Apontamentos Direito Comercial e Titulos de Credito
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Dto Comercial 1-Introduo 1- Noo de Dto Com O dto comercial vm sendo tradicionalmente definido como o dto do comrcio, o dto que regula as relaes de comrcio ,ou seja ,o conj. de regras jurdicas que regulam o comrcio .Mas o dto comercial pode ser definido como o dto do comrcio em sentido jurdico e o dto do comrcio em sentido econmico: 1.1 Comrcio em sent. Econmico - conj. de actividades econmicas que pertencem ao chamado sector tercirio da economia, so relativas circulao de bens , mediao entre a produo e o consumo (oferta e procura).Tm a ver com a actividade de intermediao de bens. Os economistas costumam dividir e classificar as actividades econmicas em 3 grandes sectores: 1-Primrio;engloba actividades econmicas como a agricultura a silvicultura ,caa pesca e indstrias extractivas. 2-Secundrio;artesanato e industrias transformadoras 3-Tercirio;abrange actividades econmicas das quais se destacam a prestao de servios e o comrcio--- as tais actividades de intermediao de bens. Como se v, o comrcio constitui apenas 1 das vrias actividades econmicas que pertence ao sector tercirio o qual por sua vez constitui apenas um dos sectores das actividades econmicas em geral, ora, este no pode ser efectivamente a acepo correcta do termo comrcio para delimitar o objecto do dto. comercial. Sem dvida que historicamente, o Dto. Comercial teve o seu ncleo originrio e o seu centro de gravidade nas actividades de intermediao (comrcio em sentido econmico). O Dto. comercial surge na Idade Mdia devido ao eclodir do comrcio nas cidades costeiras do norte de Itlia e da Flandres como o dto. regulador dessas actividades de intermediao. Mas, com a crescente complexificao das actividades econmicas sobretudo desde a Idade Moderna e com a substituio de um capitalismo comercial por um industrial e agora no sc.xx por um capitalismo financeiro, o Dto. Comercial estendeu o seu mbito de regulamentao mt. para alm dessas activ. de intermediao. Assim, por ex. o dto. Comercial regula hoje tb. activd. econmicas pertencentes rea da prestao de servios por exemplo: seguros, transportes, hotelaria. Alm disso, o dto Com. tm hoje uma interveno reguladora em matrias do sector secundrio e primrio por exemplo indstrias transformadoras so hoje
qualificadas como comerciais. Mas claro que no podemos pensar que o dto. Comercial regula todas as actividades econmicas, uma espcie de dto. geral da economia. De facto, h varias actividades econmicas pertencentes a qq. um dos trs sectores que no cabem no mbito de aplicao do dto. Com. : no sector primrio a agricultura foi expressamente excluda do dto. Comercial(230 n1 e 464 n2 CC) bem como o artesanato no sector secundrio (230n1 e 464 n3).No sector tercirio a actividade de prestao de servios regulada pelo dto civil comum. Mas para alm de no regular apenas o comercio em sentido econmico ,o dto. Comercial no o regula todo. Hoje h relaes econmicas privadas relativas a intermediao de bens que no so disciplinadas pelo dto. com. ,mas por ex. pelo Dto. Adm.. Em matria relativas ao licencial industrial e ao acesso da activ. comercial. Dto. Penal - em matria de concorrncia desleal; Dto Fiscal - ex. IVA CONCLUSO: - a acepo estrita e econmica da palavra comercio para definir o mbito do dto com. no satisfatrio. 1.2-Por isso surge a noo de comercio em sentido jurdico - formal (amplo): Conjunto de actividades econmicas a que num dado pas e num dado momento se aplicam as leis comerciais. O Dto. Comercial regula potencialmente todas as actividades econmicas desde que fossem chamadas pelo legislador, aqui abrangem-se no apenas as tais actividades de intermediao (o tal comercio em sentido econmico) mas todas as actividades econmicas que fossem objecto das normas mercantis existentes nesse pas. Esta noo de Dto. Comercial foi defendida pela doutrina portuguesa mais antiga; Veiga Beiro, onde assume importncia as chamadas normas qualificadoras , que so as normas que determinam quais os actos, os aspectos ,as relaes da vida econmica privada a que a ordem jurdica atribui relevncia jurdico - comercial. Assim, no nosso Dto. Comercial a norma qualificadora fundamental o art. 2 do CCm o qual nos diz quais so os actos de comercio. Criticas a esta noo: uma definio que cai num circulo vicioso ao definir o dto. com. como ramo de dto. que regula as actividades econmicas a que ele prprio se aplica. Diz-se que o dto. comercial aquele ramo do dto. que tm por objecto o
comrcio em sentido jurdico e comrcio em sentido jurdico aquele a que o dto. comercial se aplica, ou seja, o mesmo que dizer que o objecto do dto. comercial aquilo a que ele se aplica. uma definio formal porque identificando o dto. com. com a sua realidade jurdico - positiva concreta que por natureza mutvel (o que hoje pode no ser amanh) nada se diz sobre a unidade substancial deste ramo de dto. Nem sequer verdade que o dto. com. o dto. regulador apenas do com. em sentido jurdico, regula mais do que isso (Lobo Xavier) Concluso: o dto. com. no apenas o dto. regulador do comrcio em sentido jurdico ,nem apenas o dto. regulador do comrcio em sentido econmico. 2-Situao actual: Hoje ,as normas jurdicas mercantis no se esgotam nesse domnio, mas tambm se aplicam aos chamados actos formalmente comerciais(actos de comrcio formais)----actos cuja relevncia jurdico comercial deriva no de prpria natureza intrnseca do acto ou da capacidade de comerciante do autor mas da mera circunstncia formal que o preenchimento por algum de 1 esquema jurdico formal pr- estabelecido pelo legislador ex. subscrio de uma letra de cmbio .Hoje as letras de cmbio podem usar-se entre no comerciantes um instituto que nasceu do comrcio ,mas que hoje se utiliza na prtica corrente. Mesmo assim a lei comercial vai regular este acto s 1 acto formalmente comercial, basta preencher 1 formalidade para que se aplique a lei comercial , o caso de A e B que celebram 1ccv de 1 imvel para efeitos de habitao e como o comprador no tinha logo ali o dinheiro para pagar, prope ao vendedor e este aceita a emisso de 1 letra a favor deste para a quantia em dvida. Concluso: no h dvida que a noo de comrcio em sentido jurdico uma noo fundamental para compreender o objecto do Dto.Com. sobretudo para efeitos de vrias normas do dto. com vigente: --para efeitos da determinao da natureza civil ou comercial de 1lei; art.2 1parte do C.Com. --para efeitos de determinao da natureza comercial ou civil dos actos dos comerciantes; art.2 2parte do C.Com. --para efeitos da atribuio da capacidade de comerciante (art13 C.Com)j que esta depende da prtica, por parte de algum, de modo reiterado e profissional de actos de comrcio.
--para efeitos do art15Ccom que trata da responsabilidade dos bens do casal pelas dvidas comerciais de 1 dos cnjuges, na medida em que essa responsabilidade s existe em relao a dvidas comerciais que tenham origem em actos do cnjuge comerciante e que tenham conexo com o seu comrcio. --para efeitos do art1CSC j que as sociedades comerciais so aquelas sociedades que tm como objecto exclusivo a prtica de actos do comrcio. Mas no correcto afirmar que o mbito do Dto.Com. se esgota neste domnio, pode tambm regular actos que nada tm a ver com o comrcio quer em sentido econmico quer em sentido jurdico, caso dos actos formalmente comerciais. Logo no h uma noo satisfatria para o Dto.Com. Podemos afinal dizer que o Dto.Com. um dto. do comrcio, mas com as limitaes que assinalamos em cada uma das acepes da palavra comrcio.
2- Evoluo histrica do Dto. Com: .2.1- um ramo de formao medieval. Na antiguidade greco-romana no havia 1Dto Comercial distinto do dto. civil comum, este chegava para resolver todos os problemas. .2.2-Foi na Idade Mdia que nasceu o dto.Com. como ramo independente do dto. privado. Nasceu em Itlia e na Flandres onde havia uma grande actividade comercial e surgiram corporaes profissionais de mercadores que tinham estatutos prprios e tribunais prprios as suas decises baseavam-se nos estatutos e usos. Comea a formar-se uma espcie de normas comerciais, mas um Dto.Com. primitivo: Profissional(dos mercadores), Corporativo(das corporaes) Autnomo do dto. civil, de origem consuetudinria e de locao internacional: Era um dto. dos comerciantes dos mercadores. .2.3-Com a Idade Moderna , com a centralizao do poder do Estado , o dto. comercial foi perdendo as suas caractersticas, menos a da profissionalidade. Com a Revol. Francesa de 1789 , com a igualdade que preconizava no podia pactuar com a existncia de 1 dto. de classes (dos mercadores e comerciantes). Assim . o Dto. Com. j no era definido como o dto. dos comerciantes mas como o dto. doa actos de comrcio, independentemente de quem os praticasse, o que interessava era a natureza dos actos praticados. O CC francs de 1807 consagra isto e influencia os outros CC. da Europa. O CC alemo veio recuperar o assento
subjectivista e profissional do Dto. Com. O nosso C.Com de 1888-- O Dto. Com trata dos actos dos comerciantes e desaparecem os actos que partida podem ser comerciais, ou seja , se no forem levados a cabo pelo comerciante no se aplica a lei comercial. A legisl. Italiana de 1942 tm dois aspectos: o CC alemo veio influenci-lo mas assento tnico deixa de ser posto na figura do comerciante para passar a ser posto na figura de empresa, via o Dto.Com. como o dto. da empresa e de todos os actos que existem volta da empresa .Este cdigo no comercial, no Cod. Civil que esta disciplinado o regime do Dto. Com. Assim, o legislador italiano manteve a caracterstica originria fundamental o Dto. Com como um dto. profissional, s que considerava um dto. da empresa em vez de um dto. de comerciantes. 2.4-Situao actual: Genericamente o Dto.Com tm 4 aspectos fundamentais: 1-Progressiva publicizao do dto.Com. H uma crescente interveno e ingerncia dos poderes pblicos na vida econmica ex. basta pensar nas intervenes legislativas que existem em matrias como a da nacionalizao e privatizao, investimentos no estrangeiro, licenciamento industrial etc. 2-Progressiva civilizao dos mecanismos ou instrumentos jurdico comerciais.Com isto pretende dizer-se que muitos institutos do Dto. Com so hoje cada vez mais utilizados por indivduos que nada tm a ver com o comrcio, para praticar actos que nada tm a ver com o comrcio ex. letra de cmbio um instrumento fundamental do Dto. Com mas cuja utilizao se divulgou de tal modo que hoje utilizado indiscriminadamente por comerciantes e no comerciantes quer para a conduo de actos comerciais quer puros actos civis. 3-Retorno do Dto. Com sua natureza originria de dto. profissional (no tanto como dto. dos comerciantes mas como dto. de empresas). 4-Declnio da ideia de codificao do Dto. Comercial .
3- Sistemas de Dto Com.: 3.1-Sistemas Subjectivos :noo e problemas o primeiro sistema delimitador do objecto de Dto. Com e segundo este o Dto. Com. constitui o conj. de normas que regem os actos ou as actividades dos comerciantes. Este sist corresponde concepo originria do Dto. Com. e foi retomado pelo C
Com alemo de 1897, conhecendo adeptos sobretudo na doutrina francesa. CRTICAS: Jamais um sistema subjectivista se mostra exequvel na sua pureza, sendo obrigado frequentemente a lanar mo a elementos objectivos por exemplo; A) A determinao da capacidade do comerciante no dispensa mas pelo contrrio pressupe a definio e a prtica de actos de comrcio objectivos. Para determinarmos se uma pessoa ou no comerciante( conceito essencial dos sistemas subjectivistas), preciso recorrer ao conceito objectivo de acto de comrcio-art13 do C. Comercial. B)Ainda preciso ter em conta que a capacidade ou o estatuto de comerciante constitui normalmente 1condio necessria mas no 1condio suficiente para a qualificao como comerciais dos actos por estes praticados. Depende tambm de outros factores de natureza objectiva ,ex. art 2 2 parte do C.Com. -------para que os actos praticados pelos comerciantes sejam comerciais, necessrio para alm desta condio subjectiva (capacidade de comerciante), se verifiquem ainda alguns elementos objectivos nomeadamente nomeadamente que o acto no tenha natureza exclusivamente civil e que o contrrio no resulta do prprio acto. De facto nem todos os actos jurdicos praticados por um comerciante so actos comerciais. Apenas devem ser considerados comerciais aqueles actos praticados pelo comerciante no exerccio do comercio. Esta concepo na sua pureza levanos a considerar como comerciais os actos praticados pelo comerciante que so de natureza pessoal ou no patrimonial, ex actos relativos ao mbito familiar ou sucessrio do comerciante. C) Mas seria absurdo tambm noutro aspecto, assim nem todos os actos praticados pelo comerciante so necessariamente comerciais mas tambm existem muitos actos que ningum contesta a sua natureza comercial e que so praticados por simples particulares. Tb aqui se se fosse a aceitar a concepo subjectivista na sua pureza, no restaria seno considerar certas operaes cuja natureza mercantil ningum discute , como no comerciais apenas porque os seus autores no so comerciantes. ex . uma compra efectuada para revenda por um particular (463 e ss C.Com) evidente que a compra para revenda um acto intrinsecamente mercantil, ningum discute. Mas bastaria ser praticado por um no comerciante
para no mbito desta concepo subj. se excluir a sua regulao pelo Dto Com.
3.2-Sistemas objectivos: noo e problemas Segundo estes sistemas o Dto. Com. constitui 1conj. De normas que regem os actos do comrcio, independentemente de quem os pratica. Neste sistema, aquilo que decide da natureza ou da relevncia jurdico comercial de 1 acto a prpria natureza intrnseca do acto em si mesmo, independentemente do seu autor ser ou no comerciante(h um comerciante in res e no in persona dos sistemas subjectivistas). De acordo com este sistema, o Dto. Com. abrange no s o comrcio profissional (comerciantes) mas tambm o comrcio ocasional (actos comerciais praticados esporadicamente praticados por particulares no comerciantes). Este sistema teve a sua consagrao legislativa no C.Com francs de 1807 e esteve na base do sistema de codificao europeu e americano (Amrica latina), estando na base do nosso cdigo. Criticas a esta concepo: 1-O conceito central deste sistema, o conceito da actos comerciais( a pedra angular deste sistema). Porem, no h um conceito unitrio e universal de acto de comrcio (quer na doutrina quer na jurisprudncia) e dificilmente poder haver no contexto das ordens jurdico comerciais actuais, porque estas so caracterizadas por uma enorme heterogeneidade das matrias mercantis. Logo invisvel a construo de um conceito geral e abstracto capaz de abranger virtualmente todo o tipo de actividades econmicas a que hoje o Dto. Com. se aplica. Assim, no surpreendente : A) quer o positivismo legislativo que se atinge nesta matria --os O. J. Comercias da actualidade que so partidrios de uma concepo objectivista do Dto .Com no definem actos comerciais em absoluto, limitando-se a dizer quais os actos que consideram ser actos do comrcio H cdigos que fazem uma enumerao expressa e taxativa dos actos de comercio: por ex Cod italiano anterior ao actual. Outros prosseguem esta discriminao atravs de uma enumerao implcita: por ex o nosso Cod Com que no art 2 diz expressamente quis so os actos de comrcio mas depois remete para partes da lei aqueles que
se acharem especialmente regulados neste cdigo .esta tcnica legislativa casustica no resolve o problema central da concepo objectivista. B) quer o insucesso doutrinal--parece ento que caberia doutrina formular esse conceito universal de acto do comercio, s que a doutrina persegue a dcadas sem sucesso a tentativa de construo de um conceito unitrio de ac. com. A tentativa mais ambiciosa pertence a Rocco (italiano ) anos 30-- Act. de com. como acto de interposio entre a oferta e a procura. Garrigues (argentino) para quem a essncia dos actos de comercio era o facto de serem actos especulativos visando o lucro. HecK- dizia que era o facto de serem actos praticados em massa. G.Telles-a essncia dos actos de comercio era serem actos produtivos. Critica a Rocco: por ex :acto de subscrio de 1 letra para 1 dvida Crtica a Garrigues: Ex :revenda efectuada por 1 preo inferior ao do custo(no tem carcter especulativo ou lucrativo) Todas estas tentativas no so bem sucedidas e exemplo disso o dto positivo qualificava como comerciais certos actos com 1 simples relao de acessoriedade com outros actos , estes sim intrinsecamente comerciais a qualificar como comerciais ,em virtude da sua mera relao de conexo com a actividade do comerciante. 2-Por outro lado, os sistemas objectivistas jamais so exequveis na sua pureza e so obrigados frequentemente a lanar mo de elementos subjectivos. De facto todas as legislaes jurdico - comerciais que adoptaram este sistema prevem certos actos cuja comercialidade depende tambm do seu autor 1 ex:366C.Com. que disciplina o contracto de transporte ,apesar de este ctt ser considerado 1 acto objectivamente comercial , a sua comercialidade est dependente da prpria capacidade das partes contratantes para algum dos seus efeitos.2ex:art18C.Com. que trata das obrigaes especficas dos comerciantes. Levada at s ltimas consequncias , esta concepo de Dto Com pode no s romper com a raiz histrica deste ramo do dto (que nasceu como 1 dto profissional, 1 dto dos comerciantes)mas tambm diluir as fronteiras entre o DtoCom e o D6to Civil ,em relao ao qual se autonomizou. Porqu? que a progressiva expanso do DtoCom no sentido de tb abranger os actos de comrcio praticados por simples particulares , podia fazer perder de vista as razes que
levaram historicamente autonomizao do prprio DtoCom, que tem a ver com o comrcio profissional e no com o ocasional e poderia mesmo dar razo aqueles autores que pretendem a unificao do DtoCom e do DtoCivil. .3.3-Sistemas Mistos De facto, no existem sistemas exclusivamente baseados no conceito de actos comerciais nem sistemas baseados no conceito de comerciante, o que existe uma combinao em graus diferentes de elementos objectivos e subjectivos na construo do DtoCom(no podem existir sistemas puros): RAZO TERICA- estes 2 conceitos(act com, e comerciante) so 2 faces de uma mesma moeda, ou seja, so conceitos que acabam por remeter reciprocamente um para outro : o conceito de comerciante pressupe o act. com. e vice versa. Assim inevitvel, na construo dos sistemas de Dto Com. puros e fenmeno do crculo vicioso de elementos obj. e subjectivos. RAZO PRTICA- os sistemas subjectivistas no conseguem definir o que comerciante sem recorrer ao conceito de acto comercial (CodCom alemo); inversamente os sistemas objectivistas, nomeadamente o seu expoente(C.Com .francs)jamais se limitam ideia de comrcio, atribuda tambm relevncia em muitas disposies prpria capacidade do comerciante. Da que as legislaes jurdico comerciais tm um carcter misto, h uma combinao de elementos objectivos e subjectivos. Depois, cada O.J. comercial propende mais para o sist. objectivista ou para o sist.subj.
CONCLUSO: Na prtica o nico aspecto que diferencia estes 2 sistemas acaba por se resumir ao chamado comercio ocasional. Enquanto nos sist. subj. apenas so comerciais os actos praticados pelos comerciantes no exerccio do seu comrcio nos sist. objectivos tb se qualificam como mercantis, os actos de comercio isolados que so praticados ocasionalmente por simples particulares (comrcio ocasional). 4- Problema da autonomia do Dto. Com.: Deve ou no ser um ramo de dto autnomo? Se se considerar 1 ramo de dto priv. especial as normas especiais no se confundem com a norma excepcional-aqui
no pode haver aplic. analgica. 1-Teoria da unificao: Foi desencadeada no sc. passado por 1 sector mt relevante da doutrina italiano e veio ser adoptada no incio deste sculo por parte da dout. portuguesa, nomeadamente Guilherme Oliveira, Barbosa Magalhes etc. esta teoria defendia a supresso do Dto Com e a unificao da disciplina jurdica de dadas relaes jurdicas privadas (civis e comerciais).As razes por eles adoptadas era aquilo a que se chamava progressiva nivelao da zona privatstica, ou seja tinha a ver com a progressiva sobreposio do Dto Com e do Dto Civil. Como sintomas desta progressiva nivelao , estes autores apontavam vrios aspectos: -Comercializao do dto civil; chamava-se ateno para a existncia de um fenmeno de progressiva comercializao do Dto Civil, ou seja para a progressiva infiltrao no dto civil (principalmente no dto das obrigaes e no dto dos ctts) de certos princpios tradicionalmente mercantis ex. pensa-se na generalizao do processo falimentar na pp liberdade de forma que teve a sua origem no Dto Com. -Civilizao do Dto Com.; por outro lado ,apontava-se inversamente, um fenmeno de civilizao do Dto Com, ou melhor, de certos institutos jurdico comerciais. Chamava-se a ateno para o fenmeno da crescente utilizao por no comerciantes de institutos que foram criados para os comerciantes e para o exerccio profissional do comrcio, passando assim a ser parte comum do dto privado ex letras de cambio, vendas a crdito (a prestaes), sociedades (os scios no so obrigatoriamente comerciantes). -Para alem disso esta uniformizao j tinha provas dadas, nomeadamente no mbito dos sistemas saxnicos(quer o dto americano quer o ingls no conhecem um Dto Com autnomo e mesmo em certos pases europeus como a Sua e a Itlia tem um cod civil que regula simultaneamente dadas relaes privadas. Estes autores consideravam O dto com como uma categoria histrica e transitria, abrindo caminho a uma uniformizao do Dto Com estava condenado a desaparecer e a ser reabsorvido pelo dto civil. l2- Teoria da autonomizao (Teoria da autonomia) Em rigor, dever falar-se em teorias de autonomia porque foram varias as tentativas doutrinais que visaram recuperar essa autonomia e justifica-la . Existem 3 teses principais : - A Tese de Rocco ( acto de comercio): Provm das concepes objectivistas do dt. comc. . A tese da reaco defendia
que os actos comerciais encontram a sua essncia no facto de serem actos de interposio entre a oferta e a procura. Esta teoria no vingou porque este entendimento doutrinal esta partida votado ao fracasso, em face da enorme heterogeneidade dos materiais mercantis . O conceito base um conceito falvel. Alm disso , o sistema objectivo transporta em si mesmo , o grmen da prpria destruio do dt comercial. Vantagem: chama a ateno para a necessidade de defender a autonomia do dt cmc. e de reorientar a Doutrina para outras bases Constitucionais do Dt Cmc. - A Tese de Heck ( actos em massa ) : Surge a seguir e procurou refutar a autonomia do Dt Comercial. Para ela aquilo que verdadeiramente poderia refutar a autonomia do Dt Comercial seria o facto de este ramo conter a disciplina para a realizao de actos mercantis em massa , ou seja , de actos mercantis integrados numa serie e no de actos mercantis isolados . Era esta a razo da autonomia do prprio Dt. Comc. . evidente que sendo a pratica de actos mercantis em massa , obra dos comerciantes, ou seja, de quem exerce a profisso de comercio, o dt comercial encontraria o se reduto ultimo no facto de ser 1 dt dos comerciantes. O Dt. Cmc justificaria a sua autonomia por ser 1 dt dos comerciantes. No esquecer que esta teoria proveio do sector subjectivista. -A tese das Empresas (Mossa,Garrigues ) Teoria defendida por Mossa em Itlia, Vivand. na Alemanha, Garrigues em Espanha. Concebe a autonomia do dt cmc. no facto de constituir um dt da empresa. Esta teoria sublinhava correctamente que a realizao de actos mercantis em massa (de que falava Heck) est cada vez menos ligado pessoa individual e esta cada vez mais inserida no mbito de uma organizao especifica e complexa de factores produtivos (trabalho, gesto etc...) que justamente a empresa, seja esta explorada por 1 PS ou por PC. Neste sentido, o dt Cmc. deveria ser considerado como um dt especial da empresa. VANTAGENS: 1) Esta teoria ultrapassa os riscos que so prprios do sistema objectivo, ou seja, ao apontar a empresa como o objecto do Dt C. , ela permite encontrar um um novo factor de unidade para o Dt C. e permite sobretudo , evitar aquele aspecto, dissolvido neste ramo, que era quase como que constitutivo dos sistemas objectivistas, que viam neste uma espcie de ramo disciplinador de actos mercantis individuais. 2) Esta teoria permite tambm, superar as deficincias do sistema subjectivo,
porque ao deslocar o nfase da figura do comerciante individual para a figura da empresa, permite o preconceito de que o dt C. era um dt privativo de uma classe ( um dt corporativo) para passar a ser visto como um dt vocacionado para disciplinar uma organizao, uma instituio especifica : a empresa. 3) Com esta teoria, o dt comercial j no ficaria exposta critica da teoria da unificao que falava de uma homogeneidade da zona privatstica, ou seja, de uma sobreposio do dt civil e do dt Cmc.. Sendo o dt comercial visto como um dt das empresas, jamais se podia conceber que o dt civil se empresalizasse ou que o prprio dt das empresas se pudesse civilizar, porque o dt civil baseia-se na figura da pessoa.
DESVANTAGENS: 1)Esta teoria apoia-se num conceito de difcil definio, pois no existe um conceito unitrio de empresa, h conceitos diferentes para, o dt, para a economia etc... . Logo no ha um conceito de empresa suficientemente abrangente e universal para constituir a base deste ramo de dt. 2)Esta teoria acabaria por deixar de fora algumas operaes e instituies que muito embora tendo a sua origem na actividade comercial e sendo forosamente, ainda hoje utilizadas pelas empresas desde h muito ultrapassaram este domnio e caram no uso geral, ex. ttulos de credito (letras de cmbio). Tambm ficavam de fora certas instituies, que no obstante constiturem uma parte jurdica da organizao da empresa, tambm desde ha muito ultrapassaram o estrito domnio do Dt C. ex. Sociedades Cooperativas e nacionalizadas que podem no prosseguir fins comerciais. Existem alguns pases onde as sociedades podem prosseguir finalidades no lucrativos ex. Sociedades de Capitais na Alemanha. 3) Finalmente, o dt C. como ramo de dt privado que , jamais poderia pretender regular exaustivamente a empresa enquanto complexo de factores produtivos, porque a disciplina jurdica da empresa abrange normas dos mais variados ramos do dt, como Fiscal, Trabalho, Administrativo ,etc... Dai que a alternativa para esta teoria seja: -ou o DC deixava de ser um ramo de Dt Privado e passava a ser um ramo heterogneo, interdisciplinar , perdendo a sua matriz , -ou, para pretender continuar a ser um ramo de Dt privado, dai em diante passaria a regular apenas um sector muito especifico dentro dos aspectos relevantes para a vida da empresa, mas s daqueles que teriam uma incidncia juridico-privatistica.
Quais seriam esses aspectos ? Aspecto regulador do Estatuto do Empresrio (individual ou colectivo), tutela da empresa, actividade externa da empresa. O DC assim visto um mbito reduzido a estes 3 aspectos: CONCLUSO- O DC, quando muito, pode definir-se como sendo aquele ramo de dt privado que centrando-se na empresa ou dela irradiando, abrange ainda todos aqueles domnios em que se faa sentir a necessidade de uma regulamentao autnoma em face dos princpios gerais do dt Civil.
3-Entre ns, defende-se a autonomia do DC com base em 5 caracteristicas e tendncias do DC 1) - Tutela e reforo do crdito: O recurso ao credito constitui um elemento essencial e vital da vida econmica. O Comerciante precisa de um credito , sem credito no vive. ex. se A comerciante fosse obrigado a esperar pelo pagamento do preo dos produtos para poder repor os seus stocks, ou para comprar matrias-primas para produzir novos bens, evidente que isso lhe causaria intermitncias insustentveis na sua actividade e no trfego econmico em geral. Tutelar o credito dar condio aos credores para que eles no tenham medo de dar credito aos comerciantes. Proteger o credor para ele calmamente conceder o crdito. Da que o DC visa evitar as intermitncias e assegurar a continuidade econmica. Isto transparece em varias normas e institutos: ex. Ttulos de credito; vendas a credito ou a prestaes; conta corrente. 2)- Celeridade das transaces : a)- Simplificao do formalismo - isto facilita obviamente as transaces econmicas, de facto no DC no h grandes excepes ao Principio da Liberdade de Forma, ao contrario do que acontece no dt civil; ex.- emprstimo mercantil396 CC. prova-se por qualquer forma: testemunhal, etc... No dt civil at 1 dado valor escrito particular e acima desse valor escritura publica - 1143cc b)- Simplificao dos regimes probatrios - 44 Ccm - estabelece 1 regime especial de prova entre os comerciantes, onde se atribui uma especial fora probatria escriturao mercantil de cada comerciante. A manuteno de uma escriturao mercantil actualizada obrigatria.
c)- Simplificao dos regimes jurisdicionais : h um crescente recurso arbitragem; Por outro lado, ha actividades mercantis onde se sente a necessidade do ressurgimento de um certo formalismo pode ser de ndole juridico-privada, ou seja, resulta da prpria vontade das partes, ex: ctts. de Adeso ou de ndole legislativo, ou seja, resulta da prpria vontade do legislador: ttulos de credito, soc. comerciais. precisamente o interesse em promover a rpida circulao dos ttulos de credito e o interesse em promover a eficincia das sociedades comerciais que leva o legislador a reforar o formalismo nesta rea, ainda que seja um formalismo diferente do Dcivil. Ex: nas letras de cambio vigora o princpio da literalidade, ou seja, o que conta no a vontade real das partes, mas as declaraes objectivas constituintes do titulo, ou seja, a vontade declarada.
3) Segurana das transaces : o reverso da medalha do reforo do credito. Dispondo os comerciantes de vrios institutos e mecanismos que lhes concedem facilidades no dominio do credito, tm que haver meios de proteco dos credores, para que eles concedam o crdito: Solidariedade passiva (100 Ccom) - assim refora-se a segurana e a garantia das transaces. Ao passo que no dt civil a solidariedade passiva no se presume, pois o regime geral o da conjuno (protege-se o devedor), no dt Cm. a solidariedade passiva presume-se iuris tantum, s pode ser elidida se as partes convencionarem o contrario protege-se o credor. Obrigaes que recaem sobre os comtes. visando a segurana e a publicidade da sua actividade (18 Ccom) ex. inscrio dos comerciantes no registo comercial, a existncia de 1 escriturao mercantil etc... O no cumprimento destes deveres tm 1 regime sancionatrio especial (penal / fiscal) 471Ccm mesmo no caso de incumprimento ou cumprimento defeituoso o ctt. ficar perfeito se o comprador no reclamar no prazo de 8 dias. O regime de bens do casal que responde pelas dividas do comerciante. 4) Vocao pioneira : o DC tm uma vocao pioneira face ao dt civil. Enquanto no dt civil no se assiste a isto, no DC usa o ctt. Franchising, ctt. de Concesso Comercial e estes ctts. no esto regulados na lei. Temos tambm o ctt. de Leasing, que esta regulado meia dzia de anos, mas j se recorre a ele muito tempo. Como vigora no DC o principio da Liberdade Contratual , uma das
vontades celebrar 1 ctt. mesmo que este no esteja previsto na lei. De facto quem usa mais estes contratos que muitas vezes no h legislao o DC. 5) Vocao universalista: (ou internacional) H muitos sectores do DC que deixaram de ser regulados pelo Dt interno e passaram a ser por conveno: Conv. DtInt de 1930 sobre o regime aplicvel s letras e livranas (Genebra) e Conv. de 1931 sobre o regime aplicvel aos cheques so leis uniformes, ou seja, o regime o mesmo para todos os Estados que ratificarem a Conveno. Isto serve para evitar muitos conflitos de Dt Int. Privado. Em termos europeus, isto ainda mais evidenciado pela U.E. . No DC tm havido uma grande uniformizao. Em 1966 legislou-se sobre o ctt. de agncia, mas depois surgiu uma directiva sobre isso e o nosso legislador teve que adaptar o nosso regime legal ao regulamento consagrado na directiva. O dt Comunitrio tambm regulamenta em matria de Sociedades Comerciais, Concorrncia e no campo do Dt Financeiro. Tambm h Conv. Intern. em matria da propriedade industrial, transportes, operaes bancarias, etc... Alm disso as empresas e os comerciantes a fim de limitar a incerteza que podia surgir da aplicao dos vrios o. j. comerciais, submetem os litgios a instncias internacionais de arbitragem. Vasco Xavier, diz que isto so 5 tendncias evolutivas do Dt Com. face ao dt civil. Concluso: entre ns, o dt com. merece autonomia. 5-Dt NO CONTEXTO DA ORDEM JURIDICA O dt Com. tm sido tradicionalmente entendido como um dt privado especial. preciso delimitar a posio do DC face s outras normas jurdicas privadas. I ) Dt Cmc. e Dt Civil o dt civil um dt privado geral e comum: conjunto de normas que regulam de um modo geral as relaes entre os sujeitos privados. O Cmc. seria 1 dt privado especial porque apenas regularia uma certa classe especifica dessas relaes entre os sujeitos privados. de notar, que dt excepcional aquele que estabelece um regime em oposio ao regime geral, ao regime regra. Assim o Dt Com. tm uma natureza especial e no excepcional face ao dt civil Isto importante porque se as n. j. comerciais fossem n. excepcionais , estaria vedada a sua aplicao analgica por fora do 11 cc e quando muito seria apenas possvel a interpretao extensiva. Ora, de facto
possvel a analogia em DtCom. Assim, se h 1 lacuna de DCom, no se pode falar de lacuna porque temos 1 ramo geral: dt civil. Aspectos em que se concretiza a sua autonomia face ao dt civil: 1) Autonomia formal As leis do DtCmc esto parte das do dt civil. Mas, em Itlia e na Suia no existe esta autonomia. 2) Autonomia substancial ou material, do Dcmc devido quelas 5 caractersticas do DtComc 3) Autonomia jurisdicional j no existe desde 1932, porque nesta data os tribs. de comrcio foram extintos. Hoje prope-se 1 aco num tribunal civel. 4)Autonomia cientifica ou didctica esta autonomia que no se mistura com o dt civil e tm mesmo dado origem a desmembramentos : Dtdos Seguros ; Dt Concorrncia ; Dt Bancrio ;Dt Propriedade industrial, etc... II) Dt Cmc. e Dt de trabalho : Hoje, a actividade mercantil uma actividade praticada em massa e sobretudo, tm uma dimenso empresarial, resultante da organizao de vrios factores produtivos : trabalho, capital e gesto. Assim envolve cada vez mais o recurso ao factor trabalho, originando ligaes entre as questes laborais e as questes mercantis, ex: o ctt. prev a concesso de poderes especiais para a pratica do Acto Comercial (5/3 LCCT). Por sua vez a lei comercial regula figuras de cariz laboral: caixeiros, auxiliares do comercio. A prpria jurisprudncia tm qualificado regularmente como comerciais certos ctts. de trabalho, apenas pelo facto de terem sido celebrados entre comerciantes. III ) Dt Cmc. e Dt I PRIVADO : As relaes juridico-mercantis tm hoje, cada vez mais uma dimenso internacional estando em contacto com vrios O. J. (3e4 CSC ; 4, 7e 12 Ccmc e 65 e 1034 cpc) DT Cmc. e DT PUBLICO
O DC um dt privado especial, mas isto comea a ser posto em causa devido ao intervencionismo econmico do Estado. H sectores do DC que so regulados por normas do dt publico. Assiste-se a 1 comercializao do Dt Publico . Quanto
ao Dt Constitucional, h princpios que esto consagrados na CRP- concorrncia, liberdade de iniciativa econmica, etc. Quanto ao Dt Admn. , tambm existe uma uma interveno quer da Admn. Central, quer da Admn. Local na actividade mercantil : normas que regulam o licenciamento da actividade industrial; normas de autorizao para o exerccio da actividade comercial.
Dt FISCAL : Hoje a actividade comercial est sujeita a tributao, nomeadamente em IRC para as Sociedades Comerciais, e em IRS para os comerciantes em nome individual. DtPENAL : Pode haver responsabilidade Penal nos casos de falncia dolosa, concorrncia desleal, ou normas referentes aos ilcitos juridico-sociatrios previstos no Ttulo VII do CSC.
Dt INT. PUBLICO : H varias Conv. Internacionais ( BRUXELAS etc...) que esto no mesmo objecto da actividade de algumas organizaes internacionais, atravs de grupos de trabalho ( OCDE, ONU , etc..) 6-Interpretao e integrao do dto comercial 6.1-INTERPRETAO DO DT COMERCIAL As regras de interpretao da lei comercial so , fundamentalmente as mesmas regras gerais aplicveis interpretao das leis em geral : 9cc e 3Ccmc. Apenas se refere a dois elementos hermenuticos de interpretao : elemento literal e teolgico : so s estes elementos que contam. Ignora-se o elemento histrico, mas no so de excluir os elementos interpretativos do dt civil. de notar que os interesses subjacentes s normas juridico-comerciais so de mais difcil apreenso do que os interesses subjacentes s norma juridico-civis, porque os interesses comerciais so mais mutveis.
6.2INTEGRAO DO DIREITO COMERCIAL As regras de integrao e preenchimento de lacunas da lei comercial reflectem muitas especialidades em face das regras aplicveis em geral, na integrao das leis: 10 CCiv o julgador no pode abster-se de julgar:
- primeiro deve recorrer analogia: norma onde esteja subjacente um interesse do mesmo gnero; - se isto no for possvel, o legislador elabora uma norma had hoc. Regra geral da integrao : 3 CCom Manda em 1 lugar interpretar (elemento literal, teleolgico-finalista); se no for possvel recorre-se a casos anlogos da Lei Comercial, procura-se uma analogia no direito civil: ou seja aplicao analgica das normas juridico-comerciais ou, por fim, uma aplicao analgica da normas juridicas civis. Logo, h uma ordem de precedncia que deve ser observada. Regras especficas da integrao : Surgem para certos sectores particulares do Direito Comercial. Por vezes, estas regras especficas vm confirmar o sentido da regra geral do 3 CCom (ex: 482 CCom quanto ao contrato de aluguer).
Mas, outras vezes, a lei no vm confirmar o sentido da regra geral, mas alterar esse sentido de acordo com os seus prprios fins: surge ento a regra especifica. Ex: o art 2 CSC diz que, para os casos de omisso, so regulados segundo a norma desta lei aplicvel aos casos anlogos, e na falta desta, segundo as normas de direito civil sobre o contrato de Sociedade, no que no seja contrario, nem aos princpios gerais desta lei, nem aos princpios informadores do tipo adoptado. Assim surgindo uma lacuna de regulao sobre uma relao juridico-societaria, so as seguintes as vias de integrao (diferentes das vias gerais) : 1 Aplicao analgica das normas do CSC; 2 Aplicao analgica Subsidiaria das normas de dt civil, com 2 restries: - apenas das normas do direito civil relativas ao contrato de sociedade (990 e sgs.) e por extenso, as normas gerais relativas declarao negocial (217 ss) e s pessoas colectivas (157 ss). - s se aplicam se no forem contrrias aos princpios gerais da Lei Societria e aos princpios informadores do tipo de sociedade adoptada (annima; por quotas; em nome colectivo; em comandita). Lacunas de qualificao e de regulao :
A distino destes 2 tipos de lacunas surge devido necessidade de recorrer integrao analgica no Direito Comercial em 2 momentos diferentes: 1) quando se trata de determinar qual a natureza de uma dada relao juridicoprivada (civil ou comercial) lacuna de qualificao 2) uma vez determinada a natureza comercial de uma dada rrelao jurdica, pe-se o problema de saber qual o regime jurdico aplicvel a essa relao jurdica (civil ou comercial) lacuna de regulao. Quanto s lacunas de qualificao: Temos aqui um problema da admissibilidade ou no do recurso analogia para qualificar uma dada relao jurdica como civil ou comercial, o art. 3CCom nada diz sobre isto, porque parte do princpio de que o problema da qualificao de um dado contrato ou operao, como comercial, j esta resolvido se as questes sobre direitos e obrigaes comerciais.... .Cabe por isso doutrina resolver este problema. A doutrina maioritria diz que esta questo no se colocaria dado que no existem lacunas de qualificao, porque o Direito Comercial regula um sector especial de Relaes Jurdicas Privadas, donde uma relao jurdico-privada no contemplada pelo Direito Comercial seria uma relaao jurdica de direito civil. CRITICA: Esta posio no pode ser aceite porque esquece a contiguidade dos sistemas de Direito Comercial e do Direito Civil; no anula o problema das lacunas de qualificao, porque a contiguidade dos sistemas no d resposta a estes problemas. Logo, o problema da analogia tem sentido porque o problema das lacunas de qualificao tambm tm sentido. para resolver este problema, temos de interpretar as normas qualificadoras ou delimitadoras, ou seja, a que delimita o objecto do Direito Comercial, art. 2 CCom, suscitando-se o problema de saber se so ou no admissveis actos de comrcio por analogia.
Temos duas posies fundamentais : Maioritria: nega a possiblidade de recurso analogia, embora admitindo a existncia de lacunas de qualificao. Minoritria: defende a possiblidade de recurso analogia na qualificao das
relaes jurdicas como comerciais, em certos casos. Esta analogia uma analogia especifica, ou seja, corresponde a uma analogia legis e no a uma analogia iuris. Lacunas de Regulao A norma do art. 3 CCom uma norma geral em matria de integrao deste tipo de lacunas e enumera trs tipos de vias integrativas: 1. Elementos literal e teleolgico; 2. Aplicao analgica do Direito Comercial; 3. Aplicao analgica do Direito Civil. Ora, conclui-se que possvel o recurso analogia, e o problema que se coloca o de saber se o art. 3 estabelece ou no uma ordem de precedncia entre as vrias vias de integrao nele referidas. Doutrina maioritria (Oliveira Ascenso) dizem que sim, que so sucessivas as vias de integrao; Doutrina minoritria (Lobo Xavier) dizem que no, que elas esto em p de igualdade. Logo, o problema do preenchimento de uma lacuna de regulao no direito comercial devia obedecer, no a um critrio formal e geral, mas a um critrio substancial e casustico, tendo em conta a afinidade teleolgicasubstancial da relao jurdica com uma dada norma, independentemente da sua natureza ser civil ou comercial. Concluso primeira vista, a letra do 3 CCom induz a ideia de que existe a tal ordem de precedncia, de tal forma que as normas civis s seriam aplicadas quando se esgotassem as possiblidades de aplicao analgica das normas juridicocomerciais anlogas. MAS, muitos casos que pareceriam ser de omisso, no passam de falsos casos omissos. que muitas vezes o Direito Civil chamado a regular aspectos de uma relao jurdica comercial que a Lei Comercial no regulou, por entender que esses aspectos j se encontravam suficientemente disciplinados na lei civil geral
ex: art. 463ss CCom trata do contrato de compra e venda mercantil; no fala da noo e caracterstica de contrato de compra e venda porque isto j esta regulado no 874 CCiv. Tambm o caso do art. 1 CSC, que define o que uma sociedade comercial, mas a noo de contrato de sociedade deixa para o direito civil (988 CCiv). Aqui h uma interveno do Direito Civil, no para preencher um caso omisso, mas para completar aspectos que o prprio Direito Comercial deixou para o Direito Civil. Isto est ligado natureza fragmentria do Direito Comercial: como s regula aspectos ligados s relaes jurdico-comerciais, deixa muitos espaos em branco casos que voluntariamente a lei comercial deixa lei civil geral, no podendo falar-se sequer em verdadeiras lacunas de regulao. Ora, as vendas a prestaes (etc..) no esto previstas na lei comercial; mesmo assim devem ser qualificadas de comerciais, sempre que estas vendas so afectadas por revenda (art 463 ss), ou sempre que uma situao cabe no art 2 CCom. Embora estas relaes sejam comerciais, a sua regulao feita pela lei civil (934 ss), no havendo necessidade de normas jurdico-comerciais especificas. No entanto, pode existir uma verdadeira lacuna de regulao quando, uma dada relao jurdica j qualificada de comercial, no encontra um regime nem na lei civil nem na lei comercial. Vale aqui a posio segundo a qual o art. 3 CCom no estabelece uma ordem de precedncia, ou seja, o Direito Comercial est a par do Direito Civil. A escolha da norma analogicamente aplicvel faz-se atendendo afinidade substancial da norma com o caso omisso e no de acordo com o critrio formal da natureza da norma (civil ou comercial). 7-Aplicao da Lei Comercial no Tempo Aplica-se as regras gerais do art 5, 7,12 e 13 CCiv, porque aqui existem regras especiais. O art. 7/3 CCiv resolve o problema. Ex: temos uma lei comercial sobre um dado regime que diferente da lei civil; mais tarde surge uma lei nova civil que fixa um regime diferente para esse aspecto. Ser que a lei nova civil revoga a lei comercial? No, porque a lei geral no revoga a lei especial, logo, esta lei nova civil no revoga a lei comercial, a no ser que, outra seja a inteno do legislador. 7- Aplicao da Lei Comercial no Espao
Existem muitos problemas, tanto assim que alguns pases j tm uma disciplina autnoma denominada de Direito Comercial Internacional. Cada vez h mais problemas neste campo, porque as relaes jurdicas comerciais esto cada vez a intensificar-se mais e esto em contacto com vrios ordenamentos jurdicos. A regulamentao destas situaes compete ao Direito Internacional Privado, 14 e 65 CCiv, mas tambm h normas contidas por exemplo no arts. 3,4, 481 CSC. 8-Fontes do DC 1. enorme disperso legislativa e sistemtica 2. enorme heterogeneidade material 3. complexidade da sua hierarquia o regime da hierarquia das fontes do Direito Comercial no obedece sempre s regras gerais: h regras especficas. Para alguns, essas normas esto contidas no 3 CCom. Elaborados por certos sectores do Direito Comercial e em diplomas concretos vd. art. 2 CSC.
INTERNACIONAIS Fontes Internacionais gerais As mais importantes so as Convenes Internacionais ratificadas pelo nosso Estado e que, por isso, vigoram entre ns: - Conveno de Genebra de 1930, que aprovou a LULL; - Convenes no mbito dos transportes, propriedade industrial, compra e venda internacionais, trusts, etc. - deliberaes das Organizaes Internacionais, vinculativas nos termos da carta organizativa. - Costume tambm importante, dado que cada vez mais normas so elaboradas por associaes internacionais de comrcio (lex mercadora) e os agentes comerciais incorporam essas regras, recorrem a elas, explcita ou implicitamente, no mbito das suas relaes. So normas que visam uma interpretao uniforme da terminologia comercial. No so fonte imediata de Direito, mas simples direito
dispositivo, para o qual as partes contraentes podem remeter a regulamentao das respectivas relaes comerciais.
Fontes internacionais particulares - Direito Comunitrio. De facto, a maior parte das normas da U.E. incidem sobre o domnio econmico e comercial e em virtude dos princpios do primado do Dto Comunitrio e da sua aplicabilidade directa faz com que as suas normas sejam directamente aplicveis no Ordenamento Jurdico portugus. Neste mbito temos os regulamentos comunitrios directamente aplicveis no ordenamento jurdico, as directivas, que exigem a sua transposio para ordenamento jurdico, dando ao legislador portugus uma certa liberdade quanto aos meios e formas dessa transposio. INTERNAS - CRP -- Lei Constitucional tem algumas normas pragmticas, de resto pouca coisa diz. - Lei Ordinria Cdigo Comercial, de Veiga Beiro(1888) dividido em quatro partes: Livro I -- Do comrcio em geral Livro II -- Dos contratos especiais de comrcio Livro III -- Do comrcio martimo LivroIV -- Das falncias NB: O Cdigo j foi amplamente revogado no que diz respeito a falncias, contratos de sociedades, etc. - Legislao extravagante (fonte de direito interno mais importante do Direito Comercial: EIRC CSC Cdigo do Registo Comercial Registo Nacional de Pessoas Colectivas CMVM CPI
Leis avulsas sobre Comrcio, Agncia, Franchising, Leasing, Regulamentos Administrativos, etc. - Costume: apenas fonte mediata, mas exerceu um papel importante no nascimento e desenvolvimento do Direito Comercial. Consiste numa prtica social mais ou menos generalizada e constante por parte dos sujeitos de Direito. H que distinguir os casos dos usos mercantis de direito (quando apenas h observncia generalizada e uniforme de um padro de conduta), dos costumes mercantis de direito, (onde, para alm da prtica reiterada desse padro de conduta, existia ainda a convico subjectiva por parte dos sujeitos da obrigatoriedade dessa conduta, como se de uma norma legal se tratasse). O costume fonte mediata, porque o art. 3 CCom no fala dele; por outro lado, o facto da lei comercial nalgumas das suas normas se referir ou remeter para o costume, f-lo apenas por razes de tcnica legislativa, simplicidade, comodidade e por economia legislativa. - Jurisprudncia e Doutrina: h assentos do STJ que uniformizaram a jurisprudncia, mas estas deixaram de ter fora obrigatria geral. A Doutrina no fonte de Direito Comercial mas tem muito impacto nos quer nos tribunais, quer na construo do Direito Comercial.
Cap. II-Actos Jurdico-Comerciais 1.Noo,Estrutura e Relevo O art.1 CCom diz que a lei comercial rege os actos de comrcio, sejam ou no comerciantes as pessoas que neles intervm e o art. 2 preceitua que sero actos de comrcio todos aqueles que se acharem especialmente regulados neste Cdigo e, alm deles, todos aqueles que se acharem especialmente regulados neste Cdigo e alm deles, todos os contratos e obrigaes dos comerciantes, que no forem de natureza exclusivamente civil, se o contrrio do prprio acto no resultar: isto significa que preciso definir acto comercial, para se delimitar o mbito do Direito Comercial. No entanto o legislador portugus no consagrou a definio de acto de comrcio; pelo contrrio, dada uma mera noo substantiva, que se limita a enunciar quais os actos comerciais, remetendo para os vrios pontos da lei onde os actos aparecem qualificados como tal. Houve vrias tentativas na doutrina para definir acto comercial; a mais conhecida foi
elaborada por Rocco, nos anos 30, que pretendeu encontrar a essncia do acto comercial na circunstncia de esta ser um acto de interposio entre a oferta e a procura. Crtica: esta definio peca por defeito, porque h actos que no envolvem qualquer interposio entre a oferta e a procura. Ex: a letra de cmbio; as empresas transformadoras (so, por fora do art. 230 CCom, qualificadas como empresas comerciais; ora se o produtor vender directamente os seus produtos ao consumidor, o acto praticado por esta empresa um acto comercial e no entanto no h qualquer acto de interposio): tambm peca por excesso porque tambm h actos civis que envolvem uma interposio entre a oferta e a procura. Ex: mandato sem representao. A doutrina de Garrigues afirma que a essncia do acto de comrcio se encontra no facto de ser um acto com intuito lucrativo ou especulativo, mas, em bom rigor, h actos de comrcio que podem no ter finalidade lucrativa (subscrio de uma letra de cmbio; um dado operador econmico vende um produto abaixo do preo de custo apenas para eliminar um concorrente), ou ter apenas uma finalidade lucrativa mediata (ex: art. 6 CSC prtica das sociedades que oferecem brindes aos clientes por promoo de um dado produto). Inversamente h actos civis que prosseguem fins lucrativos. Ex: contrato de sociedade (art. 980 CCom), pressupe que os associados prossigam uma finalidade lucrativa; alm disso, as sociedades agrcolas esto excludas do Direito Comercial por fora do art. 230 CCom, mas visam o lucro. Para Hock, o que caracteriza os actos de comrcio o facto de serem praticados em massa; mas a verdade que h actos de comrcio praticados esporadicamente ou ocasionalmente por particulares. Galvo Telles define acto de comrcio como um contrato produtivo; mas isto no suficiente para o conceito de acto de comrcio, porque h actos comerciais que no so negcios jurdicos bilaterais (contratos) e h outros que nem sequer so negcios jurdicos ex: os negcios cambirios em geral. Alm disso, h contratos civis que podem caracterizar-se como contratos produtivos: contrato de trabalho, contrato de empreitada, etc. Oliveira Ascenso define o acto de comrcio como um acto empresarial; a sua ideia centra-se sobretudo no factor capital. No entanto h actos de comrcio que no tm qualquer conexo com a actividade empresarial (ex: compra para revenda), assim como h actos civis que so praticados no mbito de uma
A importncia da noo de acto comercial tem uma dupla dimenso: terica e prtica. A importncia terica resulta da leitura do art. 1 do CCom, dado que o nosso legislador associou a delimitao do mbito do Direito Comercial prpria noo de acto comercial. A importncia prtica resulta por sua vez, do facto dos actos comerciais estarem ligados a um regime jurdico especial, diferente do regime jurdico geral aplicvel em regra aos actos de direito privado. Este regime jurdico especial quer a nvel processual quer a nvel substantivo. A nvel processual porque em vrios pases e em Portugal at 1930 havia os tribunais de comrcio e havia o cdigo de processo comercial que desapareceu com a entrada em vigor do C.P.Civil. A nvel substantivo porque os actos de comrcio esto sujeitos a regras especiais em vrias matrias: liberdade de forma (96e 97C.Com), solidariedade passiva, responsabilidade dos bens do casal por dvidas emergentes dos actos de comrcio praticados por um dos cnjuges, juros legais das obrigaes comerciais, prescrio das obrigaes comerciais. A qualificao de acto jurdico privado com comercial tambm importante para a (1) atribuio da natureza comercial a contratos que so de direito civil comum, regulados pela lei geral mas que se forem associados prtica de um acto comercial, passam a ter natureza mercantil: mandato, penhor, fiana, emprstimo comercial, etc. Tambm importante para (2) efeitos de atribuio da qualidade de comerciante , dado que o art. 13/1 CCom estipula que a prtica reiterada e sistemtica de actos de comcio faz atribui a qualidade de comerciante a quem os pratica. 1.2-Estrutura do acto comercial O acto comercial encarado do ponto de vista de um facto jurdico, em sentido amplo, engloba vrias modalidades : 1. os factos jurdico-comerciais em sentido estrito: sero todos aqueles actos involuntrios ou naturais. Podem derivar, do decurso do tempo o decurso do
tempo um elemento fundamental desta figura ex: prazos de prescrio dos direitos cambirios, prazos de prescrio jurdico-sociatrios; destruio do objecto segurado nos casos fortuitos e de fora maior (art. 439 CCom). 2. Os actos jurdicos podem ser lcitos ou ilcitos Lcitos a inverso art. 47 CPI, a interpelao dos accionistas em mora. Ilcitos uso ilegal da firma (665 CCiv) 3. Os negcios jurdicos podem ser unilaterais e bilaterais: Bilaterais compra e venda mercantil (463CCom), mandato mercantil (231CCom) Unilaterais obrigaes cambirias, subscrio de uma letra de cmbio (art. 1 LULL) constituio de uma sociedade unipessoal (488 CSC) 2. Classificao dos actos comerciais Actos comerciais objectivos e subjectivos (esta distino precede do art. 2 CCom) actos de comrcio objectivos so aqueles cuja relevncia jurdico-comercial deriva do seu contedo objectivo, independentemente do autor do acto. Trata-se de uma comercialidade in re. Ex: realizao espordica, ocasional, de uma compra para revenda feita por um particular (a sua comercialidade resulta do art. 463 CCom). actos de comrcio subjectivos so aqueles cuja relevncia jurdico-comercial deriva, no do seu contedo objectivo, mas da pessoa que os pratica. Trata-se de uma comercialidade in persona. Logo, todos os actos de natureza patrimonial praticados por um comerciante presumem-se comerciais so actos subjectivamente comerciais, cuja comercialidade deriva da qualidade do comerciante do autor do acto. Esta classificao tem alguma importncia prtica, para efeitos de aquisio da qualidade de comerciante (de acordo com o art. 13 CCom) e para efeitos de constituio de sociedades comerciais, j que s sero comerciais aquelas que pratiquem actos de comrcio objectivos (art. 1/2 CSC). Crticas feitas a esta distino: a) existem muitos actos de comrcio objectivos cuja relevncia jurdicocomercial depende tambm da qualidade de comerciante do seu autor, caso do contrato de transporte, que est no art366 C.Com constitui um acto cuja comercialidade no reside apenas apenas no facto de estar previsto na lei
comercial, mas tambm depende de uma condio subjectiva: a prpria lei requer que as partes contraentes sejam comerciantes. b) A relevncia jurdico-comercial dos actos de comrcio subjectivos depende da sua prpria natureza ou contedo objectivo dos prprios actos ex. a 2 parte do art2 C.Com diz que sero considerados a.c, os actos praticados por comerciantes, para alm condio subjectiva, exige ainda que o acto no tenha uma natureza exclusivamente civil e que o contrrio no resulta do prprio acto. Concluso: Esta classificao apenas tendncial, porque no h actos de comrcio objectivamente puros, nem actos de comrcio subjectivamente puros. A propsito desta distino coloca-se a questo de saber o alcance do art. 230, artigo que atribui natureza comercial s empresas que a so enumeradas; o problema est em saber se se trata de um actos de comrcio subjectivo ou objectivo. 2 teses: a) de acordo com a posio mais antiga (Cunha Gonalves), qualquer das empresas a enumeradas so um actos de comrcio objectivo porque as empresas comerciais seriam um actos de comrcio como os outros: mercado mercantil, conta de participao, conta corrente, etc. de recusar, porque a empresa constitui uma organizao complexa cuja actividade se multiplica numa multiplicidade de actos, desde a sua constituio at sua dissoluo, faltando dizer quais de todos esses actos seriam actos de comrcio objectivos, o que no seria respondido. b) Vasco Lobo Xavier considera que, o que aqui haveria, seria uma multiplicidade de actos comerciais objectivos. Ex: quando se diz no art. 230/4 que se deve considerar como uma empresa comercial aquela que explora quaisquer espectculos pblicos, o que se pretende dizer que sero actos de comrcio todos os actos que o empresrio pratique no desenvolvimento da respectiva empresa (contratos, actos jurdicos lcitos ou ilcitos e os factos jurdicos seriam todos eles actos de comrcio individualmente objectivos. c) Jos Tavares considera que o que o legislador pretendeu aqui atribuir a qualidade de comerciante ao empresrio, ou seja, o legislador no pretendeu qualificar todos e cada um dos actos praticados pelo empresrio como actos comerciais objectivos, mas antes atribuir a qualidade de comerciante ao empresrio. Pouca a diferena entre estas duas ltimas teses, porque ambas chegam ao mesmo resultado reconhecer relevncia jurdico-comercial a todos os actos que
sejam praticados no contexto dessa actividade empresarial. A nica diferena que Vasco Lobo Xavier considera que os actos so objectivamente comercias, e, para Jos Tavares, os actos sero subjectivamente comerciais. A mais sensata parece ser a de Vasco Lobo Xavier, pois o empresrio acaba por adquirir a qualidade de comerciante por praticar esses actos de uma forma constante e sistemtica. Actos comerciais absolutos e Actos comerciais relativos ou acessrios (esta classificao teve origem na jurisprudncia francesa) actos de comrcio absolutos so aqueles cuja relevncia jurdico-comercial deriva da sua natureza intrnseca, a sua comercialidade radica no prprio acto ex: conta-corrente (art344 CCom), compra e venda mercantil (art. 463 CCom), reporte (art. 477 CCom), troca mercantil (art. 480 CCom). actos de comercio relativos so aqueles cuja relevncia jurdico-comercial resulta da sua conexo ou acessoriedade com um acto de comrcio absoluto. A sua comercialidade resulta da conexo com uma actividade mercantil ou com o comrcio em geral ex: fiana mercantil (art. 101 CCom), mandato mercantil (art. 231 CCom), penhor mercantil art. (397 CCom), emprstimo mercantil (art. 394 CCom), depsito mercantil (art. 403 CCom). Estes actos foram qualificados como comerciais pelo legislador, devido sua conexo com outros actos de comrcio, esses sim, actos absolutos. Na sequncia desta classificao surgiu a teoria do acessrio, desenvolvida sobretudo pela doutrina e jurisprudncia francesa, e importa ter em conta dois aspectos: a) a teoria do acessrio assemelha-se classificao de actos de comrcio objectivos e subjectivos e como que leva s ltimas consequncias a lgica dos actos comerciais acessrios (que sero os actos conexos com toda a actividade mercantil por mais residual que este seja). Esta teoria defende que so comerciais quaisquer actos, desde que conexos com a actividade mercantil, alargando assim, o mbito do Direito Comercial. b) os actos acessrios no se podem confundir com os actos de comrcio qualificados pela teoria do acessrio. A comercialidade destes ltimos, resulta de uma pura extenso doutrinal e no da prpria lei, ao passo que, em relao aos actos comerciais acessrios a prpria lei que diz que se trata de um acto de
comrcio.
Para a doutrina dominante (Ferrer Correia), esta classificao tem relevncia para a atribuio da qualidade de comerciante (art.13 CCom). Estes autores dizem que s pode adquirir a qualidade de comerciante aquela pessoa que pratica de modo reiterado e sistemtico actos de comrcio absolutos e j no actos de comrcio relativos. No entanto Vasco Lobo Xavier entende que parece no haver razes fortes para que, pelo menos em certas circunstncias, a prtica reiterada e sistemtica dos actos comerciais relativos no possa ser suficiente para atribuir ao seu autor a qualidade de comerciante. De facto, no de recusar a qualidade de comerciante a quem possui um armazm destinado a depsito de mercadorias, sendo estes para revenda. H uma presuno de acessoriedade subjectiva porque se presume que todos os actos do comerciante so actos de comrcio porque conexos com a sua actividade. Quanto acessoriedade objectiva no h nenhuma presuno, s existe nos casos expressamente previstos pelo legislador.
