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Fenomenologia no Ciberespaço: Geografias do Mundo e da Esfera Virtual
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Fenomenologia no Ciberespaço: Geografias do Mundo e da Esfera Virtual
E-book353 páginas4 horas

Fenomenologia no Ciberespaço: Geografias do Mundo e da Esfera Virtual

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Sobre este e-book

O livro Fenomenologia no Ciberespaço: geografias do mundo e da esfera virtual concentra-se no estudo do "lugar" a partir de uma perspectiva fenomenológica da percepção do teórico Maurice Merleau-Ponty, gravitando diretamente na Fenomenologia virtual do ciberespaço. O título escolhido pelo autor para este livro é fruto dos resultados de uma longa investigação, a escolha parte da confluência entre três pontos centrais, sendo estes: o campo da Geografia como cerne, a Tecnologia como um enquadramento e a Fenomenologia enquanto método. Sabemos que a sociedade ao longo das décadas tem modificado seu "modus cultural" em toda a sua compreensão de ver e estar no mundo. A tecnologia digital tomou conta do nosso dia a dia, das escolas, das igrejas e de todos os ambientes que o ser humano frequenta. Nesse sentido, a produção desta obra converge para apresentar aportes fenomenológicos que vêm se estabelecendo na condição de construir novos suportes para os estudos que requerem uma Geografia Fenomenológica, tal proposta visa abordar precipuamente o conceito geográfico de "lugar" com a utilização do recurso da tecnologia móvel – o celular. Traçamos longamente uma espécie de teia, atribuindo um sentido de gerar possibilidades diversas para a compreensão dos fenômenos que a Geografia estuda. Nosso objetivo central é descrever a relação dos sujeitos e do "lugar", categoria e conceito da Geografia, a partir das percepções por meio de imagens audiovisuais com o uso da tecnologia móvel que revelam os fenômenos trazidos pelos sujeitos envolvidos na pesquisa. Não obstante, o forte contexto teórico que abaliza esta obra foi seguidamente constituído na detida escolha do quadro teórico que a estrutura em suas composições textuais para os campos da Geografia, sobretudo quando a base teórica parte das contribuições e dos diálogos que o autor mantém com autores como: Castells (2003), Lévy (1999), Milton Santos (2000), Eric Dardel (2015), Werther Holzer (1998), Marandola Jr. (2010), Moura (2010) e outros.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento11 de dez. de 2024
ISBN9786525069951
Fenomenologia no Ciberespaço: Geografias do Mundo e da Esfera Virtual

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    Fenomenologia no Ciberespaço - Alexsandro Costa de Sousa

    INTRODUÇÃO

    Ao iniciar as primeiras linhas introdutórias deste livro, afirmo que a Geografia é uma ciência voltada para a percepção e conhecimento do mundo, tanto no que diz respeito aos aspectos geológicos na estruturação e formação, elementos bem mais destacáveis para a visão, como na construção e reconstrução dos espaços criados pela ação do homem, que recrutam muito mais de funções organolépticas pormenorizadas. Nesse caso específico faço referência à percepção do espaço.

    Tendo fundamental importância na vida cotidiana do homem, e na identificação dos espaços onde este está inserido. Um desses espaços é o lugar considerado categoria, que estrutura as discussões geográficas e que estamos envolvidos por ele.

    A visão observada e mais discutida eram aquelas para os pressupostos decorrentes da Geografia Física, a importância para o campo da Geografia Humanista ficou para segundo plano. Esse segundo plano teve uma longa data para que viesse a conhecer essa área mais intensamente.

    Na observação de Callai (2000, p. 86), estudar o lugar é fundamental,

    [...] pois ao mesmo tempo em que o mundo é global, as coisas da vida, as relações sociais se concretizam nos lugares [...] compreender o lugar em que vivem, permite ao sujeito conhecer a sua história e conseguir entender as coisas que ali acontecem.

    Os diversos conceitos ou categorias que fazem parte do estudo na Geografia escolar são importantes para que o aluno possa compreender melhor as relações existenciais, como bem analisar o objeto que essa ciência busca interpretar.

