Pequena História Da Música
Pequena História Da Música
Pequena História Da Música
Cynthia Gusmo
Formada em Letras Clssicas pela Universidade de So Paulo. Musicista, roteirista e produtora de programas radiofnicos. SUPLEMENTO DIDTICO Elaborado por Maria Clara Wasserman, mestre em Histria, professora do ensino fundamental e mdio e pesquisadora de msica brasileira.
Professor Neste suplemento voc encontrar sugestes de atividades pedaggicas para desenvolver nos anos finais do ensino fundamental e no ensino mdio. Tomando como base a obra Pequena viagem pelo mundo da msica, organizamos um roteiro que visa sensibilizao do aluno, realizao de atividades em sala de aula e exerccios ps-leitura com o objetivo de fixar e expandir o contedo apreendido. Procuramos desenvolver atividades para professores de arte e msica e tambm para educadores das disciplinas de histria, geografia, literatura, lngua portuguesa, filosofia e sociologia. As atividades propostas no exigem, necessariamente, conhecimento musical e foram elaboradas para serem executadas ao longo do perodo da leitura do livro. Elas conduzem ao aprendizado de diversas matrias a partir das informaes contidas no livro, podendo ou no gerar interdisciplinaridade.
POR QUE TRABALHAR COM O LIVRO PEQUENA VIAGEM PELO MUNDO DA MSICA
Fazer uma viagem pela histria da msica ocidental acompanhando as mudanas operadas nas sociedades humanas no fcil. Perceber que a arte pode estar frente das transformaes sociopolticas e que o pensamento vem antes da ao um trabalho rduo, em que o professor tem de fazer, antes de tudo, uma sensibilizao, uma abertura de caminhos. O livro Pequena viagem pelo mundo da msica levar o jovem a compreender que movimentos revolucionrios nem sempre so feitos com armas, que homens corajosos romperam barreiras seculares utilizando arte e pensamento. E tambm que a msica de concerto pode ser fascinante, contestadora e criativa.
SUGESTO DE PROJETO PEDAGGICO PARA TURMAS DO ENSINO FUNDAMENTAL E MDIO Identificando o universo musical
ATIVIDADE PARA ANTES DA LEITURA
Essa primeira atividade tem por objetivo sensibilizar o aluno para o universo da msica erudita. Por isso, sugerimos um tratamento de alto impacto, em que a ao da msica provocar no educando uma srie de emoes. Para isso, prepare o ambiente da sala de aula: tire as carteiras e deixe os alunos vontade. Eles podem ficar na posio em que se sentirem melhor. Fale para relaxarem completamente e deixar a msica gui-los nesta viagem. Coloque, ento, o Bolero de Ravel e os deixe em silncio, ouvindo a msica. Esta vai produzir um efeito quase hipntico, com os alunos se deixando levar pelo som obsessivo, mas no montono, que segue num crescendo e termina em um clmax, com todos os instrumentos da orquestra tocando juntos numa exploso de sons. Aps a audio, conduza um debate para que os alunos comentem as sensaes que tiveram durante o tempo da msica. Depois dessa conversa inicial, pea para reproduzirem tais sentimentos em forma de desenho, colagem ou outra linguagem artstica ou na forma escrita. A troca de experincias muito interessante, pois vai permitir ao aluno perceber que ouvir msica pode ser uma experincia inquietante, maravilhosa e muito pessoal.
Aps essa atividade inicial, leia com seus alunos um fragmento do captulo sobre o compositor Maurice Ravel e complemente as informaes sobre essa obra musical: comente que a msica tem durao de cerca de 17 minutos, frases meldicas que se repetem 164 vezes, acompanhadas por um ritmo constante e obsessivo, realizado pela caixa clara, o instrumento de percusso da orquestra. Depois, coloque novamente o Bolero e faa um exerccio de audio para que os alunos reconheam os instrumentos que so apresentados um a um at o momento em que a orquestra executa a obra como um todo. Como atividade complementar, coloque o filme Retratos da vida (1981), de Claude Lelouch, para os alunos assistirem. Ao final deste, o bailarino Jorge Donn dana o Bolero com a coreografia de Maurice Bejart. Outra sugesto exibir um vdeo apenas com o bal de Jorgen Donn ou com a orquestra executando a pea. Aps completada essa atividade, comente com seus alunos que Bolero uma experincia contempornea da msica clssica e que, no decorrer da histria da msica, muitas outras experincias interessantes ocorreram, revolucionrias para cada poca. Convide-os ento a conhecer melhor a histria da msica, com a leitura do livro.