Actos formais e substanciais (materiais) actos de comrcio formais actos cuja relevncia juridico-comercial reside na sua simples realizao, independentemente do objecto de operao subjacente a esse acto, do fim da operao que lhe esteja subjacente, ou da pessoa que pratica esse acto. A lei comercial regulou certos institutos jurdicos que podem ser utilizados por qualquer pessoa, comerciante ou no, e para a realizao das mais variadas operaes, quer de carcter civil quer de carcter mercantil ex: letra de cmbio (dois indivduos particulares, celebram um contrato de compra e venda de um automvel que destinado ao uso particular do comprador e da sua famlia; como no foi logo pago, acordaram que a dvida fosse titulada por uma letra de cmbio, subscrita pelo comprador a favor do vendedor; a subscrio desta letra de cmbio um acto comercial formal). O simples preenchimento do esquema formal da lei (que a subscrio da letra) suficiente para qualificar o acto como comercial, ainda que os autores nada tenham a ver com o comrcio (so simples particulares) e ainda que a operao
subjacente a esta subscrio da letra nada tenha a ver com o comrcio: o contrato destina-se a fins particulares. Noutros pases (como na Frana) as sociedades comerciais so actos comerciais formais, ou seja, nesses pases para que a sociedade seja comercial basta que ela adopte uma forma comercial, ou seja, um daqueles tipos especialmente previstos na lei. Em Portugal, alm da forma exige-se o requisito relativo ao objecto, isto , que a sociedade tenha por objecto a prtica a prtica de actos de comrcio. Assim nos pases em que no se exige este requisito relativo ao objecto, a sociedade comercial um acto comercial formal porque a sua utilizao pode ser feita por simples particulares, at mesmo para a prtica de actos civis, que nada tm a ver com o comrcio. actos de comrcio materiais ou substantivos so actos cuja relevncia jurdicocomercial reside na natureza intrnsecamente comercial do objecto ou da finalidade subjacente ao acto. Ex: suponhamos que subjacente subscrio de uma letra de cmbio est uma operao de carcter mercantil: contrato de compra e venda de um automvel realizado entre um particular e um stand de automveis. Neste caso, uma operao de carcter mercantil, pelo menos do lado do comprador, e como ele tinha adquirido o automvel para revenda (art. 463 CCom) um acto de comrcio material. Relevncia jurdica desta distino manifesta-se em 2 aspectos: a) Para efeitos de atribuio da qualidade de comerciante nos termos do art. 13 CCom. S adquire a qualidade de comerciante aquele que pratica de uma forma reiterada e sistemtica a.c materiais, no adquirindo esta qualidade quem pratica, ainda de uma forma reiterada e sistemtica a.c formais ex. quem subscreva de um modo regular e sistemtico letras, no adquire por isso, a qualidade de comerciante. b) Para efeitos de aplicao do art10 C.Com a propsito das dvidas emergentes de actos de comrcio. O art 10 estabelece um regime excepcional em relao ao regime geral fixado na lei civil em matria de possvel agresso ou no agresso dos bens ou da obrigao do casal por dvidas emergentes de um acto de comrcio. Este regime excepcional traduz-se na matria fixada no art 1696/1CCiv. O art 10 diz que no h lugar ao regime geral quando for de exigir de qualquer dos cnjuges o cumprimento de uma obrigao derivada do comrcio, ainda que o seja s relativamente a uma das partes. O art 10 s se
aplica quanto a dvidas emergentes de actos de comrcio materiais e no a dvidas emergentes de actos de comrcio formais. Actos de comrcio puros e mistos actos de comrcio puros ou bilaterais so actos bilateralmente comerciais, ou seja, actos que revestem uma natureza comercial relativamente a qualquer um dos sujeitos nele intervenientes, tanto o sujeito activo como o passivo. actos de comrcio mistos ou unilaterais so actos unilateralmente comerciantes, ou seja, actos que revestem natureza mercantil apenas para uma das partes que nele intervm, e no para ambas. Ex: um particular adquire, para fins particulares, um automvel um acto de comcio misto, porque este contrato de compra e venda tem natureza comercial relativamente ao vendedor (stand) dado que este adquire automveis para revenda (e por fora do art. 463/1 e 3 um actos de comrcio. Mas esta compra e venda, na perspectiva do comprador, um acto meramente civil, porque este adquiriu o automvel para uso particular, logo, de acordo com o 464/1, esta compra e venda considerada no comercial. Concluso: este contrato de compra e venda um acto de comrcio misto comercial para uma das partes (vendedor) e civil para a outra (comprador). A relevncia desta classificao, tem sobretudo a ver com o regime jurdico aplicvel. Que aos actos puros se aplica a lei comercial, no suscita quaisquer dvidas; a questo coloca-se apenas em relao aos actos mistos. Aplica-se a lei civil, a lei comercial ou ambas? de notar que esta discusso no de moral terica, tambm tem uma grande importncia prtica, porque o regime da lei comercial diverso do regime da lei civil. Ex: 2 agricultores vendem parte da sua colheita a 2 comerciantes um acto de comrcio misto, civil pela parte dos vendedores (agricultores), por fora do art. 464,2 e por outro lado, comercial pela parte dos compradores (comerciantes), por fora do art. 463,1. Este ltimo caso seria, relativamente aos compradores, desde logo comercial por fora da qualidade de comerciante do autor; seria por isso subjectivamente comercial (e materialmente comercial). Logo, no indiferente um ou outro regime:
- se o regime aplicvel for o da lei civil, ento a obrigao dos agricultores (vendedores) que consiste na entrega dos produtos, uma obrigao conjunta; o regime regra das obrigaes civis plurais a conjuno (art. 513 C.Civil) - se o regime aplicvel for a lei comercial, a obrigao dos vendedores ser uma obrigao solidria, porque o regime regra das obrigaes comerciais, por fora do art. 100 CCom a solidariedade passiva. Significa isto que, se a lei civil for a lei aplicvel, os comerciantes s podero exigir de cada um dos agricultores a quota parte que lhes cabe no dbito; se for comercial, os comerciantes podero exigir de qualquer um dos agricultores a totalidade do dbito em causa. So 2 as solues que se podem adiantar quanto ao regime jurdico aplicvel: - sistema da ciso: vigente em Frana e consiste em aplicar simultaneamente o regime da lei comercial parte relativamente qual o acto tem natureza comercial e o regime da lei civil quela parte para a qual o acto civil. - Sistema da unidade: sujeita os actos comerciais mistos a um nico regime jurdico em relao a ambas as partes. A maioria dos pases que adoptaram o sistema da unidade aplicam o regime da lei comercial . - Sistema portugus: adoptou-se um sistema da unidade mitigada. O preceito fundamental nesta matria o art. 99 CCom que estabelece uma regra base e vrias excepes. A regra a de que os Actos Comerciais mistos estaro sujeitos s disposies da lei comercial em relao a ambas as partes. A excepo diz respeito quelas disposies da lei comercial que s sejam aplicveis parte em relao qual o acto comercial salvo os que s forem aplicveis queles por cujo respeito o acto o mesmo . So 2 os principais grupos de normas da lei comercial que s so aplicveis aos sujeitos relativamente aos quais o acto tem natureza exclusivamente comercial: a) disposies da lei comercial q esto associadas ao estatuto de comerciante. Ex: o art.18 CCom que fixa as obrigaes dos comerciantes, como a adopo de firma, escriturao mercantil, etc; as normas que estabelecem regimes probatrios especiais para os comerciantes, tais como o art. 396 e 400 CCom. b) normas que expressamente auto-delimitam o seu campo de aplicao parte relativamente qual o acto comercial. Ex: art.100 CCom que estabelece como regra a solidariedade passiva das obrigaes comerciais. As normas do art. 475 e 473 relativas compra e venda mercantil fixam certas regras particulares que
apenas so aplicadas a comprador ou vendedor mercantil. Outro exemplo o caso de certas normas em matria de juros que vencem crditos das empresas comerciais.
ACTOS DE COMRCIO CAUSAIS E ABSTRACTOS Actos de comrcio causais: So aqueles actos de comercio que esto vocacionados para a realizao de uma determinada e especifica operao mercantil. Ex: a compra e venda mercantil consagrada no art. 463. Este artigo visa uma causa especifica, uma dada operao mercantil perfeitamente definida, que a alienao da propriedade d uma coisa a troco d um preo. Actos de comrcio abstractos: So aqueles actos de comrcio que so idneos para realizar, no uma dada operao mercantil especifica, mas sim uma pluralidade d operaes mercantis ou seja, uma pluralidade de causas atpicas. Ex: subscrio de uma letra e cmbio, que pode ter subjacente operaes econmico-mercantis ou operaes civis da mais variada natureza.
3. o art. 2 CCom O art. 2 CCom diz que sero considerados actos de comrcio todos aqueles que se acharem especialmente regulados neste cdigo e alm deles todos os contratos e obrigaes dos comerciantes que no forem d natureza exclusivamente civil, se o contrario no resultar do prprio acto. A importncia deste artigo resulta, desde logo, do art. 1 CCom segundo o qual a lei comercial rege os actos comerciais, pois o art. 2 tem por funo delimitar quais so os actos de comrcio e, como tal, delimitar o prprio objecto do direito comercial portugus. Este art. 2 CCom um preceito complexo: tem um carcter hbrido, pois possui dois pontos distintos a que correspondem dois critrios distintos da qualificao da comercialidade dos actos. 3.1 - a 1 parte do art. 2 do CCom: 3.1.1 - Consideraes gerais e mbito:
D-nos um critrio de acordo com o qual sero considerados actos de comrcio todos aqueles que se acharem especialmente regulados neste cdigo. A determinao do que seja um acto de comrcio pode ser feita atravs de trs tcnicas: 1. Sistema da definio: a lei diz em abstracto (em absoluto) o que considera um acto de comrcio. 2. Sistema da enumerao expressa: tanto pode ser taxativa como exemplificativa, consoante consistir num numerus clausus ou num elenco aberto de actos comerciais (o cdigo francs, p. ex., tem um elenco aberto de actos de comrcio. 3. 4. Sistema de enumerao implcita: o legislador no diz directamente quais so os actos que considera comerciais, mas f-lo indirectamente atravs de uma norma de remisso. este o sistema adoptado pelo legislador portugus. O art. 2 CCom uma norma remissiva, pois no diz quais so os actos de comrcio, remetendo para outros pontos da mesma lei. Quais so os actos especificamente regulados no Cdigo Comercial? So 4 as fundamentais categorias de actos de comrcio que se poderiam englobar nesta expresso do art. 2 CCom: 1. Actos exclusivamente regulados no CCom conta corrente, contrato d transporte, seguros, reporte, etc. Esta categoria no suscita dvidas. 2. Actos no exclusivamente previstos na lei comercial isto , actos no s regulados na lei comercial mas tambm na lei civil (actos simultaneamente regulados no Cdigo Civil e no Cdigo Comercial. Ex: fiana, mandato, penhor, emprstimo, depsitos. Isto no suscita dvidas, devido ao carcter subsidirio do direito civil face ao direito comercial e sua natureza fragmentria. 3.Actos regulados em legislao comercial avulsa e posterior ao Cdigo Comercial actos relativos a ttulos de crdito regulados na LULL; actos relativos s Sociedades Comerciais (regulados no C.S.C.); a locao financeira (leasing), regulado no DL 171/79; associao com participao; contrato de consrcio (DL
231/81); contrato d agncia (DL 178/86). Estes actos so de incluir na 1 parte do art. 2 CCom. De acordo com uma interpretao literal do art. 2 CCom, os actos regulados no Cdigo Comercial so actos de comrciomas j no o sero todos aqueles que so regulados em legislao avulsa, posterior ao cdigo; logo, esta categoria de actos no constituiriam actos de comrcio. Isto no se pode aceitar e, como tal, temos que fazer uma interpretao actualizada da legislao de 1888: so actos de comrcio todos os actos regulados na lei comercial (cf. necessidades do comrcio). Esta interpretao confirmada pelo art. 4 da Carta da Lei do Comrcio, de 29/06/1888. Este preceito demonstra com clareza a vontade do legislador de 1888 em abranger, no s os actos previstos no Cdigo Comercial, mas tambm todos aqueles que viessem a ser consagrados por preceitos jurdico-comerciais posteriores, e que s por vontade alheia ao legislador no viriam a ser consagrados em lugar prprio. P. ex., normas de Sociedades Comerciais, ou as referentes aos ttulos de crdito esto hoje reguladas em diplomas especiais que s no foram introduzidos em lugar prprio no CCom, por razes alheias vontade do legislador. Questo: quando que uma dada lei avulsa e posterior ao CCom dever ser considerada comercial para o efeito de qualificar o acto regulado nessa lei como um acto comercial nos termos do art. 2CCom (1parte)? Por via de regra a prpria lei classificar-se- a si prpria como civil ou comercial. O problema existe quando a lei nada diz. a) H autores que consideram que sempre que uma lei no se qualifique a si prpria como comercial, dever-se- qualificar necessariamente como de direito civil. b) Outros autores consideram admissvel a qualificao como comercial de uma dada lei que no se auto-qualifica como comercial. Estes autores propem um critrio teleolgico, ou seja assente na tentativa de descobrir os interesses subjacentes a essa lei, isto , descobrir se os interesses que essa lei visa proteger so relativos ao comrcio. Se se concluir afirmativamente, essa ser uma lei comercial; seno ser uma lei civil. Ex: art.115 RAU q se refere ao trespasse do estabelecimento comercial ou industrial. Esta norma visa permitir ao comerciante desvincular- se do
Estabelecimento Comercial sem ter de o desmembrar; faz a transmisso do estabelecimento no seu todo (mesas, cadernos, etc.). O interesse subjacente o comercial, por isso a norma do art.115 deve ser considerada uma norma comercial. 5. Actos inominados no esto regulados nem na lei civil nem na lei comercial. Saber se podero ser considerados como actos comercias depende da posio que se tomar em relao admisso da analogia no direito comercial no que se refere qualificao dos actos de comrcio. 3.1.2 - O problema da analogia na qualificao dos AC: H lacunas de qualificao (no sabemos a natureza do acto) e de regulao (no sabemos qual o regime aplicvel). O problema da analogia surge apenas quanto s lacunas d qualificao. Deve entender-se ou no, q o art. 2 (1 parte) CCom permite ou veda a qualificao de um certo acto como acto comercial, por analogia? Ex: compra e venda de imveis para locao. No um acto especialmente regulado no cdigo; um acto inominado. Mas, h dois actos anlogos que o so: a compra d mveis para aluguer (art.463,1 C.Com.) e a compra de imveis para revenda (art. 463/4 CCom). Ser possvel qualificar a compra e venda d imveis para locao como comercial atravs da analogia que este artigo possui com aqueles dois preceitos comerciais, expressamente qualificados na lei comercial? Duas posies na doutrina qto ao problema da analogia: A) posio dominante (Pinto Coelho Brito Correia, Oliveira Asceno) nega a admissibilidade da analogia na qualificao dos actos de comrcio: 1. Argumento de ordem lgica: o problema da analogia no se pode colocar em direito comercial, porque neste ramo do direito nem sequer existem lacunas de qualificao. Isto porque, sendo o Direito Comercial um dto privado especial face ao direito civil, e regulando este direito uma classe especfica da relao jurdico-privada cuja disciplina geral pertence ao direito civil, toda a relao jurdico-privada que no seja contemplada na lei especial ser uma relao civil. Os dois ramos do Direito so perfeitamente contguos; logo, no h lugar a casos
omissos no Direito Comercial, porque uma relao que no comercial s pode ser civil. 2. Argumento literal: o art. 2 CCom apenas reconhece a relevncia jurdicocomercial dos actos comerciais objectivos (especialmente regulados na lei) e dos actos comerciais subjectivos (dos contratos e obrigaes dos comerciantes), no referindo nenhuma 3 categoria que seria a dos actos comerciais objectivos por analogia. 3. Argumento de ordem positiva: se a lei diz que apenas so actos de comrcio os especialmente regulados no Cdigo Comercial, ento seria absurdo admitir a qualificao de certos actos por analogia. 4. Argumento histrico: baseado no facto do Cdigo Comercial Espanhol, que foi uma das fontes do nosso Cdigo Comercial, consagrar expressamente uma categoria de actos comerciais por analogia. A omisso desta referncia no nosso art. 2 s pode significar que constitui efectivamente vontade do legislador de 1888 excluir a possibilidade de recurso analogia. 5. Argumento de segurana e certeza jurdica: o recurso analogia seria incompatvel com as exigncias de certeza jurdica que devem rodear a qualificao dos actos comerciais. Sendo o regime substantivo aplicvel aos actos de comrcio diferente daquele que vigora para o direito civil, a possibilidade dos actos comerciais serem qualificados por analogia conduziria a uma insegurana jurdica insustentvel. Nunca se saberia bem qual o regime jurdico substantivo aplicvel, nem qual a via processual prpria para apreciar litigios emergentes desses actos. Sendo o estatuto do comerciante derivado da prtica reiterada e sistemtica de actos de comrcio, evidente que a admissibilidade da qualificao de actos de comrcio por analogia vai tambm introduzir na qualificao dos comerciantes uma certa insegurana. Por outro lado no se deveria admitir a qulificao de actos comerciais por analogia, uma vez mais por razes de segurana jurdica, dado que no existe uma noo unitria do que seja acto de comercio. B) Doutrina minoritria (Lobo Xavier, B. de Magalhes) admite o recurso analogia na qualificao dos actos de comrcio, mas apenas em certas circunstncias. Estes autores defendem uma soluo mitigada e fazem-no quer
pela positiva, quer pela negativa. Pela negativa: consideram inaceitvel o formalismo de alguns dos argumentos defendidos pela posio contrria. 1. Quanto ao argumento de ordem lgica a contiguidade dos sistemas de Direito Comercial e Direito Civil no exclui, de modo algum, o problema das lacunas de qualificao e, por isso, h problema de recurso analogia. Posto isto, pe-se a questo de saber onde se deve situar a linha de fronteira entre o sistema de Direito Comercial e o sistema de Direito Civil. Como a resposta dada caso a caso, o problema das lacunas tambm surge caso a caso. 2. Quanto ao argumento literal, este d por demonstrado aquilo q justamente se pretende demonstrar. obvio q o art. 2 C.Com. s refere AC objectivos e subjectivos; a questo est precisamente em saber se para alm desses 2 tipos essenciais haver lugar a uma 3 categoria ( os AC objectivos por analogia). 3. Quanto ao argumento de ordem positiva, estes autores dizem tratar-se mais propriamente de um trocadilho lgico do que de um verdadeiro argumento. evidente que o problema da analogia no aqui referido formalmente nos casos especialmente regulados no cdigo, mas sim materialmente altura de se saber se podero haver actos que se qualifiquem como comerciais em razo dos interesses ou necessidades pertinentes a esses mesmos actos. Pela positiva: a questo a dar admissibilidade ou inadmissbilidade da analogia deve ser resolvida de acordo com as vantagens e desvantagens prticas de cada uma das solues existentes. Estes autores reconhecem alguma verdade aos argumentos histricos e de segurana juridical, embora tais argumentos no tenham a fora que primeira vista poderia parecer: - a vontade do legislador histrico histrica, tem mais de um sculo e no uma vontade muito importante; - o argumento de segurana jurdica encontra-se hoje um pouco desvalorizado em face da abolio dos tribunais de comrcio. Posto isto, no aceitam a posio que nega a analogia, seno todos os instrumentos jurdicos criados devido expanso das actividades econmicas ao longo do tempo poderiam vir a ser consideradas matria civil e ser reguladas
exclusivamente pela lei civil, pelo simples facto do legislador no ter o cuidado de os qualificar expressamente como comerciais. Contudo, estes autores no propem a admissibilidade de toda a analogia, mas sim uma soluo intermdia ou mitigada, que consiste na admissibilidade da chamada analogia legis e recusa da analogia iuris. Analogia legis: de admitir. a analogia referida a casos normativos concretos, ou seja, admite-se a qualificao de um acto pela analogia que esse acto tem com a hiptese legal concreta de uma dada norma jurdico-comercial. Analogia iuris: no de admitir. No admissvel proceder-se qualificao de um dado acto como comercial mediante o recurso analogia como um conceito geral e abstracto de actos de comrcio, com os princpios gerais informadores de direito comercial ou at de um sector do direito comercial. Ex: princpios informadores das sociedades comerciais para qualificar um acto como comercial. Limite analogia legis: A analogia legis no poder ser aplicada em relao queles tipos de actividades econmicas que o legislador histrico quis expressamente excluir do domnio da legislao comercial. Ex: as actividades agrcolas, o art.230 parag 1 e 2 exclui as empresas agrcolas do domnio mercantil. Concluso: esta a posio mais aceitvel, ainda que minoritria, porque no exclui liminarmente o recurso analogia para o preenchimento das chamadas lacunas de qualificao. Esta directiva metodolgica pode ser concretizada na prtica, por ex., no contexto das empresas comerciais atravs do art. 230. Ora, este preceito tem mais de um sculo e o seu elenco de empresas comerciais extremamente restritivo. Desde a publicao do Cdigo Comercial at aos nossos dias que se tem assistido no s ao desenvolvimento e expanso das actividades empresariais que o art. 230 refere, mas tambm ao aparecimento de novas actividades empresariais que nele no esto contidas. evidente que tambm estas se devem qualificar como comerciais. Nalguns casos faz-se uma interpretao declarativa ou extensiva dos nmeros pertinentes do art.230. Exemplos: 1- As empresas distribuidoras de gua, gs, electricidade, telefone, TV cabo, etc,
podem ser consideradas empresas comerciais atravs de uma interpretao extensiva do 230/2 segundo o qual haver-se-o por comerciais as empresas comerciais, singulares ou colectivas, que se propuserem fornecer em pocas diferentes, gneros, quer a particulares, quer ao estado, mediante preo convencionado. Atravs de uma interpretao extensiva pode considerar-se que estes bens constituem gneros no sentido deste preceito. 2- As empresas de transporte areo no podero deixar de ser classificadas como comerciais pela interpretao extensiva do 230/7. Este fala apenas em transporte por gua ou por terra, pelo simples facto de, na altura em que foi elaborado, no ser ainda conhecido o transporte por ar. Para qualificar como comerciais as empresas de servios, no chega a interpretao extensiva, preciso a integrao analgica, pois o 230/2 fala em gneros e os servios no so bens corpreos. Mas h no 230/2 uma base para a analogia legis. Esta posio defende que, para se saber se possivel a qualificao como comercial de um acto por analogia, necessrio ver se existe uma analogia substancial dos interesses que esto subjacentes no acto que se quer qualificar por analogia, e ao acto que serve de base operao analogical. Qual a razo ou fundamento teleolgico de ser do 2302CCom? A razo de ser da qualificao comercial das empresas a referidas parece ser a existncia de um factor de risco proveniente do facto de existir um certo perodo de tempo que medeia neste tipo de actividades comerciais, entre o momento de fixao do preo pela empresa e o momento dos sucessivos fornecimentos dos bens em causa. Ento, h base para analogicamente se qualificar tambm como comerciais as empresas de prestao de servios, uma vez que tambm nestas est presente o tal factor de risco que advm da intermediao temporal entre o momento da fixao do preo e o momento dos sucessivos actos de fornecimento desses servios. Logo, deve qualificar-se como comercial a maioria das empresas de servios. Logo, deve qualificar-se como comerciais a maioria das empresas de prestao de servios: agncias de turismo e de viagens, empresas de publicidade, empresas transitrias, empresas de gesto de bens, empresas hoteleiras, empresas funerrias, etc... de notar que o contrato de agncia tem, hoje, uma qualificao expressamente comercial: DL 178/86. Mas, mesmo antes disso, no se deveria recusar a sua qualificao dada a analogia que este negcio juridico possui com dois actos comerciais expressamente regulados no Cdigo Comercial: mandato mercantil
(231) e comisso (266). Um outro exemplo poderia ser o chamado leasing, contrato de locao financeira, que hoje est expressamente qualificado como comercial pelo DL 171/79, mas que anteriormente podia ser j qualificado como comercial, mediante uma analogia substancial dos interesses que visa proteger com uma figura expressamente regulada na lei comercial: o aluguer mercantil (481 CCom).
3.1.3. O PROBLEMA DA TEORIA DO ACESSRIO: Foi dessenvolvida sobretudo pela doutrina e jurisprudncia francesas. De acordo com ela, seria de atribuir relevncia jurdico-comercial aos actos praticados pelos comerciantes que fossem acessrios da respectiva actividade mercantile (acessoriedade subjectiva) e ainda aos actos praticados por no comerciantes acessrios de um acto de comrcio objectivo, absoluto e singular, isolado ou espordico (acessoriedade objectiva). Os actos qualificados pela lei comercial so de 2 tipos: 1- actos comerciais objectivos 2- actos comerciais subjectivos Ser que o dto portugus acolheu esta teoria em todo o seu alcance? H que distinguir consoante se trate de acessoriedade subjectiva ou acessoriedade objectiva, pode dizer-se que a acessoriedade subjectiva foi totalmente acolhida no art. 2/ 2 parte CCom consideram-se comerciais todos os actos praticados por comerciantes, em conexo com o seu comrcio. Ex: se um comerciante adquirisse uma frota de camies para transportar mercadorias, este seria um acto de comrcio. H uma presuno legal de que os actos praticados por comerciantes so actos inerentes sua actividade. Problema da acessoriedade objectiva: por ex,1 particular compra roupas para revenda. Temos um acto objectivo e absoluto, nos termos do 463 cc. Este particular resolve alugar 1 carro a 1 amigo seu para este transportar as roupas. A acessoriedade. objectiva defende q o aluguer do carro 1 acto com. por ser acessrio de 1 ac absoluto, singular e esporadicamente praticado por um particular.
3 razes q nos levam a negar a acessoriedade objectiva: 1-Uma coisa atribuir relevncia jurdico-comercial a um acto q se encontra conexo com 1 actividade mercantil profissional, pois nesse caso o estado de comerciante de quem pratica esse acto e a natureza comercial do contexto em q esse acto se integra fazem presumir a conexo do acto com a actividade mercantil, a comercialidade do acto. Outra coisa querer atribuir relevncia juridico-comercial a 1 acto que se encontra acessrio de 1 simples acto objectivo singular e isoladamente praticado por 1 no comerciante. Aqui a natureza particular do autor do acto e o carcter espordico da sua prtica no permitem presumir, por si s, a natureza mercantil do acto. 2-A aceitao de 1 acessoriedade objectiva geral pela qual todos os actos acessrios de 1 acto objectivo seriam comerciais, acabaria por contradizer o fundamento dos chamados actos comerciais acessrios abordados no contexto da distino entre ac absolutos e relativos. De facto, a legislao aceita a comercialidade de certos actos em homenagem a certas conexes: o mandato, o emprstimo, o penhor, o depsito, etc. Se se destinam ao comrcio, o legislador presume aqui uma ligao destes actos (q so genuinamente civis) com 1 actividade mercantil profissional. Se aceitssemos a teoria do acessrio, a interveno do legislador perderia sentido pq a teoria considera os actos acessrios como comerciais, desde que integrados numa actividade mercantil espordica, n exigindo como o nosso legislador q estejam conexos com 1 actividade mercantil profissional. 3- A elevao da aceesoriedade objectiva a um fundamento geral da comercialidade de certos actos, introduziria uma analogia iuris, em todos os seus intervenientes: insegurana e incerteza jurdica na qualificao dos AC, o que inadmissvel. Os casos em que a aceesoriedade objectiva foi relevante foram expressamente indicados pelo legislador e, se os fosse dizer que para alm destes casos, seriam relevantes todos os outros, bastando que existisse uma relao de acessoriedade, tal acabaria por significar que se viriam a qualificar como comerciais muitos actos que de acordo com a analogia legis jamais seriam de qualificar como tal. SOLUO A ADOPTAR: A acessoriedade de um dado acto comercial um acto de comrcio objectivo e absoluto no constitu por si s fundamento genrico para a
sua qualificao como um AC (excluso da analogia iuris), nem inversamente para a sua negao total. H que indagar no caso concreto se o acto acessrio possui uma analogia substancial com um AC acessrio tipificado na lei (analogia legis). 3.2-A 2 parte do Art. 2 do Cdigo Comercial l 3.2.1Sentido e mbito Sero considerados AC... todos os cttos e obrigaes dos comerciantes que no forem de natureza exclusivamente civil, se o contrrio no resultar do prprio acto. Aqui, na 2 parte do art. 2 o legislador atribuir tambm natureza comercial e certos actos, mas agora em homenagem ao estatuto da qualidade de comerciante do respectivo credor. O sentido geral subjacente a esta 2 parte do Art. 2 reside na presuno legal de que os actos praticados por um comerciante esto, via de regra, conexos com a respectiva actividade mercantil, ou seja, integrados no exerccio da respectivo comrcio. Sero considerados comerciais at prova em contrrio a o prprio legislador diz quais os casos em que essa presuno pode ser ildida. A comercialidade dos actos praticados pelos comerciantes est dependente de duas circunstncias: Que o acto no seja de natureza exclusivamente civil; Que o contrrio no resulte do prprio acto.
A lei fala todos os contratos e obrigaes dos comerciantes e abrange todos os tipos de actos ou factos relativos actividade do comerciante- factos jurdicos em sentido amplo: Nos negcios jurdicos bilaterais e unilaterais, actos jurdicos lcitos e ilcitos.
3.2.2-Natureza exclusivamente civil- 2 posies: 1-Doutrina tradicional- Veiga Beiro, Guilherme Moreira, Pinto Coelho, Fernando Olavo- seriam os regulados na lei comercial ou regulados na lei comercial e na lei civil, mas no os actos regulados na lei civil (estes seriam actos de natureza exclusivamente civil).
Crtica: Esta interdepncia no parece aceitvel porque necessrio ter em conta que existem muitos AC objectivos, que s esto regulados no CCom ou na lei Cvil (estes seriam actos de natureza exclusivamente civil). o caso de trespasse e da cesso da explorao do EC - 110 e ss do RAU e da prescrio dos crditos comerciais; 317/7 b). Muitos actos regulados somente no CC devem considerar-se AC subjectivos, se tiverem sidos praticados pelos comerciantes no contexto da sua actividade mercantil profissional. EX.:a doao vem regulada no CC 940 ss, mas a doao usada para fins mercantis, nomeadamente para fins publicitrios: 6 n2CSC.As doaes aqui so AC ex.: ofertas dos brindes aos clientes. Outro ex.: a gesto de negcios. Tambm aqui, o uso deste instituto no pode deixar de corresponder a um a AC, quando feito por comerciantes no exerccio do respectivo comrcio. Alis, aplicar a posio da teoria dominante levaria a um resultado bizarro- que a gesto constituiria um acto civil correspondente a um mandato e o mandato um acto regulado quer na lei comercial quer na lei civil. O que for dito em relao doao e gesto de negcios deve-se dizer de todos os actos que impliquem a criao, modificao, extino ou garantia de obrigaes que estejam exclusivamente regulados na lei civil, mas que tenham sidos praticados por comerciantes no exerccio do seu comrcio. 2- Doutrina prefervel- B. Magalhes, e F. Correia- a expresso deveria ser interpretada no sentido que o preceito paralelo na lei italiana refere ao falar em natureza essencialmente civil, ou seja, por actos de natureza exclusivamente civil deve entender-se aqueles actos cuja a essncia civil, ou seja, actos que pela sua prpria natureza, no possuem nem podem possuir qualquer conexo com o exerccio do comrcio por um comerciante Ex.: actos do Direito da Famlia (casamento, divrcio do comerciante); actos de direito sucessrio (testamento do comerciante); e os actos de carcter no patrimonial, ou seja, de carcter pessoal. Esta doutrina, centra a questo em torno da prpria natureza do acto( independentemente alarga extraordinariamente o mbito dos AC: So tambm comerciais os actos exclusivamente regulados na lei civil desde que estes possuem em abstracto uma ligao actividade mercantil. Este entendimento parece ser o que melhor coaduna com o sentido subjacente ao Art. 2/2 parte do Ccom, que o que a lei assenta na presuno de que h uma conexo da actividade jurdico-privada geral do comerciante com o seu comrcio e isto no
duplo sentido: Sentido negativo: se a comercialidade subjectiva assenta nessa presuno , natural que se rejeitem actos que partida no tenham qualquer conexo com a sua actividade, ou seja, actos que em abstracto no possam ir de nenhum modo uma conexo com o comrcio do comerciante. Sentido positivo: so comerciais aqueles actos dos comerciantes que em abstracto possam possuir a tal conexo com o comrcio o seu comrcio, e isto independentemente de estarmos a indagar se esses mesmos actos esto regulados na lei civil, ou comercial, ou numa outra simultaneamente.
3.2.3- Se o contrrio no resultar do prprio acto Doutrina tradicional- esta expresso que equivale a dizer que uma acto de um comerciante ser AC subjectivo se desse mesmo acto no resulte que ele um AC objectivo (AC especialmente regulado na lei comercial) ex.: na compra e venda um acto civil mas tambm pode ser um AC(463Ccom); passa a ser um AC quando a compra seja efectuada para revenda e no para consumo dos bens comprados compra e venda mercantil. Aplicada esta interpretao a este ex. significa que uma compra e venda efectuada por um comerciante s ser um acto comercial se dele no resultar que o contrrio de uma compra e venda mercantil. CRTICAS: uma posio desconcertada, seramos levados ao absurdo de rejeitar a natureza comercial integrada aquelas compras integradas pelos comerciantes na sua actividade mercantil, ainda que no para revenda. Um ex.: um comerciante compra mobilirio de escritrio a um camio para transportar os seus produtos, etc... Para esta posio seriam actos meramente civis logo acolhendo esta posio no seriam havidos como comerciais todas as aquisies que o comerciante, individual ou colectivamente efectuasse para manter e organizar materialmente a actividade da respectiva empresa. OUTRA POSIO: interpretao da expresso seria que o acto do comerciante ser uma acto comercial se deles no resultar que no possui qualquer conexo efectiva com o exerccio do comrcio do respectivo autor. Ex.: se A proprietrio de um stand de automveis, compra um carro para oferecer
mulher, este acto no tem qualquer conexo com o comrcio. Certas precises para delimitar o mbito desta posio: 1- Esta posio identifica a contrario do que a lei fala com o prpria comercialidade subjectiva e no com a comercialidade objectiva desses actos. Os actos praticados por um comerciante sero comerciais, deles no resultar que no correspondem a Ac subjectivos (e no se deles no resultar que no correspondem a Ac objectivos). 2- Quando o legislador refere que o acto ser comercial se o contrrio na resultar do prprio acto, parece ter adoptado uma posio restritiva face aos meios de prova da relao de conexo entre o acto praticado pelo comerciante e o ser comerciante. Esta relao deve ser determinada com base nos elementos pertencentes ao prprio acto. De facto, essa concreta conexo est de acordo com o comerciante e a respectiva actividade mercantil, no poder ser estabelecida atravs de prova testemunhal ou atravs de circunstncias que eram desconhecidas no momento da respectiva prtica. O Dr. Engrcia no v razes para no aplicao da doutrina geral do Art. 236 /1 do C.C. Significa que se dever atender por aquelas circunstncias do prprio acto em si mesmo (formais), quer s circunstncias cognoscveis do declaratrio. Assim um acto praticado por um comerciante se as circunstncias conhecidas ou cognoscveis se fosse aferir que o acto no tenha nada de comercial. Sintetizando os resultados desta interpretao do Art. 2 C Com.. Diremos que este artigo qualifica como actos comerciais: 1-Todos os actos praticados por comerciantes ou no comerciantes, isoladamente ou integrados na actividade mercantil, que se encontram regulados, exclusiva ou simultaneamente , na lei comercial e ainda todos os outros actos que com um destes actos possuem concretamente uma analogia substancial.
2- Todos os actos praticados pelos comerciantes, desde que no possuem um natureza intrinsecamente civil, ou seja , desde que no constituam actos que por definio e em abstracto so insusceptveis de terem qualquer conexo com o exerccio do comrcio geral, e ainda desde que a contrario resulte desses mesmos actos, isto , no constituam desde que resulte, no caso concreto, serem alheios ao exerccio do comrcio do respectivo autor.
4. Regime jurdico especial dos Actos do Comrcio 4.1-A Forma do Actos jurdico comerciais O princpio da consensualidade ou da liberdade de forma, previsto no Art. 219CC, assume no domnio das relaes jurdicas comerciais uma particular importncia. O legislador promoveu um simplificao das formas de transaces comerciais em comparao com o regime civil (celeridade das transaces comerciais). Isto v-se nas disposies comparadas: Art. 96 CCom que derroga o art. 365 CCiv. O art. 96 CCom admite a validade dos ttulos em lngua estrangeira, ao contrrio do regime previsto na lei civil geral (365CC) que no reconhece essa validade. O art. 97 CCom, que afasta o 379 CCiv que trata da admissibilidade da correspondncia telegrfica como um documento particular nas relaes comerciais em sede de AC que tambm civis. Ex.: emprstimo mercantil (396 Ccom e 1143 CC) ; penhor (art.400 CCom e 669CCiv). Contudo, h situaes em que se exige um certo formalismo por razes de segurana jurdica. Estes formalismos tm diferentes origens: Formalismo jurdico-voluntrio (vontade das partes) ex: contrato de adeso Formalismo jurdico-imperativo (imposto por lei) ex: ttulos de crdito, onde vigora o princpio da literalidade: o contedo de um direito cambirio ter a extenso e alcance da letra do documento, e no o que as partes pensaram ou disseram. Atende-se vontade declarada e no vontade real, isto , para fomentar a celeridade, a certeza e segurana jurdicas. Existe tambm um formalismo especfico quanto s sociedades comerciais, dado o interesse que o legislador tem em reduzir ao mnimo, as causas de invalidade das sociedades comerciais, dado que por trs de uma sociedade est uma empresa, e anular a sua actividade pela invalidade do contrato seria particularmente grave. CONCLUSO: o formalismo comercial de tipo diferente do da lei civil no sentido de sacrificar a realidade aparncia. Ex: obrigaes cambiarias resultam de uma de assinatura, ainda que a dvida no exista (emerge da simples aposio de um acto invlido). A letra na mesma vlida. 4.2-Obrigaes jurdico-comerciais: solidariedade, prescrio, juros
A) Solidariedade: o regime geral das obrigaes cvis plurais o regime da conjuno. A solidariedade no se presume, s vale quando as partes ou a lei estipula. No Direito Comercial vale a solidariedade como regime regra presuno iuris tantum (Art.100). A solidariedade passiva s no se aplica s obrigaes emergentes dos actos de comrcio unilaterais ou mistos (no se aplica quela em que o acto civil). Assim, o legislador civil protege o devedor e o Direito Comercial protege mais o credor, dado o interesse de reforo e tutela do crdito. Este objectivo subjaz a outras normas para alm do Art. 100 CCom: desde logo o Art. 101 (relaes fiador, afianado, credor). No Direito Comercial, fiador ou afianado respondem solidariamente. Tambm o sacador e o endossante de uma letra respondem solidariamente face ao portador do ttulo (Art.15LULL). Tambm o avalista e o avalizado de ua letra respondem solidariamente (Art.32 LULL). B) Prescrio: Nas obrigaes civis o prazo de prescrio ordinria de 20 anos: art. 303 CCiv. Nas obrigaes comerciais, os crditos comerciais prescrevem no prazo de 2 anos.: art. 317b) CCiv trata-se de uma prescrio presuntiva dos crditos dos comerciantes que tenham origem em vendas: Efectuadas a particulares Efectuadas a comerciantes, para fins no comerciais; a contrario, os crditos que tenham origem diferente desta esto sujeitos aos prazos comuns: 2 anos. C) Juros: Enquanto no Direito Civil vigora a liberdade de carcter oneroso ou gratuito dos negcios jurdicos, no Direito Comercial vigora o princpio da onerosidade prestao de uma parte deve corresponder uma outra prestao da contraparte. Isto reflecte-se muito no art.102 CCom regras relativas contagem dos juros das obrigaes comerciais. JUROS LEGAIS: estipulados por lei JUROS CONVENCIONAIS: resultam da vontade das partes JUROS COMPENSATRIOS: constituem mera compensao pela fruio de soma pecuniria ou de bem pecuniariamente avaliado. JUROS MORATRIOS: visam indemnizar o credor pela mora do devedor (art. 806CCiv) Juros legais o regime de juros legais aplicveis s obrigaes comerciais vigorar quando houver lugar contagem de juros (sejam compensatrios ou
moratrios) e sempre que as partes nada tenham convencionado. Este regime varia consoante a natureza dos comerciantes que so credores da obrigao. O regime geral est previsto no art. 102/2 CCom e art. 559A e 1146 CCiv. A taxa de juros legais neste momento de 7%. O regime especial, s aplicvel aos juros moratrios de crditos de empresas comerciais singulares e colectivos: 102 CCom, 3 pargrafo. uma taxa especial fixada pela portaria 262/99 de 12 Abril veio fixar um taxa de juro para certas empresas de 12%. No Dto civl , os juros civis so de 7% . mais alta no caso dos comerciantes porque o $ muito importante para eles, o $ descapitalizado, logo vai-se ter que indemnizar os comerciantes para que estes sofram um prejuzo menor do que no comerciante. Para os juros serem de 12%, o credor tem de ser comerciante. Posso convencionar uma taxa de juro superior a 12%? Posso, aplica-se o 559CC por remisso do Art. 2/2 pargrafo Ccom- remete para o 559 e 559A e 1146CC. Pode-se fixar uma taxa superior a 12% se por escrito. S posso ultrapassar a taxa legal em 3% a 5%, consoante exista ou no garantia real, sob pena de um negcio jurdico ser considerado usurrio. Se j tem uma garantia real, quase de certeza poder cobrir o seu crdito. Logo, a taxa de juro convencionada no dever exceder em mais de 3% a taxa legal. NB: A lei fala em empresas singulares ou colectivas sociedades comerciais e comerciantes em nome individual conexos com a explorao do respectivo negcio esto abrangidos por esta disposio. Ficam de fora os crditos dos comerciantes individuais originrios em actos alheios explorao da respectiva empresa. No domnio dos juros legais, h uma grande controvrsia quanto taxa aplicvel aos juros moratrios de crditos comerciais titulados por letras, livranas ou cheques. O art. 48 e 49 LULL, e 45 a 46 LUCheque estabelecem uma taxa de mora de 6%. A LULL e LUC foram introduzidas em 1934. Esta taxa de mora de 6% acabou por ficar desactualizada. Isto veio premiar os devedores que tinham as suas dvidas tituladas por letras de crdito e a paralisar os credores. O art.4 DL 262/83 permite que estes credores exijam, em caso do devedor estar em mora, uma taxa equivalente do regime geral: 7% ou especial 12%. Mas h tribunais que consideram esta norma inconstitucional por violar o Art. 8 CRP: as normas do LULL e LUC so normas do Direito Internacional. De facto, isso vai contra uma directiva comunitria, ou seja, h uma violao do Direito Comunitrio e,
consequentemente, do art. 2 CRP. Juros convencionais vigora o princpio da liberdade da fixao, mas com algumas restries: - obrigatria a forma escrita para a fixao e modificao dos juros (102/1pargrafo CCom); - so proibidos os juros convencionais usurios (art. 559A e 1146 CCiv), por remisso do art. 102/2 pargrafo do CCom; - de notar a proibio do anatocismo: 560CCiv no h juros sobre juros; no possvel convencionar a capitalizao dos juros no momento da constituio das obrigaes, mas s depois de vencidas; o art. 560/3 permite que estas restries prtica do anatocismo sejam afastadas se forem prtica ou uso de certo sector da actividade econmica.
CAP.III - Sujeitos jurdico-comerciais 3.1- Os comerciantes O Direito Comercial portugus constitui um sistema misto de Direito Comercial, porque combina os elementos dos dois tipos de sitemas de Direito Comercial: objectivista e subjectivista. Por um lado, o art. 1 e 2 (1parte) CCom parecem relevar um sistema objectivista o Direito Comercial rege os actos de comrcio. Por outro lado, o legislador no perdeu completamente de vista a figura do comerciante, para temperar o pendor objectivista do catlogo. Igualmente quanto ao conceito de comerciante, pode dizer-se que legislador optou por uma tcnica legislativa semelhante usada nos actos de comrcio: sistema de enumerao. Mas, enquanto que, quanto aos actos comerciais, essa enumerao implcita, j quanto ao conceito de comerciante a enumerao expressa e taxativa: art.13 CCom. 3.1.2. a qualidade de comerciante o art. 13 CCom no tem definio geral e abstracta do que seja o comerciante, mas limita-se a determinar quais os sujeitos a quem se atribui tal qualidade. De acordo com o Art. 13CCom: n 1 - so comerciantes as pessoas que, tendo capacidade para praticar actos de comrcio, fazem dessa pratica a sua profisso;
n 2 - as sociedades comerciais. Ento, as duas categorias fundamentais de comerciantes so: 1-Pessoas singulares, mas apenas aquelas que renem as condies e os requisitos do Art. 13 Ccom. 2-Pessoas colectivas, mas apenas de um crculo especfico deles, ou seja, as organizadas sob a forma de sociedades comerciais. O legislador comercial consagrou um conceito jurdico de comerciante e no um conceito econmico. Para o legislador comercial, comerciante no apenas, nem de todo, aquele que exerce uma actividade de intermediao, de troca de bens. Isto pode encontrar-se quer pela positiva, quer pela negativa: Pela positiva consiste na circunstncia de existirem muitos comerciantes que desenvolvem uma actividade que transborda a pura actividade de intermediao. Ex: comerciantes que exercem outras actividades ligadas ao sector secundrio, como por exemplo as empresas transformadoras, que so empresas comerciais por fora do art. 230, e tambm dentro do sector primrio, como o caso das industrias extractivas que, tambm por fora do 230 so consideradas comerciantes. Pela negativa existem certos empresrios que desenvolvam uma actividade de intermediao, ou seja, exercem o tal comrcio em sentido econmico, mas nem por isso so considerados como comerciantes. Ex: caso das cooperativas e empresas pblicas que no so comerciantes.
3.2.1-Relevo jurdico e prtico dessa atribuio A qualificao de um dado sujeito jurdico-privado como comerciante importante, pois os comerciantes esto sujeitos a um regime jurdico especial. Existem regras particulares relativamente a: Capacidade jurdico-comercial cuja regra geral est no art. 7 CCom, existncia de certas indisponibilidades e certos impedimentos que s se aplicam aos comerciantes. Certos deveres especiais dos comerciantes os importantes so os referidos no Art. 18 CCom adoptar uma firma, ter uma escriturao mercantil, dar balano e prestar contas no fim de cada perodo, fazer inscrio no registo comercial. Certos regimes que so especiais, exclusivos dos comerciantes ex:
responsabilidade dos bens do casal pelas dvidas comerciais de um dos cnjuges (10 e 13) 3.2-Condies de aquisio da qualidade de comerciante Ora, o art.13 apenas nos diz quem poder ser comerciante; falta saber quais so as condies para a aquisio da qualidade de comerciante. 1- condies especficas (particulares de cada uma das categorias) 2- condies gerais ou comuns s duas categorias ex: o registo 3.2.1-Condies especficas: 3.2.1.1 Pessoas singulares requisitos positivos e negativos. 3.2.1.1.1- Requisitos positivos - capacidade, natureza da prtica dos actos: profissionalidade e natureza dos prprios actos em si. 1- Capacidade: A situao dos menores e interditos o 1 requisito a capacidade da pessoa singular. Mas h que fazer uma distino entre a capacidade jurdico-civil e a capacidade jurdico-comercial. A) Capacidade jurdica civil o problema de saber se o legislador no art.13 se referiu capacidade de gozo ou capacidade de exerccio de direitos. Para uns (Ferrer Correia) dizem que se refere capacidade de gozo, ou seja, susceptibilidade de um dado sujeito ser titular de dtos e deveres. Assim, apenas de gozo estaria vedado o exerccio do comrcio e actos praticados por um incapaz de gozo so nulos. Mas, j o incapaz de exerccio de dtos, aquele que possui a capacidade de gozo, mas est inibido de exercer pessoalmente os seus dtos e deveres, poderia exercer o comrcio e adquirir a qualidade de comerciante, atravs do seu representante: o caso nomeadamente dos menores e dos interditos. Para outros (Lobo Xavier), a lei comercial quis referir a capacidade de exerccio de dtos e explicam isto quer pela positiva quer pela negativa: Pela negativa: na lei comercial no se conhecem incapacidades de gozo especficas. Logo, no faria sentido que o legislador tivesse planeado de referir aqui a capacidade de gozo sob pena de o preceito no ter qualquer fundamento
na prtica. Pela positiva: compreendia-se melhor que o legislador tivesse aqui querido referir-se capacidade de exerccio porque faz sentido que a lei repugne que uma criana ou um demente por anomalia psquica possam exercer profissionalmente o comrcio, uma profisso que pressupe uma actividade jurdica sistemtica e abrangente. Esta parece ser a interpretao mais conforme com os prprios objectivos gerais que esto a subjacentes ao instituto dos incapacidades: o de proteger quer o incapaz, quer a famlia, dos perigos que poderiam advir da possibilidade deste poder dispor livre e pessoalmente dos seus bens. Ora, esses riscos agravar-se-iam se um incapaz exercesse a actividade mercantil. Daqui resultaria que menores e interditos no poderiam exercer o comrcio nem adquirir a qualidade do comerciante. Esta soluo seria demasiado rgida, por ex. no caso de um menor ou um interdito ser proprietrio de um estabelecimento comercial, temos duas hipteses : 1 Hip: ou nunca poderia ser explorado por conta e/ou em nome do incapaz de exerccio, embora se tutele a proteco dos terceiros e do trafego comercial em geral, deixa completamente desprotegidos os interesses do prprio incapaz, ex. se o incapaz herda um estabelecimento comercial, s lhe resta vende-lo ou liquida-lo. A prpria lei civil afasta esta posio, porque prev que os responsveis legais do incapaz possam, mediante autorizao judicial, prosseguir explorao do estabelecimento comercial, que o incapaz haja recebido por sucesso ou at mesmo adquiri-lo por conta do incapaz. 2 Hip: ou admitia-se que a explorao se fizesse em nome do incapaz de exerccio mas sem que isso importasse a aquisio da qualidade de comerciante pelo incapaz. Aqui, embora se proteja totalmente os interesses do incapaz em explorar autonomamente o estabelecimento comercial, acabaria por deixar completamente desacautelados os interesses dos terceiros e do trafego geral, pois admitia-se a existncia de estabelecimento comercial a que no corresponderia um comerciante. Assim, o incapaz estaria a beneficiar do estatuto de comerciante, sem que tivesse sujeito s respectivas obrigaes juridicocomerciais. Concluso: estas solues no so de aceitar. O nosso legislador faculta aos pais e
tutor, com a devida autorizao judicial, a possibilidade de explorarem o estabelecimento comercial em nome do incapaz: art. 1889 e 1938 do CC, logo, o incapaz pode explorar o estabelecimento comercial ( atravs do seu representante legal ) e pode adquirir a qualidade de comerciante. Assim, s no sero comerciantes : - os incapazes que exeram o comercio em nome prprio (arts 125 e 148 do CC, os actos so anulveis) - os incapazes em nome de quem o comercio exercido fora dos termos em que a lei o permite : comercio exercido, mas no pelo representante legal; comercio exercido pelo representante legal mas sem a autorizao judicial. Os actos so anulveis de acordo com o art. 189 CC. - capacidade juridica-comercial : o principio geral est no art. 7 CCOM. A lei estabelece um principio de equiparao entre a capacidade juridico-civil e a capacidade juridico-comercial. Mas, a lei comercial veio estabelecer algumas inibies a indivduos capazes do ponto de vista juridico-civil, proibies legais de exerccio do comercio expressas relativamente ao falido. No so verdadeiras incapacidades, mas impedimentos ou indisponibilidades de certas pessoas para o exerccio do comercio.
3.1.1.2) natureza da pratica dos actos : profissionalidade Este requisito envolve a observncia de trs elementos : 1- elemento material : a aquisio da qualidade de comerciante supes que essa pessoa pratique actos de comercio de forma sistemtica e reiterada. necessrio, que exista uma regularidade da pratica de actos de comrcio que permita concluir pela sua habitualidade. No adquirem essa qualidade quem pratique actos de comercio pontuais, ainda que vrios. 2- elemento intencional : necessrio que a prtica regular de acto de comercio represente um modo de subsistncia para o seu autor. Mas, j no necessrio que a profisso de comerciante seja a nica e principal, trs hipteses a considerar : i) a profisso de comerciante a principal, exercendo o indivduo outras actividades ; ex. um retalhista que se dedica agricultura fora do expediente. ii) a profisso de comerciante secundria mas independente da profisso civil,
ex. um professor de equitao que oferece servios de alojamento aos seus alunos. iii)a profisso comercial secundria mas no independente da profisso civil, ex. um dentista compra aparelhos de correco para os revender aos seus pacientes, no comerciante. Geralmente, o exerccio habitual e sistemtico do acto comercio envolve sempre uma organizao de factores produtivos, por mnimo que esta seja, ou seja, hoje o exerccio profissional do comrcio faz-se nos quadros de uma empresa, excepes : vendedor ambulante ou especulador da bolsa (melhor indicio). Outro indicio a inscrio (matricula) no registo comercial. 3-elemento jurdico : o exerccio do comercio deve ser levado a cabo em nome prprio e no em nome alheio. Esto excludos todos aqueles indivduos que praticam de uma forma regular sistemtica e habitual actos de comercio, mas na qualidade de representantes ( legais ou voluntrios ) de outrm. Neste caso, a actividade mercantil vai ser imputada na esfera jurdica do representado. Assim, no so comerciantes : i) os trabalhadores e assalariados de uma empresa mesmo aqueles que esto investidos de poderes especiais para a prtica de actos de comercio como por exemplo os gerentes de comercio, os caixeiros, os auxiliares, etc. ii) os membros dos rgos de administrao das sociedades comerciais : gerentes das sociedades por quotas, administradores e directores das sociedades annimas. H aqui uma representao orgnica, praticam actos comerciais em nome da sociedade, ver art. 252,260,408,409 CSC. Por outro lado a lei exige que a prtica de actos de comrcio seja feita em nome prprio, mas j no que sejam praticados por conta prpria. Temos que distinguir entre : - mandato com representao uma pessoa age por conta e em nome de outrem. O mandatrio no pode ser comerciante. - mandato sem representao uma pessoa age por conta de outrem mas em nome prprio. O mandatrio pode ser comerciante, ex. comissrios, podero ser considerados comerciantes. 3.1.1.3 Natureza dos actos em si Este requisito tem a ver com a natureza dos prprios actos. que de acordo com autores, no bastaria a prtica de actos de comercio mesmo que habitual,
profissional e em nome prprio, seria tambm necessrio que estes actos fossem actos de comercio objectivos, absolutos e materiais. Assim, estariam desde logo excludos os actos de comercio subjectivos, formais e relativos (ou acessrios). Excluem-se os actos de comercio subjectivos porque estes supem a qualidade de comerciante; bem como os formais cuja comercialidade resulta do puro preenchimento do mecanismo formal previsto na lei., subjacente a estes actos, podem estar operaes do mais variado tipo e mesmo operaes que nada tenham a ver com o comercio. Logo, parece que a prtica ainda que reiterada e habitual destes actos, seja insuficiente para atribuir a qualidade de comerciante ao seu autor, ex. quem subscreve letras de uma forma regular e sistemtica, no se torna comerciante. Tambm se excluiria os actos de comercio relativos porque eles vem a sua natureza comercial ligada a um certo acto absolutamente comercial, ex. o penhor mercantil quando a coisa penhorada cabe a um comerciante. Ora, a qualidade de comerciante postula uma actividade mercantil directa e no uma actividade mercantil puramente acessria. Mas, h uma parte da doutrina (Vasco Xavier)que acha que no bem assim porque no faz muito sentido recusar a qualidade de comerciante a quem por ex. pratica em termos regulares um depsito mercantil. Logo deveria ser estudado caso a caso a atribuio ou no da qualidade de comerciante para o autor deste tipo de actos. 3.1.2-REQUISITOS NEGATIVOS: So derivados da existncia de algumas restries previstas na lei quanto ao exerccio do comercio por pessoas singulares. Temos duas espcies de requisitos negativos: 1- Impedimentos legais :art. 14n 2 Ccom, a norma central nesta matria. O fundamento desta norma reside na particular natureza das funes designadas por certos indivduos, que se mostram incompatveis com o exerccio do comercio, funes polticas, razes ticas, razes funcionais. No estamos perante uma incapacidade, porque esta limita o indivduo face as suas caractersticas pessoais. Estes impedimentos podem ser de dois tipos: a) Impedimentos de direito pblico- tratam-se de normas que vedam o exerccio do comercio a indivduos que fazem parte do aparelho estadual como os juizes, magistrados do ministrio pblico, funcionrios das secretarias judiciais, oficiais das foras armadas, outras categorias de funcionrios pblicos. Existem tambm impedimentos especficos para gestores de empresas pblicas e para membros de conselhos fiscais de empresas pblicas.
b) Impedimentos de direito privado- scios de sociedades em nome colectivo e das sociedades em comandita, no podem exercer uma actividade concorrente da sua sociedade, por conta prpria ou alheia; nem ser scios de uma outra sociedade de outro tipo (de responsabilidade limitada). Gerente das sociedades por quotas no podem exercer actividade concorrente com a da sociedade, por conta prpria ou alheia, salvo autorizao expressa dos scios. Caso a faam sem autorizao, podem ser destitudos por justa causa, alm de incorrer em responsabilidade pelos prejuzos causados sociedade. Membros do conselho da administrao e do conselho geral das sociedades annimas, todos estes membros no podem negociar com a prpria sociedade com quem esta esteja numa relao de grupo ou de domnio. Logo, no podem comprar nem vender bens sociedade ou sociedade com quem estejam em relao de domnio ou de grupo, salvo autorizao, sob pena de nulidade dos negcios. Para alm disto, os directores das sociedades annimas no podem exercer qualquer actividade comercial por conta prpria ou alheia, nem ser membros da direco ou do rgo fiscalizador de outra sociedade. PROBLEMA: A proibio geral do art. 14 n. 2 Ccom gera o problema da comercialidade de facto, isto , saber se os actos comerciais praticados por um destes indivduos ,em violao do impedimento legal, poder ou no atribuir a qualidade de comerciante ao seu autor. Duas posies doutrinais a considerar: Doutrina tradicional: considera que os indivduos que, violando estas disposies legais, praticam actos de comrcio no deixem por isso de ser considerados comerciantes. Argumentos: tem a ver com o tipo de sanes ligadas s vrias situaes de impedimento. As consequncias jurdicas que a lei estabelece no consistem na nulidade dos actos praticados, mas por exemplo responsabilidade disciplinar (funcionrios pblicos), responsabilidade orgnica (gerentes das sociedades por quotas), responsabilidade civil extracontratual (obrigao de indemnizar os scios. Ora, permanecendo estes actos vlidos, porque no atribuir a qualidade de comerciantes aos sujeitos? Argumento da segurana jurdica: h que acautelar os interesses de terceiros que contrataram com os infractores. Argumentos que tm a ver com o princpio do venire contra factum proprium, estabelecendo a lei estas normas no interesse geral seria estranho permitir ao infractor que viesse invocar a nulidade dos actos a que ele prprio
deu origem. Outra posio: O Dr. Engrcia Antunes entende que isto no suficiente. A verdadeira questo a da conscincia profissional; o que subjaz a suspeita que sempre existir que a duplicao de funes possa conduzir ao desempenho medocre de um deles. Por outro lado, a lei entende que certos actos so nulos; evidente que da prtica de actos nulos nunca poder o seu autor retirar a qualidade de comerciante. Logo, a doutrina tradicional pode aceitar-se com certas restries (pois falha em certos casos pontuais havendo sempre que, caso a caso, averiguar qual o tipo de sano que a lei faz associar violao da proibio legal. 2. Indisponibilidades legais: art.147./6 e 148. DL 132/93 de 23/4 (?), DL 315/98 de 20/10. Art. 147.- inibio do falido de praticar actos ou dispr de bens da massa falida. Art.148.- proibio de exerccio do comrcio. A doutrina dominante classifica a inibio do falido no que concerne disposio de bens da massa falida como uma situao de indisponibilidade. Os actos que o falido haja praticado contra tal inibio, civis ou comerciais (espordicos ou profissionais) so ineficazes em relao massa falida e vlidos face a terceiros. Esses actos ineficazes em relao massa falida jamais atribuiriam a qualidade de comerciante. 3.1.1-Situaes duvidosas: tratam-se de situaes que pelo seu regime particular podem suscitar dvidas da qualidade de comerciantes dos sujeitos. Gerentes de comrcio, auxiliares e caixeiros : art. 248. Ccom. Estas trs figuras correspondem figura do mandatrio comercial. Logo, o gerente actua em nome e por conta de outrem; os actos imputam-se na esfera jurdica do mandante. Os mandantes que so comerciantes. Aos gerentes falta um requisito para a aquisio da qualidade de comerciante: praticar os actos em nome prprio e no em nome de outrem. O gerente pode por vezes exercer o comrcio em nome prprio sem autorizao do mandante- art.s 250. e 253. Ccom. Se o gerente violar a disposio, o acto no nulo, mas o mandante pode chamar a si os actos praticados pelo gerente em nome prprio e tem ainda o direito de ser indemnizado. de notar que o gerente pratica um acto de comrcio objectivo-o mandato 231. Ccom. Se existirem vrias situaes de mandato, ento talvez possa adquirir a qualidade de comerciante.
Comissrios: 266. e ss Ccom- comissrios constituem mandatrios mercantis que actuam sem representao (em nome prprio por conta do mandante). Ora, s releva para a aquisio da qualidade de comerciante que se pratiquem actos de comrcio em nome prprio. Correctores de bolsa: so intermedirios oficiais das operaes realizadas nas Bolsas de Valores. As operaes realizadas nas bolsas de valores constituem actos de comrcio objectivos e absolutos. Da, parecem reunidos em relao a estes sujeitos as condies de que depende a qualidade de comerciante. Parece estar preenchido o requisito de profissionalidade prtica dos actos destes sujeitos. De facto, a actividade destes sujeitos uma actividade profissional. Por outro lado, os correctores praticam actos quer em nome prprio, quer em nome alheio, ou seja, como mandatrios sem poderes de representao. Tambm por este aspecto parece estar preenchido o requisito da tal prtica em nome prprio de que depende a qualidade de comerciante, pelo sujeito autor desses actos, ainda que esse requisito s se verifique em relao a certos actos e no relativamente a todos os actos que ele pratica. Agentes de comrcio e mediadores: esta figura tem duas excepes fundamentais. Aparece associada a um contrato de cessao ou distribuio; o agente exerce em nome prprio e por conta prpria a actividade de distribuir produtos de outrem. No h dvida de que so comerciantes. Aparece ligada ao contrato de agncia ou de representao comercial (DL 178//86). Agente o que promove por conta de outrem ( o principal) a celebrao de certos contratos por uma dada zona geogrfica e clientela, mediante uma retribuio no caso do contrato de agncia. H que distinguir trs situaes possveis: 1- art.22. do DL 178/86- a agente celebra contratos em nome e por conta do principal. Tem poderes de representao directa (no age em nome prprio) e por isso no comerciante. 2- O agente tem apenas poderes de representao indirecta (age por conta do principal, mas j em nome prprio. Neste caso, a situao equivalente de um comissrio- o gente comerciante se se verificarem os restantes requisitos da qualidade de comerciante. 3- O agente sempre comerciante desde que intervenha simultnea e paralelamente em vrios contratos de agncia (a actividade de agncia exercida de forma sistemtica) pois desenvolve uma actividade empresarial tida como comercial, de acordo com o art.230./3 Ccom.
Quanto aos mediadores: so os indivduos que mediante remjunerao intervm na fase de preparao e negociao de um contrato entre duas pessoas. O exemplo tpico o de mediadores de seguros. Membros dos rgos da administrao social: trata-se dos gerentes, administradores e directores das sociedades, que praticam actos de comrcio em nome e por conta das sociedades que representam. Todos eles no so comerciantes ao passo que os comerciantes actuam em virtude de representao voluntria, os directores e administradores actuam em virtude de representao orgnica. Logo, nenhum deles comerciante, nenhum deles actua em nome prprio. Scios de responsabilidade ilimitada: so os scios das sociedades em nome colectivo os scios comanditados das sociedades em comandita. Estes respondem pessoal, ilimitada e solidariamente entre eles e subsidiariamente face sociedade. Mas no devem existir dvidas que estes scios no so comerciantes porque comerciante a respectiva sociedade. Porm, alguma doutrina entende que os scios de responsabilidade ilimitada seriam comerciantes. Argumentos: a) a) Nestas sociedades no existe uma verdadeira separao entre o patrimnio dos scios e o patrimnio da sociedade. Logo, a sociedade no teria personalidade jurdica independente e comerciantes seriam os scios. Mas a nossa lei entende que a sociedade comercial adquire personalidade jurdica aps o registo. Por outro lado, no se pode falar em confuso do patrimnio dos scios e do patrimnio da sociedade. b) O CPC dizia que a sentena que declarasse a falncia destas sociedades, declararia falidos a ttulo pessoal os scios. Ento, sendo a falncia privativa dos comerciantes, estes scios de responsabilidade ilimitada seriam necessariamente comerciantes. Hoje, isto no faz sentido porque a falncia estende-se aos devedores civis. Antes era apenas para os devedores comerciais, j que para os devedores comerciais existia a insolvncia. Hoje, os devedores civis e comerciais esto sujeitos falncia. c) Os scios so os protagonistas de facto da actividade econmica da sociedade que s uma base jurdico-formal. Do ponto de vista material tudo se passa como se os actos comerciais fossem pessoais. Tendo em conta o art. 5. do Csc s vigoraria este argumento se descobrssemos a personalidade jurdica da sociedade. Scios de sociedades irregulares: a designao sociedade irregular no existe
no nosso direito positivo---So aqueles cujo procedimento constitutivo est incompleto mas j iniciaram a sua actividade externa, as suas relaes com terceiros- no se observaram as formalidades exigidas por lei: escritura pblica + registo comercial + publicaes. A sociedade comercial irregular, ela prpria no comerciante porque ainda no uma pessoa jurdica (faltam-lhe os elementos do seu processo constitutivo) e os seus actos no lhe podem ser imputados pois se a sociedade nem sequer existe, ento nem sequer h esse centro de imputao no qual esses actos seriam imputados ou adjudicados. Logo, os scios tambm no seriam comerciantes pois os actos praticados por estes so-no em nome e por conta da sociedade, ou seja, em nome alheio e no em nome prprio. Isto poderia fazer parecer que os interesses de terceiros ficariam desacautelados, uma vez que nem a sociedade irregular em si, nem os seus scios seriam considerados comerciantes. Mas isto no bem assim: Os interesses dos terceiros encontram-se j suficientemente acautelados pelo art. 36. e ss Csc, que fixam um regime de responsabilidade pessoal e ilimitada dos scios das sociedades irregulares. Por outro lado, considerar os scio das sociedades irregulares comerciantes seria conceder a terceiros uma tutela inesperada j que estes quando contrataram fizeram-no na convico de estarem a contratar com a sociedade e no jamais que esses scios tivessem a qualidade de comerciantes. 1.2-Pessoas colectivas: as sociedades comerciais- quanto a estas o legislador no estabeleceu os requisitos particulares de que depende a aquisio da qualidade de comerciante. Esses requisitos tm de ser encontrados naqueles actos especficos da comercialidade de uma sociedade- art. 1./2 Csc; requisito de fundo: as sociedades comerciais so constitudas para a prtica de actos comerciais; tem de ter um objecto comercial; requisito de forma: devem ser constitudas sob um dos tipos expressamente previstos na lei- por quotas, por comandita, em nome colectivo, annima. Tudo isto, alm de preencher os requisitos do 980. Cciv.: Sociedade civil + uma das quatro formas + registo e que tenham um objecto comercial. Compreende-se que para alm destes requisitos gerais da comercialidade de uma sociedade, no haja requisitos especficos porque, ao contrrio das pessoas colectivas que podem ser ou no comerciantes, j as sociedades comerciais so comerciantes natos. Constituem-se exclusivamente para a prtica de actos comerciais. O art. 13./2 Csc diz que so comerciantes as sociedades comerciais.
