Nos passos de Lucas - eBook: Os Atos dos Apóstolos no 1º século, segundo Lucas
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Sobre este e-book
Portanto, meu desejo é que este trabalho de relacionar a riqueza espiritual extraordinária da primeira comunidade de seguidores de Jesus encontre guarida na vida de todos os que irão receber e ler esta obra para que uma vez mais o nome de Cristo Jesus seja glorificado e que o Reino de Deus avance vitoriosamente."
Luiz Sayão"
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Nos passos de Lucas - eBook - Ion de Veer
Ion de Veer
Nos passos de Lucas
Os Atos dos Apóstolos no 1º século, segundo Lucas
Direção executiva: Claudio Beckert Jr.
Coordenação editorial: Guilherme Kacham
Prefácio: Luiz Sayão
Revisão: Josiane Zanon Moreschi
Diagramação: Josiane Zanon Moreschi
Capa: Endrik Silva
Imagens: 1) Fotos tiradas pelo autor (creditadas). 2) Imagens do acervo Pictorial Library of Bible Lands. Samaria and the Center, Volumes 2 e 11
(com referência), de Bibleplaces.com. Autorização de uso via [email protected], em 14/08/2024. 3) Imagens adquiridas do acervo Travels of Paul the Apostle
(com referência), de Archaeologyillustrated.com by Balage Balogh. 4) Ilustrações produzidas por André Daniel Reinke para o livro (creditadas). 5) Imagens de Wikimedia CC BY (com referência). 6) Imagens adaptadas a partir dos mapas cedidos por SCM R.Brockhaus im SCM Verlagsgruppe GmbH & Co. KG - scm-verlagsgruppe.de (com referência).
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Sueli Costa CRB-8/5213
Índices para catálogo sistemático:
1. Atos dos Apóstolos 226.6
Salvo indicação, as citações bíblicas foram extraídas da Bíblia
Nova Versão Internacional © Editora Vida, 2003.
Todos os direitos reservados.
É proibida a reprodução total e parcial sem permissão
escrita dos editores.
Editora Evangélica Esperança
Rua Aviador Vicente Wolski, 353
CEP 82510-420 - Curitiba - PR
Fone: (41) 3022-3390
www.editoraesperanca.com.br
"Este comentário sobre o livro de Atos dos Apóstolos é uma ferramenta excelente para quem deseja mergulhar nas origens do cristianismo de maneira simples e direta. O autor, Ion de Veer, faz um excelente trabalho ao trazer à tona os aspectos mais significativos dos primeiros dias da Igreja, expondo como o cristianismo cresceu de forma explosiva no primeiro século da era cristã. Expõe aspectos importantes dos eventos relatados em Atos, explica detalhes relevantes da cultura e sociedade da época e aborda detalhes dos personagens do livro de Atos, que tantas vezes passam despercebidos.
Este comentário de Atos dos Apóstolos é perfeito para quem procura entender melhor a fundação e a expansão da Igreja Cristã de uma forma que é tanto informativa quanto inspiradora. Ele nos conecta com a mensagem do Evangelho que os primeiros cristãos espalharam pelo mundo, mostrando como esses ensinamentos são eternos e relevantes para a nossa vida cotidiana."
Fred Roland Bornshein
Pastor da Convenção das Igrejas Evangélicas Livres no Brasil.
Professor no Seminário Teológico Betânia de Curitiba
e na Faculdade Fidelis.
Sumário
Prefácio
Propósito
Introdução
Contexto histórico
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Conclusão
Posfácio
Prefácio
Há um cenário peculiar em nossos dias. O mundo tem percebido cada vez mais a força e o impacto do fenômeno religioso. Há de fato uma marcante efervescência da fé em toda parte, principalmente nos momentos de crise social e econômica. Os evangélicos têm ampliado sua presença de maneira extraordinária em todo o mundo, principalmente na América Latina, Ásia e África, sendo o Brasil um dos principais países evangélicos do mundo atualmente.
Diante dessa realidade, vale destacar a importância dos estudos bíblicos, já que as Escrituras são a principal fonte de influência religiosa da história da fé da tradição cristã. Para lidar com a fé, o conhecimento bíblico é indispensável. Por isso, é muito importante ressaltar o enfoque de uma teologia que se define a partir da leitura atenciosa e dedicada da Palavra Divina.
Foi com essa diretriz que o autor de Nos passos de Lucas: os Atos dos Apóstolos no 1º século, segundo Lucas, Ion de Veer, se dedicou a elaborar uma caminhada histórica, teológica e didática pelos Atos dos Apóstolos. É com muita alegria que saudamos a publicação dessa obra em nosso contexto brasileiro e lusófono.
Sendo um livro mais do que fundamental de todo o conjunto do Novo Testamento, Atos dos Apóstolos, o único histórico da coleção, nos apresenta o cristianismo raiz
, a comunidade da fé primeira, que caminhou sob os ensinos de Jesus e dos Apóstolos, em sua trajetória extraordinária de missão, eclesiologia, crescimento numérico e prevalência no mundo greco-romano do primeiro século. Não há dúvida de que um cristianismo bíblico e responsável jamais poderá olvidar as diretrizes do livro de Atos.
O trabalho do dedicado servo do Senhor, meu amigo Ion, passeia por Atos, trazendo um comentário conciso, objetivo e prático, rico de ilustrações, mapas e descrições didáticas, de modo a beneficiar o leitor a se ambientar não só no contexto geográfico (espacial), mas também no histórico (temporal), para assim organizar com nitidez a trajetória da igreja primitiva. E, apesar de não se definir como obra erudita e exaustiva, Nos passos de Lucas nos apresenta uma pesquisa responsável, muito bem fundamentada em uma bibliografia adequada e consistente.
Portanto, meu desejo é que este trabalho de relacionar a riqueza espiritual extraordinária da primeira comunidade de seguidores de Jesus encontre guarida na vida de todos que irão receber e ler esta obra para que uma vez mais o nome de Cristo Jesus seja glorificado e que o Reino de Deus avance vitoriosamente.
São Paulo, janeiro de 2024.
Luiz Sayão
Propósito
O senhor entende o que está lendo? [...] Como posso entender se alguém não me explicar? (At 8.30s). Esse diálogo aconteceu entre Filipe e um oficial etíope, que lia as páginas do livro de Isaías sem, no entanto, entender o conteúdo.
