Comentário Ao Filme Quem Es Tu

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QUEM ÉS TU?

De João
Botelho

Fic ha técnica:
Nome do filme: “Quem és tu?”
Realizador: João Botelho
Produção: Madragoas Filme (39 Degraus)
Ano de produção: 2001
Elenco principal: Patrícia Guerreiro (Maria); Suzana Borges (D.
Madalena de Vilhena); Rui Morrisson (Manuel de Sousa Coutinho);
Rogério Samora (Frei Jorge); José Pinto (Telmo Pais); Francisco
D’Orey (D.João de Portugal); Bruno Martelo (D.Sebastião).
No dia 20 de Abril de 2009, Segunda-
feira, no âmbito da disciplina de Língua
Portuguesa, fomos aliciados a visionar um
filme, de João Botelho, de seu nome “Quem
és tu?”, que retrata um texto clássico de
Almeida Garrett, denominado “Frei Luís de
Sousa”.

Este filme descreve, de forma similar,


os acontecimentos vividos e presenciados
na dramatização original, pelo que a sua
atenta observação é bastante útil para a
consolidação de conhecimentos.

Contudo, pertinente é abordar


superficialmente a encenação teatral de
Almeida Garrett, para melhor perceber a
sua influência na intensa adaptação para o
cinema.

“Frei Luís de Sousa” retrata a vida de


uma família portuguesa, assolada pelos
fantasmas do passado, que, pela carga
emocional com que são interpretados, não
os deixam viver plenamente o presente.

D. Madalena de Vilhena, esposa actual de Manuel de


Sousa Coutinho, é a mais fragilizada, pois a constante
interrogação de que se o seu primeiro marido, D. João de
Portugal, está vivo, deixa-a angustiada e reticente quanto
ao que se possa passar no futuro. Pelo contrário, Manuel
de Sousa Coutinho, é um português bastante patriota,
determinado, decidido e firme nas suas convicções.
Ciente de que não deve temer o passado de sua esposa,
porque a legitimidade do seu matrimónio foi feita,
apenas, após uma procura incessante do desaparecido,
Manuel de Sousa Coutinho demonstra ser a personagem
mais calma e equilibrada ao longo do drama romântico
(não imaginando sequer as consequências da vinda do cativo). Já D. Maria,
filha do adultério, acompanha convictamente todas as decisões tomadas pelo
pai, e acredita fielmente no regresso de D. Sebastião, da temida batalha de
Alcácer-Quibir.

Envolta em presságios e agouros, agravados pela doença de que é vítima,


Maria, é das únicas personagens que pressente que algo de muito grave pode
vir a acontecer num futuro próximo. Telmo, fiel servo e conselheiro da família, é
a mais racional de todas as personagens por não se deixar envolver em
romantismos, avisando regularmente a família de que o mais grave pode vir a
acontecer.
Passando, todavia, à análise de “Quem és tu?”, verificamos que a
adaptação para a sétima arte foi bastante bem conseguida, pelo que nos
fascinou, não só pela forma cruel e vil como os acontecimentos decorrem,
como também, pela irrealidade dos factos, que, não sendo comuns na
sociedade actual, confessamos, nos terem causado algum impacto e
inquietação. Já o elenco de luxo presente, mais uma vez, provou que esteve à
altura do difícil cargo que lhe foi incumbido.

Desta forma, fácil será entender que recomendamos vivamente a


observação do filme, não só pelo seu carácter didáctico, mas também pelo
facto de os espectadores que ainda não tenham tido qualquer tipo de contacto
com a peça, o poderem fazer, deliciando-se com um pouco da marcante obra
que Garret nos deixou. Contudo, é de referir que a leitura de “Frei Luís de
Sousa” é indispensável, visto que, existem sempre pormenores que podem
falhar!

A acrescentar, achámos pertinente referir a iluminação e a qualidade dos


cenários, que são alguns dos aspectos notáveis, porque evidenciam bem a
carga romântica e emocional que a história nos quer
transmitir, mudando consoante a situação.
Fundamentalmente, realçámos a passagem em que
ocorre a destruição da pintura de Manuel de Sousa
Coutinho que, pela forma autêntica como é feita, faz
com que sintamos que estamos no local a presenciar a
violenta situação.

Para finalizar, gostaríamos de abordar, ainda,


aspectos que achámos menos positivos nas passagens
com que tivemos contacto, nomeadamente os diálogos
delicados entre as personagens, que, por vezes, nos
causavam uma certa dificuldade na percepção daquilo
que era dito. Porém, temos noção que esse não é um
defeito dos actores, mas sim, infelizmente, do nosso não
contacto com esta língua (do nosso país) que já há muito
fora extinta.

RELAÇÃO ENTRE DUAS ADAPTAÇÕES BASTANTE DISTINTAS


DE “FREI LUÍS DE SOUSA”

Primeira
Adaptação
Segunda
Adaptação

Na nossa opinião, decerto que o melhor filme é o de João Botelho.


O que João Botelho fez foi assumir, inteligentemente, a
dificuldade em reconstruir uma época e uma situação que lhe é
completamente estranha. Ao contrário do seu antecessor, fez uma
adaptação do texto garrettiano e não se limitou a filmar
integralmente o teatro; em vez disso, assumiu, ousadamente, todos
os riscos, próprios de acrescentar detalhes, na aventura alucinante
que é a de fazer cinema.

Trabalho realizado por: Cátia Batista e Fábio Viegas


26 de Abril de 2009

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