    Como afirma Moreira (2013, p. 165): O conceito é o elemento discursivo que dá vida a paisagem, trilhar pela conceituação sem dúvida traz percepções mais conclusivas na Geografia, mas não pode ser abordando como antes, deve ser proposta uma nova mobilidade para que os conceitos, as categorias, cheguem ao nível compreensivo do aluno, o ponto nevrálgico está na maneira que é explorado.

    Sob a égide de um entendimento e compreensão sobre o LUGAR, e a forma de estudá-lo, senti-lo e percebê-lo, direciono o estudo para a descrição e compreensão do fenômeno lugar por parte dos envolvidos diretamente com a produção desses espaços.

    Nesse caminho da Geografia Humanista, os estudos apresentados pela Topofilia de Tuan (2012), e a base metodológica dos levantamentos descritivos e perceptivos da Fenomenologia de Merleau-Ponty (2006), fazem parte do que me prontifiquei a estudar, conduzido pelo desejo de que as pesquisas que trilham por esse caminho podem contribuir com uma Geografia científica e com um método qualitativo, deixando de lado os dados estatísticos e abordagens quantitativas herméticas.

    O título escolhido para este livro é fruto dos resultados de uma longa investigação, sobretudo que é por meio da confluência entre três pontos centrais, sendo eles: o campo da Geografia como cerne, a Tecnologia como um enquadramento e a Fenomenologia enquanto método, que tanto a intenção preambular de investigar a potencialidade advinda da percepção se tornou capaz com o envolvimento do enquadramento e do método utilizado.

    Portanto, o celular enquanto um recurso pedagógico capaz de ultrapassar expectativas simples da comunicação possibilita potenciais estudos sobre a relação que as pessoas têm com o lugar. Nesse sentido, a partir dele – celular – incitamos este ponto introdutório com o seguinte questionamento: o uso da tecnologia móvel pelo professor e alunos é capaz de gerar novas percepções no processo de ensino e aprendizagem potencializando o estudo da Geografia no Ensino Médio da Educação Básica com vistas a compreender melhor seus conceitos?

    Nessa concepção quero destacar como objetivo principal deste livro a descrição da relação dos sujeitos sobre o lugar, categoria presente no estudo da Geografia, a partir das percepções geradas por meio de imagens audiovisuais com o uso potencial da tecnologia móvel por alunos da escola da Rede Pública Estadual do Ensino Médio no Estado do Maranhão.

    Em conformidade com o objetivo central desta pesquisa tem-se como objetivos específicos aqueles que foram norteadores na concepção da investigação e da intervenção, destaco aqui:

    Verificar o nível de compreensão que os alunos possuem sobre os conceitos estruturais da Geografia, principalmente o de lugar, com base nas aulas ex positivas.

    Conduzir a investigação para o ensino de uma Geografia Humanista com orientação nas imagens e na percepção dos alunos do Ensino Médio sobre o lugar vivido e das suas experienciações com o lugar.

    Explorar como as tecnologias móveis podem auxiliar o ensino da Geografia para um redimensionamento na forma da aquisição do conceito sobre o lugar, explorando os dispositivos tecnológicos que integram aparelhos de celulares dos alunos como proposta estratégica de ensino com o uso dessa t ecnologia.

    Potencializar a compreensão do conceito sobre o lugar por meio da documentação de imagens ou vídeos.

    Dessa forma, a presente obra encontra-se dividida em duas sessões principais: PERCEBENDO O MUNDO DA TECNOLOGIA UM CAMINHO SEM RETORNO: aportes teóricos e conceituais – constitui o início da pesquisa, abordei como elemento teórico uma densa abordagem nos condicionantes que a tecnologia levou à sociedade e se fez parte. Nessa sessão giro a chave para a abertura de uma porta com a relevante introdução para a compreensão da tecnologização universal na estrutura escolar como do próprio ensino, o enfoque preliminar é a percepção que se tem acerca de uma nova ideologia fundamentada pela reestruturação da sociedade.

    Considero que os posicionamentos teóricos são a viga que sustenta toda a composição do estudo, a posição de como a tecnologia móvel e sua ubiquidade podem suscitar novas formas de produção de conhecimentos. O referencial teórico traz como interlocutores para o diálogo os autores Lévy (1993), Castells (2003), Bourdieu (2007), Bottentuit Júnior (2011, 2016), dentre vários outros, e suas obras de alto significado para a educação.