O objetivo deste trabalho é ajudar o leitor a entender o cenário, as motivações e o conteúdo do livro de Atos, com base nos escritos de Lucas. A realidade do primeiro século era bem distinta da nossa, razão pela qual precisaremos tentar compreender o que está por trás das palavras.
Além do estudo e pesquisa, visitei (autor) diversos dos locais citados por Lucas, que hoje são sítios arqueológicos situados em Israel, Turquia e Grécia. Isso contribuiu muito para a compreensão dos fatos.
Recomendo este conteúdo como apoio ao texto bíblico, pois nada substitui a própria Bíblia, a Palavra de Deus. Na minha composição usei como texto base a Bíblia NVI (Nova Versão Internacional), mas recomendo que outras versões sejam consultadas.
Tal qual eu fui abençoado, peço que Deus inspire e impacte de maneira significativa a vida de todos os que quiserem embarcar nessa viagem, para poderem compartilhar que a Igreja de Jesus Cristo continua viva e ativa!
Introdução
O livro de Atos é a continuação do Evangelho de Lucas, provavelmente concluído por volta de 70 d.C. Lucas é o único autor bíblico não judeu, e o único a escrever sobre os trinta primeiros anos da Igreja. Inicia o texto com o movimento de expansão da Igreja em Jerusalém e culmina com os confins da terra
, representado pelo domínio imperial de Roma. No entanto, este livro não é como os outros que tem um começo e um fim. Lucas inicia a narrativa, mas não a termina, pois, a história da Igreja ainda não terminou.
Quanto ao autor, sabemos que era médico (Cl 4.14), possivelmente incircunciso¹, que provavelmente nasceu na cidade de Antioquia da Síria, sendo, portanto, um cidadão romano de origem grega. Lucas tinha um patrocinador chamado Teófilo (Lc 1.3), que era da cidade de Antioquia e de elevada posição política e social, ao ponto de Lucas se dirigir a ele como excelentíssimo Teófilo
. Tudo indica que Teófilo fosse cristão, razão do seu interesse pelo tema.² Lucas não conheceu Jesus pessoalmente, mas realizou uma intensa pesquisa, tanto com testemunhas oculares, quanto nos documentos já existentes (Lc 1.1-4),
o que resultou na confecção de uma obra literária sem precedentes, que se iniciou com o Evangelho de Lucas e culminou com Atos dos Apóstolos.
Pelo estilo literário, torna-se claro que Lucas era um grego, bem instruído e um ótimo historiador. Paulo escreveu a respeito dele em Colossenses 4.14, como o médico amado
³, o que pressupõe uma relação de proximidade e de confiança mútua. No momento mais difícil do aprisionamento de Paulo em Roma, ele afirma: somente Lucas esteve comigo. Essas palavras corroboram com a tradição cristã de que Lucas permaneceu com Paulo até o fim.⁴
Lucas já era cristão antes de conhecer Paulo, mas sua vida foi profundamente impactada pelo testemunho do amigo e passou a acompanhá-lo a partir da segunda viagem missionária. Escritos antigos sugerem que Lucas morreu na Grécia, aos 84 anos, solteiro e sem filhos.⁵
Agora vamos voltar os olhos para os protagonistas da obra literária de Lucas. Mesmo o livro sendo conhecido como: Atos dos Apóstolos
, (o nome não foi dado pelo autor), dois apóstolos são destacados nesta obra, Pedro e Paulo, e algumas poucas alusões são feitas a João.
O livro de Atos começa dando destaque a Pedro. Mesmo nos Evangelhos, principalmente nos três primeiros (Sinóticos), ele chamou atenção, possivelmente pela semelhança com as nossas próprias contradições e ambiguidades. Foi a pessoa que mais recebeu elogios e reprimendas de Jesus. Simão, nome original, nasceu em Betsaida (Jo 1.44) às margens do Mar da Galileia, mas posteriormente foi morar em Cafarnaum, vilarejo muito próximo da sua cidade natal. Seu pai se chamava João e seu irmão, André. Após o encontro com Jesus, ele passou a ser chamado de Cefas, que traduzido quer dizer Pedro (Jo 1.42). Ele, e seu irmão, viviam da pesca. No entanto, a vida de Simão tomou um novo rumo, quando seu irmão André, um possível simpatizante de João Batista, fora impactado pela mensagem e o batismo de arrependimento de João, na margem oriental do Rio Jordão. A Bíblia relata que certo dia, enquanto João pregava, possivelmente com André na plateia, surgiu inesperadamente um novo personagem, o próprio Jesus, e João movido pelo Espírito afirmou: Vejam! É o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo e conclui seu discurso dizendo Eu vi e testifico que este é o Filho de Deus (Jo 1.29-34). André não se conteve e compartilhou a experiência com Simão, dizendo: Achamos o Messias (isto é, o Cristo). E o levou a Jesus (Jo 1.41s).
Simão, diante do convite de Jesus em segui-lo, não hesitou, e prontamente se dispôs a abandonar tudo por Jesus. No entanto o fato mais marcante da sua vida de contradições se refere ao período que antecedeu a crucificação. Enquanto Judas, às escondidas, armava uma complexa trama de traição contra o Mestre, Pedro em alto e bom som jurava fidelidade a Jesus, chegando a cortar a orelha de um dos servos da guarda do templo, no momento da prisão do Mestre. Enquanto Jesus curava o mutilado, Pedro, temendo pela própria vida, fugiu e se escondeu no pátio da Casa do Sumo Sacerdote Caifás, somente para ver o que aconteceria com Jesus. Ele foi reconhecido como um dos seguidores de Jesus e, dominado pelo medo, afirmou categoricamente desconhecer o Mestre.
Após a ressurreição, Jesus foi ao encontro de Pedro. Sabia que precisava restaurá-lo, pois do contrário, ele poderia ter um destino semelhante ao de Judas. A culpa, a sensação de total incompetência e a derrota assolavam Pedro e Jesus graciosamente lhe ofereceu o perdão. Esse foi o momento da grande virada da vida de Pedro, pois apesar de um passado turbulento, ele se sentiu perdoado e aceito por Jesus. A partir desse momento, em resposta ao amor irrestrito do Mestre, Pedro abraçou a missão de levar esse mesmo amor aos que não conheciam Cristo.
Pedro, conforme a impressão das autoridades judaicas, era uma pessoa comum e de pouca instrução (At. 4.13), possivelmente tendo somente a instrução básica oferecida a todos os meninos judeus na sinagoga local. Posteriormente, em consequência de suas viagens para o ocidente, deve ter aprendido o grego. Mesmo assim, quando necessário, pedia ajuda de terceiros, como Silas e Timóteo a fim de darem suporte para escrever suas cartas.
