This document discusses using solar photovoltaic energy to power domestic refrigeration motors. It covers solar energy technology, electric motors, basic systems for refrigeration motors, photovoltaic modules, charge controllers, batteries, inverters, refrigerators, and the viability of these applications. The goal is to provide homes without grid access electricity using solar energy to power common appliances like refrigerators.
This document discusses using solar photovoltaic energy to power domestic refrigeration motors. It covers solar energy technology, electric motors, basic systems for refrigeration motors, photovoltaic modules, charge controllers, batteries, inverters, refrigerators, and the viability of these applications. The goal is to provide homes without grid access electricity using solar energy to power common appliances like refrigerators.
This document discusses using solar photovoltaic energy to power domestic refrigeration motors. It covers solar energy technology, electric motors, basic systems for refrigeration motors, photovoltaic modules, charge controllers, batteries, inverters, refrigerators, and the viability of these applications. The goal is to provide homes without grid access electricity using solar energy to power common appliances like refrigerators.
This document discusses using solar photovoltaic energy to power domestic refrigeration motors. It covers solar energy technology, electric motors, basic systems for refrigeration motors, photovoltaic modules, charge controllers, batteries, inverters, refrigerators, and the viability of these applications. The goal is to provide homes without grid access electricity using solar energy to power common appliances like refrigerators.
Baixe no formato PDF, TXT ou leia online no Scribd
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 81
UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS
FORMAS ALTERNATIVAS DE ENERGIA
PS-GRADUAO
ALIMENTAO DE MOTORES PARA REFRIGERAO DOMSTICA UTILIZANDO ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA
LUIS ROBERTO OSIS
LAVRAS / MG 2007
2
LUIS ROBERTO OSIS
ALIMENTAO DE MOTORES PARA REFRIGERAO DOMSTICA UTILIZANDO ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA
Monografia apresentada ao Departamento de Engenharia da Universidade Federal de Lavras, como parte das exigncias do Curso de Ps- Graduao Lato Sensu em Formas Alternativas de Energia para a obteno do ttulo de especializao.
Orientador Prof. Carlos Alberto Alvarenga
LAVRAS MINAS GERAIS BRASIL 2007
3 LUIS ROBERTO OSIS
ALIMENTAO DE MOTORES PARA REFRIGERAO DOMSTICA UTILIZANDO ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA
Monografia apresentado ao Departamento de Engenharia da Universidade Federal de Lavras, como parte das exigncias do Curso de Ps- Graduao Lato Sensu em Formas Alternativas de Energia para a obteno do ttulo de especializao.
APROVADA em ____ de____________de 2007
Prof.___________________________________
Prof.___________________________________
Prof. Carlos Alberto Alvarenga UFLA (Orientador)
LAVRAS MINAS GERAIS BRASIL 2007
4
D E D I C A T R I A
minha querida esposa Eliane, que sempre me incentivou e tem sido exemplo de dedicao e compreenso. Aos meus queridos filhos, Martha e Lucas, pelo apoio e motivao. Gratido a Deus pela oportunidade de desenvolver os dons que me deu.
5 RESUMO
A crescente preocupao com a disponibilidade de energia tem motivado a pesquisa para as mais diversas formas de obt-la. H ainda muitas regies no Brasil excludas das vantagens da utilizao da energia eltrica por no terem acesso a ela via linha de transmisso. Com a fartura de incidncia dos raios solares, a energia solar fotovoltaica uma soluo importante. Essa tecnologia tem experimentado grande avano com o desenvolvimento de materiais e equipamentos compatveis, facilitando a alimentao de domiclios remotos. Este trabalho contm informaes bsicas sobre a energia fotovoltaica e o sistema prprio para alimentar refrigeradores a partir dela. Tendo as clulas fotovoltaicas como captadoras de energia, o controlador de carga dosa corretamente a carga das baterias que vo alimentar diretamente cargas como lmpadas e receptores de rdio e televiso, e tambm inversores para energizar equipamentos que necessitam de corrente alternada, como os refrigeradores domsticos comuns. J encontram-se disponveis no mercado eletrodomsticos para uso em sistemas fotovoltaicos. Mas necessria uma poltica para aumentar os incentivos a esse tipo de pesquisa por parte dos governos e rgos relativos, para que a energia fotovoltaica torne-se mais acessvel.
6
SUMRIO
Resumo ............................................................................. 05 Lista de figuras ................................................................. 07 Lista de tabelas ................................................................. 08 Introduo ........................................................................ 09 Energia Solar .................................................................... 11 Motores Eltricos ............................................................ 16 Sistema Bsico para Motores de Refrigerao ............. 32 Mdulo Fotovoltaico ........................................................ 34 Controlador de Carga ...................................................... 40 Baterias ............................................................................. 44 Inversor ............................................................................. 58 Refrigerador ..................................................................... 69 Viabilidade das Aplicaes ............................................. 77 Concluses e Perspectivas ............................................... 78 Bibliografia ....................................................................... 80
7 LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Tringulo de potncias................................... 22 Figura 2 Fator de potncia ........................................... 23 Figura 3 Sistema de alimentao para refrigerador... 33 Figura 4 Diagrama de uma clula solar ...................... 35 Figura 5 Constituio de um mdulo fotovoltaico ...... 37 Figura 6 Mdulo fotovoltaico concentrador ................ 38 Figura 7 Sistema fotovoltaico autnomo ...................... 40 Figura 8 Reguladores Shunt e Srie ............................. 42 Figura 9 Perfil de carga de baterias ............................. 52 Figura 10 Curvas de carga de baterias ........................ 52 Figura 11 Perfil da tenso na descarga de baterias .... 53 Figura 12 Partes da clula eletroqumica .................... 54 Figura 13 Comparao entre ondas PWM ................. 65 Figura 14 Sobremodulao PWM ................................ 67 Figura 15 Esquema de refrigerador ............................. 70 Figura 16 Circulao de gs Freon ............................... 71 Figura 17 Ar frio no refrigerador ................................ 72 Figura 18 Temperatura dos alimentos ......................... 73
8
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Comparao de compressores ...................... 28 Tabela 2 Tenso de baterias chumbo-cido ................ 55 Tabela 3 Tenso de baterias nquel-cdmio ................ 56 Tabela 4 Comparao modelos de refrigeradores....... 78
9 ALIMENTAO DE MOTORES PARA REFRIGERAO DOMSTICA UTILIZANDO ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA
1 - Introduo
A sociedade moderna, tecnologicamente avanada, j no pode ignorar a importncia da energia no seu cotidiano. E a forma de energia mais verstil e que mais adapta-se civilizao atual a eletricidade. O setor de transportes tem a tendncia de utiliz-la com maior abrangncia, mesmo porque ainda no aproveitada em larga escala neste segmento. No caso do Brasil, que tem uma extenso territorial significativa, torna-se um difcil desafio fornecer energia eltrica para a populao em reas com tantas diferenas geogrficas, econmicas e sociais. Mesmo sendo a hidroeletricidade a maior parte da energia gerada no pas, necessrio considerar os efeitos ambientais negativos causados por grandes projetos hidroeltricos executados sem os devidos cuidados. O resultado da emisso de poluentes na atmosfera pela queima de combustveis fsseis na gerao de energia no deve passar despercebido. Dentre os tipos de energia limpa pesquisados e desenvolvidos na atualidade, a solar destaca-se pela abundncia, potencial e, principalmente, a pequena interferncia no que diz respeito ao meio ambiente. O desenvolvimento da tecnologia tem 10 facilitado seu uso, tanto na sua gerao, como no rendimento da sua utilizao e baixando seus custos de instalao. necessria, portanto, a conscientizao de todos os setores que envolvem o uso da energia eltrica quanto importncia da utilizao dessa tecnologia em proporo cada vez maior.
As cargas possveis de serem alimentadas pela energia solar so inmeras, principalmente as que demandam quantidade menor de consumo. Cargas domsticas comuns como iluminao, aparelhos de som e televiso, so alguns exemplos. Os aparelhos que utilizam motores necessitam de uma ateno especial, por suas caractersticas diferenciadas como a elevada corrente de partida.
O desafio fornecer energia eltrica suficiente para que seja possvel o uso normal de cada equipamento, atendendo s suas caractersticas, sendo o motor eltrico, o caso de maior cuidado, pois necessita potncia de reserva para sua partida.
As perspectivas so boas, de acordo com a tendncia do desenvolvimento tecnolgico de se otimizar o consumo de diversas formas, como tivemos o exemplo da lmpada econmica que aumentou em muito o rendimento da produo de luz gerando menos calor, ou seja, menor desperdcio de energia. Na rea 11 motriz tambm h muito progresso com a evoluo dos inversores e motores de alto rendimento.
