que Arquimedes incendiou
navios romanos concentrando sobre eles raios solares refletidos
por espelhos. Em 1774, Lavoisier, famoso qumico francs,
construiu um forno solar com uma lente de aproximadamente 1,5
m de dimetro e conseguiu obter a temperatura de 1700C.
Durante as dcadas de 1870 e 1880, John Ericsson, engenheiro
sueco-americano, props um sistema para transformar a energia
solar em mecnica. Um dos dispositivos teria produzido mais de
um cavalo-vapor mtrico (746W) por 9,5m de superfcie coletora.
12
A pesquisa moderna sobre o uso da energia solar teve
incio durante a dcada de 1930. dessa poca a inveno de
uma caldeira movida a energia solar, criao do fsico norte-
americano Charles G. Aboot, e o incio dos programas solares
Godfrey Cabot, na Universidade de Harvard e no Instituto de
Tecnologia de Massachusets, ambos nos Estados Unidos. Em
1954, os Laboratrios Bell Telephone criaram a bateria solar.
Nesse mesmo ano, cientistas especializados em energia solar
construram, ainda nos EUA, a Associao para Aplicao da
Energia Solar, com o objetivo de pesquisar meios de aproveitar a
energia do Sol.
Em meados da dcada de 1970, a escassez de petrleo e
gs natural estimulou nos EUA esforos para obter, com a energia
solar, uma fonte produtora de fora realmente funcional. Em 1974,
o Congresso norte-americano aprovou a lei sobre pesquisa e
desenvolvimento da energia solar. A lei autorizava um programa
nacional de pesquisa da energia solar, a fim de desenvolver
sistemas mais efetivos para captar, concentrar e armazenar a
energia do Sol. Esses sistemas deveriam assegurar o uso
econmico da energia solar na calefao e refrigerao das
habitaes e edifcios de escritrios e facilitar aos engenheiros a
construo de usinas destinadas a converter a energia solar em
eletricidade para uso industrial.
13
No Brasil, embora a gerao de energia solar ainda seja
pequena, incluindo a utilizada em aquecedores solares, tem
demonstrado o potencial de economia de eletricidade, visto que o
nosso pas um dos mais ricos no mundo em incidncia de raios
solares. Alguns municpios do Nordeste, como Petrolina (PE),
Floriano (PI) e Bom Jesus da Lapa (BA), por exemplo, recebem
intensidade de luz solar comparvel registrada em Dongola, no
Sudo, o ponto do planeta onde o Sol incide com maior potncia.
A conscincia ecolgica para o consumo de energias
limpas e necessidade de abastecer locais remotos, distantes das
redes de eletricidade convencionais, no so os nicos fatores de
incentivo energia solar. A descoberta de novas tecnologias, mais
racionais e baratas, faz despencar o custo destes sistemas.
Gasta-se cerca de quinze dlares para gerar um watt de potncia
eltrica a partir de energia solar. Para uma residncia mdia de
dois dormitrios, por exemplo, situada a trs km da rede eltrica
convencional, mais barato instalar painis solares do que ligar
linha eltrica. A energia solar est tornando-se cada vez mais
competitiva em relao s hidreltricas e a tendncia que esse
custo de produo diminua ainda mais.
Por estes motivos, cientistas da Universidade Federal de
Pernambuco continuam trabalhando duro nos testes de um painel
solar indito no mundo, capaz de gerar o dobro da energia eltrica
com a mesma quantidade de coletores de um equipamento
14
convencional. Ele tem concavidades na forma de prismas, com
espelhos que concentram os raios solares, antes dispersos na
placa plana. Alm disso, um sistema de sensores, acoplado a um
microprocessador e a um motor, faz o equipamento acompanhar o
deslocamento do Sol. Testado no campus da universidade, o
coletor poder fornecer energia eltrica a 16 moradias ao mesmo
tempo, abastecimento antes possvel somente atravs de painis
individuais. Os engenheiros da PUC do Rio de Janeiro
desenvolvem uma geladeira solar que produz cinco kg de gelo por
dia. Ela pode ser til em colnias de pescadores ou em postos de
sade isolados para conservar vacinas.
Limpa e ecologicamente correta, a energia solar tambm
pode fazer uma boa diferena no bolso do consumidor. Em Belo
Horizonte, substituir o chuveiro eltrico virou moda. O aparelho,
que consome muita energia e aumenta o preo da conta no fim do
ms, est sendo trocado por gua aquecida pelo calor da luz
solar. Na capital mineira, 250 sistemas coletivos de mdio e
grande porte, capazes de aquecer acima de dois mil litros de gua
por dia, instalados em condomnios de luxo, hotis e hospitais,
somam-se s cerca de mil residncias que adotaram o sistema de
aquecimento individual. As contas de luz diminuram at 50%. Um
dos maiores coletores solares da cidade, com mais de 804 m de
rea, foi instalado no Motel Dallas. L, todas as 92 sutes tm
banheiras de hidromassagem e chuveiros alimentados por gua
aquecida pelo Sol.
15
O melhor indcio, no entanto, de que a energia solar veio
para ficar, foi dado pela Shell, companhia petrolfera. A empresa
prev que, at o ano de 2050, metade da energia usada no mundo
vir de fontes renovveis, como: luz solar, ventos, biomassa e
gua corrente. Entre essas alternativas: petrleo, gs, carvo
(fontes esgotveis) e energia nuclear, a energia solar est entre as
mais promissoras. Os nmeros indicam que esse mercado cresce
14% ao ano e a Shell pretende investir quinhentos milhes de
dlares para expandir sua capacidade de produo de clulas
fotovoltaicas (coletores).
No estgio atual de desenvolvimento, cada metro quadrado
de coletor solar instalado permite economizar 55 kg de gs
liquefeito de petrleo (GLP) por ano ou 66 litros de diesel por ano
ou evitar a inundao de cerca de 56 m para a gerao de
energia eltrica ou ainda eliminar o consumo anual de 215 kg de
lenha. A natureza agradece.
3 Motores Eltricos

3.1. Motor eltrico

a mquina destinada a transformar energia eltrica em
energia mecnica. O motor de induo o mais usado de todos os
tipos de motores, pois combina as vantagens da utilizao da
energia eltrica baixo custo, facilidade de transporte, limpeza e
16
simplicidade de comando com sua construo simples, custo
reduzido, grande versatilidade de adaptao s cargas dos mais
diversos tipos e melhores rendimentos. Os tipos de motores
eltricos mais comuns so:

a) Motores de corrente contnua
So motores de custo mais elevado e, alm disso, precisam
de uma fonte de corrente contnua, ou de um dispositivo que
converta a corrente alternada em contnua. Podem funcionar com
velocidade ajustvel entre amplos limites e se prestam a controles
de grande flexibilidade e preciso. Por isso, seu uso restrito a
casos especiais em que estas exigncias compensam o custo
muito mais alto da instalao.

b) Motores de corrente alternada
So os mais utilizados, porque a distribuio da energia
eltrica feita normalmente em corrente alternada. Os principais
tipos so:
Motor sncrono: funciona com velocidade fixa;
utilizado somente para grandes potncias (devido ao
seu alto custo em tamanhos menores) ou quando se
necessita de velocidade invarivel.

Motor de induo: funciona normalmente com
velocidade constante, que varia ligeiramente com a
17
carga mecnica aplicada ao eixo. Devido a sua
grande simplicidade, robustez e baixo custo, o
motor mais utilizado de todos, sendo adequado para
quase todos os tipos de mquinas acionadas,
encontradas na prtica. Atualmente possvel
controlar a velocidade dos motores de induo com o
auxlio de inversores de freqncia.

3.2. Conceitos Bsicos

So apresentadas a seguir algumas grandezas bsicas,
cuja compreenso ajuda a entender melhor o funcionamento do
motor eltrico.

a) Conjugado

O conjugado (tambm chamado torque, momento ou
binrio) a medida do esforo necessrio para girar um eixo.

sabido, pela experincia prtica que, para levantar um
peso por um processo semelhante ao usado em poos, a fora
necessria para aplicar manivela depende do seu comprimento.
Quanto maior for a manivela, menor ser a fora necessria para
se realizar o trabalho.

18

b) Energia e potncia mecnica

A potncia mede a velocidade com que a energia
aplicada ou consumida e calcula-se dividindo o trabalho total pelo
tempo gasto em realiz-lo.

c) Energia e potncia eltrica

Embora a energia seja uma s, pode apresentar-se de
formas diferentes. Ligando-se uma resistncia a uma rede eltrica
com tenso, passar uma corrente eltrica que aquecer a
resistncia. A resistncia absorve a energia eltrica e a transforma
em calor, que tambm uma forma de energia. Um motor eltrico
absorve energia eltrica da rede e a transforma em energia
mecnica na ponta do eixo.