Pedro terminou seus dias na cidade de Roma. Não temos muitas informações sobre esse período, mas algumas tradições afirmam que ele preparou e enviou missionários para distintas regiões do império, escreveu cartas (1 e 2 Pedro), compartilhou seus conhecimentos com o evangelista Marcos, levou as verdades de Cristo para pessoas influentes e próximas ao imperador e entre 64 e 68 d.C., período do imperador Nero, foi preso, ficando por 9 meses na terrível Masmorra Marmetina, sendo por fim crucificado conforme a tradição, com os pés para o alto, pois se achou indigno de morrer conforme o Mestre.⁶
Quando falamos de Pedro em Roma, alguns questionam sobre o fato de ele ter sido realmente o primeiro Papa. Convém esclarecer, que a palavra papa
, quer dizer pai
, que era um título relativamente comum e frequentemente usado por líderes locais. Tudo indica que Pedro nunca reivindicou qualquer tipo de primazia, e conforme a história, somente após o 4° século, começou a haver uma hierarquia na Igreja, por influência do Imperador Constantino.⁷
Com respeito a Saulo (posteriormente chamado de Paulo), nasceu na cidade de Tarso, na Cilícia (At 21.39), um famoso centro da cultura grega, que ficava próxima da costa nordeste do Mediterrâneo. Tarso tinha um intenso comércio, pois unia pelas vias terrestres as rotas do ocidente com o oriente. Tinha uma planície rica em água em função do Rio Cydnus. Produzia cereais, uvas e o linho para a produção da roupa branca.
Também era famosa pela produção de feltro, um tecido grosso usado para fazer tendas, toldos, tapetes e velas de navios. Era feito a partir da lã das ovelhas negras que vagavam pelos vales da cordilheira do Taurus. Do couro, faziam-se sapatos. Paulo posteriormente se aprimorou na profissão de fazedor de tendas
.
Os habitantes de Tarso eram ávidos pela educação e filosofia e, segundo críticos da época, já haviam ultrapassado Atenas e Alexandria em muitos quesitos do conhecimento. Um dos mais renomados filósofos da época, Filo Judaeus, era membro de uma das mais ricas e cosmopolitas famílias de Alexandria e havia sido educado na Septuaginta, a melhor tradução grega que se tinha do Antigo Testamento, que havia sido elaborada em torno do Século 3 a.C. por um grupo de 70 rabinos de Alexandria.⁸ Filo encarnava a melhor tradição do racionalismo judaico⁹, e teve muita influência sobre a formação de Saulo e Apolo, pois ensinou tanto em Alexandria quanto em Tarso. Sobre este último falaremos em momento oportuno. Saulo foi alfabetizado na Bíblia Grega da época, a Septuaginta, e além de aprender a ler e a escrever, conforme a tradição tinha que decorar muitos trechos (2Tm 3.15), que depois se tornaram a fonte de inspiração para seus ensinamentos.
Tarso era famosa por suas escolas de retórica, e cremos que Saulo deva ter frequentado as mesmas. Se tentarmos atualizar o contexto, diríamos que Tarso seria uma cidade universitária, com inúmeras mentes pensantes, o tipo da cidade do vale do silício
dos nossos dias. Todos os alunos eram instruídos no aramaico e grego (as duas línguas mais faladas na época).
Temos uma dúvida quanto à idade de Saulo. Existem diversas linhas de pesquisa, mas vou me ater a duas. A primeira, é de N. T. Wright, em seu livro Paulo, uma Biografia, na qual ele sustenta que Saulo possivelmente nasceu entre 5/10 d.C., deixando vago quanto aos seus ancestrais, afirmando somente que sua conversão se deu no ano 33 d.C.¹⁰ Outra linha usada por Jerome O’ Connor, detalhada em seu livro Paulo – Biografia Crítica, sustenta que Saulo nasceu em aproximadamente 6 a.C., e que sua conversão se deu em 33 d.C. Ele sugere que os ancestrais de Paulo seriam de origem galileia e teriam sido escravizados pelo exército romano, sendo levados para a cidade de Tarso, onde posteriormente foram alforriados pelos seus senhores.¹¹ Em resumo, sob a ótica desses dois historiadores, temos um hiato de tempo, que pode chegar a 15 anos quanto à data de nascimento de Saulo, mas não divergem quanto à data da sua conversão.
Outra divergência entre os críticos é sobre o estado civil de Paulo. Ele era fariseu e se preparava para ser um rabino, o que pressupõe que ele cogitava se casar. Era impensável um rabino solteiro. Paul Johnson em sua clássica obra História dos Judeus escreve que o casamento era compulsório para os homens e para as mulheres na idade de ter filhos
.¹² De qualquer forma não temos certeza sobre os fatos. Uma possibilidade é que Paulo tenha se casado e eventualmente enviuvado. Outra possibilidade é que após sua conversão, sua esposa e familiares não tenham aceitado sua nova postura radical cristã
, vista como sendo contrária ao judaísmo, o que poderia ter forçado
um divórcio. Outra é que Paulo, vendo a dificuldade de levar o Evangelho aos povos pagãos, com risco de prisões e perseguições, fatos que realmente aconteceram, não tenha desejado a companhia da esposa, o que também poderia ter sido motivo de divórcio ou separação. Em resumo, fica uma enorme interrogação; mas aparentemente ele era viúvo ou divorciado, e com uma menor probabilidade de ser simplesmente separado.
Em função de todo o seu passado de perseguição à Igreja, Paulo se considerava o menor dos apóstolos (1Co 15.9). Há uma descrição paralela, detalhando os traços físicos de Paulo, afirmando que se tratava de uma pessoa de baixa estatura, calvo e de pernas tortas, com o corpo bem conservado, as sobrancelhas unidas e o nariz um tanto adunco, cheio de afabilidade; ora parecia um homem, ora tinha o rosto de um anjo.¹³
Lucas nos informa que Paulo tinha uma irmã casada que morava em Jerusalém, e que seu filho alertou os romanos sobre a intenção das autoridades judaicas de estarem orquestrando um plano para assassinar Paulo (At. 23.16).