Outras pessoas colectivas: problema de saber se a aquisio da qualidade de comerciante por pessoas colectivas se limita aos casos da lei ou se outros tipos de pessoas colectivas que desenvolvem a actividade econmica podem adquirir essa qualidade. O princpio geral nesta matria o do no admissibilidade- da aquisio da qualidade de comerciante por outras pessoas colectivas que no as sociedades comerciais. S as sociedades comerciais podem ser comerciantes. Mas h um sector da doutrina que defende o contrrio com base em dois argumentos: O art.13./1 Ccom fala em pessoas o que pode abranger pessoas singulares e colectivas; O legislador estabeleceu certas proibies do exerccio do comrcio relativamente a certas pessoas colectivas que no sejam sociedades comerciais (. 14. e 17. Ccom) . Ora, se o legislador quisesse excluir que outras pessoas colectivas para alm das sociedades comerciais adquirissem a qualidade de comerciantes, no precisava de fazer isto. Segundo o Dr. Engrcia Antunes esta posio no de aceitar:: 1. uma interpretao histrica do 13.1 Ccom leva a concluir que efectivamente a inteno do legislador comercial portugus de 1888 ter sido a de excluir as pessoas colectivas. De facto, o preceito homlogo do Cd. Comercial Italiano, onde o nosso legislador se baseou, referia-se a pessoas, mas s pessoas fsicas. 2. no correcto afirmar que o 14./6 e o 17. Ccom no teriam sentido til, porque o sentido do art. 14/6 e do 17. no pretendem demonstrar implicitamente que certas pessoas, que no as sociedades comerciais possam adquirir a qualidade de comerciantes. Trata-se de regular uma situao jurdicocomercial daquelas pessoas colectivas que se hajam dedicado de facto ao comrcio que lhes estava vedado. 3. as pessoas colectivas de fim ideal nunca poderiam ser consideradas comerciantes porque nunca poderiam dar cumprimento a uma das obrigaes dos comerciantes a inscrio no registo comercial. O elenco dos sujeitos ao registo comercial no refere as pessoas colectivas de fim ideal. Os art.s 14./6 e 17. Ccom. Prev um nmero de pessoas colectivas a quem est vedado o exerccio do comrcio. Mas, estes nomes no parecem obedecer a uma lgica coerente porque misturam pessoas colectivas diferentes e acabem por omitir outras, as quais no se compreende porque razo no deveria ser aplicvel um regime idntico. Assim, so sujeitos destas proibies legais as seguintes pessoas: certas pessoas colectivas de direito de direito pblico: estado e autarquias
locais e pessoas colectivas de direito eclesistico (igreja, parquias)- 17.Ccom. certas pessoas colectivas de direito privado: pessoas colectivas de fim ideal e altrustico, que s as fundaes e associaes que prossigam interesses no econmicos em benefcio da comuinidade em geral- art. 14./6 e 17. Ccom; pessoas colectivas de fim ideal e egostico porque so aquelas que prosseguem interesses no econmicos, mas em benefcios doss seuss prprios membros ex: associaes recreativas, desportivas, etc... 14./1; no parecem estar aqui abrangidas as pessoas colectivas de fim econmico no lucrativo-so as fundaes e associaes que visam obter certas vantagens patrimoniais que no lucro para os seus prprios membros ex: associao de socorros mtuos, associaes patronais e sindicais, etc... Para alguns autores, o sentido destas proibies seria de implicitamente vir demonstrar a admissibilidade da qualidade de comerciante por outras pessoas colectivas que no as sociedades comerciais. De facto, se s os scios comerciais pudessem ser comerciantes estas disposies seriam suprfluo. Dr. Engrcia Antunes defende que o sentido destes preceitos seria o de prevenir e de regular as situaes em que certas pessoas colectivas se deedicavam ao comrcio (de facto) que lhes estava vedado. Problema de saber se estas pessoas colectivas adquirem ou no a qualidade de comerciantes em consequncia do comrcio que lhes estava vedado. Se forem pessoas colectivas de direito pblico, direito eclesistico e de direito privado de fim ideal altrustico a prpria lei d resposta e diz que no so comerciantesart.17. Ccom. A finalidade da lei foi apenas a de, tendo em conta os interesses de terceiros com os quais as pessoas colectivas negociou ou praticou actos de comrcio, submeter esses actos ao regime da lei comercial e no de atribuir a qualidade de comerciantes a essa mesma pessoa colectiva . Se forem pessoas colectivas de direito privado de fim ideal egostico a lei no diz nada- art. 14./1 Ccom. Aqui temos duas hipteses essenciais: 1. Essas pessoas colectivas praticam actos de comrcio ocasionais ou isolados, com vista nomeadamente a angariar fundos para a prossecuo do seu prprio fim estatutrio. Ex: uma associao recreativa que compra bandeiras, emblemas, etc... para vender aos seus scios. Essa actividade comercial meramente secundria, ocasional, logo no se preenche o requisito da profissionalidade exigido para as sociedades comerciais, jamais esta PC adquiria a qualidade de comerciante .
2. Se estas PCs exercessem o comrcio em moldes profissionais, isto violaria o prprio princpio da especialidade do fim. Consequncia: nulidade dos prprios actos + estas PCs extinguir-se-iam por deciso judicial sempre haja antagonismos entre o obrigado estatutrio e o objecto real. No perodo anterior declarao judicial de extino. Neste caso, a situao da PC seria a de uma sociedade irregular que tambm no um comerciante. Situaes duvidosas: este princpio de que s as sociedades comerciais adquirem a qualidade de comerciantes no exclui situaes duvidosas. Sociedades Civis em nome comercial: sero ou no comerciantes? Esto no art. 1. /4 do Csc, so sociedades que tendo um objecto civil (so criadas para a prtica de actos civis) revestiram uma forma comercial ( quatro tipos). Esto algures a meio do caminho entre sociedades civis puras e sociedade civil pura. Ex: caso das empresas agrcolas de uma dada dimenso de natureza civil, maas com uma daas formas comerciais. A doutrina tradicional sempre negou a qualidade de comerciantes a estas sociedades civis sob a forma comercial. Entende-se que o art.13./2 Ccom est apenas a referir-se quelas sociedades comerciais que so comerciais no seu todo, aquelas que respeitam os doiss requisitos de comercialidade: adopo de uma forma comercial + objecto comercial, conclui-se que o 13. Ccom no abrange este tipo hbrido de sociedades. E hoje? O art.3. do CRegCom veio sujeitar estas sociedades ao registo comercial. Como o registo comercial uma obrigao especial dos comerciantes (18./3 Ccom) algumas pessoas dizem que estas sociedades deviam tambm ser consideradas comerciantes. Crtica: talvez esta no seja a posio mais razovel. O argumento parece basearse numa falsa premissa: a de que o registo comercial um instituto privativo dos comerciantes quando isso no se verifica. Hoje, esto sujeitos ao regime comercial, no s os comerciantes em nome individual e as sociedades comerciais, mas tambm um conjunto de outros afins completamente diferentes : as empresas pblicas, cooperativas, ACE. E mesmo que fosse um instituto privativo dos comerciantes, o facto de elas estarem sujeitas ao registo comercial tem a ver com o facto de estarem sujeitos aao regime das sociedades comerciais por fora do art.1./4 Csc. O prprio legislador do Csc parece dar a entender que no quis alterar a posio dominante no direito anterior, e podemoss ver issto em dois pontos essenciais:
1. nos trabalhoss prepaaratrios do Csc houve quem propusesse que a comercialidade das sociedades comerciais dependesse apenas da forma (tipo legal) e no do fundo (objecto comercial), Ora, isto no vingou e por isso o legislador distinguiu as sociedades comerciais das sociedades civis sob a forma comercial. Logo, apenas as sociedades com forma e objecto comercial so as que o legislador quis abranger no art. 13./1 Ccom. 2. No prembulo do Csc, o legislador veio dizer-nos que as sociedades civis sob a forma comercial embora sujeitas ao registo ccomercial continuam a no ser comerciantes.
Empresas Pblicas: So organizaes empresariais explorados por capitais pblicos a ttulo exclusivo ou a ttulo maioritrio, que desenvolvem activiaades de carcter comercial e industrial. Professor Lobo Xavier diz que sempre que estas empresas desenvolvem uma activiade comercial em sentido jurdico, se deveria consider-los como comerciais, a fim de que os actos por eles praticados pudessem ser qualificados como actos comerciais subjectivos luz do art. 2. 2. parte Ccom e a fim de que estas empresas pudessem beneficiar de certas vantagens como por exemplo o art. 10. Ccom- quanto execuo dos devedores. Fundamento: o facto de o estatuto das empresas pblicas sujeit-los ao registo comercial (art. 5. CregCom) e o facto de os vrios diplomas e o facto de vrios diplomas que regulam aspectos da sua actividade se referiam s empresas pblicas como comerciais. Quanto ao modo da qualificao ads empresas pblicas como comerciantes, estes autores sugerem vrios meios. - Ou atravs do enquadramento destes no art.13./1 Ccom. - Ou atravs do seu enquadramento no art.230. Ccom. - Ou mesmo atravs de uma pura aplicao analgica do art. 13. em bloco. H porm autores que pensam em sentido contrrio: O legislador no qualificou estas em empresas como comerciantes, podendo fazlo. O legislador especificou que as empresas pblicas esto sujeitas a certas obrigaes especficas de comerciantes como por exemplo o uso de denominao (art.5.), posse da escriturao prpria (art.17.), esto sujeitos apresentao de balano e contas (art. 28.), registo comercial (art.47.) . Se o legislador quisesse qualific-los como comerciantes teria feito e no fez. A sujeio destas empresas ao registo comercial no muita importncia . um
argumento pouco slido. O registo comercial deixou de ser um instituto privativo dos comerciantes, hoje aplicvel a muitos outros afins. De facto, o diploma que que regula o registo comercial das empresas pblicas diz que as empresas pblicas no esto sujeitas quelas normas cujo contedo pressupe a qualidade de comerciante. A prpria natureza das empresas pblicas: so pessoas colectivas de direito pblico que s mediatamente podem prosseguir um fim lucrativo. Tm uma finalidade associada ao interesse pblico e s acessoriamente visam o lucro. Se o interesse da primeira posio era sujeitar as empresas pblicas ao regime comercial, havia outra forma de o fazer sem ser atravs da atribuio da qualidade de comerciante: permitindo qualificar os actos das empresas pblicas como actos subjectivamente comerciais. Logo, a qualificao dos actos praticados pelas empresas pblicas como actos de comrcio subjectivos no implica a atribuio da qualidade de comerciante. Agrupamentos complementares de empresas (ACE) So associaes de empresas individuais ou colectivas (pessoas singulares ou colectivas) cujo objectivo principal melhorar a rentabilidade das actividades comerciais dos seus membros e apenas como finalidade acessria que admitem a realizao e partilha de lucros entre os seus membros. Estes ACEs revestem eles prprios perssonalidade jurdica. Para a qualificao dos ACEs como comerciantes, temos de distinguir duas situaes: O ACE exerce a ttulo principal ou a ttulo exclusivo uma actividade econmica no lucrativo. Esta a situao normal e apesar de a lei 4/73 impr obrigaes especiais muito semelhantes s obrigaes a que esto sujeitos os comerciantes: dever de adoptar a firma, de eleborar o seu balano de contas, esto sujeitos ao registo comercial, no so comerciantes devido natureza no lucrativa dos ACE. O ACE exerce a ttulo principal ou a ttulo acessrio uma actividade lucrativa, mas sem autorizao do respectivo estatuto, do respectivo acto constitutivo do ACE. uma situao de ilegalidade porque os ACE s permitem a obteno do lucro como uma fianalidade acessria e apenas quando estiver autorizado pelos estatutos. Nestes casos, o legislador veio declarar que os ACE (em situao de ilegalidade) possam ser regulados pelo regime das sociedades em nome colectivo (15. do DL 430/73) o que qquer dizer que os ACE ficam equiparados a uma verdadeira sociedade comercial e por isso, devem ser qualificados como
comerciantes luz da art.13./23 Ccom. Condies comuns: ao lado das condies especficas para a atribuio da qualidade de comerciante, existem condies comuns para essa messma atribuio, s duas categorias de pessoas (singulares e colectivas): 1. registo: a inscrio do comerciante no registo comercial uma das condies comuns exrtremamente importantes. Tambm se designa por matrcula esta inscrio e necessrio que quer para os comerciantes em nome individual, quer para as sociedades comerciais. Sistemas de registo no Dto. Comparado: 4 grandes sistemas possveis, relativamente forma assumida pelo registo: a) O registo condio necessria e suficiente para a atribuio da qualidade de comerciante. S comerciante e ser sempre comerciante quem estiver inscrito no registo. b) O registo condio necessria, mas no suficiente para a aquisio da qualidade de comerciante.. S ser comerciante aquele que estiver inscrito como tal no registo, muito embora isso no baste pois so necessrios outros requisitos. c) O registo condio suficiente mas no necessria da aquisio da qualidade de comerciante. Ser comerciante aquele que estiver matriculado como tal no registo, mas tambm ser comerciante aquele que no estiver matriculado, desde que observe outro tipo de requisitos. d) Registo no condio suficiente nem necessria- o registo desempenha outra funo, como por exemplo tem o valor de uma simples presuno legal dessa qualidade de comerciante ou mesmo o valor de um mero formalismo sem significado jurdico. Sistema Portugus: as sociedades comerciais O registo das Scom 1condio necessria e suficiente Necessria: por fora do art. 5 do C.S.C., de acordo com o qual, as sociedades comerciais s passam a ter personalidade jurdica a partir da data do registo definitivo do ctt pelo qual se constituem. Se no houver registo, trata- se de uma sociedade irregular no so comerciantes. Suficiente: pq no se exigem outros requisitos que no a observncia das
condies especificas, ou seja, requisito de fundo e o requisito da forma de que depende a existncia da pp sociedade comercial. Com o registo, a sociedade passa logo a existir como sociedade comercial. 2.1.3-Sistema Portugus; Comerciantes em nome individual O registo de comerciante em nome individual apenas uma presuno relativa iuris tantum. O legislador, apesar de considerar obrigatria a inscrio no registo comercial para os comerciantes em nome individual, no estabeleceu sanes no caso deste no cumprir, apenas limitando algumas vantagens, como por ex.: no poder obter o carto de empresrio em nome individual. Assim, a matricula um simples nus e no um verdadeiro dever jurdico. Se o fosse, a consequncia do no cumprimento dessa obrigao legal seria no ser considerado comerciante. Logo, para que uma pessoa singular adquira a qualidade de comerciante basta que exera em termos profissionais ou em nome prprio uma actividade comercial. O registo no condio necessria nem suficiente da aquisio da qualidade de comerciante em nome individual. A matricula por parte de uma pessoa singular apenas relevante em matria de distribuio do nus da prova dessa mesma qualidade de comerciante. Um comerciante matriculado, que pretenda fazer valer o seu estatuto perante um terceiro, no ter que provar que comerciante bastando- lhe a presuno legal do registo. Um terceiro que pretenda contestar a qualidade de comerciante contra esse indivduo, no est impedido de o fazer dado que a presuno relativa, ou seja, ilidvel. Neste caso, o terceiro poder provar que, muito embora o comerciante esteja matriculado, no exerce profissionalmente, em termos sistemticos e em nome prprio, uma actividade comercial, ou seja, poder provar que ele no comerciante. 2.2-Condicionamentos administrativos So condicionamentos de carcter jurdico pblico e de carcter jurdicoadministrativo de acesso qualidade de comerciante e do exerccio de actividades mercantis: a) Registo Nacional de Pessoas Colectivas (est regulado no D.L. 144/ 83 alterado pelo D.L. 42/ 89). um instituto pblico que tem as seguintes finalidades:
Tem competncia para identificar todas as pcs ; Tem competncia para a inscrio dos factos principais relativos s pcs: constituio, modificao ou dissoluo das pcs no ficheiro central do registo nacional; Verificar os certificados de admissibilidade das firmas e denominaes, sem as quais no possvel a matricula das pss nem permitida a constituio das sociedades comerciais ou outras pcs. A inscrio no registo nacional de pcs quer de uma pessoa singular ou pessoa colectiva que exera uma actividade comercial, depende de certos requisitos:
- Ter capacidade comercial; - As pss, uma vez que so pessoas que representam as pcs, tm que ter habilitaes literrias mnimas; - Tm que provar que no esto inibidas do exerccio do comrcio por fora de qualquer sentena transitada em julgado, ex.: falncia. b)Lei de delimitao dos sectores esta lei veio limitar certas reas de actividade econmica, que so vedadas s empresas privadas. Assim, existem desde logo certas reas que esto absolutamente vedadas s empresas privadas: saneamento bsico, comunicaes, transportes ferrovirios. Noutras, em que o seu exerccio relativamente vedado s indstrias de ?? , rea das telecomunicaes. E ainda outras reas cujo acesso permitido s empresas privadas atravs de uma autorizao ou concesso: actividades bancrias e seguradoras, explorao de recursos materiais ou indstrias extractivas. c)Lei geral de acesso actividade industrial: consagra a liberdade de acesso actividade industrial, mas estabelece restries: - relativas higiene e segurana no local de trabalho; - matria de proteco do ambiente e estrutura do territrio; - registo obrigatrio do cadastro industrial das instalaes encerramento abertura dos mesmos. d)Lei de acesso a sectores especficos: existem certas reas da actividade comercial cujo acesso est condicionado por regulamentos especficos, existindo vrios D.L. a este respeito. Actividades de prestao de servios de segurana privada, actividades de agencia de viagens e turismo, actividades de transporte
ferrovirio, areo e martimo, actividades de mediao de seguros, actividades feirante. 3- Efeitos da aquisio da qualidade de comerciante 1-O estatuto jurdico especial do comerciante 2-Estatuto activo: alguns exemplos O estatuto activo dos comerciantes corresponde ao conjunto de direitos a favor dos comerciantes, que so direitos especiais em face daqueles que assistem aos particulares em geral, ex.: a escriturao mercantil possui um valor probatrio especial ( art. 44 C. Com.); existe um regime mais favorvel quanto prescrio dos crditos dos comerciantes: art. 317 b) do C. Civ.; existem certos acrdos que exigem a qualidade de comerciante do respectivo autor, ex.: ctt de transporte art. 366 do C Com.; os comerciantes beneficiam de vrias disposies que consagram a simplificao das formas relativas quilo que consagrado em via geral pelo direito civil, ex.: a propsito do emprstimo mercantil, art. 394 a 397 do C Com., em que o regime muito mais favorvel do que aquele que encontramos para a figura geral do emprstimo e do penhor. Estes direitos especiais so de carcter pontual e encontramo-los, no no diploma particular, mas atravs de uma anlise mais ou menos exaustiva dos vrios pontos em que a lei comercial se afasta do regime geral da lei civil.
3-Estatuto passivo: Trata-se aqui de obrigaes especiais a que esto sujeitos os comerciantes mas j no os particulares. Tais obrigaes especiais constam do art. 18 do C. Com. a) Firma: o comerciante obrigado a adoptar uma firma. um sinal identificador do comerciante( o nosso legislador adoptou uma concepo subjectiva da firma ). b) Escriturao mercantil: os comerciantes so obrigados a ter escriturao mercantil. Esta, consiste no registo (...) que podem influir nas operaes do comerciante ( operaes comerciais ) e na sua situao patrimonial. Esta obrigao de escriturao mercantil decorre da necessidade de proteger uma srie de interesses: dos comerciantes mas tambm de terceiros, em particular, os interesses dos credores e do pp Estado: o fisco. Escriturao mercantil distingue- se de contabilidade. A contabilidade representa
apenas uma fraco da escriturao mercantil: Contabilidade: consiste na tcnica de compilao e registo das operaes comerciais por forma a dar uma imagem numrica e a fazer-se uma anlise pecuniria da situao patrimonial do comerciante num dado momento. Escriturao mercantil: vai muito para alm disso, constituindo no conjunto dos livros do comerciante dentro dos quais se enquadram, naturalmente, os livros da contabilidade, mas tb muitos outros como actas, contratos, correspondncia a toda a restante documentao do comerciante atinente ao exerccio do comrcio. O comerciante pode ter os livros que quiser, mas h um conjunto de livros que so obrigatrios: art. 30 e 31 do C. Com. Os livros obrigatrios comuns, quer para os comerciantes em nome individual, quer para as sociedades comerciais so: - Inventrio e balanos: o inventrio e o balano consistem no arrolamento, por parte do comerciante, de todo o seu activo e passivo e ainda na determinao da diferena ( art. 33 C. Com.). Este livro tem de ser legalizado (art. 32 ). - Dirio: o livro onde se registam, segundo critrios cronolgicos, todas as operaes em que o comerciante intervm no exerccio do comrcio e que possa afectar a sua situao patrimonial. Muito embora o (...) ou o registo destas operaes deva ser diria, h excepes: art. 34 do C.Com.
- Razo: no fundo, um dirio mas em que o critrio do registo no o cronolgico. O registo das operaes do comerciante feito atravs de critrios de crdito e dbito: a dever e a haver, art. 35. Tb este livro tem que ser devidamente legalizado. - Copiador: o livro onde o comerciante regista ou arquiva toda a correspondncia que expediu e recebeu ( art. 36 do C. Com. ). Hoje, isto foi substitudo por base da dados ou dossiers informticos devido ao enorme volume de correspondncia dos comerciantes mas tb por razes fiscais. Dois livros especficos das sociedades comerciais: - Livro de actas: todas as sociedades devero possuir um livro de actas ( art. 31 do C. Com. e art. 63 n.4 do C.S.C. ), onde se registam as deliberaes dos
rgos sociais. - Livro de registo das aces: certas sociedades comerciais devem ter obrigatoriamente este livro. o caso das sociedades annimas e das sociedades em comandita por aces. Notas: - O comerciante est obrigado a reter a escriturao mercantil durante o prazo de dez anos, posterior data de arquivamento desses mesmos livros (art. 40 do C.Com.). - O carcter secreto da escriturao mercantil (art. 41 do C.Com.) sofre cada vez mais excepes em ateno ao direito de informao dos scios. a) Balano e prestao de contas: o balano constitui uma sntese da situao patrimonial do comerciante num dado momento, atravs da indicao sumria dos elementos do activo e do passivo do comerciante com a indicao dos respectivos valores pecunirios e da sua situao lquida. O comerciante est sempre obrigado, quer seja individual, quer seja uma sociedade comercial, a elaborar uma balana anual referido a 31 de Dezembro de cada ano civil, devendo ser apresentado nos trs primeiros meses do ano imediatamente subsequente (art. 62 do C.Com.). Ao lado deste balano anual pode haver lugar a balancetes intercalares. Estes podero ter lugar sempre que, empresa do comerciante individual ou sociedade comercial, sobrevenham situaes especiais, como por ex.: fuso, ciso, a pp liquidao ou outras situaes ou vicissitudes na vida da empresa. Os mtodos de elaborao dos balanos constam, hoje, do Plano Oficial de Contabilidade. O dever de prestao de contas consta do art. 63 do C.Com. Os comerciantes so obrigados prestao de contas: nas negociaes, no fim de cada uma; no ctt de conta- corrente, ao tempo do encerramento. Este dever tem muita importncia nas sociedades comerciais pq permite proceder verificao anual da situao da sociedade. b) Registo Comercial: est regulado no C.R.C. A funo do registo comercial consiste em dar publicidade situao jurdica dos comerciantes, tendo em vista a segurana do comrcio jurdico. Quanto ao mbito de aplicao, h que distinguir: - mbito pessoal: o registo comercial, hoje, no pode ser tido como um instituto
privativo dos comerciantes j que abrange muitas outras pessoas singulares e colectivas, para alm de comerciantes em nome individual e sociedades comerciais, ex.: soc. civis sob forma comercial; cooperativas e empresas pblicas ( vide arts. 3, 4 e 5 respectivamente); ACE art. 6CSC; agrupamentos de interesse econmico que venham a ser institudos na nossa ordem jurdica interna (art. 7 do C.R.C.) e E.I.R.L. (art. 8 do C.R.C.). - mbito material: obviamente impossvel enumerar todos os factos sujeitos a registo comercial, mas podemos destacar os seguintes: o A matricula das pss e das pcs que esto sujeitas a registo ( a matricula consiste no registo do incio da actividade de um comerciante); II. Depsito de documentos de cada entidade registada corresponde a uma pasta onde so arquivados os documentos a ela atinentes III. As publicaes legais, uma vez que passaram a ser promovidas oficiosamente pelas conservatrias do registo comercial . Quanto realizao do registo comercial, a ideia geral a de que, neste domnio vigora o principio da instncia, ou seja , a realizao do registo feita, no oficiosamente, mas antes a requerimento dos prprios interessados (art. 28 do C.R.C.). Quanto competncia territorial, as Conservatrias do Registo Comercial apenas existem no Porto, Coimbra , Lisboa e Funchal. Nas restantes zonas essa competncia exercida pelas Conservatrias do Registo Predial. Efeitos do registo: Pode dizer-se que o registo fundamentalmente facultativo pq o registo constitui uma condio de eficcia/ oponibilidade a terceiros dos factos a ele sujeitos, embora sejam perfeitamente vlidos inter partes, cfr. art. 13 e 14 do C.R.C.). Notas importantes quanto aos efeitos do registo: em 1 lugar, h muitos casos em que a publicao tb se tornou condio de oponibilidade a terceiros dos factos, ou seja, na maior parte dos casos, o registo + publicao que se deve ter em conta para efeitos de oponibilidade a terceiros dos factos sujeitos a registo. Em 2 lugar, ao registo corresponde uma presuno iuris tantum da existncia e validade dos factos registados (art. 11 do C.R.C. = a presuno pode ser ilidida mediante prova em contrrio). Consequncias da falta de registo: - A inoponibilidade a terceiros dos factos sujeitos a registo;
- Deposita o nus da prova da existncia dos factos sujeitos a registo sobre o indivduo obrigado a proceder ao registo desse facto; - Sanes do tipo contravencional (art. 17 do C.R.C.). Excepo: no caso das sociedades comerciais, o registo absolutamente obrigatrio e tem eficcia constitutiva. Aqui, o registo no apenas uma condio necessria e suficiente da aquisio da qualidade de comerciante, mas uma condio necessria e suficiente da pp aquisio da personalidade jurdica.
4. Responsabilidade dos bens do casal pelas dividas comerciais de um dos cnjuges A qualidade do comerciante tem tambm importncia para efeitos de responsabilizao dos bens do casal, sempre que o comerciante for casado. Existem 2 hipteses: I. Dvidas comuns: so aquelas que muito embora contradas pelo cnjuge comerciante se devem considerar da responsabilidade comum de ambos os cnjuges. II. Dvidas prprias: so aquelas dvidas contradas pelo cnjuge comerciante que so da sua exclusiva responsabilidade.
Dividas da responsabilidade de ambos os cnjuges contradas pelo cnjuge comerciante : O regime do art. 1691 d) CCiv e o seu fundamento: da responsabilidade de ambos os cnjuges, a norma fundamental a do art. 1691 n. 1 d) CCiv. Uma dvida contrada pelo cnjuge comerciante ser comum se se preencherem trs pressupostos fundamentais: I. Que no vigore entre os cnjuges o regime da separao de bens. Isto evidente, pois se vigora o regime da separao de bens o problema no se pe, porque no existem bens comuns; logo responderiam s e imediatamente os bens prprios. II. Que a dvida tenha sido contrada pelo cnjuge comerciante no exerccio do comrcio. Mais adiante vamos desenvolver esta ideia. III. Que a dvida tenha sido contrada em proveito comum do casal.
Refira-se a este propsito: A. Quando se fala em proveito comum est a abranger-se no s um proveito de natureza econmica, mas tambm de razes de natureza moral ou intelectual. B. O proveito deve ser apreciado mais em razo do fim subjacente operao realizada do que propriamente em funo do resultado efectivo que advenha dessa operao C. Exige-se uma certa relao de proporcionalidade entre este fim da operao realizada e os prprios meios utilizados. Esta conexo entre o fim e os meios deve aferir-se de acordo com o critrio de 1 pessoa normal e diligente. O art. 1695 diz quais os bens que respondem por este tipo de dvidas: primeiro os bens comuns do casal, e na falta ou insuficincia destes, subsidiria e solidariamente os bens prprios de qualquer dos cnjuges. de notar que raramente se ter de facto de provar que a dvida contrada pelo cnjuge no exerccio do seu comrcio no foi em proveito do casal, pois normal que o comrcio de um dos cnjuges seja sempre exercido em benefcio da famlia. Uma excepo a esta regra, ou seja, em que poder no haver proveito comum do casal, ser o caso do comrcio exercido pelo cnjuge separado de facto -mas, mesmo aqui, no completamente linear que se possa dizer partida, que no h proveito comum do casal. No basta a separao de facto em si, para que se afirme a inexistncia do proveito comum do casal, sendo necessria o concurso de outras circunstncias. Nomeadamente, existir proveito comum se o cnjuge continuar a contribuir com o proveito do seu comrcio para o sustento do outro cnjugue. Mas tambm no ser certa a opinio dos autores que dizem que h sempre proveito comum do casal mesmo nas situaes de separao de facto porque os proveitos realizados pelo cnjuge separado de facto no exerccio do seu comrcio sero sempre susceptveis de contribuir para aumentar a meao nos bens comuns do casal do outro cnjuge. Crtica: certos autores vo demasiado longe porque para se aferir o proveito comum do casal no basta a possibilidade terica e longnqua de um dos cnjuges vir a usufruir dos proveitos que adviro do comrcio do cnjuge comerciante: preciso uma relativa proximidade (mesmo uma proximidade temporal).
Mas, em regra, no ser fcil provar que as dvidas contradas pelo cnjuge comerciante no exerccio do seu comrcio no so em proveito comum do casal. Fundamento do 1691 d) CC: o fim do regime legal do 1691 d) CCiv claramente a tutela do crdito, ou seja, o que a lei aqui visou proteger foram os interesses dos credores do cnjuge comerciante. Isto no quer dizer que a lei no tenha tomado em considerao aos interesses do cnjuge do devedor comerciante da famlia. A prova disso que exige que a dvida tenha sido contrada em proveito comum do casal para que se possa considerar da responsabilidade de ambos os cnjuges. Mas, em primeira linha quis proteger os interesses dos credores do devedor comerciante (tutela do crdito). primeira vista poderia dizer-se que o regime contido no 1691 n1 d) no traria nenhuma vantagem em especial para os credores do devedor comerciante porque se chegaria ao mesmo resultado do art. 1691 n1 c). Mas, h aqui uma diferena de fundo que a inverso do nus da prova que se verifica na alnea c). Alnea c): o credor do cnjuge que contrai a dvida que tem de provar que esta foi contrada em proveito comum do casal, para que a dvida possa ser contrada da responsabilidade de ambos os cnjuges e que por possam responder os bens comuns do casal. Alnea d): ao cnjuge do devedor comerciante que cumpre provar que a dvida no foi contrada em proveito comum do casal para poder fazer escapar, resposta por essa dvida, os bens comuns do casal. O exerccio do comrcio e a presuno do art. 15 CC: Ao preceito do art. 1691 n1 d) CC acresce a do art. 15 CC que diz que a as dvidas comerciais do cnjuge comerciante presumem-se contradas no exerccio do seu comrcio. Logo, no correspondem a um acto comercial isolado ou a uma dvida moral civil. Uma condio para a responsabilizao dos bens comuns do casal de acordo com o art. 1691 n1 d) era de que a dvida tivesse sido contrada por qualquer um dos cnjuges no exerccio do comrcio. O que que isto significa? O que a lei pretende abranger so as dvidas contradas pelo cnjuge comerciante no exerccio da sua actividade mercantil profissional, no sentido da prtica reiterada e profissional, em nome prprio, do acto comercial. No so abrangidas aqui as dvidas correspondentes a actos comerciais isolados ou espordicos. Ex: um dos cnjuges compra um apartamento para revenda, para aproveitar uma
oportunidade de investimento que lhe foi sugerido por um amigo. Trata-se de 1 acto comercial objectivo, mas no lhe faz adquirir a qualidade do comerciante, no se aplica o art. 1691 n1 d). Por outro lado as dvidas aqui abrangidas so as contradas pelo cnjuge comerciante no exerccio do seu comrcio, o que significa que nem todas as dvidas do cnjuge comerciante so necessariamente abrangidas por este preceito mas apenas as dvidas que se integram no exerccio profissional da sua actividade mercantil, j no, por exemplo, as suas dvidas civis. neste mbito que entra o art. 15 CC que estabelece uma presuno que vem reforar ainda mais a proteco do credor do devedor cnjuge comerciante. O art. 15 visa facilitar aos credores o recurso ao 1691/1 d). De facto, se existisse apenas o 1691/1 d), o credor que quisesse responsabilizar os bens comuns do casal pela dvida contrada pelo cnjuge comerciante teria de provar duas coisas: I. Que a dvida seja comercial (ou seja, que advenha de um acto de comrcio objectivo ou formal) II. E que, para alm disso, que essa dvida tenha sido contrada pelo cnjuge no exerccio profissional do seu comrcio. Essa dvida no devia resultar de um acto espordico, mas devia integrar-se numa actividade mercantil exercida em termos profissionais. Ora, o art. 15 vem ajudar o credor porque presume que as dvidas comerciais contradas pelo cnjuge comerciante foram contradas no exerccio do seu comrcio. H uma inverso do nus da prova, o credor apenas ter de provar que a dvida contrada pelo cnjuge comercial. Dispensa portanto o credor de provar o 2 elemento. Deste modo, ser ao devedor ou ao cnjuge do devedor comerciante que cumprir ilidir a presuno, ou seja, provar que a dvida, muito embora emergente de um acto de comrcio, no se integra no exerccio profissional do comrcio --- para que consiga subtrair responsabilidade da dvida a sua meao nos bens comuns do casal. Isto importante face a dois tipos de dvidas: I. Dvidas cambirias (dvidas que so tituladas por letras) e que constituem um acto de comrcio objectivo ou formal. Ex: A, comerciante de mveis, casado com B compra um imvel a C e, no tendo
pago o preo, subscreve a letra em favor de C. C, que o credor cambirio, para poder responsabilizar os bens comuns do casal por esta dvida contrada por A, apenas ter de provar a existncia da letra, pois desse modo prova que a dvida comercial. No tem de provar, para beneficiar do 1691 que essa dvida se integrava no exerccio profissional de comrcio de A (por ex. que o imvel se destinava revenda e no, por ex., ao uso pessoal). Ser a B que cumprir ilidir a presuno do 15 CC, provando que a dvida, muito embora comercial porque se tratava de uma dvida cambiria, no se integrava no exerccio do comrcio de A.
II. Dvidas provenientes da prtica de actos de comrcio subjectivos Ex. A, comerciante de automveis, casado com B compra um automvel a C que no se destina a revenda, mas a uso particular. O acto subjectivamente comercial. Ao credor C, bastar provar que A comerciante, provando com isso que o acto comercial, no sendo necessrio provar que o automvel tenha sido adquirido para revenda ( em virtude da presuno do art.15). Ser a B que cumprir provar que o acto no se integra no contexto da actividade profissional de A para fazer escapar a sua meao nos bens comuns, ao pagamento da dvida em questo. Muitas vezes, de nada vale ao cnjuge do devedor comerciante ilidir a presuno do art.15, provando que a dvida nada tem a ver com o exerccio do comrcio do seu autor porque ter de alegar factos que demonstraro ao mesmo tempo o proveito comum do casal, o que leva a que a dvida passe a caber nas alneas b) e c) do art. 1691 CCiv. EX: retomando o exemplo do comerciante de mveis, vimos que ao cnjuge do devedor comerciante que cabe provar que o mvel no se destinava a revenda, para ilidir a presuno do art. 15 CCom. Mas, para fazer isso teria de provar, por ex., que o destino do imvel era para uso familiar. Com isso, cairia na c) do art.1691. Assim, muitas vezes a ilao da presuno do art.15 CCom permite escapar ao dispositivo do 1691 d), mas acaba por cair noutras alneas que igualmente responsabilizam os bens comuns do casal.
A moratria do 1696/1 CCiv e sua excluso na hiptese do art. 10 C.Com. Aqui, o preceito fundamental o 1696CCiv. Este artigo diz quais so os bens que respondem pelas dvidas que so da exclusiva responsabilidade de um deles: os bens prprios do cnjuge devedor e subsidiariamente a sua meao dos bens comuns. Mas, o 1696 estabelecia neste caso que o cumprimento s exigvel depois de dissolvido, declarado nulo ou anulado o casamento, ou depois de decretada a separao judicial de pessoas e bens ou a simples separao judicial de bens. O 1696 CCiv estabelece uma moratria quanto execuo da meao nos bens comuns do cnjuge devedor. Assim, os credores apenas podem fazer-se pagar custa dos bens prprios desse cnjuge e da respectiva meao nos bens comuns, mas com respeito desta moratria, ou seja, s aps dissolvido o casamento ou aps a separao judicial de bens. A razo de ser desta moratria clara: os bens comuns esto afectados s necessidades da famlia e, por isso, s depois da dissoluo desta que faz sentido que os credores possam executar a meao nos bens comuns, ou seja quando os bens comuns deixarem de o ser, passarem a ser bens prprios. Excepo moratria do 1696: as dvidas provenientes de acidentes de viao, de acidentes de trabalho e as custas judiciais. Dvidas compreendidas no art.10 CCom: Estabelece-se uma excepo moratria para o caso de dvidas contradas por um dos cnjuges que sejam dvidas comerciais, mesmo quando o sejam apenas relativamente a uma das partes, ou seja, quando o acto comercial pelo qual se contraiu essa dvida seja um acto de comrcio meramente unilateral. Assim, so abrangidas pela excepo da moratria prevista no art. 10 CCom: - dvidas prprias -- ou seja dvidas que sejam da exclusiva responsabilidade de um dos cnjuges. So as dvidas que caiem fora do mbito do 1691/ 1 d) -- e podem estar aqui dvidas em que o cnjuge ilidiu o art. 15 CCom; - dvidas provenientes de actos de comrcio unilaterais ou bilaterais, quer a unilateralidade do comrcio se verifique do lado do credor ou do devedor. Temos que distinguir trs hipteses diferentes: 1. Dvidas provenientes de um acto bilateral (acto comercial puro).
Ex: A, no comerciante, compra a B, comerciante, roupas para revenda. um acto comercial bilateral. A praticou um acto comercial objectivo (roupas para revenda) e B era comerciante (o acto subjectivamente comercial). 2. Dvidas provenientes de acto de comrcio unilaterais (acto de comrcio mistos): a) a comercialidade deriva do acto do devedor. Ex.: A, casado, no comerciante, compra a B, tambm ele no comerciante, roupas para revenda. Temos um acto praticado pelo cnjuge em que a comercialidade resulta do seu lado, j que praticou um acto de comrcio objectivo.
b) a comercialidade deriva do lado do credor. Ex: A, cnjuge no comerciante compra a B, comerciante, uns sapatos para dar ao filho. Temos um acto que unilateralmente comercial, mas cuja comercialidade deriva apenas do lado do credor, ou seja, trata-se de um acto subjectivamente comercial do lado do credor. Do lado do cnjuge devedor um acto meramente civil. O art. 10 C.Com. tem um alcance muito vasto, pois abrange qualquer um destes 3 tipos de actos, mas nem sempre foi assim. Antes da reforma d 1977, o art. 10 no abrangia este terceiro tipo de actos, ou seja, os actos praticados pelo cnjuge em que a comercialidade deriva do lado do credor. Dizia-se que o afastamento da moratria do 1696 apenas deveria ocorrer quanto queles actos que fossem actos comerciais bilaterais ou unilaterais, mas em que a comercialidade proviesse do lado do cnjuge devedor. Esta tutela deve estender-se aos credores comerciantes de dvidas particulares. Se no fosse assim havia uma discriminao: os credores comerciantes e titulares de crditos sobre cnjuge comerciantes poderiam afastar a moratria; mas os credores comerciantes titulares de crditos sobre cnjuge no comerciantes teriam de ficar sujeitos moratria. Acabaria por se retirar proteco aqueles que mais a necessitariam, porque o caso normal de credores comerciantes titulares de crditos sobre simples particulares. O preceito do art.10 tem sido objecto de uma interpretao restritiva, de tal
modo que h um tipo de dvidas comerciais que no esto abrangidas por esta excepo moratria: as dvidas cambirias. So as dvidas provenientes da subscrio de um ttulo de crdito: letra ou livrana. Trata-se de um acto objectivo regulado na LULL, sendo certo que segundo o art. 2 so considerados actos todos aqueles regulados na lei comercial. Trata-se tambm de um acto formal: a sua relevncia jurdicocomercial reside na sua simples realizao, qualquer que seja o credor do acto ou o fim da operao que lhe est subjacente. Um caso tpico subscrio de uma letra de cmbio. Ex. A, no comerciante, compra a B, no comerciante, um automvel que se destina a uso particular do comprador e convenciona-se que o pagamento feito atravs da subscrio de uma letra. O Assento 4/78 vem exigir a comercialidade substancial da dvida, ou seja, vem exigir que, para alm da comercialidade formal, a operao subjacente obrigao cambiria seja ela prpria de natureza mercantil. Na doutrina distingue-se : - obrigao cambiria: subscrio da letra, acto sempre formalmente comercial. - obrigao subjacente ou fundamental: no exemplo dado o contrato d compra e venda, a ap partir do qual a obrigao ser comercial ou civil, conforme a natureza do acto de onde deriva o negcio jurdico fundamental. Assim, o que o assento do STJ diz que o credor da dvida cambiaria para se valer do art.10 CCom carece d provar que a relao jurdica fundamental tambm comercial, por exemplo, que o carro fora comprado para revenda. Para proteger o comrcio, o regime do art. 10, h-de aplicar-se apenas s dvidas provenientes de actos que constituam operaes economicamente mercantis. Ora, a letra cambiria usada em relaes estranhas ao comrcio e aplicar aqui o art.10 seria trair o seu espirito. Por outro lado, o legislador tambm protegeu os interesses da famlia, e estes s devem ceder naquilo que seja estritamente necessrio para dar alguma proteco ao comrcio.
Quem tem o nus d provar a natureza comercial substancial da dvida? Antes do assento, a doutrina dominante defendia que o nus cabia ao devedor ou ao seu cnjugue. Eles que tinham que provar que a dvida no era
substancialmente comercial. O credor cambirio teria apenas provar que a dvida era formalmente comercial. O assento defendia a soluo oposta: o credor cambirio que tem o nus da prova. Esta soluo parece ser a mais correcta: - A comercialidade substancial da dvida um facto constitutivo do direto alegado pelo credor. De acordo com o art. 342 CCiv, quele que invoca um direito cabe-lhe fazer a prova dos factos constitutivos desse direito. - Parece ser mais justo do que fazer recair o nus da prova sobre o sujeito que menos conexo tem aos elementos em relao aos quais se pode presumir a natureza substancial da dvida. Pelo contrrio, o credor tem acesso privilegiado aos elementos que lhe permitem fazer prova da comercilidade substancial da dvida. Alm disso, o assento 4/78 veio estabelecer que a exigncia da natureza comercial da obrigao fundamental vale tanto no domnio das relaes imediatas como no domnio das relaes mediatas. Porm, Guilherme Moreira defendia que no domnio das relaes mediatas no se devia exigir a comercialidade substancial da dvida, com base no art. 17 LULL. o princpio da autonomia no domnio das relaes mediatas: o direito do portador de uma letra totalmente autnomo em relao aos anteriores portadores da letra e no pode ser afastado pelas excepes que o devedor cambirio possa opr aos anteriores portadores. Contudo, este argumento no correcto dado que tem em vista excepes que podem invalidar a obrigao cambiria e que no so oponveis ao actual portador da letra. Ora, a inteno do assento excluir (?) dvidas do mbito do art.10 e no a invalidade da obrigao cambiaria. Guilherme Moreira pensou bem, mas argumentou mal. O Professor critica o assento por 2 razes : 1. Ignora a especificidade do art.10 CCom. Este artigo visa atribuir ao comerciante um regime mais favorvel: protege os interesses dos comerciantes, de certa forma, em detrimento dos interesses da famlia. Ora, a doutrina do assento parece retirar ao art.10 a sua utilidade, ao deslocar o nus da prova para o portador da letra. 2. Faz tbua rasa do regime especfico aplicado as letras de cmbio (LULL). Este regime foi pensado para facilitar a rpida circulao dos ttulos. Ora, a doutrina do assento acaba por retirar o valor de garantia que vai associado s letras de cmbio e contribui, neste modo, para o desuso destes ttulos. 3. A nica maneira do portador d uma letra se proteger contra os riscos inerentes
a doutrina do assento nas relaes mediatas, fazer com q na letra figure a assinatura de ambos os cnjuges. N.B: hoje, a moratria j no existe. O art. 1696 foi alterado desaparecendo a moratria tb desaparece o sentido til da excepo do art.10 CCom.
IV. OS BENS JURDICO-COMERCIAIS: O ESTABELECIMENTO COMERCIAL 1-Noo e elementos O DC no se esgota nos AC nem nos sujeitos comerciais. Ele abrange certos bens q constituem o patrimnio dos comerciantes, entre esses bens o + importante o estabelecimento comercial. Mas, existem outros : a propriedade individual, os valores mobilirios, etc. 1.1-o estabelecimento comercial; acepes O estabelecimento comercial constitui uma organizao d bens corpreos, incorpreos e situaes fctico - econmicas juridicamente relevantes, atravs das quais os comerciantes (individuais ou colectivos) realizam a sua actividade mercantil. Muitas vezes confunde-se a empresa com o EC. Qdo mto o EC possui um dos aspectos possveis do conceito de empresa : no h uma noo d empresa, no h uma noo universal. Mas, h 3 grandes aspectos para o conceito d empresa : 1. acepo subjectiva: a empresa aparece concebida como uma nova entidade, um novo sujeito de direitos. Ao lado das pessoas singulares e colectivas que so titulares ou exploradores da empresa, a prpria empresa surge como uma entidade autnoma, dotada de personalidade jurdica prpria, distinta dos seus titulares. Esta ideia tem vindo a estabelecer-se no direito positivo: o direito da falncia considera como destinatrio daquelas normas a empresa. O CSC ao lado da empresa fala das empresas pluriassociatrias, isto , exploradas por um conjunto de sociedades comerciais. Esta figura, no sendo sujeito de direitos, tem efeitos jurdicos prprios. A lei protege o grupo, j que fala em responsabilidade de grupo.
2. Acepo objectiva: a empresa um objecto de direitos e no um sujeito de direitos. Encara a empresa de uma perspectiva objectivista e patrimonial; a empresa uma organizao mercantil do comerciante: o conjunto de pessoas e bens de que o comerciante titular, com vista ao exerccio da sua actividade mercantil. esta a acepo que corresponde noo de Estabelecimento Comercial no nosso direito (organizao comercial do comerciante), conjunto de elementos atravs dos quais o comerciante leva a cabo uma actividade mercantil. 3. Acepo funcional: a expresso empresa designar a prpria actividade econmica desenvolvida pelo empresrio para a realizao do fim da produo ou intermediao de bens. Foi nesse sentido que o legislador fixou alguns pontos da acepo de empresa: art. 118/3 CPI, art. 89 k Cdigo Notariado, etc. 2-Elementos do EC: 2.1-Bens: H dois grandes grupos de elementos do Estabelecimento Comercial: 1. Bens corpreos: a) Imveis: todos os prdios que esto afectos explorao do Estabelecimento Comercial. No relevante a que ttulo o empresrio utiliza esses prdios (proprietrio ou arrendatrio). b) Mveis: conjunto de mquinas ou equipamentos afectos explorao do estabelecimento comercial. Assim como as mercadorias e matrias primas (bens destinados produo ou venda) e ainda o dinheiro. 2. Bens incorpreos: dtos, obrigaes e outros elementos. a) Direitos: so os mais importantes (situao jurdica activa de que titular o estabelecimento comercial). cabea destes direitos surge o - direito de arrendamento. um direito fundamental porque assegura a estabilidade da explorao do Estabelecimento Comercial. Por isso, a lei estabelece um regime jurdico especial para os casos de arrendamento de imveis destinados ao exerccio de uma actividade comercial ou industrial (art. 110 a 116 RAU).
3 aspectos deste regime especial : 1. Ao passo que nos casos normais o direito de arrendamento caduca com a morte do arrendatrio, no caso do prdio arrendado estar afecto explorao de um Estabelecimento Comercial, o arrendamento no caduca em caso de morte da pessoa fsica que era titular do Estabelecimento Comercial (112 RAU), nem caduca com a dissoluo da sociedade. 2. Se o arrendamento cessar por qualquer motivo de caducidade ou por denncia do senhorio, o arrendatrio tem direito a uma indemnizao e tambm a uma compensao pecuniria sempre que o prdio arrendado haja sido aumentado no seu valor locativo devido ao facto de ali ter sido explorado um Estabelecimento Comercial com um valor mximo de 10 vezes o valor da renda anual (113,2 RAU). A denncia do senhorio uma situao excepcional (68 RAU). 3. Ao contrrio do que acontece nos arrendamentos em geral, em que o arrendatrio apenas pode ceder a sua posio jurdica contratual com autorizao do senhorio, nos arrendamentos para comrcio e indstria o arrendatrio pode transmitir livremente a sua posio sem autorizao do senhorio, sempre que pretenda negociar a transmisso do Estabelecimento Comercial trespasse (115 RAU). Razo: tutela do Estabelecimento Comercial enquanto unidade objectiva. Ao lado do dto de arrendamento, h ainda outros direitos: Direitos de crdito podem resultar de vendas, emprstimos, da celebrao de contratos especificamente mercantis ( agncia, locao mercantil) . Dtos de propriedade industrial direitos sobre marcas, patentes, modelos. Clientela: conjunto de relaes jurdicas e fcticas com as pessoas que adquirem os bens ou servios do Estabelecimento Comercial; constituem um elemento essencial do Estabelecimento Comercial, pois sem ela o Estabelecimento Comercial no pode escoar os seus bens ou servios. Caractersticas da clientela: - deve ser comercial; - deve ser individualizada (no o ser se o Estabelecimento Comercial estiver integrado num complexo mais vasto ou se o Estabelecimento Comercial fizer revenda de produtos de uma dada marca);
- deve ser actual (no virtual). Entre ns tem-se negado que a clientela possa ser objecto de direitos. A clientela no algo que possa ser propriamente de algum. Sobre a clientela existem meras expectativas jurdicas. Mas existem algumas indicaes contratuais e legais que podem levar a pensar o contrrio, ou seja, que a clientela possa ser objecto autnomo de direitos. Existem casos de direitos convencionais (contratuais) de clientela, por exemplo, se o Estabelecimento Comercial possui contratos de exclusividade ou qualquer tipo de relaes contratuais duradouras ex: fornecimento. Aqui h um direito convencional ex: casos de trespasse do Estabelecimento Comercial e da cesso da explorao do Estabelecimento Comercial. Existindo um destes negcios sobre o Estabelecimento Comercial, tende a existir uma clusula contratual implcita nesses contratos, consagradora de uma obrigao de no concorrncia a cargo do trespassante ou do cedente do Estabelecimento Comercial. Este obriga-se a no desenvolver uma actividade econmica semelhante do Estabelecimento Comercial trespassado ou cedido, de forma a no prejudicar os interesses do novo titular do Estabelecimento Comercial. Mesmo quando as partes no providenciaram uma clusula nesse sentido, essa existe implicitamente. Existem tambm normas legais que protegem especificamente a clientela ex: art.118 III CPI, 212 e ss. CPI proteco da integridade da clientela duma empresa relativamente aos actos de concorrncia desleal. O art. 33 do DL do contrato de agncia preconiza que o agente tem direito a receber da agncia uma indemnizao em virtude da clientela que haja perdido. B) Obrigaes: em principio, esto abrangidas pelo Estabelecimento Comercial as obrigaes, quer do titular do Estabelecimento Comercial, quer as respeitantes prpria explorao do Estabelecimento Comercial em si (dvidas aos fornecedores, ao fisco, aos bancos). No nosso direito, muito duvidoso que os elementos jurdicos passivos devam ser considerados como elementos do prprio Estabelecimento Comercial porque as obrigaes no se transmitem com o trespasse do Estabelecimento Comercial, salvo se as partes o acordarem (mbito convenconal). C) Outros elementos incorpreos: o EC engloba ainda licenas ou autorizaes
administrativas q surgem para o benefcio de numerosas actividades comerciais. Estas licenas, em princpio, revestem uma natureza pessoal e no devem ser objecto de negociao (no so transmissveis). Na prtica, a Administrao tende a reconhecer automaticamente as pessoas que pedem estas licenas, da que passem a ter um valor autnomo. 2.2 Pessoas 2.3. Capacidade de realizao do lucro (aviamento) O valor de um Estabelecimento Comercial, enquanto conjunto de bens e pessoas, no igual mera soma do valor desses bens e pessoas (soma dos valores individuais). Por isso que, quando um Estabelecimento Comercial objecto de uma venda ou de outro contrato que o visa como um todo, ex. trespasse, o valor do Estabelecimento Comercial ultrapassa em muito o valor da mera soma contabilistica dos elementos que o compem. Esta mais-valia resulta da organizao particular dada a esses componentes. A cada mais-valia econmicofuncional (eficincia lucrativa do EC como um todo) d-se o nome de aviamento ou goodwill. No bem um elemento, uma qualidade do EC. O aviamento no se pode confundir com um conjunto de relaes fcticoeconmicas que, quanto muito, constituem meros indcios da sua existncia. Ex. o aviamento diferente das relaes do Estabelecimento Comercial com os seus credores; tambm diferente das relaes do Estabelecimento Comercial com a sua clientela. 2-Natureza jurdica Este problema consiste em como traduzir na linguagem jurdica esta actividade econmica (4 teorias): 1. Teoria do sujeito de direito: defende q o Estabelecimento Comercial constitui um novo sujeito de direitos, uma nova pessoa jurdica. O Estabelecimento Comercial deveria ser dotado de uma personalidade jurdica prpria e distinta, surgindo ao lado do comerciante individual (pessoa fsica ou singular) ou da pessoa colectiva titular do Estabelecimento Comercial.
Crtica: uma das consequncias da atribuio da personalidade jurdica a existncia de um patrimnio autnomo. Se o Estabelecimento Comercial fosse uma pessoa juridicamente distinta do seu titular, ento os bens afectos ao Estabelecimento Comercial deviam responder apenas pelas respectivas dvidas. Mas, no isso que acontece: os credores civis (pessoais) do empresrio podem agredir todos os bens desse indivduo, no s os que esto afectos actividade comercial mas tambm os que no esto afectos. Ex. se A compra a B uma casa, B pode-se fazer pagar quer pelos bens pessoais do A quer pelos seus bens afectos ao Estabelecimento Comercial. Por outro lado, uma das consequncias da atribuio de personalidade jurdica tambm a existncia de uma autonomia organizacional. Ora, o seu titular pode livremente, a qualquer momento, liquidar ou vender o Estabelecimento Comercial. Logo, o Estabelecimento Comercial no um sujeito de direitos. S pode ser, quando muito, objecto de dtos. 2. Teoria do patrimnio autnomo: o EC seria um patrimnio autnomo ou separado (um patrimnio de afectao). Uma pessoa fsica, em princpio, s tem um patrimnio. Mas, em certos casos, a lei permite que na titularidade da mesma pessoa exista ao lado de seu patrimnio geral, uma ou vrias massas patrimoniais especficas, sujeitas a um regime especial. A figura do patrimnio autnomo visa traduzir a existncia de massas patrimoniais que, no possuindo personalidade jurdica prpria, possuem, no entanto, uma individualidade jurdico-passiva em virtude dos fins particulares para que forem criadas. Ex: o Estabelecimento Comercial uma massa de bens porque est afecta a um fim particular, s responde pelas dvidas dessa mesma massa, e s na medida do patrimnio afecto. Ex: de patrimnios autnomos: massa falida (s para pagar aos credores do falido); herana; divisa; patrimnio de Pessoa Colectiva dissolvida mas ainda no liquidada. Esta teoria foi tambm sustentada por autores italianos que se baseavam numa norma segundo a qual, em caso de trespasse ou em caso de cessao da explorao do Estabelecimento Comercial, as dvidas contradas na explorao do Estabelecimento Comercial transmitir-se-iam para o adquirente desse Estabelecimento Comercial. Passaria, assim, a haver dois devedores.
Crtica: A regra geral aplicvel no Direito Comercial Portugus o pri ncpio da indivisibilidade ou unidade do patrimnio dos particulares, logo tb dos comerciantes art. 601 CCiv. Esse princpio tem algumas excepes, mas entre elas no se encontra o Estabelecimento Comercial. Para que o Estabelecimento Comercial fosse um patrimnio autnomo era necessrio que os bens patrimoniais afectos sua explorao respondessem apenas pelas respectivas dvidas (o que no acontece, pois os bens afectos ao Estabelecimento Comercial respondem quer pelas dvidas comerciais quer pela dvidas civis), e que pelas dvidas contradas por esse Estabelecimento Comercial respondessem apenas os bens do Estabelecimento Comercial (o que tambm no se verifica, pois os credores podem fazer-se pagar indistintamente por qualquer tipo de bem do titular do Estabelecimento Comercial. O Estabelecimento Comercial apenas um tipo desses bens. O titular do Estabelecimento Comercial goza de um direito de disposio absoluta dos bens afectos ao Estabelecimento Comercial. Alm disso, no direito portugus tambm no existe uma norma semelhante do direito italiano. Entre ns, em caso de trespasse, por ex., o passivo do Estabelecimento Comercial no se transmite automaticamente para o adquirente do Estabelecimento Comercial. As dvidas do trespassante permanecem na respectiva titularidade e s se transmitem para o adquirente se os credores dessas dvidas nisso consentirem: arts. 858ss e 595 CCiv. Se fosse um patrimnio autnomo, no era preciso o consentimento do credor. Por essas dvidas respondem solidariamente o alienante e o adquirente. Mas existe no nosso direito uma situao em que o legislador se aproximou deste modelo (o Estabelecimento Comercial aparece com as caractersticas de um patrimnio autnomo): caso do EIRL um Estabelecimento Comercial que funciona como um patrimnio autnomo. Por fora dos arts. 10 e 11, estabeleceu-se que os bens afectos explorao desse EIRL respondem apenas pelas dvidas do EIRL. O legislador quis dar aos empresrios em nome individual o benefcio da responsabilidade limitada: est a salvo da agresso pelos credores, do seu patrimnio pessoal. Mas, conjugando o 10 e 11 com os 23 e 25 vemos que os primeiros artigos sofrem algumas excepes.
3. Teoria da Universalidade: B. Magalhes, Brito Correia. O Estabelecimento Comercial deveria ser concebido como uma universalidade, como um complexo de coisas jurdicas pertencentes a um mesmo sujeito, tendentes a um mesmo fim que a ordem jurdica reconhece e trata como uma coisa jurdica una ex: um rebanho. As universalidades so, para o nosso direito civil, coisas mveis ainda que os elementos que integram esse complexo possam ser imveis. O Estabelecimento Comercial constitui, de facto, um aglomerado de coisas que possuem um fim econmico comum. Depois, houve 2 verses festa teoria: - Para uns era uma universalidade atomstica esta universalidade era apenas a soma das vrias coisas que a compem. - Para outros era uma universalidade unitria essa universalidade pode ser tratada pela ordem jurdica como tendo uma existncia separada, autnoma. Logo, eu posso constituir relaes jurdicas sobre essa coisa unitria. 4- Teoria do bem imaterial: Orlando de Carvalho. Afirma que o Estabelecimento Comercial uma coisa unitria de natureza imaterial. Esta concepo parte da ideia do Estabelecimento Comercial como organizao: o que caracteriza o Estabelecimento Comercial no so os vrios bens (corpreos, incorpreos) que o integram ou as vrias pessoas que a trabalham, mas sim uma certa organizao apta a criar lucro. esta organizao que constitui o cerne decisivo do Estabelecimento Comercial, que tem um valor imaterial e autnomo em relao aos elementos que compem o substracto da organizao. Argumentos: podem existir EC que, embora no tendo quase nenhuns bens materiais, tenham uma finalidade de lucro ex: Agncias de mediao, etc. Inversamente, o Estabelecimento Comercial no pode existir sem uma organizao, o que prova que o Estabelecimento Comercial encontra o seu cerne distintivo na ideia de organizao. O valor do Estabelecimento Comercial determina-se sobretudo pela sua capacidade de aviamento da sua capacidade organizativa.
3-Posio adoptada no Dto Positivo: Parece que a verdade estar com as 2 ltimas teorias. O Estabelecimento Comercial constitui uma unidade jurdica objectiva, no sentido em que
representa algo mais e algo diferente das coisas que o constituem e a forma como o Direito reconhece o valor autnomo desse Estabelecimento Comercial deve constituir-se como objecto unitrio e autnomo da RJ e no como sujeito de direitos. H 3 situaes fundamentais em que o legislador portugus reconheceu o EC como unidade jurdica objectiva: I. trespasse, II. cesso de explorao, III. instituto da concorrncia desleal Trespasse: Art.115 do RAU. todo e qualquer negcio jurdico pelo qual se realiza a transferncia definitiva e por acto inter vivos da titularidade de um Estabelecimento Comercial. Pode consistir numa venda, doao, realizao de uma entrada para uma sociedade, troca, dao em cumprimento, etc. Exclui-se da caracterizao do trespasse os negcios jurdicos que importem a transmisso temporria do Estabelecimento Comercial (o que no acontece na cesso de explorao do EC). Tambm no prevista a transmisso mortis causa. Finalmente, a natureza onerosa ou gratuita no relevante. O trespasse deve ser celebrado por documento particular: 115 do RAU (DL 64A/2000) e 89K do Cdigo do Notariado. O trespasse consiste na transferncia global e unitria do EC transmite-se a fruio da unidade organizativa apta a dar o lucro e no os vrios bens (= elementos que compem o Estabelecimento Comercial). Em caso de trespasse, o trespassante arrendatrio deve transmitir o Estabelecimento Comercial como um todo. Logo, tambm poder faz-lo sem o consentimento do senhorio, ainda que este tenha um direito de preferncia sobre a transferncia onerosa (vd. 116 RAU). Esta excepo s regras gerais visa acautelar que aquilo que transmitido seja a fruio de uma unidade organizatria, dotada de uma actividade lucrativa. Para que haja trespasse preciso que aquilo que se transmite seja um todo organizacional, dotado de uma autonomia prpria. A lei diz que no h trespasse nos casos do 115/2 a) e b) RAU porque nestes casos no transmitido o conjunto de elementos que constituem o EC ou porque lhes seja dado outro destino. O 37/2 LCT considera que, no caso de qualquer acto que envolva a transferncia
da empresa, h uma transmisso da posio contratual da entidade patronal estas 2 situaes so reflexo da viso unitria. Existe uma obrigao por parte dos trespassantes de no exercerem uma actividade comercial idntica que desenvolvia o Estabelecimento Comercial transmitido, actividade essa que, pela sua proximidade espacial e temporal com o Estabelecimento Comercial transmitido, possa prejudicar a fruio da sua clientela. Trata-se de uma clusula contratual que consagra a obrigao de no concorrncia ou obrigao de garantia (esta clusula vale mesmo no silncio da lei). H quem entenda que o vendedor deve permitir a fruio completa da coisa vendida ao comprador (vd. 913 CCiv) tambm nos casos de transmisso do Estabelecimento Comercial. A violao desta obrigao de garantia acarreta responsabilidade civil contratual e mesmo uma sano pecuniria compulsria. H sempre lugar apreciao da proximidade espacial e temporal das actividades concorrentes, tendo em conta os elementos temporais e espaciais. O art.115/2 prev uma situao de falso trespasse e visa acautelar o uso desta figura por aqueles que pretendem fugir s regras gerais que exigem a autorizao do senhorio para ceder o arrendamento de um imvel. No entanto, no podemos aplicar letra os dois pontos do 115/2, temos que fazer uma interpretao restritiva: IV. na alnea b) exige-se o conluio das partes (no sentido de mudana do ramo); V. na alnea a) no se pode dizer que para haver trespasse tem que se transmitir todos os objectos singulares do Estabelecimento Comercial, mas apenas o ncleo essencial desses bens. Com o trespasse tambm se transmitem as respectivas dvidas? Ao transmitirem-se os direitos, tambm se transmitem as obrigaes (o passivo)? No, os elementos passivos no se transmitem com o trespasse. Para que assim seja necessrio o consentimento dos credores do contraente trespassante 595ss e 825 CCiv. Cesso de explorao do EC: locao do Estabelecimento Comercial. Consiste num negcio jurdico atravs do qual o titular de um Estabelecimento Comercial transmite a outrem, a ttulo oneroso e temporrio, a fruio desse Estabelecimento Comercial. O transmitente dessa fruio ou gozo continua a ser titular desse
Estabelecimento Comercial (cedente ou locador) e o seu parceiro o cessionrio ou locatrio. C.Abreu: no se deve referir este negcio jurdico como cesso de explorao mas sim a locao do EC 1022 CCiv A transmisso do Estabelecimento Comercial deve ser sempre temporria. Se for definitiva estamos na figura do trespasse. No caso da cesso sempre um negcio jurdico oneroso. A forma exigida para a cesso o documento particular 111 RAU (DL 64A/2000). O cessionrio poder usufruir dos lucros mas, como contrapartida, ter sempre que pagar ao cedente. A lei estabelece no 111/1 que o contrato de cesso comercial no havido como arrendamento. Logo, uma das consequncias importantes a no aplicao do 68/1 do RAU, segundo o qual o arrendatrio pode impedir a renovao automtica do contrato. S haver cesso, se essa cesso do Estabelecimento Comercial for como um todo, for cedida na globalidade dos seus elementos e no seja para exercer um outro tipo de ramo. Pretende-se prevenir as falsas cesses de explorao. Haver arrendamento se apenas se puser disposio do locatrio as quatro paredes. J no haver cesso de explorao se o imvel no for cedido juntamente com os materiais e bens indispensveis ao arranque do EC. O arrendamento sempre celebrado por perodos de 1 ano e automaticamente renovvel; o arrendatrio que pode renunciar o contrato e no o senhorio: 68 RAU A cesso de explorao temporria. No faz sentido pedir a autorizao ao senhorio. A lei que permite a transmisso definitiva sem autorizao, tambm permite a transmisso temporria sem ela ou seja, a lei que permite o mais tb permite o menos argumento por maioria de razo (interpretao enunciativa). O art.111/2 manda aplicar o 115/2 RAU. Tambm existe a obrigao de no concorrncia 1031 b) e 1037/1 C.Civil: o locador no pode praticar actos que impeam ou diminuam o gozo da coisa pelo locatrio durante todo o contrato. No h limites temporais, h limites espaciais.
