O Neo-Realismo Italiano e Suas Influências
O Neo-Realismo Italiano e Suas Influências
O Neo-Realismo Italiano e Suas Influências
ARTHUR PERIN
JORGE PENA
GUSTAVO RODRIGUES
VITÓRIA – ES
2009
ÍNDICE
1. Introdução 03
2. Neo-realismo italiano 04
3. Movimentos influenciados 06
4. Nouvelle Vague 07
5. Análise de cartazes 09
6. Referências 12
7. Anexos 13
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1. Introdução
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2. Neo-realismo italiano
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Laura E. Ruberto, Kristi M. Wilson, “Italian neorealism and global cinema”, página 65, Wayne State
University Press, 2007, 344 páginas.
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A estética Neo-realista é a do documentário. Os diretores prezavam pela
autenticidade dos trabalhos (por isso a preferência por não-atores), pois seus
objetivos eram representar o cotidiano da classe desfavorecida italiana. Os
roteiros ficcionais desses filmes nada mais eram que documentários da Itália
apresentados sob a ótica de uma situação factível que qualquer cidadão
italiano poderia enfrentar. Esse aspecto documental é facilmente perceptível
em filmes como Viagem à Itália de Rosselini, em que se alternam cenas do
drama vivido pelo casal protagonista e apresentações – inclusive com
explicações de cunho científico ou turístico – de vários pontos importantes de
Nápoles; ou em Ladrões de Bicicleta de Vittorio De Sica, que mostra a
realidade do desemprego, da criminalidade, da Igreja e das crenças populares,
durante a busca de Antonio por sua bicicleta roubada.
O cinema Neo-realista também é caracterizado pelo uso de uma
estrutura narrativa não ortodoxa que evita as convenções clássicas de
continuidade do sistema capitalista do cinema italiano anterior – e de
Hollywood, como o maior exemplo da época e da atualidade –, que buscava a
criação de grandes espetáculos com o objetivo de maior arrecadação de renda.
Desta forma, os roteiros não apresentam ligações ou explicações dramáticas
para os eventos que ocorrem, pois não há a presença de uma linearidade ou
de um desenvolvimento detalhado dos personagens, cujas atuações não são
“exageradas” e cujas ações não são precedidas de motivações ou causas
psicológicas bem definidas. Essa característica foi muito bem absorvida e
desenvolvida pelos cineastas franceses da Nouvelle Vague posteriormente.
O Neo-realismo italiano durou cerca de uma década (de 1943 a 1953), e
seus principais expoentes foram os cineastas Roberto Rosselini, com filmes
como Roma, città aperta, Paisà e Viaggio in Italia, Luchino Visconti, com
Ossessione, que inicia o movimento, e La Terra Trema, Vittorio De Sica e o
roteirista Cesare Zavattini, com Sciuscià e o aclamado Ladri di Biciclette.
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3. Movimentos influenciados
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4. Nouvelle Vague
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Os franceses inovaram a produção cinematográfica pelos elementos
estéticos e artísticos já apresentados, mas também no âmbito técnico, com
câmeras mais leves, filmes mais sensíveis que dispensavam a iluminação
artificial. Elementos que possibilitavam a produção externa dos filmes com
maior qualidade.
O sucesso da Nouvelle Vague acontece por uma congruência de fatores
econômicos, políticos e estéticos, como a liberalização de costumes e recuo da
censura e o aparecimento de uma nova geração de atores como Brigitte
Bardot, Jean-Paul Belmondo e Bernadette Lafont.
A renovação ocorreu em vários níveis, e principalmente na conceituação
da política de autores em que se teorizava sobre a capacidade e
espontaneidade criativa dos diretores que de forma subjetiva expunham seu
olhar sobre o mundo em idéias organizadas segundo precisos preceitos
estéticos.
É importante destacar também o caráter metalingüístico da Nouvelle
Vague em que a montagem responsável pelo ritmo é induzida na direção de
destacar a presença da câmera em ação. Além disso, a utilização subjetiva da
trilha sonora acrescenta atenção aos elementos da linguagem cinematográfica,
sempre frisadas nesse cinema autoral e pessoal.
