Introducao A Metodologia Das Ciencias Teologicas 18 O Sermao

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INTRODUO METODOLOGIA DAS CINCIAS TEOLGICAS (18)

5. O Sermo: 1. Classificao dos sermes:


No que concerne relao da estrutura do sermo com o texto, o sermo pode ser classificado de Temtico, Textual e Expositivo. 1) SERMO TEMTICO OU TPICO: Neste caso, o tema ou o assunto extrado de um texto e as divises de outros. Assim, a sua ideia central decorrente do texto lido; no entanto, a argumentao buscada em outros textos bblicos. Neste caso, o sermo organizado partindo da natureza do assunto, no do texto lido. Ilustro. Voc deseja falar sobre santificao; l um dos textos bblicos que falem sobre o assunto, no entanto, as suas divises, base de argumentao esto em outros textos, no propriamente no texto lido. Este tipo de sermo se torna perigoso porque, privilegiando a imaginao do pregador, em geral, no traz a mensagem do texto lido e, pior, pode facultar desvios tremendos no ensino bblico, fazendo a Escritura dizer o que ela de fato no ensina. 2) SERMO TEXTUAL: aquele cuja estrutura corresponde ordem das partes 1 do texto. O tema e as divises esto no texto ou so derivados dele. Neste caso o texto utilizado pequeno, no devendo ultrapassar 4 versculos. Aqui, o texto que controla todos os pontos a serem tratados no sermo.
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3) SERMO EXPOSITIVO:

A boa pregao expositiva no impressiona a comunidade, mas a alimenta Walter L. Liefeld, Exposio do Novo Testamento, p. 17.

Eu defino pregao expositiva como aquele estilo de pregao crist que tem como propsito central a apresentao e a
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A. W. Blackwood, A Preparao de Sermes, p. 60.

Vejam-se: Walter L Liefeld, Exposio do Novo Testamento: do texto ao sermo, p. 11ss.; A.W. Blackwood, A Preparao de Sermes, p. 70-83; Hernandes Dias Lopes, Pregao Expositiva: sua importncia para o crescimento da igreja, So Paulo: Hagnos, 2008, 277p.

Introduo Metodologia das Cincias Teolgicas (18) Rev. Hermisten M.P. Costa - 20/12/2010 - 2 aplicao do texto da Bblia. Todos os demais pontos e interesses esto subordinados tarefa central de apresentar o texto bblico. Sendo a Palavra de Deus, o texto da Escritura tem o direito de estabelecer tanto o contedo 3 quanto a estrutura do sermo. De modo mais tcnico, podemos dizer que o sermo expositivo aquele no qual o tema e as divises so extrados de um texto que tenha mais de quatro versculos. Assim como no Sermo Textual, voc l a Escritura, expe e a aplica o texto. Basicamente o que o distingue do sermo textual a extenso do texto bblico utilizado. Lamentavelmente, este tipo de sermo padece de muita confuso. Alguns pregadores pensam que pregar expositivamente significa comentar todo o texto lido, como se estivesse fazendo um comentrio bblico textual, catalogando fatos, palavra 4 por palavra, versculo aps versculo. Se assim fizermos, estaremos, quem sabe, apenas informando igreja sobre determinado texto, sobre a sua beleza, profundidade e relevncia. Certamente, um sermo mais do que apenas esclarecer palavras e versos, por mais fascinantes que estes sejam. Chapell adverte-nos: Lio de gramtica no sermo. Um sermo no um 5 resumo textual, um discurso sistemtico ou uma preleo sobre Histria. Todo sermo deve ter um elemento agregador, que o tema, o qual deve ser extrado do texto e, a partir da, as palavras e versos ganham relevncia na conexo com o assunto tratado. Os elementos do texto devem ser agrupados a partir do tema, formando uma mensagem, um quadro nico e objetivo. Insisto: um sermo no um comentrio bblico, nem uma aula de teologia sistemtica por mais exegtico, instrutivo, e edificante que este possa ser. A pregao expositiva no simplesmente um comentrio contnuo. Com isto eu quero dizer uma sequncia de pensamentos sem muitos vnculos entre si, s vezes presos 6 passagem, sem estrutura homiltica ou aplicao adequada. Deve ser enfatizado tambm, que a pregao expositiva no consiste simplesmente num exame de um texto, isolando-o da Escritura. Lembremo-nos sempre que toda a Escritura inspirada por Deus, sendo ela toda a verdade revelada de Deus para ns, em todas as pocas e contextos. Portanto, a pregao
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R. Albert Mohler Jr., Pregar com a cultura em mente: In: Mark Dever, ed., A Pregao da Cruz, So Paulo: Cultura Crist, 2010, p. 64.

Liefeld faz uma crtica certamente pertinente: Tenho certeza que o tipo de instruo exegtica que muitos estudantes de seminrios receberam faz com que eles pensem que o preparo exegtico de um sermo consiste em anlise gramatical, diagramao e estudo de palavras. Em consequncia, tempo excessivo gasto com trabalho detalhado, enquanto sofre o estudo bem mais produtivo do texto, em termos de estrutura literria, sequncia de pensamento, etc. No h melhor caminho para desincentivar a pregao expositiva nos cursos de seminrio do que o formalismo do professor e o trabalho maante do aluno (Walter L Liefeld, Exposio do Novo Testamento: do texto ao sermo, p. 23). frente: A pregao expositiva no exegese versculo-por-versculo (Walter L Liefeld, Exposio do Novo Testamento: do texto ao sermo, p. 26). Bryan Chapell, Pregao Cristocntrica, p. 50. Walter L Liefeld, Exposio do Novo Testamento: do texto ao sermo, p. 26.

