Adriana - A Morte, o Tempo e o Velho - Conto de Mia Couto

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Mia Couto

“Na Berma de Nenhuma Estrada”

Escola Secundária Artística António Arroio


Disciplina: Português - Profª.: Eli
Ano Lectivo: 2008/09
Maio 2009
“A morte, o tempo e o velho” in Na Berma de Nenhuma
Estrada, Mia Couto, Caminho;

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A minha leitura

“A morte, o tempo e o velho” é um conto simbólico onde se narra a vida de um


senhor de idade, que tivera uma vida cheia de bons momentos, felicidade e muitas
mulheres, embora nunca acentado com nenhuma. Mais tarde, de alguma forma,
perdeu a memória e quer pôr fim à sua vida.
Decide, então, caminhar na direcção do Oeste, em busca da morte, pois
considerava que não valia a pena viver, já que não se lembrava da sua existência,
nem dos melhores momentos da sua vida. Iniciando a sua viagem sem se despedir
de ninguém, pois este já se referia a si mesmo como morto e despedidas era
assunto dos vivos.
Caminhou durante semanas, até que avistou um homem alto, de rosto
enevoado, que trazia consigo um bicho um pouco estranho, entre cão e hiena, com
um ar esquisito e adoentado.
Quando o homem se chegou perto do velho, explicou-lhe que aquele animal
era a morte, e que ele era o tempo. Disse-lhe que caminhavam assim desde sempre,
embora ultimamente a morte andasse sem ânimo, sem forças. Morrendo sem
intervenção dela mesma, da morte.
O velho, desiludido com a morte, decidiu explicar ao Tempo o porquê daquela
sua grande viagem, dizendo-lhe que queria morrer. Mas o Tempo explicou-lhe que
seria impossível devido ao estado em que se encontrava a morte, e para o
comprovar soltou-a mas ela apenas se arrastou penosamente.
O velho, com algum dó, foi ao encontro do bicho, e perguntou-lhe o que
poderia fazer para o ajudar. O animal limitou-se a dizer-lhe que só queria beber. Mas
a sua sede era especial, estava sequioso não de água, mas sim de palavras doces. E
foi assim que o velho, condoído, lhe prometeu que iria conseguir recuperar aquele
perdido fôlego.
Na manhã seguinte, encontrou-se com o bicho, agora mais hiena que cão.
Estava num estado melancólico, quando o velho lhe entregou as palavras, o sonho. A
morte em breves instantes ganhou algum ânimo, e os seus olhos brilhavam de tanta
felicidade como os de uma criança.
Durante várias manhãs sucedeu-se o mesmo entre a morte e o velho. A
pouco a pouco, a morte aparentava recompor-se, e ao fim de algum tempo o velho

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ganhou coragem e fez-lhe o pedido novamente. A morte, com os olhos fechados,
respondeu que iria cumprir com o seu mandato.
Nessa mesma noite, o velho ficou tão exaltado que nem dormiu. Sentindo-se
no verdadeiro fim, recordou toda a sua vida, até mesmo a memória do que já tinha
esquecido nos últimos anos. E sentiu saudade dos amigos, terras e mulheres. Até lhe
passou pela cabeça desistir de tudo aquilo, partir em busca de uma nova vida, mas
para não o fazer decidiu andar no sentido da água, porque era o melhor modo de se
lavar das lembranças.
No dia seguinte encontrou a morte cansada, e ela afirmou que já havia
cumprido com o seu mandato, e apontou para o corpo do homem caído no chão. De
seguida, ordenou que o velho a passeasse, pois tinha morto o Tempo para que o ele o
substituísse.

Frases interessantes
Pág. 63

“Ele se perguntava: de que valia ter vivido tão bons momentos se já não se lembrava
deles, nem a memória de sua existência lhe pertencia?” - Penso que esta frase é
plasticamente interessante, pois faz-nos reflectir sobre alguns valores da vida. Como
por exemplo, a capacidade que o ser humano tem em memorizar acontecimentos.

“Os adeuses são assunto dos vivos e ele se queria já na outra vertente do tempo.” -
Optei por esta frase, pois demonstra a vontade que o senhor tinha de terminar com
a sua vida, e representa o modo como este a encarava.