2 - Energia Solar Vive-se rotineiramente em contato com a fonte mais expressiva de energia do planeta, mas quase nunca sua importncia considerada como soluo para os problemas de suprimento energtico, sem poluir nem ameaar o meio scio- ambiental. A energia solar a fonte alternativa ideal, especialmente por algumas caractersticas bsicas: abundante, permanente, renovvel a cada dia, no polui nem prejudica o ecossistema e gratuita. A idia de utilizar a energia solar remonta aos tempos antigos. Alguns historiadores acreditam que Arquimedes incendiou navios romanos concentrando sobre eles raios solares refletidos por espelhos. Em 1774, Lavoisier, famoso qumico francs, construiu um forno solar com uma lente de aproximadamente 1,5 m de dimetro e conseguiu obter a temperatura de 1700C. Durante as dcadas de 1870 e 1880, John Ericsson, engenheiro sueco-americano, props um sistema para transformar a energia solar em mecnica. Um dos dispositivos teria produzido mais de um cavalo-vapor mtrico (746W) por 9,5m de superfcie coletora. 12 A pesquisa moderna sobre o uso da energia solar teve incio durante a dcada de 1930. dessa poca a inveno de uma caldeira movida a energia solar, criao do fsico norte- americano Charles G. Aboot, e o incio dos programas solares Godfrey Cabot, na Universidade de Harvard e no Instituto de Tecnologia de Massachusets, ambos nos Estados Unidos. Em 1954, os Laboratrios Bell Telephone criaram a bateria solar. Nesse mesmo ano, cientistas especializados em energia solar construram, ainda nos EUA, a Associao para Aplicao da Energia Solar, com o objetivo de pesquisar meios de aproveitar a energia do Sol. Em meados da dcada de 1970, a escassez de petrleo e gs natural estimulou nos EUA esforos para obter, com a energia solar, uma fonte produtora de fora realmente funcional. Em 1974, o Congresso norte-americano aprovou a lei sobre pesquisa e desenvolvimento da energia solar. A lei autorizava um programa nacional de pesquisa da energia solar, a fim de desenvolver sistemas mais efetivos para captar, concentrar e armazenar a energia do Sol. Esses sistemas deveriam assegurar o uso econmico da energia solar na calefao e refrigerao das habitaes e edifcios de escritrios e facilitar aos engenheiros a construo de usinas destinadas a converter a energia solar em eletricidade para uso industrial. 13 No Brasil, embora a gerao de energia solar ainda seja pequena, incluindo a utilizada em aquecedores solares, tem demonstrado o potencial de economia de eletricidade, visto que o nosso pas um dos mais ricos no mundo em incidncia de raios solares. Alguns municpios do Nordeste, como Petrolina (PE), Floriano (PI) e Bom Jesus da Lapa (BA), por exemplo, recebem intensidade de luz solar comparvel registrada em Dongola, no Sudo, o ponto do planeta onde o Sol incide com maior potncia. A conscincia ecolgica para o consumo de energias limpas e necessidade de abastecer locais remotos, distantes das redes de eletricidade convencionais, no so os nicos fatores de incentivo energia solar. A descoberta de novas tecnologias, mais racionais e baratas, faz despencar o custo destes sistemas. Gasta-se cerca de quinze dlares para gerar um watt de potncia eltrica a partir de energia solar. Para uma residncia mdia de dois dormitrios, por exemplo, situada a trs km da rede eltrica convencional, mais barato instalar painis solares do que ligar linha eltrica. A energia solar est tornando-se cada vez mais competitiva em relao s hidreltricas e a tendncia que esse custo de produo diminua ainda mais. Por estes motivos, cientistas da Universidade Federal de Pernambuco continuam trabalhando duro nos testes de um painel solar indito no mundo, capaz de gerar o dobro da energia eltrica com a mesma quantidade de coletores de um equipamento 14 convencional. Ele tem concavidades na forma de prismas, com espelhos que concentram os raios solares, antes dispersos na placa plana. Alm disso, um sistema de sensores, acoplado a um microprocessador e a um motor, faz o equipamento acompanhar o deslocamento do Sol. Testado no campus da universidade, o coletor poder fornecer energia eltrica a 16 moradias ao mesmo tempo, abastecimento antes possvel somente atravs de painis individuais. Os engenheiros da PUC do Rio de Janeiro desenvolvem uma geladeira solar que produz cinco kg de gelo por dia. Ela pode ser til em colnias de pescadores ou em postos de sade isolados para conservar vacinas. Limpa e ecologicamente correta, a energia solar tambm pode fazer uma boa diferena no bolso do consumidor. Em Belo Horizonte, substituir o chuveiro eltrico virou moda. O aparelho, que consome muita energia e aumenta o preo da conta no fim do ms, est sendo trocado por gua aquecida pelo calor da luz solar. Na capital mineira, 250 sistemas coletivos de mdio e grande porte, capazes de aquecer acima de dois mil litros de gua por dia, instalados em condomnios de luxo, hotis e hospitais, somam-se s cerca de mil residncias que adotaram o sistema de aquecimento individual. As contas de luz diminuram at 50%. Um dos maiores coletores solares da cidade, com mais de 804 m de rea, foi instalado no Motel Dallas. L, todas as 92 sutes tm banheiras de hidromassagem e chuveiros alimentados por gua aquecida pelo Sol. 15 O melhor indcio, no entanto, de que a energia solar veio para ficar, foi dado pela Shell, companhia petrolfera. A empresa prev que, at o ano de 2050, metade da energia usada no mundo vir de fontes renovveis, como: luz solar, ventos, biomassa e gua corrente. Entre essas alternativas: petrleo, gs, carvo (fontes esgotveis) e energia nuclear, a energia solar est entre as mais promissoras. Os nmeros indicam que esse mercado cresce 14% ao ano e a Shell pretende investir quinhentos milhes de dlares para expandir sua capacidade de produo de clulas fotovoltaicas (coletores). No estgio atual de desenvolvimento, cada metro quadrado de coletor solar instalado permite economizar 55 kg de gs liquefeito de petrleo (GLP) por ano ou 66 litros de diesel por ano ou evitar a inundao de cerca de 56 m para a gerao de energia eltrica ou ainda eliminar o consumo anual de 215 kg de lenha. A natureza agradece. 3 Motores Eltricos
3.1. Motor eltrico
a mquina destinada a transformar energia eltrica em energia mecnica. O motor de induo o mais usado de todos os tipos de motores, pois combina as vantagens da utilizao da energia eltrica baixo custo, facilidade de transporte, limpeza e 16 simplicidade de comando com sua construo simples, custo reduzido, grande versatilidade de adaptao s cargas dos mais diversos tipos e melhores rendimentos. Os tipos de motores eltricos mais comuns so:
a) Motores de corrente contnua So motores de custo mais elevado e, alm disso, precisam de uma fonte de corrente contnua, ou de um dispositivo que converta a corrente alternada em contnua. Podem funcionar com velocidade ajustvel entre amplos limites e se prestam a controles de grande flexibilidade e preciso. Por isso, seu uso restrito a casos especiais em que estas exigncias compensam o custo muito mais alto da instalao.
b) Motores de corrente alternada So os mais utilizados, porque a distribuio da energia eltrica feita normalmente em corrente alternada. Os principais tipos so: Motor sncrono: funciona com velocidade fixa; utilizado somente para grandes potncias (devido ao seu alto custo em tamanhos menores) ou quando se necessita de velocidade invarivel.
Motor de induo: funciona normalmente com velocidade constante, que varia ligeiramente com a 17 carga mecnica aplicada ao eixo. Devido a sua grande simplicidade, robustez e baixo custo, o motor mais utilizado de todos, sendo adequado para quase todos os tipos de mquinas acionadas, encontradas na prtica. Atualmente possvel controlar a velocidade dos motores de induo com o auxlio de inversores de freqncia.
3.2. Conceitos Bsicos
So apresentadas a seguir algumas grandezas bsicas, cuja compreenso ajuda a entender melhor o funcionamento do motor eltrico.
a) Conjugado
O conjugado (tambm chamado torque, momento ou binrio) a medida do esforo necessrio para girar um eixo.
sabido, pela experincia prtica que, para levantar um peso por um processo semelhante ao usado em poos, a fora necessria para aplicar manivela depende do seu comprimento. Quanto maior for a manivela, menor ser a fora necessria para se realizar o trabalho.
18
b) Energia e potncia mecnica
A potncia mede a velocidade com que a energia aplicada ou consumida e calcula-se dividindo o trabalho total pelo tempo gasto em realiz-lo.
c) Energia e potncia eltrica
Embora a energia seja uma s, pode apresentar-se de formas diferentes. Ligando-se uma resistncia a uma rede eltrica com tenso, passar uma corrente eltrica que aquecer a resistncia. A resistncia absorve a energia eltrica e a transforma em calor, que tambm uma forma de energia. Um motor eltrico absorve energia eltrica da rede e a transforma em energia mecnica na ponta do eixo.
A unidade de medida usual para potncia eltrica o watt (W), corresponde a um volt x um ampre. Esta unidade tambm usada para medida de potncia mecnica.
A unidade de medida usual para energia eltrica o quilo- watt-hora (kWh) correspondente energia fornecida por uma potncia de um kW funcionando durante uma hora a unidade que aparece, para cobrana, nas contas de luz. 19
Circuitos de corrente contnua A potncia eltrica, em circuitos de corrente contnua, pode ser obtida atravs da relao da tenso (U), corrente (I) e resistncia (R) envolvidas no circuito, ou seja:
P= U.I (W) ou, U P= (W) R ou, P= R.I (W)
Onde: U = tenso em volt I = corrente em ampre R = resistncia em ohm P = potncia em Watt
Circuitos de corrente alternada a) Resistncia No caso de resistncias, quanto maior a tenso da rede, maior ser a corrente e mais depressa a resistncia ir se aquecer. Isto quer dizer que a potncia eltrica ser maior. A potncia eltrica absorvida da rede, no caso da resistncia, 20 calculada multiplicando-se a tenso da rede pela corrente, se a resistncia (carga) for monofsica.
