Psicologia positiva: Introdução e aplicações
()
Sobre este e-book
Neste sentido, o livro Psicologia Positiva Introdução e Aplicações apresenta a definição do movimento, algumas de suas raízes históricas e as diversas formas em que esta pode ser aplicada nos diferentes contextos de atuação do profissional da Psicologia.
Relacionado a Psicologia positiva
Ebooks relacionados
Em Frente: Intervenção em psicologia positiva para psicologia da saúde e hospitalar Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPsicologia, Saúde e Desenvolvimento Humano Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPsicologia positiva aplicada à educação Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA influência da Psicologia Positiva no Processo do Coach Executivo: foco na neurociência e nas emoções Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPsicologia positiva e desenvolvimento humano Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPsicologia e saúde: Formação, pesquisa e prática profissional Nota: 0 de 5 estrelas0 notasSaúde e psicologia: Dilemas e desafios da prática na atualidade Nota: 5 de 5 estrelas5/5Caderno Exercícios Psicologia Positiva Aplicada Nota: 5 de 5 estrelas5/5Práticas na Formação em Psicologia: Supervisão, Casos Clínicos e Atuações Diversas Nota: 5 de 5 estrelas5/5Psicologia da Saúde e Clínica: Conexões Necessárias Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAs contribuições da noção de normal e patológico para a psicologia Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAlém das suas possibilidades: como a atividade física pode mudar sua vida Nota: 0 de 5 estrelas0 notasLugares da Psicologia Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPsicologia e disturbilidade das crianças na idade evolutiva:: O que são e como funcionam Nota: 0 de 5 estrelas0 notasSaúde Mental Positiva Nota: 0 de 5 estrelas0 notasClínica de Orientação Psicanalítica: Compromissos, sonhos e inspirações no processo de formação Nota: 0 de 5 estrelas0 notasSaúde Mental Infantil: Fundamentos, Práticas e Formação Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAbordagem biopsicossocial e o espectro de doenças Nota: 0 de 5 estrelas0 notasProcessos clínicos e saúde mental Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Psicanálise E A Clínica Do Autismo Infantil Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO psicólogo clínico em hospitais: Contribuição para o aperfeiçoamento da arte no Brasil Nota: 0 de 5 estrelas0 notasTratamento Energético, Cirúrgico Quântico e Psicoterapêutico para Câncer da Bexiga Nota: 0 de 5 estrelas0 notasTratamento Energético, Cirúrgico Quântico e Psicoterapêutico para Câncer da Base da Língua Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO Universo de Heitor: promoção de uma convivência inclusiva e saudável Nota: 0 de 5 estrelas0 notasBeleza de dentro para fora: Saúde, equilíbrio e bem-estar Nota: 0 de 5 estrelas0 notasTratamento Energético, Cirúrgico Quântico e Psicoterapêutico para Câncer da Cabeça, Face e Pescoço Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEntrevista Motivacional No Tratamento De Problemas Psicológicos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEstudos de caso em psicologia clínica comportamental infantil - Volume I Nota: 4 de 5 estrelas4/5Sobrevivendo ao Estigma da Gordura Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Psicologia para você
Tipos de personalidade: O modelo tipológico de Carl G. Jung Nota: 4 de 5 estrelas4/5Autoestima como hábito Nota: 5 de 5 estrelas5/5A gente mira no amor e acerta na solidão Nota: 5 de 5 estrelas5/535 Técnicas e Curiosidades Mentais: Porque a mente também deve evoluir Nota: 5 de 5 estrelas5/5Terapia Cognitiva Comportamental Nota: 5 de 5 estrelas5/510 Maneiras de ser bom em conversar Nota: 5 de 5 estrelas5/5Contos que curam: Oficinas de educação emocional por meio de contos Nota: 5 de 5 estrelas5/5Eu controlo como me sinto: Como a neurociência pode ajudar você a construir uma vida mais feliz Nota: 5 de 5 estrelas5/5365 Frases de Autodisciplina Nota: 4 de 5 estrelas4/5Minuto da gratidão: O desafio dos 90 dias que mudará a sua vida Nota: 5 de 5 estrelas5/5Vencendo a Procrastinação: Aprendendo a fazer do dia de hoje o mais importante da sua vida Nota: 5 de 5 estrelas5/5Como Convencer Alguém Em 90 Segundos Nota: 3 de 5 estrelas3/5Como Manipular Pessoas Nota: 5 de 5 estrelas5/5Cartas de um terapeuta para seus momentos de crise Nota: 4 de 5 estrelas4/5Temperamentos Nota: 5 de 5 estrelas5/5A interpretação dos sonhos Nota: 4 de 5 estrelas4/5Enviesados Nota: 5 de 5 estrelas5/5Psiquiatria e Jesus: transforme suas emoções em 30 dias Nota: 5 de 5 estrelas5/5O amor não dói: Não podemos nos acostumar com nada que machuca Nota: 4 de 5 estrelas4/5Águia Voa Com Águia : Um Voo Para A Grandeza Nota: 5 de 5 estrelas5/5Teorias E Técnicas Da Tcc Nota: 5 de 5 estrelas5/5O Poder das Cores: Um guia prático de cromoterapia para mudar a sua vida Nota: 5 de 5 estrelas5/5Meu Maior Desafio Da Vida - Tdah Nota: 0 de 5 estrelas0 notasNão pise no meu vazio: Ou o livro do vazio - Semifinalista do Prêmio Jabuti 2024 Nota: 4 de 5 estrelas4/5Treino de Habilidades Sociais: processo, avaliação e resultados Nota: 5 de 5 estrelas5/5Avaliação psicológica e desenvolvimento humano: Casos clínicos Nota: 5 de 5 estrelas5/5
