ANO XX - No. 240 - DEZEMBRO DE 1979
ANO XX - No. 240 - DEZEMBRO DE 1979
ANO XX - No. 240 - DEZEMBRO DE 1979
PERGUNTE
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RESPONDEREMOS
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ANO XX — N9 240
Sumario
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"COMO NAO NOS TERÁ DADO TUDO COM ELE ?" 485
Um livro "revolucionario" :
"ENFOQUES MATEREALISTAS DA BIBLIA" por Michel Clévenot 502
Enfoque novo :
"O EVANGELHO Á LUZ DA PSICANÁLISE" por Francoise Dolto ... 514
• * *
NO PRÓXIMO NÚMERO:
«PERGUNTE E RESPONDEREMOS»
ADJIINISTRACAO REDACAO DE PR
Uvrarta Missionária Editora
Rila México, 111-B (Castelo)
20.031 Rio de Janeiro (RJ) 20.000 Rio de Janeiro <RJ)
Tel.: 224-0059
"COMO NAO NOS TERÁ DADO TUDO COM ELE ?"
(Rm 8, 32)
Mais do que o próprio Filho, o Pai nao podia ter dado aos
homens. E o Pai O deu como servidor pobre e humilde, para
derramar a riqueza de Deus dentro da miseria do homem
ou a eternidade dentro da temporalidade da criatura.
Esse dom de Deus poe termo a longo período de expecta
tiva da parte dos homens. Desde o sáculo V, o povo de Deus
nao tinha profetas; o céu parecía ter-se fechado; a historia de
Israel era austera, marcada pela presenca do estrangeiro domi
nador (persas: 538-331; macedónios: 331-323; egipcios:
323-200; sirios: 200-63; romanos: 63 a.C. - 135 d.C). Sobre
este paño de fundo o Natal toma todo o seu significado:
ocorre como um sorriso de Deus; o Filho é a graca ou o sem
blante benévolo do Amor de Deus (cf. 2Cor. 13,13), que
rompe o silencio e a penumbra da historia para dizeraospovos
grandes verdades: os homens sao filhos de Deus, e nao apenas
criaturas biológicas; sao chamados a comungar na vida do Pai
e a herdar a vida eterna; as realidades pequeñas e pobres da
existencia humana sao "vasos de argila nos quais se coloca
inestimável tesouro" (cf. 2Cor. 4,7). Tudo é grande, tudo é
divinizado pelo fato de que Deus toca o que é do homem,
vivendo com os homens e como os homens.
A doacao de que fala o Apostólo em Rm 8,32, é ilustrada
no Antigo Testamento pela imagem das nupcias. Estas implicam
sempre a mutua doacao de esposo c esposa. Ora, segundo os
profetas, Deus quis fazer-se esposo da filha de Sion; quis dar-se
a ela como um esposo se dá á esposa. Mais íntima uniao nao
poderia ser concebida: o Pai deu o Filho á humanidade num en
lace matrimonial, como, alias, insinuam as parábolas do Evan-
gelho (cf. Mt 22, 2-4; Le 14, 16-24)1
Esta abordagem de Natal sugere duas conclusoes:
1) O Apostólo, de ¡mediato, propoe a primeira: "Se Ele
entregou o próprio Filho, como nao nos terá dado tudo com
Ele?" (Rm 8,32). Em outros termos: como aínda julgar que
Deus possa alguma vez esquecer os seus filhos ou possa ser
omisso para com eles? A tentapao de assim pensarmos ñas ho
ras dif icéis e amargas dissipa-se diante do raciocinio de Sao Pau
lo, raciocinio, alias, que já encontrava seus ecos antecipados nu-
ma passagem do profeta Isaías:
"Sion dizia: 'O Senhor abandonou-me, o Senhor esqueceu-se de
mim!
Acaso pode urna mulher esquecer-se do menino que amamenta,
e nao ter carinho pelo fruto das suas entranhas? Ainda que ela o esqueces-
se, eu nunca te esqueceria. Eis que te gravei ñas palmas das minhas maos"
(Is 49, 14-16).
