AO DE REPETIO DE INDBITO - REVISO de CONTRATO REDUO de JUROS e PARCELAS Prtica Forense: PEAS PROCESSUAIS rea: CIVIL E PROCESSO CIVIL

Nmero: 9105 Perodo de divulgao: 4 Trimestre de 2009 Iniciais: AO REVISIONAL DE CONTRATO C/C REPETIO DE INDBITO Autor requer reviso no contrato paara que sejam reduzidas as parcelas e o juros, e repetio de indbito dos valores pagos indevidamente. EXMO. DR. JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA CVEL DO FORO CENTRAL DA COMARCA DA REGIO METROPOLITANA DE CURITIBA-PR:

JUSTIA GRATUITA

FULANO, brasileiro, casado, auxiliar de produo, residente e domiciliado em Curitiba/PR Rua, portador da Carteira de Identidade e CPF n, por intermdio de seu bastante procurador e advogado que no final assina, instrumento de mandato anexo, , brasileiro, casado, residente e domiciliado em Curitiba, inscrito na, com escritrio na, , onde normalmente recebe intimaes em geral, vem, com o devido respeito, presena de V. Exa. para propor a presente AO REVISIONAL DE CONTRATO C/C REPETIO DE INDBITO contra, pessoa jurdica de direito privado, inscrito no, com sede na, o que faz pelas seguintes razes de fato e de direito: I - DOS FATOS O Requerente firmou junto ao Requerido contrato de Financiamento para aquisio de veculo, em data de 24 de outubro de 2005. Foram pactuadas 36 prestaes mensais no valor de R$ 331,60 (Trezentos e trinta e um reais e sessenta centavos), de acordo com contrato n 5769508 / 5866633-0, em anexo. Foi o primeiro contrato de financiamento que o Requerente firmou em sua vida, desconhecendo completamente o funcionamento de tais pactos. O valor do automvel

que lhe foi dado foi de R$ 5.300,00 (Cinco mil e trezentos reais) e lhe foi oferecido financiamento, que lhe informaram teria parcelas fixas, sem correo mensal; Convencido de que as condies apresentadas pelo Requerido de financiamento eramlhe favorveis o Requerente firmou o contrato citado; Vale ressaltar que o contrato assinado pelo Requerente um contrato de adeso, elaborado pelo Requerido, sem a participao do requerente que JAMAIS havia firmado um contrato dessa natureza e que jamais havia assumido antes um financiamento. Quando o Requerente fez a somatria das parcelas, assustou-se de ver que o valor das prestaes havia mais do que dobrado o valor do veculo e passou a tentar negociar o contrato com o Requerido, o que se revelou impossvel; Apesar dessa situao o Requerente sempre cumpriu com as parcelas em dia. No restando sada, vez que todas as tentativas do Requerente em recompor o contrato de forma amistosa foram brutalmente rechaadas pelo Requerido. Dessa forma, no lhe restando outra alternativa, recorre agora em busca de amparo, a este judicirio. II - DO DIREITO 1 - CONTRATOS DE ADESO - DEVER DE BOA F E EQUILBRIO Contratos de adeso so cada vez mais comuns no mundo moderno, que necessita de agilidade nas negociaes e perfeitamente admissvel no direito, tanto assim, que aceito pelo Cdigo de Defesa do Consumidor, em seu art. 54. O Cdigo de Defesa do Consumidor brasileiro, modelo de cdigo pela ampla proteo com que brinda os consumidores, partes frgeis das relaes jurdicas, tem corno princpios norteadores das clusulas contratuais o equilbrio entre as partes e a boa f, seno vejamos o disposto no art. 51, IV e 1: Art. 51. So nulas de pleno direito, entre outras, as clusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e servios que: IV - estabeleam obrigaes consideradas inquas, abusivas, que coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam incompatveis com a boa-f ou a eqidade; 1 Presume-se exagerada, entre outros casos, a vontade que: I - ofende os princpios fundamentais do Sistema jurdico a que pertence; II - restringe direitos ou obrigaes fundamentais inerentes natureza do contrato, de tal modo a ameaar seu objeto ou equilbrio contratual; III - se mostra excessivamente onerosa para o consumidor, considerando-se a natureza e contedo do contrato, o interesse das partes e outras circunstncias peculiares ao caso; Verifica-se da anlise da lei, que houve um total desrespeito do Requerido para com a lei, bem assim, foi ferida a boa f contratual e o equilbrio entre as partes nunca existiu. Para que a boa-f seja respeitada, as partes tm o dever de pactuar e manter as clusulas contratuais em situao de equivalncia, pois primordial ao senso do justo e do eqitativo, que os valores trocados sejam proporcionais um ao outro.