Categorias relacionadas
Avaliações de Psicologia positiva
0 avaliação0 avaliação
Pré-visualização do livro
Psicologia positiva - Claudia Hofheinz Giacomoni
Sumário
APRESENTAÇÃO
PREFÁCIO
1. Psicologia Positiva: definição e escopo
2. Pressupostos e raízes filosóficas da Psicologia Positiva: Para muito além de uma ciência da alegria
3. Aspectos Biográficos e Proposições Psicológicas Positivas em William James, Gordon Allport, Abraham Maslow, Martin Seligman e Claudio Hutz[1]
4. Intervenções em Psicologia Positiva
5. Contribuições da Psicologia Positiva para a infância e a adolescência
6. Aplicações da Psicologia Positiva para a área do desenvolvimento humano: pessoas adultas e idosas
7. Aplicações da Psicologia Positiva para a psicologia clínica: promovendo bem-estar e resiliência
8. Aplicações da Psicologia Positiva para a avaliação psicológica
9. Aplicações da psicologia positiva para a área educacional e escolar
10. Aplicações da Psicologia Positiva para a escolha de carreira
11. Aplicações da Psicologia Positiva para a área organizacional e do trabalho
12. Aplicações da Psicologia Positiva para A área da saúde
13. Aplicações da Psicologia Positiva para a promoção de saúde: recomendações para as ações no ensino superior
14. Aplicações da Psicologia Positiva para a Psicologia Social
15. Aplicações da Psicologia Positiva no Esporte
16. Aplicações da Psicologia Positiva para a promoção do luto saudável
17. Qual o futuro da Psicologia Positiva? Desafios atuais e propostas para uma nova agenda
Sobre os autores
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Psicologia positiva : introdução e aplicações /
organizadoras Claudia Hofheinz Giacomoni & Valeschka
Martins Guerra. -- 1. ed. -- São Paulo : Vetor Editora, 2024.
Vários autores.
Bibliografia.
1. Artigos - Coletâneas 2. Psicologia 3. Psicologia positiva I. Giacomoni,
Claudia Hofheinz. II. Guerra, Valeschka Martins.
24-233489 I 150.192 CDD-150.192
Índices para catálogo sistemático:
1. Psicologia positiva 150.192
Eliane de Freitas Leite - Bibliotecária - CRB 8/8415
ISBN: 978-65-5374-239-0
CONSELHO EDITORIAL
Ricardo Mattos (CEO-Diretor Executivo)
Cristiano Esteves (Gerente de Produtos e Pesquisa)
Projeto gráfico: Rodrigo Ferreira de Oliveira
Revisão: Rafael Faber Fernandes e Paulo Teixeira
Coordenador de livros: Wagner Freitas
© 2024 – Vetor Editora Psico-Pedagógica Ltda.
É proibida a reprodução total ou parcial desta publicação, por qualquer
meio existente e para qualquer finalidade, sem autorização por escrito
dos editores.
APRESENTAÇÃO
Claudia Hofheinz Giacomoni
Valeschka Martins Guerra
Uma questão que nos é apresentada seguidamente por alunos e/ou profissionais da área da saúde é: Por que a ‘psicologia’ necessita, utiliza e adotou o adjetivo ‘positiva’?
. A psicologia é uma ciência jovem, precisou crescer e amadurecer para fazer autorreflexões, autocríticas e promover novos movimentos de ampliação de foco e, consequentemente, de estudos. Afinal, o que é essa famosa psicologia positiva
, que vem ganhando atenção internacional e nacional após a virada do milênio? Mas o que a psicologia positiva tem proposto de novo que justifique seu crescimento nas últimas décadas? Esperamos que essas e outras questões sejam respondidas no decorrer deste livro.
A psicologia acompanhando todas as áreas da ciência aproveitou a virada do milênio para avaliar e propor reflexões sobre seu futuro. Para tanto, o passado e seu arcabouço histórico foram retomados, e novos paradigmas foram apresentados. A American Psychological Association (APA), a maior associação de psicólogos do mundo, capitaneada, no fim da década de 1990, por seu então presidente, Martin Seligman, acompanhado de pesquisadores proeminentes, que promoveram a ruptura com o modelo de saúde até então utilizado, focado centralizadamente na doença, no processo de adoecimento e em todos os seus aspectos relacionados. Os psicólogos são conclamados a buscar respostas para as questões relacionadas ao desenvolvimento positivo, à promoção de saúde psicológica, ao bem-estar e às comunidades e organizações positivas.
Foi preciso uma liderança e um movimento também político dentro da psicologia para que financiamentos de estudos baseados no método científico com olhar sobre a promoção da saúde fossem priorizados para o futuro próximo da psicologia. Este livro vem preencher a lacuna de uma obra nacional destinada a apresentar, definir e demonstrar as aplicabilidades da psicologia positiva em diversas áreas da psicologia. Pretende contribuir para a difusão da psicologia positiva na comunidade acadêmica e profissional da psicologia, bem como da área da saúde e educação.