Que a consciéncia desta verdade, tao coerente com a
mensagem de Natal, nunca se apague na mente do crístao
máxime nos momentos obscuros, em que o desánimo tende a
sobrepujar a fé e a esperanca! Quando o Pai entregava o seu
Filho aos homens no seio da Virgem, Ele já previa cada urna
das nossas situacoes amargas e de antemao se comprometía
a fazer de nossos males bens ainda maiores. Alias, com muito
acertó dizia S. Agostinho: "Deus nunca permitiría o mal se,
em sua sabedoría, Ele nao tivesse recursos para tirar do mal
bens ainda maiores". Sería absurdo ou ilógico, da parte do cris
tao, pensar diversamente; seria, sim, conceber Deus á guisa de
um Senhor grande e poderoso, mas limitado e deficiente,
como sao os homens.
2) O dom de Deus aos homens, testemunhado mais urna
vez pelo Natal, suscita com vigor novo o dom dos homens a
Deus. Se Ele quis correr o risco de se dar á criatura, esta pode-se
dar ao Criador sem correr algum risco. Para entender devida-
mente o que significa o dom de Natal, basta lembrar o que
pensavam os filósofos gregos pré-cristaos: Platao, por exemplo,
admitía que o homem tivesse amor á Divindade, pois esta é
perfeita, mas nao podía conceber que a Divindade amasse
o homem, visto que este nada tem a Ihe dar, por ser imper-
feito. Aristóteles, discípulo de Platao, chegava mesmo a dizer
que a Divindade nao conhece o homem, pois, se o conhecesse,
teria a imperfeicao em sua mente! É precisamente sobre este
paño de fundo que ressoa, de maneira contrastante, a mensa
gem de Natal:
"Ele nao poupou o próprio Filho, mas O entregou por todos nos.
E, com Ele, deu-nos tudo o mais".
Eis o que o Natal está mais urna vez a recordar. Seja a cele-
bracao de 1979 penhor de revigoramento da fé e da esperanca
nos cristaos e provoque em todos a única resposta condigna:
a de um amor mais vivo e coerente nao somente a Deus, mas-
também a todos os homens. Possam estes, através do nosso
testemunho, chegar a conhecer o grande dom de Deus
(cf. Jo 4,10)!
E. B.
«PERGUNTE E RESPONDEREMOS»
Ano XX - N9 24O - Dezembro de 1979
— 487 —
_Z PERPUNTE E RESPONDEREMOS» 240/1979
1. O conteúdo do livro
— 488 —
«A IGREJA E SEUS MODELOS»
Como quer que seja, a teologia se vé obrigada a conceber
modelos para falar da profunda realidade da Igreja. Em conse-
qüéncia, A. Dulles julga poder distinguir cinco modelos princi
páis na Eclesiologia contemporánea. Expoe-nos, apresentando
seus pontos positivos e negativos:
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_6 -PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 240/1979
— 490 —
«A IGREJA E SEUS MODELOS»
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_? «PERGUNTE E RESPONDEREMOS* 240/1979
Igreja, o jesuíta belga Emile Merscn contribu¡u para restaurara
nopáo de Corpo Místico mediante estudos que se tornaram fa
mosos. Pió XII em 1943, por sua vez, publicou a sua encíclica
sobre o Corpo Místico. O Concilio do Vaticano II (1962-1965)
quis apresentar a Igreja como povo de Deus, enfatizando assirn
os aspectos de comunhao de vida, caridade e verdade.
2 Que dizer desse modelo de Igreja?
— 492 —
«A IGREJA E SEUS MODELOS» 9
manas Ela comunica a vida do próprio Deus. A Igreja nao é so-
ciedade meramente humana, mas em moldes humanos. Ela traz
e comunica tesouros da vida divina. O aspecto institucional e ex
terno da Igreja é essencial, porque, sem ele, a Igreja nao seria si-
nal; nao talaría aos homens, que sao naturalmente feitos para a
linguagem sensível. Todavia o aspecto estrutural nao é suficien
te para constituir a Igreja; para ser sacramento, esta deve ser
portadora e transmissora da grapa ou dos dons transcendentais
que enriquecem os crista os.
• — 493 —
^0 PKKGUNTE K RESPONDEREMOS* 240/1979
que ouviu e acredita. A fé e a pregacao sao assim mais valoriza
das do que a comunhao mística, que o segundo modelo poe em
relevo.
