Lei 6404/76
Lei 6404/76
Lei 6404/76
Banca Examinadora
___________________________________________________
Prof. Ms. Alexandre Marcos de Mattos Pires Ferreira
Centro Universitário FIEO
Agradecemos a Deus por estar sempre ao nosso lado presente nas atividades que realizamos e
pela vida que nos oferece a cada dia de nossa jornada.
Aos nossos familiares que convivem conosco, que mesmo em silêncio torcem por nosso
desenvolvimento.
Aos professores que diretamente ou indiretamente colaboraram para o desenvolvimento deste
trabalho.
A Instituição e funcionários pela estrutura fornecida e apoio para o desenvolvimento de nosso
trabalho.
Aos colegas de sala pelo apoio e companheirismo que nos brindaram no desenvolvimento das
atividades.
O segredo de qualquer conquista
É a coisa mais simples do mundo:
Saber o que fazer com ela.
(Paulo Coelho)
RESUMO
A lei 6404/76 surgiu para conceder celeridade ao mecanismo de crescimento corporativo das
S.A’s ou sociedades anônimas, regulando minuciosamente as transformações do status quo da
companhia, as relações entre os acionistas e a divulgação dos resultados, de maneira transparente
e objetiva. Seu escopo era o de incentivar a entrada de empresas familiares, maximizando suas
operações, tornado-as mais rentáveis. A lei reconheceu as peculiaridades de cada acionista e
estabeleceu seus direitos básicos e particulares, consolidando o modelo de ações em caráter
definitivo.
Palavras-chave: Lei 6404/76, lei das sociedades anônimas, sociedade por ações, sociedades
anônimas.
ABSTRACT
The law 6404/76 appeared to grant celerity to the growth mechanism of SA's corporate or joint
stock companies, regulating in detail the changes in the status quo of the company, the
relationship between shareholders and dissemination of results in a transparent and objective
way. Its scope was encouraging the entry of family businesses, maximizing their operations,
making them more profitable. The law recognized the peculiarities of each shareholder and
established their basic rights and individuals, reinforcing the model of shares permanently.
Keywords: Law 6404/76, corporate law, shareholder companies, a corporation.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇAO..........................................................................................................................10
2. ASPECTOS GERAIS.................................................................................................................12
2.1 Sistema de formação das Sociedades Anônimas...............................................................12
2.2 As empresas.............................................................................................................................13
2.3 Decreto Lei 2627/40.................................................................................................................14
2.4 Intenção do Legislador ..........................................................................................................16
3 TÓPICOS PRINCIPAIS E ANÁLISE DA LEI.........................................................................20
3.1 Característica e natureza da sociedade anônima......................................................................20
3.1.1 Companhia Aberta e Fechada ............................................................................................21
3.1.2 Capital Social.......................................................................................................................22
3.2 Ações .......................................................................................................................................22
3.2.1 Número e Valor Social. .......................................................................................................22
3.2.2 Emissão de Certificados......................................................................................................22
3.2.3 Indivisibilidade.....................................................................................................................23
3.2.4 Ações Nominativas...............................................................................................................24
3.2.5 Ações Endossáveis...............................................................................................................24
3.3 Parte Beneficiárias...................................................................................................................24
3.4 Debêntures...............................................................................................................................25
3.5 Constituição da Companhia...................................................................................................25
3.6 Acionistas................................................................................................................................26
3.7 Demonstrações Financeiras...................................................................................................26
3.8 Lucros, Reservas e Dividendos............................................................................................27
3.9 Transformação, Incorporação, Fusão e Cisão.....................................................................28
4 MUDANÇAS IMPETRADAS..................................................................................................28
4.1 Alteração nos mecanismos de compra e venda de ativos financeiros....................................28
4.1.1 Debêntures............................................................................................................................28
4.2 Ações......................................................................................................................................28
4.3 Capital social..........................................................................................................................29
4.4 Acionistas: garantias, tipos e influência decisória.................................................................30
4.4.1 Acionista controlador..........................................................................................................31
4.4.2 Acionistas preferenciais........................................................................................................33
4.4.3 Acionistas minoritário........................................................................................................34
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................................................................35
6 BIBLIOGRAFIA........................................................................................................................30
7 ANNEXOS......................................................................................................................38
10
1 INTRODUÇAO
As corporações nasceram no seio dos séculos ditos das trevas, a era medieval da civilização
ocidental européia. A alcunha de “das trevas”, não é compatível com a tamanha inovação ainda
prematura da época, o empreendimento das corporações. (DRAICK e MOTA, 2002)
A prática se perpetuou até dar origem a que é considerada a primeira atividade respeitável de
sociedade anônima, o Banco de São Tiago em Veneza, que capitalizava suas atividades com a
venda de pequenas porções do banco, as chamadas ações, que podiam ser adquiridas a preços
mensuráveis e não aos preços de fortuna anteriormente praticados nesses tipos de negócios.
