Breve Histórico Da Antropologia
Breve Histórico Da Antropologia
Breve Histórico Da Antropologia
A pré-história da Antropologia
A origem da reflexão antropológica ocorreu simultaneamente com a descoberta do Novo
Mundo no fim do século XIV. Nesse contexto, com o contato com as populações indígenas e
aborígenes surge para os europeus colonizadores questionamentos acerca da humanidade dos
recém-descobertos. Como lidar com as diferenças? Seriam esses seres recém descobertos
humanos? Seriam eles selvagens ou civilizados? Seriam os recém descobertos bons ou ruins?
A partir desses questionamentos surgem pontos de vistas sobre os descobertos:
a) A figura do mau selvagem e do bom civilizado: surgida a partir da recusa do estranho,
o comportamento peculiar dos índios e aborígenes causava estranheza aos europeus -
por exemplo, o fato de andarem nus. Os selvagens eram apreendidos como seres
bestiais e por isso descriminados e deveriam, sob essa ótica, serem subjugados.
b) A figura do bom selvagem e do mau civilizado: surgida a partir da fascinação pelo
estranho. Aqui, há uma visão romantizada do índio, tomando-o como um bom,
protetor da natureza, puro e feliz. Há aqui a criação de uma dicotomia: índio puro X
civilização européia degradada e corrompida.
A imagem que os ocidentais fizeram da alteridade não parou de oscilar entre esses dois
pontos de vista. Nesse contexto, as rápidas transformações de repulsa em fascínio criaram
uma alteridade fantasmática que não tinha relação com o real. O “selvagem” nesse período é
utilizado como objeto-pretexto na exploração européia do Novo Mundo, a visão adotada iria
apenas viabilizar as postura e condutas européias em relação a esses recém-descobertos. Não
se observava o outro com profundidade,usava-o,olhava-se a si mesmo nele,procurava-se a
satisfação dos interesses.Assim,nessa época o saber era pré-antropológico,pois se tinha uma
visão de um objeto distante,tendo uma reflexão distante,com vistas à satisfação de anseios
particulares.
O século XVIII: a invenção do conceito de homem
Somente no século XVIII, constitui-se o projeto de fundar uma ciência do homem, nesse
período, procura-se abandonar o saber mais especulativo, tentando voltar-se para o saber mais
positivo.
Esse projeto antropológico supõe:
a) A construção de um certo número de conceitos-segundo a metodologia positivista,
uma ciência deve possuir uma linguagem própria, com termos e conceitos próprios,
nesse sentido a criação de conceitos fazia-se necessária, começando pelo conceito de
homem- etimologicamente a antropologia é a ciência que estuda o homem, por isso
deve conceituá-lo, não como sujeito, e sim como objeto de observação.
b) A constituição de uma saber que não seja apenas de reflexão, e sim de observação-
aqui se visa um novo acesso ao homem, que passa a ser considerado em sua existência
concreta. O homem passa a ser compreendido enquanto ser vivo de atuação
econômica, psíquica (que pensa) e lingüística.
c) Uma problemática essencial: a da diferença- Concebe-se s noção de diferença. Nesse
sentido, ocorre uma crise de identidade do humanismo e da consciência européia.
Parte de suas elites busca suas referências em um confronto com o distante.
d) Um método de observação e análise: o método indutivo. Os grupos sociais passam a
ser estudados empiricamente, observam-se fatos, a fim de extrair princípios gerais.
Esse “naturalismo” consiste na emancipação definitiva ao pensamento teológico.
Surgem aí as concepções de “moral natural” e “direito natural”
Mudanças muitas podem ser vistas na construção de um saber antropológico entre os séculos
XVI e XVIII, por exemplo:
a) Nos séculos XVI e XVII, tem-se um estudo mais cosmográfico, estuda-se a terra, a
fauna, a flora. Em contrapartida, no século XVIII, constitui-se o esboço de uma
antropologia social e cultural.
b) Ocorre uma mudança na construção do saber antropológico. No século XVI,
coletavam-se curiosidades, já, no século XVIII, era importante saber o que coletar e
mais importante saber como processar essa coleta. Não basta mais observar,é preciso
processar a observação.Não basta mais interpretar o que é observado,é preciso
interpretar as interpretações.Nasce ai a Etnologia.