Havia a possibilidade de os jovens em melhores condições financeiras complementarem seus estudos no exterior. Saulo se encaixava nesse padrão e tinha algumas alternativas, como a Babilônia, Alexandria ou Jerusalém; mas acabou optando pela última. Como o estudo da retórica não costumava durar mais do que quatro anos, é possível que Saulo tivesse feito algum estudo complementar em Tarso, talvez direito. Segundo O’ Connor ele partiu para Jerusalém em torno dos seus 20 anos, isto é, por volta de 15 d.C.
Como sua conversão aconteceu em torno de 33 d.C., significa que ele morou em Jerusalém por muitos anos antes de se tornar cristão. Surge a curiosidade, será que nesses anos todos, Saulo nunca viu Jesus em Jerusalém? Paulo admite que conhecemos Cristo na carne (2Co 5.16), o que possivelmente
indique que tivesse visto Jesus antes da sua conversão. Também é improvável que Saulo, com todo seu ardor em perseguir os cristãos, não tivesse se informado e pesquisado sobre o fundador do movimento. Jesus costumava comparecer em Jerusalém com seus discípulos, cumprindo os requisitos da lei, nas datas das grandes festividades religiosas.
Em Tarso havia uma considerável comunidade judaica decorrente da diáspora (dispersão dos judeus pelo império romano). Seu pai era um zeloso praticante da lei judaica, fiel à seita dos fariseus e descendente da tribo de Benjamim. Conforme a lei, Saulo foi circuncidado no oitavo dia e educado segundo as mais rígidas tradições farisaicas, ao ponto de se intitular irrepreensível quanto à lei (Fl 3.5,6). Por nascimento tinha o direito à cidadania romana (At 22.28), o que lhe abriu portas e direitos para transitar livremente por todo o império. Para provar a cidadania romana ele teria que carregar um pequeno díptico
(pequena placa de madeira dobradiça) que continha o precioso certificado, e se fosse contestado pelo magistrado, era preciso apresentar as testemunhas originais que a assinaram".¹⁴
Para qualquer judeu devoto, instruir seu filho no zelo e prática religiosa, era um imperativo. Todos os meninos tinham uma instrução básica nas sinagogas locais, entre os 5 e 12 anos. Como já afirmamos, em algumas cidades diferenciadas, havia a possibilidade de se estudar oratória, o que poderia durar até quatro anos. Pela fluência verbal de Saulo, é possível que tenha se especializado nessa competência. Após esse período, somente os bem abonados e influentes na comunidade poderiam enviar seus filhos para estudar junto aos grandes Rabinos nas grandes cidades. Lá eles se tornariam Escribas (voltado ao contexto jurídico) ou Mestres da Lei — Rabinos (interpretação da Lei Divina). Saulo por volta dos seus 20 anos¹⁵, teve a oportunidade de estudar com um dos maiores mestres da época, Gamaliel. Este dera sequência a uma escola fundada por seu avô Hillel, um verdadeiro ícone no contexto rabínico judaico.¹⁶ Saulo, tal qual seu pai, fazia parte do partido dos Fariseus, portanto, um zeloso praticante das leis e tradições judaicas.
Após o evento do martírio de Estevão, a imagem de Saulo passou a ser associada à discriminação e à violência. Mesmo após anos, Paulo nunca se sentiu bem-vindo
em Jerusalém e sempre pairaram dúvidas quanto às suas reais intenções, o que gerou desconforto e desgaste nas relações, especialmente com Pedro. Isso acabou fortalecendo sua convicção de levar o Evangelho aos gentios (povos não judeus).
Em Romanos 16.13, Paulo afirma: Saudai Rufo, eleito no Senhor, e a mãe dele, que é também minha. Não temos certeza, mas existe a possibilidade de tratar-se da mãe natural de Saulo, e Rufo poderia ser seu irmão, ou já poderia ser filho de um segundo casamento, em função de uma possível viuvez da mãe de Saulo.
Paulo, durante suas viagens missionárias, fundou inúmeras igrejas na Ásia, Macedônia e Grécia, com destaque para Éfeso e Corinto, onde permaneceu por longos períodos. No ano 60 chegou como prisioneiro em Roma, quando Lucas encerrou sua biografia. A tradição afirma que após um período de prisão domiciliar de dois anos, ele foi solto no ano de 62, pois seus acusadores de Jerusalém nunca foram a Roma (2.400 quilômetros de distância) para formalizar as denúncias.
Existem especulações e suposições em funções de cartas escritas por Paulo no fim da sua vida, particularmente as cartas pastorais como 1 e 2 Timóteo e Tito. É bem provável que tenha feito uma viagem rápida à Espanha após o ano 62, e posteriormente se dirigido ao Oriente, dando apoio a Tito na Ilha de Creta, e em outros locais que não estão devidamente documentados. Paulo tinha uma preocupação grande com Timóteo, que era o pastor de Éfeso, e o seu último escrito, a 2 Carta a Timóteo, deve ter sido escrita por volta do ano de 67, quando ele estava preso na Prisão Marmetina, em Roma.
O cenário mudou, e os cristãos passaram a ser perseguidos de forma brutal no Império Romano, sob as ordens de Nero. A tradução que Jerônimo fez da Crônica de Eusébio atribui um intervalo de quatro anos entre o grande incêndio de Roma e o início da perseguição aos cristãos.¹⁷ Como o incêndio iniciou no dia 18 de julho de 64 d.C.¹⁸, a perseguição teria iniciado no fim de 67 e culminou no ano de 68 (ano da morte de Nero), no entanto não temos certeza desses fatos.
O’Connor afirma que, em virtude do caos reinante em Roma, Paulo voltou a Roma para dar apoio à Igreja, já perto dos seus 70 anos.¹⁹ Sabia do risco que corria, mas não podia se omitir em se fazer presente naquele momento tão crítico.²⁰ Aconteceu o esperado, Paulo acabou sendo preso. Entendemos que a forma da morte de Paulo, decapitação, significa que ele foi condenado por um tribunal regularmente constituído. Não sabemos onde se realizou a execução nem onde foi enterrado
²¹, apesar de haver sítios arqueológicos supostamente atribuídos a esses locais.
Notas
1 DOUGLAS, J. D. O Novo Dicionário da Bíblia. (São Paulo/SP: Vida Nova, 2006): 806.
2 MARSHALL, I. Howard. Atos: Introdução e Comentário. (São Paulo/SP: Vida Nova, 2006): 56.
3 DOUGLAS, O Novo Dicionário da Bíblia, p. 806.
4 VERMES, Geza. Quem é Quem na Época de Jesus. (Rio de Janeiro/RJ: Record, 2008): 196.
5 Lucas, o Evangelista, in: Wikipédia. Disponível em: https://cutt.ly/0ecokVu3 (acesso em 16/04/2023).
6 BARROS, Aramis C. Doze Homens e Uma Missão. (São Paulo/SP: Hagnos, 2020): 300.
7 Ibid, p. 321.
8 Qual é a história da Septuaginta (LXX — Setenta)?
, in: a Bíblia. Disponível em: https://cutt.ly/mecolwuu (acesso em 16/04/2023).