(DRAICK e MOTA, 2002)
Durante o século XVIII, o frenesi do Novo Mundo atalhava uma boa parte do tempo europeu,
e com a perspectiva de exploração comercial altamente lucrativa dessas novas terras não faltaram
empreiteiros corajosos e descapitalizados para buscar financiamento às caras excursões às
longínquas terras americanas e indianas. (DRAICK e MOTA, 2002)
A solução seguida foi análoga a do Banco São Tiago, demonstrando-se mais uma vez
profícua e rentável no curto prazo, uma vez que a capitalização por anônimos dispensava maiores
burocracias. (DRAICK e MOTA, 2002)
Em tempos modernos a mesma estratégia é adotada pelas grandes corporações mundiais que
atuam no regime das S/A’s e por isso são menos suscetíveis aos desgastes típicos de uma
empresa familiar, por exemplo. (DRAICK e MOTA, 2002)
11
2 ASPECTOS GERAIS
A regulamentação do Código Comercial, Lei 556 de 25 de julho de 1850, no Título XV, "Das
Companhias e Sociedades Comerciais", reservou o capítulo II, "Das Companhias de Comércio ou
Sociedades Anônimas", artigos 295 a 299 para regulamentar as sociedades anônimas no Brasil.
(Noção Histórica, s/d)
atender as necessidades de cada sócio econômico. O Brasil já regeu as sociedades anônimas com
três dispositivos. (BORBA, 1997)
O Decreto n° 434, de quatro de julho de 1891 foi a primeira Lei especifica sobre Sociedades
anônimas, e refletia uma realidade de bases rurais, industrialização incipiente e comercio ativo.
(BORBA, 1997)
O Decreto Lei n° 2627 de 1940, corresponde a um período de crescimento industrial,
marcado em bases familiares ou individuais. (BORBA, 1997)
A Lei n° 6404, de 15 de dezembro de 1976, foi a terceira e corresponde ao surgimento das
grandes empresas e à expansão do mercado de capitais. (BORBA, 1997)
2.2 As empresas
comércio; pois, somente abrindo o capital da empresa a pessoas externas ao grupo, é que se teriam
condições de crescimento mais rápido, e sucesso mais próspero. (GALBRAITH, 1983)
é praticamente desnecessário ressaltar que as empresas se acomodam bem a essa
necessidade de tamanho. Elas podem tornar-se muito grande, e é o que fazem. Mas
devido ao ar de anormalidade, não se acentua tal adaptação. Ao diretor da grande
empresa confere-se automaticamente precedência em todas as convenções, reuniões e
outros ritos e festivais comerciais. É o que mais se cumprimenta pela inteligência,
visão, coragem, espírito de progresso e pelo extraordinário índice de crescimento da
empresa sob sua direção. Mas o grande tamanho de sua empresa - o valor de seu ativo
ou número de seus empregados - não é elogiado, embora seja esta a mais notável
Karl Mark teve grande importância no desenvolvimento das sociedades anônimas, ele
descreveu três considerações fundamentais de suma importância para a teoria econômica, quando
escreveu que uma enorme expansão da escala de produção e das empresas, seriam impossíveis
de se atingir para os capitais de forma individual; que o Capital está aqui diretamente dotado de
forma social em contraposição ao capital privado, e suas empresas, que assumem a forma de
empresas sociais em contraposição às empresas individuais e por ultimo que a transformação do
capitalista atual num simples gerente, administrador do capital de outras pessoas, e dos
proprietários do capital em meros donos, meros capitalistas. Marx previa a atuação das
sociedades anônimas como um implemento ao capital privado de pequeno porte para um
desenvolvimento mais promissor. (Gonzaga,s/d)
Art. 70. As sociedades anônimas estrangeiras devem, sob pena de ser-lhes cassada
autorização para funcionar no país, reproduzir no órgão oficial da União, e do Estado, si
for caso (art. 173), as publicações que, segundo a sua lei nacional ou de origem, sejam
obrigadas a fazer relativamente ao balanço, conta de lucros e perdas e atos de sua
administração.