Concorrncia desleal: um instituto que visa proteger os comerciantes contra os actos desleais dos seus
concorrentes. Vigora o princpio da liberdade de concorrncia entre os comerciantes, mas com limites: quem exerce a sua actividade comercial de forma desleal actua abusivamente, estando sujeito a sanes penais e civis. No Direito Portugus os actos de concorrncia desleal esto regulados no CPI (212ss) delitos contra a propriedade industrial. O 212 uma clusula geral em que cabem outros actos que no so violadores dos direitos a previstos. Ex: A, comerciante, morre e deixa dois filhos (B e C). Em partilhas, o Estabelecimento Comercial coube a B. Posteriormente, C decidiu abrir na mesma cidade um Estabelecimento Comercial, com nome diferente, mas anunciando que o outro Estabelecimento Comercial havia mudado de lugar. um acto de concorrncia desleal, sempre que esteja a violar o 212 CPI. C incorre em responsabilidade civil e penal. art. 483 CCiv (responsabilidade civil extracontratual) h violao de um direito de outrem ou de um interesse juridicamente protegido (= interesse do comerciante na conservao da capacidade lucrativa do Estabelecimento Comercial de que titular). O instituto da concorrncia desleal visa proteger o Estabelecimento Comercial como um todo, na sua globalidade, enquanto organizao comercial apta a dar lucro. A tutela do Estabelecimento Comercial realiza-se em dois planos: I. atravs de normas que visam proteger, na sua individualidade especfica, os elementos que integram o Estabelecimento Comercial (objectos individuais); II. atravs de normas que protejam o Estabelecimento Comercial em si mesmo, e que funcionem como tutela geral ou complementar das anteriores normas. Ver tb art.260 CPI.
EC objecto de dtos reais O nosso dto concebe o Estabelecimento Comercial como objecto de direitos. Mas objecto de que direitos? Direito de propriedade, direitos de crdito. Qt aos dtos reais: A doutrina divide-se
Antunes Varela defende que no: - o 1302 CCiv no inclui o Estabelecimento Comercial. - o direito de propriedade s pode incidir sobre coisas corpreas. a maioria da doutrina (O.Carvalho, F.Correia) defende que sim. - o Estabelecimento Comercial, enquanto tal, pode ser objecto de direitos reais menores. Trata-se da melhor opinio, pois o prprio Cdigo Civil que admite o direito de propriedade sobre coisas imateriais dtos de autor, dto de propriedade industrial: 1303 CCiv. H tambm a possibilidade de um Estabelecimento Comercial ser objecto de um direito de usufruto (opinio pacfica na doutrina). A posio jurdico-real de um usufruturio sobre um Estabelecimento Comercial tambm vem definida por essa concepo unitria de Estabelecimento Comercial. O usufruturio deve assegurar a continuidade do Esumtabelecimento Comercial e a sua manuteno como todo, como uma unidade. Ser essa unidade que o usufruturio dever devolver quando cesse o usufruto. Mas, o usufruturio est impedido de tomar atitudes de gesto que possam trazer perigo capacidade lucrativa do Estabelecimento Comercial. Tambm no pode fechar nem liquidar o Estabelecimento Comercial. Possibilidade de o Estabelecimento Comercial ser objecto de aco de reivindicao da propriedade, da posse e de aco de reivindicao da posse. porque se concebe o Estabelecimento Comercial como um todo que se permite uma aco de reivindicao da propriedade ou aco possessria, caso contrrio, seriam necessrias tantas aces quantos os elementos que constituem o Estabelecimento Comercial. 4. EIRL (estabelecimento individual de resposabilidade limitada) DL 248/86, de 25 de Agosto O art. 601 regra geral que consagra o princpio da indivisibilidade do patrimnio comercial. Cada comerciante apenas pode ter um nico patrimnio que responde por todas as dvidas.
Excepo: o EIRL uma figura jurdica (= massa de bens que tm individualidade jurdica, em homenagem aos particulares fins econmicos respectivos). Esta figura tem subjacente uma velha aspirao dos comerciantes, que a limitao da sua responsabilidade, porque a prpria lei limita j a responsabilidade dos comerciantes em nome colectivo. Razes: I. invocam a natureza do comrcio; II. invocam o regime de responsabilidade dos bens do casal pelas dvidas do comerciante; III. a limitao da responsabilidade no implica necessariamente um prejuzo para os credores porque, embora a estes fosse impossvel fazerem-se pagar custa dos bens pessoais do comerciante, sempre podero fazer-se pagar com preferncia, dos bens afectos explorao comercial, em relao aos credores civis. Mas isto no bem assim, porque o comerciante pode fazer transferncias dos seus bens comerciais para o seu patrimnio pessoal, conforme lhe aprouver e vice-versa. O comerciante de um EIRL tem dificuldade em recorrer ao crdito. Mesmo que se negue a responsabilidade limitada ao comerciante, a prtica tem engendrado outros expedientes que conduzem ao mesmo resultado Sociedades fictcias. Assim, afigura-se melhor permitir aos comerciantes a possibilidade do Estabelecimento Comercial em nome individual e com responsabilidade limitada para no se correr o risco de proliferarem as sociedades fictcias. -Modelos fundamentais de construo jurdica desta limitao de responsabilidade I. Modelo de carcter jurdico-societrio (modelo alemo) O legislador alemo obteve esta limitao de responsabilidade atravs da permisso da criao de sociedades comerciais unipessoais (sociedade de responsabilidade limitada com base unipessoal SA ou sociedade por quotas com um nico scio)
II. Modelo de carcter jurdico-privatstico (modelo francs) Renunciou-se criao de uma nova pessoa jurdica (1 novo titular de dtos) e recorreu-se figura do patrimnio autnomo ou de afectao. Para obter aquela limitao bastaria criar, ao lado do patrimnio geral do comerciante, uma massa patrimonial especfica exclusivamente afecta actividade comercial do comerciante (cf. EIRL). Foi este o caminho que o legislador portugus seguiu nos arts.10 e 11 do DL EIRL consagra-se uma autonomia patrimonial perfeita. O legislador no seguiu o caminho da constituio de uma sociedade unipessoal porque a doutrina deu sempre por adquirido que a sociedade tem um paradigma contratualista. Como um contrato exige sempre duas pessoas, uma sociedade constituda por uma pessoa algo inconcebvel. Constituio do EIRL Sujeitos: um EIRL apenas pode ser constitudo por uma pessoa fsica ou singular. Essa pessoa pode j ser comerciante ou no. No sendo, com a constituio do EIRL, o seu titular passa a ser comerciante, com os dtos e obrigaes inerentes a essa qualidade: (art.1). O EIRL no sujeito de direitos, no tem personalidade jurdica. apenas objecto de direitos. O sujeito de dtos o comerciante. O comerciante s pode ser titular de um nico EIRL, caso contrrio a aquisio ser nula, se uma pessoa adquiriu o EIRL por acto inter vivos. H uma obrigatoriedade de alienao se ele lhe chegar s mos mortis causa. Est vedada a possibilidade de uma pessoa colectiva ser titular de mais de um EIRL. Forma: o EIRL deve ser constitudo por documento particular, salvo se forem efectudas entrdas em bens para os quais a lei exija escritura pblica (deve ter as menes previstas no art.2 do DL). As alteraes tambem esto sujeitas a registo. Registo: a lei no atribui eficcia constitutiva ao registo do EIRL. Aplicam-se as regras gerais (eficcia declarativa). Aqui, o registo constitui condio de oponibilidade face a terceiros, embora os actos sejam vlidos inter partes (vd. arts. 5 e 6). Capital: de 5 000 , dos quais 2/3 tm de ser em numerrio. O capital deve
estar totalmente liberado no momento da constituio do EIRL. Intangibilidade do capital do EIRL em que momento possvel a distribuio dos lucros ou quantias provenientes da actividade do EIRL? Temos que distinguir: I. lucros lquidos do exerccio: admissvel a sua desafectao do EIRL, qualquer que seja o destino a dar a esses lucros. Se as quantias desafectadas excederem o valor dos lucros lquidos, o titular tem a obrigao de as restituir. Quanto a esse excesso, tem a responsabilidade ilimitada (14/2). II. Todas as restantes quantias: como no so lucros lquidos, d a ideia absurda de que, no 14/1, apenas se probe tais desafectaes caso o destino a dar a essas quantias seja estranho ao EIRL. Logo, a contrario parece possvel, se se destinar ao fim do EIRL. Funcionamento do EIRL Cabe exclusivamente ao respectivo titular: Art. 8 - administrao do EIRL pode ser gratuita/onerosa Sendo onerosa, a remunerao nunca pode ser superior ao equivalente a 3 salrios mnimos nacionais. Se assim no fosse, estaria aberta uma via legal para transferir do patrimnio do EIRL para o patrimnio pessoal, sem que a lei o pudesse impedir. Publicidade do EIRL tem que elaborar um balano (oramento) anual sujeito a parecer do revisor oficial de contas. A violao desta formalidade implica implica resp. contravencional. Apreciao crtica do regime legal Pode haver dvidas, se existe coordenao entre o legislador do EIRL e o legislador do CSC. As duas figuras, EIRL e sociedades individuais de responsabilidade limitada, visam atingir a mesma finalidade limitar a responsabilidade para o comerciante em nome individual. A justificao fundamental para basear a construo do EIRL na figura do patrimnio autnomo, assenta no paradigma contratualista que fazia com que a sociedade unipessoal fosse algo de inconcebvel. Isto desapareceu porque, em quase todos os pases da Europa, a sociedade unipessoal uma realidade jurdica admissvel. O prprio legislador portugus reconhece a legitimidade dele (488
CSC).
EIRL / Estabelecimento Comercial O EIRL no constitui necessariamente um Estabelecimento Comercial por duas razes: I. A natureza jurdica do Estabelecimento Comercial a de uma universalidade (coisa incorprea), enquanto que a do EIRL a de um patrimnio autnomo. II. O EIRL no implica necessariamente a existncia de um Estabelecimento Comercial e implica necessariamente a existncia de apenas um Estabelecimento Comercial. No momento da constituio do EIRL no existe ainda, normalmente, um conjunto de base de situaes factcias econmicas aptas a gerar lucro (Estabelecimento Comercial). EIRL / Autonomia patrimonial Na generalidade das legislaes atribui-se uma autonomia patrimonial imperfeita ao EIRL, ou seja, o patrimnio geral do comerciante no responde pelas dvidas do EIRL, muito embora o patrimnio do EIRL possa responder no s pelas dvidas do EIRL, mas tambm pelas dvidas pessoais do titular. Mas, h preferncia dos credores do EIRL em relao aos outros. No direito portugus, d ideia que temos uma autonomia patrimonial perfeita: Art.11 pelas dvidas do EIRL respondem apenas os bens do EIRL (e no os bens pessoais). Art.10 o patrimnio do EIRL est exclusivamente afecto ao pagamento das dvidas do EIRL (e no das dvidas pessoais do seu titular). Isto no est correcto. Tal autonomia patrimonial perfeita, a ser consagrada, no admissvel. Mesmo nas sociedades comerciais de responsabilidade limitada (S.A. e sociedades por quotas) o scio no beneficia de uma autonomia patrimonial perfeita. Mesmo nas S.A. o scio responde s at ao valor da sua entrada. Os arts. 10 e 11 estabelecem excepes, de tal modo que no se pode falar de uma autonomia patrimonial perfeita. Art.10 o patrimnio responde apenas pelas dvidas desse mm patrimnio. sem prejuzo do disposto no art. 22 permite que se penhore o patrimnio do EIRL, por dvidas alheias respectiva explorao, sempre que os credores civis do
titular do EIRL provem a insuficincia dos bens no patrimnio comum desse comerciante devedor. Opinio: o que o mesmo que dizer que no h autonomia patrimonial, porque isto fcil de provar. Os credores s podem penhorar o patrimnio do EIRL como um todo. Art.11 esto tambm previstas excepes nos n 2 e 3 do art.11: Art.11/2 sempre que o comerciante seja declarado falido e se verifique que na administrao do EIRL no foram observados os princpios de uma gesto criteriosa. Ex. apurar a transferncia de bens do patrimnio para o patrimnio pessoal, entende-se que deve ser recusado o benefcio da responsabilidade limitada. H duas massas patrimoniais distintas e sempre que a autonomia dessas massas no seja respeitada, a lei retira o benefcio da responsabilidade. limitada. Pode-se perguntar se ser correcta a limitao do benefcio da responsabilidade limitada nos casos em que existe falncia. Ora, admite-se que os titulares possam desviar bens do patrimnio do EIRL para o seu patrimnio pessoal. O que no se admite que essa operao conduza situao de falncia. Questo: Ser que o legislador no deveria ser mais rigoroso / preventivo? Na prtica isto permite que se operem transferncias, o que obriga a que o titular do EC cuide que o passivo no seja superior ao activo, o que acaba por conduzir a manobras contabilsticas. Estas, sim, retiram garantias aos credores e podem levar falncia. Da que a lei devia ser mais rigorosa com vista a prevenir o risco de falncia. mbito mnimo, natural e convencional no trespasse do Estabelecimento Comercial Mnimo: conjunto de elementos indispensveis para que se possa falar na transmisso do Estabelecimento Comercial. So as bases essenciais e necessrias para identificar a empresa que foi objecto do negcio jurdico. Se for desrespeitado, no h trespasse mas apenas transmisso de bens singulares. Mas, no possvel ver a priori qual o mbito mnimo do Estabelecimento Comercial. Tem que se ver em cada caso concreto. Isto j resultava da ideia restritiva do (art. 115/2 a). O mbito mnimo aquele que tem sempre que existir.
Natural: Nos casos de um negcio jurdico sobre o estabelecimento no indicar quais os elementos que concretamente se incluem na transmisso (no silncio do negcio jurdico), coloca-se a questo de saber quais so os elementos que se transferem so os que fazem parte do mbito natural (no caso de silncio das partes). Ex: sinais distintivos do prprio Estabelecimento Comercial: nome, insgnia, logotipo, marca... Pelo menos o nome e a insgnia tm que integrar um certo numero de transmisses. Para alm destes, tambm se inclui todos os elementos necessrios para o desencadeamento da actividade comercial do Estabelecimento Comercial. Ex: mercadorias, mquinas, mobilirio, matrias primas... bens imveis? Quando o Estabelecimento Comercial funciona em imvel que propriedade do seu titular, no silncio das partes, h ou no transmisso do direito de propriedade sobre o estabelecimento? H quem diga que sim e que no: depende do tipo de actividade desenvolvida e da importncia que o prdio tem para desenvolver essa actividade. Ex: Se o EC um Hotel, o espao essencial, neste caso ia considerar-se que faz parte do mbito natural, logo tambm h transmisso da propriedade do edifcio. Outro Ex: propriedade dos automveis privados, aqui a transmisso tambm pressupe a transmisso do espao, porque essencial para o desenvolvimento da actividade transportadora. H imveis que no so incorporados para o desenvolvimento da actividade Ex: prestao de servios. Aqui, mais importante a carteira de clientes do que o espao onde se encontra o servio. Mas, na maior parte das situaes, o Estabelecimento Comercial funciona em locais arrendados, e o contrato de arrendamento considerado tambm mbito natural da transmisso do Estabelecimento Comercial. O art.115/1 salvaguarda que possa no ser transmitido, mas, no silncio das partes, h tambm a transmisso da posio de arrendatrio (est integrada no mbito natural). Alm disso, os contratos de trabalho tambm acompanham a transmisso do Estabelecimento Comercial (art. 318 CT) tambm podem fazer parte do mbito natural. Sempre que h transmisso do Estabelecimento Comercial, h naturalmente a transmisso dos contratos de trabalho, a no ser que haja acordo noutro sentido.
Quanto aos contratos de locao financeira, o DL 149/95 equipara a transmisso de locatrio transmisso da posio de arrendatrio, no preciso o consentimento da empresa de locao financeira (do locador). Aplica-se o regime que vale para o arrendamento. Logo, no silncio das partes, faz parte do mbito natural (contratos de locao financeira). NB: Todos estes elementos se transmitem naturalmente com o Estabelecimento Comercial, salvo se asua trasferncia for excluda pelo clausulado do negcio jurdico. Convencional: so elementos que s so transmitidos se houver acordo entre o trespassante e o trespassrio. Firma do trespassante: este tem uma firma mas, em princpio ela no transmitida, a no ser que haja acordo. A firma identifica o comerciantee no o Estabelecimento Comercial, ao contrrio da insgnia que identifica o Estabelecimento Comercial. Crditos da Estabelecimento Comercial: tambm se podem transmitir, mas apenas mediante acordo, porque se aplica aqui a cesso de crditos regulado no Cdigo Civil, e que no prev qualquer norma que estabelea a transmisso automtica dos crditos com a transmisso do Estabelecimento Comercial. Logo, aplica-se o regime geral da lei civil art. 577 ss CCiv preciso acordo entre trespassante e trespassrio, no preciso o consentimento dos devedores, apenas h a sua notificao (art. 583CCiv). Isto para os devedores saberem a quem devem fazer a prestao em dvida at data do vencimento. Dvidas do EC (do passivo): exige um acordo entre trespassante e trespassrio, mas isto no basta. preciso uma ratificao dos credores, ou seja, que estes consintam a transmisso art. 595n1 a) e n2 CCiv. Se os credores se limitarem a consentir a transmisso, A e B, trespassante e trespassado, respondem solidariamente pelas dvidas, salvo se por conveno expressa se exonere o antigo devedor. Seno, h responsabilidade solidria entre A e B. Isto porque um estabelecimento comercial no tem autonomia patrimonial. Logo, pelas dvidas do Estabelecimento Comercial respondem todos os bens de A, e os credores no podem ficar desprotegidos face s dvidas que eles no autorizem a transmisso: por isso preciso consentimento. Para os
Cap. V Os instrumentos jurdicos da actividade comercial 5.1-Sinais distintivos do comrcio: So os instrumentos jurdicos da actividade comercial. So sinais distintivos aqueles que servem para individualizar ou identificar no mercado, determinados sujeitos jurdico-comerciais nomeadamente o comerciante, o EC ou seus produtos e os servios desse EC. Os trs principais so: I. a firma (sinal identificador do comerciante) II. nome e insgnia (sinal identificador do EC) III. marca (sinal identificador dos produtos ou servios do EC) Todos este sinais possuem algumas caractersticas comuns: IV. todos esto protegidos por direitos absolutos (conferem ao seu titular um direito do uso exclusivo, erga omnes) V. todos so de uso facultativo (salvo a firma) VI. so de carcter acessrio, embora constituam em si mesmos bases jurdicas que a lei protege autonomamente, tm uma funo meramente instrumental em relao ao sujeito que individualizam, no sendo susceptveis de uma fruio independente do sujeito ou objecto embora a lei permita que, em certos casos se possa alienar o sinal distintivo de um sujeito ou objecto. 1-A Firma: (H duas acepes diferentes) 1.1-Generalidades VII. concepo objectiva (pases anglo-saxnicos) a firma um sinal distintivo do prprio EC o que tem como conseqncia que: Pode ser constituda livremente; Pode ser livremente transmitida, sem necessidade de qualquer acordo expresso; O comerciante apenas poder utilizar na sua actividade mercantil o seu nome civil. VIII. Concepo subjectiva (direito alemo) a firma um sinal distintivo do titular do EC ( do comerciante ). uma designao nominativa utilizada pelo
comerciante no exerccio da sua actividade mercantil. A firma identifica o indivduo, na sua individualidade econmica, assim, como o nome civil identifica o indivduo na sua individualidade civil, o que sinifica que: IX. A firma no pode ser livremente composta porque tem que partir do nome civil do comerciante X. Como est intrinsecamente ligada pessoa do comerciante, a firma no , em princpio livremente transmissvel. Na prtica, a firma mais um sinal identificador da empresa do que do comerciante. Por isso, a legislao tem permitido que a firma possa ser transmitida juntamente com o EC para que seja preservada a clientela do EC, no prejudicando assim o trespassrio do EC. A concepo da legislao portuguesa a subjectiva, o que j resultava do art.18 CCom, mas tambm se chega a essa concluso atravs do DL 129/98, de 13 Maio, relativo ao regime de registo nacional de pessoas colectivas art.8ss. 1.2-Regras da constituio da firma: H que distinguir: - Constituio da firma do comerciante em nome individual - Constituio da firma da sociedade comercial A) Contudo, h aspectos gerais da composio das firmas que valem para todas: 1. a firma um sinal de uso obrigatrio; isto vale quer para o comerciante em nome individual, quer para a sociedade comercial. A consequncia jurdica que decorre da omisso deste dever: a) nas sociedades comerciais, uma vez que a sua constituio exige a exibio perante o notrio de um certificado prvio da admissibilidade, a inexistncia da firma implica um obstculo constituio do Estabelecimento Comercial porque a exibio desse certificado prvio escritura pblica da constituio. b) no comerciante em nome individual, a inobservncia da firma tem sanes meramente contra-ordenacionais, j que os actos praticados por um comerciante em nome individual sob o seu nome civil so vlidos. 2. a firma um sinal de uso nominativo; dever sempre consistir na expresso verbal, com excluso de todos os elementos figurativos ou emblemticos. Regras: a firma tem que ser redigida em lngua portuguesa embora possa haver
palavras estrangeiras; no pode ser ofensiva aos bons costumes ou incompatvel com ideologias. No pode conter trespnimos. Enquanto sinal nominativo, a firma pode ser constituda apenas com o nome de uma pessoa ou vrias pessoas e temos ento: firma nome ou firma denominao, que composta a partir de uma expresso relativa ao ramo que exerce, e ainda a firma mista que engloba na sua formao ambos os elementos. 3. o registo tem eficcia constitutiva; O direito firma, como direito exclusivo que erga omnes, s nasce para o respectivo titular a partir da data do respectivo registo definitivo. O certificado da admissibilidade uma nova presuno iuris tantum de que a pessoa titular do direito e, enquanto tal, sujeitos a prova em contrrio. A necessidade da prova deixa de existir a partir do registo. Mas, tambm as alteraes subsequentes dessa firma esto sujeitas a registo definitivo. B - Aspectos especficos da firma: 1. Comerciante em nome individual art. 38 DL A firma dos comerciantes em nome individual deve basear-se no respectivo nome civil. Este nome poder sofrer algumas alteraes (nome completo ou abreviado) e poder conter ou no um aditamento qualitativo relativamente actividade mercantil concreta que o comerciante exerce, ou at uma expresso de fantasia. Mas, o ncleo sempre o nome civil. Est vedado que a firma possa ser composta na base de uma simples expresso de fantasia. Ex: pode adoptar a firma Joo o pescador, mas no a firma o pescador. Isto tem a ver com o regime da responsabilidade a que esto sujeitos estes comerciantes e a necessidade de salvaguardar os seus credores. Como respondem com todo o seu patrimnio (afectos ao Estabelecimento Comercial e pessoal) pelas dvidas do Estabelecimento Comercial, importante para os respectivos credores saber a identidade do comerciante. Excepo: Para os comerciantes em nome individual titulares de uma EIRL, a firma deve ser constituda pelo nome, mas deve conter um aditamento obrigatrio (= sigla EIRL) continua tb a valer as regras de um aditamento facultativo art.40 DL. Aqui, um sinal identificador da EIRL e no do comerciante
3. Sociedades comerciais art 37/1 DL Varia consoante o tipo de sociedade em causa. H quatro tipos de sociedades comerciais: a) Sociedade em nome colectivo: a firma deve ser obrigatoriamente composta a partir do nome dos respectivos scios firma-nome art.37 do DL e 177 CSC. Isto, na base do nome dos scios, de alguns dos scios ou de apenas um dos scios. S quando no est includo o nome de todos os scios que se deve acrescentar firma um aditamento obrigatrio: e Companhia. H a possibilidade de um terceiro no scio autorizar que o seu nome figure na sociedade. Passa o terceiro a responder solidria e individualmente pelas dvidas da sociedade, embora subsidiariamente. A firma tambm pode ser uma firma mista que inclua uma meno ao objecto da sociedade (actividade) e ao nome civil: isto possvel. c) Sociedade em comandita: art.37DL e 467 CSC Regra: A firma sempre uma firma nome. Especialidade: a firma destas sociedades ter de incluir, pelo menos, o nome de um scio comanditado. Nestas sociedades, existem os scios comanditados (respondem ilimitadamente) e os scios comanditrios (respondem limitadamente); a firma tem que incluir tambm o aditamento obrigatrio em comandita ou & comandita ou Comandita por aces . A firma deste tipo de sociedade pode incluir o nome de um scio comanditrio ou at um terceiro, mas neste caso, quer um quer outro ficam sujeitos a uma responsabilidade a que esto sujeitos os scios comanditados. Tambm aqui, h quem defenda a admissibilidade de uma firma mista. A razo para que as sociedades de pessoas tenham uma firma que seja obrigatoriamente composta pelo nome civil dos respectivos scios, liga-se responsabilidade destes scios. Os terceiros que negoceiam com a sociedade tm que saber quem so os scios, porque as garantias dos crditos no dependem apenas do patrimnio social, mas tambm do patrimnio pessoal dos scios, para saber se eles oferecem garantias de cumprimento. Isto no acontece nas sociedades de capitais: o mximo que os credores podem exigir o capital social. Logo, j no necessrio saber a identidade dos scios, porque o capital social que relevante e no o pessoal.
d) Sociedade por Quotas art 37 DL e 200CSC A firma pode ser uma firma nome (nome dos scios), firma denominao (expresso relativa ao objecto da sociedade) ou constar elementos de ambos firma mista. Em qualquer caso, deve conter o aditamento obrigatrio relativo ao tipo de sociedade & LDA ou & Limitada. Especificidade: pode-se falar em firma denominao ou firma mista (quando no incluem ou s incluem parcialmente o nome dos scios); s se admitem excepes relativas ao objecto social e no expresses de fantasia. Quando se diz que elas se tm de referir ao objecto social (firma mista ou firma denominao) estamos a falar do objecto social estatutria. Se uma sociedade com um determinado objecto social estatutrio passar a exercer outro tipo de actividade que no este previsto nos estatutos, a lei prev obrigatoriamente uma alterao da firma e dos estatutos conforme a nova situao (para incluir um novo objecto que a sociedade vai desenvolver) art 200/2 CSC. A lei no clara, mas parece que no de admitir a possibilidade de composio de uma firma-nome nestas sociedades, a partir do nome civil de terceiros no scios. e) Sociedade Annima art.37 DL e 275CSC As regras de composio so essencialmente as mesmas. A firma pode ser: firma-nome, firma-denominao ou firma-mista. Tem que incluir o aditamento obrigatrio S.A. ou sociedade annima. Valem aqui as especificidades atrs referidas. S pode haver expresses relativas ao objecto social estatutrio. XI. Alterao da firma aquando da alterao do objecto XII. Tambm no pode ser composta por nome de terceiro no scio.
1.3-Problema da transmisso da firma ou firma adquirida art. 44 DL Embora a legislao portuguesa tenha adoptado a concepo subjectiva da firma, e como tal, a firma deve ser intransmissvel, isso veio ser temperado pelas
exigncias prticas. Se no fosse possvel a transmisso da firma do Estabelecimento Comercial, era amputado um dos elementos mais importantes: a clientela que est sempre muito ligado ao nome e ao comerciante que explora o Estabelecimento Comercial. Para evitar este resultado, as legislaes que adoptaram uma concepo subjectiva tiveram que consagrar uma imposio prevista no art. 44DL fala-se aqui em firma adquirida. A transmisso no , porm, livre. Est sujeita a determinados requisitos: 1. S se pode transmitir se houver a transio do Estabelecimento Comercial em cuja explorao a firma utilizada (art. 44/4). Tem em vista a proteo dos interesses de terceiro, credores do Estabelecimento Comercial, porque poderiam ter a iluso de continuar a ser titular do Estabelecimento Comercial o anterior proprietrio, quando de facto j no . 2. Exige-se um acordo expresso, por escrito no sentido da transmisso (art.44/1). Se se tratar de uma transmisso do Estabelecimento Comercial inter vivos, h duas hipteses: a) transmisso de um EC que pertence a um comerciante em nome individual: a exigncia de acordo expresso baseia-se numa autorizao por escrito do comerciante em nome individual. b) Se o transmitente for uma Soc. Comercial e figurem o nome de um ou mais scios, exige-se autorizao desse ou desses scios. Se transmissvel por mortis causa, a firma do antigo titular s poder ser utilizada com a concordncia dos seus herdeiros. 3. Exige-se um aditamento expresso da sucesso na firma art.38n2. Se adquirente for um comerciante em nome individual dever aditar firma originria a expresso sucessor deou herdeiros (consoante a transmisso seja inter vivos ou mortis causa), qual se seguir a firma do anterior titular. Se o
adquirente for uma sociedade comercial, firma da sociedade adquirida dever aditar-se a expresso sucessores qual se seguir um aditamento ao tipo de sociedade (sucessores, SA , Sucessores, Lda) seguido da firma adquirida do anterior titular. 1.4 - Princpios bsicos do regime legal da firma: 1. Princpio da Verdade: art.32DL A firma dever corresponder situao real a que respeita, no podendo constar elementos susceptveis de falsear essa realidade de forma a provocar confuso no pblico (terceiro em geral), quer quanto identidade do empresrio ou objecto da sua actividade comercial (no caso do comerciante em nome individual), quer quanto ao tipo de sociedade, identidade dos scios ou natureza do objecto que ela desenvolve (caso das sociedades comerciais). Fundamento do Princpio: preocupao em salvaguardar a permanente adeso da firma realidade e evitar qualquer confuso quanto ao mbito da responsabilidade por dvidas das pessoas que exploram a empresa. Uma grande parte das normas que regem a constituio da firma (firma originria) e a transmisso da mesma (firma adquirida) baseiam-se naquela finalidade de evitar que o pblico seja induzido em erro. A lei prev no art. 33/3 que se o scio de uma Pessoa Colectiva deixa de o ser, tenha o prazo de um ano para tirar o seu nome da firma. Princ. Da Novidade ou da Exclusividade: art.33 a 35 As firmas devero ser distintas para que no se confundam com as outras firmas anteriores j registadas. A firma confere ao respectivo titular um direito exclusivo do uso . O Estado quer assim garantir a funo da firma, que uma funo individualizadora do sujeito jurdico-comercial. Traduz-se numa inequvoca identificao por terceiros do sinal que se quer distinguir, assim como numa exclusiva utilizao pelo seu titular. Critrios da Aferio da novidade: Atendendo ao objecto subjacente a este princ. No se exige que as firmas no contenham elementos comuns e entre firmas j registadas. O que se exige que uma firma no possa ser confundida de um modo global com outras firmas impossibilidade do seu contedo global. Isto traduz a novidade, mas h que saber
qual o critrio da inconfundibilidade da firma diligncia do homem mdio. Para se saber se uma firma ou no nova, h que recorrer ao homem normal, se esta podia ou no ser confundida com outra firma. Logo, no se atende aos critrios da inconfundibilidade subjectiva. Mas, a lei consagrou critrios auxiliares desta apario da novidade: tipo de pessoa, afinidade, domiclio, mbito territorial Assim, pode-se apreciar a novidade em termos mais objectivos. A novidade da firma aferida, no s relativamente a outras firmas anteriormente registadas, mas tambm se tm em conta outros sinais distintivos do comrcio, de outro tipo (marca, sinais, signas). Desta forma, alarga-se o mbito da inconfundibilidade. Uma das modalidades da firma firma nome. Este tipo de firma que admitido, e que equivale a dizer que nos casos da homonmia so mais vezes admitidos, dado que se fazem aditamentos relativamente ao objecto da explorao da mesma firma ( e estes sim so inconfundveis a novas). Em relao aos comerciantes que exeram simultaneamente vrios ramos do comrcio, tambm duvidoso admitir-se como lcita a utilizao por esse comerciante de firmas distintas ou, pelo contrrio, questiona-se se seria necessrio exigir ao comerciante o uso da mesma firma. No direito anterior, a doutrina dominante (F. Correia) ia pela primeira posio, at o prprio uso da mesma firma podia gerar confuso e podia limitar a liberdade dos comerciantes a exercer outras actividades. Hoje adoptada a segunda posio: uma s firma para cada comeciante. Quando no aspecto do exclusivismo, pretende significar que a firma atribui ao seu titular um uso exclusivo, delimitando o mbito territorial de proteco. O mbito de proteco territorial varia: a) para as firmas dos comerciantes em nome individual, o mbito territorial corresponde ao mbito da competncia da conservatria do registo comercial competente art. 38/4. Seria uma grave limitao imposta por lei, ao funcionamento do mercado, impedir que o comerciante tenha uma proteco alm do seu mbito territorial. Assim, o comerciante deve pedir um aditamento alusivo ao seu comrcio, mediante a solicitao da apario da novidade da firma a nvel nacional; b) para as sociedades comerciais, art. 37/2, o mbito territorial de proteco da
firma todo o territrio nacional. S aps o registo definitivo que a exclusividade que a firma atribui ao comerciante opera. 4. Princpio da Unidade: art.38/1 Significa que uma pessoa ou uma sociedade comercial apenas pode ser titular de uma nica firma. Fundamento: Salvaguarda do interesse da segurana do trfico comercial. Quanto s Sociedades Comerciais, a firma est para eles como o nome civil est para cada um de ns. Trata-se de um sinal identificador pelo que s deve haver um. A existncia de mais do que uma firma podia levar iluso dos credores de que existia mais do que uma sociedade comercial. EXCEPO: caso da transmisso da firma. Uma sociedade comercial passa a explorar duas empresas: a empresa originria e a empresa que adquire, sob uma nica firma. Outra excepo: A sociedade passa a explorar duas empresas, cada uma com a sua firma (=excepo ao princpio da unidade). Quanto ao comerciante em nome individual, as dvidas acerca do princpio da unidade, neste domnio, desaparecem. Uma excepo ao principio da unidade: comerciante em nome individual que seja titular de uma EIRL e simultaneamente titular de outro Estabelecimento Comercial. Neste caso, o comerciante titular da respectiva firma e da firma da EIRL (ser sempre uma firma necessariamente distinta).
Caracterizao do direito firma: (H vrios entendimentos) I. Segundo o princpio da exclusividade, o direito firma um direito absoluto, oponvel erga omnes. II. Alguns autores dizem que um direito de personalidade, com carcter puramente material. Constitui uma variedade do direito ao nome. III. Outros entendem que se trata de um direito real, como bem imaterial que
seria o sinal distintivo do comrcio a firma. IV. H ainda quem entenda que esta questo no tem relevncia prtica. Mas tem relevncia porque dependendo da qualificao que adoptarmos, podemos considerar ou no o direito firma um sujeito autnomo das relaes jurdicas (penhor, etc). O titular de uma firma titular de um dto absoluto oponvel erga omnes com as condies da decorrentes: registo, mbito territorial.
Meios de defesa contra a violao do dto firma: Art. 62 DL + art. 483 CCiv + art 227 CPI O titular tem dto de proibir o uso ilegtimo das firmas a um terceiro. Este direito pode ser exigido quer judicial quer extra judicialmente (mesmo que o uso da firma seja meramente parcial). No tem que se provar a existncia de qualquer dano, j que nem sequer se exige que haja dano. Se existirem danos, o titular pode exigir uma indemnizao por perdas e danos (483CCiv). Tambm pode haver lugar aplicao de sanes penais no caso de uso doloso: art.212 e 227 CPI. A validade destas garantias est sujeita a vrios aspectos: - As garantias valem para as firmas constituidas em Portugal; como para as firmas dos pases signatrios do acordo de Paris sobre a propriedade industrial. - As garantias valem apenas para as firmas registadas. Sempre que o uso do direito firma por terceiros possa ser considerado como um acto de concorrncia desleal, poder o titular da firma no registada ter alguma proteco, por fora da aplicao das normas da concorrncia desleal: sanes penais e civis.
Extino da firma:
Art. 62ss DL Os sinais distintivos so bens protegidos autonomamente, pelo que a extino da empresa a que estes esto adstritos no implica a extino dos sinais. Mas, sempre que a lei seja omissa, a cessao da actividade mercantil, revela a cessao dos sinais utilizados na respectiva explorao. Causas de Extino: Gerais: (comuns) Existe sentena judicial que declara a sua extino e a sua revogao; por declarao da perda decretada pelo registo nacional das PsCs art60 ss DL Requisitos de que depende a declarao da perda: [O titular da firma poder conseguir um prazo para regular a situao do preenchimento dos requisitos] Especficos: 1. Dos comerciantes em nome individual: - falncia do comerciante. - Cessao da actividade desse comerciante, que seja seguida da liquidao da empresa ou da sua transmisso, sem transmisso da firma. - Morte do comerciante, seguida da liquidao da empresa em seguida da respectiva explorao, mas com existncia respectiva firma. 2. Das sociedades comerciais: - dissoluo ou liquidao da sociedade art. 146 n3 CSC
2- O nome e a insignia do Estabelecimento Comercia: (sinais identificadores do Estabelecimento comercial) art. 228 a 245 CPI A firma distingue-se do nome e insgnia do Estabelecimento Comercial em relao a 2 aspectos: Quanto funo:
A firma um sinal distintivo do comerciante (subjectiva) O nome e a insgnia so um sinal distintivo do EC (objectivo) A lei vedou a possibilidade de um nome ser composto com base apenas na firma do respectivo titular, embora tambm possa ser utilizada. Quanto sano: - Firma de uso obrigatrio - Nome e insgnia so de uso facultativo. O nome tambm se distingue da insgnia: ambos so sinais objectivos -- nome um sinal nominativo (palavras); insgnia um sinal figurativo (imagens) art. 228 a 245 CPI Constituio do nome e insgnia: Vigora o princpio da liberdade de constituio do sinal distintivo (diferente de firma). Por isso, a lei regula a composio do nome e insgnia pela negativa (no aquilo que no pode constituir nome e insgnia) - 231 CPI O nome pode ser composto exclusivamente por expresso de fantasia (diferente de firma), assim como pode ser constitudo por pseudnimo ou tb por nomes histricos desde que do seu emprego no resulte opresso. Alm disso, pode utilizar a firma, mas no exclusivamente. A insgnia pode ser constituda por palavras, mas tem que ter algum caracter figurativo (230CPS). Princpios Informadores do nome e da insgnia: 1. Princpio da Verdade , art.189 n1b) por remisso do 231n1 a). Podem-se adaptar expresses da fantasia, mas no errneos quanto s caractersticas dos comrcio a que se encontram adstritas. 2. Princpio da Novidade: esta sociedade tem um mbito mais alargado. No tem apenas como referncia os nomes e insgnias do mesmo tipo j registados, mas tem que ser tambm distintiva de qualquer outro sinal distintivo do Comrcio: firma ou marca.
3. Princpio da Unidade: art. 283CPI S vlido o registo de um nome e insgnia para cada E.C. logo, o mesmo comerciante pode possuir vrios Estabelecimento Comercial e pode cada um ter um nome e insgnia distintos. 4. Princpio da Eficcia distintiva: tambm vale para o nome e insgnia. Deve ser assegurada uma eficcia distintiva destes sinais, por forma a distinguir esses Estabelecimento Comercial em relao a outros Estabelecimento Comercial. Ex: no pode ser restaurante. Transmisso do nome e insgnia: art. 157 e 243 CPS (tem de haver acordo expresso por parte do anterior titular) Pode ser: gratuita/onerosa Inter vivos/mortis causa Mas, em qualquer dos casos s podem ser transmitidos em conjunto com a transmisso do respectivo E.C.. Excepo: quando haja conveno em contrrio, quando o nome e a insgnia envolvam tb a firma do comerciante: exige-se acordo expresso por parte do anterior titular. Vale no caso do trespasse, como no caso de explorao, do usufruto, etc. As regras de excepo operam em qq destes casos. A validade e eficcia da transmisso do nome e da insgnia depende da sua elaborao por escritura pblica e de ser averbamento, nos termos do art.158CPI. Caracterizao do dto ao nome: art. 242/245 CPI O direito ao nome e insgnia um direito real dos proprietrios sobre um bem industrial, que confere ao respectivo titular um direito de uso exclusivo. Trata-se de um direito temporrio: 2 anos (242) com limites especiais (232) e o registo aqui tambm tem eficcia constitutiva. Excepo: art. 2 Conv Unio de Paris vale tambm para as firmas. Todas as firmas que foram constituidas de acordo com a ordem jurdica do pas de origem (signatrios da Unio de Paris), so automaticamente vlidos em Portugal, independentemente de estarem aqui registadas. Est aqui patente o Princpio da Equiparao art.3 CPI. Esses direitos que esto aqui reconhecidos, esto sujeitos s mesmas regras dos que so constituidos em Portugal e, como tal, esto sujeitos caducidade por no uso, se a pessoa no
usar o nome durante 5 anos, caduca o seu direito ao mesmo, Art.245CPI os direitos so vlidos, mas esto submetidos s mesmas regras dos direitos registados em Portugal. Meios de tutela do nome e da insgnia: Todos os meios de defesa prprios de um direito de propriedade (1311 ss CSC). Sempre que algum constata a existncia de um nome ou insgnia que j est registado na sua titularidade, pode pedir a anulao do registo j feito ou opor-se constituio desse registo. Pode ainda solicitar sanes penais e civis do titular : 260 CPI (caso desleal) e 268 e 275CPI Extino do nome e insgnia: V. Caducidade (245 CPI) VI. Anulao por sentena judicial (244 CPI) A liquidao de um Estabelecimento Comercial no determina automaticamente a extino do nome e insgnia. A lei permite que o comerciante titular os utilize na actividade que venha a exercer. Trespasse: (5 aspectos) A. Faz parte do mbito natural a transmisso de certos contratos: contrato de trabalho, arrendamento, da posio do beneficirio de doao financeira. 1.Contratos de arrendamento: art.115 RAU. Havendo uma transmisso definitiva do Estabelecimento Comercial, ocorre tambm a transmisso da posio do arrendatrio, sem necessidade de do consentimento do senhorio. Este no se pode opor, mas o art.116 estabelece um direito de preferncia atribudo ao senhorio em casos de venda ou dao ou cumprimento do Estabelecimento Comercial. Tem direito de preferncia quanto aquisio do Estabelecimento Comercial. 2. Contratos de locao financeira: art.11 n2 DL 149/95: O art. 11 n1 diz que a transmisso da posio do locatrio feita nos mesmos termos da posio do arrendatrio, dispensado o consentimento do locador. Mas, o 11n2 estabelece um limite a essa transmisso: a transmisso da posio do locatrio no se d quando a empresa locadora se ope, mas a empresa locadora tem que provar que o trespassrio no oferece garantias bastantes de Execua do contrato. 3. Obrigao de no concorrncia: uma clausula implcita de todo e qualquer
negcio jurdico pelo qual se opera a transmisso definitiva do Estabelecimento Comercial. Essa obrigao tem um dado destinatrio: o trespassante, mas possvel em algumas situaes estender a obrigao a outros sujeitos. Alm do trespassado, pode estender-se a: cnjuge e filhos do trespassado, desde que se considere que o cnjugue beneficie dos conhecimentos do trespassado quanto explorao daquele Estabelecimento Comercial, nomeadamente nas suas relaes com fornecedores, clientes, bancos. Se abrisse um Estabelecimento Comercial podia fazer uma concorrncia diferenciada ao Estabelecimento Comercial do trespassrio. Esta hiptese pe-se quando o Estabelecimento Comercial um bem prprio do trespassante. Se um bem comum do casal, so trespassantes os dois cnjuges ambos so partes num negcio jurdico de transmisso e aqui j est abrangido pela obrigao de no concorrncia. Se uma obrigao prpria, ele o nico trespassante no negcio jurdico, na transmisso, e o cnjuge faria uma concorrncia qualificada face ao trespassrio. O mesmo se passa com os filhos concorrncia diferenciada se tm conhecimentos dos clientes, fornecedores, bancos... Se o Estabelecimento Comercial propriedade de uma sociedade comercial, se esta efectuar o trespasse, a prpria sociedade que fica inibida de exercer a concorrncia no Estabelecimento Comercial trespassado, que pode incidir sobre os scios da sociedade, se so administradores ou garantes de sociedade ou no caso de serem scios maioritrios, dado que s eles tm o poder de dirigir a sociedade. O trespassado a sociedade e no os scios, mas a obrigao incide sobre estes. 4. Obrigao da no concorrncia - Se o titular do Estabelecimento Comercial que a trespassa for proprietrio de outros Estabelecimento Comercial do mesmo ramo, quanto a estes Estabelecimento Comercial no tem a obrigao de no concorrncia, o que eles no podem abria um Estabelecimento Comercial novo que faa concorrncia ao trespassrio. Aqui, a obrigao vale para o futuro. 5. Obrigao de no concorrncia inderrogvel, implcita. Justifica-se a sua inderrogabilidade porque se pretende assim proteger o trespassrio. No pode ser afastada pela vontade das partes. C.Abreu - Defende que ela pode ser livremente afastada por vontade do trespassante e trespassrio porque o sujeito do interesse patrimonial que resulta do contrato pode livremente dispor desses mesmos interesses, ou seja, ela pode ser afastada pelo titular desses mesmos interesses trespassrio est relacionado
com a ideia de mercado da livre concorrncia. Logo, para ele a obrigao da no concorrncia uma clusula derrogvel N.B. Limites especiais: Meio de aco do Estabelecimento Comercial, que pode captar a clientela, tem que se ver em cada caso concreto. Limites temporais: tempo necessrio para o trespassrio consolidar os valores da organizao do Estabelecimento Comercial fixao de clientela despesas do tipo de actividade. 5.2-Ttulos de Crdito 1-Noes gerais e classificao 2-Letra de Cmbio: uma AC formal. A doutrina unnime no sentido de que a prtica de AC formais, no leva a atribuir a qualidade da conta. Ttulos de Crdito: Letra, livrana e cheque. O ttulo de crdito um documento necessrio para exercitar o direito literal e autnomo nele contido, um direito que incorpora um crdito, da ser um ttulo de crdito. O seu portador tem nas suas mos um documento que lhe permite exigir algo, a satisfao de um crdito. So documentos onde se verifica um fenmeno da incorporao do direito nesse documento, por isso se chama um direito cautelar , porque est incorporado num documento, o direito est incorporado no papel. 1- um documento especial: um documento que s encontra na dao especial com o direito neles incorporado. O documento constitui um elemento indispensvel para a existncia, o exerccio, a transferncia do direito. Ao contrrio dos documentos com mera funo probatria, o documento tem aqui uma funo constitutiva do direito. Ao contrrio dos documentos constitutivos normais a ttulo de crdito, indispensvel no s para a constituio do direito, mas tb para sua transio 2-Caracteriza-se pelo fenmeno da incorporao (do dto no documento). Da falase em direitos cartelares ( do dto ao documento). Da falar-se em direito cartelar
(incorporados em carta). Esta incorporao relevante em dois sentidos: A posse do documento habilita o seu portador a exercer o dto nele contido ainda que esse portador no seja o verdadeiro titular do direito. O verdadeiro titular do direito est impossibilitado de o exercer enquanto no estiver na posse do documento, preciso que seja uma posse legtima e de boa f. 3-Incorpora um direito literal: a letra (o teor literal do documento que vai determinar o contedo do direito ( os seus contornos)). 4-O direito incorporado um dto autnomo; o portador do ttulo adquire originalmente o direito cartular. A titularidade dos portadores anteriores ( ex: os seus vcios) no so oponveis nem aproveitam ao novo portador. um direito que passa ex novo na pessoa do portador. Estes so princpios que contrastam com o regime geral do dto civil: a incorporao do direito no documento contrasta com a funo acessria dos documentos negociveis no dto civil; a titularidade contrasta com as regras gerais da declarao da vontade, a autonomia contrasta com as regras em matria da cessao de crditos em que se afasta pessoa dos credores anteriores (vcios que prejudicam o credor actual). Explicao da disciplina jurdica especial: 1-Defesa dos interesses de 3s de boa f ( os adquirentes de um ttulo de crdito devem cumprir esse ttulo). 2-Proteger o valor da circulao dos ttulos de crdito. Se se aplicassem as razes civis comuns, isso no era positivo: ou se arranja uma forma de confiar nos TC ou eles no servem para nada. Logo, tem que se proteger muito bem o direito contido nesse papel. Classificao dos TC: Critrio do contedo cartular (dto contido no documento) 1-Ttulos de participao: conferem ao seu titular o estatuto do membro de uma determinada actividade. Ex: aces de uma AS. 2-Ttulos representativos de mercadorias: podem conferir ao seu titular quer um
direito de crdito, quer um direito real. Ex: guia de transporte. 3-Ttulos que incorporam um direito a uma prestao pecuniria: letras, livranas, cheques quem os tem pode pedir a quantia ali indicada. Critrio do modo de circulao do prprio documento: 1-Ttulos nominativos: aqueles que so endereados pelo emitente do ttulo a uma dada pessoa cuja transmisso exija interveno quer do emitente do ttulo quer do portador do mesmo. Ex: aces nominativas. 2-Ttulos ordem: Aqueles que so endereados pelo emitente do ttulo em favor de uma dada pessoa, mas h uma diferena em relao aos ttulos nominativos, no regime de transmisso: aqui exige-se apenas a interveno do portador do ttulo na sua transmisso, bastando que o endosse. O endosso uma ordem de pagamento dado pelo portador do ttulo em favor de uma terceira pessoa en dos ( nas costas). O endosso feito mediante a aposio da assinatura do endossante nas costa do ttulo. 3-Ttulos ao portador: estes ttulos no fazem meno a uma pessoa, tm apenas um nmero da ordem. Transmitem-se por simples entrega aos titulares que so sempre os respectivos portadores. Letra de Cmbio: quanto ao contedo, incorpora uma prestao pecuniria. Quanto ao modo da circulao, um ttulo ordem. Formato: Porto, ...... Em _________ , pagar V.Ex por via desta letra a _______(por credores) ao Sr. _________ (tomador), ou ordem desta. Ao Sr. ________ (sacado). __________ (sacador)
Tomador: a pessoa em favor da qual dada a ordem de pagamento. O tomador pode endossar a letra a outra pessoa. Aquando do saque da letra h 3 intervenientes ( relao triangular) : Sacador ( quem emite a letra) Tomador (em favor de quem emitida a letra) Sacado ( quem paga a letra)
A letra de cmbio um ttulo de crdito de formao sucessiva: incorpora vrias obrigaes cambirias, com um carcter idntico, uma prestao pecuniria. Existe uma operao jurdica inicial (que se chama saque) e uma relao jurdica tb inicial, que a obrigao do sacador ( emitentes do ttulo). O sacador d ordem de pagamento a uma terceira pessoa (sacado) em favor de uma outra (tomador). Saque: ordem de pagamento dada pelo sacador ao sacado. A obrigao do sacador uma obrigao de garantia prpria. Ele prprio promete ao tomador que o sacado pagar a quantia cambiria na data e local estabelecido e se o sacado no paga, o prprio sacador pagar. uma obrigao de garantia em dois sentidos: 1.pela aceitao da letra ( por parte do sacado); 2.do pagamento (se o sacado no paga, o prprio sacador pagar) A LC endossvel: o tomador (B) pode esperar pela data de vencimento da letra e receber a quantia cambiria ou a endossar a uma terceira pessoa (este pode fazer o mesmo a outra pessoa e assim sucessivamente). A BDE(...) |/ C A obrigao do tomador e dos sucessivos endossados tb uma garantia (tal como a obrigao do sacador). A nica diferena entre o sacador e os sucessivos portadores que o sacador garante todos os sucessivos portadores da letra e os posteriores portadores da letra s garantem os que esto para a frente dessa relao cambiria. de notar que a obrigao jurdica cambiria principal (que a obrigao do sacado) e a operao jurdica que lhe est associada :aceite. O sacado s se obriga jurdico-cambiariamente com o aceite. necessrio que o portador da letra (tomador) apresente a letra ao a ceite do sacado, e este s fica obrigado ao seu pagamento, quando a aceitar designando-se como aceitante a partir desse momento. Protesto: consiste na falta de aceite ou na recusa de pagar por parte do sacado. A letra tem que ser apresentada ao aceite do sacado e este pode recusar ou pode aceitar, mas recusa o pagamento. Este acto de recusa deve ser compensado pelo tomador, que se chama protesto. S assim que o tomador se pode dirigir ao
sacador da letra e exigir o seu pagamento. Aval: ( obrigao cambiria) uma operao pela qual um terceiro vem garantir o pagamento da letra por parte de um dos subscritores cambirios.
Letra de cmbio e figuras afins: LC vs Livrana: um ttulo de crdito ordem ( tal como a letra), mas no uma ordem de pagamento de uma pessoa a outra, em favor de um terceiro, antes uma promessa de pagamento directa (subscritor/tomador). LC vs Cheque: ttulo de crdito que anuncia um pagamento (= letra; diferente livrana), mas uma ordem de pagamento dirigida a uma instituio bancria onde o emitente do ttulo possui uma proviso. Regime da letra de cmbio conducente no ordem A LC um ttulo de crdito ordem, que se transmite por endosso. O endosso nulo, se no constar a assinatura do endossante no local destinado a esse efeito (nas costas da letra). Assim, sempre que a LC nada diga, vale o regime geral, a letra transmitida por endosso (art.11LULL) . S uma clausula expressa em sentido contrrio que a letra de cmbio transmissvel de outro modo, que o caso da clusula no ordem. Regime da clusula no ordem: ( regime da cesso de crditos) 1-o prprio sacador aps a clusula 2-a letra foi emitida ordem, mas a clusula foi aposta por um endossante da letra. 1-Neste caso, o regime jurdico o previsto no art.11: o regime da cesso ordinria do crdito (art.577 ss cc). Quanto forma, necessria a notificao da cesso ao devedor (sacado), ou ento necessria a aceitao desta para que a cesso produza efeitos art 583 cc. Logo, a cesso s eficaz aquando da sua notificao ao devedor. Ex: significa que o endosso do B de uma letra sacada no ordem deve ser notificada ao sacado C, ou aceite por este, seno C, o sacado, libera-se da dvida
pagando ao tomador, podendo apor o seu pagamento a D (cessionrio, portador da letra). Na situao normal, se D viesse exigir o pagamento da letra a C, este teria que lhe pagar, mas como no foi notificado, C libera-se da obrigao pagando ao tomador. Quanto aos efeitos, so os mesmos de uma cesso ordinria de crditos, representa-se: A) Na posio do tomador: cedente B ou seja, quando o tomador cedente que haja endossado uma letra no ordem a um 3 esse tomador cedente assegura uma mera responsabilidade pela existncia e exigibilidade do crdito (587) e j no assume as obrigaes de um endossado normal, portanto D (obrig. da garantia pela aceitao e pagamento da letra). B) Na posio do endossado cessionrio D, ou seja, quando o endossado cessionrio a 3 portador da letra, ele aparece investido na posio de um mero cessionrio e no de um endossado. Se fosse endossada, D seria titular de um direito autnoma, independente das vicissitudes dos portadores anteriores. Ao contrrio, como cessionrio, D titular do mesmo direito que o cedente. Logo, a D so oponveis pelo devedor, dadas as excepes pessoais em causa, ie, que pudessem ser opostas ao prprio cedente. Art.585 cc. C) Na posio de sacador (A) ou seja, foi ele prprio que emitiu a letra no regime no ordem igual a endosso proibido. O sacador no ordem continua a ter para com o devedor da letra uma responsabilidade cambiria normal (resp. pela aceitao e pagamento da letra). Mas, quanto aos posteriores portadores da letra a quem o tomador tenha transmitido a letra, o sacador tem uma responsabilidade cambiria normal, mas
pode apor a esses portadores, dadas as excepes pessoais e causais, que podia apor ao tomador B. Esta clusula tb pode ser aposta quando o endossante de letra ( nomeadamente o tomador), nesta situao, aplica-se o art.15. Suponhamos que B endossa a letra ordem de D, apondo a clusula no ordem, suponha-se que D a transmite a C e este a outro, etc. Regime : Por um lado, os efeitos da excluso da responsabilidade cambiria do
regresso do endossante B, s se verificam quando esses endossantes mediatos. B continua a ter resp. cambiria normal perante D, mas os efeitos da clusula no ordem s se vo produzir em relao aos portadores mediatos e no em relao ao portador imediato, quando a responsabilidade cambiria normal. Quanto aos portadores mediatos, os endossos que vierem a ser realizados operam como uma mera cesso de crditos, pelo que B entra como um mero cedente responde pela mera exigncia. A exigibilidade do crdito ou efeitos da aposio desta clusula s aproveitam ao endossante que a aps (B) e no aos endossantes posteriores da letra (mediatos ou imediatos). Nas relaes D/E e E/F, .... tudo se passa como se estivssemos perante uma letra em que nenhuma clusula existe ( resp. cambiria normal). Funo econmica das letras de Cmbio: 1.Funo de garantia do crdito: a existncia da vida comercial est na proteco do crdito e na celeridade das suas transaes. Ex: o industria A vende os seus produtos a B. B no dispe de liquidez suficiente para lhe pagar no momento em que o produto lhe entregue. S adquirindo essa liquidez quando vender os produtos que comprou. A letra um meio de conciliar estes interesses: B emite uma letra em favor de A pelo pagamento do dinheiro em dvida, em dado local e numa dada data. 2.Funo do meio de pagamento: Mas, A ainda no realizou o que verdadeiramente lhe interessa, pois atravs da letra recebeu uma mera promessa de pagamento. Mas no bem assim porque A pode realizar novas operaes com a letra, com os seus credores ( endossa-lhes a letra como meio de pagamento dos crditos em dvida) e assim tb faro certos credores para pagar aos seus prprios credores, etc. O portador da letra pode nem ter que esperar pela altura do seu vencimento para realizar a quantia em dvida descontando a letra a um banco. Desconto: Quantia que banca vai pagar ao portador da letra em troca do endosso da mesma. a soma cambiria deduzida da importncia cartular que corresponde aos juros (normalmente altos) que medeiam entra a data do pagamento e a data do vencimento da letra. ( aposta na mesma). 3.Funo do instrumento do crdito: prpria soma para compensar o crdito. A deve $ a B, mas A tem um crdito sobre C e manda este C pagar a B. Resolve o
Fontes do direito cambirio: LULL Resulta da Conv. De Genebra de 1930 foi ratificada em 1934 por Portugal. Caracteres gerais da LC: 1.Incorporao: Relao muito especial entre o dto cambirio e o documento onde esse dto est contido. O dto e a obrigao cambiria esto incorporados no documento, por isso se diz que o dto do crdito cambirio um dto cautelar. O documento necessrio para o exerccio do direito. A posse do documento que decide da titularidade do direito, este carcter um princpio jurdico enformador do regime geral das LC. A posse legtima de uma LC condio necessria suficiente para o exerccio e transmisso do direito cambirio (14, 21, 38, 50, 51LULL). Em casos de conflito entre o possuidor actual da letra e um anterior portador que dela foi injustamente desempossado, prevalece o direito da segunda, salvo culpa grave ou m f da segunda. O direito de crdito cambirio no se extingue com o pagamento do sacado aceitante, se o ttulo continuar em circulao. Todo o aceitante que pagou a letra ao seu portador, deve reter a prpria letra, porque se no o fizer, pode verse obrigado a pagar normalmente a dado portador de boa f que lhe apresente a letra, que tenha sido transmitida pelo portador de m f. ( sujeita-se a pagar novamente). 2.Literalidade: o contedo e extenso do dto cambirio o que resulta do teor literal ou das decl. objectivas constantes no ttulo. H vrias normas na LULL que tm subjacentes que o subscritor da letra no pode apor ao portador excepes pessoais ou causais, que no estejam constantes no teor literal do ttulo. Consagra uma irrelevncia das convenes extra Cartulares. Art.17LULL: A no pode apor a D, E, F as excepes pessoais ou causais que tenha em relao a B. Art.11n2LULL : o sacador de uma letra no pode apor a D o facto de ter convencionado com B de a letra ser emitida no ordem se isso no resultar do
prprio ttulo Art.6LULL : Se houver 2 formas de designao da quantia cambiria, prevalece a que for feita por extenso. Se elas forem contraditrias entre si (mesmo que haja uma clusula extra entre o sacador e sacado em sentido oposto). Se a relao cambiria tem um vcio da consensualidade, por ex : coaco significa que o princpio da literalidade da declarao viciada no pode opor ao portador da letra de boa f a nulidade da declarao cambiria. Ou significa que em vez de ser relevante o que est escrito , a vontade real do de declarante. F.Correia defende a impossibilidade dos vcios da relao cambiria e d primazia vontade declarada face vontade real (principio da literalidade). S.T.J. diz que tais vcios so oponveis e isto no afecta o princpio da literalidade. A literalidade refere-se nos termos de uma declarao negocial (declarao constituda pelos ditames gerais da lei civil) e no pode ir to longe ao ponto de revogar os ditames da lei civil. 3.Abstrao: o dto cautelar pressupe uma relao jurdica anterior ( e RJ fundamental). Sem a relao no se explica a existncia da prpria obrigao cambiria. Ex: se A emite uma letra em favor de B, para pagar uma coisa que lhe vende , a RJ fundamental o contrato compra e venda entre A e B. A relao jurdica causal explica a necessidade da relao jurdica cambiria. A abstrao significa: I. O NJ cambirio (a emisso ou saque de uma letra) um modelo apto a preencher qualquer RJ (ex: CCV) II. O NJ cambirio independente do NJ fundamental que lhe est subjacente. A obrigao cambiria independente da obrigao jurdica causal que antecede. So inoponveis aos portadores mediatos de boa f as excepes pessoais e causais derivadas da relao dos sujeitos jurdicos cambirios originrios ( que corresponde RJ fundamental). No plano das RJ imediatas, certas excepes so oponveis. Ex: A emite uma letra em favor de B, a ser paga por C. B credor da RJ fundamental: Compra e venda A/B. RJ cambiria: A/B. Se o devedor da letra a endossa a D, que est de boa f, nem o sacador nem o sacado podem apor a D as excepes pessoais ou causais derivadas da RJ fundamental (no pode por exemplo a ENC do direito ou a nulidade do NJ fundamental). conveno executiva: conveno entre as partes da relao jurdica fundamental,
com vista a ser saldada por meio de certa forma: neste caso a letra de cmbio, ou seja, saque de uma letra. Assim temos: negcio jurdico fundamental, que a causa remota da obrigao cambiria; conveno executiva que a causa prxima da obrigao cambiria; e temos a obrigao cambiria por si s (ou propriamente dita). Fundamento jurdico do princpio da abstraco: art.17 da LULL- a abstraco ou inoponibilidade s vale nas relaes mediatas e no nas relaes imediatas. As obrigaes cambirias so incondicionveis, ou seja, no se podem subordinar a nenhuma condio .A consequncia nulidade (no escritas). Dois problemas do princpio da abstraco: A-LETRA A FAVOR: a obrigao cambiria via de regra, tem subjacente a si, uma determinada causa salvo na letra de favor que no tem subjacente obrigao cambiria uma relao jurdica fundamental. A letra de favor consiste numa letra em que uma dada pessoa ( favorecente ), ope a sua assinatura no documento, a fim de reforar as garantias dadas ao tomador da letra. ex.: A pede dinheiro emprestado ao banco B, B exige que intervenha um terceiro. C aceita sacar uma letra em favor do banco B, a ser paga por A, a quem o dinheiro foi emprestado. A o favorecido e C o favorecente . O favorecente no tem inteno de pagar, mas apenas garantir as obrigaes do sacado A, em favor do devedor B. Aqui, a relao jurdica fundamental foi a prpria conveno de favor entre o favorecente e o favorecido. O favorecente no pode recusar o pagamento de uma letra ao posterior portador ( se B endossa a D ) alegando que se tratou de uma mera prestao de favor, sem animus de pagamento. Princpio de abstraco: embora tenha subscrito a letra sem inteno de a pagar, h aqui uma obrigao cambiria dentro desta, que independente da relao jurdica fundamental que lhe deu origem (que era uma relao jurdica sem animus de pagamento. Logo aplica-se o regime geral da abstraco: art.17 LULL e o favorecente no pode opr ao portador mediato as excepes pessoais ou causais resultantes da relao jurdica fundamental entre si e o favorecido. Mas o favorecente j pode recusar o pagamento da letra ao favorecido, pelo que
este o portador da letra porque a relao entre o favorecente e o favorecido uma relao de garantia e, em caso algum o garante responde perante o garantido. certo que responde perante terceiros, mas apenas perante estes (funciona aqui o Pr. da abstraco). B-NOVAO DA RELAO JURIDICA FUNDAMENTAL: a obrigao cambiria independente da relao jurdica fundamental, mas levanta-se a questo de saber se esto lado a lado, ou a primeira extingue a segunda( novao). A importncia prtica prende-se com as obrigaes acessrias e com os prazos de prescrio. Se se considerar que h novao ( extingue-se a obrigao causal ), extinguem-se tambm as obrigaes acessrias relao jurdica fundamental (nomeadamente as obrigaes de garantia). Assim tambm os prazos de prescrio so diferentes, porque o prazo de prescrio das obrigaes cambirias mais curto: art.70LULL. Mas, deve atender-se que o nascimento de uma obrigao cambiria, no provoca a extino da obrigao causal. Logo, no h novao. Razes: .Assento 1936: num caso em que se queria saber se um credor de uma obrigao cambiria se poderia prevalecer dos prazos de prescrio decorrentes da relao jurdica fundamental; o assento respondeu afirmativamente( razo jurisprudencial- vrios ac. do STJ). .Art.895cc: a vontade de contrair uma nova obrigao em substituio de uma outra tem que ser manifestada expressamente. Logo, a extino causal teria que ser convencionada expressamente. Entende-se que as partes ao assumirem uma obrigao cambiaria, queriam manter as obrigaes acessrias relao jurdica fundamental subjacente obrigao cambiaria ( razo legal ). 4-INDEPENDNCIA RECPROCA: no caso de uma letra incorporar uma pluralidade da obrigao cambiaria (do sacador, do sacado, do tomador), a nulidade de uma obrigao no afecta a validade das restantes( a nulidade no se comunica s demais. Fundamento:art.7LULL- tem-se em vista proteger o valor de circulao deste ttulo de crdito e a posio do portador. Abrangem-se aqui as obrigaes de todos os portadores, e inclusive a obrigao de sacado-aceitante. Duas excepes a este princpio: 1. A validade formal da declarao do sacador um pressuposto necessrio da
validade de todas as outras obrigaes e declaraes cambirias. Se faltar algum dos requisitos formais da letra de cmbio ( art.1 e 2 LULL ) relativos operao de saque, nenhuma das obrigaes posteriores vlida. ex: se o sacador apuser o nome de uma pessoa fictcia as outras declaraes so nulas. 2. No caso do aval, a invalidade da obrigao do avalizado por vcio de forma comunica-se obrigao do avalista.