9 JOHNSON, Paul. História dos Judeus. (Rio de Janeiro/RJ: Imago, 1989): 157.
10 WRIGHT, N.T. Paulo: uma Biografia. (São Paulo/SP: Thomas Nelson, 2018): 477.
11 O’CONNOR, Jerome, Paulo — Biografia Crítica. (São Paulo/SP: Loyola, 2000): 24, 53.
12 JOHNSON, História dos Judeus, p. 208.
13 O’CONNOR, Paulo — Biografia Crítica, p. 58.
14 Ibid, p. 55.
15 Ibid, p. 67.
16 Hilel
, in: Morashá. Disponível em: https://cutt.ly/xecold7v (acesso em 16/04/2023). Hilel: Doutor da Lei em Jerusalém no tempo do rei Herodes, fundador da escola Bet Hillel e ancestral dos patriarcas que estavam à frente do judaísmo palestino até cerca do quinto século. Hilel era babilônico de nascimento e, de acordo com a tradição, pertencia a família de Davi.
17 O’CONNOR, Paulo — Biografia Crítica, p. 371.
18 BARROS, Doze Homens e Uma Missão, p. 300.
19 O’CONNOR, Paulo — Biografia Crítica, p. 371.
20 Ibid, p. 372.
21 Ibid, p. 374.
Contexto histórico
Por séculos, Israel esteve sob o domínio de outras nações. Lembramo-nos do exílio na Babilônia, quando em 597 a.C. Nabucodonosor conquistou a Judeia e levou a nação ao exílio. Posteriormente Dario conquistou a Assíria e a Pérsia, passando a dominar toda a região. Após setenta anos, muitos judeus lentamente voltaram ao seu território, mas sob total subjugação aos estrangeiros.
Em 336 a.C¹ emergiu uma nova potência, que em poucos anos passou a dominar o mundo por meio de Alexandre, o Grande. A Grécia derrotou os persas e egípcios, seus grandes adversários. Alexandre teve uma morte prematura em 323 a.C², e o reino foi dividido entre seus quatro principais generais. No nosso contexto interessam os ptolomeus, que passaram a governar a região da Judeia e o Egito; e os selêucidas, responsáveis pela Síria e o que hoje conhecemos como Irã e Iraque. Na sequência os selêucidas invadiram e derrotaram os ptolomeus e assumiram o controle de todo o Oriente.
No ano de 167 a.C. apareceu um personagem selêucida, que tinha verdadeiro ódio dos judeus, Antíoco Epifânio. Sua base era a cidade de Antioquia da Síria, uma homenagem ao seu nome. Ele invadiu e derrubou as muralhas de Jerusalém, massacrou milhares de pessoas e ordenou a destruição das escrituras judaicas. Trouxe prostitutas para o templo e mandou executar qualquer pessoa que praticasse a circuncisão. O ultraje final aconteceu em dezembro quando ele invadiu o templo e sacrificou um porco em honra ao deus grego Zeus
.³
A resposta dos judeus foi tão violenta que através de táticas de guerrilha Um sacerdote chamado Matatias, conhecido como o Hasmoneu; desobedeceu às ordens de Antíoco Epifânio, e juntamente com seu filho, Judas, o Macabeu, conhecido como ‘o martelo’, liderou um exército de dissidentes, e por volta de 165 a.C. reconquistaram Jerusalém. O general Lísias (romano) preocupado com os conflitos, concede liberdade religiosa aos judeus. Os Macabeus limparam e purificaram o templo, reinstituindo o culto judaico e nomearam o irmão de Judas, Jônatas, sumo sacerdote
.⁴ Nos anos que se seguiram, Israel teve um período de liberdade política, mas sua autoridade sacerdotal nunca foi considerada legítima, pois não faziam parte da Tribo de Levi (Lv 21). Em 63 a.C., o general romano Pompeu chegou do Norte com todo o poderio romano para conquistar a Palestina, mas nesse momento, Antípatro (Pai de Herodes, o Grande), intermediou uma negociação para evitar uma derrota sangrenta, na qual Israel não teria qualquer chance de sucesso. A nação se rendeu a Roma e se tornou um país vassalo.
A nação de Israel, com todo o zelo e fervor, clamava por um libertador, um Messias que pudesse devolver a independência e restaurar um reino de esplendor como nos tempos do Rei Davi e Salomão. A maioria dos líderes religiosos cria que a vinda do Messias estaria vinculada à sua fidelidade, demonstrada na devoção completa quanto à prática das leis deixadas por Moisés no Pentateuco (Torá), e nas interpretações da lei oral (Talmude), o que implicava a observância de rituais e costumes. Entre esses rituais, os mais comuns eram: guardar o sábado, a circuncisão, o cumprimento das leis alimentares, e não se deixar contaminar pelas práticas pagãs dos povos estrangeiros.
Havia muitos partidos ou movimentos religiosos em Judá nessa época. No entanto, os que prevaleciam eram os saduceus e os fariseus. Os primeiros criam na Lei e nos Profetas, mas não criam na vida após morte. Secretamente pactuavam com as autoridades romanas, e consequentemente gozavam de privilégios, riquezas e os maiores postos políticos na Judeia. Os fariseus eram mais ligados ao povo, criam na vida eterna, e eram mais rígidos quanto à aplicação da lei nos usos e costumes do dia a dia.
Roma era uma nação supersticiosa e permitia que os povos conquistados cultuassem seus próprios deuses, desde que o panteão romano e o próprio imperador fossem considerados divinos. Para o povo judeu, essa era uma condição impensável, pois somente Yahweh era Deus, e seu mensageiro e libertador, o Messias, era esperado por todos. O que passasse disso era puro paganismo.