Ao longo das últimas décadas, tem-se observado o crescimento de pesquisas de qualidade, estudos empíricos e a promoção de intervenções baseadas em evidências científicas. Esse movimento, com a globalização da ciência, é acompanhado por muitas culturas e instituições científicas da psicologia mundial e nacional.
O leitor encontrará, inicialmente, a apresentação da psicologia positiva, sua definição e foco de estudos e atuação. Logo a seguir, informações importantes sobre seu nascimento e passado histórico são apresentadas. Esta obra, ao longo de seus capítulos, apresenta evidências da extensão atual das inúmeras possibilidades de aplicação da psicologia positiva nas mais diversas áreas de atuação do psicólogo. Este livro é uma porta de entrada para quem deseja conhecer a psicologia positiva e a diversidade de formas de aplicar transversalmente seus conhecimentos nas diferentes áreas de atuação do psicólogo. Pode-se verificar aplicações da psicologia positiva nas mais diversas áreas: psicologia do desenvolvimento humano, na infância, adolescência, adultez e idosos; na psicologia clínica, na avaliação psicológica, na área educacional e escolar, para a escolha de carreira, para a psicologia organizacional e do trabalho, para a área da saúde, para a psicologia social, para programas específicos de promoção da saúde em universitários, para a psicologia do esporte, para a promoção do luto saudável, e as inúmeras intervenções baseadas em evidências disponíveis na literatura aqui apresentada. Ao final do livro, há várias reflexões importantes sobre o futuro da psicologia positiva.
No contexto nacional, a Associação Brasileira de Psicologia Positiva (ABP+), criada em 2013, vem, ao longo da última década, promovendo a formação e a atualização de psicólogos, estudantes e pesquisadores com essa visão mais integral do desenvolvimento humano em toda a sua potencialidade. O crescimento da ABP+ demonstra que o Brasil vem acompanhando o movimento mundial de investimentos na promoção da saúde psicológica e na mudança de paradigma, mostrando que o trabalho do psicólogo vai além do estudo psicopatológico.
A literatura nacional conta com um conjunto de livros e manuais de temas específicos em psicologia positiva. Esta obra busca preencher a lacuna da existência de uma obra que apresente ao leitor a definição e o escopo da psicologia positiva, ou seja, aquele que não a conhece e gostaria de aprofundar seus conhecimentos, tendo à disposição uma ampla gama de aplicabilidades numa única fonte.
Os autores convidados para compor este livro têm produções científicas na área da psicologia positiva nacional, já refletindo o quanto a psicologia positiva no Brasil cresceu e é da mais alta qualidade. Espera-se que este livro inspire todos e promova o aprofundamento na psicologia positiva ao longo da leitura.
Prefácio
A Psicologia Positiva (PsiPos), vista desde a filosofia da ciência, é uma corrente, escola psicológica e campo de aplicação fascinante que mudou completamente nossa visão do ser humano. Com este livro Psicologia positiva: introdução e aplicações, Claudia Hofheinz Giacomoni e Valeschka Martins Guerra nos conduzem por uma jornada que mistura teoria e prática com toda a rigidez do método científico. Este livro não só explica os princípios da Psicologia Positiva, como também mostra como aplicá-los no cotidiano em diversas áreas para alcançar uma existência mais plena e significativa.
Desde o início, esta obra nos fornece uma definição clara e completa do que abrange a Psicologia Positiva desde seus primórdios até hoje. As organizadoras, Claudia Hofheinz Giacomoni e Valeschka Martins Guerra, são figuras relevantes no campo e reuniram um trabalho exaustivo e bem fundamentado. É importante destacar que Claudia Hofheinz Giacomoni investiga nesta área há décadas, assegurando que a Psicologia Positiva seja científica e rigorosa no Brasil e no mundo, tanto que seu trabalho incansável permitiu que essa disciplina se consolidasse com bases sólidas e metodologias precisas.
Este robusto arcabouço prepara o leitor para entender as raízes filosóficas e o contexto histórico da disciplina, como nos explicam Letícia Lovato Dellazzana-Zanon e seus coautores, demonstrando como essas ideias de felicidade e satisfação têm suas raízes na Grécia antiga, onde filósofos como Aristóteles falavam de eudaimonia,
uma palavra que descreve o verdadeiro bem-estar humano que vai além da simples felicidade.
O livro também nos apresenta figuras-chave como William James, Gordon Allport, Abraham Maslow, Martin Seligman e o grande Claudio Hutz. William Barbosa Gomes nos oferece uma visão historiográfica dessas personalidades, destacando como suas vidas e experiências pessoais influenciaram suas teorias. É inspirador ver como essas ideias podem ser aplicadas em nosso dia a dia.
Além disso, o livro explora intervenções práticas detalhadas por Daniela Sacramento Zanini e Iorhana Almeida Fernandes, que nos mostram como a PsiPos pode fomentar o bem-estar e a resiliência em todas as etapas da vida, desde a infância até a velhice, incluindo também trabalhos de Letícia Lovato Dellazzana-Zanon e seus colegas sobre a infância e adolescência, e de Irani I. de Lima Argimon e sua equipe sobre a vida adulta e a velhice, abordando assim o ciclo vital evolutivo positivo do ser humano.