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«A IGREJA E SEUS MODELOS»
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_12 *PERGUNTK E RESPONDEREMOS» 240/1979
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«A IGREJA E SEUS MODELOS»
"O modelo institucional torna claro que a Igreja deve ser urna comu-
nidade estruturada e que deve permanecer o género de comunidade que
Cristo instituiu. Tal comunidade precisa incluir um oficio pastoral dotado
de autoridade para presidir o culto da comunidade como tal, para prescre-
ver os limites do dissentimento toierável e representar oficialmente a co
munidade. O modelo comunitario mostra á evidencia que a Igreja precisa
ser unida a Deus pela graca, e que pela forca dessa grapa os seus membros
devem estar amorosamente unidos uns aos outros. O modelo sacramental
nos faz perceber que a Igreja precisa, nos seus aspectos visíveis — especial
mente na sua oracáo e culto comunitarios —, ser um sinal da permanente
vitaiidade da graca de Cristo e da esperanga da redencSo que ele promete.
O modelo querigmático acentúa a necessidade de que a Igreja continué a
proclamar o Evangelho e a incitar os homens a porem a sua fé em Jesús,
Senhor e Salvador. O modelo diaconal indica a urgencia de fazer a Igreja
contribuir para a transformado da vida secular do homem e de impregnar
a sociedade humana como um todo dos valores do reino de Deus" (p. 221}.
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H «PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 240/1979
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»A IGREJA E SEUS MODELOS»
1.3. E qual a verdadeira Igreja?
"Assim como a natureza assumida pelo Verbo Divino Ihe serve de ór-
gao vivo de salvacáb, a Ele indissoluvelmente unido, semejantemente o or
ganismo social da Igreja serve ao Espirito de Cristo, que o vivifica para fa-
zer progredir o corpo místico (cf. Ef 4,16)" (Const. "Lumen Gentium"
n?8).
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J6 l'KKGUNTt: K KKSI'ONDKUKMOS* 240/1979
O verbo subsiste, no caso, indica que a Igreja de Cristo se realiza
na Igreja Católica Romana (governada pelo sucessor de Pedro)
e, ao mesmo tempo, permite dizer que, fora da Igreja Católica
Romana, se encontram elementos da verdadeira Igreja de Cristo.
Com outras palavras: a verdadeira Igreja se realiza plenamente
na Igreja Católica Romana e parcial ou incompletamente em ca
da denominacao crista (protestante ou ortodoxa) que contenha
algum ou alguns dos elementos constitutivos da Igreja de Cristo.
Vé-se, pois, que o modelo da Igreja de Cristo se realiza dentro
dos moldes das comunidades cristas em graus diversos: dentro
da própria Igreja Católica Romana, se existem todos os elemen
tos divinos constitutivos da Igreja, pode haver maior ou menor
fidelidade dos católicos a esses elementos divinos; pode haver,
sim, urna face humana ora mais ora menos fiel á santidade in
trínseca ou divina da Igreja de Cristo. Assim a própria Igreja Ca
tólica Romana é chamada a renovar constantemente o seu sem
blante humano, a fim de nao trair a presenca de Cristo que ela
deve transmitir ao mundo.
2. Avahando a obra...
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«A IGREJA E SEUS MODELOS» 12_
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Um livro revolucionario:
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«ENFOQUES MATERIALISTAS DA BIBLIA» 19.
— 503 -
20 PERPUNTE E RESPONDEREMOS* 240/1979
504 -
«ENFOQUES MATERIALISTAS DA BIBLIA» 21
Afirma Clévenot:
— 505 -
22 iPERGUNTE E RESPONDEREMOS» 240/1979
2 Clévenot julga que esses episodios sato mitológicos por causa da figura de
JoSo Batista (no deserto, vestido de pele de camelo...) e por causa do esquema "céu-
terra-rio (" inferno)", no qual aparecem o Espirito, os anjos e SatS.
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» ENFOQUES MATERIALISTAS DA BIBLIA» 23
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24 "PERPUNTE E RESPONDEREMOS» 240/1979
Concluí Clévenot:
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ENFOQUES MATERIALISTAS DA BtBLlA- 25
"Por conseguirle, urna leitura materialista nunca pode ser separada de urna
certa prática económica e política liberadora, é na medida em que lutamos para
suprimir a sociedade de classes e a exploracSo do homem peto homem que temos
vontade de reler ainda hoje em dia uns textos onde veío á luz um desejo que foi
suficientemente forte para afrontar a morte" <p. 143).