    Tecendo concepções teórico-conceituais, a importância de se verificar noções preliminares sobre as imagens de forma ampla e de forma particularizada encaminhada para a vertente educacional, sobretudo a importância do levantamento sobre as questões das imagens na aprendizagem e no ensino.

    A polissêmica significância das imagens faz com que diferentes áreas venham pesquisar, incluindo a Geografia, compondo uma interdisciplinaridade necessária, para a compreensão da forma em que o ser humano se expressa, se comunica com o mundo, perpassando por uma triconomia, que aglutina o valor representativo da imagem, o seu valor simbólico e o seu valor signo.

    Em referência ao apontamentos distribuídos em seus capítulos nesta sessão, discuto com a Geografia seu ensino com a imagem como recurso profícuo no processo de ensino e aprendizagem de categorias como a de lugar que é basilar neste estudo, analisar as diferentes funções das imagens é tomado ainda como forma de haver comunicação social, por meio dessa comunicação é que os sujeitos, as forças ativas, reativas, organizadas e desorganizadas constroem elementos tensionadores entre o eu e o outro.

    Ainda é apresentada a abordagem que os livros didáticos trazem sobre o lugar com a presença das imagens, e como esses recursos visuais que ilustram os conteúdos contribuem no aspecto da concepção teórica.

    Sua incorporação diária e comunicação com o sujeito faz com que se produzam informações e significados no contexto geográfico, tal é a importância que o estudo verifica como ponto as imagens na condução de um ensino e da compreensão desse ensino categorial com o uso do recurso tecnológico. São apresentados os teóricos deste capítulo: Aumont (2002), Arnheim (1981) e Baldissera (2000).

    Na sessão que sucede a primeira, apresento como tema central: LUGAR, TOPOFILIA E FENOMENOLOGIA: encontros na Geografia Humanista. Dessa forma, nessa sessão os capítulos estão posicionados tal e qual a uma abertura compreensiva de como o estudo da Geografia tem se modificado, ao tratar dessas composições como fundamento, encarrego um levantar do posicionamento teórico sobre o lugar no campo da Geografia, isto é, dar a composição de ser no trato do lugar.

    As premissas que referendam a importância da categoria espacial lugar, bem como o levantamento referencial, encontram-se em Werther Holzer (1993, 2013), Oliveira (2012), Marandola Jr. (2012, 2013), Buttimer (1982), Antonio Christofoletti (1982), Lowenthal (1982), Tuan (2013), Dartigues (1992), Ferraz (2009), Cerbone (2014), Merleau-Ponty (2006).

    Nessa sessão caminho pelo método que penso ser a presença do espírito desta obra na dimensão de aprofundamento em um método que trate a questão da categoria lugar. Ao escolher para fundamentar o estudo investigativo, o método da Fenomenologia está sendo percebido como suporte para estudar os fenômenos e objetos que a pesquisa se incumbirá de buscar.

    A Fenomenologia descreve a experiência do homem tal como ela é, e não segundo as proposições pré-estabelecidas pelas ciências naturais. Trata-se de uma forma particular de fazer ciência: a pesquisa qualitativa, que substitui as correlações estatísticas pelas descrições individuais, e as conexões causais por interpretações oriundas das experiências vividas (Martins, 1992).

    Assim como bem destaca o interventor do método fenomenológico Merleau-Ponty (2006, p. 01): A fenomenologia é o estudo das essências, e todos os problemas, segundo ela, resumem-se em definir essências: a essência da percepção, a essência da consciência por exemplo. Nesse caso a Fenomenologia da percepção trata de descrever, não de explicar, nem de analisar (Merleau-Ponty, 2006). Na Topofilia de Yi- Fu Tuan (2013), sua contribuição para o estudo do lugar é fundamental, sendo ele considerado uma das maiores representações dessa cadeira do estudo da Geografia Humanista.

    Yi-Fu Tuan (2013, p. 27) salienta que todos os lugares

    [...] são pequenos mundos [...] Lugares podem ser símbolos públicos ou campo de preocupação, mas o poder dos símbolos para criar lugares depende, em última análise, das emoções humanas.

