A Cura Ressignificada - Eliana M.S. Lobo
A Cura Ressignificada - Eliana M.S. Lobo
A Cura Ressignificada - Eliana M.S. Lobo
!is"a co! rela&'o ( cura. Os sin"o!as se rendia! ao oder da ala%ra e an#lises de !eses) e a"* de se!anas) arecia! "er resol%ido +ues",es neur-"icas +ue an"es ro%oca%a! grande sofri!en"o. .ra"a%a-se de e%idenciar o "rau!a origin#rio e sua descober"a e ab-rea&'o rodu$ia u! efei"o +uase !iraculoso. Mas aos oucos foi ficando claro o +uan"o era! insuficien"es os resul"ados de "ais an#lises e a co! le/idade da %ida s0+uica foi se re%elando rogressi%a!en"e) !ui"as %e$es co! conse+12ncias ca"as"r-ficas. A rinc0 io be! sucedido) o caso de Anna O. foi se cons"i"uindo nu!a a!ea&a e de ois nu! grande fracasso) de%ido (s %icissi"udes da "ransfer2ncia a!orosa +ue 3reuer "e%e "an"a dificuldade de enfren"ar. Esse a el a!b0guo da "ransfer2ncia ins"ru!en"o de "rabal4o e ar!a de oder arece) ara ci"ar a enas !ais u! e/e! lo) - "er con"ribu0do in"ensa!en"e ara o desen"endi!en"o en"re 5reud e 5erenc$i e ara a derrocada des"e 6l"i!o. Sabe!os +ue 5erenc$i se analisou co! 5reud e! alguns er0odos cur"os) e +ue de ois de u! er0odo de "ransfer2ncia osi"i%a 7e ideali$ada8 surgiu a "ransfer2ncia nega"i%a +ue) co!o n'o 9de ser "rabal4ada foi criando u! abis!o cada %e$ !aior en"re !es"re e disc0 ulo 7e!bora 5erenc$i solici"asse u!a con"inua&'o da an#lise) es"a con"inua&'o nunca ocorreu8. Os confli"os dos ri!eiros analis"as co! seus acien"es e na co!unidade anal0"ica +ue se inicia%a) le%ara! ( dolorosa cons"a"a&'o de suas r- rias dificuldades e a"ologias. :! 9s-se a necessidade de an#lise ara o analis"a e an#lise o !ais co! le"a oss0%el. Conce &,es co!o "ornar conscien"e o inconscien"e) assara! a ser associadas co! an#lises de dura&'o cada %e$ !ais longa e a id*ia de cura foi se e%idenciando) cada %e$ !ais) co!o u!a ilus'o u"- ica. O !al-es"ar "o!a%a con"a da Psican#lise.
Esse descon"en"a!en"o se associou a "oda u!a !udan&a de %alores; a se/ualidade) an"es re ri!ida e) a"* or isso !es!o) causadora de sin"o!as neur-"icos) "ornou-se ar"igo de consu!o banali$ado e descar"#%el) e <# n'o ressu ,e u!a rela&'o de ob<e"o) !as !era!en"e u! uso. =o anora!a a"ual) do!inado elo indi%idualis!o) fala-se e! erda de in"eresse na Psican#lise) co!o sendo u!a for!a de ensar anacr9nica) +ue <# n'o d# con"a das +ues",es +ue se a resen"a! co!o geradoras do sofri!en"o do ser 4u!ano do s*culo >>:. Os acien"es "en"a! buscar sa0das !ais r# idas e +ue n'o i! li+ue! e! co! ro!isso. ? nesse con"e/"o alienan"e +ue se si"ua o desafio con"e! or@nea. ara a Psican#lise
...................................................................................................................... A!a Psican#lise n'o * u! in%es"i!en"o cien"0fico i! arcial) !as u!a !edida "era 2u"ica. Sua ess2ncia n'o * ro%ar nada) !as si! les!en"e al"erar algo. 75reud) S.) Anlise da fobia de um menino de cinco anos) BCDC) S.E.%ol.>) .BBE8. Fuando assi! se e/ ressa) referindo-se ao caso do e+ueno Gans) 5reud ri%ilegia a di!ens'o do "ra"a!en"o. Mes!o +ue saiba!os o +uan"o * i! or"an"e ara ele +ue a Psican#lise se<a recon4ecida co!o disci lina cien"0fica) a+ui "2! re%al2ncia o "ra"a!en"o) e a in%es"iga&'o cuidadosa +ue o sus"en"a. Cada acien"e +ue nos rocura *) e! cer"a !edida) u!a %0"i!a dos seus confli"os ulsionais e do seu desa! aro. Mas !ui"as %e$es ne! sabe disso) e ne! sabe "a! ouco o +ue ode es erar de u!a an#lise. E o +ue ode!os real!en"e oferecer) (+uele +ue se ro ,e ( a%en"ura anal0"icaH Oferece!os u! en+uadre) +ue ir# %iabili$ar u! rocesso. Alguns acien"es ir'o se beneficiar !ais do en+uadre) e ou"ros ar"ici ar'o !ais do rocesso) e! di%ersos graus) cada +ual co! sua singularidade. O en+uadre sicanal0"ico 7consul"-rio) di%') n6!ero de sess,es) "e! o de cada sess'o) e"c.8 "e! dois as ec"os) o de con"inen"e e o de li!i"e) er!i"indo +ue o acien"e se sin"a acol4ido e ro"egido de u! "ransborda!en"o ani+uilador. A ar"ir da es"abilidade desse en+uadre) o relaciona!en"o analis"a- acien"e) co! "oda sua carga de afe"os) ode se ins"alar) dando in0cio ao rocesso.