Perodo
Idade Mdia
Idade Moderna
Idade Contempornea Revoluo Francesa. Nacionalismos dos sculos XIX e XX. Revoluo Russa. Mundo ps-guerra.
Contexto histrico
Feudalismo. Cruzadas.
Renascimento. Reforma/Contrarreforma.
Deixe espao na tabela para que preencham os grandes estilos musicais de cada poca.
Manifestaes musicais
Sonata, sinfonia e concerto solo. Romantismo. Nacionalismo. Neoclacissismo. Msica dodecafnica. Msica eletrnica e concreta. Msica minimalista.
Esse primeiro exerccio ir orientar os outros que viro a seguir. No trmino de cada atividade, volte ao quadro e pea que os alunos preencham as novas informaes. Ao final haver um grande quadro-resumo no qual todos podero visualizar a histria da msica ocidental, os contextos, alm de outros tpicos que podero ser colocados a seu critrio. No decorrer da leitura do livro, organize mediaes, com leituras complementares, filmes e audies. As atividades a seguir acompanharo a ordem cronolgica, tal qual o livro Pequena viagem pelo mundo da msica. Exerccio 1 Cantos medievais a) Aps a leitura do captulo As sementes medievais, coloque para seus alunos ouvirem um canto gregoriano e uma cano profana. Se for difcil encontrar, utilize Carmina Burana, que reproduz as canes profanas medievais. Pergunte se eles percebem diferenas no estilo de canto e instrumentao na msica medieval. b) Pea para pesquisarem os instrumentos utilizados na msica medieval, como o alade, a ctola, a viela, o corneto, a rabeca. A seguir, traga para a sala figuras de instrumentos modernos que se aproximam na forma e na sonoridade com os instrumentos medievais. Se possvel, mostre as diferenas de sonoridade. c) A atividade proposta a seguir poder ser realizada nas aulas de Literatura, Histria e Filosofia. Pea para os alunos pesquisarem a histria de Abelardo e Helosa. Pedro Abelardo era um filsofo que se apaixonou por Helosa, de quem era tutor. Os dois tiveram um filho, Astrolbio, e casaram-se s escondidas. Quando o tio de Helosa, um clrigo de Notre-Dame, soube, mandou castrar Abelardo, que foi viver na abadia de St. Denis, onde continuou seus estudos. Helosa retirou-se para um convento. Mesmo distantes, os dois se corresponderam em longas e amorosas cartas, mas nunca mais se falaram pessoalmente: Fujo para longe de ti, evitando-te como a um inimigo, mas incessantemente te procuro em meu pensamento. Trago tua imagem em minha memria e assim me traio e contradigo, eu te odeio, eu te amo. Carta de Abelardo a Helosa. certo que quanto maior a causa da dor, maior se faz a necessidade de para ela encontrar consolo, e este ningum pode me dar, alm de ti. Tu s a causa de minha pena, e s tu podes me proporcionar conforto. S tu tens o poder de me entristecer, de me fazer feliz ou trazer consolo. Carta de Helosa a Abelardo.
Comente com a classe como essa histria inspirou as canes de gesta que apareceram aps o sculo XII, e como estas deram origem s canes romnticas que existem nos dias atuais. Se possvel, coloque para assistirem o filme Em nome de Deus (1988), de Clive Donner. Esse filme traz a histria de Abelardo e Helosa. Exerccio 2 Renascena a) Aps a leitura do captulo que aborda a Renascena, promova uma audio do compositor Palestrina e mostre exemplos de polifonia.