No âmbito clínico, Sandra Elisa de Assis Freire e Lucas Polezi do Couto integram a PsiPos na prática clínica, promovendo o bem-estar e a resiliência, ao passo que Karina da Silva Oliveira e Giovanna Viana Francisco Moreira contribuem ao explorar seu papel na avaliação psicológica, proporcionando ferramentas valiosas para uma compreensão mais holística do ser humano, não centrada apenas na psicopatologia ou sofrimento humano.
O âmbito educacional e profissional se beneficia enormemente desses princípios, como demonstram Cyntia Mendes de Oliveira e seus coautores expondo como a PsiPos pode transformar uma comunidade educativa inteira. Leonardo de Oliveira Barros e sua equipe analisam sua importância na orientação de carreira e no ambiente de trabalho, Ana Claudia Souza Vazquez e Claudio Simon Hutz descrevem e determinam magistralmente como esses princípios podem melhorar o ambiente de trabalho, a produtividade e o desempenho de uma organização.
No campo da saúde, Doralúcia Gil da Silva e Prisla Ücker Calvetti sublinham a importância de uma abordagem integrada para promover o bem-estar em todos os níveis do sistema de saúde. Fabio Scorsolini-Comin e sua equipe nos oferecem recomendações para a promoção da saúde no ambiente universitário, ampliando ainda mais o alcance da PsiPos, entendida como uma responsabilidade social universitária (RSU).
Os capítulos finais exploram áreas como a psicologia social, o esporte e o luto saudável. Daniela Zibenberg e seus colegas, Maynara Priscila Pereira da Silva e Evandro Morais Peixoto, e Miriam Rodrigues junto com Lêda Zoéga Parolo e Valeschka Martins Guerra, respectivamente, demonstram a versatilidade e profundidade da PsiPos em diversas áreas.
Como toque final, Caroline Tozzi Reppold e Pamela Carvalho da Silva nos convidam a refletir sobre o futuro dessa disciplina, apresentando desafios e oportunidades que inspiram a seguir avançando, sendo este livro uma contribuição significativa para a literatura acadêmica no Brasil, com um impacto potencial a nível global.
Portanto, esta obra Psicologia positiva: introdução e aplicações figura como leitura obrigatória para quem deseja aplicar os princípios da Psicologia Positiva de maneira científica e rigorosa, cuidando-se do intrusismo profissional que também afetou nossa disciplina. Finalmente, esta obra única permite ao leitor, seja estudante ou profissional, compreender de maneira poderosa como o fundamento da PsiPos se estabelece em uma vida que vale a pena ser vivida, diminuindo o sofrimento dos seres sencientes, bem como avançando nos objetivos de desenvolvimento sustentável estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Andrés Cabezas Corcione, PhD
Editor da Revista PsyCap ISSN 0719-4420
Prof. Pós-graduação Universidad Adolfo Ibáñez, Chile
Investigador do Grupo Iflor Universidad del Sinú, Colômbia
Leader in Positive Innovation, UC Berkeley, Califórnia EUA
CEO & Founder Centro Latinoamericano de PsiPos Aplicada (Celappa ®)
CAPÍTULO 1
Psicologia Positiva: definição e escopo
Valeschka Martins Guerra
Claudia Hofheinz Giacomoni
Uma vida feliz é uma criação individual que não pode ser copiada de uma receita
(Mihaly Csikszentmihalyi, 1990).
Introdução
O que é a psicologia positiva (PP)? Envolve pensar positivo e ser otimista? É um modismo no universo da psicologia? Não é autoajuda? Quais as principais teorias e por que é importante conhecê-las? Como docentes de psicologia positiva, as autoras já ouviram perguntas como estas diversas vezes, e as respostas para elas são baseadas em uma grande produção de teorias e pesquisas na área, constantemente atualizadas, tendo surgido oficialmente a partir de 1998. Assim, este capítulo pretende apresentar a PP enquanto movimento e área do conhecimento psicológico e seus impactos na construção do saber acerca do comportamento humano.
Atualmente, já existem diversos livros e artigos científicos publicados acerca de construtos e teorias que fazem parte da PP. Em 1998, quando Martin Seligman assumiu a presidência da Associação Americana de Psicologia (APA), os estudos empíricos acerca dos aspectos positivos da vivência humana já existiam, mas eram escassos, estavam pulverizados pela literatura, e suas conexões entre si passavam, muitas vezes, despercebidas.
A ênfase na compreensão da felicidade e de características individuais positivas é uma questão que acompanha a humanidade em sua história. Grandes pensadores e filósofos ocidentais e orientais já discutiram e apresentaram suas ideias sobre a felicidade. Confúcio, Buda, Aristóteles, entre outros, discutiram questões relativas ao que faz a vida valer a pena. Então, a discussão sobre a felicidade e o bem-estar não é algo que surgiu na atualidade. A forma tomada por (ou imposta para) essa felicidade, o valor atribuído a ela e suas características diferem a depender do momento histórico da humanidade (Stearns, 2022). No entanto, este sempre foi um assunto de grande interesse. Ou seja, a PP tem uma história curta, mas tem raízes profundas em diversas propostas filosóficas de busca pela compreensão dos aspectos que contribuem para uma vida plena.
