Resenha Critica Do Doc O Povo Brasileiro Darcy Ribeiro

Resenha critica do documentrio O povo brasileiro de Darcy Ribeiro
Darcy Ribeiro (1913-1997), antroplogo e um dos maiores intelectuais brasileiros do

sculo XX.
O documentrio O povo brasileiro baseado no livro de Darcy Ribeiro, e discute a
formao dos brasileiros, sua origem mestia e particularidade do sincretismo
cultural resultante dela. Traz a resposta do autor com relao a quem so os
brasileiros? e investiga a formao do nosso povo. O filme uma verdadeira
significao de como se construiu a identidade nacional brasileira. A mestiagem
aparece no filme como a grande representao do povo brasileiro. Atravs da
mistura de raas, foi-se construindo a identidade cultural, identidade essa que tem
matrizes fixas, segundo o filme, na figura do ndio, do portugus e do negro (Afro).
Com participao especial no documentrio, Chico Buarque, logo no inicio do
documentrio, nos dita uma frase encontrada no livro de Darcy: Somos uma cultura
sincrtica, um povo novo, que apesar de fruto da fuso de matrizes diferenciadas, se
comporta como uma s gente sem se apegar a nenhum passado. Ou seja, apesar
dessa construo ter sido derivada de diferentes origens, o povo brasileiro se
comporta como um povo uno, com identidade prpria confirmada na mistura de
diferentes povos.
O documentrio dividido em sete partes: 1 Matriz Tupi; 2 Matriz Lusa; 3
Matriz Afro; 4 Encontro e desencontros; 5 Brasil crioulo; 6 Brasil Sertanejo; 7
Brasil Caipira. Reproduzido com uma linguagem de programa de TV, linguagem bem
didtica e que por conta disso de fcil compreenso e dispe de vrios
depoimentos e citaes, onde todos esses textos comungados da ideia de que o
povo brasileiro formado atravs da mistura inter-racial, construindo assim um tipo
de cultura cruzada, que no nega nem as suas origens indgenas e portuguesas e
nem to pouca as suas origens africanas, mas, se estrutura em uma identidade
prpria embasada exatamente na mistura.
Matriz Tupi: No documentrio que abre a srie, Darcy Ribeiro pergunta: "Antes de o
Brasil existir, como podia existir o mundo? O Brasil nasce sob o signo da Utopia." Se
obtm reconstruo do universo dos povos Tupi antes da chegada dos portugueses:
a organizao das aldeias, o sistema de crenas, a antropofagia, as prticas
agrcolas, as guerras e as festas.
Matriz Lusa: "Esse navio, essa criao, mais importante que uma nau, dessas
espaciais..." Assim Darcy Ribeiro fala das caravelas que permitiram aos portugueses
dar incio globalizao do planeta. O segundo ponto do filme reconstri o
sofisticado universo dos portugueses s vsperas das viagens de explorao das
fronteiras do Desconhecido. Tom Z fala trechos de poemas de Fernando Pessoa.
Gilberto Gil canta "Prece", tambm de Pessoa. Depoimentos do grande pensador
portugus Agostinho da Silva, de Judith Corteso e Roberto Pinho.
Matriz Afro: "Toda a cultura brasileira est impregnada da herana africana. Sua
presena fez quase tudo o que aqui se fez", diz Darcy Ribeiro neste material que fala
do conjunto das culturas negro-africanas que esto na base de nossa formao. O
documentrio nos faz conhecer a fora, o requinte e a sofisticao dos bantos, que
atravessaram o Atlntico no maior movimento de migrao compulsria de que se
tem notcia.
Encontros e Desencontros: Neste documentrio, Darcy Ribeiro reflete sobre os
encontros e desencontros, no territrio hoje brasileiro, das nossas trs grandes
matrizes, e do incio da aventura chamada Brasil. "Povo novo como o Brasil, um
gnero novo. Um povo mestio na carne e no esprito e, como tal, herdeiro de todas
as taras e talentos da humanidade."
Brasil Crioulo: "Negro era como carvo; um saco de carvo acabou, voc compra
outro...", diz Darcy Ribeiro. O documentrio pe em perspectiva a regio cultural que
ele chama de crioula - Bahia, Rio de Janeiro, Pernambuco, Maranho, regio
fortemente marcada pela presena negra. Fala de sua abundncia e decadncia.
Brasis Sulinos: Neste documentrio, Darcy Ribeiro nos fala no de um, mas de trs
brasis sulinos: o dos ndios guaranis e das Misses Jesuticas, que geraram os
gachos; "o dos ilhenhos" que Portugal mandou buscar para pr uma presena
portuguesa. E dos gringos, a gringalhada que caiu l, como uma onda.
Brasil Sertanejo: No documentrio sobre mais esta regio cultural do Brasil, Darcy
Ribeiro comenta: "Qualquer vaqueiro sabe, de experincia prpria, quanto
contrastam as facilidades disponveis para socorrer a um touro empestado com as
dificuldades que encontra para medicar um filho enfermo".
A imagem que o filme apresenta a imagem de um Brasil constitudo atravs da
mistura, mistura essa que tratada no filme com uma aparncia muito harmoniosa,
entretanto, sabemos que a formao do Brasil composta desse encontro entre
povos, mas esses encontros por vrias vezes foram marcados por conflitos, essa
relao conflituosa de fundamental importncia quando se fala da formao do
povo brasileiro.
No filme no mostra as revoltas, principalmente dos negros, elas no so
apresentadas e se so, de forma muito velada; d impresso que tudo ocorreu
da forma mais natural possvel, os portugueses vieram para o Brasil no
conseguiram escravizar os ndios, trouxeram os negros africanos para eles sim
escraviz-los aqui. Em nenhum momento no filme se falou na revolta dos
quilombolas, por exemplo.
A cultura brasileira apresentada no filme tem uma conotao de ser uma cultura de
retalhos. So pequenos traos das diferentes culturas, que so significados e
fundidos para se formar a cultura brasileira numa fuso cultural dos ndios com os
portugueses e os negros. O filme tem uma importncia substancial no que se diz
respeito divulgao de como o Brasil foi formado, mesmo de maneira ingnua s
vezes, e como se deu as nossas origens indgenas e africanas.
Somos um povo misturado, somos o resultado da mistura de trs povos distintos,
com culturas distintas, cor de pele distinta, pensamentos e doutrinas distintas. E
mesmo diante dessa mistura toda, ns brasileiros somos um povo nico, diferentes
entre ns mesmos, mas nicos perante o restante do mundo. E como disse Darcy
no inicio do documentrio Ningum sabe como o mundo vai ser daqui 50 anos, s
sabemos de uma coisa, ser totalmente diferente do que hoje, ento daqui h 50
anos, ningum sabe como estar o povo e a cultura brasileira, mas podemos afirmar
que estar diferente do que temos agora.


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