Art. 71. A sociedade anônima estrangeira, autorizada a funcionar no país, pode,
mediante autorização do Governo Federal, nacionalizar-se, transferindo sua sede para o
Brasil.
Art. 72. A sociedade anônima ou companhia brasileira somente poderá mudar de
nacionalidade mediante o consentimento unânime dos acionistas.
Art. 73. O Governo Federal poderá, a qualquer tempo, e sem prejuízo da
responsabilidade penal que couber, cassar a autorização, concedida às sociedades
anônimas, nacionais ou estrangeiras, quando infringirem disposição de ordem pública
ou praticarem atos contrários aos fins declarados nos estatutos ou nocivos à economia
Inicio dos anos 60, a sociedade brasileira investia principalmente em ativos reais (imóveis),
evitando aplicações em títulos públicos ou privados. Existia um ambiente econômico de inflação
elevada - principalmente no final da década de 1950, a isto se somava uma legislação que
limitava em 12% ao ano a taxa máxima de juros, a chamada Lei da Usura, que limitava o
desenvolvimento de um mercado de capitais ativo. A situação começou a ser modificada quando
o Governo, em 1964 iniciou um programa de reformas na economia nacional, entre elas a
reestruturação do mercado financeiro. (Portal do Investidor, s/d)
Em 1964, entrou em vigor a Lei nº 4.537/64, que instituiu a correção monetária, através da
criação das ORTN (Obrigações Reajustáveis Tesouro Nacional), a Lei nº 4.595/64, denominada
lei da reforma bancária, que reformulou todo o sistema nacional de intermediação financeira e
criou o Conselho Monetário Nacional e o Banco Central e, principalmente, a Lei nº 4.728, de
14.04.65, primeira Lei de Mercado de Capitais, que disciplinou esse mercado e estabeleceu
medidas para seu desenvolvimento. (Portal do Investidor, s/d)
Foi criada uma diretoria no Banco Central – Diretoria de Mercados de Capitais, cujo objetivo
era regulamentar e fiscalizar o mercado de valores mobiliários, as Bolsas de Valores, os
intermediários financeiros e as companhias de capital aberto. Paralelamente, foram introduzidos
alguns incentivos para a aplicação no mercado acionário, dentre os quais se destacam os Fundos
157, criados pelo Decreto Lei nº 157, de 10.02.1967. Os Fundos 157 eram uma opção dada aos
contribuintes para utilizar parte do imposto devido quando da Declaração do Imposto de Renda,
em aquisição de quotas de fundos de ações de companhias abertas administrados por instituições
financeiras de livre escolha do aplicador. (Portal do Investidor, s/d)
Em decorrência dos incentivos fiscais criados pelo Governo Federal, uns grandes volumes de
recursos foram levados para o mercado de ações; houve um rápido crescimento da demanda por
ações pelos investidores sem que houvesse aumento simultâneo de novas emissões de ações pelas
empresas. Isto desencadeou o boom da Bolsa do Rio de Janeiro quando, entre dezembro de 1970
e julho de 1971, houve uma forte onda especulativa e as cotações das ações não paravam de
subir. (Portal do Investidor, s/d)
Este movimento conhecido como boom de 1971 teve curta duração, porém suas
conseqüências foram duradouras, vários anos de mercado estagnado, pois algumas ofertas de
ações de companhias extremamente frágeis e sem compromisso algum com seus acionistas,
provocaram grandes prejuízos e mancharam a reputação do mercado acionário. (Portal do
Investidor, s/d)
18
Começou uma recuperação das cotações a partir de 1975, devido a novos aportes de recursos