5- AUTONOMIA: este princpio pode ser dobrado em duas acepes diferentes, isto a autonomia vlida nestes dois sentidos: a)Autonomia do direito relativo s obrigaes cambiarias (direito de crdito cambirio) O direito de crdito cambirio um direito autnomo, ou seja, o direito do portador mediato e de boa f um direito autnomo. As excepes provenientes quer da causa (negcio jurdico causal que subjaz obrigao cambiria), quer de convenes extra-cartilares (que no resultam do teor literal do documento) so inoponveis pelo devedor (sacado) ao portador da letra, que seja mediato e de boa f. As excepes que podiam ser apostas pelo devedor ao portador imediato, so inoponveis ao portador mediato. Diferente plano de oponibilidade destas excepes: art. 17 apenas consagra esta autonomia no plano das relaes mediatas. Nas relaes imediatas (entre o subscritor da letra e o sujeito cambirio imediato: sacador-tomador; tomador-endossante/endossado), quer as excepes pessoais, quer as excepes fundadas em convenes extra-cartulares j so oponveis, j que os sujeitos do negcio jurdico cambirio so aqui tambm os sujeitos do negcio jurdico fundamental que do causa ao negcio. A ------ C-----D------------ E A----------C-(morre)-------- D ------ E ??? BBF Se C morre e lhe sucede F, vale para F o mesmo que vale para C. Todas as
excepes so oponveis ao portador no plano das relaes imediatas. O princpio da autonomia significa, no fundo, o mesmo que o princpio da abstraco e o princpio da literalidade (no seu primeiro sentido). No plano das relaes mediatas as excepes so inoponveis, excepto num caso: Art.17 a menos que o portador tenha agido conscientemente em detrimento do devedor. H que confrontar o art.17 com o art.16 que fala em culpa grave e em m f. Pressuposto da oponibilidade do art.17 , no apenas a m f por parte do portador da letra (tem conhecimento da excepo), mas tambm que tenha agido conscientemente, sabendo que ao actuar dessa forma est a privar o devedor dos seus meios de defesa. O momento temporal relevante para se exigir a existncia desse pressuposto o momento da aquisio da letra pelo portador mediato (antes ou depois desse momento). Se tomou conhecimento da excepo (que o devedor podia opr ao portador imediato) depois da aquisio, no relevante. Questo: saber se a boa f de um dos portadores intermedirios da relao cambiria pode sanar o vcio da oponibilidade (se poder tornar as excepes pessoais e causais eventualmente existentes, inoponveis aos portadores subsequentes ). ex: A ___ B ___ C ___ D ___ E ___ F A endossa a letra a B para pagar uma dvida de jogo. A obrigao invlida ( 1245cc ); C endossa a letra a D que est de boa f. D endossa a letra a E, etc. A boa f de D torna inoponvel a excepo causal que A podia opr a B, aos portadores subsequentes? FERRER CORREIA: a boa f de D (portador intermdio) como que sana o vcio mesmo que E e F conhecessem o facto e agissem conscientemente em detrimento do devedor. A boa f de D torna inoponveis as excepes aos portadores posteriores. b) Autonomia do direito em relao letra enquanto documento O possuidor actual da letra titular de um direito autnomo sobre o prprio documento (ttulo), sendo-lhe inoponvel a ilegitimidade da posse de um dos endossantes intermdios por quem foi desapossado ilegitimamente dessa letra. ex: A pretende endossar a B uma letra em branco (sem indicao do nome do beneficirio). Antes de a transmitir a B, C furta a letra e depois transmite-a a D e D a E. C endossa a letra a D com o nome de D ( beneficirio ). Isto prende-se com a questo da posse legtima e ilegtima. Parece que E no
teria qualquer direito. Se C adquiriu a letra de forma ilegtima, no adquiriu qualquer direito e por isso tambm no podia transmitir qualquer direito. A podia opr ao portador actual E a ilegitimidade da posse de C. Mas o art.16 fixou doutrina oposta: os portadores subsequentes da letra podero reclamar os seus direitos de crdito cambirio, desde que formem uma cadeia ininterrupta de endossos vlidos. O direito do portador legtimo da letra um direito autnomo porque lhe inoponvel a ilegitimidade dos portadores cambirios. Mas tambm aqui h uma excepo: salvo se adquiriu de m f ou se adquirindo-a cometeu uma falta grave art.16 in fine. O princpio da autonomia neste sentido s no valer no caso da culpa grave (m f) do portador actual da letra. ex:No caso anterior, se A provar que E agiu com culpa grave ou m f, poder opr-lhe a ilegitimidade da posse do C. O que seja culpa grave ou m f, resulta do art.16 e 17 LULL. A exigncia do animus no muito intensa. Basta que o portador actual da letra tenha conhecimento da ilegitimidade da posse de um dos portadores anteriores ou no tendo esse conhecimento devesse t-lo de acordo com o critrio de homem mdio, normal. Requisitos formais da letra A letra um ttulo rigorosamente formal. Para que possa produzir os seus efeitos normais, tem que observar um conjunto de requisitos formais-art.1LULL Os requisitos formais da letra confundem-se com os requisitos da declarao do saque. Art.1 (requisitos essenciais) A palavra letra inscrita no ttulo, em lngua portuguesa. No se admite a emisso de letras partindo de equivalentes de lngua portuguesa, nem se admitem expresses estrangeiras. Art.1/2: A letra deve conter o mandado puro e simples do pagamento. A ordem de pagamento que a letra contm pura e simples. A declarao cambiria incondicionada e incondicionvel. O sacador no pode condicionar a ordem de pagamento: no pode transformar a sua obrigao numa obrigao condicional, nem pode transformar a obrigao do sacado numa
obrigao condicional: art.1/2 + 2 + 26LULL. Quantia determinada: a quantia pecuniria indicada na letra deve ser determinada; so inadmissveis nas letras clusulas penais (contm uma obrigao incerta). Dependente como est do incumprimento por parte do sacado-aceitante, a obrigao sairia incerta. Clusulas de juros : art.5 S nas letras pagveis vista (no momento da sua apresentao), a lei permitiu a estipulao dos juros. Nas restantes letras, a estipulao de juros ser considerada como no estipulada. A permitir-se a estipulao de juros, dever s-lo nas letras com data certa de vencimento, porque a sabe-se exactamente qual o capital e qual a data certa do vencimento logo, sabe-se a quantia de juros em vista. Nas letras vista, seria impossvel determinar o clculo dos juros. A legislao considerou que, nas letras com data certa de vencimento, seria desnecessrio estipular juros porque as partes podiam establecer a quantia global que j abrangesse os juros. A estipulao de juros s far sentido onde, partida, no seria possvel determinar essa quantia. Sempre que exista uma divergncia entre o montante extenso e o algarismo, prevalece o que estiver escrito por extenso. Art.1/3: indicao do nome do sacado. Refere-se quer ao nome (caso das pessoas particulares), quer firma (se for um comerciante). A oposio de um nome fictcio, que resulta do exame do prprio ttulo, acarreta nulidades. J ser vlida se essa aposio fictcia no resultar do prprio ttulo (vd. princpio da literalidade). ex: Quando seja aposto um nome comum (art.7), assinatura verdadeira sob um nome fictcio. No caso do sacado ser uma pessoa colectiva, a assinatura tanto pode consistir na firma da sociedade como na assinatura de um dos seus representantes (administrador), que deve indicar a sociedade que tem, sob pena de surgir ele prprio como sacado.
A letra pode ter vrios sacados: ex: No caso da letra ser um modo de pagamento de A para pagar a dvida ao B, em vrtude A (sacador) ter um crdito sobre uma pluralidade de devedores (C, D
e E). Podero ser todos sacados . Na letra, existe sempre uma relao jurdica fundamental entre o sacador e os sacados que se encontram numa solidariedade passiva (pluralidade de devedores). Trata-se de uma relao extra-cartular: sempre que essa relao jurdica tiver uma pluralidade de devedores, pode haver uma pluralidade de sacados, mas s poder haver um local de pagamento art. 2/3: se houver vrios domiclios, a letra nula. A letra pode ainda ter como sacado o prprio sacador. Art. 3/2: Esta situao acontece quando uma sucursal ou agncia de uma empresa saca uma letra a favor de uma outra sucursal da mesma empresa. Tudo se passa como se fosse a prpria empresa a sacar uma letra sobre si prprio. Art.1/4: Outro requisito (no essencial partida) a poca, data de pagamento. Art. 2/2: podia-se tirar daqui a ideia de que a falta de indicao da poca de pagamento no tem como sano a nulidade da letra, mas outra sano apenas afectaria o modo de pagamento. Mas isto no bem assim porque o art. 33 determina taxativamente as quatro modalidades de vencimento de uma letra (poca de pagamento). O art.33 determina que se numa letra forem opostas diferentes pocas de pagamento ou uma poca de pagamento em termos diferentes dos estabelecidos no art.33, a letra nula. Da que o requisito da poca de pagamento essencial. A presuno do art. 2/2 parece funcionar na falta absoluta da indicao da poca dos pagamentos. Logo, esta presuno no opera quando a indicao da poca de pagamento tenha sido feita de forma irregular, isto , violando as modalidades do art. 33. Art.1/5: indicao do lugar de pagamento (requisito essencial) Pode ser indicado: - directamente: referncia expressa no prprio ttulo do local de pagamento - indirectamente: art.2/3: o local designado aposto ao lado da assinatura do sacado (geralmente o domiclio do sacado). O local designado ao lado da assinatura do sacado ser o local de pagamento. Se a indicao faltar, a letra ser nula. Podem existir vrios locais de pagamento. Esta pluralidade de locais de pagamento s ser vlida quando a escolha do
efectivo local de pagamento couber ao portador. J no ser vlida no caso contrrio. Se no fosse assim, o portador tinha que ir de local em local para lavrar protesto e s depois reagir, em via de regresso, contra o sacador da letra. Isto contra a finalidade da letra como meio de circulao. Art.1/6: nome do tomador o primeiro portador da letra. Aposto a favor de quem a ordem de pagamento foi dada, e a quem deve ser paga a quantia cambiria. Valem as mesmas indicaes quanto ao nome do sacado, com as seguintes especialidades: o tomador da letra pode ser o prprio sacador. O sacador pode sacar uma letra indicando-se a si mesmo como tomador ( parecido com a livrana ). A letra pode estar a nome de vrios tomadores, o que vlido. Mas o regime diferente, consoante o tipo de indicao dessa pluralidade de tomadores: - Conjunta: a ordem de pagamento dada por A ( sacador ) a favor dos tomadores B e C. Os direitos pertencem em contitularidade a B e C, devendo um eventual endosso ( transmisso ) ser assinado por ambos. - Alternativa: a letra emitida a favor de B e C. Endossa a tomadores, que podem exercer sozinhos os direitos cambirios que essa letra lhe atribui ex: endosso - Sucessiva: a letra emitida a favor de B e, na falta deste, do C. Quando a indicao vale como indicao alternativa a questo nula: art.40/3. A razo: contrrio ao esprito da lei cambiria, obrigar o sacado a averiguar da legitimidade material do portador da letra, para efectuar o pagamento liberatrio art.40/3. O sacado, para realizar o pagamento liberatrio basta-lhe pagar ao portador que lhe apresentou a letra (retendo a letra). Se se entendesse que as modalidades de indicao sucessiva seriam vlidas isso obrigaria o sacado a averiguar a legitimidade material do portador e de todos os restantes. Determinao da pessoa do tomador: no so vlidas indicaes de pessoas indeterminadas, ainda que determinveis ex: futuro Presidente da Repblica. Questo: a propsito da determinabilidade da pessoa; uma coisa a letra ao portador (letra que foi sacada ao portador) - esta nula, porque a letra tem
sempre que indicar o nome do tomador (embora possa ser endossada ao portador ordem), outra coisa a letra com endosso ao portador. A letra um ttulo ordem que pode, no entanto, atravs de um endosso em branco ou ao portador funcionar como letra ao portador.
Endosso em branco: o endossante endossa a letra a um terceiro (endossado), mas em vez de indicar na letra o nome do beneficirio ( endossado ), assina apenas o seu prprio nome. - art.14 O endossado em branco pode tomar 3 atitudes: - ele prprio escrever o seu prprio nome como beneficirio do endosso que recebe; - endossar a letra de novo (em branco ou com o nome do beneficirio ); - transmitir a letra sem endosso (entreg-la atravs de pura tradio real, isto letra endossada ao portador) A__________ B__________C endossa em tradio real branco Tudo se passa como se a letra tivesse sido endossada em branco pelo endossante originrio ao terceiro, como se a letra no tivesse passado pelas mos do endossado em branco. esta a diferena entre a letra endossada ao portador ( vlida) e a letra ao portador (que nula). A letra que posta em circulao como um mero ttulo ao portador (aco), porque a letra no chega a nascer nestas situaes. necessrio que, na letra, a indicao de beneficirio seja nominativa. Art. 1/7: Data e Local do saque (onde a letra passada), que diferente do pagamento A data do saque justifica-se para determinar o vencimento da letra nas letras que se vencem em data determinada. O local necessrio para se determinar a lei aplicvel. Se faltar a data do saque ou se indicar uma data impossvel, a letra nula. Se faltar o lugar do saque, entende-se que o lugar o indicado ao lado do nome do sacado ( 2/4 ). Se este lugar no estiver indicado ao lada do nome do sacador, a letra ser nula.
Art.1/8: indicao do nome do sacador. Exige-se uma assinatura aparentemente (no realmente) autgrafa, resultante do punho do prprio sacador. Tanto pode ser o nome como a firma. Questo: sero admissveis assinaturas a rogo? Assinatura do autor a pedido do prprio sacador. A soluo depende do valor das assinaturas a rogo entre ns. Ver art.373/4cc+art.2,anexo VI Conv. Genebra. admissvel essa assinatura, mas no bastar o mero reconhecimento presencial das assinaturas; pelo contrrio ser necessrio que o notrio certifique na letra que leu o documento ao rogante e que este entendeu o seu contedo. A assinatura por procurao permitida art.8. vlida, desde que o representante declare estar a assinar em nome do representado, sob pena de ser ele prprio a assumir a obrigao cambiria. No caso de representao sem poderes ou em excesso de poderes, vale o art.8: um regime diferente do regime geral em matria de representao o falso procurador responde ele prprio como obrigado cambirio, quer tenha agido de m f, quer de boa f. Esta soluo s no se dar quando o prprio portador da letra tenha conhecimento desse vcio (falta ou excesso de representao) isto , se o prprio portador estiver de m f.
Consequncia da inobservncia dos requisitos da letra: art.2 A letra nem sequer se chega a constituir. A falta de um destes requisitos essenciais faz com que o ttulo no valha como letra (como documento cambirio). Logo, no pode constituir base legtima para o exerccio do prprio direito cambirio, mas pode servir como documento probatrio da existncia do negcio jurdico fundamental que originou a emisso da letra pode servir para provar que algum deve dinheiro a uma dada pessoa. Requisitos no essenciais: o imposto de slo, fala-se h muito tempo que vai acabar, mas este imposto ainda existe.
I- SAQUE Declarao jurdico cambiaria originria. Sem saque, no h letra; graas a ele que a letra nasce. uma declarao feita pelo emitente do ttulo ( sacador ) a favor de um terceiro tomador e que enuncia uma ordem de pagamento a que se apresenta com uma promessa do sacador aos portadores sucessivos da letra, de que o sacado pagar a dvida cambiaria ( letra ) e caso este no pague a dvida na data de vencimento da letra ele prprio a pagar ( sacador ). Obrigao de garantia, de aceitao e de pagamento. Via de regra, entre o sacador e sacado existe uma relao extra-cartelar que explica a emisso da letra, em virtude da qual o sacador titular de um direito de crdito sobre o sacado: a relao de proviso que funciona como garantia principal do aceite e do pagamento da letra pelo sacado. Ao contrrio de outros negcios jurdicos o nosso no d relevncia jurdica a esta relao de proveito. A obrigao cartelar independente da prpria relao extra-cartelar existente entre os obrigados cambirios (de que a relao de proviso um exemplo). Consequncia disto: o saque consiste numa ordem de pagamento que dada pelo sacador ao sacado e numa garantia assumida pelo sacador de que o sacado aceitar e pagar a letra (art.9). A imperatividade desta garantia a seguinte: esta garantia tem duas facetas: - a garantia pela aceitao da letra; - a garantia pelo pagamento da letra; O sacador no se pode exonerar quanto garantia de pagamento da letra. Mostra que a lei no atribui relevncia relao de proviso porque, mesmo que esta no exista, se o sacado no pagar a letra o prprio sacador a pagar. Mas j pode exonerar-se de da garantia de aceite da letra, mediante a iseno de uma dada expresso na letra: letra no aceitvel ou aceite proibido - art.9/2 Porque que se pode fazer isto? Que interesse pode ter isto? O sacador pode, muitas vezes, prever que o sacado pagar a letra na data de vencimento mas pode tambm temer que o sacado no aceita a letra na data em que ela se apresenta ao aceite. ex: porque a relao de proviso data da apresentao ao aceite ainda no est concluda.
Interesse: caso essa exonerao no existisse no caso da recusa do aceite por parte do sacado, o portador poderia lavrar protesto e, com este documento, em via de regresso, o portador podia exigir o pagamento integral da letra do sacador. Todo o portador da letra, cujo aceite tenha sido recusado pode exigir de imediato o cumprimento integral dessa letra ao sacador. Modalidades de saques: Uma das regras uma indemnizao do pagamento feita pelo sacador ordem de um terceiro tomador . Mas, tambm existe: Saque ordem do prprio sacador. O sacador e o tomador so a mesma pessoa. EX: A vende um objecto a B: fica titular de um direito de crdito sobre B. A saca uma letra sobre a B a favor de si prprio. INTERESSE: Este processo pode ser utilizado quando sacador no tenha interesse em negociar o crdito. Saque efectuado sobre o prprio sacador: Sacador e sacado so a mesma pessoa. EX: A compra um objecto a B. Para saldar essa divida, em vez de pagar logo a B, saca uma letra a favor desse B, sobre si prprio. INTERESSE: Este processo pode ter a sua utilidade no caso de pagamento entre sucursais, agncias ou unidades de uma mesma pessoa (como se fosse a prpria empresa a sacar uma letra sobre si mesma). Saque por ordem e por conta de terceiro: Algum emite uma letra por ordem e por conta de um terceiro, que no figure na letra como sacador. Muito usada por comerciantes, visa evitar a m imagem que resulta de pr em circulao muitas letras. EX: A saca uma letra a favor de B, agora paga por C, sendo o saque feito por ordem e por conta de D. D pretende evitar surgir na letra como sacador. Este diferente do saque por procurao (em que o verdadeiro sacador seria D, porque os efeitos jurdicos derivados da interveno do representante de A, produziriam-se directamente na esfera jurdica do representante de D). Aqui, o emitente A est a emitir um titulo em nome prprio, embora por conta alheia. O que existe entre A e D uma relao jurdica extra-cartular (um negcio jurdico de comisso - Art 266 CCom) O sacador A ( 3 n 3)
Existncia de uma pluralidade de sacadores: No est na lei. Sempre que uma letra seja um modo de saldar uma divida de uma relao jurdica onde exista uma solidariedade passiva, os vrios sacadores respondem solidariamente pela obrigao cambiria. O portador da letra pode exigir o pagamento a qualquer um. As relaes entre eles so extra-cartulares (no influem na obrigao cambiria) e, por isso, inoponveis ao portador da letra, que pode exigir a qualquer um deles o pagamento da prestao. Se por exemplo um deles recusar o aceite da letra, podem apenas influir, eventualmente, em via de regresso.
II- ACEITE O saque uma ordem de pagamento dada pelo emitente do titulo sacado, que vale como uma promessa de pagamento (pelo sacado). O sacado no fica jurdico cambiariamente obrigado s porque algum (sacador) prometeu que ele pagar. O sacado s se vincula pelo aceite, declarao feita no titulo pelo sacado, mediante a aposio da sua assinatura, significando que ele se obriga a pagar a letra ao portador dessa letra (pela sua apresentao). Passa a ser designado por aceitante. Se o sacado aceita a letra, fica imediatamente obrigado a pagar a quantia. No caso de recusar o aceite da letra, se certo que escapa a qualquer obrigao cambiria, tambm certo que legitima o portador da letra a lavrar o protesto (=afirmao formal de recusado sacado em aceitar a letra) e, munido desse protesto, o portador pode, em via de regresso, accionar o sacador da letra pelo pagamento da letra art 43.
CARACTERISTICAS DA APRESENTAO DA LETRA AO ACEITANTE: Prazo de apresentao - Regime do 21, que prev que uma letra possa ser apresentada at sua data de vencimento. Toda a apresentao de letra que tenha lugar posterior a essa data, j no vale como apresentao ao aceite, mas como apresentao ao pagamento. No caso de recusa, o protesto no ser um protesto por falta de aceite, mas por falta de pagamento. Nesta situao fica o portador da letra legitimado a agir com o protesto, em via de regresso. J mexe com o regime dos outros obrigados cambirios. Art. 22n3 - O sacador pode estipular que a apresentao ao aceite s possa ser feita a partir certa data (porque sabe que se for apresentar antes, o sacador no pagar).
NATUREZA DA APRESENTAO: REGRA: A apresentao da letra ao aceitante facultativa. O tomador pode, mas no obrigado a apresentar a letra ao aceite do sacado. Ter, porm, todo interesse em faz-lo, porque obriga logo o sacado a pagar, ou, se este recusar, pode ir sobre o sacador. H situaes, porm, que fogem a esta regra geral, so as excepes ao aceite facultativo. A apresentao pode ser : OBRIGATRIA, PROIBIDA. 1) Dois casos de aceite obrigatrio: a) Obrigatoriedade convencional: a obrigao de apresentao da letra ao aceite, pode resultar da vontade dos prprios subscritores cambirios (Art 22/1); de um endossante (Art 22/4) b) Obrigatoriedade legal: Letras a certo termo de vista. So letras cujo prazo do vencimento s conta a partir da data do respectivo aceite: Emisso ------------ Apresentao ao aceite ----------- Vencimento. ( comea a contar, a partir daqui, o prazo para o vencimento) O aceite obrigatrio, porque, nestas letras, s se conhece a data de vencimento a partir da verificao do respectivo aceite (art. 35). No havendo aceite, a data a partir do qual se conta o prazo do vencimento a data da recusa do aceite. Art 23/1. Estas letras devem ser apresentadas ao aceite do sacado, no prazo de um ano a contar da data da respectiva emisso. O prazo do vencimento conta-se a partir da data do aceite. Esta situao diferente das Letras vista: So letras que no tem uma data de vencimento e cuja apresentao vale logo como apresentao ao pagamento (No h apresentao para aceite): Art 34. Estas duas situaes no se confundem tambm, pelo prazo de um ano que dado nas letras vista (Art 34). O portador tem um ano, a contar da data de
emisso para apresentar a letra ao sacado para pagamento. - Consequncias da inobservncia destas regras (Obrigatoriedade convencional ou legal) Casos de no apresentao da letra ao aceite nas hipteses de obrigatoriedade legal: - o portador que no apresentou, perde todos os direitos de regresso entre os obrigados (Art 53/1). Casos de no apresentao da letra ao aceite nas hipteses da obrigatoriedade convencional, h que distinguir: a) Se a obrigatoriedade foi fixada pelo sacador, o portador perder todos os direitos de aco relativamente ao sacador e aos posteriores obrigados. b) Se foi aposta por um endossante, o portador perde todos os direitos de aco relativamente ao endossante em concreto: Art 53n2 e 5. E quando se fixa a obrigatoriedade do aceite, no se fixando o prazo? Vale a regra geral do art. 21 - a letra deve ser apresentada ao aceite at data do vencimento. Se no for, o portador perde todos os direitos de aco. 1) Aceite Proibido; a derrogao regra geral da apresentao facultativa da letra ao aceite. Letras no aceitveis: Contm uma clusula de " aceite proibido" - Art 22n2. Interesse: Casos em que o sacador tema que o sacado, embora v pagar na data do vencimento, no aceite a letra na data da apresentao. Mas h trs excepes em que a aposio da clusula de aceite proibido no permitida: a) Letras a certo termo de vista: A data do vencimento depende da data do aceite ou do protesto ( Art 35) b) Letras pagveis no domicilio de terceiros (embora a regra seja o domiclio do sacado): se se clausulasse a proibio do aceite criava obstculos apresentao da letra ao sacado. Nestes casos, necessrio dar possibilidade de tomar conhecimento da letra e do local, a tempo e horas. c) Letras pagveis em local diverso do domicilio do sacado: visa facultar ao sacado o exerccio da faculdade prevista no art 27/1. Estas clusulas, em principio, s podem ser apostas pelo sacador (e aproveitam a todos os subscritores cambirios posteriores, que ficam exonerados da sua
obrigao de garantia). No caso de recusa do sacado, o portador no pode apresentar ao sacador.. Se tal clusula for aposta por um endossante (um posterior portador da letra), essa clusula equivale a uma exonerao da obrigao de garantia pela aceitao da letra por parte do sacado (Art. 15/1)
LUGAR, DATA E CONTEUDO DO ACEITE: ART 25 E 27 Em principio, o contedo do aceite corresponde ao contedo da ordem de pagamento dado pelo sacador art 26. Da que o aceite deve ser puro e simples. O aceite feito sob condio (condicional) ou modificado em relao ao teor da letra ( data, local, etc.) equivale a uma recusa de aceite. CONSEQUNCIAS: a) O portador da letra pode lavrar logo protesto pela recusa do aceite e actuar, em via de regresso, contra os obrigados. b) O aceitante condicional fica vinculado nos termos do seu aceite condicionado ou modificado, admitindo-se o aceite parcial relativamente a uma parte da quantia cambiria (aceite parcial ). O aceite vlido e vale quanto parte que aceitou, e o portador da letra ter direito ao remanescente, por via de regresso, em relao ao sacador e aos outros obrigados (quanto a esta parte lavra-se protesto). ACEITE POR INTERVENO: Via de regra, o aceite dado pelo sacado. Contudo, a lei admite que uma outra pessoa, excepcionalmente, intervenha, para esse fim, no lugar do sacado. Este terceiro s intervm para aceitar a letra: Art 55. Duas modalidades: 1) Pode resultar de incumbncia expressa feita no titulo: feita por um sacador, por um endossante, por uma avalista ou qualquer obrigado cambirio em via de regresso: art. 55/1. relativamente frequente. Neste caso, aposta uma clusula de acordo com a qual a pessoa que obrigada ir, em casos de necessidade, aceitar a letra. Objectivo: dos obrigados em via de regresso evitarem o exerccio preventivo desse direito de regresso, pelo portador da letra, cujo aceite haja sido rejeitado pelo sacado. O aceite por interveno visa evitar, para os obrigados em via de regresso, as consequncias que para estes advm da recusa de aceite por parte
do sacado. A clusula indica o terceiro a quem a letra deve ser apresentada, tal como foi apresentada ao sacado. Assim, o portador da letra no poder dirigir, de imediato, ao sacador, em via de regresso. Antes disso, deve primeiro apresentar a letra pessoa que foi designada como interveniente, e s munido com o protesto por falta de aceite do sacado e do protesto por falta do aceite de um interveniente, que poder agir em via de regresso. 2) Pode resultar independentemente dessa incumbncia especial: Art 55n2. Quando no resulta de incumbncia especial, o portador poder sempre recusar o aceite por interveno: art 56 n 3 LEGITIMIDADE ACTIVA: a interveno pode ter lugar por incumbncia feita pelo sacador, por um endossante, um avalista ou qualquer obrigado cambirio em via de regresso: art 55 n2. O sacado que aceita (aceitante) no tem legitimidade activa para este efeito. LEGITIMIDADE PASSIVA: Podem ser intervenientes ( 55n3) um terceiro estranho cadeia cambiria (que seja capaz), o prprio sacado (isto pode parecer estranho, uma vez que um interveniente actua como garantia de 2 linha perante a recusa do aceite por parte do sacado. Interesse: Resulta da diferente posio jurdica do sacado e do interveniente. Sacado ( aceitante): um devedor cambirio em via principal e em via directa. Interveniente: Devedor que se substitui ao onerado (ou intervindo), ocupando a sua posio jurdica e possu um direito de regresso contra o onerado (fica subrogado nos seus direitos). Da que o prprio sacado possa ter interesse em ser interveniente: os seus deveres enquanto sacado-aceitante so muito mais amplos do que os deveres como sacado-interveniente. NOTA 1 - O sacado-aceitante, est excludo. No pode ser interveniente. Desaparece o interesse subjacente figura do aceite por interveno? uma defesa em 2 linha contra a falta de aceite do sacado.
NOTA 2 - Ao ocupar a posio jurdica do onerado, o interveniente torna-se um sacador cambirio em relao aos portadores posteriores da letra. um credor cambirio em relao aos inferiores.
FORMA E NATUREZA DO ACEITE POR INTERVENO: Art 57 n2 - Dever sempre indicar-se o nome do sacado (intervindo o que faz a incumbncia) sempre necessrio saber quem o sacado, porque a extenso da obrigao do interveniente a mesma da do sacado, excepto em 2 aspectos: a) O sacado responde perante qualquer portador da letra, o interveniente s responde perante os portadores posteriores ( ao honrado). b) O sacado um devedor em via principal. O interveniente ocupa a mesma posio jurdica que era ocupada pelo honrado. um obrigado cambirio em via de regresso para todos os outros portadores posteriores da letra mas um credor cambirio relativamente a todos os subscritores cambirios que antecedem o honrado.
- 3 efeitos principais do aceite por interveno: 1) Excluir o exerccio prematuro do direito de regresso, isto , excluir a faculdade que normalmente assiste ao portador de uma letra cujo aceite foi recusado de accionar, em via de regresso, os restantes obrigados cambirios. Este efeito apenas aproveita ao subscritor cambirio em honra de quem interveniente, interveio ( honrado ) e aos subscritores posteriores ( j no aproveita aos anteriores) 2) Obrigao do portador da letra a apresentar ao interveniente. Quando na letra figura uma clusula de incumbncia especial e o interveniente tenha domicilio no lugar do pagamento (52 condies), o portador sempre obrigado a apresentar a letra a esses intervenientes. E s munido dos 2 protestos ( da recusa de aceite pelo sacado e pelo interveniente ) que pode agir em via de regresso: art 56n3. Se o interveniente no tem o domicilio no local do pagamento, o portador pode recusar o aceite por interveno. O portador no est obrigado a apresent-la ao interveniente, mas pode faz-lo: Art 56 n3. 3) Direito do interveniente que pagou a letra: O interveniente que paga uma letra, fica sub-rogado nos direitos emergentes dessa letra contra o honrado e os subscritores anteriores (art63)
Transmisso do ttulo e dos direitos emergentes desse ttulo - Efeito translativo ou transmissivo. O Endossante constitui-se na obrigao da garantia da aceitao o pagamento da letra - Efeito constitutivo. Legitimao da posse do endossado( portador da letra) - Efeito legitimador.
NATUREZA JURDICA DO ENDOSSO: Declarao unilateral - Tal como o saque, tambm o endosso uma declarao unilateral que s produz efeitos com a entrega ( tradio real ) do documento ( Ttulo de crdito ) Declarao acessria relativamente declarao cambiria originria ( Saque ). uma nova ordem de pagamento, que dada mesma pessoa ( sacado ) e que tem, no fundo, o mesmo contedo que tinha a declarao originria ( Obrigao do sacador ). A diferena est em que o beneficirio da ordem de pagamento no o donador , mas o endossado.
EFEITO TRANSLATIVO: o endosso um meio de transmisso da letra, mas no o nico: a letra pode ser ainda transmitida " inter vivos " por cesso de crditos e " mortis causa " por sucesso. O endosso e a cesso de crditos tm regimes distintos : a) Quanto natureza da prpria operao jurdica: Enquanto a cesso de crditos constitui um negcio jurdico bilateral ( operao que depende da vontade de ambas as partes: cedente e cessionria ) e a respectiva eficcia depende da notificao da mesma ao devedor ( art 585 cc ). O endosso um negcio jurdico unilateral, cuja validade requer apenas a declarao do endossante e a entrega, ( tradio ) do ttulo ( No se exige a notificao ao devedor) b) Quanto ao regime da responsabilidade: O endossado responde apenas pela existncia e exigibilidade do crdito, mas no pelo seu pagamento ( Art 587 cc) e o endossante garante a aceitao e o pagamento da letra ( Art 15 LULL)
c) Quanto natureza do direito do credor: O direito do endossado um direito autnomo relativamente ao direito do endossante e aos direitos dos portadores anteriores ( no afectado por relaes extra-cartelares existentes) O direito do cessionrio o mesmo direito do cedente; ao cessionrio podem ser afastadas todas as excepes que podiam ser opostas ao cedente ( art 585cc)
REQUISITOS DO ENDOSSO:
Art 13 - a declarao do endosso deve estar escrita na prpria, e deve constar a assinatura do endossante. Art 12 - a declarao do endosso ( dada a sua natureza acessria ) , tem que ser incondicional e total. proibido o endosso sob condio ( condicional ) Diferena em relao a ao saque: A clusula de condio no saque nula. A clusula da condio no endosso, tida como no escrita - Art 12 n1 Tal como o saque no pode parcial, tambm o endosso no pode ser parcial. A consequncia a mesma: Art 12 n 2 - o endosso parcial nulo Art 12 e 13 - Endosso em branco: Normalmente o endosso designa o nome do beneficirio. Mas, o endosso pode no indicar o nome do beneficirio. Art 13n2 - o endossante limita-se a opor a sua assinatura, mas no indica o nome do beneficirio ( endossado ). Deixa-o em branco. - Regime aplicvel a estas situaes: Quanto ao endossado em branco, ele constitui um portador legtimo ( Art 16n1). A diferena est ao leque mais amplo das atitudes que o endossado pode tomar: Apresentar a letra ao aceite do sacado. Preencher o espao em branco com o seu nome ( indicando-se como beneficirio ) - art 14 Endossar a letra a um terceiro ( ou indicando o nome do beneficirio, ou endossando tambm ele em branco ) - Art 14n2. Transmitir a letra a um terceiro, tal como a receber, sem a endossa: entrega do ttulo ( tradio real )
Nos 2 ltimos casos: * No caso de o endossado em branco endossar de novo em branco a algum, presume-se que o endossado em branco adquiriu a letra em branco ( Art 16n1) A -------- B ------------------------ C endossado ( tradio material ) em branco * No caso de o endossado em branco (B) transmitir a letra a C sem endossar ( por mera tradio real ) sem nela opor qualquer declarao, a letra passa a funcionar como um mero ttulo ao portador e as transmisses manuais intermdias so ignoradas. Tudo se passa como se o endossado em branco fosse C ( como se tivesse havido endosso em branco directo de A a C ) A ------------------ B ---------------------- C ---------------------- D Endossante endossado Em branco em branco. As transmisses intermdias so ignoradas ( A/B; B/C). Tudo se passa como se o portador actual da letra Ex: D passa a portador imediato. Legitimidade activa e passiva: Quem pode endossar a letra? O tomador Qualquer portador legitimo dessa letra ( legitimidade por uma srie ininterrupta de endossos. Qualquer cessionrio ou qualquer sucessor "mortis causa" da letra. Ex: Se C for herdeiro de B tambm pode endossar. A quem pode ser endossada uma letra? Art 11n3: No existe qualquer condicionalismo. Qualquer estranho cadeia cambiria. O prprio sacado Qualquer obrigado cambirio - A cadeia de endossos retorna a um dos obrigados
cambirios: Figura do reendoso: Ex - F -- endossa --- D. D j no era endossante. A particularidade do regime est no direito de regresso. Ex: F --- endosso --- D. D j no era endossante. Quando h reendosso, como que se compensam as obrigaes dos que esto no meio o portador da letra s pode exigir aos subscritores anteriores a si, na cadeia cambiaria. D volta sua posio primitiva.
EFEITOS DO ENDOSSO: -A) Efeito translativo: O endosso transmite todos os direitos emergentes da letra: Art 14n1. N prtica, por dizer que o endosso vem investir o portador na posio de um credor cambirio originrio. ( De um titular de um direito cambirio autnomo, relativamente s excepes pessoais e causais, que pudessem ser opostas a quem lhe endossar a letra autnoma em relao s excepes decorrentes de qualquer conveno extra cartelar Art 17. Mas, alm disso, tambm o investe nesse direito, independentemente da ilegitimidade de um dos sujeitos da cadeia cambiria (16). Para que este efeito translativo surja, necessrio que estejam preenchidos os pressupostos de que depende a autonomia do direito de crdito cambirio: art 16 e 17. Ao lado do endosso prprio, h endossos imprprios: Com o endosso, apenas se transmitem certos, no todos os direitos, ou ento, transmitem-se todos os direitos da letra; mas de um modo especial. So casos em que o endosso no produz a sua plena e norma eficcia translativa: 3 endossos imprprios: 1) Endosso por procurao: Consiste num tipo de endosso, que tem preferido no transmitir qualquer direitos cambirios em nome e por conta do endossante ( a exercer esses direitos em nome e por conta do endossante) Art 18. Trata-se de um mero representante de quem endossou a letra. Neste caso, o regime jurdico : O endossado no proprietrio da letra, nem titular dos direitos contidos na letra ( um mero representante ) . O endossado no pode transmitir o ttulo ( endoss-lo . Se o fizer, qualquer endosso valer como novo endosso por procurao: O novo endossado apenas est habilitado a cobrar a quantia cambiria em nome e por conta do endossante inicial ( habilita-o no mesmo
direito que tinha o endossado anterior. Ao endossado por procurao so oponveis todas as excepes pessoais e causais, que podiam ser afastadas ao endossante ( art 18 n 2 ) O endossado deve prestar contas ao endossante ( Deve apresentar a letra ao aceite do sacado, deve lavrar protesto, etc. 2)Endosso em garantia: Art 19. Pressupe a existncia de uma relao jurdica fundamental endossante e endossado ( que explica o endosso ), mas acrescenta a esta relao jurdica a existncia de uma garantia creditria especial: penhor dando ao endossante a letra ao endossado para garantir a obrigao assumida na relao jurdica fundamental. A letra no funciona aqui como um novo meio de pagamento, mas como garantia do crdito. O endossante, para garantir a sua obrigao, d a letra em crdito ( em garantia ). Regime aplicvel: Ao contrrio do endossado por procurao, o endossado em garantia titular de um direito autnomo. tambm um credor pignoratcio ( titular de uma garantia ) So-lhe inoponveis todas as excepes que pudessem ser afastadas ao endossante: Art 19n2 O endossado em garantia exerce todos os direitos emergentes da letra, em nome prprio ( inclusive o direito de cobrar a garantia cambiria ): Art 19n1. LIMITAO: O endossado em garantia no titular de todos os direitos. No pode dispor ilimitadamente da propriedade de letra. No pode endossar de novo a letra. Se o fizer, valer este como mero endosso por procurao ( habilita apenas o endossante a cobrar a quantia cambiria, em nome e por conta do endossante).
3 ) Endosso posterior ao protesto por falta de pagamento Art. 20 : distingue 2 situaes: - no caso de o endosso ter sido realizado posteriormente data do vencimento da letra, mas antes de ter sido lavrado o protesto por falta de pagamento, o endosso produz os seus efeitos normais. - O endosso realizado depois de ter sido confirmada a recusa do sacado em pagar (posteriormente no protesto por falta de pagamento), vale como uma mera cesso de crditos. B)efeito constitutivo: constitui o endossante na obrigao de garantia pela aceitao e pagamento da letra ,perante o endossado, o endossante fica
constitudo na posio de uma obrigao em via de regresso perante o endossado: caso o sacado no aceite o pagamento da letra ,o pp endossante pagar a letra. H 4 situaes especiais em que este efeito no se produz de modo normal: 1-Endosso com clausula sem garantia ou sem regresso: art.15. o endossante ,salvo disposio em contrario , garante tanto da aceitao, como do pagamento da letra (efeito constitutivo normal). Mas o endossante pode exonerar-se da obrigao da garantia do aceitao da letra , como da obrigao de garantia de de pagamento da letra consoante a extenso dada ao seu regresso. Este efeito da exonerao abrange quer o endossado imediato ,quer os endossados posteriores (vlidos). S aproveita ,no entanto , ao endossante que aps essa clausula (dos efeitos da excluso no se podem prolongar nem ao endossado imediato nem aos portadores mediatos). 2-Endossos imprprios quanto ao efeito translativo : a)Endosso por procurao :o endossante no assume aqui qq obrigao de garantia face ao endossado .O endossado aparece na posio de um mero representado. b)Endosso posterior ao protesto: o endossado surge na posio de um mero comissrio. c)Endosso em garantia :o efeito constitutivo normal produz-se dado que o endosso constitui o endossante na verdadeira obrigao de garantia pela aceitao e pagamento das letra; e o endossado est apenas limitado no exerccio do dto de endosso. A inexistncia deste 1 dto no afecta a posio jurdica do prprio endossante: continua, perante o endossado, caso o sacado recuse, obrigado a pagar a letra (obrigado em via de regresso). 3-Endosso com clausula no ordem: Numa letra ,pode ser aposta uma clausula no ordem pelo sacador ,pelo devedor ou por um posterior endossante. Sempre que a clausula for aposta por um endossante no letra que foi sacada ordem, pode perguntar-se se isto no paralisa o efeito constitutivo normal (que criar a obrigao da garantia). Art15 n2 :o endossante pode proibir novo endosso, e neste caso, no garante o pagamento em relao s pessoas a quem a letra foi endossada pelo endossado "no ordem. O efeito de uma clausula no ordem o de excluir a responsabilidade
cambiria de regresso do endossante ,relativamente a todos os endossados mediatos (pelo endossado no ordem) Ex: Se A endossa a B uma letra sacada ordem , apondo uma clausula no ordem B endossa a letra a C e C a D .Art 15- A constituindo um endossante com responsabilidade cambiria normal relativamente a B , j se exonera de qq responsabilidade de regresso face a todos aqueles a quem tenha sido endossado a letra. Esta situao diferente dos endossos sem garantia no endosso com clausula no ordem , este endosso produz um efeito mediato da exonerao da responsabilidade cambiria (s para os portadores mediatos).No endosso sem garantia ,produz-se um efeito de exonerao total e imediata (relativamente a todos os portadores ;quer em relao aos portadores mediatos quer em relao aos portadores imediatos).
Relativamente ao endosso com clausula no ordem-2 posies doutrinais: 1-Atende apenas letra de lei; o efeito deste tipo de letras o de excluir a normal obrigao de garantia pela aceitao e pagamento da letra , relativamente a todos os endossados mediatos. Ex. Se A endossa uma letra a B , com clausula 2 no ordem ou endosso proibido e B endossa a C e C a D , A tem uma responsabilidade cambiria normal para com B , mas no tem qualquer responsabilidade para com C ,D e todos os seguintes .Isto resulta da letra do art15. 2-o Art. 15 deve ser interpretado de forma diversa .o que o endossado no ordem (B) est proibido de fazer 1 novo endosso. Mas, j nada o impede de transmitir a letra de outra forma. E: Cesso de crditos. No caso de B ter endossado a letra (contra a proibio legal), significa que tal endosso vai converter-se numa mera cesso de crditos. esta a situao que corresponde vontade hipottica das partes. O endosso realizado por um endossado no ordem (B), teria por efeito no o de exonerar A da obrigao cambiria em relao aos portadores mediatos , mas um outro efeito: dado que os portadores mediatos so relativamente a A meros cessionrios do endossado B, ser-lhes-iam aponiveis todas as excepes que o endossante no ordem pudesse opor a este. Esta a posio mais aceitvel.
4 Endosso com clusula sem protesto ou com clusula sem despesas. Art. 46 . Tambm produz um efeito constitutivo normal. um endosso imprprio: tem por efeito tornar mais onerosa a garantia dada pelo endossante. Nas letras com esta clusula, dispensa-se o portador da letra de fixar o protesto por falta do aceite ou pagamento, por parte do sacado. a) Efeitos da legitimao: o endosso tem por efeito o de legitimar formalmente o portador. Art. 16 - estabelece a presuno de que o portador da letra o seu portador (titular) legtimo desde que possa justificar a sua posse atravs da prova de uma srie ininterrupta de endossos formalmente vlidos. uma presuno relativa: pode ser ilidida mediante prova em contrrio.
IV- AVAL I. Art. 30 a 32 da LULL. Acto pelo qual uma pessoa (terceiro ou subscritor cambirio), garante o pagamento da soma cambiria por parte de um dos subscritores da letra. Natureza jurdica: constitui uma obrigao de garantia, o fim o de garantir (caucionar) a obrigao de um certo subscritor cambirio (que o avalizado). O aval cambirio tem algumas semelhanas e tambm algumas diferenas em relao fiana.
Semelhanas. Art. 31 n 4 a obrigao do avalista no uma obrigao idntica dos outros obrigados ou subscritores cambirios. uma obrigao que garante outra obrigao (de segunda linha). Est por detrs da obrigao de um dos subscritores cambirios e no ao lado. 32 n 1 a obrigao do avalista uma obrigao acessria da obrigao do avalizado. O contedo e extenso da obrigao do avalista, determinam-se pelo contedo e extenso da obrigao do avalizado. 32 n 3 tal como o fiador que paga a divida tem o direito de regresso contra o devedor, tambm o avalista tem um direito de regresso contra o avalizado e contra os subscritores cambirios que eram devedores do avalizado. Diferenas: Art. 32 n 2 a obrigao do avalista mantm mesmo no caso da obrigao do avalizado ser nula por um vicio que no seja um vicio de forma. A
obrigao do avalista materialmente autnoma: no se comunicam obrigao do avalista eventuais invalidades, (vcios) de fundo que afectam a obrigao do avalizado. S se comunicam vcios de forma. Na fiana, a nulidade da obrigao principal acarreta logo a nulidade da obrigao do fiador (Art.632 C.C.) 32 n 3 O avalista alm de ter um direito de regresso contra o avalizado, tem o direito de regresso contra todos os subscritores anteriores ao avalizado (perante os quais o avalizado podia agir, em via do regresso). Legitimidade activa e passiva. Quem pode prestar aval? Art. 30 n 2 pode ser dado por um terceiro estranho cadeia cambiria um signatrio (subscritor) da letra. de admitir que a funo do aval de fornecer mais garantias, pode ser que o aval venha a tornar a obrigao cambiria de um subscritor mais onerosa do que ela j era. Ex.: A B C (C subscritor cambirio) avaliza a obrigao do sacador . Permitese, porque se C avalizar a obrigao do sacador C responde no apenas perante os subscritores posteriores da letra, mas perante todos os subscritores da letra (anteriores tambm). Assume uma obrigao de garantia da obrigao do sacador (subscritor originrio). A favor de quem o aval pode ser prestado? A favor de qualquer signatrio da letra. Art. 31 n 4 Na falta de indicao do beneficirio do aval entende-se que o avalizado o sacador. Objecto do aval: admite-se o aval parcial (Art. 30 n 1) Forma do aval: tem que ser feita por escrito (31 n 1). Efeitos do aval tem que ver com a posio jurdico-passiva do prprio avalista (responsabilidade da obrigao do avalista) Caractersticas principais da obr igao do avalista. Obrigao de garantia perante os subscritores em face dos quais o avalizado responsvel. A obrigao acessria em termos de contedo e extenso (determinam-se pela obrigao do avalizado). A limitao da responsabilidade do avalizado, aproveita ao avalista, ex. se a obrigao do avalizado estiver coberta por uma clusula no ordem cobre tambm a obrigao do avalista. uma obrigao de responsabilidade solidria (e no subsidiria), ela responde
ao lado para com os demais subscritores cambirios. O portador da letra pode pedir de qualquer subscritor da letra, inclusiv do prprio avalista. Obrigao materialmente autnoma (Art. 32 n2). A obrigao do avalista permanece de p , mesmo que a obrigao do avalizado seja nula por vcio de fundo. A obrigao do avalista s desaparece, caso a obrigao do avalizado seja nula por vcio de forma. H vrios cenrios possveis, consoante a posio jurdica do avalizado: No so concebveis mais situaes em que a obrigao cambiria do avalizado seja nula por vcio de forma, sempre que o avalizado seja o sacador. Constituindo os vrios requisitos formais do saque (da declarao do avalizado primeiro), requisitos de validade da prpria letra sempre que a declarao do sacador padea de um vcio de forma, a letra nem sequer chegava a existir. portanto uma situao inconcebvel. So inconcebveis situaes em que a obrigao do avalizado nula por vcio de forma e isso no acarreta a nulidade da obrigao do avalista. Ex. Um endosso em branco em que o endossante no tinha aposto a sua assinatura no local exigido por lei: no verso da letra: (nulidade por vcio de forma). Sendo certa a obrigao do avalizado, ser certa o aval que lhe foi prestado: 32 n 2 (a contrrio). Posio juridico-activa do avalista (direitos do avalista que paga a letra). Art. 32 n 3 ele fica sub-rogado nos direitos emergentes da letra, contra o avalizado (= fiana), mas tem tambm direito de regresso contra todos aqueles contra quem o avalizado tinha direito de regresso. Fica sub-rogado na posio jurdica do avalizado. Vencimento e pagamento da letra. H 4 espcies de vencimento de letras, taxativamente previstos no 33. 1. Letras vista: pagveis no acto da sua apresentao: 34 LULL. O portador da letra vista tem um ano a contar da data de emisso da letra para apresentar ao pagamento, esse prazo poder aser aumentado ou reduzido pelo sacador ou por um endossante. O portador de uma letra vista que no a apresente no prazo, perder todos os direitos de regresso (53). 2.Letras a certo termo de vista: art.35. So letras cujo prazo de vencimento se conta a partir da data do aceite ou da data do protesto por falta de um aceite. Deve ser apresentada no prazo de um ano a contar da data da sua emisso. Se o portador no apresentar a letra dentro do prazo imperativo perder todos os direitos de regresso contra todos os obrigados (53).
Art. 36 e 37. So normas supletiveis que esclarecem situaes de dvida. Art. 36 a letra sacada a um ou mais meses da data ou da vista, como eles no pem o dia exacto mas apenas o ms, presume-se que a data do vencimento no ltimo dia do respectivo ms. Se a letra sacada a 31/7 e pagvel a 3 meses da data, vaise vencer a 31/10. Mas se sacada a 31/11 vence-se a 28/2 (ltimo dia do ms).
Prazos para apresentao das letras. Pagamento: letras pagveis em data determinada, letras q certo termo de vista ou de data:38 so pagveis no dia do vencimento da letra ou nos dois dias teis subsequentes. Letras vista: uma vez que so pagveis no acto da sua apresentao, a sua apresentao para pagamento efectiva-se na data. A questo no se pe porque os dias coincidem. O sacado pode pagar toda a letra, mas tambm pode pagar s uma parte (39 n2). No caso do pagamento total o sacado pode e deve exigir que lhe seja passada a quitao do pagamento e que lhe seja entregue a prpria letra. Se s exigir a quitao, se a letra vier a ser transmitida a um portador de boa f pode acontecer que o sacado seja obrigado a pagar duas vezes (pp da incorporao). O sacado tem a obrigao de verificar a legitimidade formal do portador: para se exonerar validamente da sua obrigao de pagamento, tem apenas a obrigao de verificar a existncia de uma sucesso regular de endossos que sejam extrinsecamente vlidos: 40 n3 no obrigatrio verificar a legitimidade material dos portadores. Aco de regresso art 43 o portador de uma letra pode exonerar o seu dto de regresso (exigir o pagamento da quantia cambiria). Contra o sacador os endossantes da letra ou o avalista, em duas situaes: 1-na data do vencimento da letra. 2-antes do vencimento da letra, pode exigir esse pagamento em 3 hipteses: a)no caso de recusa total ou parcial do aceite ( pode logo agir em via de regresso, mediante comprovao formal). b)casos de falncia do sacado. c)casos de falncia de um sacador da letra no aceitvel ( com clausula de
aceite proibido - situao especifica). Prazos para realizar o protesto por falta de pagamento do aceite e do pagamento. Consequncias da emisso deste protesto (dentro dos prazos): Art.44, 53 e 46-A recusa de aceite e do pagamento por parte do sacado comprovada por protesto ,e s com este documento, o portador pode reagir com os obrigados cambirios. Se o portador (53) de uma letra , no faz o protesto dentro do prazo (44) ele perde todos os seus dtos de aco contra os obrigados cambirios , excepo do aceitante ( este responde sempre).Quanto aos endossantes, sacador e avalista e desde que o portador tenha lavrado o protesto , qualquer destes obrigados cambirios responsvel pelo pagamento da letra, perante o portador (funcionando depois contra eles os dtos de regresso), obrigao solidria juntamente com o aceitante:47. Dtos do portador : Art.48.O art 52 refere-se a uma situao especfica quanto ao dto do portador : o portador de uma letra tem o dto normal de exigir o pagamento aos obrigados. Mas, a lei faculta ao portador um meio para agir: ressaque? operao que consiste em o portador da letra em vez de exigir ,em via de regresso, a um dos obrigados cambirios, sacar uma nova letra vista sobre um dos obrigados cambirios. Dtos de um subscritor que haja pago a letra:49 e ss. A pessoa que pagou uma letra, pode reclamar depois esse pagamento , em via de regresso, contra aqueles que eram seus devedores cambirios ( que tb garantiram a sua obrigao).