...................................................................................................................... I#rios au"ores <# se de"i%era! na i! or"@ncia das en"re%is"as reli!inares 7Aulagnier) 5reud) Roc4a 5.8 ara +ue o analis"a ossa a%aliar as fan"asias +ue o acien"e e! o"encial "e! e! rela&'o ( cura) a sua dis osi&'o e ca acidade de lidar co! as ine%i"#%eis frus"ra&,es +ue o aguarda!; ode ser +ue es ere ad+uirir u!a in%ulnerabilidade) +ue %ai se re%elar inalcan&#%elJ ou +ue re"enda en"regar o aco"e de sua doen&a ara +ue o analis"a o carregue. ? oss0%el +ue "en4a algu! acesso (s causas dos seus !ales) e o +ue i! or"a * se as "eorias +ue criou ara e/ lic#-los s'o ass0%eis de %erifica&'o e "ransfor!a&'o. E ao !es!o "e! o) o analis"a recisa se +ues"ionar a"* +ue on"o es"# dis os"o a se enga<ar nu!a rela&'o co! essa essoa suas ossibilidades de assu!ir o lugar de analis"a co! a+uele acien"e e! ar"icular 7Roc4a) 5.) EDDD8. .odos es"es fa"ores ir'o de"er!inar e! +ue !edida o "ra"a!en"o ode %ir a ser be! sucedido. Sabe!os +ue a ossibilidade de ocorrer u! rocesso anal0"ico de ende de o analisando oder acei"ar a e/is"2ncia do inconscien"e 7Aulagnier) P.) BCKL) a ud Roc4a) 5.8. J# +ue den"ro dele 4# "odo u! !o%i!en"o do +ual ele s- "o!a con4eci!en"o a"ra%*s dos efei"os) das deri%a&,es) n'o * infre+uen"e +ue o acien"e "en4a dificuldade de recon4ecer o inconscien"e co!o ar"e do seu r- rio si+uis!o. O bo! resul"ado da an#lise ir# de ender desse recon4eci!en"o) +ue o 4abili"a a se a ro riar de si !es!o co!o u! "odo) e a erceber o +ue l4e fal"a e +ue %ai "en"ar reenc4er co! a an#lise 7a"* descobrir +ue n'o * oss0%el e elaborar essa frus"ra&'o8. E! An#lise .er!in#%el e :n"er!in#%el 5reud a on"a ara o li!i"e de "odas as an#lises) +ual se<a o roc4edo da cas"ra&'o. ? co!o se) a ar"ir desse encon"ro co! o ine%i"#%el) o su<ei"o re"irasse do rocesso anal0"ico a sua ca acidade de in%es"i!en"o. E no en"an"o) arafraseando Minnico"") 7Minnico"") N.) Fear of Breakdown) a sua r- ria busca de an#lise <# o definiria co!o cas"rado) na !edida e! +ue conseguiu se dar con"a da sua inco! le"ude e de sua necessidade do Ou"roJ !as ..."oda descober"a * fei"a !ais de u!a %e$) e nen4u!a se fa$ de u!a %e$ s-. 75reud) S. Psicanlise e Psiquiatria) in Confer2ncias :n"rodu"-rias) S. E.) %ol. >I:) . LDO8. E! acien"es co! u! ego es"ru"urado) e cu<as dificuldades s'o !ais es ec0ficas) 75reud se refere a casos e! +ue o "rau!a * locali$ado8 e! geral * oss0%el u! rogn-s"ico bas"an"e fa%or#%el) o +ue inclui liber"ar-se dos
