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Bartolomeu de Gusmão

Bartolomeu de Gusmão foi um inventor português nascido no Brasil que inventou o primeiro balão aerostático operacional, chamado de "passarola". Ele realizou vários experimentos com balões na corte portuguesa em 1709, mas seu invento não foi popularizado na época. Posteriormente, Gusmão foi acusado pela Inquisição portuguesa e fugiu para a Espanha, onde veio a falecer.
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Bartolomeu de Gusmão

Bartolomeu de Gusmão foi um inventor português nascido no Brasil que inventou o primeiro balão aerostático operacional, chamado de "passarola". Ele realizou vários experimentos com balões na corte portuguesa em 1709, mas seu invento não foi popularizado na época. Posteriormente, Gusmão foi acusado pela Inquisição portuguesa e fugiu para a Espanha, onde veio a falecer.
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Bartolomeu de Gusmo

Bartolomeu Loureno de Gusmo, SJ (Santos, 1685 Toledo, 18 de novembro de 1724) foi um sacerdote secular, cientista e inventor nascido na ento colnia portuguesa do Brasil[1][2], capitania de So Vicente, em Santos, jesuta, famoso por ter inventado o primeiro aerstato operacional, a que chamou de "passarola". Cognominado o padre voador, uma das maiores figuras da histria da aeronutica mundial.
Primeiros anos

Foi batizado com o nome simplesmente de Bartolomeu Loureno, em 19 de Dezembro de 1685, na Igreja Paroquial da vila de Santos pelo padre Antnio Correia Peres. Era o quarto filho de Francisco Loureno Rodrigues e Maria lvares. Ser mais tarde, em 1718, que adopta a si o apelido de Gusmo em homenagem ao preceptor e protector jesuta Alexandre de Gusmo[3]. O casal teria tido ao todo doze descendentes, seis homens e seis mulheres, um dos quais, Alexandre de Gusmo, viria a se tornar importante diplomata no reinado de D. Joo V. J a maioria dos seus irmos optou ou foi orientada pelos pais a devotar-se vida eclesistica, dentre esses, Bartolomeu. O menino cursou as primeiras letras provavelmente na prpria Capitania de So Vicente, no Colgio So Miguel, ento o nico estabelecimento educacional da regio. Prosseguiu os estudos na Capitania da Baa de Todos os Santos. A ingressou no Seminrio de Belm, em Cachoeira, onde teria incio a sua profcua carreira de inventor. A edificao, situada sobre um monte de cem metros de altura, possua precrio abastecimento de gua, que tinha que ser captada e transportada em vasos a partir de um brejo subjacente. Percebendo o problema, Bartolomeu inteligentemente planejou e construiu um maquinismo para levar a gua do brejo at o seminrio por meio de um cano longo. O invento, testado com absoluto sucesso, foi considerado admirvel e de grande utilidade, inclusive pelo prprio reitor e fundador do seminrio, o renomado sacerdote Alexandre de Gusmo. Terminado o curso no Seminrio de Belm em 1699, Bartolomeu transferiu-se para Salvador, capital do Brasil poca, e ingressou na Companhia de Jesus, de onde saiu antes de ser ordenado, em 1701. Viajou para Portugal, onde chegou j famoso pela memria extraordinria, ficando hospedado em Lisboa, na casa do 3 Marqus de Fontes, que se impressionara com os dotes intelectuais do jovem. Contava ele ento com apenas dezesseis anos. Em 1702, Bartolomeu retornou ao Brasil e deu incio ao processo de sua ordenao sacerdotal. Trs anos depois ele requereu Cmara da Bahia a patente para o seu aparelho inventado anos antes - o invento para fazer subir gua a toda a distncia e altura que se quiser levar. A patente foi expedida em 23 de maro de 1707 pelo rei Dom Joo V. Foi essa a primeira patente de inveno outorgada a um brasileiro. Em 1708, j ordenado padre, Bartolomeu embarcou mais uma vez para Portugal. Logo aps sua chegada, em 1 de Dezembro matriculou-se na Faculdade de Cnones da