Esse posicionamento gerou muitos conflitos e mortes, e após inúmeras negociações, Roma, por meio de Júlio César abriu uma exceção a essa nação insubmissa
, permitindo a todos, em qualquer parte do reino, que formalmente se declarassem judeus, de estarem desobrigados das práticas religiosas dos povos locais, desde que em seus rituais religiosos, intercedessem em favor do imperador
.⁵ Essa posição nem sempre foi respeitada pelos romanos, pois viam os judeus como um povo arrogante e elitista, que não queriam envolvimento com os outros povos, ao ponto de desprezar seu costumes e crenças. Mas o que mais causava abominação era a prática da circuncisão, o que era entendido como uma total estupidez, e que em algumas ocasiões chegou a ser proibida, sendo os praticantes ameaçados de morte.
À medida que caminharmos pelas páginas escritas por Lucas, perceberemos que com este zelo quanto ao culto e o consequente distanciamento dos povos considerados pagãos, aconteceu um grande entrave para a expansão do Evangelho. Mesmo dentro da Igreja não havia consenso, sendo que muitos exigiam que os gentios (povos não judeus) aderissem formalmente ao judaísmo para se tornarem cristãos plenos. Paulo combateu ferrenhamente essa doutrina, alegando que Cristo, por meio de sua morte e ressurreição, havia cumprido completamente todas as exigências da lei de Moisés.
Chegou a hora de mergulharmos nas páginas do livro de Atos. É uma obra inspirada pelo próprio Deus, a qual nos aproxima das nossas próprias limitações, preconceitos e crenças, mas ao mesmo tempo nos inspira a viver em total dependência de Deus, pois jamais conseguiremos viver e compartilhar essas verdades somente pela nossa própria vontade e decisão.
Notas
1 DOUGLAS, O Novo Dicionário da Bíblia, p. 27.
2 Ibid, p. 27.
3 JOFFE, Lawrence. História Épica do Povo Judeus. (São Paulo/SP: M. Books, 2017): 100.
4 Ibid, p. 101.
5 O’CONNOR, Paulo — Biografia Crítica, p. 55.
Capítulo 1
Os primeiros capítulos de Atos tratam de fatos ocorridos na cidade de Jerusalém. Afinal, como era esta cidade? O que ela tinha de especial? Quantas pessoas moravam lá e o que faziam? Na sequência podemos observar uma imagem da cidade de Jerusalém antes da sua destruição no ano 70. A ilustração foi extraída de uma maquete disponível no Museu de Israel.
Segundo Joachim Jeremias, a população de Jerusalém era de 25 a 30 mil habitantes, sendo que aproximadamente 18.000 eram sacerdotes e levitas, que estavam diretamente envolvidos nas atividades do templo¹. Durante as festas especiais, quando os judeus deveriam se reunir e penitenciar em Jerusalém, a população chegava a triplicar.
Uma representação da Jerusalém do primeiro século. (Imagem: Albeiro Rodas
(Albeiror24 at Spanish Wikipedia), Attribution, via Wikimedia Commons)
Sob a dinastia herodiana, em especial o rei Herodes, o Grande (37a.C. a 4a.C.), Jerusalém conheceu um esplendor indescritível. Luxuosas construções marcaram seu governo, como a reconstrução do templo (20-19 a.C. a 62-64 d.C.), o qual fora construído em mármore amarelo, preto e branco.
O templo inteiro resplandecia em ouro. Herodes também construiu um palácio para sua moradia, a fortaleza Antônia, o teatro, o hipódromo, um aqueduto, entre outras grandes obras. Essas obras exigiam muitos recursos e mão de obra. Para dar início à restauração do templo, foram contratados dez mil operários leigos e mil sacerdotes. Herodes também tinha um viés desportivo
, pois a cada quatro anos promovia um tipo de olimpíada
em Jerusalém.
Além dos clérigos e das pessoas envolvidas na construção civil (arquitetos, carpinteiros e artífices), havia uma intensa atividade artesanal em Jerusalém; como os ferreiros, padeiros, curtidores, copistas, sapateiros, alfaiates, além de comerciantes de linho, lenha, betume, etc. Também merecem destaque as atividades ligadas à produção de azeite, vinho, bálsamos e resinas; que em grande parte eram utilizados nos incensos do templo. Como exemplo, podemos citar o Getsêmani, palavra que significa lagar, situado aos pés do Monte das Oliveiras, onde havia uma prensa para se espremer uvas e azeitonas com o intuito de produzir os bálsamos. Muitas cidades vizinhas forneciam matéria-prima para as atividades religiosas de Jerusalém, como Belém, onde grande quantidade de ovelhas e cabritos eram criados em função dos sacrifícios no templo.
Do ponto de vista socioeconômico, podemos dividir a sociedade em três classes. Primeiramente os ricos, sobressaindo-se os integrantes da corte do rei Herodes, que tinha muitos súditos, desde sua guarda pessoal, aproximadamente 600 homens, inúmeros conselheiros, auxiliares e serviçais, os quais eram responsáveis pela rotina diária da corte. Estima-se que mais de mil pessoas viviam em torno da corte.
Também havia muitas pessoas ricas e influentes no Sinédrio, a Suprema Corte Judaica, formada na sua maioria pelos saduceus, os quais tinham muitos privilégios no contexto judaico-romano. Convém lembrar que Nicodemos, Caifás, Anás, José de Arimateia, entre outros, faziam parte desse seleto grupo. Não podemos nos esquecer de que José de Arimateia cedeu seu túmulo particular, uma gruta escavada numa rocha, a qual nunca havia sido utilizada, para o sepultamento de Jesus.
A classe média era composta por pequenos negociantes e artesãos, que expunham seus produtos em lojas próprias ou mercados. Essa classe gozava de maiores oportunidades, caso suas atividades estivessem ligadas ao templo ou aos peregrinos.
Por último vem a classe dos pobres, constituída em grande número pelos diaristas, viúvas e escravos. Aparentemente não havia muitos escravos em Jerusalém, esses mais circunscritos à corte de Herodes, onde realizavam atividades domésticas. No entanto as viúvas e os diaristas acabavam se sujeitando à miséria de 1 denário por dia (valor de uma refeição). A situação deles se tornava catastrófica quando não encontravam trabalho.²
Grande parte da igreja incipiente era formada pelos pobres, que no seu desespero eram acolhidos pelos nazarenos (como eram chamados os seguidores de Jesus de Nazaré). Há relatos de pessoas de outras classes fazendo parte desse grupo, como sacerdotes, fariseus e funcionários da corte de Herodes. Outros ainda doavam recursos e até propriedades visando prover o sustento para a classe mais sofrida.
Uma das preocupações das viagens de Paulo foi arrecadar fundos para os necessitados de Jerusalém. Sobre esses fatos e outros falaremos na sequência. Agora que já conhecemos os nossos interlocutores, vamos nos voltar ao texto no primeiro capítulo de Lucas.