sin"o!as e su erar as resis"2ncias. Mas n'o * o +ue ocorre na !aioria das %e$es; a"ual!en"e +ue! nos rocura cos"u!a "er dificuldades be! !ais gra%es) e "rau!as cu!ula"i%os 75erenc$i) S.) P4an) M.8 +ue a"inge! "oda a ersonalidade. =e! se! re desa arece! os sin"o!as) +ue ode! ser considerados co!o a !el4or for!a oss0%el de defesa ara lidar co! u! sofri!en"o s0+uico in"oler#%el. O "ra"a!en"o sicanal0"ico se es"endeu da neurose ara sicoses) adi&,es) a"ologias narc0sicas e condi&,es borderline enfi!) casos-li!i"e. Es"es no%os acien"es de!anda! do analis"a !ui"o !ais do +ue in"er re"a&'o do recalcado) "endo e! %is"a +ue seu inconscien"e se cons"i"ui de !ui"os as ec"os +ue n'o udera! ser re resen"ados) e +ue or"an"o %2! ( "ona sob for!a de sensa&,es cor orais %agas) cli!as e!ocionais difusos) a"ua&,es. A+ui es"a!os e! ou"ra #rea) na +ual a ala%ra n'o c4ega a dar con"a or+ue se "ra"a de fen9!enos r*-si!b-licos. Por"an"o os ar@!e"ros do mtodo psicanaltico recisar'o ser es"endidos e al"erados) u"ili$ando e le%ando e! con"a a e/ eri2ncia e!ocional do analis"a) na busca de reenc4er) de for!a intersubjetiva) as lacunas re resen"acionais ara se! re e/cluidas de +ual+uer a reens'o de con4eci!en"o or ar"e do Eu) e +ue) no en"an"o) er!anece! co!o ar"e in"egran"e do co! onen"e so!#"ico +ue aco! an4a "oda e!o&'o.7Aulagnier) P. O Eu e suas re resen"a&,es8. Esse reenc4i!en"o or ar"e do analis"a s- ode ocorrer e! u! con"e/"o de grande in%es"i!en"o) +ue l4e er!i"a %i%enciar) de for!a %icarian"e) a+ueles as ec"os +ue o acien"e "rans!i"iu) se! se dar con"a e de for!a e/"ra-%erbal) e +ue ro%ocara! o sofri!en"o s0+uico e o i! asse. Fual+uer +uebra de sin"onia) +ual+uer "en"a"i%a de acelerar u! rocesso or si s- "'o delicado) ser# %i%ida elo acien"e co!o u!a in%as'o insu or"a%el!en"e %iolen"a. Q !edida +ue a Psican#lise a! lia seus li!i"es) e casos) an"es considerados inanalis#%eis) assa! a ser acol4idos) o nosso ins"ru!en"al "*cnico "a!b*! "e! se a! liado ara dar con"a de no%as +ues",es. No es a&o in"rasub<e"i%o fo!os a%an&ando) %ia rela&,es de ob<e"o) ara a co! reens'o da in"ersub<e"i%idade) a"* os fen9!enos "ransgeracionais) e! busca de lidar co! esses fen9!enos +ue esca a! ( a&'o da ala%ra e se !anifes"a! sob for!a de gra%es er"urba&,es. Os acien"es +ue ela e/"ens'o de sua a"ologia) e! geral sic-"ica) "2! redu$ida a sua au"ono!ia) ode! or %e$es se beneficiar de "era ias fa!iliares) a"ra%*s das +uais suas ang6s"ias a"erradoras ode! encon"rar e/ ress'o. Poder con"ar co! u! territrio de intermedia !o familiar funcional) cria u! con"inen"e ara o eu an"e a c4egada de
acon"eci!en"os "rau!#"icos 7.o$$a""o) M. :.) Rru o 5a!iliar e Psican#lise; Resson@ncias Cl0nicas) .KS) EDDK) Ie"or Edi"ora8. .e! sido !ui"o es"udada) na a"ualidade) a transmiss!o intersubjetiva) e) e! es ecial) a clnica vincular" or Ren* PaTs 7Os es a&os s0+uicos co!uns e ar"il4ados; "rans!iss'o e nega"i%idade) Casa do Psic-logo) SP) EDDO8. Es"e au"or desen%ol%eu es"e "rabal4o e! bases sicanal0"icas) "endo buscado e! 5reud 7Psicologia de Rru o e An#lise do Ego8 a no&'o de +ue o indi%0duo recisa de u! in"er!edi#rio +ue o au/ilie a se ro"eger das e/ci"a&,es e/cessi%as +ue oderia! ro! er a barreira de ro"e&'o. Esclare&o agora +ue a fa!0lia e o gru o s'o o lugar do e! arel4a!en"o do inconsciente recalcado e do inconsciente n!o recalcado# O +ue n'o 9de ser recalcado or u! su<ei"o e sofreu o des"ino da re<ei&'o e da recusa ode !e"a!orfosear-se e! inconscien"e recalcado) gra&as ao "rabal4o do son4o dos !e!bros neur-"icos do gru o e da fa!0lia. Essa "ransfor!a&'o su ,e u!a sus ens'o ou u!a dissolu&'o das alian&as inconscien"es e sobre"udo dos ac"os denega"i%os +ue garan"e! a !anu"en&'o no inconscien"e das ar"es re<ei"adas ou negadas) e! benef0cio de cada u! dos !e!bros de u!a configura&'o %incular. ... O son4o reali$a no !ais al"o grau essa e/ eri2ncia de "ransi"i%idade. Ao rea%aliar a "eoria do a oio e res"i"uir-l4e seu alcance geral) e/ us ou"rora a no&'o de u! a oio rec0 roco do a oiado 7a+ui) a fun&'o on0rica do beb28 sobre o a oian"e 7a !'e) o gru o fa!iliar e a a"i%idade on0rica deles8) e ro us a id*ia de u!a re"o!ada "ransfor!adora) no "ranscurso do rocesso "era 2u"ico) dos a oios inicial!en"e deficien"es... o oniris!o fa!iliar er!i"e a inscri&'o dos "ra&os origin#rios na si+ue do su<ei"o sic-"ico) e! +ue!) a"* en"'o) nada udera inscre%er-se.7PaTs) R.) A Polifonia do Son4o8. ............................................................................................................................. G# u! on"o e! co!u! a "odos os acien"es; neur-"icos) sic-"icos) er%ersos) "odos %i%era! a e/ eri2ncia de u! impasse) e! !aior ou !enor grau) e ara se defendere! criara! u!a "eoria +ue *) ao !es!o "e! o) a sua ris'o; do sin"o!a) a"* o del0rio) assando elo car#"er e elo fe"ic4e) cada +ual encon"rou e assou a con"ar) !ui"as %e$es se! erceber) au"o!a"ica!en"e) a 4is"-ria do seu assado. ? essa 4is"-ria cris"ali$ada e i!-%el +ue o rocesso sicanal0"ico %ai sacudir. Fuando a !obilidade * rein"rodu$ida na di!ens'o s0+uica) o su<ei"o ode en"'o se "ornar au"or de u!a ou"ra 4is"-ria. E * s- ao se liber"ar) ressignificando a sua r- ria 4is"-ria) +ue ele ode %ol"ar a acei"ar os riscos
de confli"o e sofri!en"o +ue es"'o i! l0ci"os e! +ual+uer "en"a"i%a de in%es"i!en"o. =osso desafio co!o analis"as * fa%orecer) ara cada u! dos acien"es e na !edida das ossibilidades de cada u!) essa liberdade de encon"rar no%os significados ara sua %ida. Por+ue de ou"ra for!a ode!os curar nosso acien"e e nada saber sobre o +ue l4e er!i"e con"inuar %i%endo. Para n-s) * de su!a i! or"@ncia recon4ecer aber"a!en"e +ue a aus2ncia de doen&a siconeur-"ica ode ser sa6de) !as n'o * %ida. Os acien"es sic-"icos +ue aira! er!anen"e!en"e en"re o %i%er e o n'o %i%er) for&a!-nos a encarar esse roble!a +ue real!en"e * r- rio) n'o dos siconeur-"icos) !as de "odos os seres 4u!anos. 7Minnico"") N. O lugar da e/ eri2ncia cul"ural. E! O 3rincar e a Realidade8. Eliana M. S. Lobo elianaloboUal"erne/.co!.br
Resu!o; A au"ora a resen"a suas id*ias co! rela&'o ao concei"o de cura) desde os ri!eiros "e! os da sican#lise freudiana) e! +ue os acien"es era! siconeur-"icos) a"* a a"ualidade) e! +ue 4# u! grande n6!ero de casosli!i"e. 3aseada na con"ribui&'o de %#rios au"ores) ro ,e co!o u! cri"*rio de an#lise be!-sucedida o au!en"o da liberdade in"erna e! fun&'o da ossibilidade de ressignificar a r- ria 4is"-ria.