3-Regime da livrana. Tb um titulo de crdito, uma promessa de pagamento A promete pagar a B , uma relao jurdica bilateral .no uma ordem de pagamento ,no h aceite. A o promitente ou subscritor e B o beneficirio ou tomador. um titulo que nasce ordem do tomador e pode circular por endosso. No h aqui a figura do sacador. Os requisitos da livrana esto no 75 e ss LULL onde se remete para o regime das letras de cmbio . As diferenas essenciais da livrana face letra de cmbio
que na livrana tem que tem que constar a palavra livrana , tem que enunciar uma promessa de pagamento. O regime da livrana semelhante ao da letra , desde que as disposies no sejam contrrias prpria natureza da livrana. As livranas a certo termo de vista esto no 78 n2. A livrana lavra-se vista e se o subscritor no lavra vista, lavra-se um protesto por falta da vista. 4-Regime civil do cheque Tb uma ordem de pagamento, manda-se um banqueiro pagar a outra pessoa . uma relao tripla ,s que uma das partes necessariamente um banqueiro .Tem que se indicar sempre o nome do banqueiro (sacado).Para dar uma ordem ao banqueiro ,supe-se que eu tenha fundos disposio desse banqueiro ,para o banqueiro poder pagar. Conveno de cheque:acordo pelo qual eu posso dispor de fundos que tenho nesse banco, por meio de cheque .Tb um titulo destinado a circular como meio de pagamento eu posso endossar um cheque indefinidamente , o cheque pode nascer em branco ou ao portador ele transmitido ao portador , transmite-se por endosso , mas pode ser endosso de simples entrega : (art5 e 6 Lucheques). Faltando a data , ele pagvel apresentao um titulo vista : 28.O sacado um banqueiro (3).2 requisitosconveno de cheque com o sacador e a existncia de fundos disposio do sacador ( relao de posio).Quando no h dinheiro o banqueiro no paga por falta de proviso. Se no h conveno de cheque nem fundos , isto no afecta a validade do cheque , posso exigir ao sacador ,ou seja, a quem me deu o cheque. proibido o aceite no banqueiro , porque no obrigado cambirio:art 4. A noo de aceite considera-se no escrita. O banco no obrigado cambirio Ele nem sequer pode avaliar o cheque ,nem endossar o cheque porque o endossante naturalmente um obrigado cambirio e o banqueiro nunca o pode ser. Cheque visado: visar o cheque no aceitar o cheque. Apenas se est a garantir que o sacador tem fundos para que seja pago. Funes do cheque- Meio de pagamento , meio de garantia e funo crediticia (para conseguir crdito). Ele no pode nascer sem data. Cheque ante datado: o cheque um titulo vista , pagvel apresentao :28
n2, no interessa para nada eu por uma data. O prazo para levar o cheque apresentao do banqueiro 8 dias, depois ele pode recusar-se a pagar :29. Se o banco se recusa a pagar por qq motivo deve ser lavrado protesto :40 para se poder exercer o dto de regresso face aos obrigados cambirios o tempo para exercer a aco de regresso de 6 meses: 56. H a possibilidade de revogar o cheque , essa revogao s produz efeitos depois de terminado o prazo de apresentao :32 n1. Dentro dos 8 dias , o banco tem obrigao de pagar. Relao entre o portador do cheque e sacador (banco)O banco se no paga o cheque indevidamente , responde perante o sacador . Se no paga ao portador do cheque ser que ele responde face ao portador ? Ora , o banco no pode ser interpelado pelo portador como um obrigado cambirio. Posso racion-lo, mas embora noutro tipo de relao e no com base na relao cambiria o banco no obrigado cambirio. 3-Contratos. 1.Os ctts comerciais em geral partida , h uma serie de consequncias genricas para os ctts mercantis e no civis. H ctts que podem ser ao mesmo tempo civis e comerciais. Ctt de locao financeiraO seu regime jurdico foi recentemente alterado. Este ctt tratado no dl149/95 e as sociedades leasing esto reguladas no dl72/95. H uma relao que nasce com 3 pessoas- A encontra B que tem o bem e que pede o seu preo , mas A no paga e entao vai ter com C ao qual pede para comprar o bem a B para depois A o locar. Economicamente uma relao triangular , trilateral. C exclusivamente financiador .Sero celebrados em principio dois ctts C-B ; B-A ;o proprietrio C. Existe nestes ctts uma conveno pela qual no fim do perodo , terminado o ctt pode a propriedade transferir-se para A atravs de um preo normalmente residual. um ctt de financiamento porque no fundo se por ex. Tenho uma actividade industrial e preciso de um dado bem, mas no tenho dinheiro para o comprar , ento vou alugar o bem , retirando lucros desse bem e quando tiver dinheiro suficiente , o bem poder ser meu. Esta caracterstica pode ser levada ao
extremo na figura lease back- A comerciante praticamente falido ; tem meia dzias de mquinas , mas no tem dinheiro para comprar mquinas a A. C paga as mquinas e depois da a A em locao financeira e por isso , verdadeiramente C nunca chega a ter as mquinas nos seus armazns. Ento ,A vai fazer dinheiro at que pode agrupar o suficiente para mais tendo as mquinas. Vantagem para C Inverte o lucro. O ctt gera ento capital para todas as partes envolvidas .O locatrio dirige-se ao locador com uma proposta de ctt para ele celebrar com outra pessoa. Art 9-A refere-se a certa obrigao : leasing directo Em vez de existir esta relao triangular econmica , o prprio comerciante/ locador que d uma coisa que j sua . Desde este dl, s uma sociedade de locao financeira ou bancos podem celebrar ctts de leasing. partida esta sociedade apenas um locador e supe algum motivo. -ex.A deixa de pagar as rendas e o locador v-se a braos com vrios bens que so da sua propriedade :DL 72/95. Quando o locatrio procura o bem ,este no foi mandado pelo locador ( no h qq interesse por parte deste) A no mandatrio do C no age em representao do locador. Art 22 o locador no pode ser responsabilizado pelos prejuzos decorrentes da no celebrao do ctt. B no pode responsabilizar C pelo facto de o ctt no se concluir. Mas, pode ser responsabilizado com base no 227- responsabilidade prcontratual. O locador apresenta a proposta sociedade que aceita :compra ou ctt leasing com o locatrio. Forma: art3- o ctt deve ser celebrado por documento particular em caso dos imveis com reconhecimento presencial das assinaturas. Art 8- produz os seus efeitos imediatamente. Podem no entanto ser condicionados , ex. Tradio. Certo ctts so distintos , no esto ligados juridicamente .Art 13. Determina que quem tem a garantia dos vcios da coisa locada no o comprador , mas o locatrio. Quem pode exercer contra o vendedor dadas as aces por incumprimento o seu proprietrio. Este DL diz que o proprietrio cede aos locatrios a garantia pelos vcios da coisa do locatrio. Ora, se muitas vezes o locador nem sequer v os bens , ele que tem que fazer valer os seus dtos perante o vendedor. Isto foge ao regime regra. Transferncia de risco do bem- em principio , corre por conta do proprietrio do
bem. Neste caso corre por conta do locatrio: Art15. Publicidade no ctt : o leasing imobilirio fica sujeito a inscrio na conservatria :art 3 n3. Os dtos e deveres das partes esto associados ao ctt de locao :art 9. Um locador no tem a obrigao de garantia pelos vcios. O locatrio tem que pagar a renda , conserv-la ,etc ; as despesas para a manuteno da coisa ,isto porque o locador tem a obrigao de conceder o gozo da coisa, mas no de conceder a manuteno da coisa.H uma obrigao de seguro. Findo o contrato, o locatrio s no pode optar por comprar o bem, tem de devolver o bem ao locador em bom estado obrigao fundamental. Sendo o locador o proprietrio, ele tem dto a exame para ver se o bem est a ser conservado e em bom estado. CONTRATO DE FACTORING O contrato de cesso de crditos est no 583 e ss. do C.C.. Por ex: temos uma empresa com vrios clientes e a actividade mais complicada cobrar as dvidas dos clientes. Enquanto no se cobra, falta capital e est-se espera. Ento, passa-se essa tarefa para as pessoas que se especializaram em ir cobrar os crditos de outrm: sociedade de factoring. No factoring, h depois uma massiva celebrao de contratos de cesso de crditos, transforma-se isto num contrato de factoring. Transmite-se para a sociedade de factoring todos os crditos. Claro que a sociedade remunerada por isto, o que cede os crditos (cedente - ... ou cliente da sociedade de factoring) vai ceder sociedade a cobrana dos seus crditos. Atravs desta cedncia, este cliente vai ter vantagens: de organizao, poupa tempo, trabalhos incmodos perante os clientes, porque se afasta uma tarefa ingrata. H um adiantamento de capital e tambm se transita o risco da cobrana mas no h s vantagens. As sociedades de factoring tambm tm vantagem com isto: vo cobrar uma dada percentagem sobre aqueles crditos. H uma espcie de conta corrente entre o cliente e os scios. Este contrato est no D.L. 171/95, que vem regular as sociedades de factoring. Os seus arts 7 e 8 dizem que o contrato de factoring deve ser celebrado por escrito mais documentos comprovativos da dvida (crdito) so as facturas, cheques, letras. S as sociedades de factoring e os Bancos podem ser factors (aquele que vai cobrar). Normalmente, a transmisso pro-soluto: eu sou o cedente, transmito os crditos, recebo o dinheiro e o risco corre por conta do
factor: 587 do C.C.. Mas o factoring tambm pode ser pro-solvendo: 597, n.2 do C.C.. Transcrito o crdito e o factor o cessionrio, vai cobrar, mas a transmisso do crdito fica condicionada sua solvabilidade. Aqui no se transmite o risco, este corra por conta do cedente. Como este contrato pouco regulado, aplica-se o regime da cesso de crditos do C.C.. GARANTIAS PESSOAIS ATPICAS Eu responsabilizo-me com todo o meu patrimnio, por isso se diz que uma garantia pessoal. Por ex: fiana, o fiador responsabiliza-se com todo o seu patrimnio face ao afianado; o aval uma garantia pessoal, o avalista avaliza com todo o seu patrimnio. Ora, um contrato tpico aquele que tem regulao na lei. Mas, h liberdade contratual: 409 C.C.. Pode-se celebrar outros contratos que no esto na lei, mas h numerus clausus nos dtos reais. As garantias pessoais atpicas so aquelas que no esto reguladas na Lei: algum se compromete a pagar uma dvida de outrm com todo o seu patrimnio. Distinguir isto da fiana: nestas garantias atpicas, o garante geralmente uma instituio bancria garantias bancrias, garantias primeira solicitao (on first demand). Alm disso, estas garantias tambm se chamam garantias autnomas. Ora, a caracterstica essencial da fiana a acessoriedade a obrigao do fiador a acessria da obrigao garantida. Se a obrigao principal no vlida, a fiana tambm no . Tambm existe uma acessoriedade funcional porque o fiador pode opor ao credor os meios de defesa que competem ao devedor, 633 do C.C.. Tambm h uma acessoriedade extintiva uma vez que se extinga a obrigao principal, tambm se extingue a fiana. O mbito da fiana no pode exceder o da obrigao principal. Alm disso, exige-se para a fiana a mesma forma que se exige para a obrigao principal. REGIME DAS GARANTIAS AUTNOMAS: so uma derrogao regra da acessoriedade da fiana porque esta era recusada no Dto Comercial como meio de garantia. Logo, chegou a convencionar-se entre as partes contratos atpicos, inominados de garantia. Tinham que ser autnomos e independentes da obrigao garantida. Afastou-se a possibilidade de opor excepes, quanto ao mbito, ?... de forma. Quando se usam estas garantias? H garantias de manuteno da oferta na fase pr-contratual. Se no a fizer, o garante compromete-se a pagar o montante de X. H garantias de reembolso,
pagamentos antecipados, boa execuo dos contratos, da manuteno de um bem, de uma obra (contrato de empreitada), garantia de pagamento de uma dvida pecuniria, ou seja, no so s garantias de pagamentos, mas tambm de comportamentos. Comeou a convencionar-se uma clusula de pagamento primeira interpelao ou solicitao, onfirst demand quer dizer que assim que o garante interpelado, tem que pagar inevitavelmente, sem levantar ondas, fazer perguntas. Logo, os credores no querem outra coisa. Quem fica em m posio aquele que garantido. Problema: haver conluio entre o credor e o garante, haver uma negligncia do garante (Banco). Logo, muitas vezes o que acontecia que havia uma execuo abusiva ou fraudulenta da garantia autnoma primeira solicitao. A Jurisprudncia tem permitido a hiptese de o devedor paralisar a garantia para o Banco no pagar, atravs de um procedimento cautelar. Estas garantias autnomas, atpicas, bancrias, so cada vez mais usadas, e como tal, se recorre cada vez menos fiana. Os contratos de agncia, contrato de concesso e contratos de franquia ou franchising so diferentes, mas tm muita coisa em comum. Apenas o contrato de agncia est tipificado desde 1986, por ex, sou produtor de um dado bem com muita sada: produtos alimentares, vesturio, fao carros ou vendo na minha loja, tenho necessidade de escoar os meus produtos, abro outra loja em Lisboa, Madrid, Paris; ora isto d muito trabalho. De facto, seria uma distribuio directa porque tenho o controlo total da comercializao dos produtos: o produtor que implanta postos de venda. Isto no prtico e muito dispendioso. O risco, custo e distribuio corre por conta dele torna-se algo descabido. Por isso, recorre-se celebrao de contratos de agncia. O agente algum que normalmente conhece um dado territrio, conhece um dado mercado e vai promover a celebrao de certos contratos. Vai mostrar o produto, publicitar os produtos e convencer a clientela. Mas quem celebra o contrato de compra e venda aquele para quem o agente trabalha: o principal. Acabado o contrato de agncia e agora eu, principal, vou continuar a vender os carros a esses clientes. Saber se cessando o contrato de agncia devo ou no pagar ao agente uma indemnizao de clientela, dar-lhe algum dinheiro, dado que vou ter lucros custa da actividade que este vinha a desempenhar. Os contratos so celebrados pelo principal, o produtor que corre o risco de comercializao dos bens. Se sobram produtos em stock, o prejuzo do principal. Surge o contrato de concesso comercial: as coisas so muito diferentes. Estamos
no mbito de uma distribuio indirecta, a distribuio feita indirectamente pelo produtor, atravs do concessionrio. Este, em regra, compromete-se a adquirir uma dada quota de base, que se compromete a vender no mercado. O produtor afasta aqui o risco da distribuio e o concessionrio compromete-se a escoar um dado nmero de bens. Mas este contrato, era um grande avano porque o produto ficava sujeito performance do concessionrio, publicidade que ele fazia, etc. Por isso, surge o contrato de franquia ou franchising, que muito complexo. Eu sou produtor de bens ou de servios e decido coloc-los no mercado. Esses bens ou servios valem no s pelas suas caractersticas, mas tambm pela forma como so comercializados. Cada vez mais o que interessa a imagem que temos do produto e da fbrica. Casos tpicos de franchising de produo: Coca-Cola, McDonalds. Tambm h franchising de servios como a 5 Sec, Holliday Inn, etc. So sociedades de tratamento de roupas, hotelaria. O franqueador tem uma empresa muito bem sucedida e consegue vender muito bem certos bens e servios. Este no transmite s a possibilidade de comercializar os bens e servios, transmite tambm todo o suporte empresarial que acompanha esse produto ou servio. Neste tipo de contrato transmite-se algo muito importante: know-how. A ideia a de que tudo seja feito para que os clientes tenham a sensao de que quando bebemos uma Coca-Cola, estarmos a beber a mesma Coca-Cola em qualquer parte do mundo. Comprar aqui a Coca-Cola igual. Ex: quanto ao vesturio, aqui o franqueado que corre o risco, se vender vende, seno fica com o prejuzo. Mas ele vai ter que pagar ao franqueador dtos, royalties uma prestao inicial e depois continua a pagar X que vai depender do volume de negcios. de notar que se a imagem de marca afectada numa das lojas, por ex, intoxicao no McDonalds do Porto, isto vai afectar outras pessoas. Alm disso, o franqueador d vrias instrues, dizendo como que o franqueado deve fazer as coisas. Questo: de quem a clientela, do franqueado ou do franqueador? Qual a verdadeira natureza deste contrato? Deve o franqueador dar ao franqueado X pela clientela que surgiu naquela rea comercial? Isto parece esquisito, porque o franqueado usou os sinais distintivos do franqueador. Ao fim e ao cabo, o franqueador permite ao franqueado repetir, fazer uma cpia. O franqueado que compra a rea comercial, ele que corre o risco de comercializao, o franqueado no pode colocar os produtos no mercado, em desacordo com a
franquia, mesmo aps a cessao do contrato, se ele ficar com bens em stock. O que fazer com este bens? Ora, o risco corre por conta do franqueado, isto complicado. Quando h uma ruptura, complicado encontrar solues porque no h legislao e as partes nada disseram, no caso de haver ruptura. Alm disso, tambm difcil a aplicao analgica. Concluso: os contratos atpicos proliferam e surgem estes problemas porque no h regime jurdico. Regime jurdico do contrato de agncia: D.L.178/86 O contrato de agncia, de todos os contratos de distribuio, o nico que o legislador definiu as bases essenciais do seu regime. o contrato tipo dos contratos de distribuio e que resolve, por ex, problemas do contrato de franchising, etc. Aplica-se por analogia, se a analogia estiver presente. O D.L. 178/86 sofreu alteraes em 1993, com o D.L. 113/93. Estas alteraes surgiram porque 5 meses depois da entrada em vigor do D.L. 178/86, apareceu uma directiva comunitria sobre aspectos do contrato de agncia, procurando harmonizar as normas de proteco dos agentes comerciais a nvel da Unio Europeia, foi a Directiva do Conselho. Ao elaborar o primeiro D.L., o legislador tinha conhecimento dos projectos da Directiva que se estavam a desenvolver, a Directiva demorou mais de 12 anos a surgir porque havia regimes radicalmente diferentes nos pases da Unio Europeia. A harmonizao foi difcil, o modelo francs e alemo eram os que tinham mais contrastes, donde resultaram algumas normas que estabeleciam regimes alternativos, atendendo ao modelo francs e ao modelo alemo. Contrato de agncia: art 1 - Contrato pelo qual uma das partes se obriga a promover por conta de outra (principal), de uma forma autnoma e estvel, a celebrao de contratos. Caractersticas: autonomia, estabilidade e mediante retribuio. Assuno, pelo agente, de uma obrigao de promover a celebrao de contratos por conta e no interesse da outra parte. uma actividade material, no uma actividade jurdica. O agente no tem poderes representativos, o que este deve fazer encontrar clientes, fazer publicidade dos bens ou servios do principal, apresentar as condies de venda e de pagamento aproxima ao principal os potenciais clientes. O agente no tem normalmente o encargo de concretizar ele prprio a celebrao dos contratos. Ele cria, angaria clientes, mas quem celebra e conclui os contratos o prprio principal. Pode ocorrer a atribuio de poderes representativos, mas s se for convencionado por escrito:
art 2. Segundo o art 3, presume-se que o agente tambm tem poderes para cobrar crditos fora destes poderes. Pode acontecer que ao agente seja atribudo um crculo de clientes em exclusivo. Tambm esta atribuio tem que ser convencionada expressamente por escrito: art 4. H uma obrigao de promover a celebrao dos contratos, e uma obrigao genrica de actuar porque 2 boa f h uma relao de colaborao entre o agente e o principal. Depois h uma enumerao exemplificativa das obrigaes do agente: comunicar, mas tambm h dtos do agente, por ex, dto retribuio. As notas da autonomia e estabilidade so as que permitem distinguir contrato de agncia de contrato de trabalho. Ele tem autonomia, actuao e vinculao jurdica estrita ao principal, ele que determina os clientes que vai visitar, a que horas, com que meios; ele geralmente que assume as despesas relacionadas com a sua actividade. Estabilidade, duradoura, tendencialmente continuada. Os agentes so diferentes dos mediadores destinam-se aproximar as partes no potencial contrato de uma forma espordica. O cargo assumido pelo agente tendencialmente estvel. Dto retribuio: arts 15 e 16 - este dto est ligado aos resultados que o agente proporciona ao principal. Como o agente autnomo e independente, este remunerado face aos resultados obtidos. O contrato de agncia , inequivocamente, um contrato de prestao de servios, uma vez que a retribuio depende dos resultados obtidos. Logo, a comisso a forma normal de retribuir a actividade desenvolvida pelos agentes comerciais: comisso sobre os contratos que o principal venha a celebrar com a clientela, art 15. Segundo o art 16, n 1, as comisses so o valor percentual sobre o volume de negcios. O agente tem dto comisso face aos contratos por si promovidos, contratos face aos quais a actuao do agentes foi decisiva para a sua celebrao e tambm pelos contratos celebrados com clientes por si angariados. Tendo conquistado um cliente para o principal, o agente, mesmo que no tenha uma interveno directa para a sua celebrao, tem dto a ser retribudo devido celebrao do contrato. A lei estabelece isto para evitar pretenses abusivas do principal. O cliente tendo necessidade de encomendas posteriores, falo- directamente com o principal, e assim, todo o esforo para captar o cliente perdia significado em termos retributivos a favor do agente. Tendo havido um esforo inicial do agente, este tem dto aos frutos desse esforo inicial comisses pelos contratos celebrados. Art 16, n 2 dto comisso quando for atribudo ao agente um dto exclusivo. O
art 4 diz que ao celebrar-se o contrato de agncia, o principal cria a favor do agente, para actuar numa dada zona ou crculo de clientes, estando o principal, assim, a garantir ao agente que no vai contratar outros para actuar nessa zona. Mas, o prprio agente tambm se obriga a no promover a celebrao de contratos com outros principais. A actividade do dto exclusivo tem consequncias em termos remuneratrios: os agentes tm dto a uma comisso por todos os contratos celebrados com clientes que pertencem zona ou ao crculo de clientela, face aquele dto exclusivo. O principal obrigado a pagar comisses, mesmo face a contratos em que no foram angariados os clientes, porque o agente tem um dto exclusivo. Isto : a clientela pertence zona de clientes face qual o agente tem um dto exclusivo. Problema: empresas com sucursais, filiais, com diferentes GC? aqui a lei procurou estabelecer como base: saber se a sede da empresa se situa na zona certa. O agente tem um dto exclusivo, ora, o art 16, n.2 pode conflituar com o 16, n.1, se o agente promove um contrato dentro da zona exclusiva de outro agente, quem vai ter dto comisso? O que faz o esforo ou o que tem o dto exclusivo? Estas situaes podem levar a que a comisso seja repartida problema de saber se dava para usar o art - 16/1 ou 16/2. Art 16, n.3 pode complicar a situao porque o n.1 e o n.2 dizem respeito ao dto comisso para contratos celebrados entre o principal e o cliente na vigncia do contrato de agncia. Mas, como a actuao do agente tende a produzir frutos a mdio e longo prazo, o legislador fala do dto retribuio pelos contratos celebrados depois da cessao do contrato de agncia. O art26 fala das causas da cessao destes contratos. O contrato cessa mas houve negcios preparados antes de cessar, h contratos que continuam a ser celebrados na sequncia do esforo inicial do agente. Ora, o 16/3 diz que o agente s tem dto comisso se provar que foi ele a negoci-lo, a concluso do contrato d-se devido sua actividade, preparao feita por ele, a sua concluso deve-se sua decisiva interveno e desde que os contratos sejam celebrados num prazo razovel. Pe-se a questo de saber o que um prazo razovel: 15, 20, 30 dias. A maior parte da doutrina, como os ordenamentos jurdicos de Espanha, Frana, Alemanha, consideram que s em situaes excepcionais possa ultrapassar os 15 dias. I. Atribuio de uma indemnizao de clientela, no fim do contrato de agncia, a favor do agente: art33, o art34 refere-se ao seu clculo, estabelecendo um limite mximo: no pode ultrapassar um valor correspondente ao valor anual da
comisso que o agente habitualmente auferia ou mdia por ele obtida nos ltimos 5 anos. A indemnizao calculada segundo a equidade. - Pressupostos da atribuio da indemnizao: 1-tenha cessado o contrato de agncia; 2-ainda que seja uma cessao moral, parcial, que se tenha modificado; Exemplo: mantendo o dto exclusivo da zona, a possibilidade de agenciar e celebrao de contratos face a certos bens, servios ou ramos. Normalmente, a indemnizao surge com a cessao propriamente dita.
- Pressupostos provados pelo prprio agente: I. a) Angariado novos clientes ou tenha conseguido um aumento substancial do volume de negcios com os clientes j existentes. A indemnizao quer compensar o agente pela mais valia que ele gerou na empresa do principal; b) Provar mediante um juzo de prognose, evoluo futura entre o principal e a clientela, que o principal venha a retirar benefcios considerveis da clientela angariada ou desenvolvida pelo principal; c) preciso que o agente deixe de receber quaisquer comisses com os clientes referidos na alnea a) preciso que se verifique uma perda das comisses face ao agente. Trata-se de uma compensao por um enriquecimento injustificado. O art33 diz que o dto surge a favor dos herdeiros do agente quando o contrato cessa por morte do agente. art 33/3 Situao em que o dto indemnizao excludo quando o contrato cessa por razes imputveis ao agente: ele rescinde ou no cumpre as suas obrigaes (2 casos). Depois, discute-se vrias situaes para saber se esto em causa razes imputveis ao agente. Se cessa, por ex, por doena, invalidez, reforma, o agente deve ter dto indemnizao, o art 18 (a contrario) prev isto expressamente neste caso. Cap.VI-FALNCIA E RECUPERAO DE EMPRESAS 1-Noes Gerais; linha de evoluo O instituto da falncia ou do dto falimentar o conjunto de normas que visam regular a situao daquelas pessoas que entraram em crise do ponto de vista
econmico-financeiro. No moderno dto portugus, o dto falimentar conhece 2 fases perfeitamente distintas: 1 fase anterior ao DL 132/93, estava regulado por um conjunto de normas dispersas, e nesta fase o instituto da falncia era privativo dos comerciantes, os particulares estavam insolventes passivo superior ao activo. Sempre que a situao do comerciante no tinha viabilidade, declarava-se a falncia e ponto final (comerciantes). Havendo falncia, fecha-se a empresa, pega-se nos seus bens e paga-se aos credores, percentualmente, a todos aqueles que reclamarem os crditos no prazo devido. Os trabalhadores que estavam nessas empresas, ficam sem o prazo e quem lhes paga a Segurana Social, Estado, ou seja, ns! Ficam durante vrios anos sem o prazo e recebiam atravs da Segurana Social, o que era mau para o Estado, porque estes trabalhadores j no descontavam para a Segurana Social e o Estado achou que mais valia pegar nesse dinheiro e, em vez de perder o dinheiro pagando findos os prazos durante todos os anos, mais valia, por ex, reduzir a dvida da Segurana Social, que era o credor mais importante quanto ao volume dos crditos a reclamar. Estado: cria meios de viabilizao da empresa. Surge um diploma autnomo que regulava a falncia e algumas tentativas de recuperar as empresas. Mas, de facto, s com o DL de 93 que isso acontece, quem vai ter uma palavra definitiva sobre se recuperam ou no a empresa so os credores e muitas das decises vo ser tomadas na Assembleia de Credores e estes votam conjuntamente o volume dos seus crditos. Hoje, a falncia deixou de ser um instituto privativo dos comerciantes. A empresa no comerciante, o prprio DL diz o que considera empresa. J no se visa apenas saber se uma empresa est ou no na situao de ser declarada falida, mas se pode ser recuperada atravs de um dos quatro processos de recuperao. S se ela no puder ser recuperada que teremos um processo de falncia: a ltima das opes. Art1/1 do DL 135/98 Cdigo dos Processos de Recuperao de Empresas e Falncia: regula o processo de recuperao nos arts 28 a 121- Quatro possveis providncias de recuperao de empresas (art 4):
I. concordata II. reconstituio empresarial (desde 98 antes chamava-se acordo de credores) III. reestruturao financeira IV. gesto controlada Art122 a 245 - trata do processo de falncia e os arts 1 a 27 so a parte geral. 2-Aspectos centrais do direito falencial -PRESSUPOSTOS NECESSRIOS PARA A APLICAO DESTE DL -Temos um pressuposto subjectivo que no o comerciante, mas sim a empresa. Essa empresa tem que estar em situao de insolvncia ou, desde 98, em situao econmica difcil. Isto so coisas diferentes (pressupostos objectivos). No passado, insolvncia era uma situao de um particular com um passivo maior do que o activo, hoje, falncia para todos particulares e comerciantes, desde que estejam organizados na empresa. Hoje, insolvncia e o estado da empresa que lhe vai permitir ser sujeita a um processo de recuperao ou a falncia. Assim, insolvncia o diagnstico da doena depois: ou morre (falncia) ou cura-se (recupera). Pressuposto subjectivo: empresa, para efeitos do dto falimentar. O DL fala na empresa no art1/2. Ora, o 230 C.Com. exclui actividade agrcola do conceito de empresa comercial. Logo, nos contratos celebrados com uma empresa agrcola, em princpio, aplica-se o direito civil. Mas do ponto de vista da falncia, vai ser sujeito ao direito falimentar, dado que este processo s exige que se trate de uma empresa, mesmo que seja uma empresa no comercial alarga-se assim o mbito de aplicao destes processos. Um comerciante que no se organize numa empresa, no vai ser sujeito a este processo porque a lei exige que se organize em termos de empresa. Mas, o art27 permite a todo aquele que no esteja organizado sob a forma de empresa a apresentao de uma proposta de concordata particular de reabilitao da sua situao. Art 2 consagra a definio de empresa: uma organizao dos factores produtivos destinada ao exerccio de uma actividade. O que se exige que haja alguma organizao subjacente, no confundir com sociedade comercial, porque a uma cooperativa pode ser sujeita a este processo. O diploma exclui as empresas pblicas, instituies de crdito e sociedades
seguradoras. Assim, a empresa um pressuposto subjectivo para que possamos aplicar este cd. O titular de empresa que sujeito de dtos e obrigaes, quem tem personalidade jurdica o titular da empresa. Eu exploro uma papelaria e tambm presto servios de consultadoria jurdica trata-se de uma empresa de prestao de servios organizada. Eu posso ser titular de vrias empresas e uma empresas pode ter vrios titulares. Logo, o titular da empresa (empresrio) que vai ser declarado falido, mas a empresa que sujeita a uma providncia de recuperao (art 122). H casos de falncia sem falido, sempre que existam massas patrimoniais insolventes, sem personalidade jurdica: sociedades irregulares, EIRL, as associaes. Estas massas no so declaradas falidas: os scios, associados ou membros que so declarados falidos: 125. O caso do EIRL especial, porque a sua falncia s incide sobre o estabelecimento. Esta falncia s se estende ao seu titular se o empresrio no tiver respeitado a separao patrimonial. s vezes, a lei previu situaes de falncia derivada, sobretudo no art 128. A falncia estende-se aos scios de responsabilidade ilimitada, cooperantes de responsabilidade ilimitada e aos membros dos Agrupamentos Complementares de Empresas que sejam solidariamente responsveis. Assim, se uma sociedade que tem destes scios de responsabilidade ilimitada, for declarada falida, tambm os scios de responsabilidade ilimitada so declarados falidos. Assim, nestes casos, a falncia estende-se a outros sujeitos que no so os sujeitos passivos da declarao. -Pressupostos objectivos: essa empresa (pressuposto subjectivo) esteja em situao de insolvncia e tambm em situao econmica difcil. O art 3 d-nos o conceito de insolvncia e de situao econmica difcil. Art3/1 (noo de insolvncia) + art 8/1 a), b) e c) so 3 ndices de que estamos perante uma situao de insolvncia. O art 3/1 diz que naquela medida o activo disponvel no chega para pagar o passivo que j est em dvida. O art8 consagra 3 situaes que so presunes iuris et de iure, ou seja, no podem ser ilididas mediante prova em contrrio. Assim, nestas 3 situaes presume-se logo que se est em situao de insolvncia, o caso da alnea c) complicado, porque uma situao que visa iludir os credores, fazendo diminuir a empresa
Significa que o titular da empresa quer que ela fique falida e nestas situaes devem os credores querer que a empresa seja declarada insolvente, seno o titular da empresa continuava a dissipar o seu patrimnio. Algum ???que apresentar a empresa a um destes processos de recuperao ou falncia. Desde 98, temos tambm a situao econmica difcil: trata-se de uma doena mas que no est em estado to grave como a insolvncia empresa com dificuldades econmicas e financeiras por no cumprir as suas obrigaes. -Legitimidade activa para propor um tratamento : o prprio titular da empresa, pode ou deve, os credores, o MP, e nalguns casos o tribunal que toma a iniciativa de dar uma soluo a esta situao. Art8n1: trs ndices desta situao de insolvncia: 1. Art8n1/a) falta de cumprimento de uma ou mais obrigaes, que pelo seu montante ou pela circunstncia do incumprimento, revela a impossibilidade de o devedor satisfazer pontualmente a generalidade das suas obrigaes: A. no se exige uma cessao total dos pagamentos por parte da empresa devedora; B. no basta que a empresa deixe de cumprir uma ou vrias obrigaes de per si. necessrio que do no cumprimento dessas obrigaes se possa inferir a incapacidade financeira da empresa para cumprir a generalidade das suas obrigaes; C. se existir uma ? legal para o incumprimento, j no h insolvncia. Pelo contrrio, se o devedor tiver meios de cumprir e no o fizer porque no quer, j no h insolvncia, bastando ao credor propor uma execuo individual da dvida concreta. Art8n1/b) fuga do titular da empresa ou dos titulares dos seus rgos de gesto, relacionada com a falta de liquidez do devedor ou abandono do estabelecimento em que a empresa tem a sede ou se exerce a sua administrao principal. No pode bastar qualquer ausncia, ainda que prolongada, do empresrio ou dos representantes da sociedade comercial (ex: doena, greve). Art8n1/c) dissipao ou extravio de bens, constituio fictcia de crditos ou qualquer outro procedimento anmalo que revela o propsito de o ? da empresa a colocar, voluntariamente, em situao de insolvncia (o titular arruina a empresa a benefcio pessoal).
Como estas provas so inilidveis, verificados os requisitos do art8n1 deve-se considerar insolvente a empresa, sem possibilidade de prova em contrrio. O art6 diz que a empresa insolvente, no caso do art8n1/a), deve requerer a sua declarao de falncia ou optar por um requerimento de uma providncia de recuperao e a lei no fala do art8n1/b) e c) porque nestes casos, ela no est interessada nisso. Logo, a lei achou que s fazia sentido falar nisto no caso do art8n1/a). Trata-se de um dever jurdico importante, porque o pedido compete ao titular da empresa ou a um dos seus rgos para que a empresa seja sujeita falncia ou a um processo de recuperao. Sempre que se verifique um dos indcios do art8 ou a empresa esteja numa situao econmica difcil, podem tambm os credores ou o MP pedir que a empresa seja recuperada ou falida. O tribunal poder, no decurso do processo, declarar oficiosamente a falncia de uma empresa art 53n1 e 56n4. Num processo de recuperao ou de falncia, quem que tem o poder essencial para determinar qual o futuro da empresa? O tipo de processo requerido ao tribunal pelo empresrio; depende do juzo que o prprio empresrio faa da viabilidade econmico-financeira da empresa insolvente. A opo que vier a ser feita pelo requerente no pode porm, determinar o decurso da instncia, nem o resultado final. Os credores tm um papel fundamental na escolha de um processo de recuperao ou falncia: por um lado, essa importncia resulta da figura da oposio preliminar dos credores- art23. A instncia surge atravs da apresentao de um pedido art15 e 16. Uma vez aberta, o juiz dever pronunciar-se sobre o prosseguimento ou no da aco intentada. A lei permite que antes do despacho judicial, os credores representativos de 51% ou mais dos crditos aprovados, se possam opor ao prosseguimento da aco intentada, substituindo um processo de recuperao por um processo de falncia, ou viceversa. Mesmo depois daquele despacho judicial, os credores continuam a ter uma possibilidade de interveno grande, em dois casos: Art25n4 prev que o juiz possa mandar prosseguir uma aco que foi intentada como de recuperao, como de falncia; sempre que os devedores e credores representativos de 30% ou mais dos crditos, deduzam oposio no
pedido de recuperao e justifiquem a inviabilidade econmica da empresa insolvente. Ou, pelo contrrio, que prossiga uma aco que foi intentada como de falncia, como de recuperao; sempre que os mesmos deduzam oposio ou aleguem a viabilidade econmica da empresa. O juiz no obrigado, mas pode fazer isto. Art53n2 prev a situao especfica de convocao de um processo de recuperao em processo de falncia, sempre que, tendo a aco sido intentada sob a forma de recuperao, a assembleia de credores nada deliberar nos 6 meses seguintes ao despacho do juiz (favorvel, de prosseguimento da aco); ou, antes de esgotado esse prazo de 6 meses, caso os credores representativos de 75% ou mais dos crditos, rejeitarem qualquer meio de recuperao da empresa. Seis meses foi o prazo que o legislador considerou razovel para os credores dizerem qual o processo de recuperao a adoptar. Se nada dizem nesse prazo processo de falncia. Essa rejeio pode ser feita no mbito da assembleia de credores ou fora.
3-Processos de recuperao da empresa: Prev-se quatro tipos de providncias de recuperao: I. Concordata art66 - reduo e/ou modificao da totalidade ou de parte dos dbitos da empresa, pode ser por exemplo, conceder uma moratria. Esta concordata passa mesmo pela interveno dos credores, s eles reduzem ou modificam o tipo de dbito que a empresa tem. Assim, o seu passivo ser inferior, o que bom para a empresa. Forma: tem que ser aprovada por credores que representem pelo menos 2/3 do valor de todos os crditos aprovados, e sem o voto contrrio de credores que representem 51% ou mais dos crditos atingidos pela providncia. Art54/1 Aplica-se a qualquer processo de recuperao. Depois de homologada judicialmente, impe-se a todos os credores. II. Reconstituio empresarial no DL 315/98 era Acordo de credores. Consiste na constituio por credores ou eventualmente terceiros, de uma ou mais sociedades destinadas explorao de um ou mais estabelecimentos da empresa devedora art78/1 e 79/1. A constituio desta nova PC pode provocar a
extino da PC que era titular daquela empresa art78/2. O capital desta nova sociedade ser a soma dos crditos dos scios. Este meio de recuperao pode ser acusado de inconstitucional porque uma forma ilcita de expropriao: isto porque neste processo de recuperao, os credores tomam conta da empresa e provocam a extino da PC. III. Reestruturao financeira art87. um meio que consiste na adopo pelos credores de uma ou mais providncias destinadas a mudar o passivo da empresa ou alterar o capital, de forma a que o activo da empresa passe a ser superior ao passivo e haja um fundo de maneio positivo. Esta providncia visa assegurar liquidez. As vrias medidas que os credores podem adoptar so: reduo do valor dos dbitos da empresa, modificao do prazo de vencimento dos crditos, no vencimento dos juros dos dbitos art 88. Para conseguir crdito, os credores fazem aumentar o capital social, normalmente quem faz isso so os scios nas sociedades. Assim, neste caso, reduz-se o capital social, para com esse valor, a parte em que reduz o capital, cobre os prejuzos. IV. Gesto controlada art 97. Consiste num plano de actuao global concertado entre os credores e executado por intermdio de uma nova administrao e um regime prprio de fiscalizao toma-se conta da funo executiva e fiscalizadora desta sociedade. Cada plano tem uma durao fixa: mximo de 2 anos e o prazo pode ser prorrogado por mais 2 anos- art 103. Pode associar-se a outras modalidades relacionadas com a reestruturao financeira. Este plano delineado pelos credores e vai ser executado por uma nova administrao, a administrao com funes a correr, a nova est sujeita a uma fiscalizao especial. assembleia de credores que cabe optar por uma destas providncias art 54. Todas as deliberaes da assembleia de credores que tenham por objecto decidir qual a providncia de recuperao a adoptar, s podem ser aprovadas se a seu favor votarem 75% ou mais dos credores, ou se contra essa deliberao no votaram 51% ou mais dos crditos que foram directamente atingidos pela providncia escolhida. Se no se puder aplicar estas providncias de recuperao porque estas passam pela boa vontade dos credores ----- passa-se a um processo de falncia. 4-O processo de falncia
A declarao de falncia feita por meio de sentena judicial art128. Uma vez transitada em julgado, esta declarao judicial da falncia produz efeitos do ponto de vista dos direitos do falido (da sua posio jurdico-activa) . A nvel dos direitos do falido: I. de natureza poltica: restries aps a declarao de falncia, o falido perde a sua capacidade eleitoral activa para a AR, perde uma capacidade eleitoral passiva para certos cargos: deputado, P.M., membros dos rgos das autarquias locais. No se percebe, porm, a coerncia desta discriminao. II. de natureza social: devendo apresentao ao tribunal art 149. Pode incorrer em responsabilidade penal, se se verificar o crime de insolvncia dolosa, da falncia no intencional e favorecimento dos credores. III. de natureza patrimonial: restries quanto aos negcios do falido art 151ss. Vencem-se de imediato as suas dvidas, encerram as suas contascorrentes, cessao da contagem de juros, extinguem-se os privilgios creditrios pblicos, perda do direito de compensao, logo que a falncia tenha sido declarada. Os credores do falido no podem compensar um dbito com um crdito e vice-versa. Cessam todas as aces executivas individuais, que tenham sido interpostas contra o falido. No faria sentido que se permitisse a continuao das aces executivas individuais contra o devedor comum dos processos. Quanto ao patrimnio do falido, devem ser tomadas todas as providncias necessrias conservao da massa falida. Esse patrimnio deve ser liquidado.
Prtica do AC: O falido fica inibido de dispor e administrar os seus bens: art 147 - proibio de exercer, directa ou indirectamente, o comrcio. de notar, tambm a inibio do falido para administrar bens dos menores , s pode administrar os bens do cnjuge, dos filhos ou de terceiros, mediante mandato mercantil. Assim, o art 147/1 diz que o falido est inibido de administrar e dispor dos seus bens: na administrao da massa falida, o falido substitudo pelo liquidatrio judicial (que guarda, administra e dispe dos bens que foram ou possam vir a ser apreendidos para a massa falida),est inibido da prtica de quaisquer actos de administrao e disposio sobre os bens que tenham sido ou possam vir a ser, apreendidos para a massa falida. Mas no se trata de uma inibio absoluta
Excepes: I. O falido pode, legalmente, adquirir e dispor dos meios de subsistncia, atravs do seu prprio trabalho (148/5); II. O falido pode receber e dispor de alimentos, a ttulo de subsdio (art 150); III. Pode dispor dos seus prprios bens impenhorveis, salvo se os tenha entrgue voluntariamente, para a massa falida (art 175/1); IV. Pode auxiliar o liquidatrio judicial na administrao da massa falida (art134/2). V. este sentido e o alcance da inibio. Qual a consequncia da sua violao (sano) ? Art 155 - os actos que o falido haja praticado, em violao daquela inibio, so ineficazes em relao massa falida (inoponveis) independentemente do registo da sentena judicial da declarao de falncia e da apreenso dos bens. S h uma excepo, se se tratar de negcio que o falido realizou com terceiro de boa f a ttulo oneroso, a inoponibilidade s se verifica a partir da data do registo da sentena. Inoponibilidade dos actos significa que os actos do falido que tenham por objecto bens presentes ou futuros, da massa falida, so ineficazes em relao massa falida, embora sejam vlidos inter partes. Produzem efeitos meramente jurdicoobrigacionais, mas no produzem quaisquer outros efeitos relativamente massa falida. Assim, um negcio com um terceiro vlido, mas no pode ser cumprido custa dos bens da massa falida. O terceiro ter que esperar a reabilitao do falido e que este disponha dos bens. Isto, salvo a excepo do art155/2: se os actos praticados pelo falido vierem a ser confirmados ou ratificados pelo liquidatrio judicial (porque h interesse para a massa falida), os actos produzem todos os seus efeitos, em relao a terceiros e massa falida.
Natureza jurdica da situao de inibio do falido: No parece que estejamos aqui perante uma situao de mera indisponibilidade.
Se assim fosse, a sano dos actos do falido jamais seria a invalidade desses actos. Daria origem a uma mera obrigao de indemnizao a cargo do falido. Ora, no isto que se verifica. Tambm no parece que se trate de uma mera incapacidade: seria necessrio que a sano dos actos do falido fosse a nulidade. Ora, a lei no prev a nulidade dos actos do falido, seno em relao massa falida. Os actos so vlidos interpartes, estaramos perante uma mera ilegitimidade: os bens da massa falida esto sujeitos a interesses alheios ao falido (interesses dos credores) e o falido no seria sujeito da prpria relao jurdicomaterial subjacente a esse mesmo acto incorrecto: I. No correcto dizer-se que o falido no sujeito da relao jurdico-material atingida. Pelo contrrio, tanto o , que permanecem vlidos e eficazes os efeitos resultantes dessa relao entre o falido e o terceiro; II. A sano comum para os casos de ilegitimidade a nulidade dos actos, e no uma mera invalidade relativa (como a do art155). Assim, a doutrina dominante classifica a situao do falido como uma situao de indisponibilidade. O falido est privado do poder de disposio sobre os bens da massa falida, sendo os seus actos (relativos a esses bens) atingidos por uma ineficcia relativa. Isto conjuga os vrios interesses em jogo: I. Os interesses da massa falida, porque os interesses dos credores assim o exigem (a inoponibilidade garante que o falido no possa praticar nenhum acto que possa ser eficaz em relao a esses bens da massa falida); II. Tambm protege os interesses dos terceiros que hajam entrado em relao com o falido. Esta inoponibilidade no destri os efeitos dos compromissos anteriormente assumidos pelo falido. Dois aspectos: --- os actos do falido podem ser sempre ratificados pelo liquidatrio judicial; --- mesmo que o no sejam, permanecem sempre vlidos, at que o falido seja reabilitado para poder cumprir as obrigaes assumidas. Art 148 - a declarao do falido implica a inibio do falido para o exerccio do comrcio. Tambm aqui existem vrias teses quanto ao sentido desta proibio. I. Lisboa: uma situao de incapacidade. Esta posio considerada inaceitvel na perspectiva da sua conformidade com os prprios dados da lei. Os actos praticados pelo falido (a lei no distingue se civis, se comerciais) padecem apenas de uma ineficcia relativa, e no de uma invalidade absoluta. Logo, no
se pode falar aqui de um vcio de incapacidade. H uma desconformidade da tese com a lei. Tambm no est conforme com o sentido subjacente ao instituto da incapacidade: as incapacidades tm mais a ver com as incapacidades naturais do sujeito incapaz, e tm em vista proteger o incapaz contra os efeitos negativos dos seus actos, para o seu patrimnio. Isto no assim na situao do falido art148: no tem em vista reagir a uma situao de inaptido, nem proteger o falido, mas sim os interesses dos credores e do comrcio. II. Coimbra: esta proibio tem de entender-se no contexto geral da situao de indisponibilidade do art147. Segundo este art, o falido est agravado com uma inibio que lhe afecta a prtica dos actos de administrao e disposio dos bens da massa falida, estragando-se actos de qualquer natureza: civil e comercial, e dentro destes ltimos, sejam eles praticados de forma espordica ou profissional. O que a sano especfica do art148 vem acrescentar aquela sano geral : os actos praticados pelo falido, que se traduzem no exerccio profissional do comrcio, alm de ineficazes, jamais podero atribuir ao falido que os praticou o estatuto de comerciante para qualquer efeito, devendo-lhe ser recusadas todas as vantagens que desse estatuto ele pudesse tirar, e devendo tambm ser retiradas todas as condies que permitam a esse mesmo sujeito o exerccio do comrcio (ex: licenas camarrias, licenas policiais, etc). Cap. VII-SOCIEDADES COMERCIAIS Introduo 1-Razes de constituio:empresa societria vs empresa individual Constitui uma tcnica jurdica da organizao da empresa. habitual ver a sociedade tratada como um contrato, por vezes como organizao, sem conceitos jurdicos que reflectem mal a razo da escolha por esta forma de organizao da empresa. A empresa juridicamente, pode ser organizada de duas formas: Sob a forma de uma empresa individual Sob a forma de uma empresa colectiva ou societria H razes que explicam a preferncia por esta ltima forma: A adopo da forma societria visa responder a imperativos financeiros: o desenvolvimento da pequena e mdia empresa exige recursos financeiros continuados que o empresrio em nome individual incapaz de obter por si s. A
sociedade comercial, sobretudo a S.A., detm a reunio de grande dos capitais: concurso das poupanas dos pequenos aforradores. Mas as razes para que uma empresa individual d lugar a uma empresa societria, no se ligam apenas ao aspecto financeiro. Tambm h vantagens jurdicas. 1. Ao nvel do regime de responsabilidade: ao passo que no caso da empresa ser explorada por um comerciante em nome individual, esta suporta completamente o risco da explorao individual ( responde com todo o seu patrimnio pessoal pelas dvidas), no caso de uma empresa explorada na forma societria ( por quotas, SA ), o mesmo scio responde limitadamente ( no limite das suas entradas), o risco de explorao da empresa transladado para os credores. Constituindo a sociedade um ente jurdico dotado de um patrimnio autnomo, e respondendo os scios limitadamente, o empresrio encontra na sociedade um instrumento para limitar a sua responsabilidade e transladar o risco de explorao para os credores. O empresrio apenas suporta o fardo da falncia no limite das suas entradas. Mas, existem empresas individuais de responsabilidade limitada e h tambm uma translao do risco de explorao para os credores: EIRL, art. 10 e 11. uma empresa em nome individual em que os bens afectos respondem pelas dvidas da empresa (e no por quaisquer outras do seu titular) e pelas dvidas de estabelecimento respondem apenas os bens que esto afectos ( e no quaisquer outros bens). Mas isto tambm sofre excepes, embora teoricamente consagrado, aquele efeito da limitao de responsabilidade da sociedade em benefcio dos scios, est longe de ser assegurada na prtica. No raro ver-se que aqueles que concedem crdito s sociedades (grandes credores), exijam dos scios maioritrios ou administradores, prestaes ou garantias suplementares, sob pena de cauo ou fiana. Por vezes, essas garantias ( aqueles scios ou administradores garantem com todo o seu patrimnio pessoal), respondem no s pelas dvidas da sociedade, mas tambm pelas dvidas de uma sociedade filha ( a quem foi dado crdito). Em caso de falncia de uma sociedade que se tenha visto reduzida importante?. Ex. s no morreu um scio, o art.84 do CSC diz que o scio nico poder responder ilimitadamente pelas dvidas sociais, se se provar que o scio nico no respeitou o princpio da separao patrimonial na gesto de sociedade. Os administradores e os gerentes de uma sociedade comercial ( titulares dos rgos de administrao de uma sociedade), tambm podero responder
ilimitadamente quando violam as regras legais ou estatutrias destinadas proteco do patrimnio da sociedade. Nas sociedades em nome colectivo e em comandita, os scios respondem ilimitadamente pelas dvidas sociais (embora s subsidiariamente). 2. Dissoluo da empresa Ao passo que o destino da empresa individual est indissoluvelmente ligado ao destino do seu titular ( com a morte do empresrio, as mais das vezes h uma extino da empresa); j a sociedade comercial como que goza de uma imortalidade. Por isso, a lei estabelece: art.15 CSC, se nada no contrato se dispuser em contrrio, as sociedades tm uma durao ilimitada. 3. Transmisso: ao passo que a transmisso da empresa individual, no apenas mortis causa, mas tambm inter vivos ( s pode ser por trespasse); a transmisso da sociedade realiza-se de uma forma simples: a transmisso das partes sociais. Este mecanismo de transmisso tem duas vantagens: Permite ao transmissrio (adquirente) a aquisio do controlo de uma empresa, sem que para isso tenha de pagar um centavo do que ela vale. No trespasse, at o avimento se paga. Ao passo que o trespasse est sujeito a muitas formalidades e tributado a uma taxa significativa, a transmisso das partes sociais no est sujeita a formalidades especiais e no tributado.
de notar, que a escolha entre as vrias formas jurdicas de organizao da empresa frequentemente funo da poltica fiscal que seguida pelo Estado: distribuio dos nus, benefcios fiscais atribudos a cada uma das formas das empresas societrias. A grande maioria so hoje exploradas sob a forma de empresas plurisocietrias: grupo de sociedades que conservam a sua personalidade prpria, mas esto sujeitas a uma direco econmica comum; empresa me e empresas filhas, continua a reflectir uma empresa. No sc. XVIII a empresa sob a forma individual foi a forma jurdica encontrada pelo direito, para caracterizar a actividade dos agentes econmicos. No sc.XIX- empresa societria Nos finais do sc.XX-empresa plurisocietria As diferenas entre a empresa individual e a empresa societria, em termos fiscais, so duas:
Na empresa em nome individual a totalidade dos lucros realizados tida como rendimento individual do empresrio, tributado em IRS. Na empresa societria, os lucros so tributados em IRC, enquanto dividendos distribudos aos scios: fenmeno da dupla tributao que aparece, na prtica atenuado. Os lucros no distribudos aos scios no so tributados; os lucros distribudos aos scios do lugar, a favor da sociedade, a um crdito de imposto ( cerca de 50% do IRC pago). As remuneraes dos titulares dos rgos de administrao so dedutveis. A empresa plurisocietria ( grupo de sociedades) tem que ser administrada e organizada, mas no existe um cdigo. As prticas financeiras vo hoje no sentido desta organizao. Se a grande novidade que a sociedade comercial trouxe foi a limitao da responsabilidade dos scios, o grupo veio introduzir uma responsabilidade limitada dentro da prpria responsabilidade limitada. O grupo de sociedades uma espcie de sociedade com uma personalidade jurdica distinta.? Mas, em si, no constitui uma PC, uma forma de empresa, organizada de uma forma mais sofisticada que a sociedade comercial. 2-FONTES DO DIREITO SOCIETRIO PORTUGUS O CSC foi aprovado em 86 e veio a ser alvo de vrias alteraes, das quais se destacam uma alterao em 87, quando se introduziu um novo ttulo ao Cdigo Disposies contravencionais Estrutura do CSC, dividido em oito partes fundamentais: Ttulo I Parte Geral 1 a 147 ( princpios gerais) Ttulo II a V quatro tipos de sociedade comercial: SNC, SQ, SA, Scomandita Ttulo VI Sociedades coligadas ( relaes entre sociedades e grupos de sociedades) Ttulo VII Disposies penais e contravencionais Ttulo VIII Disposies transitrias O CSC veio revogar uma legislao marcada pela sua antiguidade e disperso. O texto do actual cdigo segue de perto o projecto do CSC que foi elaborado pelo Ministrio da Justia ( Dr. Ral Ventura). No seu conjunto, a disciplina jurdica introduzida no cdigo caracteriza-se por alguns aspectos fundamentais: 1. Codificao do direito das sociedades comerciais
A regulamentao das sociedades comerciais no tinha autonomia formal. O legislador comunitrio vem anualmente, nos direitos comerciais nacionais, elaborar directivas. A maior parte j foi transposta para o direito interno portugus. 2. Proteco dos credores e dos terceiros em geral. Vrios aspectos. Reduo dos casos de nulidade das sociedades comerciais ( hoje so muito poucos), para evitar pr em causa boa f de terceiros. Limitao da doutrina ultra vires ( para alm do seu poder), o princpio que hoje vigora no direito portugus o da inoponibilidade a terceiros de clusulas contraditrias. Em muitos pases ( Inglaterra), o objecto soc ial definia os limites dos poderes da administrao e da capacidade da sociedade. A sociedade no podia praticar actos para alm dos seus poderes. Poderia a sociedade opr aos terceiros a invalidade dessas clusulas, com base na limitao do objecto. Hoje a regra a inoponibilidade. Certas regras de proteco do capital social e da publicidade. 3. Interesse dos scios minoritrios e do prprio scio individual Lavra um reforo da tutela da minoria; foram atribudos direitos de informao e de fiscalizao da actividade da sociedade 4. Reforo das disposies penais e contravencionais, que importante na prtica das sociedades comerciais. 5. Flexibilizao das estruturas organizativas Modelos organizativos alternativos aos modelos tradicionais ( mais elaborados) Hoje, no domnio das sociedades comerciais difcil conhecer o direito portugus sem conhecer o que a legislao comunitria est a fazer neste domnio. Assim, h directivas sobre: constituio da sociedade, capital social ( sua proteco), cises de sociedades, fiscalizao de sociedades, participao dos trabalhadores na sociedade, fuses, operaes bancrias das sociedades, sociedade unipessoal. O DL das sociedades unipessoais como o EIRL foi-nos imposto pela UE. O DL 257/96 de 3 de Dez. introduziu a sociedade unipessoal por quadros, s h um scio, 270 A e ss. NB: A separao patrimonial dos responsveis nem sempre respeitada. H
poucos mecanismos para fiscalizar sobre esta separao patrimonial. A jurisprudncia estrangeira tem defendido que sempre que a sociedade no pode continuar a sua funo e se percebe que os scios no respeitaram a separao patrimonial, o juz decidiria que no h motivos para respeitar a separao patrimonial quando os prprios scios no a respeitaram. o juz que vai decidir se os scios so chamados a responder. Isto uma situao lcita, mas a nossa jurisprudncia por vezes j a defende. A tendncia cada vez mais para ter cuidado com os scios, mas o nosso CSC ainda no foi to longe quanto o desejvel, porque ainda no h tutela para certas situaes, o juiz que pode faz-lo. 1-O conceito da sociedade comercial 1.1-NATUREZA JURDICA DAS SOCIEDADES COMERCIAIS Tradicionalmente a sociedade comercial tem sido entendida como um fenmeno jurdico a meio caminho entre o contrato (negcio jurdico bilateral ou multilateral com um objecto que se diferencia dos restantes) e a organizao ( negcio jurdico que d origem a um novo sujeito de direitos, uma nova pessoa jurdica, com personalidade jurdica prpria e distinta das pessoas que constituem a organizao). Segundo o art.980 e ss do CC, a lei portuguesa clarifica a sociedade como um contrato, contrato de sociedade, tambm nos arts.7 e ss tem o captulo contrato de sociedade. Esse contrato d origem a uma pessoa jurdica autnoma dos scios que celebram o acto, sujeito a uma disciplina prpria e imperativa. Esta natureza associativa resulta dos artigos 157 e ss do CC, aplica as regras das pessoas colectivas s sociedades, e a regulamentao do CSC. Esta natureza hbrida uma caracterstica que atravessa de ponta a ponta a histria das sociedades. No direito romano, o conceito de sociedade era o de simples negcio jurdico, pelo qual duas ou mais pessoas constituam um fundo comum, com vista ao desenvolvimento de uma actividade. S no sc. XIX, com a invaso da PC, a sociedade passou a ter elementos organizacionais. 2-O conceito da sociedade comercial e os seus elementos definidores 2.1 Elementos Gerais: o conceito geral de sociedade do art.980cc O art.1 n 2 CSC, o legislador fala em prtica de actos de comercio e que
adoptem uma certa forma, ou seja, no nos diz o que uma sociedade, remetendo para a noo geral de sociedade do art.980 do CC. Da conjugao destas duas normas, resulta que o conceito de sociedade comercial tem elementos gerais e especficos. 1.Gerais Constituindo a sociedade comercial uma espcie do gnero geral sociedade, tal como est regulada no direito civil, natural que faa apelo aos elementos definidores gerais de sociedade, que so de trs ordens: pessoal, patrimonial ( bens ou servios) e causal. Dentro deste ltimo temos: O fim imediato- exerccio de uma certa actividade econmica que no seja de mera fruio.Mas no este o fim ltimo que as partes visam; O fim mediato- o fim ltimo a repartio dos lucros resultantes dessa actividade. Elementos especificos o art.1 n2 do CSC So os que a lei comercial acrescenta lei civil, que individualizam e distinguem a sociedade comercial. 1 Relativo ao objecto da Sociedade : uma Sociedade para ser comercial, nasce para a prtica de actos de comrcio; 2 - Um relativo forma da Sociedade : a adopo dos tipos legais referidos na lei : quatro tipos Substrato pessoal da Sociedade : o Art. 980 C.Civ. define Sociedade como " contrato pelo qual duas ou mais pessoas ", a Sociedade definida por um lado, como negcio jurdico e por outro lado, como um negcio jurdico bilateral ou plurilateral. Este elemento sofre hoje vrias excepes : 1 - Caracteristcas do negcio jurdico : hoje est em crise a concepo de sociedade como um puro produto de autonomia das partes, hoje h sociedades que no so produto da vontade das partes, hoje h muitas sociedades criadas por D.L., por exemplo Sociedades de capitais pblicos, IPG. Mais importante a progressiva desvalorizao da autonomia privada na constituio das Sociedades. Uma das linhas de fora do direito contemporneo, tem sido a substituio de um direito dispositivo por um direito de natureza imperativa - o direito das Sociedades impe-se vontade das partes. O relevo da vontade dos scios, est hoje confinado quase ao momento da constituio das Sociedades. Isto v-se em
vrios aspectos : * os scios esto obrigados a adoptar um dos tipos legais de Sociedade previstos na lei. Art. 1. do C.S.C. No podem criar tipos atpicos * a liberdade de modificao dos tipos legais est hoje muito limitada aos scios, o que limita a sua possibilidade de alterar os estatutos. Hoje, a lei regula cada tipo de Sociedade comercial, como tipos legais que constituem modelos pr-estabelecidos para o nascimento, a vida e a morte de uma Sociedade Comercial. Aos scios s permitido afastar-se desse modelo em certos ponto quase de natureza secundria. Tudo isto explica-se pela necessidade de proteger os scios minoritrios, os credores sociais e o pblico em geral. Este primeiro aspecto de negcio jurdico encontra-se pois, um bocado em crise. 2 - Bilateralidade ou plurilateralidade, este aspecto tambm est em crise. A lei define taxativamente " um contrato pelo qual duas ou mais pessoas " Antes do C.S.C., era doutrina pacfica que a constituio de uma Sociedade exigia, pelo menos a interveno de duas pessoas. A Sociedade unipessoal era algo inconcebvel. Se a Sociedade um contrato, a interveno de duas pessoas exigida. Se a Sociedade uma PC, tem que haver um aglomerado de pessoas, pelo menos na sua constituio. Ora, no se pode considerar pacfica esta noo de Sociedade como um contrato. certo que a lei comercial vem reafirmar a regra geral ( princpio contratualista ) ao dizer que o nmero mnimo de partes do contrato de Sociedade de duas. H at Sociedades que exigem um numero mnimo SA Art. 273. nmero mnimo de cinco scios. Mas a lei veio mesmo passar a admitir que a Sociedade possa ter a sua origem num negcio jurdico unilateral - Art. 7. n. 2. " excepto quando a lei permite que a Sociedade seja constituida por uma s pessoa " no Art. 488 C.S.C. a lei preve a figura da Sociedade unipessoal. Permite que uma SA possa ser constituda ab initio por uma outra sociedade que ter a totalidade do capital. exp. caso das filiais a 100 %, so filiais que logo na sua constituio so dominadas a 100 % pela sociedade criadora; a constituio da sociedade por ciso ( ciso - constituio ou ciso simples ) Art. 118 . C.S.C.; constituio da sociedade por transformao novatria Art. 130. C.S.C.. Isto est relacionado com a problemtica da sociedade unipessoal. A sociedade unipessoal veio adquirindo progressivamente forma legal. A doutrina tradicional, assente no paradigma contratualista recusava a possibilidade de uma sociedade poder nascer e viver com menos de duas pessoas ( sempre recusou a possibilidade das sociedades unipessoais originrias e supervenientes ) . A situao alterou-se e
em meados dos anos 40 comeou-se a admitir entre ns a possibilidade das sociedades que se constituram com dois ou mais scios, poderem subsistir mesmo aps verem as suas partes reduzidas a no mais de um nico scio ( sobrevivncia das sociedades unipessoais supervenientes ) o que no se admitia era que uma sociedade unipessoal se pudesse constituir logo partida por uma s pessoa. Hoje a unipessoalidade admitida no s superveniente mas tambm originria. A razo est com o legislador. Isto vem demonstrar o que alguns vm a defender : a sociedade comercial no um contrato, no uma pessoa colectiva, sobretudo uma tcnica jurdica da organizao da actividade da empresa ( alternativa s existentes ). luz desta concepo, passa a admitir-se que existem no s sociedades pluripessoais mas tambm unipessoais. A sociedade unipessoal hoje consagrada por quase todas as legislaes europeias. A atribuio e a proposta da unipessoalidade ( originria ) verifica-se mais no domnio das pessoas colectivas do que no domnio das pessoas singulares. H ainda quem defenda no nosso direito que o paradigma contratualista continua a ser o principal, mas no esse o caminho. Elemento patrimonial - supe a formao de um substracto patrimonial. o Art. 980. fala em " se obrigam a contribuir com bens ou servios ". Esta obrigao designada por obrigao de entrada. A entrada uma obrigao imperativa que existe a cargo de todo e qualquer scio e pode consistir em bens de vria ordem ( dinheiro, coisas, servios ) em contrapartida do qual o scio recebe as partes sociais ( aces, quotas, partes ). Constitui uma obrigao imperativa : sem as entradas torna-se impossvel reunir aquela base patrimonial, sem a qual a sociedade no pode iniciar a sua actividade. Sem entrada no h sociedade. A no realizao das entradas ( ou a no realizao tempestiva ou a realizao fictcia das entradas ) acarreta a nulidade da sociedade. Verifica-se a nulidade da sociedade sempre que o scio entra para a sociedade com um bem de que no proprietrio, sempre que a disposio do bem esteja dependente da autorizao de um terceiro; sempre que entra com um bem cujo passivo superior ao activo, exp. um EIRL ; se o bem contrrio lei ou ordem pblica exp. entra com uma promessa de apoio poltico. As entradas podem consistir em : 1 - prestaes pecunirias : dinheiro 2 - prestaes em espcie : a lei impe que esses bens ( imveis ou mveis ) sejam descritos no prprio contrato social por forma a determinar a sua natureza
e o seu valor. Esses bens tm que ser susceptiveis de penhora ( no podem ser bens relativa ou absolutamente impenhorveis ). Os bens tanto podem ser transmitidos sociedade pelo scio , em propriedade como a qualquer outro ttulo : usufruto, outro direito real menor, emprstimo, cesso de explorao. 3 - prestao de servios : sempre que a entrada de um scio consiste em servios ele designa-se por scio da indstria. Estes s so admissveis nas sociedades em nome colectivo e nas sociedades em comandita. No admissvel que o scio de uma sociedade por quotas ou de uma sociedade annima entre para a sociedade com servios. Momento da realizao das entradas 1.- Sociedades civis : as entradas dos scios no tem que ser obrigatoriamente realizadas no momento da constituio da sociedade. Podem ser realizadas antes, no momento ou aps a constituio. 2.- Sociedades comerciais : que distinguir consoante o tipo de entrada : as entradas em dinheiro podem ser diferidas para um momento posterior concluso do contrato; as entradas em espcie tm de ser realizadas antes ou at ao momento da celebrao do contrato de sociedade. N.B. O diferimento das entradas em dinheiro s permitido para uma certa parte das entradas, com limites temporais : Art.os 26., 202., 203. e 277. Efeitos das entradas I. Em face da sociedade : a entrada constitui o limite das obrigaes dos scios. Logo que o scio realiza a entrada, no pode ser obrigado a realizar qualquer outra prestao durante a vida da sociedade. Mesmo que a sociedade venha a aumentar o seu capital, o scio no est obrigado a subscrever. Excepes : o contrato pode prever obrigaes acessrias ou prestaes suplementares de capital mas aqui o prprio scio assumiu essas obrigaes. II. Em face de terceiros : a entrada j no limita necessariamente as obrigaes dos scios. que distinguir os tipos legais de sociedades. Os tipos legais em que a entrada limita totalmente a responsabilidade dos scios, nas SA os scios respondem apenas no limite das suas entradas. Noutros tipos legais a entrada dos scios limita, no totalmente mas significativamente as suas obrigaes, nas sociedades por quotas o scio goza de uma responsabilidade sui generis, responde
pelo valor da sua entrada mas ainda pelo valor das entradas dos outros scios que no foram cumpridas : o scio responde pela integrao do capital social. H sociedades onde as entradas no limitam de todo em todo a responsabilidade dos scios ( sociedades em nome colectivo, em comandita simples : os scios respondem ilimitadamente, embora subsidiariamente pelas dvidas da sociedade )
3. Elemento causal : o Art. 980. determina que no mbito de uma sociedade os scios exercem em comum uma certa actividade econmica que no seja de mera fruio, com vista repartio dos lucros da resultantes. Este o elemento causal do contrato de sociedade. Dentro deste elemento, que distinguir : causa imediata : o exerccio em comum de uma certa actividade econmica que no seja de mera fruio. causa mediata : realizao e distribuio de lucros ( que aquilo que na realidade as partes querem). Causa imediata : " actividade econmica " advm da tradio dos pases latinos, no nosso direito delimita a figura das sociedades da figura das associaes pela natureza do objecto que essas pessoas colectivas desenvolvem. As sociedades so pessoas colectivas cujo objecto consiste numa actividade econmica. As associaes so colectividade que levam a cabo actividades de qualquer outra natureza, ou seja, de natureza ideal : creativa, cientifica, religiosa. A linha de fronteira entre uma actividade econmica e no econmica difcil delimitar. Assim como difcil saber se uma colectividade que desempenha simultaneamente actividades econmicas e no econmicas, ou no uma sociedade. Para a existncia de uma sociedade no suficiente o propsito dos scios exercerem uma qualquer actividade econmica em geral, sendo necessrio uma concretizao ? O art 11 do C.S.C estatui que devero ser indicadas no contrato de sociedade ,as actividades que em concreto os scios se propem desenvolver .So por isso nulas as clusulas do pacto de sociedade que fixam o seu objecto em termos genricos. Exerccio em comum dessa actividade: A actividade econmica tem que ser exercida em comum. Qual o sentido til desta exigncia? O sentido til indicar que a actividade deve ser exercida de forma a garantir que todos os scios possam directa ou indirectamente intervir no governo social. Este elemento permite fazer linha de fronteira entre a sociedade por um lado e o
consrcio e associao em participao por outro .O consrcio o contrato pelo qual duas ou mais pessoas se obrigam a realizar uma certa actividade ,tal como na sociedade, mas de uma forma concertada Ao passo que na sociedade as partes se vinculam a exercer essa actividade de forma comum., no consrcio as partes levam a cabo a sua actividade especifica, em colaborao com outras pessoas mas no de forma comum. O objecto do consrcio limitado aos casos taxativamente previstos na lei. Pelo contrrio, o objecto da sociedade aberto(no h principio da taxatividade).Na sociedade imperativa a existncia de um fundo patrimonial comum. No consrcio a formao de um fundo deste tipo est vedada. A associao em participao um contrato atravs do qual uma pessoa se associa a actividade econmica exercida por outra pessoa, ficando a 1 a participar nos lucros e nas perdas resultantes dessa actividade. A associao em participao reflecte uma mera figura do financiamento- permite aos empresrios atrair novos meios financeiros, sem por em risco o controlo e gesto da sua empresa. O associado um mero fornecedor de capitais no interferindo na actividade empresarial .N associao em participao no h o elemento do exerccio em comum da actividade que caracteriza a sociedade .As formas e graus de participao dos scios nessa actividade comum variam consoante a natureza civil ou comercial da sociedade, e dentro desta consoante o tipo de actividade em que estejamos. Em certos tipos de sociedades, nomeadamente na S.A, o sentido originrio do exerccio comum dessa actividade perdeu-se um pouco: Os scios das S.A no detm quaisquer prerrogativas em matria de gesto, tem apenas o direito de intervir sobre matrias fundamentais das sociedades(dissoluo ou fuso da sociedade) e no sobre matrias de gesto corrente. Pode dizer-se para contrapor que so os scios que elegem os gestores, mas nem sempre isso se verifica. Pode ser que a S.A tenha adoptado uma estrutura complexa e nesse caso o Conselho Geral que elege os membros da direco. A Assembleia Geral elege o Conselho Geral e este elege a direco; e tambm temos o revisor oficial de contas(R.O.C).Nestes caso os scios s podem eleger os membros do Conselho Geral e este elege os membros da direco. Actividade que no seja de mera fruio A actividade desenvolvida no pode ser de mera fruio. Este aspecto permite distinguir a figura da sociedade da figura da comunho e da compropriedade. A comunho reflecte uma situao esttica, de mero desfrute das coisas postas em comum exp:.2 indivduos herdam um pomar e vendem os frutos desse pomar, o mesmo se passa se herdarem um estabelecimento comercial. Nestes casos os
indivduos limitam-se a percepo da utilidade normal das coisas postas em comum. Na sociedade a actividade econmica corresponde a uma situao no esttica mas dinmica de produo de novas utilidades ou explorao activa de coisas comuns .Exp :se os herdeiros resolvem explorar directamente o estabelecimento comercial que herdaram. Via de regra a sociedade implica uma actividade que consiste no processo de produo ou distribuio de bens ou servios. O carcter dinmico da actividade de uma sociedade no significa que ela tenha que estar em actividade permanente. A inactividade de uma sociedade s ser causa de dissoluo dessa sociedade em certos casos e essa dissoluo tem que ser jurdica e diferida. Exemplo prtico deste tipo de situaes so as sociedades dormentes ,que com vista a ultrapassar os obstculos burocrticos que a constituio de uma sociedade implica, ficam na prateleira A espera da oportunidade do negcio. Em matria de disposio das quotas-partes do fundo comum: o comproprietrio pode dispor da sua quota-parte se o consentimento dos restantes. J o scio de uma sociedade no pode dispor da sua quota social sem o consentimento dos restantes. Em matria de disposio do prprio fundo patrimonial comum: o comproprietrio pode exigir a diviso da coisa comum e no pode convencionarse a indiviso por prazo superior a 5 anos. Relativamente aos scios a dissoluo s pode ser deliberada pelo conjunto dos scios e requer naturalmente uma maioria qualificada. Em matria de autonomia jurdica desse fundo patrimonial comum: na compropriedade no h qualquer autonomia patrimonial: as quotas dos comproprietrios respondem por quaisquer dividas dos seus proprietrios. A sociedade goza de autonomia patrimonial: os bens postos em comum apenas respondem pelas dividas da sociedade e no pelas dividas pessoais dos scios. Causa Mediata a obteno e repartio dos lucros. Este elemento do conceito de sociedade comercial explica que no sejam consideradas sociedades todas aquelas entidades associativas cujos associados visam realizar vantagens econmicas de outra ordem que no lucrativas. exp: cooperativas de consumo A.C.ES. As cooperativas de consumo so entidades cuja actividade consiste na revenda aos membros da cooperativa ,dos bens adquiridos ao grossista ou ao produtor. ,por um preo que engloba o preo de custo, mais as despesas mnimas de transaco. Estas cooperativas no visam realizar o lucro, o que elas visam permitir realizar aos membros da cooperativa um fundo patrimonial no seu patrimnio pessoal. As
A..C.Es so pessoas colectivas que renem um conjunto de empresrios. (individuais ou colectivos) e que visa proporcionar aos membros agrupados uma maior rentabilidade individual. as respectivas empresas. No se visa a realizao de lucro mas permitir a cada uma das empresas agrupadas ,a realizao de um fundo patrimonial no respectivo patrimnio. A extenso deste requisito legal(realizao e distribuio de lucro) do conceito de sociedade ao domnio das sociedades comerciais tem sido alvo de vrias criticas na doutrina. Dever-se-ia adoptar um conceito amplo de sociedade, qualificando como sociedade aquelas entidades que tem no um escopo lucrativo, mas um qualquer escopo econmico(mesmo que no lucrativo)Esta tese foi defendida por Ferrer Correia. Mas foi o prprio legislador das sociedades que determinou que estas tem que ter um lucro distribuivel. Por outro lado, as cooperativas e A.C.Es sui generis, reguladas em diploma especifico e que o legislador afastou do domnio das sociedades comerciais. As cooperativas estavam reguladas no C.S.C como sociedades comerciais. Hoje esto num diploma especifico, em cujo preambulo se decretou que no tem natureza de uma verdadeira sociedade comercial. .As cooperativas nem sempre se propem desenvolver uma actividade econmica mas sim a prover a necessidades sociais ou culturais. Mesmo naqueles casos em que a cooperativa se prope desenvolver uma actividade econmica, no se pode afirmar um escopo lucrativo mas um escopo materialista. certo que h determinadas cooperativas que exercem uma actividade econmica com a finalidade de realizar lucro ou com a finalidade de provocar algum incremento patrimonial favorvel aos respectivos scios ex. cooperativas de pesca de artesanato etc. H tambm A.C.Es que s entidades constitudas por empresas, para melhorar as condies de explorao dessas empresas agrupadas ex. h um conjunto de empresas transformadoras de minrio que podem formar 1 A C.E .para criar uma rede de transportes para a matria-prima a qual utilizada por todas as empresas associadas do grupo. Excepcionalmente, os diplomas permitem que uma AC.E tenha por fim a realizao e partilha de lucros, mas esta uma situao marginal e que s pode ter lugar quando se verificarem condies muito especiais. Outra critica dirigida a este requisito legal(realizao e distribuio do lucro),diz respeito a desvalorizao do escopo lucrativo na prtica das sociedades, seja quanto a repartio de lucros seja quanto a sua transferencia para o patrimnio
dos scios .H duas espcies de lucros: I. Lucros Peridicos, registados no final de cada exerccio social(ano); II. Lucros Finais, saldo de liquidao que cabe a cada scio quando a sociedade se dissolve. Qualquer destes tipos de lucros se comporta de maneira estranha. Quanto aos lucros peridicos tendem a ser subtrados a distribuio dos scios , ou por motivos de ordem contabilistica ou por motivos de ordem financeira. ou at por motivos fiscais para evitar a dupla tributao. Quanto aos lucros finais dificilmente entraro nas expectativas dos scios porque as sociedades possuem uma durao superior a do respectivo substracto social. preciso ter em conta que o escopo lucrativo das sociedades tende hoje a ser substitudo por um outro escopo a que a lei no d relevo, mas que na prtica a finalidade que leva o scio a participar na sociedade: a concentrao do poder econmico-financeiro. Particularmente a sociedade annima e se, deixou de constituir um fim em si mesma e passou mais a ser um meio para estas organizarem o controlo econmico. Comeou a verificar-se que em termos sociolgicos , os scios de uma sociedade no so todos do mesmo tipo: I. H sociedades investidoras(aforradoras) , que entram para a sociedade para rentabilizar o capital que investiram. II. H tambm sociedades controladoras , que investem o capital na sociedade para adquirir o controlo dessa sociedade. Para estes scios a sociedade no vista como um fim em si mesmo mas como um meio para atingir outros fins , nomeadamente para atingir fins meramente organizacionais. Assim constituem uma rede de sociedades submetidas a um controlo nico. Isto no quer dizer que o escopo lucrativo tenha desaparecido. Ele continua a existir mas sob outras formas. Assim por exp. , os lucros peridicos no chegam as mos dos scios porque no so distribudos. Mas mesmo os lucros no distribudos podem de alguma maneira incrementar os patrimnios pessoais dos scios. Por exp. , se o lucro no distribudo investido na prpria sociedade, isso origina um aumento do valor do capital da sociedade e por isso permite aos scios um ganho indirecto (aumento do valor das partes sociais dos scios , que se torna directo com a transaco das partes sociais. Por outro lado pode suceder que os lucros no distribudos venham a ser incorporados na prpria sociedade , mas no capital da prpria sociedade , ou seja ,a sociedade aumenta o seu
capital , os scios detentores das vrias fraces de capital vem as suas participaes sociais aumentadas proporcionalmente ao aumento de capital realizado. Concluso: o escopo lucrativo tradicional no totalmente incompatvel com a no distribuio de lucros. Ultima nota: a actividade social , se bem que vise o lucro , pode resultar em perdas que absorvam o fundo patrimonial comum ( os scios no podem recuperar as suas entradas).As perdas podem mesmo ultrapassar este fundo patrimonial comum- os scios passam a responder pessoalmente pelas dividas da sociedade. Aqui o risco o outro lado do lucro ( lucro risco ). -Elementos especficos Os elementos especficos do conceito de sociedade comercial , so aqueles que a lei comercial acrescenta a lei civil. So dois os elementos especficos: 1-Elemento substancial: diz respeito ao objecto da sociedade comercial. Tal como acontecia no direito anterior , para que uma sociedade seja comercial , exige-se que ela tenha como objecto a prtica de actos de comrcio art1 n2 C.S.C. Houve no direito portugus uma proposta de acordo com a qual a comercialidade de uma sociedade dependeria apenas da adopo pela sociedade de uma das formas previstas na lei, independentemente do seu objecto .A averiguao do objecto de uma sociedade faz-se por referencia ao seu objecto estatutrio , no se faz por referencia ao seu objecto real. Para que uma sociedade seja comercial , basta que estejam referidas no seu objecto estatutrio um conjunto de actividades econmicas que lhe conferem natureza comercial .A exigncia da prtica de actos de comrcio no significa que no sejam admitidas sociedades comerciais com um objecto misto.( Actos de comrcio e actos civis).o que se tem que analisar a prpria especialidade do fim art160 C.Civ. e6 C.S.C. Uma sociedade civil poder praticar actos de comrcio sempre que isso resulte dos seus fins estatutrios mesmo acontece com as sociedades comerciais que podero eventualmente praticar actos civis sempre que isso resulte dos seus fins estatutrios. Questo: ser possvel a constituio de uma sociedade comercial para a prtica de um s acto de comrcio? No art 104 do C.com. admitia-se isso. Hoje a lei das sociedades comerciais utiliza a expresso actos de comrcio no plural. Tem-se entendido que no se alterou o direito anterior. Exp: vrios indivduos associamse para concorrer a 1OPA sobre as aces de outra sociedade.