Essas raízes também receberam contribuições importantes e necessárias para o surgimento do movimento. O interesse nos aspectos positivos dos seres humanos pode ser percebido nas propostas humanistas de Abraham Maslow, que utilizou o termo psicologia positiva pela primeira vez em 1954, em um capítulo sobre o potencial humano (Pacico & Bastianello, 2014); nos trabalhos de Marie Jahoda (1958), com sua proposta de saúde mental ideal; na importância atribuída ao sentido de vida para a construção de uma vida plena, conforme proposto por Viktor Frankl (1990, 2008); no trabalho de Carl Rogers, em sua ênfase na aceitação e na compreensão do ser humano em sua totalidade (Almeida, 2009; Rogers, 1983), entre tantos outros. Com o surgimento de teorias embasadas em uma sólida tradição de pesquisas científicas, como as teorias do flow (Csikszentmihalyi, 1990), de bem-estar subjetivo (Diener, 1984) e bem-estar psicológico (Ryff, 1989, 2014; Ryff & Keyes, 1995), o movimento ainda não fora oficialmente inaugurado, mas começou a se solidificar.
E o que é a psicologia positiva (PP), afinal de contas? A PP começou como um movimento proposto por Seligman e Csikszentmihalyi (2000) em seu marco de lançamento. Esse movimento buscava complementar o conhecimento já existente da psicologia, apoiando-se em evidências científicas sobre prevenção em saúde mental, características individuais positivas e sobre o funcionamento saudável de pessoas, grupos e instituições (Snyder & Lopez, 2009). Assim, respondendo a algumas daquelas perguntas, não, a PP não é apenas pensar positivo e ser otimista; não é autoajuda ou o mesmo que coaching, por ser um movimento fortemente marcado pela busca por evidências científicas de qualidade; não é um modismo norte-americano que desaparecerá rapidamente, por complementar de maneira marcante o conhecimento existente acerca do comportamento humano.
Esse movimento teve como marco destacar que suas investigações e intervenções estão todas baseadas no método científico. Do ponto de vista histórico, pode-se observar retrospectivamente que o movimento teve caráter político no âmbito da psicologia, uma vez que precisava de financiamento para suas pesquisas, razão pela qual a nomeação positiva
foi necessária. Seligman e Csikszentmihalyi (2000) fizeram questão de descolar o movimento proposto na virada do milênio de outros anteriores.
Na atualidade, nos diferentes campos de atuação dos profissionais da psicologia, a busca por tais informações acerca do bem-estar, da qualidade de vida e daquilo que chamamos de felicidade pode contribuir de maneira relevante não apenas para intervenções psicológicas pontuais e individuais, mas, também, para a proposição ou o aprimoramento de políticas públicas (Biswas-Diener, 2011). Nesse sentido, a psicologia, enquanto campo de conhecimento, não abrange apenas aspectos que lidam e tratam de patologias, dificuldades e traumas, mas deve, também, abranger e promover a saúde integralmente. Para isso, faz-se necessário conhecer e discutir aspectos relacionados ao desenvolvimento saudável, à manutenção de relacionamentos positivos, ao bem-estar nos diversos contextos de inserção (p. ex., clínica, trabalho, organizações, escolas, saúde, etc.), à educação de qualidade, entre tantos outros aspectos que tratam dos potenciais humanos.
Giacomoni e Hutz (2009) apresentam diferentes níveis por meio dos quais se torna possível compreender esses aspectos positivos. Em termos subjetivos, a PP contribui para a investigação de aspectos relacionados a experiências de bem-estar, flow, otimismo, esperança e satisfação. Em termos individuais, as pesquisas contribuem para a investigação de características positivas, como forças e virtudes, que podem ser associadas a diversos outros construtos. Em termos grupais, as investigações tratam de aspectos que contribuam para uma coexistência pacífica, tolerante e que promova bem-estar e realização, nos diversos contextos, de maneira ética. Em termos sociais mais amplos, tais pesquisas podem expandir-se para lidar com contextos comunitários e a construção de sociedades que valorizem a qualidade de vida e o respeito a seus cidadãos.
Esses diferentes níveis foram utilizados como base para a construção de teorias e pesquisas pouco antes e a partir da PP, que atualmente são consideradas parte integrante do movimento (Wang et al., 2023). Os impactos e fragilidades dessas teorias e pesquisas deram origem a uma série de críticas que fizeram com que os pesquisadores buscassem ampliar sua compreensão acerca da felicidade e do que pode influenciá-la. As chamadas ondas da PP são reflexos de seu desenvolvimento e de sua reelaboração após essas críticas e após os diversos resultados de pesquisas científicas publicadas em cada década desde o lançamento do movimento (Lomas et al., 2020). Assim, apresentar-se-ão a seguir um resumo de algumas dessas teorias que marcaram a PP ao longo destes mais de 20 anos de pesquisas.
A primeira onda da psicologia positiva: o foco na positividade
A primeira década de pesquisas da PP teve como principal foco os aspectos relacionados à positividade. Ao sugerir que profissionais da psicologia concentrassem seus esforços e sua atenção nos aspectos positivos, gerando, assim, mais conhecimento acerca do potencial humano, Seligman e Csikszentmihalyi (2000) contribuíram para enfatizar diversas teorias que já existiam e outras que surgiram com os investimentos realizados em pesquisas por agências de fomento norte-americanas.