P = Uf.If (W)
No sistema trifsico a potncia em cada fase da carga ser Pf = UfxIf, como se fosse um sistema monofsico independente. A potncia total ser a soma das potncias das trs fases, ou seja:
P = 3P = 3. Uf . If
Lembrando que o sistema trifsico e ligado em estrela ou tringulo, temos as seguintes relaes:
Ligao estrela: U = 3 . Uf e I = If
Ligao tringulo U = Uf e I = 3 . If
Assim, a potncia total, para ambas as ligaes ser:
P = 3 . U . I (W)
b) Cargas reativas
Para as cargas reativas, ou seja, onde existe defasagem, 21 como o caso dos motores de induo, esta defasagem tem que ser levada em conta e a expresso :
P = 3 . U . I cos (W)
Onde U e I so, respectivamente, tenso e corrente de linha e cos o ngulo entre a tenso e a corrente de fase.
c) Potncia aparente, ativa e reativa
Potncia aparente (S) o resultado da multiplicao da tenso pela corrente (S = U . I para sistemas monofsicos e S = 3 . U . I, para sistemas trifsicos). Corresponde potncia que existiria se no houvesse a defasagem da corrente, ou seja, se a carga fosse formada por resistncias. Ento,
P S = (VA) Cos
A unidade de medidas para a potncia aparente o volt- ampre (VA).
Potncia ativa (P) a parcela da potncia aparente que realiza trabalho, ou seja, que transformada em energia.
P = 3 . U . I cos (W) 22 ou P = S . cos (W)
Potncia reativa (Q) a parcela da potncia aparente que no realiza trabalho. Apenas transferida e armazenada nos elementos passivos (capacitores e indutores) do circuito.
Q = 3 . U . I sen (VAr) ou Q = S . sen (VAr)
Figura - 1 Tringulo de potncias (carga indutiva)
d) Fator de potncia
O Fator de potncia, indicado por cos, onde o ngulo de defasagem da tenso em relao corrente, a relao entre a potncia real (ativa) P e a potncia aparente S (figura 1). P
S Q 23
P P(kW) . 1000 Cos = = S 3 . U . I
Assim: Carga Resistiva: Cos = 1 Carga Indutiva: Cos atrasado Carga Capacitiva: Cos adiantado Os termos atrasado e adiantado, referem-se fase da corrente em relao fase da tenso. Um motor no consome apenas potncia ativa que e depois convertida em trabalho mecnico, mas tambm potncia reativa, necessria para magnetizao, mas que no produz trabalho. No diagrama da figura 2, o vetor P representa a potncia ativa e o Q a potncia reativa, que somadas resultam na potncia aparente S. A relao entre potncia ativa, medida em kW e a potncia aparente medida em kVA, chama-se fator de potncia.
Figura - 2 O fator de potncia determinado medindo-se a potncia de entrada, a tenso e a corrente de carga nominal S P Q
24 Importncia do fator de potncia Visando otimizar o aproveitamento do sistema eltrico brasileiro, reduzindo o trnsito de energia reativa nas linhas de transmisso, subtransmisso e distribuio, a portaria do DNAEE nmero 85, de 25 de maro de 1992, determina que o fator de potncia de referncia das cargas passasse dos ento atuais 0,85 para 0,92. A mudana do fator de potncia d maior disponibilidade de potncia ativa ao sistema, j que a energia reativa limita a capacidade de transporte de energia til. O motor eltrico uma pea fundamental, pois dentro das indstrias, representa mais de 60% do consumo de energia. Logo, imprescindvel a utilizao de motores com potncia e caractersticas bem adequadas sua funo. O fator de potncia varia com a carga do motor.
Correo do fator de potncia O aumento do fator de potncia realizado com a ligao de uma carga capacitiva, em geral, um capacitor ou motor sncrono super excitado, em paralelo com a carga.
f) Rendimento
O motor eltrico absorve energia eltrica da linha e a transforma em energia disponvel no eixo. O rendimento define a eficincia com que feita essa transformao. 25
g) Relao entre conjugado e potncia
Quando a energia mecnica aplicada sob forma de movimento rotativo, a potncia desenvolvida depende do conjugado e da velocidade de rotao.
3.3. Motores de induo monofsicos
O motor monofsico possui em geral apenas um enrolamento principal (ou de trabalho) no estator, o qual ligado a uma rede monofsica. Ao ser ligado a uma rede de tenso alternada senoidal, circula no mesmo uma corrente igualmente senoidal. O campo criado por esta corrente possui uma distribuio espacial no entreferro muito prxima de uma senide, cujo valor instantneo depende da corrente instantnea do enrolamento. O campo criado assim um campo do tipo pulsante, o qual induz uma tenso no enrolamento do rotor. Imaginando-se que o rotor esteja parado, a fora de interao dos campos criados pelo estator e pelo rotor faz surgir um torque que atua com igual intensidade nos dois sentidos de rotao do motor. Como resultado o motor no apresenta conjugado de partida, e assim no consegue, por ele mesmo, acelerar e atingir a rotao nominal. Desta forma necessrio dotar o motor monofsico de um dispositivo auxiliar de partida, a fim de que o mesmo possa ser 26 utilizado. Os dispositivos de auxlio atuam basicamente no sentido de criar um desequilbrio no campo do estator.
Uma vez que o motor comea a girar observa-se que o torque fornecido pelo motor no sentido de rotao maior que o torque exercido no sentido contrrio, ou seja, o motor passa a fornecer um torque acelerante. A forma mais usual de partida o emprego de um enrolamento auxiliar, o qual pode atuar apenas na partida ou ainda ser conectado para funcionamento permanente. Os tipos mais comuns de motores monofsicos com enrolamento auxiliar so os seguintes:
Motor com partida a resistncia e chave centrfuga; Motor com partida a capacitor e chave centrfuga; Motor com capacitor permanente; Motor com duplo capacitor.
Motores monofsicos so em geral maiores e possuem rendimentos menores que motores trifsicos de mesma potncia. 3.4. Motores trifsicos O motor de induo trifsico o tipo mais utilizado, tanto na indstria como no ambiente domstico, devido maioria dos sistemas atuais de distribuio de energia eltrica serem trifsicos de corrente alternada. 27 A utilizao de motores de induo trifsicos aconselhvel a partir dos dois kW, Para potncias inferiores justifica-se o monofsico. O motor de induo trifsico apresenta vantagens com relao ao monofsico. Uma partida mais fcil, o rudo menor e so mais baratos para potncias superiores a dois kW. 3.5. Partida A corrente consumida por um motor varia muito com as circunstncias. Na maioria dos motores, a corrente muito alta na partida, caindo gradativamente (em alguns segundos) com o aumento da velocidade. Atingidas as condies de regime, isto , motor com velocidade nominal, fornecendo a potncia nominal a uma carga, ela atinge o seu valor nominal - aumentando, porm, se ocorrer alguma sobrecarga. Na partida, um motor solicita da rede eltrica uma corrente muitas vezes superior nominal; a relao entre a corrente de partida IP, e a corrente nominal IN, varia com o tipo e o tamanho do motor, podendo atingir valores superiores a oito. Esta relao depende tambm do tipo de carga acionada pelo motor. Os motores de corrente alternada de filosofia norte-americana e potncia igual ou superior a meio HP levam a indicao de uma letra-cdigo, que fornece a relao aproximada dos kVA consumidos por HP com rotor bloqueado; evidentemente, o motor 28 nunca funciona nessas condies (rotor bloqueado), porm, no instante da partida ele no est girando e, portanto, essa situao vlida at que ele comece a girar. A corrente de partida dos motores utilizados nos refrigeradores do mercado brasileiro a frio muito prxima da corrente de rotor bloqueado (LRA). Isto vlido para a primeira partida ou em caso do motor estar desligado por longo tempo (motor frio). Com o motor j aquecido, durante os ciclos normais de funcionamento, a corrente de partida ser menor. Esta corrente de partida pode durar pouco mais de um segundo, mas geralmente est entre 0,6s e 0,8s. Tabela - 1 Comparao de alguns modelos de compressores com relao corrente de partida (Dados fornecidos pela Embraco) Modelo Tenso LRA I partida a frio I partida a quente EMI45HER 127V/60Hz 15 15,19 13,29 EMI45HER 220V/60Hz 9,3 8,27 7,37 EREMI30H 127V/60Hz 9,8 10,07 8,63 EMI30HER 220V/60Hz 7,0 6,93 5,94
3.6. Motores eltricos de alto rendimento O dimensionamento, a evoluo do projeto de motores ao longo do tempo trouxe grandes vantagens em termos de 29 diminuio de custo e peso dos equipamentos. Se comparados, por exemplo, os dados referentes a um motor de cinco cv, fabricado em 1888, com um equivalente fabricado um sculo depois, verifica-se que a massa diminuiu de 450 kg para cerca de 35 kg, e seu preo nominal (em valores da poca sem correo) foi reduzido de oitocentos dlares para cerca de 160 dlares. Esses, dentre outros fatores, se devem principalmente otimizao dos processos de clculo, que reduzindo fatores de segurana superestimados proporcionou conseqente diminuio das quantidades de ferro e de cobre contidos nos equipamentos. Alm disso, ocorreu a melhoria da qualidade do isolamento, permitindo operao dos motores em temperaturas mais elevadas. Nota-se, como resultado desta evoluo, que tambm o rendimento dos motores aumentou drasticamente no perodo. Nos dias de hoje a indstria de motores tem condies de oferecer equipamentos de alto rendimento, fisicamente similares aos modelos standard. Para se ter uma idia da melhoria do rendimento de motores de alta eficincia, em relao aos standard, com carregamento nominal tem-se que nas faixas de cem cv, dez cv e um cv os rendimentos so aproximadamente (94; 93), (90; 86) e (81; 73), respectivamente 1 .