(os recursos do Fundo PIS/PASEP as reservas técnicas das seguradoras, e a criação das
Sociedades de Investimento - Decreto Lei 1401 - para captar recursos externos e aplicar no
mercado de ações), além de maiores investimentos por parte dos Fundos de Pensão. (Portal do
Investidor, s/d)
Outras medidas foram adotadas visando incentivar o crescimento do mercado, tais como: a
possibilidade de abatimento no imposto de renda de parte dos valores aplicados na subscrição
pública de ações decorrentes de aumentos de capital, a isenção fiscal dos ganhos obtidos em
bolsa de valores e programas de financiamento a juros subsidiados efetuados pelo BNDES -
Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social - aos subscritores de ações distribuídas
publicamente. (Portal do Investidor, s/d)
maiores deveres para com a comunidade em que vivem e da qual vivem, o projeto
introduziu o fato novo do dever de lealdade dessas instituições, imposto como norma de
comportamento a controladores e administradores, para com o Pais; nesse dever estão
igualadas empresas nacionais ou estrangeiras que aqui funcionam, do forma a construir
o embasamento legal para um Código de Ética da grande empresa, nacional ou
multinacional, o qual tende a constituir-se em imperativo da consciência universal;
g) os institutos novos para a pratica brasileira - grupamento de sociedades, oferta
publica de aquisição de controle, cisão de companhias e outros - estão disciplinados de
forma mais simplificada para facilitar sua adoção, e no pressuposto de que venham a ser
corrigidos se a pratica indicar essa conveniência; as leis mercantis, sobretudo numa
realidade em transformação, como e a do mundo moderno e especialmente a do Brasil,
não podem pretender a perenidade, têm necessariamente vida curta, e o legislador
devera estar atento a essa circunstancia para não impedir o seu aperfeiçoamento, nem
deixar em vigor as partes legislativas ressecadas pelo desuso.
Estas, Senhor Presidente, as linhas mestras e os objetivos principais que inspiraram o
anexo Projeto de Lei, que, caso venha a obter a concordância de Vossa Excelência e a
aprovação do Congresso Nacional, poderá constituir-se em instrumento essencial para a
Ainda falando do art. 1°, temos que definir um dos principais objetos, ou melhor, um dos
elementos primordiais de uma companhia: a ação.
Roberto Barcellos de Magalhães define ação como sendo uma “fatia” do capital, isto é, o
capital é dividido igualmente em pedaços iguais (ações), equivalendo cada ação um valor
expresso em dinheiro. (MAGALHÃES, 1997)
Miranda Junior (1977, p. 3) nos dá mais algumas definições, tais como:
a) título que confere o direito de participar na vida de uma sociedade; e b) título circulatório,
permitindo com a sua circulação não só uma série de operações financeiras, como também a
substituição dos sócios, sem maiores reflexos sociais.
Basicamente, quando se adquire uma ação, o acionista se torna um dos “donos da companhia”.
O art. 2° trata do objeto social da companhia. Seguindo uma linha de pensamento altamente
coerente, podemos definir objeto social como “a declaração estatutária enunciando o fim ou o
empreendimento a que a sociedade se propõe realizar, com o intuito de obter lucro”.
(MAGALHÃES, 1997, p. 34).
A respeito do lucro, Wilson de Souza Campos Batalha (1976, p. 67) nos diz que, “a sociedade
anônima é instrumento de riqueza e lhe é inerente o intuito especulativo. O lucro é a sua meta.
