Arbutus

género de plantas
 Nota: Se procura pela Região censo-designada estado-unidense no estado de Maryland, veja Arbutus (Maryland).

Arbutus, também conhecido como árbuto,[3] (Arbutus L.) é um género de plantas com flor pertencente à subfamília Arbutoideae da família das Ericaceae.[4] O género inclui 12 espécies de pequenas árvores e arbustos,[5] entre as quais o conhecido medronheiro.[6][7] O género tem distribuição natural nas regiões temperadas quentes do Mediterrâneo, Europa Ocidental (incluindo as Canárias) e América do Norte,[8] mas várias espécies são amplamente cultivadas como plantas ornamentais fora do seu habitat natural.[9]

Como ler uma infocaixa de taxonomiaArbutus
Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Clado: angiospérmicas
Clado: eudicotiledóneas
Clado: asterídeas
Classe: Magnoliopsida
Ordem: Ericales
Família: Ericaceae
Subfamília: Arbutoideae
Género: Arbutus
L., Sp. Pl., vol. 1, p. 395, 1753[1][2]
Espécie-tipo
Arbutus unedo
L. 1753
Espécies
c. 12 espécies. Ver texto
Arbutus canariensis.
O lignotúbero de um espécime de Arbutus menziesii. Esta estrutura, situada perto do nível do solo, fornece armazenamento de energia resistente ao fogo e gemas que brotam se o dano provocado pelo fogo exigir a substituição do tronco ou dos ramos. Observe a casca alaranjada tipicamente lisa na parte superior do tronco.
O urso e medronheiro na Puerta del Sol, Madrid.

Descrição

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Morfologia

As espécies do género Arbutus são pequenas árvores ou arbustos, com a casca caindo em grandes flocos, permanecendo apenas nas partes velhas dos troncos.[9][10] Muitas das espécies ocorrem em ecossistemas sujeitos a fogos florestais pelo que desenvolveram mecanismos de regeneração pós-incêndio. Um dos mais notáveis é a presença de um lignotúber situada perto do nível do solo, que fornece armazenamento de energia resistente ao fogo e gemas que brotam se o dano provocado pelo fogo exigir a substituição do tronco ou dos ramos.

As folhas apresentam filotaxia alternada, são perenes, pecioladas, coriáceas, com nervação eucamptódroma e margens inteiras ou finamente serrilhadas.[9]

As flores ocorrem em inflorescências terminais em racemos agrupados. As brácteas florais endurecem precocemente; os pedicelos são contínuos com o cálice; bractéolas 2, basais. A flores são pentâmeras, inodoras, com estivação imbricadas; lobos de cálice livres; corola urceolada, constringindo para o meio e inflando simultaneamente; estames 10, iguais; filamentos distintos, iguais, expandidos abaixo para uma base felpuda inchada, o conectivo às vezes prolongado para uma asa membranácea sagitada estendendo-se acima do ápice da antera; anteras esporadas, o ápice deiscente por poros elípticos subterminais, com tecido em desintegração; pólen sem fio de viscina; ovário superior.[9]

Os frutos são bagas comestíveis por humanos, vermelhas quando maduras, áspero-tuberculadas, glabras ou pilosas; as sementes são castanhas, parcialmente embebidas numa placenta carnosa.[9] O desenvolvimento dos frutos é retardado por cerca de cinco meses após a polinização, de modo que as flores aparecem enquanto os frutos do ano anterior ainda estão amadurecendo.[11]

Ecologia

Os membros do género Arbutus são usados alimento de algumas espécies de lepidópteros, incluindo as espécies Pavonia pavonia, a borboleta-imperador, e Eucheira socialis, conhecida pelos norte-americanos como «madrone butterfly».[12] A distribuição desta última espécie é fortemente condicionada pela distribuição de Arbutus.[12]

Sistemática

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O género foi descrito por Carolus Linnaeus e publicado em Species Plantarum 1: 395. 1753.[9] Algumas espécies dos géneros Epigaea, Arctostaphylos e Gaultheria estiveram anteriormente classificadas no género Arbutus.[13] O nome genérico Arbutus foi derivado do nome latino do medronheiro, espécie agora referida pelo binome Arbutus unedo.[14]

Um estudo publicado em 2012 analisou o DNA ribossómico de Arbutus e seus géneros relacionados apresenta resultados que sugerem que o género Arbutus é parafilético e que as espécies da Bacia do Mediterrâneo estão mais intimamente relacionados com Arctostaphylos, Arctous, Comarostaphylis, Ornithostaphylos e Xylococcus do que com as espécies norte-americanas ocidentais de Arbutus. Esse mesmo estudo indica que a separação entre os dois grupos de espécies (o afro-euroasiático e o norte-americano) ocorreu na fronteira entre o Paleogeno e o Neogeno.[15]