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Introduo Metodologia das Cincias Teolgicas (18) Rev. Hermisten M.P. Costa - 20/12/2010 - 3 expositiva, como toda pregao genuinamente bblica, deve estar sintonizada com todas as partes das Escrituras, formando um todo harmnico procedente de Deus para o Seu povo. No entanto, no sermo expositivo, a amplitude da exposio est determinada pelo alcance dos ensinamentos daquele texto que exponho. Ou seja: na busca de outros textos bblicos, apenas procuro confirmar o que aquela passagem ensina ou ilustr-la, no desenvolver outros aspectos, mesmo que verdadeiramente bblicos, mas, estranhos quele texto. Na pregao expositiva procura-se entender dentro do contexto, o objetivo primrio do texto: Para que ele foi escrito? Qual o seu propsito? E, fundamentalmente, todo sermo deve ser um desafio aos ouvintes para que respondam as questes cruciais: luz do que ouvimos, o que devo fazer? O que Deus deseja de mim? Qual deve ser a minha atitude? Paradoxalmente, um perigo para o pregador ocorre quando ele se entusiasma em demasia com as particularidades do texto. Ele, como pesquisador que , gosta dos detalhes, aprecia certas sutilezas exegticas, aspectos teolgicos, histricos e geogrficos. Nestes detalhados e edificantes estudos, corre o risco de pretender, em 30 minutos, transmitir igreja toda essa riqueza que o fascinou. Em geral, tendemos a nos perder neste emaranhado, obscurecendo a mensagem central deixando a congregao com uma srie de informaes desconexas j que a maioria no conseguiu neste exguo tempo elaborar uma sntese , e sem saber qual era a mensagem do texto. Certamente, como pregadores no desejamos isso, contudo, o nosso entusiasmo mal conduzido pode nos levar a este efeito indesejado. Insisto: na pregao devemos dizer do texto apenas o que necessrio para a sua melhor 7 compreenso. Amanh, numa abordagem diferenciada da mesma passagem, poderemos, quem sabe, destacar alguns pontos que tanto nos fascinaram, mas, que hoje -nos irrelevante dentro desta temtica. Chapell, numa perspectiva mais ampla, nos adverte: Apenas pregadores comprometidos em proclamar o que Deus diz tm o imprimatur da Bblia sobre sua pregao. Desse modo, a pregao expositiva se empenha em descobrir e propagar o significado preciso da Palavra. A Escritura exerce domnio sobre o que os expositores pregam, pois eles esclarecem o que ela diz. O significado da passagem a mensagem do sermo. O texto governa o pregador, Pregadores expositivos no esperam que outros reverenciem suas opinies. Tais ministros aderem s verdades da Escritura e esperam que 8 seus ouvintes tenham o mesmo cuidado. Este mtodo foi usado pelos profetas e apstolos que, baseando-se no Antigo 9 Testamento interpretavam o texto e aplicavam s necessidades de seus ouvintes. Historicamente este foi o mtodo preferencialmente usado pela maioria dos Pais da Igreja e pelos Reformadores, pelos puritanos e diversos pregadores at os nossos dias. Calvino, de modo especial, tinha o costume de expor cada livro da Bblia
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A pessoa que tenta colocar tudo em um nico sermo , na verdade, um pregador medocre (Francis A. Schaeffer, A Arte e a Bblia, Viosa, MG.: Editora Ultimato, 2010, p. 76). Bryan Chapell, Pregao Cristocntrica, p. 24. Veja-se: Hernandes Dias Lopes, Pregao Expositiva: sua importncia para o crescimento da igreja, p. 21ss.

Introduo Metodologia das Cincias Teolgicas (18) Rev. Hermisten M.P. Costa - 20/12/2010 - 4 desde o seu incio at o final. Os seus comentrios constituem-se num primor de exposio bblica. Por isso, conforme j citamos, ele, entre outros justos principados, 10 recebeu o de prncipe dos expositores. O antigo e experiente professor de Homiltica no Seminrio de Princeton, conclui de forma desafiante: Quase todos os ministros, que tenham tentado o mtodo expositivo durante alguns anos, acabam por acreditar nele de todo o 11 corao. Esse mtodo eficaz! Tenta-o!. Deus o Autor e o Contedo da pregao. Se no h outra forma de alimentar o povo de Deus seno pela Sua Palavra, que sejamos, como pregadores, instrumentos dceis nas mos de Deus, lendo, explicando e aplicando esta Palavra com fidelidade. Que o nosso alvo seja glorificar a Deus por meio de exposio de 12 Sua Palavra, sabendo, portanto, que as nossas opinies no glorificam a Deus. A glria de Deus na pregao se manifesta em nosso anncio fiel.

Maring, 19/20 de dezembro de 2010. Rev. Hermisten Maia Pereira da Costa

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Cf. expresso de Singer. (C. Gregg Singer, John Calvin: His Roots and Fruits, Greenville: Abingdon Press, 1989, p. 6). A. W. Blackwood, A Preparao de Sermes, p. 81.

Se eu subir ao plpito para apenas emitir minhas opinies, Deus no glorificado (John F. MacArthur Jr., Chaves para o Crescimento Espiritual, 2 ed., So Jos dos Campos, SP.: Fiel, 1986, p. 46).

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