Assim, é instrumento inadequado para fins de beneficência ou assistência”.
O art. 2° reza que o objeto social deve estar de acordo com a lei, a ordem pública e aos bons
costumes. Isso nos leva à licitude deste objeto social.
“A sociedade que tivesse por finalidade uma atividade como a exploração de jogos de azar seria
ilícita”. (MIRANDA JUNIOR, 1977, p. 3). É necessário também que o objeto social seja
possível.
O art. 4° trata das companhias de caráter aberto ou fechado. Faz-se importante fazer distinção
entre essas duas categorias.
Miranda Junior define companhia fechada como aquela que, “não coadunava com os
superiores interesses do país, nem tampouco com seu desenvolvimento econômico”. (1977, p. 7).
“Por conseguinte, companhia aberta é aquela cujos valores mobiliários foram admitidos à
negociação em bolsa ou no mercado de balcão”. (MAGALHÃES, 1997, p. 56).
22
“Porém, advirta-se, não são quaisquer valores mobiliários que podem ser negociados no
mercado bolsístico, mas somente aqueles de companhias registradas na Comissão de valores
Mobiliários”. (MIRANDA JUNIOR, 1977, p. 8).
3.2 Ações
O art. 11 está inserido na lei 6404/76, no capítulo que trata das ações. Trata especificamente
do número e valor nominal de uma ação.
Para melhor entendimento, é primordial que deixemos claro o que vem a ser ação com e sem
valor nominal.
“Ações com valor nominal são aquelas que têm estabelecidas no seu contexto o seu valor em
moeda corrente nacional, valor esse que é o mesmo para todas as ações em que é dividido o
capital social”. (MIRANDA JUNIOR, 1977, p. 22).
“Ação sem valor nominal é aquela que não declara no contexto o seu valor nominal em
moeda nacional”. (MIRANDA JUNIOR, 1977, p. 22).
Importante sabermos que quando falamos de emissão de certificados, voltamos nossa atenção
às diversas operações que envolvem o próprio título.
23
3.2.3 Indivisibilidade
Assim como a própria letra do art. 28 deixa claro, a ação não é passível de divisão.
24
“Ações nominativas são aquelas cuja propriedade se presume pela inscrição do nome do
acionista no livro destinado à esse fim”. (MAGALHÃES, 1997, p.181).
Basicamente, uma das vantagens de possuir uma ação nominativa é ter o direito ao sufrágio em
relação a companhia, ou seja, ao voto, uma vez lavrado como tal no Livro de Registros de Ações.
(MAGALHÃES, 1997).
O capítulo IV da lei 6404/76 trata das partes beneficiárias, em especial no art. 46.
Miranda Junior nos mostra que partes beneficiárias, “trata-se de um título de crédito
negociável, sem valor nominal, estranho ao capital ao capital social, que confere ao seu titular um
direito a uma eventual participação nos lucros sociais”. (MIRANDA JUNIOR, 1977, p. 74)
Quanto aos titulares das partes beneficiárias, Roberto Barcellos Magalhães aduz que, “não
podem participar da administração, nem os seus direitos se igualam aos dos acionistas”. (1997, p.
230)
25
Ressalta ainda Miranda Junior que, “não pode o estatuto conferir às partes beneficiárias,
qualquer direito privativo de acionista, ressalvado o de fiscalizarem nos termos da lei, os atos dos
administradores”. (1977, p. 74)
3.4 Debêntures
Outros requisitos também são exigidos, como por exemplo: depósito de entrada (art.81);
Registro da Emissão (art. 82); Projeto de estatuto (art. 83); Prospecto (art. 84); Lista, Boletim e
Entrada (art. 85); só para citar alguns outros do capítulo VII.
3.6 Acionistas
Importante citar o art. 175 que fala do Exercício Social, pois está intimamente relacionado
com o art. 176 de nosso interesse.
Para que possamos compreender como funciona o art. 176, devemos deixar claro o que vem a
ser “Exercício Social”.