2-Elemento formal: forma ou tipo de sociedade. Refere-se a forma que a sociedade adopta. S ser comercial a sociedade que adopta um dos 4 tipos sociais ai referidos:art1 n2 C.S.C. No direito anterior levantavam-se duvidas quanto a questo de saber se so ou no comerciais um certo tipo de sociedades:art1 n4-Sociedades civis em forma comercial. So sociedades que embora explorando um objecto civil, so empresas com uma dimenso negocial e onde faz sentido recorrer a este tipo de organizao juridica. Essas sociedades esto sujeitas a lei societria .A questo que se colocava antes era saber se estando estas sociedades sujeitas as normas das sociedades comerciais, sero-lhes aplicveis as normas da falencia? As duvidas surgiram quando surgiu o cdigo da falncia .Um argumento para aquela posio anterior: Houve uma proposta de que uma sociedade seria considerada comercial apenas pela sua forma.( comercial ).Esta proposta no foi adoptada. Ento porque o legislador quis considerar civis estas sociedades. Todo este raciocnio desaparece com a entrada em vigor do cdigo das falncias , que vem tomar como sujeito dos processos a empresa. Passaram tambm a estar potencialmente abrangidas as sociedades civis em forma comercial , desde que tenham subjacente uma organizao de factores produtivos: empresa. 3-Tipos de sociedades : Class. Legais e doutrinais 3.1-Em matria de sociedades vigora o principio da tipicidade numerus clausus. S se podem constituir sociedades comerciais que adoptem um dos tipos taxativamente previstos na lei No se podem adoptar tipos atipicos , no previstos.; nem tipos mistos, que resultam da combinao dos tipos legais existentes. art1 n2 C.S.C. O principio da tipicidade que vem restringir o principio geral do art405 C.Civ. manifesta-se : -No momento da escolha do tipo: as partes so livres apenas de optar por uma das modalidades do elenco restrito previsto na lei. , e mesmo assim nem sempre H diplomas que exigem que certas sociedades sejam constitudas num modelo determinado. Exp: em S.A , em sociedades por quotas , em sociedades de patrimnio. No momento da conformao do tipo legal: os tipos legais constituem modelos pr-estabelecidos para se organizar o nascimento , a vida , e a morte da sociedade comercial Contm normas sobre a constituio , a administrao , o financiamento , a fiscalizao ,etc. Estes tipos oferecem alguma margem de manobra as partes., que podero conformar o modelo nos estatutos da
sociedade., mas essa margem de manobra limitada. As normas cada vez mais se impe as partes. E cada vez menos podem ser afastadas. Fundamento do principio da tipicidade: tem que ver com a segurana do trafico jurdico. E importante garantir aos terceiros que negoceiam com a sociedade, saber quais so as caractersticas integrais do modelo adoptado pela empresa com quem negociou., porque difcil saber quais so os estatutos concretos dessa empresa assim como isso no lhes ser exigvel. Dentro dos tipos h duas classificaes: 3.2-Tipos Legais. Podemos distinguir: a- Os que tem uma vocao geral-tipos legais comuns b-Os que correspondem a sociedades especiais- visa responder a necessidades concretas , com normas especificas :Tipos especiais- tipos de sociedade previstos na lei e que tem uma regulamentao especifica e divergente da contida no C.S.C., porque visam regular sociedades que tem um objecto especifico ou uma necessidade de regulao especifica. 3.2.1-So 4 os tipos legais comuns: -S.N.C:175 a 196 -S.Q:197 a 270 -S.A:271 a 464 -S.C:465 a 490 Semelhanas :Todos estes tipos correspondem a pessoas colectivas , todos so comerciantes , todos devem possuir uma firma. Que tem que conter um aditamento relativo ao respectivo tipo. Diferenas: I. de ordem formal -tem que ver com a regulamentao em si mesmo. As S.N.C e S.C so reguladas por poucas normas. As S.Q so reguladas com mais mincia e as S.A so o tipo mais complexo.; II. de ordem substancial:
1-Quanto ao regime de responsabilidade dos scios: Nas S.N.C ,os scios possuem uma responsabilidade pessoal , ilimitada , solidria e subsidiria pelas obrigaes sociais. O scio responde at ao montante da sua entrada , subsidiariamente face
a sociedade.(os credores sociais s podem agredir o patrimnio dos scios ,depois de executado o patrimnio social se houver ainda obrigaes), e solidariamente com os outros scios uma vez executado o patrimnio social e subsistindo obrigaes sociais , os credores sociais podem exigir integralmente a divida a qualquer um dos scios. Esta autonomia patrimonial imperfeita.: os bens da sociedade respondem apenas pelas dividas da sociedade, mas pelas dividas da sociedade no respondem apenas os bens sociais., tambm podem responder os bens dos scios. Isto abrange tambm os scios de industria Estes podem responder nas relaes externas ; um credor social pode agredir directamente o patrimnio pessoal do scio de industria , o que ele ter , no plano da sociedade um direito de regresso entre os restantes scios. Nas S.Q , o scio tem uma responsabilidade Solidria pela realizao integral do capital social. Cada scio alm de responder pela sua entrada individual ( pelo valor da sua quota) responde ainda pelo cumprimento das entradas dos outros scios, que no tenham sido realizadas.( que no tenham sido tempestivamente realizadas),solidariamente E uma responsabilidade limitada e indirecta. Para com a prpria sociedade os credores no podem agredir directamente o patrimnio da sociedade. Esta a responsabilidade legal mas isto no impede que um scio possa assumir , por via negocial responsabilidades acrescidas. quer uma responsabilidade pessoal pelas obrigaes sociais , quer a realizao de prestaes suplementares de capital.. Um scio pode obrigar-se a uma responsabilidade pessoal e directa perante os credores sociais, at um dado montante.(1989). Pode assumir a posio de um scio em nome colectivo, com uma diferena: desde que se estabelea no contrato o montante mximo dessa responsabilidade. O scio pode tambm assumir uma obrigao de prestao suplementar de capital -visam fazer face a situaes de descapitalizao ou dificuldades financeiras. Nas S.A , o scio (accionista) tem uma responsabilidade limitada ao montante da sua entrada individual. Neste tipo de sociedade cada scio apenas responde pelo valor da sua parte social , podendo por todo o restante patrimnio pessoal a salvo da agresso dos credores sociais. Mas, perante o silncio da lei, parece que no ser lcito essa irresponsabilidade por via negocial. s SQ e SA corresponde uma autonomia patrimonial perfeita: os bens da sociedade respondem pelas dvidas da sociedade e, pelas dvidas da sociedade respondem os bens da sociedade. Nas SC existem 2 regimes de responsabilidade: H 2 categorias de scios;
1) Comanditados: tm uma responsabilidade ilimitada, esto na situao semelhante de um scio de uma sociedade em nome colectivo; 2) Comanditrio: tm uma responsabilidade limitada ao valor da sua entrada individual semelhana de um accionista de uma SA. 2) Qto ao capital e participaes sociais Nas SNC: tm o seu capital social dividido em partes sociais. A lei no fixou um valor mnimo, seja para o capital seja para as partes e podem ter uma valor qq. A contrapartida da subscrio das partes pode consistir em bens, dinheiro ou servios, podendo ser desiguais , mas no podem ser representadas em ttulos de crdito (documento). As partes s podem ser transmitidas inter vivos por escritura pblica e requer-se o consentimento expresso dos restantes scios porque importante para estes, saberem quem so os seus novos conscios (resp. ilimitada). Nas SQ: tm quem que ter um capital mnimo de 5000 euros (art. 201). As fraces aqui tomam o nome de quotas. As quotas tm obrigatoriamente de resultar da entradas realizadas em bens, dinheiro ou em servios. As quotas podem ter um valor desigual, mas tm de ter um valor mnimo, no podem ter valor inferior a X euros e tambm no podem ser representadas por ttulos. A sua transmisso tambm est sujeita a regras especiais: s podem ser transmitidas inter vivos por escritura pblica e s preciso o consentimento da Assembleia dos Scios - bastar que a maioria dos scios vote a favor da cesso. Nas SA: tm o capital dividido em aces. Quer o capital quer as aces tm de ter um capital mnimo: Capital - 50.000 euros; Aces - 1.000$00. Como acontece nas SQ, as entradas devem sempre consistir em bens ($ ou prestaes em espcie), mas no em prestao de servios. As aces tm de ter entre si um valor nominal idntico e todas elas tm de estar representadas em ttulos. Excepo: surgiram as aces escriturrias as quais no so representadas em ttulos. Na transmisso vigora o princ da livre transmissibilidade das aces, o qual s pode sofrer desvios em situaes excepcionais. Nas Soc. em Comandita o capital no est dividido em partes (sociedades em comandita simples) ou em aces (sociedades em comandita por aces). 3) Diferenas quanto organizao (estrutura organizatria):
H, antes de mais, uma semelhana: todos os tipos legais possuem uma estrutura organizatria interna semelhante a um Estado democrtico - uma repartio dos poderes deliberativos (Conselho Geral), executivos (Conselho de Administrao ou Direco nas SA , Gerncia nas SQ e SNC) e fiscalizadores (Conselho Fiscal e Revisores Oficiais de Contas nas SNC). Diferenas: As SNC possuem uma estrutura organizatria interna muito primria ou simplificada. Os scios tm um papel fundamental e exclusivo: a eles competem as funes deliberativas - Conselho geral e executivas, salvo estipulao em contrrio. O art. 191 diz que todos os scios so gerentes e, todos os gerentes tm que ser scios, no podendo ser escolhido entre terceiros. Cabe ainda na competncia dos scios poderes de fiscalizao na falta de um rgo especfico. A fiscalizao acaba por recair sobre esse rgo que tem um papel residual - a Assembleia Geral onde esto representados todos os scios. Todos os scios possuem um poder igual na deciso dos assuntos. Vigora o princ um scio, um voto, no sendo relevante a proporo de cada um dos scios no capital social. As SA tm uma estrutura mais complexa. Temos a Assembleia Geral, rgo dotado de competncias gerais, estando o elenco das suas competncias previsto no art. 246. Os poderes executivos esto concentrados na Gerncia - possui competncias gerais de administrao e representao exclusiva da Sociedade ( s pode ser representada pelos seus gerentes). Mas, para mostrar que o poder pessoal importante, a Assembleia Geral pode dar instrues aos gerentes e estes esto obrigados a acat-las, mesmo que respeitem administrao da Sociedade. Aqui, os gerentes podem ser terceiros que no sejam scios da Sociedade. A fiscalizao: da Competncia da Assembleia Geral, excepto quando se tenha previsto um rgo especfico de fiscalizao - quando tenham de possuir um Conselho Fiscal, quando a SQ ultrapassa determinados valores mnimos. Embora esteja garantida a participao dos scios , em determinadas actividades a sua participao no to democrtica como nas SNC porque depende do montante da sua participao social. Vigora o princ censitrio: o valor da parte de cada scio que determina o grau da sua participao e interveno na actividade social ( sobretudo na Assembleia Geral). SA- tem uma estrutura organizatria mais complexa . H uma desvalorizao progressiva do papel do scio ( accionista ) e das Assembleias Gerais - progressiva reduo das competncias deste rgo.
A gesto das SA hoje matria confiada em exclusivo aos seus rgos de administrao ( Conselho de Administrao ou Direco da Sociedade ). Assembleia Geral s resta dar voz em assuntos fundamentais para a Sociedade. Divide-se a matria decisria de uma empresa em: decises fundamentais e decises conjunturais ( so as de gesto corrente), sendo que aos rgos de administrao que compete a matria decisria. A Assembleia Geral v as suas decises reduzidas a decises conjunturais. S relativamente a certas matrias fundamentais que os accionistas so chamados. H porm situaes em que no se sabe que tipo de deciso se trata - vigora o princ de acordo com o qual a cada aco corresponde uma ratio. De acordo com este princ e tendo em conta as mltiplas modalidades de concentrao do poder no previstas, pode-se considerar que a outra face da moeda da concentrao do poder de voto a desvalorizao ainda mais ntida da posio de alguns scios , investidores minoritrios . Possibilidade de uma SA poder optar por uma de duas estruturas distintas ( art. 278 ): 1) Estrutura Clssica - tradicional : Conselho de Administrao, Conselho Fiscal e Assembleia Geral; 2) Estrutura Complexa - germnica : Conselho Geral, Direco e ROC, Assembleia Geral. SNC - so o modelo mais apropriada para empresa de dimenso reduzida e scios que tenham entre si confiana recproca. EX: empresas familiares. Existem hoje mecanismos jurdicos que permitem ao pequeno empresrio limitar a sua responsabilidade (EIRL). A estrutura horizontal ( todos tm uma voz igual), elimina as desvantagens de se poder organizar toda uma empresa dado que todos tm vos igual, independentemente do montante do capital - bom para as pequenas empresas. 3.2.2-TIPOS LEGAIS ESPECIAS: foram criados para dar resposta a necessidades empresariais especficas. So modelos que repousam sobre dois tipos legais comuns, ma tm um regime jurdico particular diferenciado do geral para dar resposta ao objecto e estrutura especfica dessa sociedade. Ex: Sociedade gestora de participaes sociais s pode ter por objecto a gesto de participaes noutras sociedades(holdings)como forma indirecta de exerccio de uma actividade econmica porque no se pode dedicar directamente a uma actividade econmica. Ex: Sociedade de capitais de risco; Sociedades gestoras de fundo de investimento; Sociedades de desenvolvimento regional; Sociedades de leasing;
Sociedades correctoras e financeiras de corretagem; Sociedades mediadoras do mercado monetrio. Tudo isto tem que ver com o princ a tipicidade. H que olhar para os tipos que a lei define ( tipos legais especiais) , mas tambm para as classificaes que a doutrina vem fazendo das sociedades. 3.3-TIPOS DOUTRINAIS 1 Classificao: Sociedades Comerciais e Sociedades Civis ( critrio da comercilidade do objecto) - as sociedades comerciais tm fora jurdica ao contrrio das sociedades civis; 2 Classificao: Sociedades comerciais de pessoas 1- sociedades que se caracterizam pela importncia fundamental da pessoa do scio (intuito persona) que se reflecte em todo o regime jurdico destas sociedades. Cada scio individualizado ( o seu nome tem de constar da firma da sociedade), cada scio tem uma participao global, igualitria e decisiva na sociedade. Global- intervm em todos os rgos da sociedade; Igualitria- a sua voz igual dos outros; Decisiva- se o scio sair, a sua sada pode por em causa a sobrevivncia da sociedade ( pode ser dissolvida).H um regime de responsabilidade ilimitada dos scios, ideia de que o pacto social intransmissvel. A entrada de novos scios depende do consentimento unnime dos outros scios. Estes scios gozam de uma autonomia patrimonial imperfeita - o acervo patrimonial est sempre afecto s dvidas da Sociedade, mas por certas dvidas no responde apenas o acervo mas tambm os bens pessoais dos scios. EX: SNC Sociedades comerciais de capitais - do importncia ao capital em detrimento da pessoa do scio(intuito pecunia). Disto reflecte-se o regime jurdico destes scios: o capital o elemento fundamental na determinao das relaes internas e externas dos scios. Internas- em funo do capital detido por cada scio que se determina o poder de cada scio na sociedade; Externa- em funo do capital que cada um investiu que se determina a participao de cada um ; o nome dos scios no tem de constar da firma. O que constitui meno obrigatria o valor do capital social. A participao dos scios na vida social est posta em causa em virtude da separao entre a propriedade dos meios produtivos e o controlo desses meios. A responsabilidade de cada scio limitada. As partes sociais so livremente transmissveis no dependendo da sua cesso, do consentimento dos restantes scios .
Gozam de uma autonomia patrimonial perfeita dado que os bens dos scios respondem exclusivamente pelas dvidas da sociedade e por estas respondem exclusivamente os bens da sociedade, cujo exemplo tpico o das SA Esta classificao no reflecte uma tipologia estanque, sendo por isso difcil compreender os tipos legais nestes tipos doutrinais: sociedades em comandita por aces: coexistem scios cujo regime de responsabilidade igual dos scios em nome colectivo (scios comanditados) e scios de responsabilidade limitada semelhana das SA (comanditrios); sociedades por quotas: espcie do tipo legal intermdio na classificao doutrinal porque nem uma sociedade de pessoas nem de capital - depende de dois factores I. O quadro legislativos concretos que ns temos - o regime das SQ anterior aproximava-se do modelo da sociedade de capitais sendo que o direito actual aproxima-o do modelo das sociedades de pessoas; referem-se ao dto de informao dos scios, ao dto das minorias introduzindo-se a necessidade do consentimento dos scios para que um scio possa transmitir as sua quotas II. Da sociedade concreta - h que ter em conta a liberdade de modelao que as partes tm, da vida da sociedade (estruturao, coligao entre os prottipo da classificao doutrinal. Nas SA podem todavia factores de personalizao EX.: clusulas que visam limitar a livre transmissibilidade das aces e at podemos estar perante SAs que se comportam como verdadeiras sociedades pessoais: Ex. SAs familiares de 5 pessoas. O relevo desta distino doutrinal hoje, apenas meramente doutrinal, o seu anterior interesse jurdico-prtico(sobretudo fiscal) perdeu-se: a tributao de todas as sociedades feita hoje em IRC. 1- Abertas 3 CLASSIFICAO: Sociedades Comerciais: 2- Fechadas 1-Ou com apelo subscrio pblica do respectivo capital- So no nosso direito apenas as sociedades por aces (SAs e Sociedades em comandita por aces). As sociedades que constituem um apelo subscrio pblica esto rodeadas de grandes(Contratos) que so objecto de necessidades especiais de publicidade e transparncia. Tm uma regulamentao complexa -> oferecem produtos financeiros sofisticados. Tm logicamente uma fiscalizao minuciosa.
2-Ou Subscrio particular Constituem-se atravs de um mecanismo de subscrio privada do respectivo capital. (Apresentam) potencialmente todos os tipos legais, mesmo as SAs 1-de capitais pblicos 4 Classificao 2-de capitais mistos 3- de capitais privados
1 O titular da totalidade do capital uma entidade pblica 2 O estado participa na sociedade em conjunto com capitais privados 3 Composta por capitais privados Individuais 5 Classificao: Sociedades Coligadas
Toda o CSC constitui logicamente um modelo legal para o nascimento, a vida e a morte de uma sociedade individualmente considerada. Mas a sociedade, logicamente, no vive isolada. Possui relaes de variada natureza com outras sociedades. Fala-se de coligaes de sociedades( as sociedades podem ter relaes de grupo com outras). Criado todo um universo de relaes que as sociedades podem ter com outras. Para as sociedades que esto em relao de coligao, tem de existir um regime jurdico que se adapte a esta nova condio. O regime jurdico concebido para uma sociedade individual, no pode trazer a situao de uma sociedade coligada - Art. 483 e ss. - exclusivamente dedicado matria das sociedades coligadas. de direito interno 6 Classificao: Sociedades de direito comunitrio O projecto da directiva em matria da SA europeia(1966), tem sofrido muitas vicissitudes, mas ainda no mereceu uma regulamentao (especfica). Cada
sociedade est regulada pela lei do seu estado pessoal. A lei do estado pessoal a lei da sua sede social, a estatutria, a efectiva. Se uma sociedade pretende operar a nvel internacional, seria artificial limitar a sua regulamentao lei dessa sede. Da a ideia de criar um instrumento juridico-societrio aplicvel em formas internacionais: SAs europeias. O verdadeiro passo para a harmonizao do direito das sociedades s se dar com a provao deste instrumento. As directivas criam apenas no so direitos uniformes, mas listas de fora idnticas. H que ter em conta que nem todas as legislaes cumprem os textos ? para a integrao desse direito na ordem interna tambm que a interpretao dessas directivas dada pelos tribunais.
2-ACTO DE CONSTITUIO DA SOCIEDADE: Sociedade -contrato Fonte e Natureza Jurdica do acto Constitutivo 2.1- O Iter do Processo Constitutivo Tem em conta a sociedade enquanto contrato e aglomerado de pessoas. Quanto ao primeiro aspecto, ao contrrio do que acontecia com o direito anterior, o C.S.C. veio admitir vrios quadros jurdicos de constituio de uma sociedade. Podem dividir-se em 2 grupos: 1-Fonte geral ou comum Negcio jurdico bilateral ou unilateral O contrato da sociedade. 2-Fontes especiais: I. Lei Tem-se assistido criao crescente de sociedades comerciais de capitais pblicos por intermdio de DL. Exemplo: IPE: uma SA que tem por funo gerir a carteira de participaes sociais detida pelo estado. O processo de privatizao que est em curso (transformao de empresas pblicas em SAs) faz com que esse tipo de acto legislativo seja mais frequente. II. Negcio Jurdico Unilateral: 488 (N 2 Al. J) III. Deliberao Social: No caso de transformao novatria?, ciso, caso de fuso constituio. A questo da natureza jurdica do acto constitutivo de uma sociedade tem sido alvo de diferentes respostas. No h uma resposta vlida para todos os casos. Na doutrina tradicional fala-se de duas correntes: Anticontratualista Dois principais:
1 Autores que viam no acto constitutivo da sociedade um acto colectivo e unilateral; um feixe de declaraes negociais paralelas e homogneas (visando todas o mesmo efeito jurdico)-Gertmann? 2 GIERKE via no acto constitutivo da sociedade um acto de fundao. As declaraes de vontade dos scios no eram importantes de per si. Eram uma manifestao antecipada da vontade de um novo ente que era a prpria sociedade. Contratualista dominantes: Toma como paradigma da sua reflexo o modelo da sociedade pluripessoal nascida de um contrato 1 A sociedade seria um contrato pluripessoal. 2 O contrato de sociedade era uma contrato de fim comum (doutrina italiana, alem e portuguesa) ou contrato organizao. dominante. um contrato de fim comum por oposio aos contratos (comuns) comutativos. Nos contratos comutativos o interesse da contraparte contraente satisfeito de modo diferente. Nos contratos de sociedade existe um interesse geral ou comum: O lucro da empresa, ou seja, o interesse da mxima rentabilidade da empresa. Ao passo que nos normais contratos comutativos a relao sinalagmtica se estende a outras prestaes das partes entre si, no contrato de sociedade a relao sinalagmtica estabelece-se, no entre as partes contratantes mas entre a prestao do scio e a sua participao nos lucros finais da empresa. Nos contratos comutativos tem que existir uma equivalncia das prestaes das partes. No contrato de sociedade no tem que existir esta equivalncia. Nos contratos comutativos a regra a da bilateralidade. No contrato de sociedade pode haver plurilateralidade. Nos contratos comutativos a relao extingue-se na relao sinalagmtica, enquanto no contrato de sociedade h uma estrutura organizativa que resulta dessa relao sinalagmtica.
Relevncia para efeitos de interpretao e integrao do respectivo regime jurdico NOS CONTRATOS COMUTATIVOS VIGORA O PRINCPIO DA EXCEP DE NO CUMPRIMENTO (428 CC.): POSSO NO REALIZAR A MINHA PARTE SE OUTRO NO REALIZAR A DELE. NO CONTRATO DE SOCIEDADE NO POSSO DEIXAR DE REALIZAR
A MINHA ENTRADA SE OS OUTROS NO REALIZAREM A DELES. PELO CONTRRIO PODE ACONTECER QUE O SCIO A SEJA RESPONSVEL PELAS ENTRADAS NO EFECTUADAS POR OUTROS SCIOS. NO SE PODEM TOMAR CERTAS ATITUDES OU REGRAS APLICVEIS AOS CONTRATOS COMUTATIVOS. A invalidade de uma das declaraes negociais de um dos scios no acarreta necessariamente a invalidade do negcio jurdico global, s a acarretar caso a declarao negocial viciada deva considerar-se como essencial para a realizao do fim comum.
CONTRATO DE SOCIEDADE o processo normal de constituio de uma sociedade, est regulado em detalhe nos artigos 7 a 52 do CSC.. Depois, cada um dos tipos de sociedade estabelece uma regulamentao especfica. SNC 176 a 194; S 199, 265 a 269; SA 272; SC por aces 466 O contrato sociedade no se esgota num nico acto mas produz-se ao longo de uma cadeia de actos que se estende no tempo. um acto de formao sucessiva ou complexa, formado por uma srie de actos, no s um acto mas um processo constitutivo. Este processo varia , sendo mais complexo nas SA, os actos do processo constitutivo tm algumas linhas gerais, assim os momentos essenciais so: I. Celebrao da escritura pblica reflecte as declaraes da vontade negocial das partes II. Registo definitivo com contrato de sociedade o registo condio necessria da aquisio de personalidade jurdica por parte de uma sociedade. 2.2-Requisitos de celebrao do ctt H trs tipos de requisito para a celebrao de um contrato de sociedade: A) Relativos s partes B) Relativos ao fundo (substanciais) C) Relativo forma A) Relativamente s partes temos quatro tipos:
1 Relativo ao nmero de partes Em absoluto no existe um nmero mnimo de partes. Durante muito tempo a doutrina considerou afastada a possibilidade da constituio de uma sociedade por um nico scio. A sociedade era uma pessoa colectiva (aglomerado de pessoas). Hoje o regime est no 7 N2 CSC: o nmero mnimo de partes de dois excepto quando a lei exija um nmero superior ou permita que a sociedade seja constituda por uma s pessoa. REGRA: Exige-se duas pessoas. Pode sofrer excepes, para baixo ou para cima. Para cima: SAs (com um mnimo de 5 scios); sociedades em comandita por aces (com um mnimo de 6 scios cerca de 5 scios comanditrios). O nmero das partes pode ser superior a dois nos tipos legais especiais: exemplo: sociedades de desenvolvimento regional (mnimo 10 scios). Outras vezes a lei permite que a sociedade seja constituda apenas por um scio: 488 CSC vem permitir que uma sociedade de qualquer tipo (desde que de capitais) possa constituir ab initio uma SA da qual a primeira seja a nica titular do capital (SA unipessoal). Aqui no existe qualquer contrato mas um negcio jurdico unilateral. Da que no se possa falar de um mnimo de partes mas de uma regra com excepes para cima e para baixo. 2 Relativos natureza das partes As partes podem ser pessoas singulares (fsicas) ou colectivas (pessoas morais, jurdicas). Historicamente a sociedade comercial foi uma entidade criada e possuda por indivduos singulares. A participao das pessoas colectivas era um fenmeno desconhecido e uma prtica proibida (considerava-se como uma anomalia). Esta perspectiva comeou a mudar no incio do sculo devido a factores econmicos. A participao em sociedades comeou a ser admitida e hoje aceita-se sem reservas que quaisquer pessoas colectivas possam participar no capital das sociedades comerciais (associaes, fundaes, pessoas colectivas de direito privado e pessoas colectivas de direito pblico). Mas o legislador regulou essa participao, e h que distinguir dois casos: 1.participao das sociedades comerciais em sociedades comerciais: a participao de uma sociedade de qualquer tipo numa sociedade de responsabilidade limitada (SA e SQ ) e com um objecto social idntico permitida e pode ser decidida pelos rgos. OU a participao da sociedade comercial de qualquer tipo em sociedades de responsabilidade ilimitada, em
sociedades que tenham um objecto negocial diferente, ou em sociedades de tipo especial, s permitida se e nos exactos termos em que o contrato social o permitissem. Tanto num caso como no outro esto abrangidas as participaes a ttulo originrio (um scio adquire participaes numa sociedade que se constitui) e a ttulo derivado (uma sociedade j constituda). Participaes de uma sociedade de responsabilidade limitada numa sociedade em comandita (de responsabilidade ilimitada) esta possibilidade est logicamente expressamente prevista na lei: 465 n2. Concluso: a participao das sociedades em sociedades d origem ao problema da coligao das sociedades, regulado de forma autnoma no 481 CSC. H quatro tipos de relaes de coligao intersocietria: I. de simples participao (entre 10% a 50%) II. de participaes recprocas (h um cruzamento de participaes entre as duas sociedades, de igual montante) III. de domnio (uma sociedade tem uma possibilidade de exercer uma influencia sobre outra dominada). IV. de grupo (de tipo especial a lei pretende que seja uma relao de coligao interna, transformando o prprio regime jurdico). 1.Participao das demais pessoas colectivas ( que no sociedades comerciais) nas sociedades comerciais: problemtica diferente. No se aplicam os condicionalismos at aqui referidos, mas as regras gerais relativas s pessoas colectivas: art.160 Cdigo Civil. A participao de uma associao ou de uma fundao numa sociedade comercial ser admissvel sempre que isso seja considerado um acto necessrio e conveniente prossecuo dos fins da pessoa colectiva. - As partes de um contrato de sociedade tm que ser comerciantes ou podem no ser comerciantes? possvel que uma pessoa, singular ou colectiva, no possua capacidade para ser comerciante, mas j possua capacidade para ser scio. Exemplo: um menor pode participar num acto constitutivo de uma sociedade, atravs de representante legal; Exemplo: o Estado ou a Misericrdia no podem ser comerciantes, mas detm uma carteira vasta de participaes. Tambm no relevante a nacionalidade: partes de um contrato de sociedade podem ser nacionais ou estrangeiros, esto em p de igualdade, embora haja algumas condies de caracter jurdico-
pblico. Capacidade das partes As partes devem ter capacidade de exerccio e capacidade de gozo. Os problemas dizem quase respeito capacidade de exerccio: as partes tm de ter capacidade para, por si prprias, praticar negcio jurdico ou no a tendo, possa ser suprida pelos meios legais. As incapacidades so as do Cdigo Civil - menoridade, interdio e inabilitao. Estes 3 incapazes, no podem, em princpio, por si prprios, celebrar um contrato de sociedade (participar na sua celebrao), porque o contrato de sociedade envolve a disposio de bens para a realizao de entradas e, por vezes, a assuno de responsabilidades. Mas, h que distinguir: . SNC ou Sociedades em comandita -> na qual o menor seria um scio de responsabilidade ilimitada, inadmissvel a participao do menor no contrato de sociedade. A sua participao implicaria a exposio do patrimnio do menor a uma responsabilidade ilimitada pelas dvidas sociais, o que no pode ser. .Sociedades por quotas-> tambm ser inadmissvel a participao de 1 menor no seu contrato de constituio em 2 situaes: 1.enquanto o capital social no estiver integralmente liberado ( qualquer 1 dos scios responsvel pelo cumprimento das obrigaes de entrada dos scios inadimplentes). 2.quando no prprio contrato de sociedade se tiver estabelecido obrigaes de prestao suplementares. .Sociedades annimas-> ou de uma sociedade em comandita por aces, onde o incapaz surja na lista de scio comanditrio; j parece admissvel e vlida a participao do incapaz no contrato de sociedade, desde que os bens que ele levou para a compra de aces sejam bens que ele angariou nas condies referidas no art.127,n1,al.a) Cdigo Civil: atravs do seu prprio trabalho. Legitimidade das partes Era discutida antes do Cdigo das sociedades comerciais, a questo de saber se era lcita a participao dos cnjuges nas sociedades comerciais. Hoje, a questo est resolvida -> art.8. A participao de cnjuges em qualquer
sociedade, permitida nos seguintes termos: 1.qualquer dos cnjuges pode, por si s, constituir ou participar em qualquer tipo de sociedade comercial ( estatuto de igualdade). 2.Os dois cnjuges ( juntos) podem constituir ou participar (os dois ou com mais scios) numa mesma sociedade por quotas, numa mesma s.a. ou numa mesma sociedade em comandita (em que um deles seja scio comanditado). O que no permitido que ambos possam constituir ou participar numa SNC ou em comandita, na qual ambos sejam scios comanditados ( de responsabilidade ilimitada). Quando uma participao social for considerada comum aos 2 cnjuges, ser considerado scio, aquele que celebrou o contrato de sociedade ou aquele que adquiriu a participao: art.8, n1, Cdigo das sociedades comerciais. Requisitos relativos ao fundo I. Consentimento das partes: para que exista um contrato de sociedade vlido, necessrio que o consentimento dado pelas partes resulta de declaraes negociais tambm elas vlidas formadas sem vcios e expressadas de modo coincidente com a vontade real. Que vcios esto aqui abrangidos? Todos os vcios previstos na lei civil. Os vcios na formao da vontade (elemento subjectivo): erro-vcio, dolo coaco moral; incapacidade acidental, estado de necessidade. Os vcios na expresso da vontade -> divergncia entre a vontade real e a vontade declarada ( aspectos objectivos), divergncias intencionais (simulao, reserva mental, declarao no sria) e no intencionais (falta de conscincia da declarao, erro na transmisso, erro na declarao, coaco fsica). Muito embora estejam aqui teoricamente abrangidos todos os vcios da lei civil ( art.2 do Cdigo Comercial a lei civil uma lei subsidiria), h, na prtica, muitos vcios que raramente sucedem. S alguns se verificam. Uma excepo a esta regra ser a simulao -> importante porque est ligada problemtica das sociedades fictcias. V-se que, na prtica, certos contratos de sociedade so celebrados pelas partes com o intuito de celebrarem (encobrirem) outro contrato. Exemplo: contrato de venda para ter acesso a um regime fiscal mais favorvel; encobrir um contrato de doao para contornar as regras sucessrias; simular um contrato de emprstimo para contornar as regras em matria de lucro. Muitas sociedades constituem-se para permitir ao empresrio em nome individual o benefcio da responsabilidade limitada. Juntam-se-lhe 2 ou 1 pessoa (testa - de
ferro) que aceitam participar na sociedade, mas apenas com o intuito de permitir a esse sujeito, o acesso ao benefcio da responsabilidade limitada. A vontade declarada da parte que se associou ficticiamente diverge da sua vontade real. H conluio entre as partes e existe inteno de enganar. Verificam-se assim os trs requisitos da simulao. A doutrina entende que, nestes casos, o contrato de sociedade de sociedade dever ser nulo. Distinta desta situao a figura da associao parte -> uma conveno celebrada entre um scio de uma sociedade e um 3, pelo qual o scio cede ao 3 os direitos patrimoniais inerentes sua participao social, total ou parcialmente. Esta figura no se confunde com a sociedade fictcia, dado que se trata de uma conveno vlida. Relativamente a esse negcio, a sociedade e os demais scios so alheios. O negcio produz apenas efeitos entre o scio e o 3 (este no se torna scio). Tal conveno, no pode ser usada para tornear as limitaes da lei entrada de novos scios da sociedade. O 3 s pode entrar para a sociedade, se todos os outros scios estiverem de acordo. Efeitos provenientes da verificao de um destes vcios: so os estabelecidos pela lei civil, com as especialidades que resultam do art.41, 43,45 e 46 do Cdigo das sociedades comerciais. Estas especialidades tm em conta as especiais necessidades de proteco de terceiros de boa f (no s os terceiros com que a sociedade contrata como os restantes scios que no sabiam das negociaes de um deles).Exemplo: normas que recuperam para as sociedades comerciais a doutrina geral do art.292 do Cdigo Civil ( re-duo do negcio jurdico). Se se verificar uma declarao negocial viciada, o contrato, o contrato de sociedade no invlido. S ser se a declarao for considerada essencial. A lei tenta aproveitar ao mximo os efeitos possveis de um contrato, mesmo que uma das declaraes esteja afectada por um vcio: art.40, n1 do Cdigo das sociedades comerciais. Objecto H que distinguir 2 sentidos desta expresso: 1.Objecto do contrato de sociedade (objecto jurdico)-> so os estatutos sociais ( pacto social). 2.Objecto da prpria sociedade enquanto empresa (objecto social propriamente
dito): programa de actividades econmicas concretas que a sociedade se prope desenvolver. este o segundo sentido que interessa (e que a lei utiliza). Caractersticas que deve revestir o objecto social Deve constar expressamente dos estatutos sociais: art.5, n1, al.d) e art.11 do Cdigo das sociedades comerciais. No caso de haver divergncia entre o objecto estatutrio (social) e o objecto real, o que conta o primeiro, ou seja para ver se a sociedade idnea, o primeiro que conta. O objecto social deve ser determinado e concreto ( no pode ser geral e vago). No se pode dizer que a sociedade exercer todas as actividades econmicas. em funo desta necessidade de concretizao do objecto social, que se determina a natureza da sociedade em si mesma, como civil ou comercial. Para saber se a sociedade pratica ou no actos de comrcio, tem que se saber que tipo de actividade ela desenvolve. em funo do objecto social que se determina o limite dos poderes e deveres dos rgos de administrao ( rgos sociais em geral). O exerccio de certas actividades (seguradora, bancria) que esto sujeitas a autorizao e licenciamento administrativo, exige a adopo de certos tipos especiais de sociedade. preciso saber que tipo de actividade ela vai concretamente desenvolver. Art.10,n3: a incluso na firma da sociedade, de uma referncia ao objecto social, no pode sugerir que a sociedade est a levar a cabo uma actividade econmica diversa daquela que est consagrada nos estatutos. A referncia no pode ser enganosa. Sempre que haja uma modificao substancial do objecto da sociedade, a lei equipara esta modificao a uma cesso da empresa, para efeitos fiscais o objecto deve ser idneo->280, n1 do Cdigo Civil. Deve ser fsica e legalmente possvel. A idoneidade do objecto afere-se pelo seu objecto social estatutrio, e no pelo seu objecto real. B) Requisitos de forma H trs requisitos de forma para a celebrao do contrato de sociedade: I. Requisitos de validade 1.Celebrao por escritura pblica 2.Registo B- Requisito de eficcia 3.Publicaes
1. Escritura pblica: Ao contrrio dos negcios jurdicos em geral (onde vigora o princpio da liberdade de forma ou da consensualidade: art.405 e 219 do Cdigo Civil), e ao contrrio do prprio princpio de sociedade em geral (art.981 do Cdigo Civil) no se exige nenhuma forma especial. A validade do contrato de sociedade comercial est sujeita a uma forma especfica; a sua celebrao deve resultar de escritura pblica (art.7, n1 do cdigo das sociedades comerciais e 89, al.c) do Cdigo do Notariado). Razo desta exigncia: inteno de se promover uma ponderao mais cuidada por parte das partes quanto s suas obrigaes (daquilo que vo convencionar, de melhor observar os requisitos contratuais que vimos e de facilitar os meios de prova at para resolver as divergncias entre os scios). O contrato de sociedade contm 2 elementos em abstracto: I. A vontade das partes em constiturem uma entidade, uma pessoa colectiva- contrato propriamente dito. II. Um conjunto de normas que visam disciplinar o nascimento, o funcionamento, a administrao, a dissoluo e liquidao dessa pessoa colectiva que atravs do contrato vai nascer. esse conjunto de normas que se denomina pacto social (ou contrato de sociedade). Em certas legislaes, por exemplo, anglo saxnicas, estas duas metades do contrato de sociedade esto separadas: . memorandum of association . articles of association No nosso direito, esta distino no tem uma relao jurdico-prtico. A escritura pblica de um contrato de sociedade pode ser celebrado pelo notrio, se previamente as partes tiverem obtido um certificado de admissibilidade da firma e a aceitao provisria de identificao da pessoa colectiva. Estes dois documentos devem ser solicitados no Registo Nacional de Pessoas Colectivas ou, no Porto, atravs da Conservatria do registo comercial. A falta da observncia destes requisitos de forma implica a nulidade do contrato de sociedade: art. 41 e 42 do cdigo das sociedades comerciais. 2.Registo: para que uma sociedade se constitua, condio necessria a escritura pblica, mas no condio suficiente, tambm preciso que o contrato de sociedade seja registado. De acordo com o art.5 do cdigo das sociedades comerciais, estas sociedades s adquirem personalidade jurdica a partir da data do registo definitivo. O registo obrigatrio:art.3 al.a) C.R.C.
Deve ser promovido pelos prprios interessados no prazo de 90 dias a contar da data da escritura na Conservatria do registo comercial da rea da sede estatutria da sociedade (art.15, n1, al.a) C.RC.) sob pena de, para alm dos outros efeitos (falta de personalidade jurdica), se sujeitarem a sanes contravencionais, ou seja coimas: art.17 C. R.C. O nosso legislador previu 2 modalidades diferentes de registo - 2 alternativas de constituio de uma sociedade: 1.escritura pblica -> registo ->publicao 2.sociedades constitudas mediante registo prvio: art.18C.R.C.: 1 passo registo prvio, 2 passo escritura, 3 passo converso do registo prvio em definitivo, 4 passo publicaes. A vantagem do registo prvio a de evitar alguns problemas de registo que podem surgir aps a escritura. Evita-se que certos problemas exijam depois rectificaes que envolvam encargos suplementares para as partes. Os interessados devem apresentar um requerimento prprio (art.25 C.R.C.) e tambm o projecto completo do contrato de sociedade (art.28, n1 C.R.C.) e esse projecto deve j conter as assinaturas de todos os scios, reconhecidas atravs de reconhecimento notarial. Este processo constitutivo alternativo aplicvel a todas as sociedades comerciais, sejam comerciais, sejam civis em forma comercial, excepto em 2 situaes: 1 quando haja sido convencionado entradas em espcie, 2 quando se trate de uma s.a. com apelo subscrio pblica. A falta de registo ocasiona a inexistncia da sociedade comercial - art.5: diz que o registo um requisito da prpria existncia da sociedade enquanto pessoa jurdica. 3.Publicaes: a lei exige que o contrato de sociedade seja publicado no D. R. (art.166 e 167). As publicaes so promovidas no pelos prprios interessados, mas oficiosamente pelo conservador do registo comercial, no prazo de 30 dias, deve enviar o contrato para publicao nesse D. R. As publicaes tm por objecto o texto integral do contrato de sociedade e todas as menes obrigatrias que lhe forem acrescentadas pelo registo comercial. Consequncia da falta de publicaes: um requisito de eficcia, e no de validade do contrato de sociedade. Funciona como uma mera condio de oponbilidade da constituio da sociedade a 3s. Uma sociedade comercial, cujo contrato social ainda no foi publicado j existe. Art.168, n2 - a falta de publicaes faz com que a sociedade no possa opor a sua existncia a 3s, que desconheciam esse facto. Art.168, n1 - j os 3s se podem prevalecer da existncia de uma sociedade
cujo contrato no est publicado. Assim, as publicaes constituem condio de oponibilidade a 3s, mas j no constituem condio de invocabilidade por 3s. 2.3-Contedo do contrato de sociedade:Menes obrigatrias e facultativas: O contrato de sociedade possui um contedo variado em termos conceituais, possui dois tipos de elementos bsicos: I. Elementos essenciais ( comuns e especficos 9 Cdigo das sociedades comerciais). Quanto a estes, a lei exige obrigatoriamente. Tm de figurar em qualquer contrato de sociedade, qualquer que seja o tipo de sociedade, sob pena de invalidade. So o mnimo que contrato tem de conter. Os elementos essenciais comuns a todo o tipo de sociedade esto no art. 9 do Cdigo das sociedades comerciais. Os elementos especficos so elementos obrigatrios especiais que se vm acrescentar a eles. H outros elementos essenciais implcitos, que apesar de no terem sido expressamente regulados, fazem parte obrigatoriamente do prprio contrato de sociedade - dadas as normas jurdico-societrias que sejam de natureza imperativa. Exemplo: dever de participar nos lucros e perdas da sociedade (art.28 do cdigo das sociedades comerciais) faz sempre parte do contrato, apesar de no haver clusula social em concreto e apesar de poder haver clusula social em contrrio. II. Elementos facultativos: art.15 - durao ilimitada o contrato de sociedade pode prever uma durao ilimitada.
2.4- Problema da irregularidade da constituio de uma sociedade: h 2 grandes grupos de irregularidades. I. sociedades em formao: regime dos actos praticados em nome de uma sociedade cujo processo constitutivo est incompleto. II. sociedades invlidas: regime das sociedades cujo processo constitutivo est viciado. o problema das sociedades em formao um problema muito natural. uma vez que a constituio de uma sociedade no se esgota num simples acto, mas um processo constitutivo, composto por uma srie de actos afastados no tempo, frequente que uma sociedade inicie a sua actividade ainda antes de todo o processo constitutivo ter chegado ao fim. necessrio saber qual o regime dos actos praticados em nome desta sociedade cujo processo constitutivo ainda no chegou ao fim. h4tipodesituaes.
1.sociedades aparentes: situao em que no existe qualquer sociedade, sempre que 2 ou + indivduos criam aparncia de existir entre eles um contrato de sociedade e nada existe. o regime dos actos praticados em nome dessas sociedades aparentes o do art.36 do cdigo das sociedades comerciais - esses indivduos respondem pessoal, ilimitada e solidariamente. 2.sociedades sem escritura pblica: na situao anterior no existia qualquer sociedade. nesta, existe um verdadeiro contrato de sociedade, s que sem a forma exigida. aqui, englobam-se vrias situaes, que se reconduzem a um regime comum: . as partes querem formar uma sociedade, mas limitaram-se s negociaes preliminares; . j existe um projecto do contrato da sociedade; . o projecto pode constituir ou no um contrato processo de sociedade. Neste caso, h uma sociedade, mas no com personalidade jurdica (no uma sociedade comercial, porque esta exige escritura pblica e o registo). uma sociedade que se vai essencialmente reger pelas normas aplicveis s sociedades civis. o regime o do art.36, n2. este artigo remete para a lei civil: art.997 e 998 do cdigo civil- pelos actos praticados em nome da sociedade sem escritura pblica, responde em 1 linha, a sociedade, subsidiariamente e solidariamente, os scios. h ainda que acrescentar 2 preceitos: art.172 - o m.p. deve requerer a liquidao judicial da sociedade no prazo de 3 anos. art.173 - estabelece um regime que permite a regularizao desta situao, mediante a escritura pblica, o registo e as publicaes desta sociedade - so os requisitos de forma em falta. o art. 173 em conjugao com o art.192, n1, al.c) permite que na escritura pblica do contrato de sociedade, sejam ratificados pelos scios todos os actos que foram praticados, em nome da sociedade, antes da celebrao da escritura pblica, desde que seta seja celebrada, e desde que cada um desses actos seja ratificado pela sociedade. 3.sociedades com escritura pblica, mas sem registo: existe uma sociedade, mas ainda sem personalidade jurdica. o regime aplicvel o do art.37 a 40.
I. no plano das relaes internas - art.37: regime comum a todos os tipos de sociedade. s relaes internas que ocorrem no perodo entre a celebrao da escritura pblica e o registo aplicam-se j todas as normas estatutrias e jurdico-societrias que regem uma sociedade normal, salvo aquelas que pressuponham o contrato definitivo registado ( que pressuponham a existncia de uma pessoa colectiva j registada). exemplo: direito aos lucros; direito de venda. art.37, n2: a transmisso das partes sociais e a alterao do contrato de sociedade exigem o consentimento unnime dos scios (nas sociedades de capitais). em regra, exige-se apenas uma maioria qualificada. em certas sociedades, at livre (s.a.). no art.37, n2, a lei estabeleceu um regime diverso do regime geral: pretende evitar que ocorra a entrada de novos scios ou se alterem as regras dessa sociedade, antes ainda de a sociedade estar registada. II. no plano das relaes externas: art.38 a 40. a lei estabelece um regime diferente conforme o tipo de sociedade: SNC(art.38) - a lei estabelece uma responsabilidade ilimitada e solidria perante 3s, de todos aqueles scios que autorizaram expressamente ou tcitamente a prtica de certos actos, antes de o registo estar efectuado. o consentimento dos scios presume-se. o nus da prova ( de que no estava de acordo com o acto) cabe ao scio. SC simples (art.39) doutrina idntica. SA; sociedade por quotas e sociedade por aces (art.40): regime comum para as sociedades de capitais. aqui, o consentimento no se presume. quanto aos scios que no autorizaram os actos, h um regime de responsabilidade limitada at ao valor das suas entradas e pelo valor do que tenha recebido a ttulo de lucros e reservas. gerentes, administradores, directores (rgos de administrao e os scios que autorizam), respondem ilimitadamente. H uma contradio da lei que no se percebe: o regime para as sociedades sem escritura pblica e sem registo, mais gravoso que para as sociedades que no tenham sequer cumprido o passo anterior. as sociedades sem escritura pblica - uma responsabilidade solidria, mas subsidiria face sociedade; as sociedades sem escritura pblica e sem registo - responsabilidade ilimitada e solidria directa. acaba por punir quem comete um erro menor. Se os actos praticados em nome de uma sociedade sem registo tiverem sido praticados sob condio de futuro registo da sociedade e sob condio de a sociedade vir a assumir os efeitos dos actos praticados, diz o art. 40, n2 que as relaes externas passaro a estar reguladas pelas normas gerais da sociedade,
reguladas pelo tipo social concreto. 4.sociedades sem publicaes: sociedade cujo contrato no foi publicado. sofrem limitaes quanto aos efeitos dos seus actos:art.160, n2. a sociedade no pode opor a 3s a sua constituio ou qualquer outro facto derivado da sua constituio, enquanto o contrato no tiver sido publicado. art.168, n3 - estabelece um prazo razovel: durante os 16 dias posteriores publicao, os actos so inoponveis a 3s, desde que setes 3s provem que no estavam em condies de conhecer essa publicao. art.168, n1 - os 3s podem-se fazer prevalecer dos actos praticados por uma sociedade cujo contrato no esteja publicado. sociedades invlidas: sociedades cujo processo constitutivo, estando completo, est viciado. regime jurdico aplicvel: os efeitos jurdicos decorrentes da existncia de um vcio contratual, variam consoante o momento da sua deteco: antes do registo (art.41) e depois do registo (art.42 e 43). Antes do registo do contrato de sociedade, podem ser fundamente de invalidade do contrato de sociedade todas as causas gerais de invalidade do negcio jurdico (todos os requisitos de fundo, de forme e relativos s partes). ao esclarecer quais so os fundamentos, esclarece tambm quais so os efeitos: so tambm os efeitos: so tambm os efeitos gerais previstos na lei civil - nulidade e anulabilidade. com as seguintes especialidades -> diferenas: . a existncia de uma invalidade relativa a uma das partes ou uma das declaraes negociais, no acarretam necessariamente a invalidade do contrato de sociedade a doutrina da reduo do negcio jurdico tem aqui aplicao plena. . embora a legitimidade e os prazos para se intentar uma aco de nulidade ou de anulabilidade se rejam pelas regras gerais, h uma diferena fundamental: a declarao de nulidade ou anulabilidade no opera retroactivamente, mas d simplesmente lugar dissoluo e liquidao da sociedade (art.51). . no caso de a invalidade legal ser relativa apenas a uma das partes, existe aqui um regime especial de oponibilidade. h que distinguir 2 casos: I. se a invalidade procede da incapacidade de uma das partes, esse vcio oponvel pelo incapaz, quer aos scios, quer a 3s. esta oponibilidade concretizase em o scio incapaz poder recusar-se a prestar a sua entrada, ou caso a tenha j prestado poder reaver o que prestou. quanto a 3s - os 3s que pudessem ter qualquer direito de aco contra os
scios em geral, no o tm contra aquele scio em concreto. II. quanto aos restantes vcios da vontade, o art.41, n2 diz que o regime de oponibilidade diferente: so apenas oponveis aos restantes scios, mas j no a 3s. Depois do registo - aqui o regime diferente. O regime diferente justifica-se pela necessidade da proteco de terceiros de boa-f. Num momento em que a legalidade e a regularidade de uma entidade j foi afianada por 20 dias de f-pblica ( notrio e conservador).A sociedade j tem o seu processo constitutivo quase completo ( s faltam as publicaes ) e j ter iniciado certamente a sua actividade e isso viria a acarretar enormes consequncias. O regime este: s um lapso muito pequeno que pode constituir causa de invalidade de um contrato de sociedade j registada. S os vcios referidos no art 42/1 (para as SQ.,SA., e SC., sociedades de capitais) e no art 43/1 para as sociedades em nome colectivo e comandita so fundamento de invalidade. Art 42/1 so casos limite; art 43/1tem um leque taxativo de vcios relativamente s sociedades de pessoas. tambm no plano dos efeitos, h uma srie de especialidades face lei civil: ao contrrio da lei civil, existem alguns vcios, 2 destes so, que podem ser sanados por deliberao dos scios: arts 42/2 e 43/3. A aco de nulidade no pode ser proposta a todo o tempo, mas apenas no prazo de 3 anos a contar da data do registo: art 44. a verificao de alguma invalidade s opera ex nunc, para o futuro, abrindo caminho dissoluo ou liquidao da sociedade, art 52. Existe um regime especial, art. 45 e 47, como nos contratos sem registo, em matria de oponibilidade, distinguindo: 1.A causa de invalidade que a incapacidade: arts 45/2 e 46, causa de anulabilidade do negcio s relativamente ao incapaz, uma invalidade relativa. 2.Todos os outros vcios de vontade: a que a lei acrescenta os casos de usura, causa de exonerao do scio prejudicado ou atingido, arts 45/1+240, preceito geral que regula o instituto de exonerao dos scios. Regime aplicvel: 1) anulao do negcio; 1) exonerao do scio atingido art. 45 a 48. o scio atingido fica com o direito de reaver tudo o que prestou e no fica obrigado a realizar a sua entrada.
Relativamente a terceiros no pode opor essa invalidade. Art. 48 isto vlido relativamente no s aos scios fundadores, mas tambm aos scios posteriores. Problema das alteraes no contrato de sociedade O contrato de sociedade constitui fundamento do nascimento de uma nova entidade, a sociedade no apenas um ente jurdico, mas tambm um ente econmico. Esta entidade evolui. Sucede frequentemente que esta evoluo do sujeito econmico venha exigir uma readaptao dos prprios contratos da sociedade, so uma espcie de carta organizacional da sociedade, no sentido de as adaptar s novas necessidades ou vissicitudes. Essa renovao est prevista nos arts 85 a 96CSC. este princpio de alterabilidade do contrato de sociedade universalmente aceite, o que pode variar a fundamentao: uns fundamentam com a regra do art 406CC, h outros que consideram que aquele preceito tem uma natureza imperativa, vale mesmo no silncio do contrato. Se o contrato de sociedade probe a alterao do ctt deve considerar-se tal clausula como inexistente. Modalidade e mbito das alteraes de que a lei fala I. modificao de uma clausula do contrato II. supresso de uma clausula do contrato III. introduo de uma nova clausula Tudo isto so alteraes relevantes, quer sejam alteraes de natureza relativa ao fundo ou forma, ex. alterao da enumerao das clausulas. Ambito: esto abrangidas todas, mas apenas as alteraes convencionais e objectivas do contrato. esto abrangidas as alteraes objectivas no esto abrangidas as alteraes dos sujeitos ( do substracto pessoal ) do contrato. ex.: entrada de novos scios e sua sada. so abrangidas as alteraes convencionais, no so alteraes, as alteraes provenientes da vontade do legislador, mas s as resultantes da vontade das partes, constituindo as normas jurdico- societrias elemento do contedo do contrato de sociedade ( elementos implcitos), uma alterao das normas no constitui alterao do contrato de sociedade. no est coberto pelo mbito do conceito de alterao. assim esto abrangidas todas as alteraes convencionais e objectivas. as mais frequentes: I. alterao do capital social; pode consistir ou numa reduo de capital ou num aumento de capital, so duas operaes que a lei regula expressamente no art87 II. alterao do objecto social; normalmente no passa por uma alterao
III. modificao da sede social; o regime legal varia, por vezes facilita a alterao, ex.: dentro do mesmo conselho basta a simples deliberao do conselho geral; por vezes dificulta, ex.: alterao para local no estrangeiro, s pode ser aprovado por deliberao de maioria de 374 dos scios IV. modificao da forma da sociedade; a que a lei chama transformao, arts 130 e ss. Princpios, processo e forma a que obedece a alterao do contrato de sociedade A alterao deve resultar de uma deliberao da assembleia geral, art. 85/1.se o contrato de sociedade constitui a expresso da vontade dos scios fundadores, natural que sejam eles a decidir a sua alterao .mas esta competncia que normalmente exclusiva, pode ser cumulativa em casos excepcionais, ou seja decidida no apenas pela a.g. mas tambm pelo conselho de administrao. O art 456 CSC prev a possibilidade de um aumento de capital de uma SA. poder ser decidido pelo conselho de administrao (sozinho). os scios participam ao introduzir no contrato de sociedade a clausula que autoriza o conselho de administrao a deliberar sozinho. fora deste caso excepcional, uma atribuio da a.g., que no pode transmitir para outro rgo, nem para um rgo estranho sociedade, nem sequer para o tribunal. aplicam-se aqui as regras fixadas para cada tipo de sociedade em concreto: a lei afastou-se aqui da regra da unanimidade. as maiorias exigidas para a alterao so SNC.: exige-se a unanimidade (nico caso), o contrato de sociedade pode fixar a maioria qualificada, desde que seja sempre igual ou superior a dos votos; SC: exige-se a unanimidade dos scios comanditados e 2/3 dos scios comanditrios, art376; SQ: exige-se dos votos correspondentes ao capital social, embora o contrato de sociedade possa fixar uma maioria mais exigente ou mesmo a unanimidade, art265/1; art. 265/2: o contrato de sociedade pode prever um dto especial, o favor de um scio ( pode exigir o voto favorvel de um scio); SA .e SC. por aces: a lei prev uma maioria de 2/3 dos votos emitidos, so maiorias deliberativas. mas, nas SA., a lei para alm de um quorum deliberativo, exige um quorum constitutivo: 1 convocao, pelo menos um tero do capital
2 convocao, porquescios arts 386/2 e 364 em qualquer dos casos, exigese pelo menos 2/3 dos votos emitidos. caso estejam presentes do capital, a lei permite que a deliberao da alterao seja aprovada apenas por .