Lembre aos alunos que esse perodo foi marcado por uma renovao nas artes e nas cincias, ao mesmo tempo que se retornava cultura greco-romana, na qual a razo, a simetria e a leveza eram centrais. b) Pea para os alunos pesquisarem as grandes transformaes do perodo da Renascena, nas cincias, na pintura, na literatura, na poltica e na msica. Aps a pesquisa, organize uma apresentao, em que cada grupo mostre uma caracterstica do assunto estudado. Ao final, faa um quadro analtico/comparativo para a visualizao da arte renascentista. c) Os compositores renascentistas so pouco conhecidos. Pea para pesquisarem ano, local de nascimento e uma obra dos seguintes artistas: Josquin de Prez, Gibbons, Palestrina e Machaut. Exerccio 3 Barroco A msica barroca tem como caractersticas a exuberncia, com ritmos enrgicos, melodias em linhas extensas e fluentes, muitos ornamentos e, principalmente, contrastes poucos/muitos instrumentos, sonoridades fortes/suaves, andamentos rpido/lento. a) Divida os alunos em grupos e distribua uma cartolina para cada equipe. Escolha uma obra musical do perodo barroco (veja os exemplos no livro) e combine uma forma de registrar a msica, considerando as mudanas de intensidade (volume), as variaes de timbre (instrumentos, tipos diferentes ou naipes que vo entrando), de ritmo etc. Deixe que o faam livremente, com linhas, grficos, cores diferentes representando os naipes ou como quiserem. Ao final da atividade, a cartolina ser o mapa da sonoridade daquela obra musical. Observao: interessante tambm fazer esse exerccio com estilos diferentes para que se possa ter uma comparao visual. Faa esse exerccio comparando uma obra de Bach e outra de Mozart, ou uma msica renascentista com uma contempornea. b) Bach e a pintura barroca Escolha um quadro de um pintor barroco (Rembrandt, Velazquez) e uma msica de J. S. Bach. Pea para os alunos analisarem as caractersticas da arte barroca em comum nas duas obras de arte: contrastes, ornamentos, temas religiosos etc. Ao final, comente com eles que, muitas vezes, um movimento artstico se reflete em toda a forma de arte e at mesmo nos costumes sociais. c) Cantata do caf Uma obra de Bach diferente da temtica barroca (normalmente religiosa) a Cantata do caf (Kafee-Kantate), de 1732. Essa obra , em parte, um poema ao caf e, em outra, uma crtica ao movimento na Alemanha para impedir as mulheres de beberem caf, pois se acreditava que o negro veneno pudesse causar descontrole e esterilidade ao sexo frgil. A cantata inclua a ria: Ah, como doce seu sabor! Delicioso como milhares de beijos, mais doce que vinho moscatel! Eu preciso de caf.... Leia com os alunos a letra da Cantata e pea para realizarem uma pesquisa sobre a origem e os costumes do consumo do caf na Europa. A seguir, organize uma apresentao teatral sobre o tema, que pode ser uma adaptao da obra de Bach ou uma realizao livre, com base na pesquisa realizada. Exerccio 4 Os perodos Clssico e Romntico Aps a leitura do captulo que trata desses perodos, leia com seus alunos o seguinte texto: Wolfgang Amadeus Mozart morreu em 1791, aos 35 anos, e foi enterrado numa vala comum a 6 de dezembro. Qualquer que tenha sido a doena aguda que contribuiu para seu prematuro falecimento, o fato que, antes de morrer, Mozart vrias vezes esteve prximo ao desespero.