Exercício Social é o período anual dentro do qual se convencionou realizáveis, para efeitos
contábil e fiscal, as atividades de uma sociedade por ações. (MAGALHÃES, 1997, p. 699).
27
Como se pode notar, os artigos 175 e 176 estão em total comunhão, se complementando e
fazendo-se dar sentido de modo recíproco.
Faz-se importante deixar claro, que as
demonstrações financeiras são os documentos anuais, de natureza técnico-contábil, em
que se expõe a situação patrimonial da companhia, as mutações ocorridas durante o
exercício que se findou e os lucros ou prejuízos dos exercícios subsequentes.
(MAGALHÃES, 1997, p. 702).
Miranda Junior ainda nos dá uma versão um tanto que “filosófica” ao termo demonstrações
financeiras, quanto ao seu teor, dizendo que “deve constituir fontes abundantes e cristalinas, onde
os interessados poderão beber informações fidedignas, conhecer a verdadeira situação
patrimonial da sociedade e os resultados do exercício social.” (1977, p.257).
Ainda prevê uma série de medidas, como por exemplo, o acompanhamento das
demonstrações por notas explicativas; a apresentação das demonstrações financeiras pelos órgãos
da administração à Assembléia Geral Ordinária, a fim de se fazer “transparente” a gestão em
exercício. (MAGALHÃES, 1997).
4 MUDANÇAS IMPETRADAS
“a) O custo de aquisição de títulos de créditos e valores mobiliários poderá ser ajustado,
ate o limite do valor de mercado, para registro de correção monetária, variação cambial e
juros acrescidos (n.º I):
b) O custo de aquisição dos investimentos em outras sociedades devera ser deduzido das
perdas prováveis na realização do seu valor e não será modificado pelo recebimento de
ações ou quotas bonificadas; mas os investimentos relevantes em coligadas e controladas
deverão ser avaliados pelo valor de patrimônio líquido (n.º II);
c) 0 § 1.° do art. 184 define o que se considera valor de mercado;
d) as contas que registram a diminuição de valor do ativo permanente deverão ser
apresentadas como dedução do ativo (art. 184, § 2.).” (Lei das sociedades por ações,
1988, p.49)
A Sociedade Anônima, via de regra, concede um voto por ação integrada ou em processo de
integração, quando o pagamento da subscrição é feito em parcelas. Porém o dispositivo em
estudo, a lei 6404/76, dispõe o seguinte no artigo 112:
“Art. 112. Somente os titulares de ações nominativas endossáveis e escriturais poderão
exercer o direito de voto.
Paragrafo único. Os titulares de ações preferenciais ao portador que adquirirem direito
de voto de acordo com o disposto nos §§ 1º e 2º do artigo 111, e enquanto dele gozarem,
poderão converter as ações em nominativas ou endossáveis, independentemente de
autorização estatutária.
Confirmando o conteúdo do artigo 110:
“A cada ação ordinária corresponde 1 (um) voto nas deliberações da assembléia-geral.
§ 1º. O estatuto pode estabelecer limitação ao número de votos de cada acionista.
§ 2º. É vedado atribuir voto plural a qualquer classe de ações.
O voto é uma faculdade inerente ao funcionamento de uma
sociedade anônima, quando elas “acolheram a prática do voto como um meio de consultar o
quadro de sócios, definindo a vontade social.” (BORBA, 2001, p.306, 3º §), configurando-se
como instrumento decisório compulsório, sendo anulável o ato jurídico que foi constituído sem o
devido processo legal no tocante dos processos internos de votação coletiva, previstos no estatuto
social e na lei 6404/76.
O diploma legal em estudo traz toda uma sorte de artigos que visam à manutenção
do fim social a que se destina a companhia, prevendo sanções aos administradores e aos próprios
acionistas, caso decisões incongruentes com o objetivo social sejam tomadas, mesmo quando o
voto é vencido.