1 Fabricantes WEG; EBERLE; KOHLBACH, 1999 30 Dentre os fatores que contribuem para o acrscimo da qualidade tcnica dos motores de alto rendimento citam-se: a) emprego de materiais selecionados; b) maior quantidade de cobre e ferro; c) processos de fabricao mais aperfeioados; d) tolerncias mais restritas. Como benefcio decorrente da utilizao desta tecnologia superior, ressalta-se que, motores de alto rendimento apresentam em mdia rendimentos e fatores de potncia superiores aos motores standard encontrados no mercado. A utilizao de motores de alto rendimento deve ser considerada como um equipamento promissor no que diz respeito racionalizao do uso da energia eltrica. Sua atratividade torna- se mais evidente nos seguintes casos: a) motores de baixa potncia; b) elevado fator de carga; c) longos perodos de funcionamento; d) casos em que o rebobinamento necessrio. Analisando-se as curvas caractersticas dos motores, observa-se que o rendimento e o fator de potncia decrescem com a reduo do ndice de carregamento do motor, ou seja, quanto menor este ndice menor a eficincia do motor. Nem sempre possvel ajustar a potncia do motor quela efetivamente necessria, e isto ocorre principalmente por trs motivos. Primeiro, os motores so oferecidos em potncias predeterminadas, e a fabricao especial de um motor com potncia diferente do padro do fabricante, seria antieconmica. Contudo, pode-se racionalizar o consumo de energia eltrica por meio da adequao de fora motriz, substituindo os motores mal dimensionados, por outros, de 31 potncia compatvel com a atividade em questo. Em segundo lugar, ocorrem casos em que o ndice de carregamento das mquinas varivel, este problema pode ser solucionado utilizando-se equipamentos como inversores de freqncia. Por ltimo o dimensionamento de motores eltricos depende do torque de partida da carga e do regime de funcionamento (nmero de partidas por hora). Nesse caso pode ser necessrio o uso de motores de maior potncia para suprir as caractersticas da carga. Quando o regime de trabalho for contnuo, deve-se especificar o motor para operar entre 75 e 100% da potncia nominal, o que corresponde faixa de melhor rendimento. O balanceamento de fases influencia na racionalizao do uso de energia eltrica. O desequilbrio entre fases provoca variao na rotao nominal e aumento da temperatura dos motores eltricos, tendo como conseqncia, a reduo do rendimento e o aumento nos gastos com consumo de energia eltrica. Os principais fatores que provocam o desequilbrio de tenso so a interrupo de uma das fases e o desequilbrio das cargas conectadas s diferentes fases. Um desbalanceamento da ordem de 2,4% entre as tenses de fase pode ocasionar um aumento nas perdas dos motores eltricos de aproximadamente 10%, causando assim uma diminuio tanto no rendimento quanto em sua vida til 2 .
2 WEG, 1998 32 Motores eltricos so equipamentos que, geralmente, dentro de certos limites tcnicos fornecem a quantidade de energia mecnica demandada pela carga. Isto significa que o rendimento do motor poder ser insatisfatrio e seu funcionamento pode ser otimizado, caso a demanda de potncia seja relativamente pequena. 4 Sistema Bsico para Motores de Refrigerao
O sistema para alimentar um refrigerador a partir da energia solar inclui basicamente o seguinte:
1 refrigerador comum com compressor hermtico, de baixo consumo, ou preferencialmente refrigeradores especiais para sistemas solares,
1 inversor,
baterias tipo estacionrias,
painis solares,
1 controlador de carga.
33
Figura - 3 Configurao do sistema para alimentar o refrigerador
Como funciona: os painis solares geram uma corrente contnua de tenso varivel, que no apropriada para carregar diretamente as baterias. necessrio "domesticar" essa corrente atravs de um controlador de carga para carregar as baterias. Por sua vez, a tenso das baterias no pode alimentar diretamente o refrigerador: preciso introduzir um inversor entre as baterias e o refrigerador para transformar a corrente contnua em corrente alternada adequada para acionar o motor do refrigerador.
O dimensionamento dos painis, do controlador de carga, das baterias e do inversor depende diretamente do consumo do 34 refrigerador. Por isso, importante escolher um aparelho de consumo Classe A. Cada sistema deve ser estudado com cuidado para constituir um conjunto coerente, sem custos inteis e que no gere decepes.
interessante observar que o inversor necessariamente dimensionado considerando-se o pico de partida do refrigerador, de modo que sobra potncia para ligar outros aparelhos de baixo consumo tais como rdio, TV, computador, at uma lmpada PL. Baterias e painis solares so calculados com uma folga suficiente para alimentar esses pequenos consumidores mesmo nos dias nublados.
Um sistema solar relativamente caro na instalao, mas no gera mais gastos durante anos. um investimento que d um retorno significativo na forma de conforto e de economia de alimentos para toda a famlia. O nico cuidado fica com as baterias que devem ser estacionrias, preferencialmente fotovoltaicas do tipo "ciclvel" (ou "de descarga semi-profunda" ou ainda "de reserva de energia") mantidas em bom estado. Estas necessitam ser substitudas periodicamente (aproximadamente a cada quatro anos).
35 5 Mdulo Fotovoltaico
Clula Solar de Silcio Cristalino: a estrutura de uma clula solar convencional mais bsica composta de uma lmina de silcio na qual so introduzidas impurezas doadoras, denominadas de tipo n, ou aceitadoras, denominadas de tipo p, e de contatos metlicos na face frontal e posterior. Em conseqncia, criado um campo eltrico no interior do material. Para diminuir a reflexo dos raios solares, deposita-se sobre a superfcie um filme anti- reflexo. Ao incidir radiao solar, produz-se tenso e corrente eltrica se o dispositivo for conectado a um circuito externo.
Figura - 4 Diagrama de uma clula solar
36 As melhores clulas de silcio fabricadas em laboratrio atingem eficincias de 24,7% e na indstria so obtidas eficincias de at 22%, porm com desenhos bastante complexos. Em linhas industriais convencionais, fabricam-se clulas de 12% a 15% de eficincia. O Mdulo Fotovoltaico Um mdulo fotovoltaico constitudo de clulas solares associadas eletricamente e, geralmente, em srie. A maioria dos mdulos convencionais encontrados no mercado so constitudos de 36 clulas solares de silcio. Conseqentemente, a tenso de circuito aberto, isto , a diferena de potencial quando a corrente eltrica nula, da ordem de vinte V. A potncia do mdulo, sob condies padro, varivel desde dez W a 150 W. Em conseqncia, o tamanho do dispositivo varia entre 0,2 m 2 a 1,5 m 2 .
Aps serem soldadas, as clulas so encapsuladas com a finalidade de isol-las do exterior e proteg-las das intempries bem como para dar rigidez ao mdulo. O mdulo, como mostra a Figura 5, constitudo das seguintes camadas: vidro de alta transparncia e temperado, acetato de etil vinila (EVA), clulas, EVA e filme de fluoreto de polivinila (Tedlar) ou vidro. A seguir, colocado o marco de alumnio, para dar o acabamento e facilitar a instalao. A durabilidade destes mdulos superior a trinta anos 37 e atualmente est determinada pela degradao dos materiais usados no encapsulamento, ou seja, a durabilidade das clulas solares de silcio cristalino bastante superior.
Figura - 5 Constituio de um mdulo fotovoltaico.