Na sua presente circunscrição taxonómica o género Arbutus inclui as seguintes espécies:[16][7][5]

Afro-Eurásia
América do Norte
Híbridos
Espécies anteriormente integradas no género

Etnobotânica

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A madeira macia do medronheiro é mencionada por Teofrasto na sua Historia Plantarum como sendo em tempos antigos usada para fazer fusos para fiar. Para Ateneu, no Dipnosofistas, o medronheiro é a árvores referida por Asclepíades de Mirlea.[22]

Uma descrição do cultivo dos medronheiros no Alandalus está incluído na obra sobre agricultura (Kitāb al-Filaḥa) escrita no século XII pelo agrónomo ibne Alauame.[23]

Alguns membros do género, com destaque para Arbutus unedo, são conhecidos pelo nome comum de «medronheiro». Em espanhol estas espécies são designadas por «madroño», o que deu origem aos vocábulos madrones ou madronas pelos quais as espécies deste género são conhecidas nos Estados Unidos.[24][25]

A espécie mais conhecida na América do Norte é Arbutus menziesii (o Pacific madrone), nativa das regiões Noroeste do Pacífico e Norte e Centro da Califórnia. É a única árvore perene de folhas largas nativa do Canadá.

Algumas espécies dos géneros Epigaea, Arctostaphylos e Gaultheria foram anteriormente classificadas em Arbutus. Como resultado da sua classificação anterior, Epigaea repens tem o nome comum alternativo de trailing-madrone

Usos e simbolismo

Várias espécies são amplamente cultivadas como plantas ornamentais fora de suas áreas naturais, embora o cultivo seja frequentemente difícil devido à sua intolerância ao distúrbio radicular. O híbrido 'Marina' é muito adaptável e prospera em condições de jardim.

O medronheiro (Arbutus unedo) faz parte da heráldica da cidade de Madrid (El oso y el madroño, o urso e o medronheiro). Uma estátua de um urso comendo o fruto de um medronheiro está instalada no centro da cidade (na Puerta del Sol). A imagem aparece nos brasões de cidades, táxis, tampas de bueiros e outras infraestruturas da cidade.

As espécies do género Arbutus eram importantes para o povo Salish que habitava a região costeira em torno do estreito da ilha de Vancouver, que usava casca e folhas daquelas plantas para criar remédios para resfriados, problemas estomacais e tuberculose, e como base para contraceptivos. Aquelas árvores também figuram nos mitos dos Salish.[26][27]

Os frutos das espécies deste género, com destaque para Arbutus unedo, são comestíveis, mas tem sabor mínimo e não são amplamente consumidos. No sul de Portugal, o fruto de A. unedo é destilado numa aguardente potente conhecida como medronho. Em Madrid, o fruto de A. unedo é destilada em madroño, um licor doce e frutado. Na Grécia a aguardente é produzida com a designação de koumaro, proveniente dos frutos do arbusto designado por koumaria (medronheiro), e está documentada desde tempo bizantinos. Na ilha da Sardenha também se produz aguardente de medronho, chamada corbezzolo (o nome da planta em italiano), mas o mais tradicional são os licores, compotas e rebuçados de medronho.

As espécies de Arbutus são boas para lenha, pois a sua madeira queima a elevada temperatura e por muito tempo. No Pacífico Noroeste a madeira de A. menziesii foi muito utilizada como fonte de calor, já que a madeira não tem valor na indústria madeireira, uma vez que não cresce em madeiras direitas.

My love's an arbutus (O meu amor é um arbutus) é o título de um poema do escritor irlandês Alfred Perceval Graves (1846–1931), musicado pelo seu compatriota Charles Villiers Stanford (1852–1924).

A compositora, cantora e pintora canadiana Joni Mitchell (nascida em 1943), inclui uma referência ao farfalhar do arbutus na sua canção For The Roses, que, segunda ela, pareciam aplausos.

Classificação lineana do género

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Sistema Classificação Referência
Linné Classe Decandria, ordem Monogynia Species plantarum (1753)

Ver também

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  • Myrica rubra, uma planta de um género diferente, mas com um fruto semelhante ao medronho, cujo nome às vezes é traduzido incorretamente do chinês como Arbutus.