No que tange ao acionista, pertencendo ele a qualquer classe de ação, o dispositivo prevê
garantias inalienáveis, intransferíveis e que em hipótese alguma podem sofrer restrição ou serem
sujeitas a condições quaisquer. Tais garantias são os direitos essenciais do acionista e são
descritas no artigo 109 da lei 6404/76:
“Nem o estatuto social nem a assembléia-geral poderão privar o acionista dos direitos
de:
I - participar dos lucros sociais;
II - participar do acervo da companhia, em caso de liquidação;
III - fiscalizar, na forma prevista nesta Lei, a gestão dos negócios sociais;
IV - preferência para a subscrição de ações, partes beneficiárias conversíveis em ações,
debêntures conversíveis em ações e bônus de subscrição, observado o disposto nos artigos
171 e 172;
V - retirar-se da sociedade nos casos previstos nesta Lei.
31
§ 1º. As ações de cada classe conferirão iguais direitos aos seus titulares.
§ 2º. Os meios, processos ou ações que a lei confere ao acionista para assegurar os seus
direitos não podem ser elididos pelo estatuto ou pela assembléia-geral.”
Os direitos modificáveis são todos aqueles não classificados como essenciais e são
particulares de cada classe acionista. E por conta das peculiaridades de cada tipo ação, o
legislador positivou a iniquidade que reside em cada um dos tipos, consumando um tratamento
diferenciado para o subscritor detentor de determinado tipo de ação, mas o próprio diploma legal
contém os remédios para sanar essa iniquidade entre as três principais categorias de sócios.
(BORBA, 2001, p.315)
Acionista controlador é aquele que detém o poder majoritário de decisão sobre as matérias
concernentes à administração da sociedade anônima. O controle sobre a companhia qualifica o
acionista controlador ou o grupo de acionistas controladores, a dispor de bens alheios, desde que
pertençam à própria companhia ou que estejam a serviço desta. José Edwaldo Tavares Borba
explica essa manifestação de poder:
“Esse poder funda-se no voto e se manifesta, basicamente, nas assembléias-gerais, onde
se exerce de forma ostensiva. Mas, mesmo fora das assembléias, continua a se exercer,
de forma indireta, face à dependência em que se colocam os administradores diante do
titular do poder de controle”(BORBA, 2001, p.314)
O fenômeno do controle não se limita tão somente à maioria dos votos, mas se estende por
toda a estrutura corporativa, valendo-se o controlador de seu poderio econômico, maior poder
decisório dentro das assembléias e da importância de sua figura dentro da hierarquia, que mesmo
sem estar inserido oficialmente por meio de um cargo, influencia aqueles profissionais que ele
nomeou ou até mesmo elegeu, criando um vínculo que sustenta ainda mais sua notoriedade na
estrutura corporativa própria de cada sociedade anônima. (BORBA, 2001, p.314)
O controle dar-se-ia para o acionista que sozinho detêm 51% do capital da empresa ou para
um grupo de acionistas que por meio de acordo ou representante em comum, detêm 51% do
capital da empresa. Nota-se que essa proporção só é pertinente nas empresas onde todos os
acionistas participam das reuniões onde as decisões de naturezas diversas são tomadas. (BORBA,
2001, p.314)
32
Entenda-se “poder permanente”, como consta no artigo 116, o poder exercido por um único
acionista ou por um grupo de acionistas direcionados ao um mesmo objetivo, perpetrado com
regularidade, bastando, portanto, que esse poder seja exercido em um mesmo sentido por um
período substancial de tempo. (BORBA, 2001, p.314)
Quando um grupo de acionistas que não representa a maioria, mas exerce um “poder
permanente” de controle decisório, este controle, ainda que minoritário, será tratado como
acionista controlador, aplicando-se as qualificações de abuso previstas no artigo 116 ao controle
minoritário. (BORBA, 2001, p.315)
A primeira vista, o acionista preferencial aparenta ter melhor condição, isto é, um tratamento
iníquo se tentarmos equipará-lo a um acionista ordinário ou nominal, aparentemente.