Apesar da validade dos contratos de adeso em nosso pas, estes no podem ser abusivos e o contrato assinado pelo Requerente, que o fez sem qualquer amparo profissional e no tem conhecimentos jurdicos, que dir conhecimentos sobre juros ou matemtica financeira, possui clusulas monetrias leoninas, abusivas e ilegais, que praticam a usura, ferindo, desta forma, os preceitos de ordem pblica e boa f e onerando de forma excessiva e unilateralmente o contrato. Nagla Nassar, notrio jurista americano, diz ser requisito de boa f que "as partes no enganem ou intencionalmente criem uma situao desvantajosa para seu parceiro (NASSAR, Nagla. Sanctity of contracts revisited: a study in the theory and practice of intemational commercial transactions. Boston: M Nijhoff, 1994, p. 152). No possvel admitir que uma das partes aja arbitrariamente, desequilibrando um contrato inicialmente, recebendo vantagens infinitamente desproporcionais as do outro contratante, o senso de justia e as normas jurdicas vigentes em nosso pas no corroboram com o comportamento do ru. O Automvel que adquiriu o Requerente tem valor de mercado de R$ 5.602,00 (tabela FIPE), o valor proposto pela loja que vendeu o automvel foi de R$ 5.300,00 (cinco mil e trezentos reais) ao terminar de pagar o veculo o requerente pagou R$ 11.939,40, aproximadamente 125% de juros! Ora, muito fcil dizer que as parcelas so fixas e que no h juros mensais, vez que os juros foram embutidos nas parcelas muito alm do permitido e do admissvel pela boa-f. As palavras de lrineu Strenger so sbias ao descrever como deve ser o comportamento dos contratantes: "os negociadores devem agir de boa-f e esforar-se por construir um contrato equilibrado. Devem, especialmente, admitir discusses francas e procurar livre aceitao do contrato pelo seu parceiro. Evitar toda idia de dominao e, ao contrario, favorecer a criao de comunidade de interesses entre as partes. Os contratos muito vantajosos a uma das partes no tm previso de vida feliz. " Ademais do Cdigo de Defesa do Consumidor, aplicvel ao presente caso, prescreve o Cdigo Civil, o dever de proceder com probidade e boa-f: "Art. 422 Os contratantes so obrigados a guardar, assim na concluso do contrato, como em sua execuo, os princpios da probidade e boa-f ". No foi o que ocorreu no caso do contrato fundado pelo Requerente. Sem experincia em contratar, no foi capaz o Requerente de avaliar o custo do contrato que assinava. Os juros pactuados foram abusivos, excessivos, cumulativos, muitos alm daqueles permitidos pelos princpios do direito e da boa-f contratual. Segundo o Cdigo de Defesa do Consumidor, art. 6, III, direito do consumidor a informao adequada e clara sobre os servios e produtos que est adquirindo: Art. 6. So direitos bsicos do consumidor: III - a informao adequada e clara sobre os diferentes produtos e servios, com especificao correta de quantidade, caractersticas, composio, qualidade e preo, bem como sobre os riscos que apresentem; "