Alm dos mdulos fotovoltaicos convencionais, existem os mdulos concentradores de radiao solar. Alguns so projetados para serem fixados em estruturas, como os convencionais, denominados mdulos fotovoltaicos concentradores estticos. Outros, como o ilustrado na Figura 6, esto associados a um mecanismo para seguir o movimento aparente do Sol. O objetivo da concentrao da radiao solar reduzir o custo do mdulo fotovoltaico pela diminuio da rea de clulas solares e o acrscimo de um sistema ptico de baixo custo. 38
Figura - 6 Mdulo fotovoltaico concentrador desenhado para acompanhar o movimento do Sol ao longo do dia
Sistemas Fotovoltaicos Os sistemas fotovoltaicos fornecem energia eltrica a uma determinada demanda energtica, usando como fonte de energia a radiao solar. Portanto, o custo total resume-se no investimento inicial. Alm disso, quase no necessitam de manuteno e so de fcil instalao. No entanto, por depender diretamente das flutuaes naturais da radiao solar, a energia eltrica produzida varivel durante o dia e ao longo do ano. Por este motivo, em algumas situaes, so necessrios sistemas de armazenamento de energia. Os sistemas fotovoltaicos dividem-se em: autnomos e conectados rede eltrica convencional. 39 Na Figura 7 representa-se um esquema de um sistema fotovoltaico autnomo, que proporciona energia eltrica em residncias ou povoados em locais isolados. constitudo essencialmente de um conjunto de mdulos e baterias recarregveis associadas a controladores de carga. Durante os dias com elevados valores de radiao solar, os mdulos produzem energia eltrica. A quantidade que no utilizada pelos usurios armazenada nas baterias. Durante a noite e nos dias nublados, a energia para o consumo fornecida pelas baterias. Neste caso, a tenso proporcionada contnua e os instrumentos usados devem enquadrar-se a esta caracterstica. Se h necessidade de tenso alternada, associa-se ao sistema um inversor, que transforma a tenso contnua em alternada. No entanto, para que apresentem um timo desempenho e o menor custo necessrio um dimensionamento adequado. O dimensionamento de um sistema fotovoltaico autnomo consiste basicamente em encontrar a rea do conjunto de mdulos e a capacidade das baterias que melhor se enquadram demanda energtica, distribuio da radiao solar local e probabilidade de perda de carga (LLP) desejada e que resulta no menor custo da instalao. 40
Figura - 7 Esquema de um sistema fotovoltaico autnomo.
6 Controlador de Carga
O controlador de carga um dispositivo de fundamental importncia para preservar as baterias, aumentando sua vida til. As baterias so os elementos que armazenam energia. Com o auxlio delas, os consumidores podem usar noite ou em perodos de mau tempo a energia irradiada em dias de sol.
Funo: facilitar a mxima transferncia de energia do arranjo fotovoltaico para a bateria ou banco de baterias e proteg- las contra cargas e descargas excessivas, aumentando, consequentemente, a sua vida til.
Conhecidos tambm pelo nome de: Gerenciador de carga 41 Regulador de carga Regulador de tenso
Funes especficas: Desconectar o arranjo fotovoltaico quando a bateria atinge carga plena. Interromper o fornecimento de energia quando o estado de carga da bateria atinge um nvel mnimo de segurana. Monitorar o desempenho do Sistema Fotovoltaico (corrente e tenso de carregamento da bateria). Acionam alarmes quando ocorre algum problema.
Tipos de controladores de carga: Quanto grandeza utilizada para o controle: carga (integrao do fluxo de corrente na bateria), tenso e densidade do eletrlito. Forma que o controlador utiliza para desconectar o painel fotovoltaico da bateria quando esta apresenta carga plena: Shunt ou Srie. Estratgia de controle: em controladores de carga comerciais est baseada na tenso instantnea nos terminais da baterias que comparada ao limite superior e inferior.
42
Figura - 8 Reguladores Shunt e Srie
Especificao dos controladores de carga
Os parmetros para especificao dos controladores de carga so obtidos da:
Regulador Shunt
Regulador Srie
43 Demanda de energia Curvas de caractersticas das baterias, como as de carga e descarga e a de vida til (em ciclos) desejada
O mnimo necessrio para se especificar o controlador: Os valores de corrente mxima, que deve ser maior que a mxima corrente de curto-circuito esperada para o arranjo fotovoltaico Tenso de operao do sistema
Outras caractersticas desejveis, mas nem sempre disponveis nos modelos mais comuns: Set points ajustveis Proteo contra corrente reversa Desconexo da carga (Proteo Contra Descargas Excessivas) Compensao Trmica Alarmes e Indicaes Visuais Desvio de energia do arranjo Seguidor do ponto de mxima potncia Baixo consumo de potncia Proteo contra inverso de polaridade
44 7 Baterias
a) Classificao:
Recarregveis No-recarregveis
b) Tipo de clulas:
Primrias Secundrias
c) Para cada tipo de clula:
Diversas tecnologias de construo Diversas possibilidades de composio (materiais envolvidos)
Auto descarga Num processo espontneo, todas as baterias descarregam gradualmente, atravs de processos qumicos internos, quando no esto em uso. A este processo d-se o nome de auto- descarga. A taxa de auto-descarga normalmente especificada como uma percentagem da capacidade nominal que perdida todo ms.
Capacidade Embora a capacidade de uma bateria seja normalmente definida como a quantidade de Ampre-hora que pode ser retirado da mesma quando esta apresenta carga plena, pode-se, tambm, expressar capacidade em termos de energia (Watt-hora ou quilo Watt-hora).
Capacidade nominal uma estimativa conservadora do fabricante do nmero total de Ampres-hora que podem ser retirados de uma clula ou bateria nova para os valores especificados de corrente de descarga, temperatura e tenso de corte. 46
Capacidade instalada o total de Ampres-hora que pode ser retirado de uma bateria nova sob um conjunto especfico de condies operacionais, incluindo taxa de descarga, temperatura, e tenso de corte.
Capacidade Disponvel o total de Ampres-hora que pode ser retirado de uma bateria sob um conjunto especfico de condies operacionais, incluindo a taxa de descarga, temperatura, estado inicial da carga, idade e tenso de corte.
Capacidade de Energia Nmero total de Watts-horas que podem ser retirados de uma bateria totalmente carregada.
Ciclo A seqncia carga-descarga de uma bateria at uma determinada profundidade de descarga chamada de ciclo.
Densidade de Energia Energia nominal (capacidade de energia) normalizada pelo volume ou pelo peso da bateria.
47 Descarga Processo de retirada de corrente de uma bateria atravs da converso de potencial eletroqumico em energia eltrica, no interior da mesma. Quando a descarga ultrapassa 50% de capacidade da bateria, ela chamada de descarga profunda.
Eficincia Relao entre a sada til e a entrada.
Eficincia Coulmbica ou de Ampre-hora (Ah) Relao entre a quantidade de Ah retirados de uma bateria durante a descarga e a quantidade necessria para restaurar o estado de carga inicial. calculada atravs da integral da corrente ao longo do tempo de carga e descarga.
Eficincia de tenso Relao entre a tenso mdia durante a descarga de uma bateria e da tenso mdia durante a carga necessria para restaurar a capacidade inicial.
Eficincia de Energia ou de Watt-hora (Wh) Relao entre a energia retirada da bateria durante o processo de descarga e a energia necessria para restaurar o estado da carga inicial.
48 Estado da carga Capacidade disponvel em uma bateria expressa como percentagem da capacidade nominal. Por exemplo, se 25 Ah foram retirados de uma bateria de capacidade nominal de cem Ah, o novo estado da carga de 75%. o valor complementar da profundidade de descarga.
Profundidade de descarga A profundidade de descarga indica, em termos percentuais, quanto da capacidade nominal da bateria foi retirado a partir do estado de plena carga. Por exemplo, a remoo de 25 Ah de uma bateria de capacidade nominal de cem Ah resulta em profundidade de descarga de 25%. o valor complementar do estado da carga.
Flutuao Processo de carga que busca manter as baterias com um estado de carga prximo carga plena.
Sobrecarga quando continua forando-se corrente na bateria aps a mesma ter atingido a carga plena.
Taxa de carga Valor de corrente aplicado a uma bateria durante o processo de carga. Esta taxa normalmente normalizada em 49 relao capacidade nominal da bateria. Por exemplo, uma taxa de carga de dez horas para uma bateria de quinhentos Ah de capacidade nominal expressa da seguinte forma: Capacidade Nominal / Intervalo de Carga=500 Ah/10 horas=50 A.
Taxa de descarga Valor de corrente durante o processo de descarga de uma bateria. Esta taxa pode ser expressa em Ampres mas mais comumente encontrada normalizada pela capacidade nominal da bateria.
Tenso de circuito aberto Tenso nos terminais de uma bateria para um determinado estado de carga e uma determinada temperatura, na condio em que no h corrente entre os terminais.
Tenso de corte Valor de tenso em que a descarga da bateria interrompida. Pode ser especificada em funo das condies operacionais ou pode ser o valor determinado pelos fabricantes como tenso de final de carga, a partir da qual danos irreversveis podem ser causados bateria.
Tenso de final de carga 50 Tenso da bateria na qual o processo de carga interrompido por supor-se que a carga atingida suficiente ou que a bateria esteja plenamente carregada.
Tenso nominal A tenso mdia de uma bateria durante o processo de descarga com uma determinada taxa de descarga a uma determinada temperatura.