A ascensão de Jesus (At 1.1-11)
Já nas primeiras linhas, Lucas deixa claro que este era uma sequência do seu primeiro livro, o Evangelho de Lucas, o qual ele havia escrito a respeito de tudo o que Jesus começou a fazer e ensinar, até o dia em que foi elevado aos céus (vv. 1,2). O autor queria que ambos os manuscritos fizessem parte da mesma obra, transmitindo uma unidade entre a história de Jesus e o ministério subsequente, iniciado através da sua igreja.³ O Evangelho narra aquilo que Jesus começou a fazer e ensinar, e Atos relata aquilo que ele continuou a fazer e ensinar mediante as atividades de suas testemunhas. Há fortes indícios de que Teófilo fosse cristão e uma pessoa de destaque e posses na cidade de Antioquia da Síria. Ele era o patrocinador de Lucas, e seu nome significa: aquele que ama a Deus
.⁴ Tudo indica que Teófilo queria que esse conhecimento pudesse ser transmitido às futuras gerações.
Passaram-se quarenta dias do domingo da Páscoa até a terça-feira da Ascensão⁵, período em que Jesus havia dado muitas provas de estar vivo (v. 3). Lucas relata no seu Evangelho que entre os discípulos e demais seguidores houve alguns que duvidaram da ressurreição (Lc 24). No entanto vamos nos ater às evidências bíblicas quanto às provas da ressurreição:⁶
• Sua tumba estava vazia na manhã da Páscoa (Jo 20.4-9).
• Ele apareceu vivo aos apóstolos e outros discípulos na mesma manhã (Lc 24.13-31; Jo 20.19,20).
• Ele convidou testemunhas para tocar seu corpo ressuscitado e examinar suas feridas (Lc 24.36-43; Jo 20.26-29).
• Ele apareceu ressuscitado para mais de 500 pessoas (1Co 15.6).
• Apareceu para o maior inimigo da Igreja, Paulo de Tarso, transformando-o em seu mais zeloso apóstolo (At 9.1-19).
O apóstolo Paulo fez questão de destacar que o Cristo ressurreto também apareceu a mim, como a um que nasceu fora do tempo (1Co 15.7,8). A credencial para ser um apóstolo era que ele fosse testemunha ocular da ressurreição de Cristo.⁷ Todos os doze discípulos, já incluindo Matias, como veremos na sequência, conviveram com Jesus após sua ressurreição, mas Paulo só teve um encontro real com Jesus, anos mais tarde, no momento da sua conversão na estrada de Damasco (At 9.4,5), razão de ele usar a expressão como um que nasceu fora do tempo
.
Agora Jesus não estaria mais fisicamente presente neste mundo, mas sua vida continuaria entre nós, através da sua igreja (1Co 12.13). Jesus partiria, mas seu Espírito viria para dar continuidade à obra que Cristo iniciara (vv. 5,8). Conforme o apóstolo João, a vinda do Espírito estaria condicionada à partida de Jesus (Jo 7.39).
Jesus priorizava os momentos de comunhão, especialmente os das refeições. Eram períodos de descontração, longe das distrações e preocupações do dia a dia. Eram ótimas oportunidades para o ensino e orientações. De acordo com o texto, neste dia em especial ele tinha algo muito importante para compartilhar, pois partiria em poucos dias, mas não os deixaria órfãos: o seu Espírito continuaria a obra que ele iniciara. Era uma promessa do Pai (v. 4).
Havia a preocupação de que os discípulos se dispersassem pela Galileia, e para evitar essa situação Jesus os orientou a ficarem em Jerusalém esperando pela promessa do Pai. Enfim se cumpriria o que os profetas haviam predito há séculos (Is 32.15; Jl 2.28-32). O Espírito Santo viria e habitaria de maneira definitiva na vida dos convertidos (At 2.33,38,39;
Gl 3.14; Ef 1.13). Seriam batizados pelo Espírito Santo (vv. 5,8), que segundo
Marshall significava serem imergidos, ou inundados totalmente com o Espírito Santo, e dessa forma teriam poder e sabedoria⁸ para serem testemunhas do Evangelho de Cristo (v. 8). Receberiam ajuda para enfrentar as fraquezas e tentações, além da intercessão do próprio Espírito a seu favor
(At 2.33,38,39; Gl 3.14; Ef 1.13).
Parece que os discípulos não entenderam o que Jesus estava falando, ou não tinham a real consciência sobre o fato de que ele estava prestes a partir. Eles tinham outros interesses e subitamente perguntaram: Senhor, é neste tempo que vais restaurar o reino de Israel? (v. 6), ao que Jesus prontamente respondeu: Não lhes compete saber tempos ou as datas que o Pai estabeleceu pela sua própria autoridade (v. 7).
Fica claro que os discípulos sonhavam com um reino poderoso e independente, como nos tempos de Davi e Salomão, ou mais recentemente, o reinado dos macabeus (164 a 63 a.C.)⁹, no qual houve um curto período de independência. No fundo, aspiravam uma monarquia totalmente independente de Roma, e certamente nutriam uma frustração por Jesus não ter assumido o reinado político nos anos de sua popularidade, época de inúmeros sinais e milagres.
Agora uma nova oportunidade se apresentava, Jesus havia ressuscitado, fato que lhe traria grande poder e visibilidade. Portanto, no pensar dos discípulos esse era o momento ideal para Jesus assumir o novo reino, e eles, sem dúvida, seriam os seus ministros, pois afinal, haviam passado por um período de intenso treinamento nos últimos três anos.
O poder fascina, e Jesus percebendo esse fato, introduz um novo conceito de reino e poder. Eles seriam ministros, porém não de um reino físico estampado em um mapa, mas de um Reino que consiste em valores e de um estilo de vida que só pode ser vivido na capacitação dada pelo próprio Deus, razão pela qual receberiam o poder do próprio Espírito Santo para viverem e testemunharem esse Reino, começando por Jerusalém, Samaria e até os confins da terra
(v. 8). O Reino a partir desse evento não teria mais limites. John Stott afirma que o Reino de Deus
seria espiritual quanto ao caráter (transformando a vida e os valores dos seus cidadãos), internacional quanto aos membros (incluindo gentios e judeus) e gradual quanto a expansão (começando em Jerusalém e expandindo-se até alcançar o fim dos tempos e do espaço terreno.¹⁰
Jesus não se deixa tomar pelo interesse dos discípulos e retoma o tema do Espírito Santo, pois é ele quem dará prosseguimento à obra que Jesus havia iniciado. Primeiro, Jesus relembra os tempos de João Batista, pois ele batizou com água, mas dentro de poucos dias eles seriam batizados com o Espírito Santo (v. 5). No judaísmo antigo, eram comuns os rituais de purificação através da imersão na água. Os peregrinos, antes de entrar no templo, se purificavam no tanque de Siloé, ou em outros, próprios para esse fim. João Batista fazia o mesmo no Rio Jordão. Ele chamava as pessoas ao arrependimento, pois a vinda do Messias era eminente, e como sinal de fé as pessoas eram imersas (batizadas) nas águas.