Obviamente no foi o que aconteceu com o Requerente, que no tinha a mnima noo dos juros que estaria pagando e de como onerariam sua prestao em relao ao bem recebido. 2 - DA PRTICA DE JUROS EXCESSIVOS O Cdigo Civil estipulou a taxa legal de juros como sendo aquela em vigor para a mora do pagamento dos impostos devidos Fazenda Nacional, segundo o art. 406: Art. 406. Quando os juros moratrios no forem convencionados, ou o forem sem taxa estipulada, ou quando provierem de determinao da lei, sero fixados segundo a taxa que estiver em vigor para a mora do pagamento de impostos devidos Fazenda Nacional. Segundo o art. 591 do Cdigo Civil os juros so devidos em contratos de mtuo, contudo, sob pena de reduo devem obedecer ao disposto no art. 406, do Cdigo Civil: Art. 591. Destinando-se o mtuo a fins econmicos, presumem-se devidos juros, os quais, sob pena de reduo, no podero exceder a taxa a que se refere o art. 406, permitida a capitalizao anual. Assim, considera-se que a taxa de juros que deveria ser aplicada sobre o valor do bem de 1% ao ms, de acordo com o disposto no art. 161, 1 do CTN. O valor do automvel foi R$ 5.300,00 (Cinco mil e trezentos reais), a ser pago em 36 meses de R$ 331,65, perfazendo o total de R$ 11.939,40, sendo cobrada uma taxa de juros de 4,2% ao ms, o que perfaz 71,23% ao ano A taxa de juros legais aplicada foi muito alm do permitido legalmente, que de 12% ao ano. Aplicada a taxa legal permitida, a parcela mensal deveria ser de R$ 176,00 (Cento e setenta e seis reais), perfazendo uma economia de R$ 5.603,40 (Cinco mil, seiscentos e trs reais e quarenta centavos). Considerando ao exposto, constata-se que o Requerente est sendo obrigado a pagar juros e taxas acima do limite legal, onerando em demasia o contrato, tornando nulas estas clusulas, as quais devem ser declaradas de oficio, posto que a conduta da instituio bancria caracteriza o enriquecimento ilcito. 3 - DA REPETIO DO INDBITO A vantagem que o Requerido aufere a evidente, vez que recebeu valores destinados a custear um servio especifico, que, todavia, no devido. Assim, ocorrendo a cobrana em quantia indevida, tem o consumidor, ora Requerente, o direito "Repetio do indbito", por valor igual ao dobro do que pagou acrescido de correo monetria e juros legais, conforme consta no Cdigo de Defesa do Consumidor, artigo 42, pargrafo nico: "Artigo 42 - (...) Pargrafo nico - O consumidor cobrado em quantia indevida tem direito repetio do indbito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correo

monetria e juros legais, salvo hiptese de engano justificvel." Portanto, ilegal e abusiva a cobrana, deve o Requerido ser compelido a devolver em dobro tudo que cobrou a tal titulo, nos exatos termos do Cdigo de Defesa do Consumidor, que se contenta com a simples cobrana indevida para gerar a repetio em dobro, no exigindo que seja demanda judicial ou que haja m-f. 4 - DA JUSTIA GRATUITA Que seja concedido o beneficio da assistncia judiciria gratuita, conforme Lei n. 1.060/50, devido comprovada falta de condies financeiras do Autor, para arcar com as despesas judiciais, bem como anexa a declarao de insuficincia de renda, prevista no caput do art. 4 da Lei 1.060/50. Em face do exposto requer: Diante do exposto, requer a V. Exa. se digne acolher a presente e determinar a citao do Requerido, para que, querendo, contestar a presente ao sob pena de revelia e confisso. Seja julgada procedente a ao com fito de rever-se o contrato para reduo dos juros a 1% (um por cento), passando o valor das prestaes de R$ 331,65 (Trezentos e trinta e um reais e sessenta e cinco centavos) mensais, para R$ 176,00 (Cento e setenta seis reais) reais mensais, retroativos s parcelas j pagas, devendo tais valores serem repetidos ao Requerente, visto j estar o contrato plenamente quitado. Requer a repetio do indbito de todos os valores pagos indevidamente, em dobro, qual seja: R$ 11.206,80 (Onze mil, duzentos e seis reais e oitenta centavos). A condenao do requerido em custas processuais e nus de sucumbncia, na forma preconizada no art. 20 do CPC.. Requer ainda a produo de todo meio de prova em direito admitidas, especialmente documentais, testemunhas e depoimento pessoal das partes; D-se causa para efeitos fiscais o valor de R$ 11.206,80 (Onze mil, duzentos e seis reais e oitenta centavos). Nestes Termos Pede Deferimento Curitiba, 11 de Novembro de 2008.

ADVOGADO OAB