Vida til Pode ser expressa em duas formas, nmero de ciclos ou perodo de tempo, dependendo do tipo de servio para o qual a bateria foi especificada. Para o primeiro caso, a vida til o nmero de ciclos com uma determinada profundidade de descarga a que uma bateria pode ser submetida antes de apresentar falhas e satisfazendo s especificaes. f) Baterias recarregveis Automotivas Trao Estacionrias Fotovoltaicas
Forma de refinamento do eletrlito: Baterias abertas 51 Baterias seladas
Principais figuras de avaliao de baterias recarregveis: Densidade de energia (volumtrico ou peso) Eficincia, Capacidade Vida Cclica Taxa de auto descarga Reciclabilidade dos Materiais Custo
Fatores mais importantes que afetam o desempenho, a capacidade e a vida til de qualquer bateria recarregvel:
Profundidade de descarga (por ciclo) Temperatura Vida cclica Controle de carga / descarga Manuteno peridica
52
Figura - 9 Perfil tpico da tenso durante o carregamento de uma bateria chumbo-cido aberta com vrias taxas de carga
Figura - 10 Curvas tpicas da profundidade de descarga e temperatura na vida til da bateria
53
Figura - 11 Perfil tpico da tenso durante o processo de descarga de uma clula chumbo-cido aberta com vrias taxas de descarga
g) Baterias chumbo-cido
Material ativo da placa positiva (eletrodo): dixido de chumbo (PbO 2 ) Material ativo da placa negativa (eletrodo): chumbo metlico (Pb) Eletrlito: soluo diluda de cido sulfrico ( H 2 SO 4 ) (mistura de 36% de cido sulfrico e 64% de gua)
54
Figura - 12 Principais partes constituintes de uma clula eletroqumica
Efeito da temperatura: Quando a temperatura aumenta, a capacidade total tambm aumenta. Isto constitui-se em vantagem porm, acarreta alguns inconvenientes tais como o aumento da taxa de descarga, reduo do ciclo de vida e sulfatao acelerada em baterias que no esto totalmente carregadas.
55
Tabela - 2 Tenses caractersticas de clulas e baterias de chumbocido
Sulfatao: Formao de cristais de sulfato de chumbo nas placas das clulas. A sulfatao reduz permanentemente a capacidade da clula.
h) Baterias nquel-cdmio
Placas positivas: hidrxido de nquel Placas negativas: xido de cdmio Eletrlito: hidrxido de potssio
Tenses caractersticas Tenses a 20 o C (V) Clula Baterias com seis clulas Nominal 2 12 Tenso mxima 2,3 2,5 14,0 15,0 Tenso flutuao 2,2 2,3 13,0 14,0 Tenso de circuito aberto com carga plena 2,1-2,2 12,5-13,0 Tenso medida para limite da capacidade 1,8-1,9 10,8-11,4 Mudana das caractersticas de tenso com a temperatura -00,5 V para cada 10 0 c de aumento -0,33V para cada 10 0 C de aumento 56
Tabela - 3 Tenses caractersticas de clulas e baterias de nquel-cdmio
Tenses caractersticas Tenses a 20 0 C (V) Clula Bateria com dez clulas Nominal 1,25 12 Tenso mxima para baterias abertas 1,50-1,65 15,0 16,5 Tenso de flutuao para baterias abertas 1,40 1,45 14,0 14,5 Corrente de carregamento para baterias seladas C/10 C/10 Tenso de circuito aberto para os diversos estados de carga 1,20 1,35 12,0-13,5 Tenso limite 0 9
Vantagens: Baixo custo de manuteno Maior vida til Podem sofrer ciclos profundos e ser deixadas descarregadas Temperaturas elevadas tm menor efeito do que em baterias chumbo-cido
Desvantagens: Custo inicial maior Meios de medio do estado da carga no so simples
57 7.1. Caractersticas ideais para uso em sistemas fotovoltaicos
A operao de uma bateria, usada em um sistema solar fotovoltaico, deve atender a dois tipos de ciclos:
Ciclos rasos a cada dia Ciclos profundos por vrios dias (tempo nublado) ou semanas (durante o inverno)
As seguintes caractersticas devem ser observadas para que as baterias tenham um bom desempenho quando instaladas em um sistema solar fotovoltaico:
Elevada vida cclica para descargas profundas Necessidade de pouca ou nenhuma manuteno Elevada eficincia de carregamento Capacidade de permanecer completamente descarregada Baixa taxa de auto-descarga Confiabilidade Mnima mudana de desempenho, quando trabalhando fora das faixas de temperatura e operao
Outros fatores que tambm devem ser considerados, no momento de escolher a bateria adequada para esta aplicao:
58 Disponibilidade dos fornecedores Distncia, durao e custo do transporte para o local Custo da capacidade til para um ciclo Custo da capacidade til para um ciclo de vida Necessidade de manuteno durante o armazenamento Peso Densidade de energia Disponibilidade e custos de unidade de controle, se necessrio
8 Inversor
Conversores CC em CA so conhecidos como inversores. A funo de um inversor consiste em converter uma tenso de entrada CC em uma tenso de sada CA simtrica de amplitude e freqncia desejadas. A tenso de sada pode ser fixa ou varivel em uma freqncia tambm fixa ou varivel. Uma tenso de sada varivel pode ser obtida variando-se a amplitude da tenso de entrada CC e mantendo-se o ganho do inversor constante. O ganho do inversor pode ser definido como a relao entre a tenso de sada CA e a tenso de entrada CC. Por outro lado, se a tenso de entrada CC for fixa e no controlvel, uma tenso de sada varivel pode ser obtida pela variao do ganho do inversor, a qual normalmente realizada pelo controle modulao por largura de pulso (do ingls pulse width modulation PWM). 59 As formas de onda da tenso de sada de inversores ideais deveriam ser puramente senoidais. Entretanto, as formas de onda de inversores prticos so no senoidais e contm certos harmnicos. Para aplicaes de baixa e mdia potncia, tenses de onda quadrada ou quase quadrada podem ser aceitveis; e para aplicaes de potncia elevada, so necessrias formas de onda senoidais com baixa distoro. Com a disponibilidade de dispositivos semicondutores de potncia de alta velocidade, o contedo harmnico da tenso de sada pode ser minimizado ou reduzido significativamente por tcnicas de chaveamento.
Os inversores so amplamente utilizados em aplicaes industriais (por exemplo, acionamento de mquinas CA em velocidade varivel, aquecimento indutivo, fontes auxiliares, sistema de energia ininterrupta). A entrada pode ser uma bateria, clula combustvel, clula solar ou outra fonte CC. As sadas monofsicas tpicas so: a) 120 V a 60 Hz, b) 220 V a 50 Hz e c) 115 V a 400 Hz. Para sistemas trifsicos de alta potncia, as sadas tpicas so: a) 220 / 380 V a 50 Hz, b) 120 / 208 V a 60 Hz e c) 115 / 200 V a 400 Hz.
Os inversores podem, geralmente, ser classificados em dois tipos: a) inversores monofsicos, e b) inversores trifsicos. Cada tipo pode usar dispositivos com disparo ou bloqueio controlados (por exemplo, BJTs, MOSFETs, IGBTs, MCTs, SITs, GTOs) ou 60 tiristores em comutao forada, dependendo das aplicaes. Esses inversores em geral usam sinais de controle PWM para produzir uma tenso CA de sada. Um inversor chamado inversor alimentado por tenso (do ingls voltage-fed inverter VFI) se a tenso de entrada for constante; inversor alimentado por corrente (do ingls current-fed inverter CFI), se a corrente de entrada for mantida constante; e inversor com interligao CC varivel, se a tenso de sada for controlvel.
Os cicloconversores antecederam de certa forma os atuais inversores, eles eram utilizados para converter 60 Hz da rede em uma freqncia mais baixa, era uma converso CA-CA, j os inversores utilizam a converso CA-CC e por fim CC em CA novamente. Os inversores podem ser classificados pela sua topologia, esta por sua vez dividida em trs partes, sendo a primeira para o tipo de retificao de entrada, a segunda para o tipo de controle do circuito intermedirio e a terceira para a sada. Independente da topologia utilizada, temos agora uma tenso CC no circuito intermedirio e deveremos transformar em tenso CA para acionar o motor CA.
8.1. Blocos componentes do inversor
1 bloco - CPU 61 A CPU (unidade central de processamento) de um inversor de freqncia pode ser formada por um microprocessador ou por um microcontrolador (CLP). Isso depende apenas do fabricante. De qualquer forma, nesse bloco que todas as informaes (parmetros e dados do sistema) esto armazenadas, visto que tambm uma memria est integrada a esse conjunto. A CPU no apenas armazena os dados e parmetros relativos ao equipamento, como tambm executa a funo mais vital para o funcionamento do inversor: gerao dos pulsos de disparo, atravs de uma lgica de controle coerente, para os IGBTs.
2 Bloco - IHM O segundo bloco o IHM (Interface Homem Mquina). atravs desse dispositivo que se pode visualizar o que est ocorrendo no inversor (display), e configur-lo de acordo com a aplicao (teclas).
3 Bloco - Interfaces A maioria dos inversores pode ser comandada atravs de dois tipos de sinais: Analgicos ou digitais. Normalmente, quando se quer controlar a velocidade de rotao de um motor CA com inversor, utiliza-se uma tenso analgica de comando. Essa tenso situa-se entre 0 e 10 Vcc. A velocidade em rotaes por minuto (rpm) ser proporcional ao seu valor, por exemplo: 62 1Vcc = 1000 RPM 2Vcc = 2000 RPM
Para inverter o sentido de rotao basta inverter a polaridade do sinal analgico (de 0 a 10 Vcc sentido horrio, e 10 a 0 Vcc sentido anti-horrio). Esse o sistema mais utilizado em ferramentas automticas, sendo que a tenso analgica de controle provm de controle numrico computadorizado (CNC).