Flow (estado de fluxo)
A teoria do flow, proposta por Mihalyi Csikszentmihalyi (1990), direciona a atenção a experiências positivas vivenciadas com um alto nível de foco cognitivo e emocional direcionado a determinada atividade. Seu primeiro estudo sobre o tema foi publicado em 1975. Ao estudar a motivação intrínseca de pintores, atletas e músicos na dedicação de horas a seu trabalho, o autor relatou que as atividades eram descritas como sendo realizadas automaticamente e sem esforço. Geravam um grande nível de concentração, perda de autoconsciência, uma distorção da experiência de percepção do tempo e uma sensação de que a atividade era realizada como objetivo em si própria (experiência autotélica), e não necessariamente por seu resultado (Csikszentmihalyi & Asakawa, 2016).
Esse estado cognitivo, intensamente pesquisado em diversos contextos de atividades práticas (p. ex., balé, esportes diversos, xadrez, música), está associado ao fortalecimento da autoestima, pela percepção de crescimento pessoal, emoções positivas e satisfação com a vida (Rankin et al., 2019). O conceito tornou-se tão importante que contribuiu para embasar uma das dimensões do bem-estar proposto por Seligman (2011).
Bem-estar subjetivo
Este é um conceito central do movimento. Seligman (2011) apontou que, para ele, o objetivo da PP era o estudo do bem-estar. O bem-estar subjetivo (BES), conforme proposto por Diener (1984), seria o termo científico atribuído ao estudo da felicidade e da satisfação com a vida. Composto por três dimensões principais – (1) satisfação com a vida; (2) alto nível de afetos positivos; e (3) baixo nível de afetos negativos –, tornou-se rapidamente um dos principais construtos a serem utilizados nas pesquisas científicas ao redor do mundo.
Os estudos apontam aspectos internos (p. ex., genética, personalidade, hábitos mentais positivos) e externos (p. ex., recursos materiais, relacionamentos sociais, a sociedade em que se vive) como possíveis causas para o BES (Diener et al., 1999; Lyubomirsky, 2013). Pessoas com alto nível de BES apresentam maior nível de saúde física, sociabilidade, produtividade e maior probabilidade de atuar em causas sociais, fazendo trabalhos voluntários ou dando dinheiro para a caridade (Diener & Tay, 2017; Lyubomirsky et al., 2005).
Bem-estar psicológico
Principal teoria do bem-estar que surgiu após o BES, o bem-estar psicológico (BEP), proposto por Ryff (1989, 2014; Ryff & Keyes, 1995), buscou embasar-se teoricamente no conceito aristotélico de eudaimonia, por meio do qual o BEP seria vinculado ao cultivo de virtudes. Com base nas teorias e conceitos de Maslow, Rogers, Allport, Erikson, Jadoda, Jung, entre outros (Ryff, 1989, 2014), seis dimensões centrais foram propostas: (a) o BEP seria definido pelo nível de autonomia no pensar e agir; (b) autoaceitação; (c) propósito de vida percebido; (d) domínio do ambiente; (e) bons relacionamentos; e (f) crescimento pessoal.
Essa proposição trouxe à tona diversos elementos considerados fundamentais para a compreensão do bem-estar e da felicidade, associando-os à teoria às raízes dos estudos já previamente realizados e encontrados na literatura. Para Ryff (1995), o estudo do bem-estar não deveria ser considerado um luxo ou exclusivo das elites privilegiadas. Ele deveria ser realizado e aprofundado para contribuir para a identificação do que está faltando na vida das pessoas, de modo a elaborar conhecimento e intervenções que efetivamente melhorem a condição humana.
Emoções positivas
A teoria das funções de ampliação e construção das emoções positivas, proposta por Barbara Fredrickson (1998, 2001, 2004), chama a atenção para as funções que as emoções positivas podem ter na vida das pessoas. Ela aponta a importância das emoções como fontes valiosas de informações que os indivíduos podem ter sobre si próprios. Cabe a cada um aceitá-las e compreender sua função e seus efeitos. Emoções consideradas desagradáveis, como medo, nojo e raiva, têm funções evolutivas importantes e já estudadas, de modo a aumentar as chances de sobrevivência da espécie humana. Permanecem sendo relevantes mesmo em situações em que não há perigo iminente, por apontarem informações sobre aspectos da vida que necessitam de atenção (Ekman, 1999).
As emoções positivas, por sua vez, não têm a mesma função evolutiva de resolver problemas acerca da sobrevivência imediata do indivíduo. De acordo com a teoria, Fredrickson sugere que as emoções positivas contribuem para a resolução de problemas relacionados ao crescimento e ao desenvolvimento pessoal, tendo duas funções principais: (a) ampliar a maneira como o indivíduo vê a situação; e (b) contribuir para a construção de recursos pessoais mais duradouros. Com a sensação de segurança derivada da emoção positiva, a percepção se expande mais facilmente, apreendendo mais informações. Assim, essas emoções positivas contribuem para construção de recursos intelectuais, físicos, sociais e psicológicos (Fredrickson, 2001, 2003, 2004).