Pág. 64

“Mas eu queria tanto terminar-me!” - Neste verbo não existe esta terminação e está
escrito deste modo para representar a ideia de que o velho queria morrer, mas não
suicidar-se.

“Não era de água a sua sede. Queria palavras. Não dessas de uso e abuso mas
palavras tenras como o capim depois da chuva. Essas de reacender crenças.” – É
interessante pois para além da sua sede não ser de água, que seria o normal, é de

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palavras. E também porque nesta frase esta representado um elemento de um país
tropical, o Capim.

Pág. 65

“Nessa noite, o velho nem dormiu, posto perante a sua última noite. Sentindo-se
derradeirar, passou em revista a vida. Nos últimos anos, ele tinha perdido a inteira
mémoria. Mas agora, naquela noite, lhe revieram os momentos de felicidade, toda a
sua existência se lhe desfilou.” – Penso que nesta frase, está simbolizado o facto de
que as pessoas só dão valor ao que têm, quando estão prestestes a perder-lo, ou até
mesmo quando já o perderam.

Simbologia

A morte – A morte não significa obrigatoriamente a eminência da morte física. Pode-


se tratar da morte de uma amizade ou de uma amo a que se resiste. Ou
então, da morte de algo que deverá ser renovado na vida do sonhador, para
dar lugar a uma evolução psíquica. A tradição popular admite, como os
antigos, que ver um morto, em sonho, é símbolo de mudanças radicais. Ver
uma morte violenta ou por crime, significa forças vitais perdidas, de valores
preciosos extraviados que teriam podido sido salvos se se tivesse sido
suficientemente atencioso.

Cão – Considerado o fiel amigo e companheiro do homem desde tempos muito


longínquos, O cão tem uma simbologia que está presente em quase todas as
culturas antigas do mundo

Hiena - Símbolo do demónio desde os tempos antigos e símbolo de raiva e


ressentimento. Zoologia – Alimenta-se sobretudo de cadáveres e vive na
África e na Ásia.

Água – É considerado como sendo o ponto de partida para o surgimento da vida,


pois toda a vida vem da água - daí a sua simbologia estar ligada à matrix –
mãe. As emoções também se encontram representadas na água. As ondas
do mar corresponderiam ao movimento dessa mesma emoção.

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Caminhar em direcção de Oeste – Em busca da morte.

Categorias da Narrativa
Acção
- Relevo: Secundárias
- Delimitação: Aberta (acção não solucionada)
- Estrutura da acção: Desenlace (conclusão)
- Organização das sequências narrativas e/ou das acções: Encadeamento
(ordenação cronológica dos acontecimentos)

Personagens
- Relevo/papel: Central = Velho
- Secundária : O homem/ O Tempo; O cão/hiena/A morte
- Caracterização: Psicólogica – Mulherengo
- Processos de caracterização: Indirecta
- Concepção: Individual

Espaço
- Físico: Em direcção do Oeste/ estrada

Tempo
- Cronológico: Dia
- Da história: Organização cronológica das acções

Narrador
- Presença: Participante
- Focalização: Externa (o narrador limita-se a contar o que é observável)

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- Posição: Subjectivo (narra os acontecimentos, declarando ou sugerindo a sua
posição de adesão ou de recusa, fazendo comentários, revelando posições
ideológicas, etc; é parcial)

Ilustração do Conto

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Apresentação Oral

Na minha apresentação oral do conto A morte, o tempo e o velho vou


distribuir o conto para que, quem não o tenha lido, possa acompanhar-me na leitura
e vou expressar a minha opinião sobre o livro. Suscitarei um debate sobre o que
expus. Vou, também, pedir voluntários para fazerem uma ilustração do conto, a partir
apenas da minha exposição..

Bibliografia
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PT&start=3&sig2=4b2-BRAXdFXBtopvL-
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http://www.dicionariodesimbolos.com.br/searchController.do?hidArtigo=6261DB6
6595A8E631B55264BB9A997E7

http://www.infopedia.pt/pesquisa?qsFiltro=0

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ANEXOS
Como os meus colegas viram a minha apresentação:

ANA CÉLIA

9
MARTA

10
JOÃO

JOANA ESPADINHA e MARIANA P.

11
KIKA

12

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