Ética Socratico Platonica
Ética Socratico Platonica
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TICA SOCRTICO-PLATNICA
1. Premissa: Alm do saber tico, o pensamento tico j suficientemente explicitado encontrou nos ltimos tempos da filosofia prsocrtica poderosas expresses sobretudo na obra de Herclito (530-460 a.C.) e Demcrito (460-370 a.C.), e alcanou uma avanada instrumentalizao lgica na crtica dos Sofistas moral tradicional, cuja influncia foi decisiva na gnese do pensamento tico socrtico-platnico.
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1. Premissa: No que diz respeito tica podemos assinalar alguns temas e problemas que podem ser atribudos, com grande probabilidade, ao ensinamento socrtico.
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1. Premissa: deles que parte o surto especulativo cuja marca platnica indiscutvel. Deve-se levar em conta, alm disso, que Plato no foi o nico herdeiro de Scrates, embora inegavelmente o maior. O ensinamento tico de Scrates, transmitido sobretudo pelos primeiros Dilogos de Plato, conhecidos justamente por socrticos eles constituem o nico modelo completo que nos resta dos chamados sokratikoi logoi apresenta duas caractersticas fundamentais, uma metodolgica outra temtica.
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2. Temas da moral socrtica: Esses temas so o homem interior psych, o tema da verdadeira sabedoria sophrosyne e o tema da virtude aret. O tema do homem interior ou da alma psyche no sentido especificamente socrtico, e que assinala uma profunda revoluo no curso do pensamento antropolgico grego, constitui o motivo dominante da interpelao dirigida por Scrates aos cidados de Atenas, tendo em vista mostrar-lhes que o verdadeiro valor do homem reside no nico bem inatingvel pela inconstncia da fortuna, a incerteza do futuro, a precariedade do sucesso, as vicissitudes da vida: o bem da alma. 5
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2. Temas da moral socrtica: O reconhecimento da ignorncia sobre si mesmo torna-se uma douta ignorncia, a sabedoria verdadeira, e essa ignorncia que constitui, paradoxalmente, o primeiro momento da cincia socrtica e torna possvel o aprendizado da verdadeira arete.
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2. Temas da moral socrtica: Esses temas se entrelaam na doutrina que a historiografia usual consagrou como sendo a marca distintiva da tica socrtica: a doutrina da virtude-cincia.
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Recebida por Plato e criticada por Aristteles, ela passou a caracterizar o chamado intelectualismo moral de Scrates, conhecido por suas consequncias aparentemente paradoxais: o homem sbio necessariamente bom, e o homem malvado necessariamente ignorante, o sbio nunca faz o mal voluntariamente e somente o homem virtuoso 9 verdadeiramente feliz.
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2. Temas da moral socrtica: A doutrina da virtude-cincia que supe resolvido o problema da aquisio da virtude pelo sbio ao estabelecer a necessidade do uso da razo para a prtica da virtude, inaugura a histria da tica como cincia do ethos, e essa ser a marca indelvel de sua origem socrtica.
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3. A ideia diretriz da tica de Plato: Plato emerge sem dvida como o grande continuador do ensinamento tico de Scrates, e a ele devemos o essencial de tudo o que sabemos sobre a doutrina do sbio ateniense. O gnio de Plato eleva a herana de Scrates a uma altitude especulativa com a qual o mestre provavelmente jamais 11 sonhara.
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3. A ideia diretriz da tica de Plato: A ideia da ordem exprime essencialmente uma proporo analogia que une elementos e seres diversos no mais belo dos laos e ser, portanto, uma relao analgica que Plato ir estabelecer entre as partes da alma e suas virtudes, entre a alma e a cidade e entre a alma e o mundo.
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3. A ideia diretriz da tica de Plato: As categorias do saber tico dos gregos que vimos reinterpretadas por Scrates a sabedoria, a virtude, a lei, a justia e aquelas propriamente socrticas platnica dentro da vasta perspectiva de uma metafsica da ordem. Visto que Plato no nos deixou uma tica em forma sistemtica, vrios so os roteiros possveis para uma exposio de seu pensamento nesse campo. Como sabido, os filsofos gregos no desenvolveram uma teoria da liberdade...
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3. A ideia diretriz da tica de Plato: A experincia da liberdade aparece profundamente integrada formao da cultura grega, presente de modo determinante no desenvolvimento do saber tico e nas origens da tica, crescendo sobretudo no terreno onde se d o temeroso confronto entre o agir humano e o Destino e no campo poltico onde a liberdade do cidado eleutheria se exprime sobretudo na liberdade de expresso parrthesia e no direito de participao nas assembleias, essenciais politeia democrtica.
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3. A ideia diretriz da tica de Plato: Ningum virtuoso sem ser livre e ningum virtuoso sem ser sbio. O conhecimento da ordem implica o conhecimento do Bem, do qual deriva, e o conhecimento das realidades a serem ordenadas: realidades estruturalmente complexa nas quais o bem dever residir justamente na unidade ordenada das 16 partes e o mal na multiplicidade desordenada.