A unidade de medida usual para potncia eltrica o watt
(W), corresponde a um volt x um ampre. Esta unidade tambm
usada para medida de potncia mecnica.

A unidade de medida usual para energia eltrica o quilo-
watt-hora (kWh) correspondente energia fornecida por uma
potncia de um kW funcionando durante uma hora a unidade
que aparece, para cobrana, nas contas de luz.
19

Circuitos de corrente contnua
A potncia eltrica, em circuitos de corrente contnua, pode
ser obtida atravs da relao da tenso (U), corrente (I) e
resistncia (R) envolvidas no circuito, ou seja:

P= U.I (W)
ou,
U
P= (W)
R
ou,
P= R.I (W)

Onde: U = tenso em volt
I = corrente em ampre
R = resistncia em ohm
P = potncia em Watt


Circuitos de corrente alternada
a) Resistncia
No caso de resistncias, quanto maior a tenso da rede,
maior ser a corrente e mais depressa a resistncia ir se
aquecer. Isto quer dizer que a potncia eltrica ser maior. A
potncia eltrica absorvida da rede, no caso da resistncia,
20
calculada multiplicando-se a tenso da rede pela corrente, se a
resistncia (carga) for monofsica.

P = Uf.If (W)

No sistema trifsico a potncia em cada fase da carga ser
Pf = UfxIf, como se fosse um sistema monofsico independente. A
potncia total ser a soma das potncias das trs fases, ou seja:

P = 3P = 3. Uf . If

Lembrando que o sistema trifsico e ligado em estrela ou
tringulo, temos as seguintes relaes:

Ligao estrela: U = 3 . Uf e I = If

Ligao tringulo U = Uf e I = 3 . If

Assim, a potncia total, para ambas as ligaes ser:

P = 3 . U . I (W)

b) Cargas reativas

Para as cargas reativas, ou seja, onde existe defasagem,
21
como o caso dos motores de induo, esta defasagem tem que
ser levada em conta e a expresso :

P = 3 . U . I cos (W)

Onde U e I so, respectivamente, tenso e corrente de linha e
cos o ngulo entre a tenso e a corrente de fase.

c) Potncia aparente, ativa e reativa

Potncia aparente (S) o resultado da multiplicao da
tenso pela corrente (S = U . I para sistemas monofsicos e
S = 3 . U . I, para sistemas trifsicos). Corresponde potncia
que existiria se no houvesse a defasagem da corrente, ou seja,
se a carga fosse formada por resistncias. Ento,

P
S = (VA)
Cos

A unidade de medidas para a potncia aparente o volt-
ampre (VA).

Potncia ativa (P) a parcela da potncia aparente que
realiza trabalho, ou seja, que transformada em energia.

P = 3 . U . I cos (W)
22
ou
P = S . cos (W)

Potncia reativa (Q) a parcela da potncia aparente que
no realiza trabalho. Apenas transferida e armazenada nos
elementos passivos (capacitores e indutores) do circuito.

Q = 3 . U . I sen (VAr)
ou
Q = S . sen (VAr)









Figura - 1 Tringulo de potncias (carga indutiva)

d) Fator de potncia

O Fator de potncia, indicado por cos, onde o ngulo
de defasagem da tenso em relao corrente, a relao entre
a potncia real (ativa) P e a potncia aparente S (figura 1).
P


S
Q
23

P P(kW) . 1000
Cos = =
S 3 . U . I

Assim:
Carga Resistiva: Cos = 1
Carga Indutiva: Cos atrasado
Carga Capacitiva: Cos adiantado
Os termos atrasado e adiantado, referem-se fase da
corrente em relao fase da tenso.
Um motor no consome apenas potncia ativa que e depois
convertida em trabalho mecnico, mas tambm potncia reativa,
necessria para magnetizao, mas que no produz trabalho. No
diagrama da figura 2, o vetor P representa a potncia ativa e o Q a
potncia reativa, que somadas resultam na potncia aparente S. A
relao entre potncia ativa, medida em kW e a potncia aparente
medida em kVA, chama-se fator de potncia.







Figura - 2 O fator de potncia determinado medindo-se a potncia
de entrada, a tenso e a corrente de carga nominal
S P
Q


24
Importncia do fator de potncia
Visando otimizar o aproveitamento do sistema eltrico
brasileiro, reduzindo o trnsito de energia reativa nas linhas de
transmisso, subtransmisso e distribuio, a portaria do DNAEE
nmero 85, de 25 de maro de 1992, determina que o fator de
potncia de referncia das cargas passasse dos ento atuais 0,85
para 0,92. A mudana do fator de potncia d maior
disponibilidade de potncia ativa ao sistema, j que a energia
reativa limita a capacidade de transporte de energia til.
O motor eltrico uma pea fundamental, pois dentro das
indstrias, representa mais de 60% do consumo de energia. Logo,
imprescindvel a utilizao de motores com potncia e
caractersticas bem adequadas sua funo. O fator de potncia
varia com a carga do motor.

Correo do fator de potncia
O aumento do fator de potncia realizado com a ligao
de uma carga capacitiva, em geral, um capacitor ou motor
sncrono super excitado, em paralelo com a carga.

f) Rendimento

O motor eltrico absorve energia eltrica da linha e a
transforma em energia disponvel no eixo. O rendimento define a
eficincia com que feita essa transformao.
25

g) Relao entre conjugado e potncia

Quando a energia mecnica aplicada sob forma de
movimento rotativo, a potncia desenvolvida depende do
conjugado e da velocidade de rotao.

3.3. Motores de induo monofsicos

O motor monofsico possui em geral apenas um
enrolamento principal (ou de trabalho) no estator, o qual ligado a
uma rede monofsica. Ao ser ligado a uma rede de tenso
alternada senoidal, circula no mesmo uma corrente igualmente
senoidal. O campo criado por esta corrente possui uma
distribuio espacial no entreferro muito prxima de uma senide,
cujo valor instantneo depende da corrente instantnea do
enrolamento. O campo criado assim um campo do tipo pulsante,
o qual induz uma tenso no enrolamento do rotor. Imaginando-se
que o rotor esteja parado, a fora de interao dos campos criados
pelo estator e pelo rotor faz surgir um torque que atua com igual
intensidade nos dois sentidos de rotao do motor. Como
resultado o motor no apresenta conjugado de partida, e assim
no consegue, por ele mesmo, acelerar e atingir a rotao
nominal. Desta forma necessrio dotar o motor monofsico de
um dispositivo auxiliar de partida, a fim de que o mesmo possa ser
26
utilizado. Os dispositivos de auxlio atuam basicamente no sentido
de criar um desequilbrio no campo do estator.

Uma vez que o motor comea a girar observa-se que o torque
fornecido pelo motor no sentido de rotao maior que o torque
exercido no sentido contrrio, ou seja, o motor passa a fornecer
um torque acelerante. A forma mais usual de partida o emprego
de um enrolamento auxiliar, o qual pode atuar apenas na partida
ou ainda ser conectado para funcionamento permanente. Os tipos
mais comuns de motores monofsicos com enrolamento auxiliar
so os seguintes:

Motor com partida a resistncia e chave centrfuga;
Motor com partida a capacitor e chave centrfuga;
Motor com capacitor permanente;
Motor com duplo capacitor.