Alm da interface analgica, o inversor possui entradas digitais. Atravs de um parmetro de programao, se pode selecionar qual entrada vlida (analgica ou digital).
4 Bloco Etapa de potncia A etapa de potncia constituda por um circuito retificador, que alimenta (atravs de um circuito intermedirio chamado barramento CC), o circuito de sada inversor (mdulo IGBT).
8.2. Tipos de inversor
a) Inversor monofsico com terminal central; b) Inversor monofsico em ponte; c) Inversor trifsico em ponte; d) Inversor com fonte de corrente constante; e) Inversor a transistor de potncia. 63 8.3. Inversor PWM
Um inversor de freqncia PWM realiza o controle da freqncia e da tenso na seo de sada do inversor. A tenso de sada tem uma amplitude constante e atravs de chaveamento ou modulao por largura de pulso, a tenso mdia controlada.
O inversor bsico consiste no prprio inversor que converte a alimentao de entrada de 60 Hz para freqncia e tenso variveis. A freqncia varivel o requisito real que controlar a velocidade do motor.
O chaveamento do inversor normalmente resulta em tenses de sada no senoidais, que podem afetar o desempenho e a durabilidade do motor. A gerao de formas de onda alternadas com baixo contedo harmnico extremamente importante, j filtros no podem ser empregados com sucesso, dada a grande variao de freqncia de sada do inversor.
Desta forma, a lgica de disparo das chaves do inversor de fundamental importncia na eficincia e no desempenho do sistema de acionamento.
As tcnicas de chaveamento modernamente utilizadas fazem uso da modulao por largura de pulso (PWM), que 64 possibilitem a obteno de formas de onda de tenso de sada de baixo contedo harmnico. Dentre elas, pode-se destacar o PWM senoidal e o PWM otimizado, cujas filosofias so mostradas na seqncia.
8.3.1. PWM Senoidal
Nesta tcnica, os pulsos que controlam as chaves do inversor so gerados a partir da comparao de uma onda portadora triangular de alta freqncia, Vp, com a onda senoidal de referncia (onda moduladora), Vr, cuja freqncia a desejada para a tenso de sada do conversor. Os pontos de cruzamento das duas ondas definem a lgica de disparo dos semicondutores de potncia do inversor. Quando Vr (onda senoidal de referncia) maior que Vp (triangular), a sada do comparador determina que a chave semicondutora correspondente entre em conduo; quando Vr menor que Vp a chave em questo bloqueada.
65
Figura - 13 Comparao entre as ondas portadoras Vp (triangular) e de referncia Vr (senoidal), para gerao dos pulsos de comando das chaves do inversor VSI-PWM senoidal
Observando-se a figura 13, nota-se que a largura de cada pulso de comando das duas chaves semicondutoras resultante dos intervalos entre sucessivas intersees entre a senide de referncia triangular; por isso, a largura do pulso aproximadamente proporcional ordenada mdia da senide em cada intervalo. Quanto maior a freqncia da portadora, mais prxima da forma de onda ideal pra esse PWM, pois menor ser a variao da amplitude da senide em cada intervalo e, portanto, a largura de cada pulso ser uma funo senoidal da posio angular. Em um PWM senoidal, as menores ordens harmnicas da tenso de sada aparecem em torno da freqncia de chaveamento. Como nos inversores atuais esta freqncia varia em torno de 5 a 20 kHz, graas utilizao de IGBTs, todas as componentes harmnicas de baixa ordem j encontram-se 66 naturalmente eliminadas, otimizando a operao do motor. As harmnicas de ordem elevada da tenso gerada no representam grande problema, j que a prpria indutncia do motor impede a entrada de suas respectivas correntes.
Um outro aspecto importante relativo caracterizao da tenso de sada do inversor a relao entre as amplitudes das ondas de referncia e portadora, denominado ndice de modulao. medida que este ndice cresce a partir do zero, as larguras de cada pulso vo aumentando, aumentando o valor eficaz de cada onda de tenso gerada. Quando ele ultrapassa a unidade, ou seja, a amplitude da senide maior que a da triangular, recortes da onda vo deixando de ocorrer, pois no h mais chaveamentos nestas regies.
Esta condio de operao conhecida como sobre- modulao; ela permita a gerao de tenses de sada de maior valor eficaz, embora com maior contedo harmnico de baixa ordem. Dada a limitada tenso disponvel no link DC, o recurso da sobre-modulao torna-se necessrio, por exemplo, na operao com V/f constantes, em velocidades maiores. 67
Figura - 14 Sobremodulao do PWM Senoidal
Um inversor VSI-PWM pode oferecer uma corrente de sada controlada, com a adio de uma malha de realimentao de corrente no circuito de controle. Se o inversor opera com elevada freqncia de chaveamento, as correntes impostas ao estator do motor de induo podem ser rapidamente ajustadas em amplitude, freqncia e fase.
8.3.2. PWM Otimizado
Quando a mquina a ser acionada for de potncia muito elevada, as chaves de um inversor devero apresentar elevada capacidade de conduo de corrente. Nestas aplicaes, os dispositivos semicondutores utilizados so os GTOs, que operam com freqncia de chaveamento reduzida. Nestas condies (baixa freqncia de chaveamento), um inversor PWM senoidal 68 no apresenta uma opo satisfatria, devido presena de harmnicos de baixa ordem em sua tenso de sada. Existem tcnicas de gerao de pulsos que promovem a eliminao de harmnicos especficos de baixa ordem, atravs de recortes adequados na tenso do link DC. Os ngulos de seccionamento so fornecidos por expresses matemticas, e so funes das ordens harmnicas que se deseja eliminar.
8.3.3 Vantagens do Inversor PWM
a) Boa eficincia O inversor pode alcanar uma eficincia superior a 90% em velocidade plena e plena carga; b) Fator de Potncia Um retificador de ponte de diodo utilizado para retificar a linha de entrada. Isto permite um bom fator de potncia na faixa de velocidade de operao plena do inversor; c) By-pass Se o inversor falhar o motor pode ser operado diretamente na linha de entrada em operao contnua; d) Cargas de alta inrcia O inversor pode adaptar a sua operao para evitar sobrecargas causadas pela acelerao de cargas de alta inrcia em algumas aplicaes; e) Manuteno O inversor pode ser testado e operado sem estar conectado ao motor; f) Operao com vrios motores Mais de um motor pode ser operado a partir do mesmo inversor. Alm disso, o inversor no sensvel alterao da combinao dos motores operados, 69 desde que a corrente de carga total no exceda a corrente nominal do inversor.
8.3.4. Desvantagens do Inversor PWM
a) Custo inicial O custo inicial do sistema do inversor alto; b) Converso de potncia A potncia total distribuda para o motor deve ser convertida pelo inversor. Isso requer componentes de alta potncia dentro do inversor; c) Manuteno O inversor possui uma grande quantidade de circuitos sofisticados que requerem tcnicos especializados para a manuteno.
Entretanto, a utilizao em grande escala de circuitos integrados e circuitos microprocessadores permitem um autodiagnstico que auxilia na localizao de falhas. A substituio em nvel de placa pode ser feita por pessoal no especializado.
No caso do motor para o refrigerador domstico comum, isto , comprado em qualquer loja nacional, o inversor a ser utilizado ter sada de freqncia e tenso fixas, ou seja, 127V / 60Hz ou 220V / 60Hz, monofsico.
70 9 Refrigerador
Refrigeradores domsticos so mquinas trmicas que retiram calor de seu interior jogando-o no meio externo, produzindo assim o "frio" no seu interior. O primeiro refrigerador foi construdo em 1856, usando o princpio da compresso de vapor, pelo australiano James Harrison, que tinha sido contratado por uma fbrica de cerveja para produzir uma mquina que refrescasse aquele produto.
O primeiro frigorfico domstico s apareceu em 1913 e foi batizado DOMELRE (DOMestic ELectric REfrigerator), mas este nome no teve sucesso e foi Kelvinator o nome que popularizou este utenslio nos EUA. Tal como a maioria dos seus descendentes modernos, este frigorfico era resfriado por meio de uma bomba de calor de duas fases.
Figura - 15 Esquema do refrigerador 71 O esquema de uma geladeira que tem o congelador em seu interior (figura 15). Por todo o circuito (compressor, vlvula de expanso, evaporador, condensador) da figura, circula o gs freon 12 que o responsvel pela "produo" de frio. Nota-se que a temperatura ao longo de todo o circuito no constante. H uma regio em que o gs freon est submetido a altas presses (no compressor), portanto, tem uma maior temperatura e uma outra regio em que ele est submetido baixa presso (vlvula ou tubo capilar) e possui uma menor temperatura.