Os cineastas mais influentes dessa corrente estética e teórica são:
Godar, Truffaut, Alain Resnais, Jacques Rivette, Claude Chabrol e Eric Rohmer.
Grande parte pertencia ao elenco de críticos inovadores da revista Cahiers Du
Cinema (cadernos de cinema), ninho do movimento.
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5. Análise de cartazes
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A diagramação dos pôsteres não tem a rigidez vista anteriormente nos
filmes italianos. A disposição das informações não segue um padrão tão
definido e a composição das ilustrações também é mais livre, não se
prendendo tanto a uma temática e a uma técnica.
Os títulos têm maior interação com as ilustrações, pois são mais
trabalhados graficamente e se encaixam de maneira mais harmoniosa com a
composição. A tipografia é explorada de forma livre, não se limitando à
centralização e à composição de textos blocados ou em uma mesma linha.
A referência direta com cenas do filme também se perde nos cartazes da
Nouvelle Vague. A maioria das ilustrações retrata somente o personagem
principal em poses padronizadas e não específicas e personagens secundários
são adicionados através do mesmo princípio, com uma preocupação estética,
mas sem preocupações em fazer referências às histórias apresentadas nos
filmes.
A diversidade de técnicas de ilustração também é maior, o uso da
fotografia se torna mais comum e também são produzidas imagens com
nanquim. Além disso, os retratos são mais sintéticos, com uma paleta de cores
menor, utilização de pouco gradiente e mais cores chapadas, aproveitando a
diferença de contraste para criar o efeito de luz e sombra. O traço também é
simplificado, e é possível ver em alguns casos, imagens em alto contraste dos
personagens do filme, eliminando, em parte, o apreço pelo realismo visível no
estilo italiano.
Apesar das diferenças apresentadas entre os dois estilos, os cartazes da
Nouvelle Vague e do Neo-realismo italiano possuem algumas características
em comum.
A retratação da figura humana continua presente na maioria dos
pôsteres de ambos os estilos. As ilustrações realistas ou fotografias ainda
formavam a maior parte das composições dos cartazes, pois apesar da
liberdade alcançada pela Nouvelle Vague, o realismo imagético ainda era uma
das principais características da produção de cartazes.
Os planos mais próximos e closes continuavam a ser aplicados em
quase todos os pôsteres da época, de forma que os filmes continuavam a
apresentar – pelo menos através de seus cartazes – um grande teor dramático,
que muitas vezes não eram correspondidos na tela. Apesar disso, a Nouvelle
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Vague já explorava mais a dramaticidade, só que de uma maneira mais
poética, em filmes como Hiroshima Mon Amour e Acossado.
As técnicas de ilustração mais utilizadas ainda eram o guache e a
aquarela, apesar da conquista de um espaço razoável da fotografia na
produção dos cartazes da Nouvelle Vague.
É possível perceber que, assim como no âmbito fílmico, as influências
do Neo-realismo italiano na Nouvelle Vague eram muitas e facilmente
perceptíveis, os cartazes dos filmes desses movimentos também possuíam seu
nível de semelhança. E assim como a Nouvelle Vague também evoluiu e
adaptou idéias apresentadas no Neo-realismo e propôs outras abordagens, os
cartazes também tiverem seus níveis de diferenças e aperfeiçoamento. Pois os
movimentos artísticos nunca ocorrem em um só plano ou atuam em uma só
área, e as mudanças que eles trazem são refletidas – de maneira singular e ao
mesmo tempo conjunta – em todas as suas áreas.
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6. Referências
- BAGSHAW, Mel. “The Art of Italian Film Posters”. London: Black Dog Publishing,
2005, 213 p.
- FABE, Marilyn. “Closely Watched Films: An introduction to the art of narrative film
technique”. Berkeley: University of California Press, 2004, 279 p.
- http://www.fafich.ufmg.br/~labor/cursocinema/index2.html
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