2. Que dizer?
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26 PKKGUNTK K KKSl'ONlJEKEMOS 240/197'.)
1 Alias, pode-se dizer que até hoje é a religiao que mantém Israel na sua ¡den-
tidade ¡nconfundível; dispersos pelo mundo inteiro. talando a língua do povo com o
qual vivem, os judeus conservam a consciéncia de sua singularidade por causa do pa
trimonio religioso que, explícita ou implícitamente, eles estimam ecultuam.
— 51U —
■ KNFOQUES MATERIALISTAS DA BIBLIA^ 27_
2.3. Bibliografía
— 511 —
28 l'KKCUNTK K RESPONDEREMOS. 240/197'J
2.5. Visao de fé
— 512 —
KNKOQUKS MATEKIAUSTAS DA BIBLIA- 29^
Bibliografía:
— 513 —
Enfoque novo:
— 514 —
O KVANGKLHO Á LUZ DA PSICANALISK» 31_
1. Ponderapoes gerais
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22 -PERPUNTE E RESPONDEREMOS» 240/1979
2. Espécimens "exegéticos"
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«O EVANGELHO A LUZ DA PSICANALISE* 33
quistar seu destino fecundador. Ora, diz Fr. Dolto, "Jesús reve
la e dá a esse jovem, através de seu apelo imperativo e público,
a estatura de homem livre, estimulando.-o a construir urna nova
vida num sociedade perplexa...
— 517 —
_34 -PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 240/1979
— 518 —
-O EVANGELHO A LUZ DA PSICANALISE» 35_
3. Conclusao
— 519 —
Urna reformulacao histórica:
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IDADE MEDIA: O QUE NAO NOS ENSINARAM» -37
— 521 —
38 I»hlt(;UNTE K RESPONDEREMOS* 240/1979
Alias, a própria designacao "Idade Media" implica um
juízo pejorativo sobre os mil anos em pauta. Significa, sim,
que entre a antigüidade greco-romana e o Renascimento da
mesma no sáculo XVI tenha havido um período neutro, sem
cultura nem valores, mas torpe ou bárbaro. Note-se, alias,
que a divisao da historia em tres grandes períodos (Idade
Antiga, Idade Media e Idade Moderna) foi proposta, pela
primeira vez, pelos humanistas dos séculos XV/XVI; só no
século XVII foi introduzida em livros didáticos de Historia
Universal1. Nao há dúvida, os humanistas renacentistas ten-
cionavam caracterizar a Idade Media como fase de escuridao
e estagnacao cultural.
— 522 —
IDADK MEDIA: O QUE NAO NOS ENSINARAM^ 39
— 523 —
40 PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 240/1979
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«IDADE MEDIA: O QUE NAO NOS ENSINARAM» Al
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«PERGUNTE E RESPONDEREMOS» 240/1979
ñores relativos á vida cotidiana da muiher medieval, é surpreen-
dente o quadro que se delineia a partir da concatenacao desses
dados.
Assim, por exemplo, as muiheres votavam. Por ocasiao
dos Estados Gerais de 1308 as muiheres sao explicitamente cita
das entre as votantes em diversas partes do territorio francés,
sem que isto venha apresentado como uso particular do lugar.
é conhecido o caso de Gaillardine de Fréchou, que, diante de
um arrendamento proposto aos habitantes de Cauterets nos
Pireneus pela abadia de Saint-Savin, foi a única a votar NAO,
quando todo o resto da populacao votou SIM.
Ñas atas de tabeliaes é muito freqüente ver urna muiher
casada agir por si mesma: abre, por exemplo, urna loja ou urna
venda, sem ser obrigada a apresentar autorizacao do marido.
Os registros de impostos, desde que foram conservados (como
em Paris, a partir de fins do sáculo XIII}, mostram multidaode
muiheres a exercer as funcoes de professora, médica, botica
ria, estucadora, tintureira, copista, miniaturista, encadernadora,
etc.