    Tomando como base o levantamento bibliográfico e o estudo teórico das observações feitas por estudiosos humanistas como Eric Dardel (2015) abrindo os flancos da percepção, além do fato de observar aquilo que nos leva a obter o sentimento de pertencimento a partir do estudo direto de sua obra, bem como no processo da construção teórica de obras que tratam sobre o objeto desta investigação.

    Em conclusão, o quinto capítulo apresenta os resultados da pesquisa. Nessa parte considero a inferência desta investigação no campo do estudo do lugar com o uso do celular, e nesse caso específico a intenção de criar um vínculo comunicativo entre as três principais áreas que estão sendo analisadas: a percepção do lugar, o uso do celular e as imagens com o foco da fenomenologia da Percepção e a Topofilia.

    Todos os autores utilizados ao longo do trabalho estarão em constante diálogo, a fim de que seja endossado o elemento empírico à luz do ponto de vista científico. Portanto, o quadro teórico desta obra é significativamente vasto e destaca-se pelas suas produções constituindo reais possiblidades de se trabalhar o ensino da Geografia com outras áreas, como o caso da Filosofia.

    SESSÃO I

    PERCEBENDO O MUNDO DA TECNOLOGIA UM CAMINHO SEM RETORNO: aportes teóricos e conceituais

    CAPÍTULO I

    A PERCEPÇÃO DOS TRACEJADOS TEÓRICOS E CONCEITUAIS: o que sabemos sobre tecnologia?

    Todo conhecimento é polêmico. Antes de constituir-se, deve destruir as construções passadas e abrir lugar a novas construções. É este movimento dialético que constitui a tarefa da nova epistemologia.

    (Gaston Bachelard, 2013, p. 12)

    Tomo emprestada essa observação que Gaston Bachelard faz sobre a composição do conhecimento, ergo uma necessidade de cobrir-me de uma nova postura no constructo que procuro desvelar quando sugiro uma abordagem sobre as concepções do mundo tecnológico. A importância nesse primeiro momento de convocar a atenção para um estudo capaz de agregar fundamentos da Tecnologia, sem esquecer as linhas de abordagem da Geografia e do estudo do lugar, que por sua vez devem ser analisados e aproximados do nosso entendimento.

    Se o conhecimento é polêmico, discutir sobre as possibilidades que a educação geográfica com o auxílio da tecnologia móvel para o estudo do lugar é considerado um pré-requisito que deve ser enfrentado e colhidas informações teórico-conceituais para combater as visões paradoxais que venham surgir.

    É importante conduzir a compreensão inicial de que a Tecnologia tem estado presente em nossa vida diária apresentando diversas mudanças nas novas formas artísticas, nas transformações da relação com o saber, das questões relativas à educação e à formação, o qual é um dos importantes destaques neste capítulo, problemas da exclusão e da desigualdade, gerados pelo desenvolvimento tecnológico (Lévy, 1999).

    No universo da cibercultura (que ainda será abordado com mais detalhes) a Educação está presente identificada por meio de polissêmicas linguagens (Teixeira, 2013), múltiplos canais de comunicação e em temporalidades distintas. Representados pelas interfaces das TIC que permitem um contato permanente entre escola, professores, alunos e seus pares no ambiente virtual que proporciona o ensino. Desaparecem as possíveis fronteiras para agregar conhecimentos, como os conteúdos educativos que são trabalhados interativamente na comunidade estudantil de forma síncrona e assíncrona, com a possibilidade singular de compartilhar os conhecimentos de forma colaborativa com qualquer outra pessoa em qualquer parte do mundo. Essa é a transformação existencial, a confluência das condições tecnológicas para que a produção de conhecimentos seja realizada pelos sujeitos que participam diretamente dessa evolução.

    Na condição geográfica a posição do sujeito é necessária ao apontar os condicionantes tecnológicos para o estudo e concepção da sua Geografia e nesse caso o lugar é um dos aspectos a ser considerado.