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3. A ideia diretriz da tica de Plato:
A ordem ir assegurar assim a unidade das partes na constituio do todo, consistindo a ordem em cumprir cada uma das partes o que lhe prprio ta eautou prattein de sorte que no todo assim ordenado possa transluzir a presena do Bem. 17
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3. A ideia diretriz da tica de Plato: Plato tem diante de si trs tarefas tericas: 1. A primeira de filosofia poltica, ou seja, a descrio de uma polis que seja a imagem da polis ideal, constituda, portanto, segundo as exigncias da razo, na qual a ordem 18 possa reinar e a arete poltica florescer.
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3. A ideia diretriz da tica de Plato: 2. A segunda antropolgica, conduzida a partir da primeira segundo o princpio da analogia (Repblica, II, 368 e 2-369 b 4), deve mostrar como se reflete na estrutura da alma individual a ordem da cidade justa, de sorte que a arete do indivduo, cidado da cidade justa, tenha igualmente como norma ordenadora a virtude da justia. 19
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3. A terceira, finalmente, desdobra-se em dois planos: um propriamente ontolgico, que deve inquirir acerca do fundamento ltimo da justia, a Ideia do Bem; outro gnosiolgico, que deve descrever o caminho do conhecimento que leva Ideia do Bem.
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3. A ideia diretriz da tica de Plato: Sendo a praxis virtuosa ou a praxis segundo o bem, o objeto prprio do saber tico e, por conseguinte, da tica que seu sucedneo em termos de razo demonstrativa, temos a uma antropologia da praxis individual e poltica, uma teleologia da praxis como ontologia do Bem e uma epistemologia da cincia do Bem, primeira antecipao do que ser a cincia prtica de Aristteles.
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4. O modelo tico em Plato: O recurso noo de modelo tico na tipificao que lhe dada por Plato tem dado ocasio a que se acuse sua tica de excludente e elitista. A noo de modelo tico, porm, faz parte da tradio do saber tico, particularmente na Grcia, e de que os tipos de modelo tico propostos por Plato atendem antes de mais nada ao intento de regenerao do Estado ateniense que o projeto da Repblica tinha em vista e se explicam no contexto da cultura grega do sculo IV.
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4. O modelo tico em Plato: A noo de modelo tico transmite uma matriz conceptual essencial constituio da tica que, de uma forma ou de outra, ser recebida por toda a tradio do pensamento tico e exemplarmente desenvolvida por Plato na Repblica: a de que a vida tica no um dom da natureza, embora por ela condicionado, mas fruto de um longo, difcil e, por vezes, doloroso processo educativo. Assim como o ethos a primeira e fundamental escola da humanidade, a tica a paideia fundamental do ser humano que atingiu o estgio de uma civilizao da Razo. 23
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5. O problema da liberdade em Plato: O problema central no pensamento de Plato aquele da conciliao entre a necessidade do Bem que emerge do discurso da razo e a liberdade do agir dentro de uma filosofia da ordem.
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5. O problema da liberdade em Plato: com a liberdade de escolha que se inicia o verdadeiro caminho da liberdade e esse, como supe toda a argumentao da Repblica em ordem fundamentao das virtudes, passa necessariamente alm da deliberao em torno dos objetos empricos e contingentes ou mesmo finitos e limitados para finalmente orientar-se para a Ideia do Bem, absoluto e supra-essencial, de cujo conhecimento deriva para todo o caminho da liberdade a justificao racional de cada um de seus passos.
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6. Dimenso religiosa da tica de Plato: O Teeteto abrir uma dimenso religiosa na praxis tica ao coroar o perfil do Filsofo com a doutrina da assimilao a Deus homoiosis teo destinada a uma longa posteridade. O Poltico introduz na preparao da definio do verdadeiro homem poltico a noo de cincia da medida he metretike que desempenhar funo fundamental na definio aristotlica da virtude.
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6. Dimenso religiosa da tica de Plato: O Filebo, que trata da questo do prazer hedone objeto de viva discusso entre os discpulos de Scrates, todo ele um dilogo eminentemente tico, mas no qual o alcance metafsico da teoria das Ideias est presente na definio do Bem, de suas caractersticas e da escala dos bens.
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6. Dimenso religiosa da tica de Plato: O Timeu contm um ensinamento tico que pode ser caracterizado como considerao do kosmos para viver retamente. Parte do princpio socrtico da virtude-cincia e o justifica a partir da necessidade de uma relao alma-corpo, estrutural e harmoniosa, que torna possvel a ordenao da prpria vida segundo a ordem do universo.
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6. Dimenso religiosa da tica de Plato: As Leis, finalmente, retomam, no contexto da educao dos Guardies da cidade, o problema da unidade e pluralidade das virtudes cardeais e de seu fundamento no conhecimento do Bem ou, concretamente, na teologia.
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