— 526 —
«IDADE MEDIA: O QUE NAO NOS ENSINARAM» 43
3. O servo da gleba
' Nao poucos historiadores traduzem mivuí por escravo nos textos
do século XII — o que revela e gera grave mal-entendido.
2 La vis en Anjou du IXe au Xllle siécle, em Le Moyen age, t. LVI, 1950, pp. 29-68.
— 527 —
44 -PERPUNTE E RESPONDEREMOS» 240/1979
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E MEDIA: O QUE NAO NOS ENSINARAM? 45
"Tive ocasiao de recolher as confidcencias de um velho operario
agrícola a quem a idade nao permitía mais trabalhar e que ia acabar seus
dias num asilo: Trabalhei esta térra toda a minha vida sem ter um metro
quadrado de meu'. Comparando-o ao servo medieval, sua sorte parecería
infinitamente pior. Servo do senhor, em urna propriedade ele teria assegu-
rado o direito de ai' terminar a sua vida; nada Ihe pertencia propiamente,
mas o usufruto nao Ihe podia ser retirado... Ele tinha com a térra a mesma
relacao que o próprio senhor: este nunca possuia a propriedade plena,
como nos a entendemos atualmente,... ; ele nao pode vender ou alienar
se na o os bens secundarios que recebeu por heranga pessoal, mas sobre o
bem de raíz só tem usufruto" (p. 71?).
— 529 —
46 PERPUNTE E RESPONDEREMOS* 240/1979
__ 530 —
«IDADE MEDIA: O QUE NAO NOS ENSINARAM» 47
42 eram capitais — o que equivale á proporcao de 1/22.
Régine Pernoud observa muito sabiamente que a Inquisi
cao foi alimentada pela ingerencia do poder civil em questoes
religiosas. Sem querer desculpar os clérigos que se hajam exce
dido na repressao da heresia, deve-se registrar a forte influencia
do poder regio na conduta severa dos tribunais da Inquisicao.
"Era, talvez, inevitável que em qualquer momento fossem insti
tuidos tribunais regulares, mas esses tribunais foram marcados por urna
dureza particular, em razao do renascimento do Oireito Romano: as
constituicoes de Justiniano, realmente, mandavam condenar os hereges
á morte. E é para fazé-lo reviver que Frederico II, tornado imperador da
Alemanha, promulga, em 1224, novas constituipoes imperiais, que, pela
primeira vez, estipulam, expressamente, a pena da fogueira contra hereges
empedernidos. Assim se vé que a Inquisicao, no que ela tem de mais
é fruto de disposicoes tomadas, de inicio, por um imperador em quemse
pode encontrar o prototipo do "monarca esclarecido", apesar de ter sido,
ele próprio, um cético e logo excomungado.
Resta notar que, adotando a pena de fogo e instituindo como pro-
cedimento legal o recurso ao "braco secular" para os relapsos, o Papa
acentuava ainda o efeito da legislacao imperial e reconhecia, oficialmente,
os direitos do poder temporal na perseguicao as heresias. Sempre sob a
influencia da Legislacao imperial, a tortura seria autorizada, oficialmente,
no comeco do século XIII — desde que houvesse o aparecimento de
pravas" (p. 102).
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48 -PERPUNTE K RESPONDEREMOS» 240/1979
— 532 —
«IDADE MEDIA: O QUE NAO NOS ENSINARAM» 49
5. A arte medieval
(c. II:"Deformados e Desajustados")
— 533 —
50 ^PKRGUNTE K KESPONUKUEMOS* 240/1979
— 534 —
ÍNDICE 1979
ERGUNTE
Responderemos
CONFRONTO
ÍNDICE 1979
— 536 —
ÍNDICE DE 1979 53
— 537 —
54 ÍNDICE DE 1979
— 538 —
ÍNDICE DE 1979 55
_ 539 —
56 fNDICE DE 1979
— 540 —
ÍNDICE DE 1979 57
— 541 —
58 ÍNDICE DE 1979
— 542 —
ÍNDICE DE 1979 59
EDITORIAIS
LIVROS APRECIADOS
— 543 —
60 ÍNDICE DE 1979
— 544 —
AOS NOSSOS LEITORES E ÁSSINÁNTES
CARO(A) AMIGO(A),
A DIRECÁO DE PR