Nesse contexto, no século XVIII, o cientista naturalista deve ser ele próprio testemunha ocular
do que ele observa. Percebe-se ainda nesse período que não há distinção prática entre os
saberes antropológico e filosófico e não há separação entre antropologia e história.
Esse antropólogo defende que o homem deve ser entendido a partir de uma tripla
articulação, envolvendo as dimensões sociais (indivíduo inserido em um contexto social),
psicológicas (indivíduo enquanto ser pensante) e biológicas (indivíduos como organismos
vivos com necessidades).
Malinowski rompe com a concepção tradicional de que culturas não ocidentais seriam
inferiores ou anteriores, para considerá-las como formas contemporâneas e, diferentemente
das sociedades européias, autenticas.
Malinowski foi importante, devido às contribuições deixadas por ele na antropologia, visto
que foi o primeiro a por em prática a observação-participante, procurou compreender mais a
fundo a organização da sociedade, distanciando-se de curiosidades e coisas de caráter exótico.
Os primeiros teóricos da Antropologia: Durkheim e Mauss
Apesar dos avanços no fortalecimento da pesquisa etnográfica, fundada por Boas e
Malinowski, a antropologia não podia se falar em antropologia enquanto ciência independente
e autônoma, visto que ela era profundamente e inevitavelmente ligada à história, psicologia,
geografia, biologia, não tendo, portanto um quadro teórico, conceitos e modelos próprios de
estudo, utilizava-se de instrumentos dessa outras ciências.
Durkheim, mais sociólogo do que antropólogo, para ele a antropologia estaria
permanentemente ligada á sociologia, defendendo que a sociologia deveria estender seu
campo de investigação aos materiais encontrados pelos etnólogos nas sociedades primitivas.
Durkheim procura emancipar a sociologia da psicologia, pois considerava que os fatos
sociais se davam no campo da coletividade, enquanto que a psicologia se dava no campo da
individualidade. Para ele não cabia estudar a linguagem ou a religião do ponto de vista do
indivíduo,através da psicologia,pois estes são fenômenos coletivos que se constroem
culturalmente independente do indivíduo.
Para ele os fatos sociais são coisas que só podem ser explicados sendo relacionados a outros
fatos sociais. Assim,a sociologia encontra seu objeto próprio de estudo os fatos sociais.
Na França, país de Durkheim, a antropologia não se emancipou da sociologia.
Sugestão: DURKHEIM, E. As formas elementares da vida religiosa. São Paulo: Martins
Fontes, 1996.
Marcel Mauss
Marcel Mauss, sobrinho de Durkheim,assim como seu tio defendia a autonomia do
social,contudo discordou de Émile em dois aspectos:
Enquanto Durkheim considerava a importância dos dados etnológicos, Mauss acreditava no
reconhecimento da Etnologia como ciência verdadeira e autônoma. Defende ainda que excluir
completamente a psicologia dos estudos dos comportamentos sociais é um erro,pois os seres
humanos,além de sociais,são fisiológicos e psicológicos .Ele considerava que os estudos
deveriam se dar tanto na coletividade quantos na individualidade.
Marcel Mauss fez um profundo estudo sobre os presentes nas sociedades primitivas,
procurando entender sua importância nas diversas instâncias da sociedade.
Sugestão: Mauss, M. Sociologia e Antropologia. São Paulo: EDUSP, 1974.
http://www.britannica.com/EBchecked/topic/342635/Ralph-Linton
http://en.wikipedia.org/wiki/Ralph_Linton
http://www.mirelaberger.com.br/mirela/download/malinowski_e_boas.pdf
http://www.dec.ufcg.edu.br/biografias/FranzBoa.html ³
http://old.kov.eti.br/ciencias-sociais/ciencias-sociais/artigos/antropologia/estruturalismo-
funcionalismo.pdf
http://old.kov.eti.br/ciencias-sociais/ciencias-sociais/ensaios/antropologia/durkheim.pdf
Universidade Federal do Ceará
Faculdade de Direito
Departamento de Direito Processual
Fortaleza-2009