Vidrados Cerâmicos
Vidrados Cerâmicos
Vidrados Cerâmicos
Ponta Grossa
2009
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA
SETOR DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MATERIAIS
TURMA B
Ponta Grossa
2009
Introdução
A Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT define o piso
cerâmico como sendo o produto destinado ao revestimento de pisos, fabricado
com argila e outras matérias primas, com a face exposta vidrada ou não, e com
determinadas propriedades físicas e características próprias compatíveis com sua
finalidade.
Dois tipos principais de produtos cerâmicos para piso existem no mercado:
o vidrado e o porcelanato. A cerâmica do tipo vidrado representa mais de noventa
por cento da produção nacional.
As composições dos vidrados, também chamados de esmaltes, são
inúmeras e sua formulação depende das características do corpo cerâmico, das
características finais do esmalte e da temperatura de queima. Na indústria, os
revestimentos mais duros, e portanto, mais resistentes à abrasão, são à base de
Li2O-Al2O3-SiO2, os vidrados Al2O3 e os vidrados mate ZrSiO4.
Tipos de vidrados:
a) Engobes: São a interface entre o vidrado e o substrato cerâmico. É
principalmente utilizado no processo de mono-queima, com o objetivo de
minimizar defeitos provenientes da massa, proporcionar um bom acordo massa-
vidrado e também uniformizar a cor de fundo, quando a massa variar muito de
tonalidade. Geralmente são compostos por 20-60% de frita (podendo ser também
isentos) e o restante de matérias primas, principalmente argilas, feldspato, alumina
e zircônio.
b) Fritas cerâmicas: são materiais de natureza vítrea preparadas por fusão,
em temperaturas elevadas (em torno de 1500 °C), a partir de uma mistura de
matérias-primas de natureza cristalina. Durante o processo de fabricação formam
uma massa fundida que é resfriada instantaneamente em ar ou água, originando a
frita propriamente dita.
c) Vidrados Transparentes: A técnica de produção de revestimentos
cerâmicos mais difundida atualmente é a aplicação de vidrado transparente sobre
o engobe. Os primeiros a serem usados tinham chumbo em sua composição, mas
devido ao fato do chumbo representar um risco a saúde do operário ele foi sendo
substituído por álcalis e boro.
d) Vidrados Mate: são divididos em dois tipos: mates de cálcio, os quais
apresentam um teor de CaO entre 10 e 30%, sendo utilizados em processos de
mono-queima; e mates de zinco, os quais costumavam possuir chumbo e serem
usados em bi-queima. Usam-se fritas de zinco para processos de mono-queima. O
zinco tem grande influencia na atuação dos corantes.
e) Vidrados Brancos: Os vidrados desta família são basicamente opacificados
com silicato de zircônio. São amplamente utilizados na produção de azulejos,
sendo que as fritas brancas também são muito utilizadas na composição de
vidrados para piso.
f) Vidrados de alta resistência a abrasão: São utilizados para se obter pisos
com PEI IV e V . Tem normalmente alto ponto de amolecimento e teores elevados
de zircônio, alumina e cálcio.
g) Corantes: são compostos basicamente por misturas de óxidos que, na
maioria das vezes, são metais de transição. Durante seu processo de produção
formam-se estruturas cristalinas, tais como zircônia, espinélio, hematita,
cassiterita, etc. Seu comportamento é influenciado diretamente pela composição
química do vidrado.
Os pisos, em geral, são componentes particularmente sujeitos ao desgaste
abrasivo uma vez que partículas abrasivas atuam sobre os mesmos por ação dos
pés.
O desgaste abrasivo pode ser considerado um processo de riscamento
múltiplo, conseqüentemente, a resistência ao desgaste pode estar intimamente
relacionada à resistência ao risco.
A resistência à abrasão dos pisos cerâmicos com vidrado é avaliada pelo
ensaio abrasométrico PEI (Porcelain Enamel Institute), normalizado pela norma
EN 154 e no Brasil pela NBR 9455 (1986).
Objetivo
O objetivo desta prática é determinar a resistência à abrasão superficial de pisos
cerâmicos esmaltados, pelo método PEI.
Materiais e Métodos
Primeiramente, foram selecionados corpos de prova cada um com
dimensões 10x10cm, os quais já se encontravam preparados para o ensaio. Após
a seleção, cada corpo de prova foi colocado no abrasímetro Servitech, modelo CI
247, de modo que a face vidrada fosse submetida ao ensaio com diferentes
números de ciclos (100, 150, 600, 750, 1500, 2100, 6000 e 12000). Para a
realização do ensaio foi utilizada uma carga abrasiva constituida por:
Desta forma realizou- se o ensaio de abrasão, sendo que para cada corpo
de prova foi usado um número de ciclos diferente até se notar uma mancha
homogênea (perda do brilho) na superfície ensaiada da peça. Após o ensaio de
abrasão, os corpos de prova foram lavados com acido clorídrico a 10% (v/v),
secos e então foram avaliados visualmente. A avaliação foi feita através de uma
caixa de observação a olho nu a uma distância de 2 m sob uma iluminação,
sempre comparando com um corpo de prova não submetido ao ensaio.
Resultados e Discussão
A qualidade superficial de uma placa cerâmica pode ser determinada
mediante um ensaio de resistência à abrasão. A resistência à abrasão de um
material é a sua resistência ao desgaste superficial a qual pode ser causada por
inúmeros fatores.
O ensaio de resistência a abrasão consiste em desgastar a cerâmica em um
equipamento de padrões definidos e posteriormente analisar quantos ciclos do
mesmo foram necessários para desgastar a peça cerâmica visualmente, através
da observação da perda do brilho da peça. Esse ensaio nos permite classificar
produtos cerâmicos em 5 classes de resistência a abrasão conhecida por
PEI(Porcelain Enamel Instinte).
O PEI da cerâmica ajuda a indicar quais os melhores pisos e serem utilizados
em diferentes locais. A resistência à abrasão será tanto maior quanto maior for o
PEI da cerâmica analisada.
Para um produto esmaltado apresentar PEI 5 deverá após ter passado pelo teste
a abrasão apresentar boa resistência a manchas.
Os pisos cerâmicos esmaltados (com vidrados), fornecidos foram analisados
após serem submetidos ao ensaio de abrasão.
Percebeu-se que somente a partir do ensaio com 600 ciclos o vidrado do piso
foi desgastado homogeneamente, com intensa perda do brilho na região
específica onde aconteceu o ensaio. As figuras abaixo nos mostram a cerâmica
sem ter passado por nenhum ensaio abrasivo, cerâmica após 150 ciclos e
cerâmica após 600 ciclos.
FIGURA2: Desgaste sofrido pela cerâmica após ter sido submetido a ensaio de
abrasão de150 ciclos.
FIGURA3: Desgaste sofrido pela cerâmica após ter sido submetido a ensaio de
abrasão de 600 ciclos.
Podemos notar que no ensaio de 600 ciclos o desgaste ficou mais evidente,
o teste com 150 ciclos gerou um pequeno desgaste, insignificante, no vidrado do
piso, além disso, não foi homogêneo. Para a classificação do piso segundo o
método P.E.I. leva-se em conta a relação apresentada pela tabela 1.
Ana Luiza Raabe Abitantea, Carlos Pérez Bergmanna, José Luis Duarte Ribeiro -
Considerações sobre a Durabilidade de Placas Cerâmicas Esmaltadas Solicitadas
por Abrasão.