Figura - 16 Circulao do gs freon Na figura 16, a parte vermelha corresponde a regio de alta presso (alta temperatura) e a parte azul corresponde a baixa presso (baixa temperatura), demonstrando as partes bsicas do refrigerador (sistema de refrigerao). 72 Compressor: responsvel pela elevao da presso at dez atmosferas e sua temperatura est aproximadamente a 41 C. Condensador: faz com que o gs passe para o estado lquido ainda em alta presso e ento o lquido passa para o tubo capilar. Tubo capilar: ao sair dele ter sua presso e temperatura diminudas, alcanando valores prximos de -19C e 1,6 atmosferas, nesta situao passa para o evaporador. Evaporador: onde retorna ao estado gasoso e agora esta mudana de fase ocorre em baixa presso. no evaporador que o gs freon recebe calor dos alimentos colocados no interior da geladeira, retirando calor da parte interna, ento, podemos perceber que a "produo de frio" ocorre no evaporador.
Figura - 17 Ar frio gerado na parte superior do refrigerador
73 Como ele encontra-se na parte superior da geladeira, prximo a ele o ar resfria tornando-se mais denso e desce para as outras partes da geladeira, fazendo com que o ar mais quente e menos denso suba, criando assim as correntes de conveco resfriando toda a parte interna.
Figura - 18 Temperatura dos alimentos na parte central do refrigerador
Com o exposto voc pode achar que ento, toda a parte interna da geladeira ficaria congelada; no, pois na parte interna da geladeira colocada um dispositivo denominado "termostato", que se encarrega de manter a temperatura interior constante, isto , tudo que estiver na geladeira ser resfriado at entrar em equilbrio trmico com a temperatura pr estabelecida e registrada no termostato.
74 A porta componente que permite o acesso ao interior do aparelho. Quando fechada, deve proporcionar perfeita vedao. composta externamente de uma chapa metlica e internamente de um painel plstico. Entre a chapa externa e o painel interno encontra-se o isolamento trmico da porta.
O isolamento trmico na porta e no gabinete tem a funo de manter a temperatura inalterada e muito importante no rendimento do refrigerador.
Os isolantes trmicos devem apresentar as seguintes propriedades: Baixo coeficiente de transmisso de calor Boa resistncia estrutural Leve, para no aumentar o peso do aparelho Pequena espessura para facilitar o isolamento Ausncia de cheiro Resistncia s mudanas de temperatura sem apresentar deformaes Grande resistncia ao fogo
Os materiais isolantes mais comuns so: l de vidro, l de rocha, poliestireno expandido, cortia e atualmente, poliuretano expandido.
75 Com relao ao formato, os refrigeradores podem ser verticais e horizontais, levando em conta a posio da porta. A porta vertical frontal facilita o manuseio e localizao dos alimentos, por isso mais comum na utilizao domstica, mas ocasiona muita perda de ar frio cada vez que aberta, causando maior consumo de energia para recuperar a temperatura. A porta horizontal superior, apesar da desvantagem com relao organizao dos alimentos, tem a vantagem de menor perda a cada vez que aberta, pois o ar frio, mais denso, tem a tendncia de ficar embaixo.
Os compressores, os consumidores diretos de energia, so o principal objeto de ateno no projeto de um refrigerador, principalmente partir de 1 de janeiro de 2006, quando todos os refrigeradores fabricados no pas teriam de contar com a etiqueta de eficincia energtica do Programa Brasileiro de Etiquetagem, coordenado pelo Inmetro. Segundo o Procel, os aparelhos que exibem a marca Procel so cerca de 28% mais econmicos do que os que no tm o selo. Atualmente, cerca de 70% dos produtos etiquetados j esto na Categoria A. Anualmente, os produtos so reavaliados para garantir que o selo s esteja nos produtos com maior eficincia de economia de energia. As estatsticas mostram que os refrigeradores, freezers e aparelhos de ar condicionado de uso domstico que tm selo Procel apresentam atualmente um consumo de energia de 40% a 50% 76 menor do que os modelos semelhantes produzidos at 1994, quando surgiu o programa.
Nesse objetivo, os fabricantes de compressores tm desenvolvido produtos cada vez mais eficientes, exemplo disso so os compressores da Linha VCC (Compressor de Capacidade Varivel), Embraco, utiliza um inversor que tem um comando eletrnico com software que controla a rotao do motor variando entre 1600 a 4500 rpm, dependendo da temperatura medida pelo sensor no interior do refrigerador. As vantagens: reduo do consumo de energia em at 45%, operao mais silenciosa, melhor conservao dos alimentos em funo de temperaturas mais estveis dentro do gabinete. Dessa forma evita-se o funcionamento desnecessrio do compressor a plena potncia, aumentando a economia de energia. Embora essa linha ainda seja apenas exportada para utilizao em produtos na Europa, a tendncia que, com a queda no custo, possa equipar refrigeradores no Brasil, em breve.
Em se tratando de Energia Solar, existem outros tipos de motores acionando os compressores. So motores de corrente contnua, que evitam o uso de inversores que encarecem e diminuem o rendimento do sistema.
77 Vrias empresas, nacionais e estrangeiras j oferecem produtos para esse segmento: a nacional Sol & Vento Energia Alternativa uma delas, e tem vrios modelos disponveis. A alem: Phocos Solar Energy outro exemplo.
10 Viabilidade das Aplicaes
Para se avaliar a viabilidade da utilizao de um sistema de alimentao fotovoltaico, tendo o motor eltrico como uma das cargas, necessrio levar em conta alguns fatores determinantes: potncia instalada, tipos de cargas e forma de utilizao das mesmas e custo.
Quando se utilizam refrigeradores comuns, alimentados por inversores, h que se considerar o pico de corrente na partida, que ultrapassa seis vezes a corrente em regime normal de trabalho. O inversor deve suportar esse pico no tempo da partida, ou seja, entre um e dois segundos. Isto presume o superdimensionamento do inversor, aumentando consideravelmente o custo e o consumo em vazio. Quando o inversor j estiver incorporado no compressor, sendo possvel o uso de motores trifsicos e com a possibilidade de partidas com rampa, vai se comportar como uma carga normal no sistema, mas ainda no um produto de linha aqui no Brasil. 78 O que existe de concreto e pronto no mercado, so os refrigeradores com motores de corrente contnua, que tem um custo inicial maior, mas que se pagam em pouco tempo, considerando a economia global do sistema.
Na tabela 4, um quadro comparativo de consumo e preo de refrigeradores horizontais de capacidades aproximadamente equivalentes, incluindo modelos normais da marca Electrolux.
fato que a tendncia da massificao das tecnologias de energia limpa j um caminho sem volta, seja por necessidade de uso em reas isoladas, seja por presso de sade ambiental, por polticas de economia ou mesmo substituio de fontes geradoras em extino. A boa notcia para a aplicao de energia solar fotovoltaica em sistemas domsticos que j esto sendo produzidos 79 refrigeradores com inversores integrados, com comandos inteligentes, isto , que controlam no somente o momento de ligar e desligar como tambm o regime de rotaes necessrias para determinadas circunstncias, resultando em maior economia de consumo de energia. Por hora, esses compressores s so disponveis para corrente alternada e so exportados para a Europa, onde a conscientizao de economia e meio ambiente mais forte.
Fora isso, h outras tecnologias de refrigerao em desenvolvimento, procurando sempre o melhor desempenho com relao ao consumo e menor impacto ambiental, mas que ainda no alcanaram custos competitivos.
O desafio que estes refrigeradores de alta eficincia cheguem ao mercado brasileiro com preos competitivos. Ainda tambm no h uma definio clara sobre que linha de refrigeradores ir prevalecer para serem alimentados com energia solar fotovoltaica: a linha de corrente continua com compressores de alta eficincia e alta capacidade de isolamento trmico, porta horizontal ou os refrigeradores de corrente alternada tambm com compressores de alta eficincia com controle de freqncia e corrente de partida. Estes segundos exigem o desenvolvimento paralelo de inversores de alta eficincia para no se perder no inversor o que se ganha no refrigerador. 80
O desenvolvimento destes refrigeradores poder sanar uma das grandes desvantagens da eletrificao rural com energia solar fotovoltaica que a impossibilidade do usurio rural contar com refrigerao domstica.
11- Bibliografia Revista Eletrnica de Cincias N 8 Junho/2002 Srgio Gasques Rodrigues Manual de Motores Eltricos de Corrente Alternada WEG Sta. Catarina Brasil PEREIRA, LUS ALBERTO - Introduo mquina de induo, Editora PUCRS - DEEE CAMPANA S.; OLIVEIRA FILHO D.; SOARES A. A.; OLIVEIRA R. A.
- Adequao de fora motriz em sistemas de irrigao por asperso convencional e piv central, Departamento de Engenharia Agrcola - DEA, Universidade Federal de Viosa - UFV www.pucrs.br/cbsolar/ntsolar/energia.php (acessado em junho/2007) 81 www.mbtenergia.com.br/frigosol1.htm (acessado em junho/2007)
www.pea.usp.br/ext/pea2420/FV_BATERIA.doc (acessado em junho/2007) - Anotaes de aula de Prof.: Eliane Aparecida Faria Amaral Fadigas - USP
www.eee.ufg.br/cepf/pff/2002/ee_14.pdf (acessado em julho/2007) Rendimento do conjunto inversor / motor de induo sob diferentes condies de carga. Eduardo Borges Simo / Manoel Ferreira de Almeida Neto
www.cepa.if.usp.br/energia (acessado em julho/2007)