Motores monofsicos so em geral maiores e possuem
rendimentos menores que motores trifsicos de mesma potncia.
3.4. Motores trifsicos
O motor de induo trifsico o tipo mais utilizado, tanto na
indstria como no ambiente domstico, devido maioria dos
sistemas atuais de distribuio de energia eltrica serem trifsicos
de corrente alternada.
27
A utilizao de motores de induo trifsicos aconselhvel
a partir dos dois kW, Para potncias inferiores justifica-se o
monofsico.
O motor de induo trifsico apresenta vantagens com
relao ao monofsico. Uma partida mais fcil, o rudo menor e
so mais baratos para potncias superiores a dois kW.
3.5. Partida
A corrente consumida por um motor varia muito com as
circunstncias. Na maioria dos motores, a corrente muito alta na
partida, caindo gradativamente (em alguns segundos) com o
aumento da velocidade. Atingidas as condies de regime, isto ,
motor com velocidade nominal, fornecendo a potncia nominal a
uma carga, ela atinge o seu valor nominal - aumentando, porm,
se ocorrer alguma sobrecarga.
Na partida, um motor solicita da rede eltrica uma corrente
muitas vezes superior nominal; a relao entre a corrente de
partida IP, e a corrente nominal IN, varia com o tipo e o tamanho do
motor, podendo atingir valores superiores a oito. Esta relao
depende tambm do tipo de carga acionada pelo motor. Os
motores de corrente alternada de filosofia norte-americana e
potncia igual ou superior a meio HP levam a indicao de uma
letra-cdigo, que fornece a relao aproximada dos kVA
consumidos por HP com rotor bloqueado; evidentemente, o motor
28
nunca funciona nessas condies (rotor bloqueado), porm, no
instante da partida ele no est girando e, portanto, essa situao
vlida at que ele comece a girar.
A corrente de partida dos motores utilizados nos
refrigeradores do mercado brasileiro a frio muito prxima da
corrente de rotor bloqueado (LRA). Isto vlido para a primeira
partida ou em caso do motor estar desligado por longo tempo
(motor frio). Com o motor j aquecido, durante os ciclos normais
de funcionamento, a corrente de partida ser menor. Esta corrente
de partida pode durar pouco mais de um segundo, mas
geralmente est entre 0,6s e 0,8s.
Tabela - 1 Comparao de alguns modelos de compressores
com relao corrente de partida (Dados fornecidos pela
Embraco)
Modelo Tenso LRA I partida a frio I partida a quente
EMI45HER 127V/60Hz 15 15,19 13,29
EMI45HER 220V/60Hz 9,3 8,27 7,37
EREMI30H 127V/60Hz 9,8 10,07 8,63
EMI30HER 220V/60Hz 7,0 6,93 5,94

3.6. Motores eltricos de alto rendimento
O dimensionamento, a evoluo do projeto de motores ao
longo do tempo trouxe grandes vantagens em termos de
29
diminuio de custo e peso dos equipamentos. Se comparados,
por exemplo, os dados referentes a um motor de cinco cv,
fabricado em 1888, com um equivalente fabricado um sculo
depois, verifica-se que a massa diminuiu de 450 kg para cerca de
35 kg, e seu preo nominal (em valores da poca sem correo)
foi reduzido de oitocentos dlares para cerca de 160 dlares.
Esses, dentre outros fatores, se devem principalmente
otimizao dos processos de clculo, que reduzindo fatores de
segurana superestimados proporcionou conseqente diminuio
das quantidades de ferro e de cobre contidos nos equipamentos.
Alm disso, ocorreu a melhoria da qualidade do isolamento,
permitindo operao dos motores em temperaturas mais elevadas.
Nota-se, como resultado desta evoluo, que tambm o
rendimento dos motores aumentou drasticamente no perodo.
Nos dias de hoje a indstria de motores tem condies de
oferecer equipamentos de alto rendimento, fisicamente similares
aos modelos standard. Para se ter uma idia da melhoria do
rendimento de motores de alta eficincia, em relao aos
standard, com carregamento nominal tem-se que nas faixas de
cem cv, dez cv e um cv os rendimentos so aproximadamente (94;
93), (90; 86) e (81; 73), respectivamente
1
.

1
Fabricantes WEG; EBERLE; KOHLBACH, 1999
30
Dentre os fatores que contribuem para o acrscimo da
qualidade tcnica dos motores de alto rendimento citam-se: a)
emprego de materiais selecionados; b) maior quantidade de cobre
e ferro; c) processos de fabricao mais aperfeioados; d)
tolerncias mais restritas. Como benefcio decorrente da utilizao
desta tecnologia superior, ressalta-se que, motores de alto
rendimento apresentam em mdia rendimentos e fatores de
potncia superiores aos motores standard encontrados no
mercado. A utilizao de motores de alto rendimento deve ser
considerada como um equipamento promissor no que diz respeito
racionalizao do uso da energia eltrica. Sua atratividade torna-
se mais evidente nos seguintes casos: a) motores de baixa
potncia; b) elevado fator de carga; c) longos perodos de
funcionamento; d) casos em que o rebobinamento necessrio.
Analisando-se as curvas caractersticas dos motores,
observa-se que o rendimento e o fator de potncia decrescem com
a reduo do ndice de carregamento do motor, ou seja, quanto
menor este ndice menor a eficincia do motor. Nem sempre
possvel ajustar a potncia do motor quela efetivamente
necessria, e isto ocorre principalmente por trs motivos. Primeiro,
os motores so oferecidos em potncias predeterminadas, e a
fabricao especial de um motor com potncia diferente do padro
do fabricante, seria antieconmica. Contudo, pode-se racionalizar
o consumo de energia eltrica por meio da adequao de fora
motriz, substituindo os motores mal dimensionados, por outros, de
31
potncia compatvel com a atividade em questo. Em segundo
lugar, ocorrem casos em que o ndice de carregamento das
mquinas varivel, este problema pode ser solucionado
utilizando-se equipamentos como inversores de freqncia. Por
ltimo o dimensionamento de motores eltricos depende do torque
de partida da carga e do regime de funcionamento (nmero de
partidas por hora). Nesse caso pode ser necessrio o uso de
motores de maior potncia para suprir as caractersticas da carga.
Quando o regime de trabalho for contnuo, deve-se especificar o
motor para operar entre 75 e 100% da potncia nominal, o que
corresponde faixa de melhor rendimento.
O balanceamento de fases influencia na racionalizao do
uso de energia eltrica. O desequilbrio entre fases provoca
variao na rotao nominal e aumento da temperatura dos
motores eltricos, tendo como conseqncia, a reduo do
rendimento e o aumento nos gastos com consumo de energia
eltrica. Os principais fatores que provocam o desequilbrio de
tenso so a interrupo de uma das fases e o desequilbrio das
cargas conectadas s diferentes fases. Um desbalanceamento da
ordem de 2,4% entre as tenses de fase pode ocasionar um
aumento nas perdas dos motores eltricos de aproximadamente
10%, causando assim uma diminuio tanto no rendimento quanto
em sua vida til
2
.

2
WEG, 1998
32
Motores eltricos so equipamentos que, geralmente,
dentro de certos limites tcnicos fornecem a quantidade de
energia mecnica demandada pela carga. Isto significa que o
rendimento do motor poder ser insatisfatrio e seu funcionamento
pode ser otimizado, caso a demanda de potncia seja
relativamente pequena.
4 Sistema Bsico para Motores de Refrigerao

O sistema para alimentar um refrigerador a partir da
energia solar inclui basicamente o seguinte:

1 refrigerador comum com compressor hermtico,
de baixo consumo, ou preferencialmente
refrigeradores especiais para sistemas solares,

1 inversor,

baterias tipo estacionrias,

painis solares,

1 controlador de carga.

33

Figura - 3 Configurao do sistema para alimentar o refrigerador

Como funciona: os painis solares geram uma corrente
contnua de tenso varivel, que no apropriada para carregar
diretamente as baterias. necessrio "domesticar" essa corrente
atravs de um controlador de carga para carregar as baterias. Por
sua vez, a tenso das baterias no pode alimentar diretamente o
refrigerador: preciso introduzir um inversor entre as baterias e o
refrigerador para transformar a corrente contnua em corrente
alternada adequada para acionar o motor do refrigerador.

O dimensionamento dos painis, do controlador de carga,
das baterias e do inversor depende diretamente do consumo do
34
refrigerador. Por isso, importante escolher um aparelho de
consumo Classe A. Cada sistema deve ser estudado com cuidado
para constituir um conjunto coerente, sem custos inteis e que no
gere decepes.

interessante observar que o inversor necessariamente
dimensionado considerando-se o pico de partida do refrigerador,
de modo que sobra potncia para ligar outros aparelhos de baixo
consumo tais como rdio, TV, computador, at uma lmpada PL.
Baterias e painis solares so calculados com uma folga suficiente
para alimentar esses pequenos consumidores mesmo nos dias
nublados.

Um sistema solar relativamente caro na instalao, mas
no gera mais gastos durante anos. um investimento que d um
retorno significativo na forma de conforto e de economia de
alimentos para toda a famlia. O nico cuidado fica com as baterias
que devem ser estacionrias, preferencialmente fotovoltaicas do
tipo "ciclvel" (ou "de descarga semi-profunda" ou ainda "de
reserva de energia") mantidas em bom estado. Estas necessitam
ser substitudas periodicamente (aproximadamente a cada quatro
anos).