Universidade de Coimbra. Passados alguns meses, contudo, abandonou a faculdade para instalar-se em Lisboa, aonde foi recebido com sumo agrado pelo Rei Dom Joo V e pela Rainha Maria Ana de ustria, apresentado que fora aos soberanos por um dos maiores fidalgos da Corte, D. Rodrigo Anes de S Almeida e Menezes. Esse homem era ningum menos que o 3 Marqus de Fontes, o mesmo que o havia recolhido sua casa aquando da sua primeira estada em Portugal. Na capital portuguesa o padre Bartolomeu Loureno pediu patente para um instrumento para se andar pelo ar que se revelaria ser, mais tarde, o que hoje se conhece por aerstato ou balo , a qual foi concedida no dia 19 de Abril de 1709. O fato causou celeuma na cidade e a notcia rapidamente se espalhou para alguns reinos europeus. O invento, divulgado por meia Europa em estampas fantasiosas que, em geral, o retratavam como uma barca com formato de pssaro, ficou conhecido como Passarola. No s no alm-fronteiras que o seu prestigio pelo seu saber deve ter aumentado imenso pois, em 1722, nomeado fidalgo-capelo da casa real portuguesa[4].
A Passarola

As primeiras ilustraes da Passarola haviam sido na verdade elaboradas pelo filho primognito do 3 Marqus de Fontes, D. Joaquim Francisco de S Almeida e Meneses, com a conivncia de Bartolomeu. O 8 Conde de Penaguio e futuro 2 Marqus de Abrantes[5] contava 14 anos em 1709 e era, ento, aluno de matemtica do padre, sendo a nica pessoa qual ele permitia livre acesso ao recinto em que o engenho voador era guardado. Como o rapaz vivesse assediado por curiosos, que constantemente lhe faziam indagaes acerca da inveno, resolveu ele, para deixar de ser importunado, elaborar o extico desenho da Passarola, em que tudo era propositadamente falseado. E para preservar o verdadeiro princpio da inveno o Princpio de Arquimedes , atribuiu a ascenso da engenhoca ao magnetismo, que era ento a resposta para quase todos os mistrios cientficos. Esperava dessa maneira melhor proteger o segredo confiado sua guarda e ludibriar os bisbilhoteiros. Comunicou o plano a Bartolomeu, que o aprovou, e fingiu deixar o desenho escapar por descuido. A Passarola, inspirada ao que parece na fauna fabulosa de algumas lendas do Brasil, acabou sendo rapidamente copiada, logo se espalhando pela Europa em vrias verses, para grande riso dos dois embusteiros. Toda essa trama seria descoberta anos depois por um poeta italiano, Pier Jacopo Martello (1625 1727), e revelada por ele na edio de 1723 do livro Versi e prose, em que fazia um longo e meticuloso histrico das tentativas do homem para voar, das mais antigas s mais recentes daquele tempo
As experincias com bales

Em Agosto, finalmente, Bartolomeu Loureno fez perante a corte portuguesa cinco experincias com bales de pequenas dimenses construdos por ele: na primeira, realizada no dia 3 na Casa do Forte (Palcio Real), o prottipo utilizado pegou fogo antes de subir; na segunda, feita no dia 5 noutra dependncia do palcio, a Casa Real, o aerstato, provido no fundo duma tigela com lcool em combusto, se elevou a 4 metros, quando comeou a arder ainda no ar, sendo imediatamente derrubado por dois serviais armados de paus, receosos dum incndio aos cortinados do recinto; na terceira, feita no dia 6 novamente na Casa do Forte, o balo, contendo no interior uma vela acesa, logrou