Sua condição jurídica está regulamentada nos artigos 16 e 17 do dispositivo, e concede a esta
categoria de ação, preferência no recebimento dos dividendos, bônus e outros rendimentos que
advirem dos rendimentos da companhia, constituindo-se numa real preferência na partilha.
“No silêncio do estatuto, todas as ações terão direito de voto, inclusive as preferenciais”
(BORBA, 2001, p.307), a doutrina explicita uma opção que a lei dá ao estatuário de conferir ao
acionista preferencial o direito de voto amplo e irrestrito, o direito de voto restrito, ou ainda a
total proibição do voto, sendo, portanto uma faculdade da assembléia na formulação do estatuto
ou na alteração deste.
Os parágrafos aos quais o artigo 112 da lei 6404/76 faz referência consistem nas situações
onde o acionista prioritário adquire o direito de voto. Se por três administrações consecutivas a
companhia deixar de pagar os dividendos obrigatórios ao sócio prioritário, este adquire direito de
voto nos órgãos sociais até que o montante devido seja pago. Se o voto para os acionistas
preferenciais for restrito, essa restrição é suspensa até o pagamento dos créditos devidos pela
companhia aos acionistas preferenciais.
34
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BATALHA, Wilson de Souza Campos. Comentários à Lei das sociedades anônimas: Lei
n°6404/76 de 15 de dezembro de 1976. Rio de Janeiro: Forense, 1977. v.1
BORBA, José Edwaldo Tavares. Direito Societário. 3ª ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1997.
BORBA, José Edwaldo Tavares. Direito Societário. 7ª ed. Rio de Janeiro: São Paulo: Renovar,
2001.
COELHO, Fábio Ulhoa. Manual de Direito Comercial. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2004.
COMPARATO, Fábio Koder. Novos ensaios e Pareceres de Direito Empresarial. Rio de
Janeiro: Forense, 1981.
Del2627. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil/Decreto-Lei/Del2627.htm> acesso
em: 16 set 2009
GALBRAITH, John Kenneth. O Novo Estado Industrial. São Paulo: Pioneira, 1983
GONZAGA DE SOUZA, Luiz. As Sociedades Anônimas. Disponível em:
<http://www.eumed.net/libros/2006b/lgs-art/3i.htm> acesso em: 17 set 2009
GRANJEIRO, J. Wilson, Lei Nº6.404/76 Para Concursos . 4ª Ed. Brasilia-DF . Vest-Com, 1996
Historia do Mercado de Capitais. Disponível em
<http://www.portaldoinvestidor.gov.br/InvestidorEstrangeiro/OmercadodeValoresMobili
%C3%A1riosBrasileiro/Hist%C3%B3riadoMercadodeCapitais/tabid/134/Default.aspx> acesso
em: 16 set 2009.
Lei da sociedade por ações: lei n.6404, de 15-12-1976. 20 ed. São Paulo: Atlas, 1988
MAGALHÃES, Roberto Barcellos. Leis das S/A: Comentários por artigo. 2. ed. Rio de
Janeiro: Freitas Bastos, 1997. 1v.
MARTINS, Fran. Curso de Direito Comercial: Empresa comercial – Empresários
individuais – Microempresas – Sociedades empresárias – Fundo de comércio. 31ª ed. Rio de
Janeiro: Forense, 2008.
37
MIRANDA JUNIOR, Darci Arruda. Breves Comentários à lei de sociedades por ações. São
Paulo: Saraiva, 1977
MOTA, Decho Myriam e DRAICK, Patrícia Ramos Historia: das cavernas ao terceiro
milênio. 2 ª ed. São Paulo: Ed moderna, 2002.
Noção Histórica. Breve visão sobre ações e a Responsabilidade Social. Disponível em:
http://www.fortium.com.br/faculdadefortium.com.br/cesar_marinho/material/3571.doc> acesso
em: 17 set 2009
VIDIGAL, Geraldo de Camargo (Coord) et al. Comentário à lei das sociedades por ações: lei
n°6404/76. São Paulo: Resenha Universitária: Instituto dos Advogados de São Paulo, 1978.