Forma da alterao do contrato de sociedade: art 85/2 escritura pblica A alterao do contrato de sociedade s produz efeitos perante terceiros aps a sua escritura pblica, eficcia constitutiva.a alterao do contrato de sociedade no produz efeitos retroactivos: o registo s vale para o futuro. excepcionalmente produz efeitos retroactivos se se verificarem 2 condies: I. se os efeitos s dizem respeito s relaes internas dos scios dos scios II. se tal eficcia retroactiva for a forma de conseguir? a unanimidade dos scios, art86/1 3-A sociedade como p.c. 1.As caractersticas da sociedade- pessoa colectiva 1.1 A capacidade: As. pc. constitui, simultaneamente, um n.j. bilateral e uma pessoa jurdica. nasce de um n.j., geralmente um contrato, mas esse n.j. d sempre origem a um novo sujeito, com personalidade jurdica prpria e distinta dos scios. todos os tipos de sociedade regularmente constituda, possuem personalidade jurdica a partir da data do seu registo definitivo, art5 csc.a personalidade jurdica das sc significa que esta sociedade constitui um novo sujeito, uma nova entidade, dotada de uma esfera jurdica activa e passiva prpria, distinta dos scios, dos membros dos rgos da administrao e dos credores. Consequncias jurdicas da atribuio da personalidade jurdica s s.c.: 3 planos diferentes I. plano da capacidade; II. plano da responsabilidade; III. plano do patrimnio Plano da capacidade: a atribuio de personalidade jurdica a uma s.c. levanta desde logo, o problema da sua capacidade. atribuies normativas fundamentais da personalidade jurdica de uma sociedade so, a capacidade de gozo e de
exerccio de direitos. Capacidade de gozo: constitui um status inerente prpria personalidade jurdica, art 67 cc.
2 aspectos da capacidade de gozo da s.c.: a)Forma : b) ver atrs sede : local onde a sociedade se encontra situada para efeitos jurdicos, nomeadamente para determinar o domiclio da sociedade, para determinar a lei aplicvel sociedade. a sede um dos elementos obrigatrios do prprio contrato de sociedade, sob pena de nulidade do contrato, se bem que sanvel. art 12: deve ser estabelecido em local definido, determinado. no se pode dizer a sede da sc ser o local que a administrao haja determinado. Acepes possveis de sede conceito de sede estatutria : 1-Conceito de sede estatutria- local que vem designado nos estatutos sociais como sendo a sede da sociedade; 2-Conceito de sede efectiva : local onde o crebro da sociedade funciona, local onde os rgos ( conselho de administrao, rgos deliberativos e executivos ) tm o seu centro, local onde o seu centro nevrlgico se situa. O conceito de sede estatutria importante para determinao do domiclio da sociedade, determinao do lugar onde devem ser realizadas certas formalidades de publicidade, art25CRC.O conceito de sede efectiva importante, nos termos do art 3/1CSC, para efeitos de determinao da lei pessoal da sociedade, para sabermos qual a lei aplicvel e reguladora de uma sociedade.
Mudana, alterao do local da sede: art 12/2,3,5 Hipteses: tratando-se da alterao do local da sede para outro local dentro do mesmo concelho ou para local em outro concelho, pode a mudana levar-se a cabo por simples deciso dos administradores, se o contrato de sociedade o permitir; for a destes casos a alterao da sede envolve a alterao do contrato de sociedade, estando sujeita aos requisitos de forma: deliberao por maioria
qualificada dos scios, escritura pblica e registo da alterao do contrato. Se a alterao da sede se d para um local fora de Portugal, uma vez que esta alterao acarreta alteraes a nvel jurdico, muitas vezes altera-se a lei pessoal aplicvel sociedade, art13/1, neste caso a lei j vem requerer n3 e 5 requisitos muito especiais, nomeadamente uma deliberao dos scios por uma maioria de (75%) e um direito de exonerao dos scios dissidentes. ex.: Suponhamos que a AS a tem estatutos em que a uma delegao? Diz que a sede da sociedade ser na rua x; o conselho de administrao decide que a sede deve mudar para outra rua. como pode faz-lo? Se estiver previsto no contrato, h possibilidade de o conselho de administrao proceder alterao. Se no contrato nada estivesse previsto, teria que se reunir uma maioria de 2/3 dos votos emitidos em assembleia geral. mas para o qurum constitutivo significativo, no caso de estarem presentes na AG do capital social, a lei bastase com esses 50%, maioria simples. A alterao da sede s produz efeitos em relao a terceiros depois da respectiva escritura pblica, art86/1, e do respectivo registo. questo de saber se h ou no uma verdadeira nacionalidade das pc.a sua importncia analisa-se em 3 planos: I. para efeitos de certos preceitos que se aplicam a sociedades nacionais , direito dos estrangeiros, art15crp II. para efeitos de aplicao de tratados internacionais III. para efeitos de proteco diplomtica A nacionalidade no decisiva nem pertinente, para efeitos de determinao da lei pessoal da sociedade, a lei que regular essa sociedade, porque a determinao da lei pessoal da sociedade uma consequncia, no da nacionalidade, mas do local da sua sede efectiva da administrao. 3 tipos de critrios para determinar qual a nacionalidade de uma sociedade 1-Pases anglo-saxnicos : A nacionalidade da sociedade determinada pelo local de incorporao, local onde a sociedade foi constituda, independentemente da sede efectiva ou estatutria: Teoria da incorporao. 2 .Maioria dos pases europeus e portugal : A nacionalidade determinada pela sede da sociedade ( estatutria ou efectiva,
dependendo dos pases) 3-Critrio prprio do contrato : A nacionalidade determinada pelo tipo de contrato, determinada pela nacionalidade dos accionistas que controlam a sociedade, ou seja os scios maioritrios. Uma sociedade pode teoricamente, ter a nacionalidade de um estado e reger-se pela lei de outro estado. uma coisa a nacionalidade (que traduz a ligao da sociedade com um estado ), e outra o seu estatuto pessoal ( uma questo abstracta, no reflecte um vnculo concreto, trata-se de saber qual a lei que regular uma dada sociedade em concreto).Os critrios para a determinao de um e outro aspecto so semelhantes, e, por vezes coincidentes. Em Portugal, o critrio para determinar a nacionalidade o da sede efectiva. Assim o critrio de sede efectiva o critrio da lei pessoal. EX.: se uma sociedade designar um local em territrio portugus nos estatutos, muito embora o centro de deciso da sociedade esteja no estrangeiro, no pode sujeitar, por ex. os credores que tm o direito de fazer prevalecer a aplicao da lei portuguesa. Nem sempre a lei pessoal de uma sociedade ser determinada pelo local da sede efectiva. Se for mais favorvel aos credores, pode aplicar-se a sede estatutria. Essa capacidade das SC est limitada :2 tipos de limites. 1-LIMITES LEGAIS: Tal como acontea com as P.C. a capacidade de gozo mais restrita do que a que tm as P.S. art 6/1 CSC, reproduz quase literalmente a doutrina que a lei civil fixa para as PC, arts160/1 e 998CC.Art6/1 : consagra o princpio da especialidade do fim. A capacidade de uma sociedade abrange apenas a prtica dos actos necessrios ou convenientes prossecuo do seu fim. A lei no est a pensar no fim concreto que a lei desenvolve .Quando a lei fala em fim, est a pensar num fim abstracto: a finalidade lucrativa; no est a pensar no objecto social, porque isto significaria que a alterao da capacidade de uma sociedade estaria ao dispor dos scios. Se estes podem alterar o objecto da sociedade, tambm poderiam alterar o mbito da capacidade da sociedade. Questo : saber se as sociedades tm capacidade para praticar liberalidades -Por vezes, uma sociedade realiza liberalidades, no contexto dos seus negocios. Ex brindes se por um lado, esses actos gratuitos conflituam com os fins lucrativos por outro lado, tais actos gratuitos podem ter um fim lucrativo mediato. De facto, os brindes visam captar a ateno dos clientes para os seus produtos Da
que a lei tenha previsto no n2 do art6 a permisso da prtica de liberalidades, sob certas condies. Questo : tambm no mbito do princpio da especialidade do fim, saber se so vlidas ou no as garantias que tenham sido prestadas pela sociedade a um terceiro. Em princpio, a prestao deste tipo de garantias no permitido:Art6/3: apenas permite que a sociedade preste este tipo de garantias em favor de uma sociedade que com ela esteja numa relao de domnio ou de grupo. Ex.: cartas de Nas relaes de grupo, muitas vezes, a nica hiptese de uma sociedade filha ter acesso a crdito bancrio, so as declaraes de garantia que a sociedade me possa prestar pelo cumprimento das dvidas da sociedade filha aos respectivos credores. Outro tipo de limites legais: A capacidade de gozo de uma sociedade no abrange os direitos que lhe esto vedados por lei, art1484 CC, direito de uso e habitao, direito de fazer testamento. Nem os direitos que sejam inseparveis da personalidade singular ( no contexto das relaes familiares e sucessrias ). No esto excludos os direitos pessoais, uma sociedade pode ser titular de direitos de personalidade: o direito ao nome 2-.LIMITES CONTRATUAIS OU ESTATUTRIOS: h quem considere que a personalidade de uma sociedade se encontra limitada pelo seu objecto estatutrio. H quem fale, ao lado do princpio da especialidade do fim, do princpio da especialidade estatutria: a SC s teria capacidade para praticar os actos necessrios e convenientes prossecuo do seu programa econmico. Teoria ultra vires( para alm do objecto ): a capacidade de gozo encontra-se limitada pelo seu objecto social, pelo que todos os actos praticados para alm desse objecto caem for a do mbito da capacidade dessa sociedade e sero tidos como actos nulos, ainda que todos os scios tenham consentido na sua prtica. Cada teoria foi criticada por deixar desacautelados os interesses de terceiros, que no que aquele acto cai fora do mbito da sociedade. O dto. Portugus veio recusar esta teoria, pelo menos em parte, no art 6: o objecto social estatutrio no constitui logo um limite capacidade de gozo da sociedade, mas um limite aos poderes dos rgos sociais, nomeadamente, dos rgos da administrao. Consequncias:
1- Os actos praticados fora ou para alm do objecto social, continuam como actos perfeitamente vlidos; a sociedade acarreta com todos os dtos. e deveres decorrentes desses actos. I. Essas clausulas que limitam o mbito do objecto, criam para os rgos sociais um dever de no ultrapassar o objecto social. Os actos que violam esse dever, sendo vlidos, obrigam os membros que o praticam a responder pelos prejuzos resultantes desses actos para a sociedade .Art 72 e ss. : responsabilidade civil dos administradores, directores e gerentes. Os actos praticados fora do objecto permanecem vlidos. doutrina geral do art 6/4 h que acrescentar: SNC e SC : os actos praticados em nome da sociedade pela gerncia fora do mbito estatutrio, permanecem vlidos, mas a sociedade tem a possibilidade de os impugnar, caso nem todos os scios tenham consentido . Razo : responsabilidade ilimitada dos scios, no era justo vincula-los s consequncias de actos praticados pelos gerentes. SA e SQ : os actos extra estatutrios praticados vinculam a sociedade em qualquer caso desde que : os actos tenham sido praticados dentro de poderes que a lei confere aos seus autores ( os poderes de representao dos gerentes de uma SQ so gerais art 260 e os poderes dos rgo da administrao de uma SA so mesmo exclusivos) 409. A sociedade s poder opor a terceiros as limitaes decorrentes do seu objecto social estaturio, se a sociedade conseguir provar que o terceiro tinha conhecimento da natureza extra estatutria dos actos e se esses mesmos actos no foram confirmados por uma deliberao dos scios ( condio cumulativa ).S em hiptese acadmica que os actos praticados por uma sociedade no a vinculam, ex.: SQ A celebra um ctto com B (gerente de uma sociedade, consequncias, o ctto vlido, vincula a sociedade ), pelos prejuzos que decorrem desses actos, respondem pessoalmente os gerentes dessa SQ. As limitaes decorrentes do objecto social estatutrio, s so oponveis a terceiros, caso ele tivesse conhecimento do objecto social estatutrio, e caso no seja assumido o acto pela Ass. Geral dos scios. AO LADO DA CAPACIDADE DE GOZO H A CAPACIDADE DE EXERCCIO As SC, ao contrrio das pessoas singulares, vivem numa radical incapacidade de exerccio, um puro produto do dto., uma inveno jurdica porque as sociedades esto impossibilitadas de actuar pessoalmente no trfico jurdico. Esta incapacidade radical pode ser motivo de uma certa insegurana para terceiros; os problemas derivados dessa incapacidade de exerccio situam-se no mbito do seguinte problema, quando o rgo que retirou em nome da sociedade
1.2-PLANO DA RESPONSABILIDADE PELOS ACTOS PRATICADOS EM NOME DA SOCIEDADE Se a lei concedeu sociedade essa capacidade jurdica tambm regulou os termos em que a sociedade pode responder pelos actos praticados em seu nome. Tipos de responsabilidade : civil, penal e social . 1-responsabilidade civil : as SC respondem pelos prejuzos causados a terceiros por actos praticados em seu nome. A doutrina geral consagra o art 6/5, tem sido interpretado no sentido de abranger todos tipos de r.c. ( contratual, extra contratual e dentro desta a responsabilidade derivada de actos lcitos, por actos lcitos e pelo risco ). Termos gerais : a sociedade responde sempre pela conduta, positiva ou negativa, das pessoas singulares que a representam: I. garante nas SC simples, SNC e SQ, art 192 e 252 II. administradores, directores e os membros do conselho geral nas SA, art 431 e 441 III. para as sociedades dissolvidas, os liquidatrios, art 152 O mbito dos poderes de representao no so sempre os mesmos, os dos gerentes nas SQ geral, mas no exclusivo, o dos directores das SA exclusivo. As sociedades respondem nos termos em que o comitente responde pelos actos do comissrio. Reproduz-se a doutrina dos arts 165 e 999 C.C. que remetem para o art 500, responsabilidade que no assenta na culpa do comitente. Para haver responsabilidade de uma sociedade preciso que relativamente ao comissrio se verifiquem tambm os requisitos. Uma SC responde pelos actos dos seus representantes nos seguintes casos: I. sobre o rgo ou agente recaia tambm a obrigao de indemnizar, art 500/1 C.C. II. os actos praticados pelo rgo ou pelo agente em poderes de representao tenha sido praticado no exerccio da sua funo, e no apenas por ocasio dela art 500/2 C.C. III. a sociedade que tiver respondido perante um terceiro por actos ou omisso de
um membro de um seu rgo, ter direito de regresso contra esse rgo. No pelo facto de o acto praticado por um garante de uma SQ gerar uma obrigao de indemnizao para a sociedade que esse acto viola o standard. Nem sempre haver pois direito de regresso. 2-responsabilidade penal : questo de saber se as SC esto ou no sujeitas a r.p.. Vigorou durante muito tempo o principio da irresponsabilidade criminal das P.C.. Fundamentos: I. a P.C. no pode praticar crimes, em virtude da especialidade estatutria e legal ; os actos criminais esto evidentemente for a dos actos necessrios ou convenientes aos seus fins. Este argumento no inteiramente verdadeiro, por que uma sociedade pode praticar um crime na prossecuo dos seus fins. II. A P.C. no tem vontade prpria qual se pudesse imputar um actividade criminal. Mesmo que fosse possvel imputar uma conduta criminosa a uma P.C. , jamais seria possvel aplicar uma sano penal ( dizia-se ). Mas isto no verdade para o caso das penas pecunirias, dos crimes e das penas no pecunirias ( dissoluo social, encerramento da linha de produo, etc.). O nosso dto. vem, aparentemente admitir no art 11 do Cdigo Penal a responsabilidade penal das pessoas colectivas ( logo das sociedades). Se bem que hoje quem entenda que este art no d uma base forte para se retirar um princpio de responsabilizao. Mas o nico meio eficaz contra abusos. 3. Responsabilidade social : alguns autores americanos ( dcada de 70 ) comearam a falar de uma responsabilidade social da empresa. No tem nada a ver com a resp. mas antes com um conjunto de obrigaes que decorrem de a sociedade comercial sobretudo a sociedade annima ( S.A ) ter um estatuto de 1 grandeza, e que tm reflexos mto. importantes numa srie de destinatrios jurdicos: scios, directores, trabalhadores, credores, consumidores e as prprias autoridades pblicas, Estado; ex. matria do ambiente. Ainda no existe uma consagrao legal, houve alguns ensaios , nos EUA a nvel de legislao para a consagrao desses interesses, mas parece que no vingou. Nos dtos. europeus h algumas formas semelhantes mas mais mitigadas. Ex- na Alemanha h a participao dos trabalhadores na gesto e lucros da sociedade, sobretudo da S.A. 1.3-PLANO DO PATRIMNIO DA SOCIEDADE 1-(AUTONOMIA PATRIMONIAL)
A sociedade comercial ( S.C.) constitui um novo sujeito de dtos. e obrigaes, o que implica que est dotado de um patrimnio prprio e distinto dos credores que nele participam: scios e administradores. Patrimnio social X capital social : prestao social o conjunto de elementos activos e passivos de que uma sociedade titular ( dtos. e deveres pecunirios avaliveis de que uma sociedade titular), sendo um valor de natureza real e varivel, varia de acordo com o desenvolvimento da actividade da sociedade. Capital Social cifra contabilstica representativa da soma das entradas dos scios. um valor de natureza no real, mas idntico e no varivel, fixo. Alterao de capital s possvel em certos casos e nos termos previstos pela lei. Autonomia patrimonial perfeita X imperfeita : uma das consequncias da atribuio da personalidade jurdica a uma S.C, que esta que encabea, titular de toda a prestao social e no os scios, nem os directores. Se a S.C. desse origem a uma situao de compropriedade ou comunho, os scios seriam os titulares dos bens essenciais e co-devedores das dvidas da sociedade. Os scios so titulares de uma posio jurdica complexa. Em face da sociedade que se designa por Participao social e recebe a sua designao especfica em cada dos 4 tipos: parte, quota, aces. Essa participao social, consiste num conjunto de dtos. e deveres de que o scio titular em face da sociedade, de natiureza patrimonial. EX dto. aos lucros; e de natureza extra- patrimonial , ex- dto. ao voto e dto. impugnao. 2-AUTONOMIA PATRIMONIAL E OS SCIOS Essa situao vem definir aspectos do regime jurdico dos scios, quer no plano das relaes externas, quer no plano das relaes internas da sociedade. Relaes internas ( actividades do scio para a sociedade) : h 4 consequncias: I. o scio no possui qq dto. real sobre os bens da sociedade, porque estes pertencem em propriedade ou em qualquer outro ttulo, sociedade II. o scio no possui qualquer dto. face s respectivas entradas. As entradas valem com o acto de transio do scio para a sociedade, e da sociedade para o scio. Isto importante para efeitos de distribuio dos risco, para efeitos fiscais, ex.- para saber quem paga a SISA. III. A participao do scio tem um valor mobilirio. Mesmo que no activo social sejam imveis, o dto. do scio ser sempre um dto. mobilirio IV. A transmisso da participao do scio no envolve qq transmisso dos bens
sociais, nem o desaparecimento do scio ou da sua participao implica necessariamente a extino da sociedade. Pelo contrrio, a lei permite a unipessoalidade ?? Relaes Externas ou passivas : h que distinguir consoante o tipo de sociedade: A. Sociedade de resp. limitada vigora uma autonomia patrimonial perfeita, os scios no respondem pelas dvidas sociais, s os bens sociais que respondem. Os scios s respondem pelas obrigaes de entrada. B. Sociedade de resp. ilimitada autonomia patrimonial imperfeita, os scios podem vir a responder pelas dvidas sociais quando os bens sociais no cheguem. A regra, mesmo para as sociedades de pessoas, a de que os scios no respondem pelas dvidas sociais. S quando haja uma situao deficitria, que os scios so obrigados a pag-las com os seus bens pessoais. A distino entre o patrimnio dos scios e o patrimnio da sociedade no absoluta, na prtica, tal separao pode ser real entendida por scios e gerentes de empresas de dimenso reduzida ( quase familiar) tendendo a considerar o patrimnio da sociedade como mais um elemento do seu patrimnio social. Os vrios laos comunicativos entre o patrimnio da sociedade e o patrimnio dos scios: I. o scio pode vender sociedade bens seus a preos elevados II. a sociedade vende ao scio bens a preos irrisrios, etc A lei previu vrios mecanismos para prevenir estas situaes de confuso do patrimnio art 84 CSC, de carcter legal : resp. do scio nica, se uma sociedade se vir reduzida a 1 nico scio e estiver na falncia o scio nico responde directamente ( no subsidiariamente) e ilimitadamente, se se provar que no se respeitou o princpio da separao dos patrimnios. Carcter jurisprudencial: tcnica da desconsiderao da personalidade jurdica. A desconsiderao da personalidade jurdica um tema genrico de referncia de um activo especializado, que refere a circunstncia de o tribunal ignorar a personalidade jurdica da S.C. para ver a realidade e imputar aos scios e/ou administradores um acto que foi praticado por todos em nome da sociedade e a responsabilidade prevista desse acto. uma vlvula de escape a que o tribunal recorre para evitar os abusos que a utilizao excessiva do elemento da autonomia patrimonial pode conduzir. Imputa nos scios a responsabilidade de certos actos que forem praticados apenas formalmente em nome da sociedade. 3-AUTONOMIA PATRIMONIAL E OS CREDORES Autonomia do patrimnio social vem definir a posio jurdica dos: III. credores sociais: tm dto. exclusivo sobre o patrimnio social podem
satisfazer os seus crditos mediante a agresso e execuo dos bens sociais, sem preferncia sobre todos as demais classes de credores ( sobretudo particulares) : dto. exclusivo a preferncia de execuo. Patrimnio social funciona como uma garantia para os credores sociais, esta garantia funciona de 2 maneiras : A. como garantia exclusiva, B. ou como garantia principal, no exclusiva. S.A e S.Q ( sociedade por quotas) tm uma autonomia patrimonial perfeita e resp. limitada. O patrimnio social constitui a garantia exclusiva dos credores sociais. Caso os bens da sociedade no cheguem para satisfazer os crditos dos credores sociais, estes no podero agredir os bens pessoais dos scios Princpio da resp. limitada art 197 n3 e art 271. certo que os credores sociais podem exigir em nome da sociedade, aos scios que no cumpriram as suas obrigaes de entrada, que o faam art 30. Mas, aqui no h uma excepo a este princpio, de que os credores s podem recorrer aos bens sociais. Os credores actuam na posio subrogatria, limitando-se a exercer dtos. da sociedade. Excepcionalmente, o patrimnio pessoal dos scios pode vir a responder por dvidas da sociedade e quando os prprios scios nisso tenham consentido voluntriamente, s pode acontecer nas SQ e mesmo assim com limitaes art 198. Esta responsabilidade tem que ser convencionada com um tecto no totalmente ilimitada. O scio tem tb um dto. de regresso quanto quilo a que tenha respondido no lugar da sociedade. Uma situao especfica das sociedades unipessoais, em que o scio nico tenha transgredido o princpio da separao patrimonial art 84 CSC SNC e SC os scios tm uma resp. ilimitada e a sociedade goza de uma autonomia patrimonial perfeita; o patrimnio social uma garantia dos credores sociais ( principal) mas no a garantia exclusiva para os casos de os bens sociais no chegarem, os credores podem agredir os bens pessoais dos scios art 175CSC. IV. credores particulares dos scios : no tm dto. de execuo sobre o patrimnio social, sendo-lhes apenas reconhecido em certos casos 1 dto. de executar o patrimnio social do scio devedor ( as aces que ele tem e que so do patrimnio pessoal do devedor) o que a lei pretende afastar directamente os credores particulares do patrimnio social. regras comuns a todos os tipos sociais. O art 1000 do cdigo civil espelha ter a ideia de autonomia patrimonial da sociedade. Fixa o princpio geral da incompensabilidade ( da no compensao)
de dbitos e crditos da sociedade e dos scios. A lei quer manter dbitos e crditos sociais & dbitos e crditos pessoais perfeitamente separados. A isto soma-se um regime especfico para cada tipo de sociedade: SNC e SC ----a lei probe ao credor particular fazer a execuo do patrimnio social do scio devedor, reconhecendo ao credor apenas o dto. de executar o dto. aos lucros e o dto. quota da liquidao do scio devedor. Art 183 n1 este regime explica-se pelo carcter intuito personas deste tipo de sociedades, onde repugnaria a soluo da lei que permitisse o ingresso na sociedade de 3 quando estranhos. Estas garantias ( art 183 ) que a lei oferece ao credor particular do scio so 1 pouco emanescentes O dto. do credor particular de executar o dto. e os lucros do scio devedor um dto. que pode nem sequer se concretizar porque a lei fala de lucros distribudos e nem sempre a sociedade distribui efectivamente os seus lucros e alm disso a sociedade pode no ter lucros, ou os lucros podem ser reinvestidos na empresa. Ainda menos substncia ter o dto. do credor executar a quota da liquidao. A penhora da quota de liquidao, s se pode chamar efectiva quando a sociedade se dissolver e liquidar, o que pode nem acontecer em vida do credor particular. E nessa matria a liquidao pode resultar em que no h um valor positivo, mas negativo. o que acontece quando a sociedade se dissolve por falncia. Acresce a isto um 3 aspecto que vai acentuar a emanescncia destas garantias. Nos termos do art 183, os demais scios da sociedade gozam o dto. de preferncia na adjudicao dos dtos. referidos no art. Logo por obedecer a estas razes, a lei vai facultar ao credor particular do scio, que requeira a liquidao da parte social do scio devedor. Art 183 n 2 no h aqui uma agresso aos bens da sociedade. S depois de os bens serem desafectados da sociedade que vai ser movida a execuo. A liquidao da parte social do scio devedor no sequer automtica, depois do credor a ter pedido. A liquidao no ter lugar se a sociedade prever que o scio devedor possui outros bens pessoais, suficientes para a satisfao da dvida art 183 n3. Alm disso, a sociedade tambm pode evitar a liquidao do patrimnio social, caso preveja que com essa liquidao a situao lquida da sociedade iria tornarse inferior ao montante do capital social. Nestes casos no permitida a liquidao art188?185? o credor poder nesse caso, requerer a dissoluo da sociedade art183 n4 e parte final do n2. Mais uma vez notada a defesa do estatuto personalstico deste tipo de sociedades. Em casos de falncia, os credores sociais gozam de um dto. proporcional em face
dos credores particulares do scio. Art 216 Cd. Falncia o produto da massa falida utilizado para pagar 1 aos credores sociais e o que resta para os outros. S.A e SQ _ - o regime diferente. Embora continue a ser impossvel aos credores particulares agredir o patrimnio social, a lei j possibilita a esses credores executar a parte social do scio devedor. SQ os credores particulares podem executar a parte social do scio devedor art 235. Esta execuo tanto pode consistir na adjudicao judicial da quota ao credor ( este torna-se scio), ou na venda judicial da parte ( neste caso, o credor pago com o produto da venda da quota em hasta pblica ). Este dto. do credor execuo da quota no prejudicado por outros regimes de intangibilidade das partes sociais que estejam previstos no contrato da sociedade art 239 n 2. O artt 229 no prev a possibilidade do contrato social estabelecer clusulas que prevejam limites transmissibilidade das quotas sociais .Esses eventuais artigos existentes, no se aplicam em processo executivo. Se no se previssem que estas eventuais normas no se aplicam, as sociedades por quotas podiam tornar completamente impenhorvel uma parte at significativa do seu patrimnio. Mas a lei no deixou a sociedade, ao saber das contingncias originadas em transmisso em via executiva, em homenagem aos interesses dos scios da sociedade comercial, a lei previu 2 mecanismos que visam proteger a sociedade contra a intromisso de 3s estranhos sociedade: 1-credor, quer sociedade , quer aos demais scios, com 1 dto. de preferncia na adjudicao ou na venda judicial ( 239 n 5 ) 2-permitiu que a sociedade consagre estatutriamente 1 dto de amortizao das quotas em caso de penhora . No caso das quotas de um scio haverem sido transmitidas em via executiva, a lei permite que a sociedade consagres estatutrias 1 dto. de amortizao das quotas art- 239 n 2 CSC. S. A.- os credores particulares do accionista devedor podem executar as aces do mesmo. Dado que estas partes sociais se encontram matriculadas em ttulos de crdito, sem facilidades negociais. V. penhora ou venda dessas aces, por declarao judicial, venda particular ou venda na bolsa VI. adjudicao judicial das aces, tornando-se o o credor particular um scio da sociedade. Mais uma vez, este dto. do credor particular a execuo das aces no prejudicado por eventuais limitaes transmissibilidade das aces, fixadas no contrato social art 328.
4-AUTONOMIA PATRIMONIAL E OUTROS ORGOS DE ADMNISTRAO (administradores, directores, gerentes) A separao deste patrimnio social e patrimnio pessoal dos administradores existe juridicamente mas nem sempre bem atendida e respeitada no plano das... e nos casos das pequenas sociedades familiares. No caso das grandes S.A que tm um capital social disperso e em que os administradores assumem um protagonismo enorme so eles praticamente os donos. Nestes 2 casos esta separao tende a ser desrespeitada. Por isso, a lei previu determinados mecanismos ( de natureza preventiva e repressiva ou sancionatria) para atenuar estas situaes: VII. mecanismos de natureza preventiva: Art 397 - disciplina relativa aos negcios celebrados entre os scios e os prprios administradores. Os contratos entre os administradores e os scios no so permitidos. Ex- uma sociedade no pode fazer-lhes emprstimos. VIII. Mecanismos de natureza repressiva: Disciplina geral da responsabilidade civil e penal dos administradores.
2-FINANCIAMENTO E ORGANIZAO DA SOCIEDADE COMERCIAL ENQUANTO PESSOA COLECTIVA 2.1-Capital Social Financiamento : capital social X patrimnio social Patrimnio Social constitui o conjunto dos elementos activos e passivos pecunirios avaliveis, de que a sociedade titular ( conjunto dos dtos. e deveres avaliveis em dinheiro). Constitui um valor de natureza ideal e de natureza varivel. Capital Social - cifra contabilstica, representativa da soma das entradas dos scios. Constitui um valor de natureza ideal e fixa. Esta diferena mais acentuada se pensarmos que a coincidncia entre os
valores do capital social e do patrimnio social ocasional. Podia raciocinar-se do seguinte modo: a soma das entradas dos scios no rol da constituio da sociedade, todo o seu cerne patrimonial. Mas tal no exacto, a prpria lei permite que a sociedade se possa constituir, mesmo que se verifique uma disparidade das entradas para o rol posterior. A lei permitiu, excepcionalmente o pagamento das prestaes de entrada que consistam em dinheiro possam ser diferido com limites. Estes so alis os casos mais frequentes Por aqui se v que o capital social o patrimnio social, mesmo na referncia da constituio da sociedade, no coincidam. Esta diferena torna-se ainda mais ntida com o decurso da vida social. Decorrido o 1 ano da vida social, procede-se ao balano ou o balano social regista lucros ou regista perdas. Se regista perdas, significa que o valor do activo desceu abaixo do valor do capital social. Se regista lucros, jamais em princpio, pode haver igualdade do capital social e do patrimnio social. Desses lucros, h uma parte que vai ser impreterivelmente canalizada para a prpria sociedade : so as reservas legais, existem sempre; as reservas estatutrias so quando o contrato as prev. Da que o valor do patrimnio social ser sempre diferente do valor do capital social. 2.1.2-FUNES DO CAPITAL SOCIAL so diferentes consoante o plano: *1-Relaes internas. so funes em 3 planos IX. no plano da determinao da situao econmica da sociedade: peridicamente, em regra 1 vez por ano, as sociedades comerciais devem proceder ao apuramento da situao econmica, para averiguar a existncia de lucros ou perdas da sociedade e para possibilitar aos scios providenciar e tomar conhecimento sobre a gesto da sociedade. O capital social constitui aqui um valo de referncia fundamental para este apuramento da situao econmica da sociedade. Se o valor do activo ( patrimnio lquido) da sociedade superior a esse valor de referncia ( do capital social ) h um acrscimo do fundo patrimonial ento existente .Se o valor do activo lhe inferior, foi uma perda. X. no plano da determinao dos dtos. dos scios ( dtos. sociais dos scios): o capital social constitui ainda uma forma de referncia fundamental, h determinao e quantificao dos dtos. sociais dos scios, sobretudo nas sociedades de capitais. Por um lado, em qualquer tipo de sociedade h certos dtos. sociais que so determinados e qualificados em funo da proporo ( fraco) do capital que detido por cada scio. Ex- dto. aos lucros.
O dto. aos lucros determinado na proporo da fraco que este scio detm no conjunto do capital social, dto. de propor aco de responsabilidade contra os rgos da administrao ( art 77 ), dto. que s pode ser exercido mediante a deteno de uma certa fraco do capital social. Em certos tipos sociais, em particular nas S.A , existem tambm vrios dtos. que so determinados pela deteno do capital social : XI. dto. de voto S.A por cada...um voto. se : por cada 250$ de valor social de uma quota, um voto. Quanto mais capital, mais votos.( 384, 250 ) XII. dto. de informao (251) XIII. dto. de requerer um inqurito judicial sociedade ( 252) XIV. dto. de requerer a convocao da Assembleia Geral XV. dto. de nomeao de um representante para o Conselho de Administrao. um importante critrio auxiliar da organizao e funcionamento da sociedade: de facto, o capital social funciona como critrio auxiliar no funcionamento e organizao da vida social. A cifra do capital social importante para efeitos de organizao interna da prpria sociedade. A constituio de reservas legais estabelece-se em funo do capital social, um valor fundamental para a organizao e funcionamento das Assembleias Gerais. Ex.- normas constituitivas, deliberativas, eleio do presidente da assembleia. 2 - RELAES EXTERNAS Aqui, o capital merece mais ateno a funo principal a de funcionar como garantia para 3s. Para assegurar esse valor de garantia que o capital social representa, a lei estabelece regras imperativas: XVI. em matria de constituio de capital as regras da constituio do capital social so vrias . Porque o capital social constitui uma garantia para 3s, a lei fixou desde logo o valor mnimo para o capital de certas sociedades, das S.A 50000 euros; SC por aces 50.000 euros; S.Q. 5000 euros; este o valor nominal mnimo para o capital. Mas a lei tambm fixou um valor nominal mnimo para as fraces eu que tal capital se compe: 1 aco:1 cntimo ( valor nominal mnimo) e 1 quota = 100 euros. O valor da entrada de cada scio deve ser , pelo menos, igual ao valor nominal da fraco social que subscreveu . Via de regra, os 2 valores: valor nominal da aco e valor nominal da entrada so idnticos emisso acima do par, mas nunca abaixo do par. A lei permitiu porm, que o valor da entrada seja superior ao da parte social subscrita, mas j no permitiu que o valor da entrada seja inferior ao valor nominal da parte social. Razo: Estaramos a violar o capital social. Fala-se em aces acima e abaixo do
par. A lei permite que o valor da subscrio seja superior ao seu valor nominal ( emisso acima do par), a lei o que no permite que a aco tenha um valor de subscrio inferior ao seu valor nominal ( abaixo do par) CAPITAL SUBSCRITO X CAPITAL REALIZADO O capital subscrito o capital que os scios se obrigam a pagar, O capital realizado so as partes que j foram liberadas pelos scios, ou seja, a obrigao de pagar j foi cumprida. A lei previu 2 tipos de mecanismos: XVII. de natureza preventiva: A. proibio de emisso de aces sem valor nominal; B. proibio de emisso de aces com valor abaixo do par C. art 26: obrigao geral de realizao das entradas no rol da constituio da sociedade, salvo quando a lei permite o diferimento para rol posterior. XVIII. de natureza repressiva: A. responsabilidade do scio inadimplente: art 25n2, 206, 285 B. responsabilidade dos demais scios quotistas e dos demais scios de responsabilidade ilimitada: SQ art197, n1 / SNC art 175, n 1 /SC simples art474--175 XIX. em matria de conservao do capital: regras de conservao, manuteno do capital social. Desembocam no princpio da intangibilidade do capital social. Para que o valor da garantia do capital social para 3s se mantenha, importante para o capital social, depois da sua constituio, se mantenha ao longo da vida social. O capital social deve nascer bom e manter-se intacto. Princpio da Intangibilidade: o patrimnio lquido da sociedade no pode descer abaixo da cifra do capital social. Isto no significa que a sociedade tenha que ter todo o rol nos seus cofres,valor igual ao seu capital. No significa que a sociedade no possa registar perdas. Diz que o patrimnio lquido no pode descer abaixo da cifra do capital social, em virtude da atribuio aos scios de bens sociais. H a consagrao legal deste princpio: so grupos de normas destinadas a assegurar essa intangibilidade. 1 grupo: regras que probem a distribuio aos scios de valores (bens) necessrios para manter intacto um fundo patrimonial lquido equivalente ao do capital social: art 29, 31, 34 CSC. Ex- 32 diz que no podem ser distribudos aos scios, bens sociais qunado o patrimnio lquido inferior ao capital social. Art 21, n2 proibio dos juros intercalares a lei probe a existncia de clusulas colaterais que atribuam aos scios outro tipo de retribuio ( 1 exercicio) que no os lucros.
Art 33 - os lucros de exerccio no podem ser distribudos aos scios, sempre que sejam necessrios para cobrir prejuzos transitados ( de exerccios anteriores) ou para fazer reservas ( legais ou estatutrias ). N 3 :reservas ocultas so fundos financeiros que existem na sociedade mas clandestinamente. Resultam de uma sub-avaliao das bases da sociedade. A lei no permite a distribuio dessas reservas ocultas aos scios. Art 29 - probe a restituio directa ou indirecta das entradas dos scios, proibido que a sociedade adquira aos scios bens particulares destes, quando esta aquisio seja uma forma complexa de fazer regressar ao patrimnio pessoal desses scios, as entradas que estes realizaram. Uma ideia geral subjacente a certas normas : proibio da distribuio de lucros fictcios, de quantias que no correspondem, de todo em todo, a um verdadeiro acrscimo do patrimnio social. Para reforar este grupo de proibies, a lei estabelece um grupo de mecanismos: XX. qualquer distribuio de lucros ( bens sociais) aos scios depende da prvia autorizao da Assembleia Geral art 31, n1.A lei faz impender sobre os rgos da administrao da sociedade, o dever de no executarem deliberaes ilcitas dos scios, sob pena de responsabilidade perante a sociedade e responsabilidade penal.. XXI. o dever dos scios de restiturem sociedade os bens sociais que lhes foram distribudos indevidamente (34). Mas, sempre que os scios estiverem de boa f, sempre que possam provar que no conheciam nem podiam conhecer da ilicitude da distribuio, o scio no obrigado a restituir. a sociedade que tem de provar a m f. O capital social no fica desprotegido porque este regime est compensado pela responsabilidade civil ou penal dos administradores. 2 GRUPO - normas que exigem a existncia de uma dada proporo entre o capital social e o patrimnio social, sendo que, por motivo de perdas, o patrimnio liquido da sociedade deixa de corresponder a uma proporo mnima do capital social. Se o conceito de patrimnio social fosse tomado letra ele nunca poderia descer abaixo do capital social, mas a lei apenas se preocupa com que no haja uma desproporo exagerada. A proporo que a lei considera relevante metade do capital social. Ex. : patrimnio liquido da sociedade=2500 contos; capital social 5000 contos.
Note Bem : o capital social no se "perde", o que se perde o patrimnio. No pelo facto de uma sociedade Ter perdas que est imediatamente dissolvida. Essas perdas s so relevantes se superiores a metade(50%) do capital social, e mesmo assim a lei permite seguir trs caminhos, permite que os scios, em Assembleia Geral, possam optar por : dissolver a sociedade, ou reduzir o capital social, ou realizar entradas que reponham o patrimnio social em pelo menos dois 2/3 do capital social - art. 35. 3 GRUPO - normas que disciplinam a alterao do capital social. O Principio da intangibilidade do capital social significa aqui a imodificabilidade do capital social, pois se o capital social pudesse ser arbitrariamente alterado pelos scios isso lesaria os interesses dos credores e dos scios. Tal reduziria o valor da garantia do capital, da a necessidade de maioria qualificada para reduzi-lo. Se o capital social pudesse ser livremente aumentado a posio dos scios(actuais) tambm seria prejudicada, pois estes veriam desvalorizada a sua participao(na proporo do aumento). Assim se compreende que o capital social s possa ser aumentado por deliberao de maioria qualificada dos scios. 4 GRUPO - normas que regem as auto - participaes : aquisio de quotas ou aces prprias pela prpria sociedade. A lei assumiu aqui tambm uma posio restritiva. (se estamos perante hetero-participaes, por terceiros, s aquisies corresponde uma entrada de bens na sociedade, mas se se trata de uma autoparticipao no h entrada de bens, mas, pelo contrrio, uma sada de bens que podem perigo o valor da garantia do capital social). Essa restrio legal concretiza-se assim: SQ (art. 220) - a lei probe a aquisio de quotas prprias que no estejam integralmente liberadas, s permite a aquisio de quotas liquidadas; SA (art. 316, 317, 324) - o regime complexo : a lei probe totalmente a subscrio originria de aces. A sociedade no pode adquiri, no momento da sua constituio, as prprias aces que est a emitir. Uma sociedade pode adquirir as suas prprias aces, mas no no momento da sua emisso e no podem exceder 10% do capital social. 5 GRUPO - normas em matria de amortizao e remisso das participaes sociais (aces e quotas). AMORTIZAO : operao de reduo das quotas ou aces por um acto da prpria sociedade. Uma amortizao s pode ser levada a cabo desde que se assegure que o valor de garantia do capital social no foi afectado. S pode ser levada a cabo quando o pagamento da contrapartida ao
scio no afecte o valor do capital social ou das reservas legais, dado que quando se amortiza uma quota, se extingue essa quota. A amortizao de aces s possvel se houver reduo de capital - art. 236; 347. 2.2.-Participao Social : 2.2.1-A POSIO JURDICA DO SCIO posio jurdica complexa de que um scio titular, posio esse que traduz a existncia de uma situao de scio, composta por direitos e obrigaes, e at s vezes por nus e expectativas jurdicas, em relao sociedade. Esta participao social recebe o nome de parte nas Sociedades em Nome Colectivo e Sociedades em Comandita simples, quota nas Sociedades por Quotas, e aces nas Sociedades Annimas e nas Sociedades em Comandita por aces. Se algum titular de uma ou mais partes, quotas ou aces o mesmo que dizer que ela titular de direitos e obrigaes em face da sociedade, conjunto esse de dtos. E deveres que est previsto nos arts. 20 a 30 CSC. 2.2.2-ESTATUTO JURDICO-PASSIVO DO SCIO : OBRIGAES 1. Obrigao de entrada: uma obrigao do scio de qualquer sociedade civil ou comercial, a obrigao de entrar para a sociedade com bens ou servios e em contrapartida o scio receber a respectiva participao social. A obrigao de entrada est prevista nos arts. 980 CC, 20,a) e 25 a 30 CSC. uma obrigao imperativa, a prestao de entrada uma obrigao indispensvel para a existncia da sociedade, pois sem a entrada impossvel constituir o patrimnio originrio. A no realizao, a no realizao tempestiva ou a realizao puramente fictcia das entradas acarreta a nulidade da sociedade. A realizao fictcia das entradas pode verificar-se: Sempre que o objecto da entrada no pertence ao scio; Sempre que o bem com que o scio quer entrar um bem cuja disposio est dependente da autorizao de um terceiro ( nomeadamente o cnjuge), se o bem no tiver valor pecunirio(ex.: patente que j caducou), bem com valor passivo superior ao activo; Sempre que o bem contrrio lei, ordem pblica ou bons costumes(ex. promessa de apoio poltico);
monetrios(dinheiro), bens em espcie(mveis ou imveis), ou servios(ex. conhecimentos profissionais). Existem regras comuns e regras especficas quanto natureza das entradas. Seja qual for a natureza da entrada necessrio que esses bens hajam sido discriminados nos contratos sociais, o seu contedo e o seu valor pecunirio - art. 9,1 g) e h). Quanto s prestaes pecunirias ou em espcie so admitidas como entrada em qualquer sociedade, mas tm de ser susceptveis de penhora - 20, a) - estando excludos aqueles bens que , nos termos da lei processual civil, sejam absoluta ou relativamente impenhorveis, como por ex. um jazigo. Os bens podem ser transmitidos para a sociedade em propriedade, em usufruto, dto. De locao, cesso de explorao, emprstimo. Nos casos de a entrada ser em espcie, o valor que foi dado pelos scios a esses bens deve ser confirmado por um ROC art. 28. A lei quis assegurar que os bens tm um valor pelo menos igual ao valor nominal das aces que o scio subscreveu - art. 25,1. PRESTAO DE SERVIOS: do origem figura do scio de indstria. As regras so diferentes: as prestaes em servios s so admissveis nas SNC e SC. Tambm aqui no contrato deve ser especificado qual o valor que atribudo a esse servio. Art. 25 - o valor nominal da parte, quota ou aco(participao social) no pode ser superior ao valor real da entrada, mas pode ser inferior. Art. 26 - Momento da realizao das entradas - h que distinguir : Sociedades civis - aqui as entradas no tm de ser realizadas no momento da constituio da sociedade(no momento da realizao do contrato); Sociedades comerciais - O regime diferente. As entradas devem ser realizadas no momento da outorga do contrato de sociedade. O regime diverge conforme a mudana da entrada em causa: a) Entradas em espcie - tm que ser celebradas antes ou no momento do contrato da sociedade; b) Entradas em dinheiro - a lei permite que possam ser diferidas para um momento posterior, mas s em dois casos: 1. S o permite nas Sociedades Annimas e SQ; 2. No permitido o deferimento em termos absolutos, h limites quantitativos e temporais.Na SQ a lei permite que o pagamento da entrada seja diferido desde que esse diferimento s abranja 50 % do valor da entrada(202,2), o diferimento s pode ser feito para data ou factos certos(223,1) e o prazo de diferimento
nunca pode ser superior a cinco anos(203,1). Nas Sociedades Annimas pode-se diferir at 70% do valor da entrada(277,2), pode ser feito o diferimento para datas ou factos incertos, embora o prazo nunca possa ser superior a cinco anos(285,1). Na situao de diferimento h que por a hiptese de o scio no pagar. O scio inadimplente s est em mora depois de Ter sido interpelado pela sociedade para pagar(interpelao admonitria). Esta interpelao tem que ser feita no prazo de 30 e 60 dias, aps o prazo de diferimento Ter chegado ao fim, por carta registada(SQ) ou por anncio pblico - 203,3 ou 285,2. As sanes a que o scio inadimplente j interpelado podem ser de dupla natureza: Sanes legais - fica privado de certos direitos -384,4; Sanes contratuais - o contrato pode prever outro tipo de sanes -27 e 35; A lei determina que cabe aos rgos que tm poder de representao da sociedade (rgos da administrao social) procurar a cobrana das entradas no realizadas tempestivamente pelos scios. A fim de assegurar o cumprimento deste dever funcional dos administradores o art. 509 prev sanes para a inrcia dos administradores. Na hiptese de estes no procederem cobrana das entradas em falta a lei faculta aos credores da sociedade um mecanismo de actuao : a aco subrogatria(30). A no realizao de entradas vai fazer com que para o patrimnio da sociedade no tenham entrado os bens suficientes para cobrir o capital social. No art. 30 alei permite que os credores fiquem subrogados nos direitos que a sociedade tenha contra os scios em falta e que os possam exercer em nome da sociedade. Os direito podem ser exercidos judicial ou extra-judicialmente. Os credores podem actuar sobre entradas que j se tornaram exigveis, mas tambm antes de as entradas se tornarem exigveis, desde que tal seja necessrio para a conservao ou satisfao dos seus direitos. um mecanismo com longo alcance.
1. Obrigao de participar nas perdas - 992 C.C. e 620,b a 622 CSC A perda o reverso do lucro. Pode variar a natureza ou proporo da nossa participao , mas no se pode elimin-la. A participao pode Ter uma dimenso deficitria(perdas da sociedade). A participao pode consistir na utilizao de reservas livres, o que se traduz para o scio na reduo dos seus lucros. A participao deficitria, j na sua situao mais grave, pode implicar uma
reduo do capital social(35), para o nvel actual do patrimnio da sociedade, sempre que a obrigao de participar nas perdas se traduz na reduo uma parte de liquidez (quinho com que cada scio vai ficar no momento da liquidao da sociedade, vai Ter direito a uma parcela menor no termo da sociedade). Quando as perdas so muito graves podem conduzir falncia da sociedade, caso em que em certas sociedades (SNC e SC) pode implicar uma responsabilidade ilimitada por parte dos scios. A proporo da participao dos scios nas perdas pode variar. O art. 22,5 fixa a mesma proporo que a lei fixa para os lucros. Assim se tenho aces representativas de 5%, participo em 5% das perdas. Excepo : art. 178,2,3 e 4 - os scios de indstria no respondem pelas perdas sociais nas relaes internas. Podem responder perante quaisquer credores sociais (relaes externas), mas tm dto. De regresso contra os outros scios.
2. obrigao de prestaes acessrias - a lei permite para certos tipos de sociedades (S. A. e SQ) que o contrato de sociedade crie, para todos ou alguns scios dessa sociedade, a obrigao de estes realizarem outras prestaes, para alm das entradas - 209,1 e 287,2. Ex. contrato de suprimento - 243 - pode consistir num acto de emprstimo em dinheiro ou em bens fungveis sociedade, com o direito de restituio dessa quantia ou bem, ou ento o scio difere o prazo de vencimento de um crdito que tem sobre a sociedade. Obrigao de prestaes suplementares de capital - so prestaes pecunirias efectuadas pelos scios, para alm das suas entradas, que tm em vista reforar o patrimnio da sociedade, so prestaes facultativas (podem estar previstas no contrato ou no), no vo incorporar o capital da sociedade, vo reforar o patrimnio da sociedade e s podem Ter por objecto dinheiro, e no bens. No basta que o contrato preveja essa obrigao para que ela seja exigvel. necessrio uma deliberao de maioria dos scios para que esta seja exigvel. As prestaes de capital devem indicar o mximo em que podem consistir, no vencem juros e podem incluir ou no direito de restituio das quantias entregues sociedade. Este tipo de prestaes s esto previstas pela lei para as SQ, no art. 211.a ideia realizar uma injeco de capital nas sociedades em termos rpidos, que no tenha de seguir o percurso normal, e moroso, do aumento do capital. 3. Responsabilidade - pode ser: a) Perante terceiros - h que distinguir entre sociedades pluripessoais e
unipessoais. Nas sociedades pluripessoais as responsabilidades so as que o respectivo tipo social estabelecer : nas SNC e SC a responsabilidade ilimitada(175), nas SQ e S. A. a responsabilidade limitada (197 e 275). Nas sociedades unipessoais a lei estabeleceu, para alm do regime regra, um regime de excepo em caso de falncia da sociedade - 84. Regime da responsabilidade ilimitada e solidria (no subsidiria) - um regime mais gravoso. b) Perante a prpria sociedade - ex. 23 - o scio pode responder por actos praticados por membros de rgos da administrao ou fiscalizao, sempre que o scio tenha tido alguma interveno - uma culpa "In eligendo" ou "In instruendo".
2.2.3-ESTATUTO JURDICO DOS SCIOS : DIREITOS DOS SCIOS A)Classificao e natureza Os direitos dos scios podem ser classificados tendo em conta o sujeito passivo desses direitos: 1. Direitos dos scios perante os outros scios - traduz a ideia de que na sociedade(sobretudo nas Assembleias Gerais), os scios (sobretudo maioritrios) tm um dever de actuar ou exercer o seu direito, mas sem que isso v em prejuzo dos outros scios. 2. Direitos dos scios perante terceiros - direitos que nascem para o scio de um negcio intercedente entre a sociedade e um terceiro; por exemplo se duas sociedades se fundem, o 97,4 e 112 estabeleceram que os scios da sociedade fundida que se vai extinguir, tornam-se scios da sociedade absorvente. Tm direito a receber desta sociedade participaes em troca das da outra sociedade. 3. Direito dos scios perante a sociedade: a) Direitos extracorporativos ou extra sociais - direitos de que um scio titular, perante a sociedade, independentemente da sua participao na sociedade (direitos de que titular como credor - titular de direitos de crdito sobre a sociedade). Podem Ter duas origens. H uns que tm origem num pacto jurdico que nada tem que ver com a posio de scio - ex. um scio que vende um bem sociedade (tem um direito de crdito sobre a sociedade). H outros direitos que, muito embora originados na participao do scio, dela se autonomizaram para dar origem a um direito de crdito - ex. direitos de
preferncia de subscrio de uma parcela de capital j deliberado. b) Direitos sociais ou corporativos : aqueles de que cada scio individual titular, perante a sociedade, que resultam mesmo dessa posio de scio. Podem ser individuais (aqueles de que o scio individual titular) ou colectivos (aqueles de que os scios so titulares mas enquanto so parte de um grupo, so titulares um grupo de scios e no um scio individual). Quer dentro dos direitos individuais, quer dentro dos direitos colectivos temos direitos gerais e especiais. I. Direitos individuais gerais - direitos de que todo e qualquer scio individualmente titular; so os direitos de participao na vida social ( ex. direito de voto; direito de impugnar deliberao, direito de eleger ou ser eleito para rgos da administrao, direitos de destituir os rgos da administrao e fiscalizao) e direitos de participao nos lucros sociais, que se concretiza no direito aos lucros peridicos e no direito aos lucros finais. II. Direitos individuais especiais - direitos de que so titulares apenas alguns scios(24). O contrato de sociedade pode conferir em favor de certos scios individuais variados direitos que esto para alm dos direitos gerais. Podem consistir na majorao dos direitos gerais, ex. direito de voto plural, direito ao lucro privilegiado, direito especial de voto e veto em matria de
votao para os rgos da administrao. Esta distino entre direitos individuais gerais e especiais est patente nas S. A. Quando as aces detidas pelos scios lhes conferem direitos gerais dizem-se ordinrias. Quando os estatutos sociais conferem direitos especiais a certos scios, as aces desses scios formam uma categoria especial de aces - aces privilegiadas, prioritrias ou preferenciais. Ex. direito privilegiado aos lucros(341). A. Direitos colectivos gerais - aqueles de que so titulares certos grupos de scios - ex. 375,2; 392,6; 418. B. Direitos colectivos especiais - aqueles de que titular apenas um grupo de scios que est determinado no contrato social (391,2) 1. Direitos fundamentais para os scios de qualquer sociedade: a) Direito aos lucros - 21,1,a e 22 - o fim ltimo do contrato de sociedade a obteno e repartio dos lucros. O lucro todo o incremento ou acrscimo real ao patrimnio de qualquer sociedade em virtude da actividade desenvolvida por essa sociedade. Esto excludas do conceito de lucro todas as mais valias
patrimoniais resultantes da desvalorizao monetria, um acrscimo que resulta da actividade social. Lucros finais - lucros de explorao ou liquidao, situao liquida no momento da dissoluo da sociedade. No final da sociedade procede-se ao balano de liquidao, apura-se se o passivo excede ou no o activo da sociedade (passivo onde se inclui o patrimnio social). Excluem-se dos lucros finais : saldo positivo derivado de desvios monetrios, os bens que entraram na sociedade a titulo gratuito, os gios - 295(203) -, ex. prmios de emisso. O art. 25 permite que o valor real da entrada de um scio seja superior ao valor nominal das aces que subscreveu. Sempre que o valor real seja superior ao valor nominal, essa diferena no um lucro. Lucro peridico ou de exerccio - excedente do activo social liquido. O activo social liquido o activo bruto da sociedade menos o seu passivo. No final de cada exerccio a sociedade deve proceder s contas de exerccio(balano) Excluem-se : As mais valias, As mais valias no so lucros porque no resultam da actividade social, so um mero lucro virtual, potencial, mas no real. Se fosse possvel qualificar essas mais valias como lucros isto abriria a porta possibilidade de virem a ser distribudos aos scios dividendos fictcios, quantias que no so verdadeiros lucros, sempre que a mais valia no se venha efectivamente a verificar, aquando da alienao. As mais -valias s podem ser lucro aquando da alienao dos bens que pertencem ao activo da sociedade. Excluem-se tambm as reservas(legais e estatutarias). Tambm esto excludos os lucros acumulados no distribudos. O fim de uma sociedade a obteno e repartio dos lucros, mas tal no significa que os scios ou a sociedade estejam obrigados a distribu-los, pois podem convencionar que no haver distribuio dos lucros(hiptese remota) 66,2. Mesmo que isto no acontea, os scios so livres de dar aos lucros apurados no balano, o destino que bem entenderem, nomeadamente reinvesti-lo na sociedade.
Forma atravs de qual os scios podem reinvestir os lucros na empresa: Criao de um fundo financeiro para o qual so canalizados parte ou a totalidade dos lucros peridicos apurados na sociedade. Visam assegurar a solvabilidade da
sociedade. Reservas: voluntrias legais ou ocultas: Reservas legais - fundos financeiros que a sociedade est imperativamente obrigada a constituir. A regra : SQ, S. A. e SC esto obrigadas a afectar pelo menos 5% dos seus lucros anuais constituio de uma reserva legal, ou ento, a quantia necessria para a sua reintegrao at que essa quantia atinja 200 contos nas SQ, ou 1/5 do capital para as S. A. - 22; 23; 218 e 295. A reserva legal tem como funo constituir uma espcie de antecmara do capital social. Utilizao da reserva legal - 236. Proteco do capital social - sempre que se registem perdas sociais estas podem ser compensadas sem que a sociedade seja retirada a retirar montantes ao seu patrimnio social. Da que a lei tenha limitado os casos em que as quantia s depositadas na reserva legal possam ser utilizadas. S o permite em dois casos(296) : para a cobertura de perdas legais transitadas(de anos anteriores) e para realizar aumentos de capital. Reservas voluntrias - resultam da vontade dos scios. H dois tipos: as estatutrias, cuja constituio est prevista no contrato da sociedade, e livres, cuja constituio no est prevista no contrato de sociedade, mas resulta de uma deliberao ad hoc da assembleia geral dos scios, com 3/4 dos votos. Sendo reservas voluntrias nada impede que os scios utilizem quantias dessa reserva para repartir dividendos entre eles, bem como para as mesmas finalidades que a lei prev para as reservas legais (296). Para a constituio de uma reserva livre necessria uma maioria qualificada de 3/4 dos scios. Reservas ocultas - so uma espcie de fundos financeiros clandestinos. Resultam de uma subavaliao dos elementos do patrimnio social no balano da sociedade: avalia-se por um valor inferior ao seu valor real. Esta prtica, em exagero, pode ser perigosa, porque pode dissimular uma grande parte do patrimnio social e pr em causa o direito aos dividendos dos scios. Estes tm o direito de impugnar a deliberao da sociedade que aprovou o balano em que essa subavaliao foi feita. No se podem confundir todas estas reservas com fundos financeiros vizinhos: Fundos de amortizao ou reintegrao - so rubricas representativas da desapreciao actual ou previsvel dos bens imobilizados na sociedade. uma regra de boa administrao que os bens no sejam desactualizados do seu preo
de custo. O valor de custo deixou de ser o valor real. No lado do activo social (do balano), o bem adquirido lanado ao seu preo de custo. No passivo cria-se um fundo de amortizao, onde lanado o valor previsivel da amortizao. Provises : valores retidos na sociedade, em vista a realizar futuras despesas ou futuros investimentos. PROBLEMA dt aos lucros de exerccio : H trs conceitos diferentes a distinguir: lucro apurado, lucro distribuvel e lucro distribudo. No final de cada exerccio social, os rgos de Administrao so obrigados a submeter Ass. Geral de scios as contas de exerccio, at 31 de Maro do ano subsequente. Entre os elementos dessas contas de exerccio, est o balano social que tanto pode registar perdas como lucros. Os scios podem aprovar ou no as contas de exerccio. Se o balano registar lucros e se os scios aprovarem as contas temos os lucros apurados. Logo que sejam distribudos aos scios lucros que no correspondem a lucros apurados, a lei estabelece uma responsabilidade dos administradores por esse facto ( 22 ). um dever de restituio dos bens indevidamente recebidos por parte dos scios ( 34 ). No caso de o balano registar lucros, na mesma Ass. Geral, os scios so ainda chamados a pronunciar-se sobre o destino a dar aos lucros. Nem todos os lucros apurados so distribuveis. H uma parte desses lucros apurados q est imperativamente destinada a 2 funes: - integrar os fundos de reserva (legal ou estatutria) - cobrir os prejuzos (perdas) sociais transitados, ou seja, verificados em anos anteriores : 33,1 ; 218 ; 294 ; 295 O lucro distribuvel o lucro social apurado, deduzido das quantias afectas ou destinadas reserva ou cobertura das perdas sociais precedentes. Os scios tm apenas direito ao lucro distribuvel. Mas mesmo aqui, no caso das SQ, SA e SC aces , permite a lei que os scios no distribuam os lucros distribuveis . H duas situaes que se distinguem consoante a proporo dos lucros distribuveis q os scios pretendem reter na sociedade:
1. se os scios pretendem reter uma proporo inferior a 50% dos lucros distribuveis, essa deciso pode ser tomada por deliberao de maioria simples. 2. se os scios pretenderem reter uma proporo superior a 50% dos lucros distribuveis, inclusive a totalidade, a lei exige a maioria de dos votos correspondentes ao capital social 294,1. A lei quis aqui evitar (e no o evitou completamente), que os scios minoritrios da sociedade se fossem ver desapossados do seu dt ao dividendo, por maioria simples. Estamos no domnio das reservas livres. Uma vez apurados os lucros e decidido o destino dos lucros distribuveis, caso se haja deliberado a sua distribuio, cada scio passa a ser titular de um dt de crdito em relao sociedade, depois da deliberao dt aos dividendos. Questo: determinar o quinho q cabe aos scios nos lucros distribuveis : 1 Regra Geral (supletiva) : 22,1 ; os scios participam nos lucros na proporo do capital social em que participam 2 Regra imperativa : o contrato no pode excluir nenhum scio do dt aos dividendos; 22,3 para as sociedades comerciais e 972 para as sociedades civis. Probe-se q o critrio de determinao do quinho de cada scio nos lucros seja estabelecido por terceiros (22,4). O dt do scio ao quinho um dto social ou corporativo. A lei torna isto claro, dizendo q o direito se vence no prazo de 30 dias a contar da data da deliberao. Mas a sociedade pode estender esse prazo at 60 dias : 217,3 e 294,2.
Dt de Voto: o dt de voto o mais importante dt de participao na vida social (21,1 b). Atravs do voto o scio participa na formao do contrato social, na eleio e destituio dos rgos sociais, nalgumas decises fundamentais, pronuncia-se sobre a dissoluo da sociedade. Os critrios definidores da participao social variam consoante o tipo de sociedade em causa: - SNC: 1 scio, 1 voto (190, excepo ; scios de indstria) - SQ, SA e SC aces : princpio censitrio (no democrtico) 1 aco, 1 voto, 384, 1 e 250,1
O dt de voto pode sofrer limitaes legais e estatutrias: - Legais: ex acese quotas prprias A sociedade que as detm no pode exercer o voto na Ass. Geral (220, 324) impedimentos de um scio individual, porque est em conflito de interesses com a matria apreciada : 251, 384, 6 e 7 ; scios em mora quanto s suas entradas no podem votar: 248, 1 e 384,4. - Estatutrias: participao com voto plural ( s nas SNC e SQ ) a 1 participao d-se mais do q 1 voto ; participao com voto limitado ( S.A ); 384,2 e 379, 2 ; participao social sem voto (aces sociais sem voto); 341
Dt Informao : est genericamente consagrado no art 21,1 CSC. um dt instrumental, visando fornecer aos scios informaes sobre a vida social. Visa apenas tornar mais completos e exercitveis os outros direitos. O seu alcance varia consoante o tipo social. Nas SNC tem um grande alcance, 181 ; nas SQ tem um alcance mais limitado, 214 a 216 ; nas S.A tem um alcance bastante reduzido atendendo ao elevado n de scios destas sociedades e devido fcil transmissibilidade das aces. A lei s permite em condies estritas o acesso a certo tipo de informaes, 288,ss.
DL 36/2000 de 14 Maro : veio alterar certas formalidades quanto s sociedades com. e EIRL. Na alterao do contrato de sociedade a regra a escritura pblica, 85 CSC. Se for uma alterao em que a acta da Ass. Geral dos scios foi lavrada por notrio e no for qto ao aumento capital , no preciso escritura pblica. Se for uma alterao em q a acta for lavrada pela secretria da sociedade e no for quanto ao objecto e capital no preciso escritura pblica. Art 145 - para dissoluo da sociedade, j no preciso escritura pblica. Art 270 A ,ss para a constituio ou transformao em sociedade unipessoal, em regra no preciso escritura pblica, a no ser q sejam entradas em bens que no dinheiro. Neste caso j preciso escritura pblica. EIRL tambm j no preciso escritura pblica, pode ser documento particular,
DL 64 A /2000 : trespasse e cesso de explorao de Estabelecimento Comercial, j no preciso que seja feito por escritura pblica, basta que o seja por documento particular.
N.B: art 35 CSC. At hoje no h qualquer diploma que diga quando entra em vigor. Este artigo existe, mas no vigora. No entanto quanto s S.A podemos aplicar o art 544 que se refere ao art 35. No entrou em vigor porque se temeu que com isso, muitas empresas fossem falncia