Aos poucos, foi se sentindo derrotado pela vida. Suas dvidas aumentavam. A famlia se mudava de um lugar para o outro. O sucesso em Viena, que para ele talvez significasse mais do que qualquer outro, jamais se concretizou, a alta sociedade vienense deu-lhe as costas. O rpido avano de sua doena fatal pode muito bem estar ligado ao fato de que, para ele, a vida perdera o valor. (...) Duas fontes de sua determinao de viver, dois mananciais que alimentavam seu sentimento de autoestima e importncia, estavam quase secos: o amor de uma mulher em quem pudesse confiar, e o amor do pblico vienense por sua msica. Por algum tempo ele gozara de ambos; e ambos ocupavam o lugar mais alto na hierarquia de seus desejos. H muitas razes para se crer que, em seus ltimos anos de vida, ele sentia cada vez mais que perdera os dois. Era esta a sua tragdia e a nossa enquanto seres humanos. Norbert Elias. Mozart, a sociologia de um gnio. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1995. a) Pelo texto, pode-se perceber que Mozart no teve o reconhecimento em vida que se esperaria de um compositor com seu talento. Converse com seus alunos sobre o papel que o compositor desempenhava no sculo XVIII. Lembre-os de que os artistas serviam corte e, muitas vezes, eram desconhecidos da grande maioria da populao. Mozart morreu pobre e sua valorizao foi pstuma. Para ilustrar melhor o assunto, assista com seus alunos ao filme Amadeus (1984), de Milos Forman, sobre a vida do compositor. b) Leia com seus alunos a respeito dos compositores Mozart, Haydn e Beethoven e coloque para escutarem uma obra de cada um deles. Antes da audio, incentive-os a perceber algumas das caractersticas da msica clssica: A forma sonata, caracterstica do perodo clssico, mais leve e alegre que a msica barroca. nfase na beleza e na graa da melodia, sentido de proporo e equilbrio. Melodias mais curtas que as do estilo barroco. Orquestra ganha grandes propores; o cravo substitudo pelo piano. Aps a audio, registre as impresses dos seus alunos no quadro. c) Sobre o Romantismo, converse com seus alunos a respeito das caractersticas do perodo e de seu principal representante, Beethoven. Coloque para assistirem O segredo de Beethoven (2006), de Agnieszka Holland. Aps o filme, registre as impresses dos alunos sobre as diferenas entre duas das ltimas composies do compositor: a Nona sinfonia e A grande fuga. d) Com as informaes contidas no livro, organize com os alunos alguns dados bsicos sobre os principais compositores dos perodos clssico e romntico. Ano e local de nascimento. Principais caractersticas da obra. Principais composies. e) O contexto histrico dos perodos clssico e romntico o mesmo das grandes revolues burguesas. Pesquise com os alunos os grandes acontecimentos que mudaram a economia, a sociedade e a cultura no perodo. Exerccio 5 Os mltiplos caminhos da msica moderna Leia o texto a seguir para seus alunos. Trata-se de uma descrio feita por um observador vienense sobre a valsa de Strauss. Explique que o preconceito manifestado pela novidade da dana em pares.
Africano e fogoso (...), irrequieto, desgracioso, arrebatado (...), ele [Strauss] exorciza os demnios de nossos corpos e isso com valsas, que so o exorcismo moderno (...) Tipicamente africano o modo como ele rege suas danas (...), o demnio circula por toda parte (...) Um poder perigoso foi colocado nas mos desse homem moreno; ele pode considerar uma sorte que toda espcie de pensamentos possa associar-se msica, que nenhuma censura pode ter nada a ver com valsas, que a msica estimula diretamente as nossas emoes, sem passar pelo pensamento (...) Os pares valsam como num bacanal (...) Nenhum deus os inibe. JANIK, Alan; TOULMIN, Stephen. A Viena de Wittgenstein. Rio de Janeiro: Campus, 1991, p. 67. a) Leia com a classe a passagem em que Cynthia Gusmo escreve sobre a valsa e a relao da mesma com a Europa do sculo XIX. b) Pea para os alunos levantarem no livro os tipos de danas citados, desde a era medieval at o Bolero de Ravel. c) Aps a leitura desse captulo, escolha algumas obras dos compositores citados. A seguir, debata com os alunos sobre as que mais os impressionaram. d) Faa uma enquete com os alunos sobre a produo musical do sculo XX e seus novos sons como o dodecafonismo, o atonalismo, a msica aleatria e a eletrnica. Pea para justificarem as respostas aps preencherem a seguinte ficha de impresses: Impresses Causou inquietao? A msica tem comeo, meio e fim? Parece circular? A msica causou outra sensao? Qual? Sim No
Sculos XV, XVI e XVII Msica medieval A msica instrumental A pera Barroco Sculo XIX Romantismo O lied e a opereta As trs ondas de nacionalismo O neorromantismo
Sculo XVIII Classicismo As mudanas da pera Os concertos pblicos Sculo XX Os nacionalismos O neoclassicismo O dodecafonismo Msica contempornea
b) Elabore com os alunos um glossrio de termos musicais com base nas informaes do livro, em pesquisas na internet e outras fontes.