35
5 Mdulo Fotovoltaico

Clula Solar de Silcio Cristalino: a estrutura de uma clula
solar convencional mais bsica composta de uma lmina de
silcio na qual so introduzidas impurezas doadoras, denominadas
de tipo n, ou aceitadoras, denominadas de tipo p, e de contatos
metlicos na face frontal e posterior. Em conseqncia, criado
um campo eltrico no interior do material. Para diminuir a reflexo
dos raios solares, deposita-se sobre a superfcie um filme anti-
reflexo. Ao incidir radiao solar, produz-se tenso e corrente
eltrica se o dispositivo for conectado a um circuito externo.

Figura - 4 Diagrama de uma clula solar

36
As melhores clulas de silcio fabricadas em laboratrio
atingem eficincias de 24,7% e na indstria so obtidas eficincias
de at 22%, porm com desenhos bastante complexos. Em linhas
industriais convencionais, fabricam-se clulas de 12% a 15% de
eficincia.
O Mdulo Fotovoltaico
Um mdulo fotovoltaico constitudo de clulas solares
associadas eletricamente e, geralmente, em srie. A maioria dos
mdulos convencionais encontrados no mercado so constitudos
de 36 clulas solares de silcio. Conseqentemente, a tenso de
circuito aberto, isto , a diferena de potencial quando a corrente
eltrica nula, da ordem de vinte V. A potncia do mdulo, sob
condies padro, varivel desde dez W a 150 W. Em
conseqncia, o tamanho do dispositivo varia entre 0,2 m
2
a 1,5
m
2
.

Aps serem soldadas, as clulas so encapsuladas com a
finalidade de isol-las do exterior e proteg-las das intempries
bem como para dar rigidez ao mdulo. O mdulo, como mostra a
Figura 5, constitudo das seguintes camadas: vidro de alta
transparncia e temperado, acetato de etil vinila (EVA), clulas,
EVA e filme de fluoreto de polivinila (Tedlar) ou vidro. A seguir,
colocado o marco de alumnio, para dar o acabamento e facilitar a
instalao. A durabilidade destes mdulos superior a trinta anos
37
e atualmente est determinada pela degradao dos materiais
usados no encapsulamento, ou seja, a durabilidade das clulas
solares de silcio cristalino bastante superior.

Figura - 5 Constituio de um mdulo fotovoltaico.

Alm dos mdulos fotovoltaicos convencionais, existem os
mdulos concentradores de radiao solar. Alguns so projetados
para serem fixados em estruturas, como os convencionais,
denominados mdulos fotovoltaicos concentradores estticos.
Outros, como o ilustrado na Figura 6, esto associados a um
mecanismo para seguir o movimento aparente do Sol. O objetivo
da concentrao da radiao solar reduzir o custo do mdulo
fotovoltaico pela diminuio da rea de clulas solares e o
acrscimo de um sistema ptico de baixo custo.
38

Figura - 6 Mdulo fotovoltaico concentrador desenhado para acompanhar
o movimento do Sol ao longo do dia

Sistemas Fotovoltaicos
Os sistemas fotovoltaicos fornecem energia eltrica a uma
determinada demanda energtica, usando como fonte de energia
a radiao solar. Portanto, o custo total resume-se no investimento
inicial. Alm disso, quase no necessitam de manuteno e so
de fcil instalao. No entanto, por depender diretamente das
flutuaes naturais da radiao solar, a energia eltrica produzida
varivel durante o dia e ao longo do ano. Por este motivo, em
algumas situaes, so necessrios sistemas de armazenamento
de energia. Os sistemas fotovoltaicos dividem-se em: autnomos e
conectados rede eltrica convencional.
39
Na Figura 7 representa-se um esquema de um sistema
fotovoltaico autnomo, que proporciona energia eltrica em
residncias ou povoados em locais isolados. constitudo
essencialmente de um conjunto de mdulos e baterias
recarregveis associadas a controladores de carga. Durante os
dias com elevados valores de radiao solar, os mdulos
produzem energia eltrica. A quantidade que no utilizada pelos
usurios armazenada nas baterias. Durante a noite e nos dias
nublados, a energia para o consumo fornecida pelas baterias.
Neste caso, a tenso proporcionada contnua e os instrumentos
usados devem enquadrar-se a esta caracterstica. Se h
necessidade de tenso alternada, associa-se ao sistema um
inversor, que transforma a tenso contnua em alternada.
No entanto, para que apresentem um timo desempenho e
o menor custo necessrio um dimensionamento adequado. O
dimensionamento de um sistema fotovoltaico autnomo consiste
basicamente em encontrar a rea do conjunto de mdulos e a
capacidade das baterias que melhor se enquadram demanda
energtica, distribuio da radiao solar local e probabilidade
de perda de carga (LLP) desejada e que resulta no menor custo
da instalao.
40

Figura - 7 Esquema de um sistema fotovoltaico autnomo.

6 Controlador de Carga

O controlador de carga um dispositivo de fundamental
importncia para preservar as baterias, aumentando sua vida til.
As baterias so os elementos que armazenam energia. Com o
auxlio delas, os consumidores podem usar noite ou em perodos
de mau tempo a energia irradiada em dias de sol.

Funo: facilitar a mxima transferncia de energia do
arranjo fotovoltaico para a bateria ou banco de baterias e proteg-
las contra cargas e descargas excessivas, aumentando,
consequentemente, a sua vida til.

Conhecidos tambm pelo nome de:
Gerenciador de carga
41
Regulador de carga
Regulador de tenso

Funes especficas:
Desconectar o arranjo fotovoltaico quando a bateria
atinge carga plena.
Interromper o fornecimento de energia quando o estado
de carga da bateria atinge um nvel mnimo de
segurana.
Monitorar o desempenho do Sistema Fotovoltaico
(corrente e tenso de carregamento da bateria).
Acionam alarmes quando ocorre algum problema.

Tipos de controladores de carga:
Quanto grandeza utilizada para o controle: carga
(integrao do fluxo de corrente na bateria), tenso e
densidade do eletrlito.
Forma que o controlador utiliza para desconectar o
painel fotovoltaico da bateria quando esta apresenta
carga plena: Shunt ou Srie.
Estratgia de controle: em controladores de carga
comerciais est baseada na tenso instantnea nos
terminais da baterias que comparada ao limite
superior e inferior.

42


















Figura - 8 Reguladores Shunt e Srie

Especificao dos controladores de carga

Os parmetros para especificao dos controladores de
carga so obtidos da:

Regulador Shunt

Regulador Srie

43
Demanda de energia
Curvas de caractersticas das baterias, como as de
carga e descarga e a de vida til (em ciclos) desejada

O mnimo necessrio para se especificar o controlador:
Os valores de corrente mxima, que deve ser maior que
a mxima corrente de curto-circuito esperada para o
arranjo fotovoltaico
Tenso de operao do sistema

Outras caractersticas desejveis, mas nem sempre
disponveis nos modelos mais comuns:
Set points ajustveis
Proteo contra corrente reversa
Desconexo da carga (Proteo Contra Descargas
Excessivas)
Compensao Trmica
Alarmes e Indicaes Visuais
Desvio de energia do arranjo
Seguidor do ponto de mxima potncia
Baixo consumo de potncia
Proteo contra inverso de polaridade



44
7 Baterias

a) Classificao:

Recarregveis
No-recarregveis

b) Tipo de clulas:

Primrias
Secundrias

c) Para cada tipo de clula:

Diversas tecnologias de construo
Diversas possibilidades de composio (materiais
envolvidos)

d) Tecnologias:

Nquel-cdmio
Chumbo-cido
Nquel-ferro
Sdio-enxofre
Nquel-hidrognio
45


e) Terminologia:

Auto descarga
Num processo espontneo, todas as baterias descarregam
gradualmente, atravs de processos qumicos internos, quando
no esto em uso. A este processo d-se o nome de auto-
descarga. A taxa de auto-descarga normalmente especificada
como uma percentagem da capacidade nominal que perdida
todo ms.

Capacidade
Embora a capacidade de uma bateria seja normalmente
definida como a quantidade de Ampre-hora que pode ser retirado
da mesma quando esta apresenta carga plena, pode-se, tambm,
expressar capacidade em termos de energia (Watt-hora ou quilo
Watt-hora).