Referências

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  1. [1] y Gen. Plant., ed. 5, nº 488, p. 187, 1754[2].
  2. «Genus: Arbutus L.». Germplasm Resources Information Network. United States Department of Agriculture. 4 de junho de 2003. Consultado em 17 de abril de 2012 
  3. «árbuto | Infopédia» 
  4. «The plant list, Arbutus». Royal Botanic Garden, Kew 
  5. a b Act. Bot. Mex no.99 Pátzcuaro abr. 2012. Arbutus bicolor
  6. Silva, J. (2007). Floresta e sociedade - uma história em comum, in Público.
  7. a b Arbutus em The Plant List
  8. Stuart, John D.; Sawyer, John O. (2001). Trees and Shrubs of California. [S.l.]: University of California Press. p. 150. ISBN 978-0-520-22110-9 
  9. a b c d e f «Arbutus». Tropicos.org. Missouri Botanical Garden (em inglês). Consultado em 10 de março de 2023 
  10. Mabberley, D. J. 1997. The plant book: A portable dictionary of the vascular plants. Cambridge University Press, Cambridge.
  11. «Arbutus – iNaturalist». Consultado em 9 de novembro de 2017 
  12. a b P. G., Kevan; R. A., Bye (1991). «natural history, sociobiology, and ethnobiology of Eucheira socialis Westwood (Lepidoptera: Pieridae), a unique and little-known butterfly from Mexico». Entomologist (em inglês). ISSN 0013-8878 
  13. Hileman, Lena C.; Vasey, Michael C.; Thomas Parker, V. (2001). «Phylogeny and Biogeography of the Arbutoideae (Ericaceae): Implications for the Madrean-Tethyan Hypothesis». Systematic Botany. 26 (1): 131–143. JSTOR 2666660. doi:10.1043/0363-6445-26.1.131 (inativo 31 dezembro 2022) .
  14. Quattrocchi, Umberto (2000). CRC World Dictionary of Plant Names. I: A–C. [S.l.]: CRC Press. p. 182. ISBN 978-0-8493-2675-2 
  15. Hileman, Lena C.; Vasey, Michael C.; Parker, V. Thomas (2001). «Phylogeny and Biogeography of the Arbutoideae (Ericaceae): Implications for the Madrean-Tethyan Hypothesis». Systematic Botany. 26 (1): 131–143. JSTOR 2666660. doi:10.1043/0363-6445-26.1.131 (inativo 31 dezembro 2022) 
  16. Lista completa.
  17. Arbutus unedo en The Euro+Medit PlantBase
  18. a b c d «GRIN Species Records of Arbutus». Germplasm Resources Information Network. United States Department of Agriculture. Consultado em 17 de abril de 2012 
  19. Paul D. Sørensen 1987. Arbutus tessellata (Ericaceae), new from Mexico, Brittonia, 39(2):263–267.
  20. «RHS Plantfinder – Arbutus × andrachnoides». Royal Horticultural Society. Consultado em 12 de janeiro de 2018 
  21. Pascual, M. Salas; Acebes Ginovés, J. R.; Del Arco Aguilar, M. (1993). «RHS Plantfinder - Arbutus × androsterilis, a New Interspecific Hybrid between A. canariensis and A. unedo from the Canary Islands». Royal Horticultural Society. Taxon. 42 (4): 789–792. JSTOR 1223264. doi:10.2307/1223264 
  22. Dipnosofistas, II.35.
  23. ibne Alauame, Iáia (1864). Le livre de l'agriculture d'Ibn-al-Awam (kitab-al-felahah) (em francês). Traduzido por J.-J. Clement-Mullet. Paris: A. Franck. pp. 233–234 (ch. 7 – Article 8). OCLC 780050566  (pp. 233–234 (Article VIII)
  24. Pojar, Jim; Andy MacKinnon (1994). Plants of Coastal British Columbia. Vancouver: Lone Pine Publishing. 49 páginas. ISBN 978-1-55105-042-3 
  25. Francis, Daniel (2000). The Encyclopedia of British Columbia 2nd ed. Madeira Park, BC: Harbour Publishing. 20 páginas. ISBN 978-1-55017-200-3 
  26. Pojar and MacKinnon, 49
  27. Plants of the Pacific Northwest Coast: Washington, Oregon, British Columbia & Alaska, Paul Alaback, ISBN 978-1-55105-530-5

Bibliografia

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  • Davidse, G., M. Sousa Sánchez, S. Knapp & F. Chiang Cabrera. 2009. Cucurbitaceae a Polemoniaceae. 4(1): i–xvi, 1–855. In G. Davidse, M. Sousa Sánchez, S. Knapp & F. Chiang Cabrera (eds.) Fl. Mesoamer.. Universidad Nacional Autónoma de México, México.
  • Sørensen, P. D. 1995. 12. Arbutus Linnaeus. Fl. Neotrop. 66: 194–221.
  • Stevens, W. D., C. Ulloa Ulloa, A. Pool & O. M. Montiel Jarquín. 2001. Flora de Nicaragua. Monogr. Syst. Bot. Missouri Bot. Gard. 85: i–xlii,.

Galeria

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Ligações externas

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