fazer um vo curto, mas se queimou no pouso; na quarta, feita no dia 7 no Terreiro do Pao (hoje Praa do Comrcio), o balonete elevou-se a grande altura, pousando lentamente minutos depois; na quinta, feita no dia 8 na Sala das Audincias, no interior do Palcio Real, o globo subiu at o teto do aposento, a se demorando, quando enfim desceu com suavidade. Em 3 de Outubro de 1709, na ponte da Casa da ndia, o padre fez nova demonstrao do invento. O aparelho utilizado era maior que os anteriores, mas ainda incapaz de carregar um homem. A experincia teve xito absoluto: o aerstato subiu alto, flutuou por um tempo no medido e pousou sem estrpito. Cinco testemunhas registraram essas experincias: o cardeal italiano Miquelngelo Conti, eleito papa em 1721 sob o nome de Inocncio XIII, os escritores Francisco Leito Ferreira e Jos Soares da Silva, nomeados membros da Academia Real de Histria Portuguesa em 1720, o diplomata Jos da Cunha Brochado e o cronista Salvador Antnio Ferreira, portugueses. Em 1843 o escritor Francisco Freire de Carvalho disse haver tomado conhecimento, por intermdio de um ancio chamado Timteo Lecussan Verdier, de uma outra experincia aerosttica, assistida pelo diplomata portugus Bernardo Simes Pessoa, em que o balo partiu da Torre de So Roque e caiu junto costa da Cotovia por detrs de S. Pedro dAlcntara. Segundo Carvalho, Verdier, por sua vez, assegurava que o relato da ascenso lhe fora transmitido pelo prprio Pessoa em tempos muito anteriores ao ano de 1783, quando dos primeiros vos de bales na Frana. Lamentavelmente, todas essas experincias, embora assistidas por ilustres personalidades da sociedade portuguesa da poca, no foram suficientes para a popularizao do invento. Os pequenos bales exibidos, alm de no haverem sido encarados como inovao importante ou til, por serem desprovidos de qualquer tipo de controle - eram levados pelo vento -, foram considerados perigosos, pois podiam, como se vira, provocar incndios. Esses fatores desestimularam a construo de um modelo grande, tripulvel.
Bartolomeu Gusmo e a Inquisio

Entre 1713 e 1716 viajou pela Europa. Em 1713 registrou na Holanda o invento de uma mquina para a drenagem da gua alagadora das embarcaes de alto mar (patente que s veio a pblico em 2004 graas a pesquisas realizadas pelo arquivista e escritor brasileiro Rodrigo Moura Visoni).[6] Viveu em Paris, trabalhando como ervanrio para se sustentar, at que encontrou seu irmo Alexandre, secretrio do embaixador de Portugal na Frana. O padre Bartolomeu de Gusmo voltou a Portugal, mas foi vtima de insidiosa campanha de difamao. Acusado pela Inquisio de simpatizar com cristos-novos, foi obrigado a fugir para a Espanha, no final de Setembro de 1724, com um seu irmo mais novo, Frei Joo lvares, pretendendo chegar Inglaterra. Segundo o testemunho que, mais tarde, Joo lvares daria Inquisio espanhola, Bartolomeu de Gusmo ter-se-ia convertido ao judasmo, em 1722, depois de atravessar uma crise religiosa. O relato de Joo lvares ao Santo Ofcio, ainda que deva ser

considerado com cautela, mostra, segundo Joaquim Fernandes, aspectos msticos, messinicos e megalmanos do "padre voador".[7] Em Toledo (Espanha), Bartolomeu adoece gravemente, recolhendo-se ao Hospital da Misericrdia daquela cidade, onde veio a falecer em 18 de novembro de 1724, aos 38 anos. Antes de morrer, porm, confessou-se e recebeu a comunho, conforme o rito catlico, e assim foi sepultado na Igreja de So Romo, em Toledo. Foram feitas, ao longo de dcadas, vrias tentativas para localizar a sua tumba, o que s ocorreu em 1856. Parte dos restos mortais foi transportada para o Brasil e se encontra, desde 2004, na Catedral Metropolitana de So Paulo.[8][

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