Capacidade nominal
uma estimativa conservadora do fabricante do nmero
total de Ampres-hora que podem ser retirados de uma clula ou
bateria nova para os valores especificados de corrente de
descarga, temperatura e tenso de corte.
46

Capacidade instalada
o total de Ampres-hora que pode ser retirado de uma
bateria nova sob um conjunto especfico de condies
operacionais, incluindo taxa de descarga, temperatura, e tenso
de corte.

Capacidade Disponvel
o total de Ampres-hora que pode ser retirado de uma
bateria sob um conjunto especfico de condies operacionais,
incluindo a taxa de descarga, temperatura, estado inicial da carga,
idade e tenso de corte.

Capacidade de Energia
Nmero total de Watts-horas que podem ser retirados de
uma bateria totalmente carregada.

Ciclo
A seqncia carga-descarga de uma bateria at uma
determinada profundidade de descarga chamada de ciclo.

Densidade de Energia
Energia nominal (capacidade de energia) normalizada pelo
volume ou pelo peso da bateria.

47
Descarga
Processo de retirada de corrente de uma bateria atravs da
converso de potencial eletroqumico em energia eltrica, no
interior da mesma. Quando a descarga ultrapassa 50% de
capacidade da bateria, ela chamada de descarga profunda.

Eficincia
Relao entre a sada til e a entrada.

Eficincia Coulmbica ou de Ampre-hora (Ah)
Relao entre a quantidade de Ah retirados de uma bateria
durante a descarga e a quantidade necessria para restaurar o
estado de carga inicial. calculada atravs da integral da corrente
ao longo do tempo de carga e descarga.

Eficincia de tenso
Relao entre a tenso mdia durante a descarga de uma
bateria e da tenso mdia durante a carga necessria para
restaurar a capacidade inicial.

Eficincia de Energia ou de Watt-hora (Wh)
Relao entre a energia retirada da bateria durante o
processo de descarga e a energia necessria para restaurar o
estado da carga inicial.

48
Estado da carga
Capacidade disponvel em uma bateria expressa como
percentagem da capacidade nominal. Por exemplo, se 25 Ah
foram retirados de uma bateria de capacidade nominal de cem Ah,
o novo estado da carga de 75%. o valor complementar da
profundidade de descarga.

Profundidade de descarga
A profundidade de descarga indica, em termos percentuais,
quanto da capacidade nominal da bateria foi retirado a partir do
estado de plena carga. Por exemplo, a remoo de 25 Ah de uma
bateria de capacidade nominal de cem Ah resulta em profundidade
de descarga de 25%. o valor complementar do estado da carga.

Flutuao
Processo de carga que busca manter as baterias com um
estado de carga prximo carga plena.

Sobrecarga
quando continua forando-se corrente na bateria aps a
mesma ter atingido a carga plena.

Taxa de carga
Valor de corrente aplicado a uma bateria durante o
processo de carga. Esta taxa normalmente normalizada em
49
relao capacidade nominal da bateria. Por exemplo, uma taxa
de carga de dez horas para uma bateria de quinhentos Ah de
capacidade nominal expressa da seguinte forma:
Capacidade Nominal / Intervalo de Carga=500 Ah/10 horas=50 A.

Taxa de descarga
Valor de corrente durante o processo de descarga de uma
bateria. Esta taxa pode ser expressa em Ampres mas mais
comumente encontrada normalizada pela capacidade nominal da
bateria.

Tenso de circuito aberto
Tenso nos terminais de uma bateria para um determinado
estado de carga e uma determinada temperatura, na condio em
que no h corrente entre os terminais.

Tenso de corte
Valor de tenso em que a descarga da bateria
interrompida. Pode ser especificada em funo das condies
operacionais ou pode ser o valor determinado pelos fabricantes
como tenso de final de carga, a partir da qual danos irreversveis
podem ser causados bateria.

Tenso de final de carga
50
Tenso da bateria na qual o processo de carga
interrompido por supor-se que a carga atingida suficiente ou que
a bateria esteja plenamente carregada.

Tenso nominal
A tenso mdia de uma bateria durante o processo de
descarga com uma determinada taxa de descarga a uma
determinada temperatura.

Vida til
Pode ser expressa em duas formas, nmero de ciclos ou
perodo de tempo, dependendo do tipo de servio para o qual a
bateria foi especificada. Para o primeiro caso, a vida til o
nmero de ciclos com uma determinada profundidade de descarga
a que uma bateria pode ser submetida antes de apresentar falhas
e satisfazendo s especificaes.
f) Baterias recarregveis
Automotivas
Trao
Estacionrias
Fotovoltaicas

Forma de refinamento do eletrlito:
Baterias abertas
51
Baterias seladas

Principais figuras de avaliao de baterias recarregveis:
Densidade de energia (volumtrico ou peso)
Eficincia, Capacidade
Vida Cclica
Taxa de auto descarga
Reciclabilidade dos Materiais
Custo

Fatores mais importantes que afetam o desempenho, a
capacidade e a vida til de qualquer bateria recarregvel:

Profundidade de descarga (por ciclo)
Temperatura
Vida cclica
Controle de carga / descarga
Manuteno peridica







52

Figura - 9 Perfil tpico da tenso durante o carregamento de uma bateria
chumbo-cido aberta com vrias taxas de carga

Figura - 10 Curvas tpicas da profundidade de descarga e temperatura na
vida til da bateria

53

Figura - 11 Perfil tpico da tenso durante o processo de descarga de uma
clula chumbo-cido aberta com vrias taxas de descarga

g) Baterias chumbo-cido

Material ativo da placa positiva (eletrodo): dixido de
chumbo (PbO
2
)
Material ativo da placa negativa (eletrodo): chumbo metlico
(Pb)
Eletrlito:
soluo diluda de cido sulfrico ( H
2
SO
4
) (mistura de 36%
de cido sulfrico e 64% de gua)




54









Figura - 12 Principais partes constituintes de uma clula eletroqumica

Efeito da temperatura: Quando a temperatura aumenta, a
capacidade total tambm aumenta. Isto constitui-se em vantagem
porm, acarreta alguns inconvenientes tais como o aumento da
taxa de descarga, reduo do ciclo de vida e sulfatao acelerada
em baterias que no esto totalmente carregadas.







55

Tabela - 2 Tenses caractersticas de clulas e baterias de chumbocido


Sulfatao: Formao de cristais de sulfato de chumbo nas
placas das clulas. A sulfatao reduz permanentemente a
capacidade da clula.


h) Baterias nquel-cdmio

Placas positivas: hidrxido de nquel
Placas negativas: xido de cdmio
Eletrlito: hidrxido de potssio

Tenses
caractersticas
Tenses a 20
o
C (V)
Clula Baterias com seis clulas
Nominal 2 12
Tenso mxima 2,3 2,5 14,0 15,0
Tenso flutuao 2,2 2,3 13,0 14,0
Tenso de circuito
aberto com carga
plena
2,1-2,2 12,5-13,0
Tenso medida
para limite da
capacidade
1,8-1,9 10,8-11,4
Mudana das
caractersticas de
tenso com a
temperatura
-00,5 V para cada
10
0
c de aumento
-0,33V para cada 10
0
C de
aumento
56


Tabela - 3 Tenses caractersticas de clulas e baterias de nquel-cdmio

Tenses caractersticas Tenses a 20
0
C (V)
Clula Bateria com dez
clulas
Nominal 1,25 12
Tenso mxima para baterias
abertas
1,50-1,65 15,0 16,5
Tenso de flutuao para
baterias abertas
1,40 1,45 14,0 14,5
Corrente de carregamento para
baterias seladas
C/10 C/10
Tenso de circuito aberto para
os diversos estados de carga
1,20 1,35 12,0-13,5
Tenso limite 0 9

Vantagens:
Baixo custo de manuteno
Maior vida til
Podem sofrer ciclos profundos e ser deixadas
descarregadas
Temperaturas elevadas tm menor efeito do que em
baterias chumbo-cido

Desvantagens:
Custo inicial maior
Meios de medio do estado da carga no so simples


57
7.1. Caractersticas ideais para uso em sistemas fotovoltaicos

A operao de uma bateria, usada em um sistema solar
fotovoltaico, deve atender a dois tipos de ciclos:

Ciclos rasos a cada dia
Ciclos profundos por vrios dias (tempo nublado) ou
semanas (durante o inverno)

As seguintes caractersticas devem ser observadas para
que as baterias tenham um bom desempenho quando instaladas
em um sistema solar fotovoltaico:

Elevada vida cclica para descargas profundas
Necessidade de pouca ou nenhuma manuteno
Elevada eficincia de carregamento
Capacidade de permanecer completamente descarregada
Baixa taxa de auto-descarga
Confiabilidade
Mnima mudana de desempenho, quando trabalhando
fora das faixas de temperatura e operao

Outros fatores que tambm devem ser considerados, no
momento de escolher a bateria adequada para esta aplicao:

58
Disponibilidade dos fornecedores
Distncia, durao e custo do transporte para o local
Custo da capacidade til para um ciclo
Custo da capacidade til para um ciclo de vida
Necessidade de manuteno durante o armazenamento
Peso
Densidade de energia
Disponibilidade e custos de unidade de controle, se
necessrio

8 Inversor

Conversores CC em CA so conhecidos como inversores. A
funo de um inversor consiste em converter uma tenso de
entrada CC em uma tenso de sada CA simtrica de amplitude e
freqncia desejadas. A tenso de sada pode ser fixa ou varivel
em uma freqncia tambm fixa ou varivel. Uma tenso de sada
varivel pode ser obtida variando-se a amplitude da tenso de
entrada CC e mantendo-se o ganho do inversor constante. O
ganho do inversor pode ser definido como a relao entre a
tenso de sada CA e a tenso de entrada CC. Por outro lado, se
a tenso de entrada CC for fixa e no controlvel, uma tenso de
sada varivel pode ser obtida pela variao do ganho do inversor,
a qual normalmente realizada pelo controle modulao por
largura de pulso (do ingls pulse width modulation PWM).
59
As formas de onda da tenso de sada de inversores ideais
deveriam ser puramente senoidais. Entretanto, as formas de onda
de inversores prticos so no senoidais e contm certos
harmnicos. Para aplicaes de baixa e mdia potncia, tenses
de onda quadrada ou quase quadrada podem ser aceitveis; e
para aplicaes de potncia elevada, so necessrias formas de
onda senoidais com baixa distoro. Com a disponibilidade de
dispositivos semicondutores de potncia de alta velocidade, o
contedo harmnico da tenso de sada pode ser minimizado ou
reduzido significativamente por tcnicas de chaveamento.

Os inversores so amplamente utilizados em aplicaes
industriais (por exemplo, acionamento de mquinas CA em
velocidade varivel, aquecimento indutivo, fontes auxiliares,
sistema de energia ininterrupta). A entrada pode ser uma bateria,
clula combustvel, clula solar ou outra fonte CC. As sadas
monofsicas tpicas so: a) 120 V a 60 Hz, b) 220 V a 50 Hz e c)
115 V a 400 Hz. Para sistemas trifsicos de alta potncia, as
sadas tpicas so: a) 220 / 380 V a 50 Hz, b) 120 / 208 V a 60 Hz
e c) 115 / 200 V a 400 Hz.

Os inversores podem, geralmente, ser classificados em dois
tipos: a) inversores monofsicos, e b) inversores trifsicos. Cada
tipo pode usar dispositivos com disparo ou bloqueio controlados
(por exemplo, BJTs, MOSFETs, IGBTs, MCTs, SITs, GTOs) ou
60
tiristores em comutao forada, dependendo das aplicaes.
Esses inversores em geral usam sinais de controle PWM para
produzir uma tenso CA de sada. Um inversor chamado
inversor alimentado por tenso (do ingls voltage-fed inverter
VFI) se a tenso de entrada for constante; inversor alimentado por
corrente (do ingls current-fed inverter CFI), se a corrente de
entrada for mantida constante; e inversor com interligao CC
varivel, se a tenso de sada for controlvel.

Os cicloconversores antecederam de certa forma os atuais
inversores, eles eram utilizados para converter 60 Hz da rede em
uma freqncia mais baixa, era uma converso CA-CA, j os
inversores utilizam a converso CA-CC e por fim CC em CA
novamente. Os inversores podem ser classificados pela sua
topologia, esta por sua vez dividida em trs partes, sendo a
primeira para o tipo de retificao de entrada, a segunda para o
tipo de controle do circuito intermedirio e a terceira para a sada.
Independente da topologia utilizada, temos agora uma tenso CC
no circuito intermedirio e deveremos transformar em tenso CA
para acionar o motor CA.

8.1. Blocos componentes do inversor

1 bloco - CPU
61
A CPU (unidade central de processamento) de um inversor
de freqncia pode ser formada por um microprocessador ou por
um microcontrolador (CLP). Isso depende apenas do fabricante.
De qualquer forma, nesse bloco que todas as informaes
(parmetros e dados do sistema) esto armazenadas, visto que
tambm uma memria est integrada a esse conjunto. A CPU no
apenas armazena os dados e parmetros relativos ao
equipamento, como tambm executa a funo mais vital para o
funcionamento do inversor: gerao dos pulsos de disparo,
atravs de uma lgica de controle coerente, para os IGBTs.

2 Bloco - IHM
O segundo bloco o IHM (Interface Homem Mquina).
atravs desse dispositivo que se pode visualizar o que est
ocorrendo no inversor (display), e configur-lo de acordo com a
aplicao (teclas).

3 Bloco - Interfaces
A maioria dos inversores pode ser comandada atravs de
dois tipos de sinais:
Analgicos ou digitais. Normalmente, quando se quer
controlar a velocidade de rotao de um motor CA com inversor,
utiliza-se uma tenso analgica de comando. Essa tenso situa-se
entre 0 e 10 Vcc. A velocidade em rotaes por minuto (rpm) ser
proporcional ao seu valor, por exemplo:
62
1Vcc = 1000 RPM
2Vcc = 2000 RPM

Para inverter o sentido de rotao basta inverter a
polaridade do sinal analgico (de 0 a 10 Vcc sentido horrio, e 10
a 0 Vcc sentido anti-horrio). Esse o sistema mais utilizado em
ferramentas automticas, sendo que a tenso analgica de
controle provm de controle numrico computadorizado (CNC).

Alm da interface analgica, o inversor possui entradas
digitais. Atravs de um parmetro de programao, se pode
selecionar qual entrada vlida (analgica ou digital).

4 Bloco Etapa de potncia
A etapa de potncia constituda por um circuito retificador,
que alimenta (atravs de um circuito intermedirio chamado
barramento CC), o circuito de sada inversor (mdulo IGBT).

8.2. Tipos de inversor

a) Inversor monofsico com terminal central;
b) Inversor monofsico em ponte;
c) Inversor trifsico em ponte;
d) Inversor com fonte de corrente constante;
e) Inversor a transistor de potncia.
63
8.3. Inversor PWM

Um inversor de freqncia PWM realiza o controle da
freqncia e da tenso na seo de sada do inversor. A tenso
de sada tem uma amplitude constante e atravs de chaveamento
ou modulao por largura de pulso, a tenso mdia controlada.

O inversor bsico consiste no prprio inversor que converte
a alimentao de entrada de 60 Hz para freqncia e tenso
variveis. A freqncia varivel o requisito real que controlar a
velocidade do motor.

O chaveamento do inversor normalmente resulta em
tenses de sada no senoidais, que podem afetar o desempenho
e a durabilidade do motor. A gerao de formas de onda
alternadas com baixo contedo harmnico extremamente
importante, j filtros no podem ser empregados com sucesso,
dada a grande variao de freqncia de sada do inversor.

Desta forma, a lgica de disparo das chaves do inversor
de fundamental importncia na eficincia e no desempenho do
sistema de acionamento.

As tcnicas de chaveamento modernamente utilizadas
fazem uso da modulao por largura de pulso (PWM), que
64
possibilitem a obteno de formas de onda de tenso de sada de
baixo contedo harmnico. Dentre elas, pode-se destacar o PWM
senoidal e o PWM otimizado, cujas filosofias so mostradas na
seqncia.

8.3.1. PWM Senoidal

Nesta tcnica, os pulsos que controlam as chaves do
inversor so gerados a partir da comparao de uma onda
portadora triangular de alta freqncia, Vp, com a onda senoidal
de referncia (onda moduladora), Vr, cuja freqncia a desejada
para a tenso de sada do conversor. Os pontos de cruzamento
das duas ondas definem a lgica de disparo dos semicondutores
de potncia do inversor. Quando Vr (onda senoidal de referncia)
maior que Vp (triangular), a sada do comparador determina que
a chave semicondutora correspondente entre em conduo;
quando Vr menor que Vp a chave em questo bloqueada.