Felicidade autêntica
Seligman (2004) propõe a existência de três elementos centrais para a felicidade: (1) as emoções positivas; o (2) engajamento; e (3) o sentido de vida. Com essa proposta, o autor enfatiza aquilo que considera a base para uma vida boa
, trazendo a proposta de engajamento, baseada no flow (Csikszentmihalyi, 1990). Assim, para Seligman, o principal objetivo da PP durante esse período seria o aumento do nível de felicidade das pessoas, este sendo avaliado com base no bem-estar subjetivo (BES) dos indivíduos. Para tanto, diversas intervenções passaram a ser sistematicamente testadas, contribuindo para o avanço de técnicas que foram rapidamente incorporadas (Seligman et al., 2005).
Forças de caráter e virtudes
Um dos principais marcos teóricos propostos com o avanço dos estudos da PP foi a classificação elaborada por Peterson e Seligman (2004) acerca dos traços humanos positivos. Os autores informam que parte essencial do trabalho em PP é a identificação de recursos que o indivíduo já tenha a seu dispor e o encorajamento do uso desses recursos para a resolução de problemas (Park & Peterson, 2008).
Após uma intensa pesquisa na literatura em diversas abordagens filosóficas, psicológicas e religiosas acerca das virtudes principais reconhecidas por essas áreas de conhecimento, Peterson e Seligman (2004) propuseram uma classificação de virtudes e o que eles denominaram forças de caráter, ou seja, habilidades que podem ser praticadas no cotidiano como exemplos de seus valores em ação. Algumas dessas forças de caráter, quando exercitadas de modo consistente e em conjunto, contribuem para a formação de virtudes, definidas como traços positivos valorizados moralmente por si próprias, que contribuem como modelos para a excelência humana, sendo universalmente reconhecidos e considerados importantes objetivos de práticas sociais (Peterson & Park, 2009). As seis virtudes mais amplas são: (1) sabedoria, que expressa forças cognitivas como curiosidade, amor por aprender, criatividade, mente aberta e perspectiva; (2) coragem, que expressa forças emocionais como honestidade, bravura, persistência e vitalidade; (3) humanidade, que expressa forças interpessoais como amor, bondade e inteligência social; (4) justiça, que expressa forças cívicas como cidadania, equidade e liderança; (5) temperança, que expressa forças que protegem contra excessos, como humildade, prudência, perdão e autocontrole; e (6) transcendência, expressa em forças emocionais como apreciação da beleza, gratidão, esperança, humor e espiritualidade (Park et al., 2006; Peterson & Seligman, 2004).
Noronha e Reppold (2021) fazem um resumo sobre as diferentes pesquisas realizadas na área, demonstrando o quanto o estudo das forças contribuiu para o avanço do conhecimento sobre traços humanos positivos e seus impactos. Essa proposição teórica resultou em uma enorme quantidade de pesquisas em todos os contextos de atuação humana, sugerindo a importância de atividades intencionais baseadas nas características pessoais positivas de cada indivíduo para aumentar os níveis de bem-estar (Noronha & Reppold, 2021).
Bem-estar e florescimento – a teoria PERMA
Seligman (2011) reavaliou sua proposta de felicidade autêntica durante a primeira década de pesquisas e intervenções da PP, lançando um novo objetivo para o movimento: investigar o bem-estar enquanto processo de florescimento. Esse processo seria composto por cinco dimensões principais, que formam o acrônimo PERMA: (1) Positive emotions (emoções positivas); (2) Engagement (engajamento); (3) Relationships (relacionamentos);
(4) Meaning (sentido); e (5) Achievement (realização). Para o autor, aumentar os níveis dessas dimensões em uma vida provida de sentido é o que define o florescimento (Scorsolini-Comin et al., 2013).
Essa adaptação da teoria do Seligman já reflete a entrada da segunda onda da PP, em que o conhecimento acerca do bem-estar passa a ser mais fundamentado, sendo considerado um processo que pode ser trabalhado com intervenções reconhecidas por diversas pesquisas, e mais complexo, para além da mensuração da satisfação com a vida (Scorsolini-Comin et al., 2013). Outros autores já buscavam esse diálogo com aspectos diversos do bem-estar, de maneira menos conhecida e divulgada na literatura (Keyes, 2002, 2016). No entanto, esses estudos também contribuíram para a expansão da PP e da maneira como se pensamos e se pesquisa sobre o bem-estar e a vida plena, trazendo novos aspectos e contornos não apenas para o movimento, mas para o conhecimento psicológico em geral.
A segunda onda da psicologia positiva: o foco no sentido de vida e nas emoções negativas
Durante a segunda década, as pesquisas da PP precisaram reformular-se de acordo com as duras críticas à falta de embasamento teórico-filosófico (Ryff & Keyes, 1995; Sewaybricker & Massola, 2022) e à ausência de diálogo com o conhecimento já previamente estabelecido na psicologia acerca da saúde mental e da importância das experiências consideradas negativas
(Ivtzan et al., 2016; Wong, 2011a, 2011b) e na maciça utilização mercadológica de seus conceitos e intervenções (Reppold et al., 2019). As propostas precisavam dialogar com, e não rejeitar experiências dolorosas, aspectos sombrios
e emoções desconfortáveis (Ivtzan et al., 2016), dando início, assim, à segunda onda do movimento.