    Dessa forma, este capítulo perpassa pelas estruturas que tratam sobre a Tecnologia no contexto da sociedade e sua evolução ao longo do tempo, como os conceitos de um novo universo chamados de cibercultura e ciberespaço (Lévy, 1999). Neste capítulo apresento uma possível ideologia presente da sociedade difundida no campo da necessidade tecnológica (2.1), além de erigir um levantamento teórico com base em estudos atuais sobre a construção de conhecimentos que a tecnologia na educação pode produzir (2.2), trato ainda sobre as questões encaminhadas pela Geografia e a tecnologia na produção de conhecimentos apresentando dispositivos e aplicativos utilizados no ensino da Geografia (2.3), abrindo caminho para os demais capítulos.

    1.1 A tecnologia: uma ideologia centrada na mudança da sociedade

    Alguns conceitos básicos na biologia asseguram que todas as mudanças devem ser sutis, lentas, firmes e quiçá indolores. Destarte, em nível de intensas mudanças podemos destacar a dos paradigmas da tecnologia que nos envolve. O redimensionamento dos grandes avanços tecnológicos experimentados por volta da segunda metade do século XX e mais intensamente no século XXI converge para uma penetrabilidade¹ presente em registros históricos das revoluções tecnológicas (Castells, 2003).

    Sobre esse paradigma tecnológico a autora Carlota Perez (2010, p. 5) aponta:

    Para entender mais especificamente o que significa uma troca de paradigma, vale a pena ver uma transformação em que vivem os gerentes de hoje em seu processo de modernização. Todos estamos expostos aos chavões: a globalização, a abertura, a competitividade, a sociedade do conhecimento. Mas uma coisa é entender o seu significado e as suas implicações e outro para vivê-las em concreto, dia a dia, em comparação com a nova dinâmica da concorrência [...], onde a mudança abrange todos os aspectos, dissolve todas as rotinas, perguntas todos os hábitos e revoluciona a cada um dos critérios de decisão tradicionais (tradução nossa).

    Nessa troca de paradigmas sugeridos naturalmente pelas mudanças revolucionárias há uma grande interação com a economia e a sociedade no formato de convergência entre os diversos campos tecnológicos, algumas características são classificadas como a informação como a matéria-prima desse período, uma segunda característica dos novos paradigmas é a penetrabilidade dos efeitos das novas tecnologias, uma terceira característica é a lógica das redes, sendo a quarta característica a flexibilidade dos padrões tecnológicos, e por último a crescente convergência de tecnologias específicas para um sistema altamente integrado (Castells, 2003).

    Discute-se atualmente de forma ampla: como a sociedade consegue se habituar à celeridade dos mecanismos que hoje direcionam uma gama de dimensões sociais, políticas, da saúde, a cultura e no caso mais específico a educação?

    É notório que todos os espaços foram tomados, pela velocidade dos sistemas, o mundo não é mais o mesmo. Diversos dados mostram que não se vive como antes, define-se até como a Era do Conhecimento², esse momento em que as celeridades da vida, das coisas, a forma de uso e de consumo das coisas ou da tecnologia são regras básicas que recriam posturas fundamentais para a vida em um mundo globalizado, um mundo 2.0³.

    A presença da Geografia é contextual, logo, quando se trata do assunto globalização no mundo pós-moderno, das reestruturações que o mundo atravessa, é notório considerar que as aproximações entre diferentes países devido à gama de informações, incluindo uma considerável desterritorialização, em que o mundo e o lugar, concepções geográficas, não existem apenas fisicamente, mas com o surto tecnológico, temos a virtualização dos espaços, bem como a desterritorialização que ocorre de forma célere, sem a interferência das fronteiras.

    Da mesma forma que se consegue invadir os espaços virtuais, o espaço geográfico tem sua visualização em âmbito mundial; qualquer espaço geográfico é hoje fácil de ser conhecido, bem como o lugar individualizado. Não se trata mais do que ouvíamos falar, as distâncias geográficas foram sendo transpassadas e o conhecimento do global e do local estão em rede. O que leva informações das mais diferentes naturezas, conteúdos que podem convergir para enobrecer o lugar, como depreciá-lo.