65

Figura - 13 Comparao entre as ondas portadoras Vp (triangular) e de
referncia Vr (senoidal), para gerao dos pulsos de comando das chaves
do inversor VSI-PWM senoidal

Observando-se a figura 13, nota-se que a largura de cada
pulso de comando das duas chaves semicondutoras resultante
dos intervalos entre sucessivas intersees entre a senide de
referncia triangular; por isso, a largura do pulso
aproximadamente proporcional ordenada mdia da senide em
cada intervalo. Quanto maior a freqncia da portadora, mais
prxima da forma de onda ideal pra esse PWM, pois menor ser a
variao da amplitude da senide em cada intervalo e, portanto, a
largura de cada pulso ser uma funo senoidal da posio
angular. Em um PWM senoidal, as menores ordens harmnicas da
tenso de sada aparecem em torno da freqncia de
chaveamento. Como nos inversores atuais esta freqncia varia
em torno de 5 a 20 kHz, graas utilizao de IGBTs, todas as
componentes harmnicas de baixa ordem j encontram-se
66
naturalmente eliminadas, otimizando a operao do motor. As
harmnicas de ordem elevada da tenso gerada no representam
grande problema, j que a prpria indutncia do motor impede a
entrada de suas respectivas correntes.

Um outro aspecto importante relativo caracterizao da
tenso de sada do inversor a relao entre as amplitudes das
ondas de referncia e portadora, denominado ndice de
modulao. medida que este ndice cresce a partir do zero, as
larguras de cada pulso vo aumentando, aumentando o valor
eficaz de cada onda de tenso gerada. Quando ele ultrapassa a
unidade, ou seja, a amplitude da senide maior que a da
triangular, recortes da onda vo deixando de ocorrer, pois no h
mais chaveamentos nestas regies.

Esta condio de operao conhecida como sobre-
modulao; ela permita a gerao de tenses de sada de maior
valor eficaz, embora com maior contedo harmnico de baixa
ordem. Dada a limitada tenso disponvel no link DC, o recurso
da sobre-modulao torna-se necessrio, por exemplo, na
operao com V/f constantes, em velocidades maiores.
67

Figura - 14 Sobremodulao do PWM Senoidal

Um inversor VSI-PWM pode oferecer uma corrente de sada
controlada, com a adio de uma malha de realimentao de
corrente no circuito de controle. Se o inversor opera com elevada
freqncia de chaveamento, as correntes impostas ao estator do
motor de induo podem ser rapidamente ajustadas em amplitude,
freqncia e fase.

8.3.2. PWM Otimizado

Quando a mquina a ser acionada for de potncia muito
elevada, as chaves de um inversor devero apresentar elevada
capacidade de conduo de corrente. Nestas aplicaes, os
dispositivos semicondutores utilizados so os GTOs, que operam
com freqncia de chaveamento reduzida. Nestas condies
(baixa freqncia de chaveamento), um inversor PWM senoidal
68
no apresenta uma opo satisfatria, devido presena de
harmnicos de baixa ordem em sua tenso de sada. Existem
tcnicas de gerao de pulsos que promovem a eliminao de
harmnicos especficos de baixa ordem, atravs de recortes
adequados na tenso do link DC. Os ngulos de seccionamento
so fornecidos por expresses matemticas, e so funes das
ordens harmnicas que se deseja eliminar.

8.3.3 Vantagens do Inversor PWM

a) Boa eficincia O inversor pode alcanar uma eficincia
superior a 90% em velocidade plena e plena carga;
b) Fator de Potncia Um retificador de ponte de diodo
utilizado para retificar a linha de entrada. Isto permite um bom fator
de potncia na faixa de velocidade de operao plena do inversor;
c) By-pass Se o inversor falhar o motor pode ser operado
diretamente na linha de entrada em operao contnua;
d) Cargas de alta inrcia O inversor pode adaptar a sua
operao para evitar sobrecargas causadas pela acelerao de
cargas de alta inrcia em algumas aplicaes;
e) Manuteno O inversor pode ser testado e operado
sem estar conectado ao motor;
f) Operao com vrios motores Mais de um motor pode
ser operado a partir do mesmo inversor. Alm disso, o inversor
no sensvel alterao da combinao dos motores operados,
69
desde que a corrente de carga total no exceda a corrente
nominal do inversor.

8.3.4. Desvantagens do Inversor PWM

a) Custo inicial O custo inicial do sistema do inversor
alto;
b) Converso de potncia A potncia total distribuda para
o motor deve ser convertida pelo inversor. Isso requer
componentes de alta potncia dentro do inversor;
c) Manuteno O inversor possui uma grande quantidade
de circuitos sofisticados que requerem tcnicos especializados
para a manuteno.

Entretanto, a utilizao em grande escala de circuitos
integrados e circuitos microprocessadores permitem um
autodiagnstico que auxilia na localizao de falhas. A
substituio em nvel de placa pode ser feita por pessoal no
especializado.

No caso do motor para o refrigerador domstico comum,
isto , comprado em qualquer loja nacional, o inversor a ser
utilizado ter sada de freqncia e tenso fixas, ou seja, 127V /
60Hz ou 220V / 60Hz, monofsico.

70
9 Refrigerador

Refrigeradores domsticos so mquinas trmicas que
retiram calor de seu interior jogando-o no meio externo,
produzindo assim o "frio" no seu interior. O primeiro refrigerador foi
construdo em 1856, usando o princpio da compresso de vapor,
pelo australiano James Harrison, que tinha sido contratado por
uma fbrica de cerveja para produzir uma mquina que
refrescasse aquele produto.

O primeiro frigorfico domstico s apareceu em 1913 e foi
batizado DOMELRE (DOMestic ELectric REfrigerator), mas este
nome no teve sucesso e foi Kelvinator o nome que popularizou
este utenslio nos EUA. Tal como a maioria dos seus
descendentes modernos, este frigorfico era resfriado por meio de
uma bomba de calor de duas fases.

Figura - 15 Esquema do refrigerador
71
O esquema de uma geladeira que tem o congelador em seu
interior (figura 15). Por todo o circuito (compressor, vlvula de
expanso, evaporador, condensador) da figura, circula o gs freon
12 que o responsvel pela "produo" de frio. Nota-se que a
temperatura ao longo de todo o circuito no constante. H uma
regio em que o gs freon est submetido a altas presses (no
compressor), portanto, tem uma maior temperatura e uma outra
regio em que ele est submetido baixa presso (vlvula ou tubo
capilar) e possui uma menor temperatura.


Figura - 16 Circulao do gs freon
Na figura 16, a parte vermelha corresponde a regio de alta
presso (alta temperatura) e a parte azul corresponde a baixa
presso (baixa temperatura), demonstrando as partes bsicas do
refrigerador (sistema de refrigerao).
72
Compressor: responsvel pela elevao da presso at
dez atmosferas e sua temperatura est aproximadamente
a 41 C.
Condensador: faz com que o gs passe para o estado
lquido ainda em alta presso e ento o lquido passa para
o tubo capilar.
Tubo capilar: ao sair dele ter sua presso e temperatura
diminudas, alcanando valores prximos de -19C e 1,6
atmosferas, nesta situao passa para o evaporador.
Evaporador: onde retorna ao estado gasoso e agora esta
mudana de fase ocorre em baixa presso. no
evaporador que o gs freon recebe calor dos alimentos
colocados no interior da geladeira, retirando calor da parte
interna, ento, podemos perceber que a "produo de
frio" ocorre no evaporador.



Figura - 17 Ar frio gerado na parte superior do refrigerador

73
Como ele encontra-se na parte superior da geladeira,
prximo a ele o ar resfria tornando-se mais denso e desce para as
outras partes da geladeira, fazendo com que o ar mais quente e
menos denso suba, criando assim as correntes de conveco
resfriando toda a parte interna.


Figura - 18 Temperatura dos alimentos na parte central do
refrigerador

Com o exposto voc pode achar que ento, toda a parte
interna da geladeira ficaria congelada; no, pois na parte interna
da geladeira colocada um dispositivo denominado "termostato",
que se encarrega de manter a temperatura interior constante, isto
, tudo que estiver na geladeira ser resfriado at entrar em
equilbrio trmico com a temperatura pr estabelecida e registrada
no termostato.

74
A porta componente que permite o acesso ao interior do
aparelho. Quando fechada, deve proporcionar perfeita vedao.
composta externamente de uma chapa metlica e internamente de
um painel plstico. Entre a chapa externa e o painel interno
encontra-se o isolamento trmico da porta.

O isolamento trmico na porta e no gabinete tem a funo
de manter a temperatura inalterada e muito importante no
rendimento do refrigerador.