Agora Jesus afirma que seremos batizados com o Espírito Santo. Essa terminologia tem sido debatida e gerado muitas discussões e distorções no passar dos tempos. Algumas correntes teológicas defendem a ideia da conversão e o batismo com o Espírito como experiências distintas, tendo como evidência o falar em línguas. Há, porém, aqueles que entendem que o batismo com o Espírito se dá na conversão, quando somos batizados no corpo de Cristo pelo Espírito (1Co 12.13).¹¹
Embora o Espírito Santo já estivesse agindo antes, sua ação plena só começou no Pentecostes, pois só quando Cristo foi glorificado (assunto aos céus) é que o Espírito Santo foi derramado para estar sempre com sua Igreja. Lucas está falando da vinda definitiva do Espírito para habitar no seu povo e capacitá-lo com poder para testemunhar o Evangelho.¹²
Queremos dar um destaque especial ao verso 8, segundo as palavras de Jesus: Mas receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia e Samaria, e até os confins da terra (v. 8). Trata-se de um direcionamento missionário que deve anteceder a volta de Jesus. Segundo Hernandes Dias Lopes, não lhes bastaria o poder do intelecto, da vontade ou da eloquência humana. Era preciso que o Espírito agisse neles, dentro deles, e através deles.¹³
James Hastings afirma haver duas palavras na língua grega que destacam a palavra poder
: exousia e dunamis. A primeira se refere ao poder no sentido de governo e autoridade e a segunda significa habilidade e força. O poder que a igreja recebe não é político ou intelectual, mas um poder espiritual, pessoal e moral. A fonte desse poder é o Espírito Santo, e esse poder é dado para que a igreja seja testemunha de Cristo até os confins da terra.¹⁴ Em Atos o poder é muitas vezes demonstrado em curas e exorcismo (Lc 4.36; At. 3.12; 4.7; 5.17; 6.8; 6.19; 8.46; 9.1; 10.38), que podem ser interpretados como sinais da era do Reino.¹⁵
Veremos na sequência, como o Evangelho foi progressivamente se expandindo. Didaticamente falando, tudo começou em Jerusalém, o que consideramos o primeiro círculo. O segundo foi a Judeia, uma ampla região que circunda Jerusalém. O terceiro círculo, foi Samaria, uma região mais distante e de animosidades com Jerusalém. Já no final de Atos, chegamos aos confins da terra (v. 8). Muitos escritores judaicos e pagãos antigos acreditavam que o mundo acabava na costa Atlântica da Espanha, portanto, ali ficavam os confins da terra
.¹⁶ Possivelmente Paulo tivesse a mesma compreensão, razão pela qual fez questão de levar o Evangelho até a Espanha.
Enfim, chegamos à ponte que liga os dois escritos de Lucas, a ascensão de Jesus. Passados quarenta dias da ressurreição, quando os discípulos viveram momentos de presença e ausência de Jesus, chegou o momento em que Jesus deixaria corporalmente este mundo. Ele queria que os discípulos fossem testemunhas oculares desse fato. Não sabemos quantas pessoa estavam presentes naquele momento. Mas o que vem a ser uma testemunha? No livro de Atos esse termo aparece vinte e nove vezes na forma de substantivo ou verbo. Uma testemunha é alguém que relata o que viu ou ouviu (At 4.19,20). Mas a mesma palavra no grego também corresponde ao termo mártir
, o que pressupõe que ser testemunha implicava disposição, não só de sofrer, mas até de sacrificar a própria vida pela causa.¹⁷
Segundo a tradição, Jesus os levou a um ponto do Monte das Oliveiras (v. 12) e Lucas afirma que Jesus foi elevado às alturas, e enquanto eles olhavam, uma nuvem encobriu a vista deles (v. 9). O simbolismo da ascensão expressa o modo conforme Jesus fisicamente partiu deste mundo. Isso não aponta para um local onde poderia ser céu
, e não nega a historicidade do fato acontecido, sendo eles, os apóstolos, testemunhas oculares da ressurreição.
A ascensão de Cristo foi o selo da sua vitória sobre o pecado, o mundo, o diabo e a morte. Sua ascensão foi visível, vitoriosa e gloriosa. Somente Lucas descreve o evento da ascensão (Lc 24.50-53; At 1.9-11)¹⁸, apesar de solidamente atestado em outros lugares (Lc 4.36; At. 3.12; 4.7; 5.17; 6.8; 6.19; 8.46; 9.1; 10.38).
Há algumas implicações que decorrem da ascensão de Cristo, vejamos:
1. Ele consumou sua obra (v. 9).
2. Ele foi elevado às alturas (v. 9) Segundo Paulo, Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus é o Senhor, para a glória do Pai (Fp 2.9-11).
3. Ele voltará! Este mesmo Jesus, que dentre vocês foi elevado aos céus, voltará da mesma forma como o viram subir (v. 11).
Os discípulos, inertes, ficaram olhando para os céus, quando dois homens vestidos de branco
(v. 10) lhes disseram: Galileus, por que vocês estão olhando para o céu? Este mesmo Jesus, que dentre vocês foi elevado aos céus, voltará da mesma forma que o viram subir (v. 11). Tratava-se de anjos, que apareceram como emissários de Deus confirmando que Jesus voltaria em um momento futuro, determinado pelo Pai, de forma visível e gloriosa, quando todo olho o veria. Os anjos, conforme as narrativas do Novo Testamento, são apresentados tanto como mensageiros de Deus, quanto ministros aos homens (Fp 2.9-11). Há situações em que os vemos em missões especiais, comunicações por parte de Deus, visitas, socorro, etc.¹⁹
Para Lucas a ascensão foi a coroação da ressurreição de Jesus, do rei que havia em todo tempo sido humano