    Na visão de Castells (2003) a Revolução da Tecnologia da Informação foi essencial para a implementação de um importante processo de reestruturação do sistema capitalista a partir da década de 1980, e que todas essas mudanças foram pautadas e moldadas, a fim de sustentarem o interesse da ordem mundial capitalista. Confirma-se a tese de que tanto o sistema capitalista que historicamente tem suas raízes no século XIV e a ordem da globalização como a forma de redimensionar e concretizar o capitalismo como modelo econômico, político e social da civilização humana necessitam de meios instrumentais para que não ocorram ameaças ao sistema.

    O conhecimento e a informação são elementos que por sua vez tornam-se cruciais em todos os modos de desenvolvimento da sociedade (Castells, 2003), logo, o processo produtivo sempre se baseia em algum grau de conhecimento e no processamento da informação, sendo necessário para o progresso econômico, as alterações que ocorrem tornam-se fulcrais na vanguarda da corrida de mercado nesse período da globalização.

    A humanidade sempre esteve envolvida com algum tipo de conhecimento que fomentasse condições de ocupação em diferentes espaços. A propagação desses conhecimentos pelas civilizações, o desenvolvimento das sociedades, foi acontecendo cada vez mais de forma intensa, as técnicas se transformaram em tecnologias e difundiram-se em tecnologias de informação, com maiores condições que levassem a rupturas nunca antes imaginadas.

    Conforme aponta Lévy (1993, p. 16-17):

    Quando uma circunstância como uma mudança técnica desestabiliza o antigo equilíbrio das forças e das representações, estratégias, inéditas e alianças inusitadas tornam-se possíveis. Uma infinidade de agentes sociais explora as novas possibilidades em proveito próprio (e em detrimento de outros agentes), até que uma nova situação se estabilize provisoriamente, com seus valores, suas morais e sua cultura locais.

    O que caracteriza fundamentalmente esse período, também alcunhado de Revolução Tecnológica, não é a centralidade de conhecimentos e informações, mas a aplicação desses conhecimentos e dessa informação para a geração de novas possibilidades e de dispositivos de processamento/comunicação da informação, em meio a um ciclo de realimentação cumulativo entre a inovação e o seu uso (Castells, 2003).

    A base de conhecimentos que ao longo do tempo se construiu dialeticamente e socialmente tornou-se legado deixado como meio social para que o homem pudesse se destacar de outros seres. Não obstante, esse legado cultural deixado para que o homem interferisse inclusive nos ambientes naturais como forma de dominação fez com que ele usurpasse espaços que reproduzissem a ideologia que o conhecimento foi capaz de produzir na sociedade.

    No que tange à questão dos posicionamentos ideológicos como forma de dominação sócio-político e econômica, Foucault (1987) direciona o entendimento em que o poder é o elemento que estrutura a sociedade e a mantém hierarquicamente organizada, esse poder vem mediante as ideologias que são profundamente veiculadas.

    Entretanto, vê-se ainda uma ideologia oculta que nos leva a vários caminhos interpretativos sobre a forma de dominação social, o destaque que a tecnologia representa nesse momento pode ou não ser considerado uma forma de dominação mais organizada, invisível e que está em todos os lugares.

    Deve-se tomar um cuidado peculiar em verificar onde essa ideologia se apresenta de forma mais pujante, perceber que esse movimento se apresenta de várias formas, em alguns momentos servindo a sociedade e outros sendo alcunhada como mal absoluto pelos que desconhecem a sua ação no meio social.

    A ideologia da informação e do conhecimento atualmente é vista como fonte de vida necessária a diversas nações, uma busca incessante pela corrida desses elementos, tudo se torna obsoleto em curto espaço de tempo. Não obstante, a informação se torna desatualizada e o conhecimento ultrapassado, constando como bens econômicos primordiais, o que nem sempre foi verdade (Lévy, 1996).

    Estamos envolvidos desde o fim do século passado, em um sistema tecnológico diferenciado, a aurora que desponta neste século XXI tem sua base nos anos de 1970. Castells (2003) considera essencial a importância de contextos históricos específicos das trajetórias tecnológicas e do modo particular de interação entre a tecnologia e a sociedade, relembra algumas datas significativas que estão associadas a descobertas básicas nas tecnologias da informação.

    Um dos pontos em comum entre os momentos é que, embora estejam baseadas em conhecimentos já existentes e desenvolvidas como uma extensão das tecnologias mais importantes, essas tecnologias representam um salto

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