Os isolantes trmicos devem apresentar as seguintes
propriedades:
Baixo coeficiente de transmisso de calor
Boa resistncia estrutural
Leve, para no aumentar o peso do aparelho
Pequena espessura para facilitar o isolamento
Ausncia de cheiro
Resistncia s mudanas de temperatura sem apresentar
deformaes
Grande resistncia ao fogo

Os materiais isolantes mais comuns so: l de vidro, l de
rocha, poliestireno expandido, cortia e atualmente, poliuretano
expandido.

75
Com relao ao formato, os refrigeradores podem ser
verticais e horizontais, levando em conta a posio da porta. A
porta vertical frontal facilita o manuseio e localizao dos
alimentos, por isso mais comum na utilizao domstica, mas
ocasiona muita perda de ar frio cada vez que aberta, causando
maior consumo de energia para recuperar a temperatura. A porta
horizontal superior, apesar da desvantagem com relao
organizao dos alimentos, tem a vantagem de menor perda a
cada vez que aberta, pois o ar frio, mais denso, tem a tendncia
de ficar embaixo.

Os compressores, os consumidores diretos de energia, so
o principal objeto de ateno no projeto de um refrigerador,
principalmente partir de 1 de janeiro de 2006, quando todos os
refrigeradores fabricados no pas teriam de contar com a etiqueta
de eficincia energtica do Programa Brasileiro de Etiquetagem,
coordenado pelo Inmetro. Segundo o Procel, os aparelhos que
exibem a marca Procel so cerca de 28% mais econmicos do
que os que no tm o selo. Atualmente, cerca de 70% dos
produtos etiquetados j esto na Categoria A. Anualmente, os
produtos so reavaliados para garantir que o selo s esteja nos
produtos com maior eficincia de economia de energia. As
estatsticas mostram que os refrigeradores, freezers e aparelhos
de ar condicionado de uso domstico que tm selo Procel
apresentam atualmente um consumo de energia de 40% a 50%
76
menor do que os modelos semelhantes produzidos at 1994,
quando surgiu o programa.

Nesse objetivo, os fabricantes de compressores tm
desenvolvido produtos cada vez mais eficientes, exemplo disso
so os compressores da Linha VCC (Compressor de Capacidade
Varivel), Embraco, utiliza um inversor que tem um comando
eletrnico com software que controla a rotao do motor variando
entre 1600 a 4500 rpm, dependendo da temperatura medida pelo
sensor no interior do refrigerador. As vantagens: reduo do
consumo de energia em at 45%, operao mais silenciosa,
melhor conservao dos alimentos em funo de temperaturas
mais estveis dentro do gabinete. Dessa forma evita-se o
funcionamento desnecessrio do compressor a plena potncia,
aumentando a economia de energia. Embora essa linha ainda seja
apenas exportada para utilizao em produtos na Europa, a
tendncia que, com a queda no custo, possa equipar
refrigeradores no Brasil, em breve.

Em se tratando de Energia Solar, existem outros tipos de
motores acionando os compressores. So motores de corrente
contnua, que evitam o uso de inversores que encarecem e
diminuem o rendimento do sistema.

77
Vrias empresas, nacionais e estrangeiras j oferecem
produtos para esse segmento: a nacional Sol & Vento Energia
Alternativa uma delas, e tem vrios modelos disponveis. A
alem: Phocos Solar Energy outro exemplo.

10 Viabilidade das Aplicaes

Para se avaliar a viabilidade da utilizao de um sistema de
alimentao fotovoltaico, tendo o motor eltrico como uma das
cargas, necessrio levar em conta alguns fatores determinantes:
potncia instalada, tipos de cargas e forma de utilizao das
mesmas e custo.

Quando se utilizam refrigeradores comuns, alimentados por
inversores, h que se considerar o pico de corrente na partida, que
ultrapassa seis vezes a corrente em regime normal de trabalho. O
inversor deve suportar esse pico no tempo da partida, ou seja,
entre um e dois segundos. Isto presume o superdimensionamento
do inversor, aumentando consideravelmente o custo e o consumo
em vazio. Quando o inversor j estiver incorporado no
compressor, sendo possvel o uso de motores trifsicos e com a
possibilidade de partidas com rampa, vai se comportar como uma
carga normal no sistema, mas ainda no um produto de linha
aqui no Brasil.
78
O que existe de concreto e pronto no mercado, so os
refrigeradores com motores de corrente contnua, que tem um
custo inicial maior, mas que se pagam em pouco tempo,
considerando a economia global do sistema.

Na tabela 4, um quadro comparativo de consumo e preo
de refrigeradores horizontais de capacidades aproximadamente
equivalentes, incluindo modelos normais da marca Electrolux.

Tabela 4 Quadro comparativo de modelos de refrigeradores
FABRICANTE
MODELO
Capacidade
TENSO CONSUMO
PREO
R$
H160 127/220VCA 656Wh/d 1.199,00
ELECTROLUX
(Brasil) H210 127/220VCA 1693Wh/d 1.069,00
HFR150 12/24VCC 1056 / 979Wh/d 3.234,00
SOL&VENTO
(Brasil) HFR260 12/24VCC 2361/2246Wh/d 4.506,00
FR165 12/24VCC 168 / 444Wh/d 2.500,00
PHOCOS
(Alemanha)
FR225 12/24VCC 204 / 540Wh/d 2.900,00

Obs.: preos cobrados no Brasil.

11 Concluses e Perspectivas:

fato que a tendncia da massificao das tecnologias de
energia limpa j um caminho sem volta, seja por necessidade de
uso em reas isoladas, seja por presso de sade ambiental, por
polticas de economia ou mesmo substituio de fontes geradoras
em extino.
A boa notcia para a aplicao de energia solar fotovoltaica
em sistemas domsticos que j esto sendo produzidos
79
refrigeradores com inversores integrados, com comandos
inteligentes, isto , que controlam no somente o momento de
ligar e desligar como tambm o regime de rotaes necessrias
para determinadas circunstncias, resultando em maior economia
de consumo de energia. Por hora, esses compressores s so
disponveis para corrente alternada e so exportados para a
Europa, onde a conscientizao de economia e meio ambiente
mais forte.

Fora isso, h outras tecnologias de refrigerao em
desenvolvimento, procurando sempre o melhor desempenho com
relao ao consumo e menor impacto ambiental, mas que ainda
no alcanaram custos competitivos.

O desafio que estes refrigeradores de alta eficincia
cheguem ao mercado brasileiro com preos competitivos. Ainda
tambm no h uma definio clara sobre que linha de
refrigeradores ir prevalecer para serem alimentados com energia
solar fotovoltaica: a linha de corrente continua com compressores
de alta eficincia e alta capacidade de isolamento trmico, porta
horizontal ou os refrigeradores de corrente alternada tambm com
compressores de alta eficincia com controle de freqncia e
corrente de partida. Estes segundos exigem o desenvolvimento
paralelo de inversores de alta eficincia para no se perder no
inversor o que se ganha no refrigerador.
80

O desenvolvimento destes refrigeradores poder sanar uma
das grandes desvantagens da eletrificao rural com energia solar
fotovoltaica que a impossibilidade do usurio rural contar com
refrigerao domstica.

11- Bibliografia
Revista Eletrnica de Cincias N 8 Junho/2002
Srgio Gasques Rodrigues
Manual de Motores Eltricos de Corrente Alternada
WEG Sta. Catarina Brasil
PEREIRA, LUS ALBERTO - Introduo mquina de
induo, Editora PUCRS - DEEE
CAMPANA S.; OLIVEIRA FILHO D.; SOARES A. A.;
OLIVEIRA R. A.

- Adequao de fora motriz em
sistemas de irrigao por asperso convencional e piv
central, Departamento de Engenharia Agrcola - DEA,
Universidade Federal de Viosa - UFV
www.pucrs.br/cbsolar/ntsolar/energia.php (acessado em
junho/2007)
81
www.mbtenergia.com.br/frigosol1.htm (acessado em
junho/2007)

www.pea.usp.br/ext/pea2420/FV_BATERIA.doc (acessado
em junho/2007) - Anotaes de aula de Prof.: Eliane
Aparecida Faria Amaral Fadigas - USP

www.eee.ufg.br/cepf/pff/2002/ee_14.pdf (acessado em
julho/2007)
Rendimento do conjunto inversor / motor de induo
sob diferentes condies de carga.
Eduardo Borges Simo / Manoel Ferreira de Almeida Neto

www.cepa.if.usp.br/energia (acessado em julho/2007)

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