A efetivação desse diálogo se deu pelo reconhecimento, por parte dos pesquisadores da PP, da importância da aceitação, da resiliência (enquanto processo, não apenas enquanto característica individual) e das emoções negativas em suas funções mais básicas: como fontes de informação relevantes sobre os indivíduos que podem ser utilizadas para seu crescimento. Nesse sentido, o surgimento de novas pesquisas buscou inserir e trazer à tona esses aspectos.
Com as críticas realizadas, ficou claro que os termos positiva
e negativa
, no que diz respeito a aspectos e intervenções, precisavam ser acompanhados por outras informações relevantes acerca da pessoa, do grupo, da cultura e do contexto. Percebeu-se que trabalhar aspectos considerados positivos pode trazer danos a determinadas situações, tais como as ressalvas de trabalhar aspectos como perdão e comunicação não violenta na tentativa de restaurar relacionamentos abusivos (Ivtzan et al., 2016; Reppold et al., 2019). Levar em consideração apenas aspectos positivos, ignorando os traumas e desconfortos, contribui para a enorme pressão social colocada sobre a necessidade de aparentar felicidade o tempo todo, de pensar positivo em todas as situações, invalidando emoções desagradáveis (Ivtzan et al., 2016). Nesse contexto, teorias e construtos já existentes, mas que eram investigados com foco na positividade, passaram a ser mais relevantes e tiveram sua influência ampliada nas pesquisas da área.
Mindfulness
Mindfulness, ou atenção plena, é um termo utilizado para denominar várias coisas, como uma prática meditativa, os processos psicológicos envolvidos, assim como um construto investigado em pesquisas científicas. É definido como a consciência que emerge ao prestar atenção de propósito, no momento presente, e sem julgamento ao desdobrar da experiência momento a momento
(Kabat-Zinn, 2003, p. 145). A atenção plena inclui alguns componentes essenciais para sua experiência, tais como o direcionamento da atenção às próprias sensações físicas, emoções e pensamentos; a consciência (e esforço para não realização) do julgamento realizado sobre esses eventos mentais como bons ou ruins; a aceitação desses eventos; a compreensão de que o indivíduo não é definido por eles; e a escolha dos comportamentos subsequentes, fazendo com que o indivíduo não haja de maneira reativa o tempo todo (Kabat-Zinn, 2003).
Os estudos e pesquisas fizeram parte do movimento da PP desde sua primeira onda, na qual o foco na positividade fez com que a discussão sobre a atenção plena fosse focada nos resultados ótimos observados (Menezes & Dell’Aglio, 2009). As práticas meditativas de mindfulness passaram, assim, a fazer parte de diversas intervenções e práticas psicoterapêuticas na atualidade, tendo sido amplamente incorporadas e contribuindo para a redução de diversos sintomas físicos e mentais (Harrington & Dunne, 2015; Guerra & Rebelo, 2021).
No entanto, apesar de estar diretamente conectada à redução do sofrimento e ao bem-estar em diversas pesquisas, o objetivo da prática de atenção plena não é sentir-se bem. Muitas vezes, a prática contribuirá para que o indivíduo sinta mais profundamente o próprio sofrimento. Seu objetivo central, na verdade, é contribuir para a expansão da percepção humana sobre si, seu autoconhecimento, reconhecendo e aceitando seus pensamentos e emoções sem julgamento. O bem-estar surge não como resultado direto, mas como consequência indireta do processo de lidar com as próprias dores e aceitar as próprias experiências como são, desenvolvendo, assim, autocompaixão e compaixão por todos os seres (Guerra & Rebelo, 2021). Por esse motivo, os estudos de atenção plena, em sua totalidade, aprofundaram-se e podem ser incluídos como parte da segunda onda da PP.
Psicologia positiva existencial e a felicidade madura
Em coerência com essa visão da atenção ao próprio sofrimento derivado da atenção plena, Wong (2011a, 2011b) deu a essa nova etapa do movimento o nome PP 2.0, na qual ele propõe que é necessário reconhecer que a vida é cheia de sofrimento, que a concepção de felicidade e bem-estar precisa lidar com as misérias humanas e florescer apesar das dificuldades. O autor inicia sua discussão sobre esses aspectos falando sobre as próprias experiências de hospitalização e como estar naquele lugar de sofrimento fez com que ele passasse a refletir sobre a importância do sentido de vida, da humildade, da espiritualidade e do perdão (Wong & Bowers, 2019).
Para Wong (2011a), há um tipo de felicidade que ele denomina felicidade madura, que está relacionada a um senso de contentamento, de estar em paz consigo e com o mundo, caracterizada por emoções positivas de serenidade, conexão, pelo exercício da compaixão e da resiliência e pelo cultivo de valores espirituais (Wong & Bowers, 2019). Para o autor, é importante estudar (e não negar) a existência de possíveis momentos felizes mesmo inseridos em situações difíceis, que envolvem sofrimento, e o quanto se pode crescer psicologicamente e aprender com essas experiências.
Wethington (2003) sugere que momentos críticos são uma oportunidade para o crescimento psicológico. Esses momentos, nos quais as pessoas descobrem coisas novas sobre