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Papillon
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E-book136 páginas1 hora

Papillon

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Sobre este e-book

Papillon é um livro que aborda poeticamente a complexidade do termo felicidade, a
partir da concepção da metamorfose, fenômeno no qual a borboleta se submete a fim
de se transformar, de um verme, em um inseto tão belo. Nesse processo de mutação,
a dor e a tristeza trabalham no ser para a libertação.Em síntese, felicidade é o
caminho da transformação do ser, e que a mesma, é um conjunto de fatores
resultantes de nossas escolhas e atitudes, e estão totalmente interligadas com o outro,
sendo que é impossível ser feliz, sem desejar puramente que os outros sejam
felizes.Papillon nos ensina que:- Não podemos encontrar a felicidade no outro, mas a
encontraremos no desejo verdadeiro, puro e desinteressado em fazer o outro feliz.-
Não existe felicidade sem a tristeza. Ninguém pode de fato ser completamente feliz
sem ter passado, aos menos, por momentos de tristeza.- A felicidade é um caminho
interno a ser percorrido, não uma busca frenética pelo prazer ou pela realização de
sonhos e objetivos centrados apenas no próprio bem-estar.- Ninguém é de fato feliz
enquanto é prisioneiro de emoções, desejos, sentimentos e pensamentos tóxicos
como o ódio, a vingança, a inveja e o orgulho.- A liberdade, a paz e o amor, moram na
mesma casa da felicidade. A felicidade é como se fosse o resultado da união destes
três.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento10 de abr. de 2024
ISBN9789895276653
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    Pré-visualização do livro

    Papillon - Johnny Parison

    © 2023, Johnny Parison e Chiado Books

    E-mail: [email protected]

    Título: Papillon

    Editor: Vitória Scritori

    Coordenador Editorial: Vasco Duarte

    Capa: Vasco Duarte

    Composição Gráfica: Manuela Duarte

    Revisão: Johnny Parison

    1.ª Edição: Setembro, 2023

    ISBN: 978-989-52-7665-3

    JOHNNY PARISON

    PAPILLON

    portugal | brasil | angola | cabo verde

    Aos meus amados filhos, Bernardo e Sophia,

    que fazem minha vida ainda mais colorida.

    ÍNDICE

    Capítulo 1 - O encontro com a borboleta 9

    Capítulo 2 - Uma vida à espera 15

    Capítulo 3 - As quatro asas da felicidade 17

    Capítulo 4 - O poder da contemplação 19

    Capítulo 5 - A vida é um mar de rosas com espinhos 21

    Capítulo 6 - As borboletas têm algo a dizer 23

    Capítulo 7 - A vida deve ser leve: recuse-se carregar fardos 29

    Capítulo 8 - A arte de ser feliz 47

    Capítulo 9 - Essência 63

    Capítulo 10 - Os bloqueios 73

    Capítulo 11 - Transformação 85

    Capítulo 12 - Quando a infelicidade é necessária para se conhecer a felicidade 91

    Capítulo 13 - Paz 95

    Capítulo 14 - O amor 103

    Capítulo 15 - Minha relação com as pessoas influencia em minha felicidade 111

    Capítulo 16 - A importância em viver de maneira consciente 119

    Capítulo 17 - Viva intensamente 123

    Capítulo 18 - Compreensão e Significado da vida 129

    Capítulo 19 - Tudo está interligado: o universo

    responde às nossas ações 137

    CAPÍTULO 1

    O ENCONTRO COM A BORBOLETA

    O dia custava a amanhecer mais que o normal naquela fria sexta-feira de julho. Sentei-me em um cambaleante banco felpudo e rabiscado que ficava em uma pracinha a quatro quadras de minha casa. As lágrimas, que pelo meu rosto escorriam, provinham de um entristecido coração, já demasiadamente cansado de tanto sofrer. Sofrimento incom-preensível, involuntário, mas real. Somente agora fazia algum sentido a afirmação de um moço que certa feita me fizera: nada se compara as feridas e dores da alma.

    Ali estava eu, só, envolto pelo sereno, cabelos ume-decidos pelo orvalho da manhã, ombros descaídos, a olhar para cima, como quem espera do céu uma resposta, sentindo como se o mundo estivesse debruçado sobre os ombros, como se a vida não mais fizesse, ou talvez nunca tivesse feito, sentido algum.

    O que me aconteceu? O leitor deve estar a se per-guntar. Nada de mais. Nenhuma tragédia. Não havia sido abandonado por quem amava ou perdido o emprego. Não tinha sido acometido de uma doença terrível, sequer perdido alguém próximo a mim. Nada disso. Apenas uma indescritível e angustiante dor na alma. De uma alma faminta por respostas.

    Os poucos amigos que tinha chamavam essa sofrência de depressão, e que deveria buscar tratamento. Não sabia ao certo, mas era uma sensação de infinito vazio, de ausência de sentido. E eu tinha lá motivos para me encontrar deste jeito? Creio que não, mas essa cruel tristeza já vinha a me acompanhar por alguns meses. Enxergava tudo embaçado à minha volta, sem cor alguma. Nem mesmo, os maiores presentes que a vida já tinha me dado, bastavam para me satisfazer inteiramente.

    Queria sorrir, mas por dentro chorava. Desejava saber como era a sensação de liberdade, experimentada por quem se dizia livre, pois o que sentia era como se fosse um prisioneiro. E a tal felicidade, que para mim não passava de um falso discurso de quem não tem o que fazer, realmente existe ou algum dia, em algum passado remoto, existiu? Assim suspirava minha alma, fragilizada e desapontada, sem encontrar as respostas do porquê encontrava-me assim, e por que enxergava o mundo o daquela forma.

    De que forma? Sem graça, sem beleza, sem sentido. No fundo eu sabia que havia algo de errado comigo, pois recordava--me de quando ainda era um jovem entusiasta, cheio de expectativas, e sorria e sonhava, tão cheio de vida, e como então, magicamente, misteriosamente, essa vitalidade toda havia sumido?

    Um novo dia começava lentamente a despontar no horizonte, abriam-se as cortinas da aurora. Não demorou muito para logo a cidade acordar e o movimento frenético começar. Carros passando de um lado para o outro, pessoas a caminhar pelas ruas, algumas apressadamente, na rotina da labuta diária. O sol timidamente apontava por detrás dos cerros, e seus raios atravessavam os céus cinzento, resquício da noite passada.

    Quase que repentinamente, senti uma leve brisa gelada do frescor daquela manhã que acariciava meu rosto, e parecia minhas lágrimas enxugar. Virei-me, após ter tido a sensação de que alguém ou alguma coisa tinha me tocado no ombro direito. Se tratava de uma pequena e luminosa borboleta azul. Azul com alguns pequenos traços em preto, como bordas. Confesso que nunca tinha visto uma daquelas antes. Curiosamente, ela demonstrava estar bem à vontade em minha presença.

    Ela fazia um movimento suave com suas magníficas asas. Agora tentava não me mexer para que aquele bichinho tão cativante permanecesse ali ao meu lado. Ao observá--la, ficava encantado, e sentia-me até lisonjeado por sua aproximação. Não sei ao certo, mas aquela borboleta era diferente. Não somente por suas cores vibrantes, mas por sua postura. Será que ela sentira pena de mim? Será que ela estava ali para me fazer companhia em minha imensa solidão?

    Coisa de minha cabeça, de quem procura respostas. Como que um inseto poderia falar ou se comunicar com um humano? De repente, vagarosamente ela voou em direção a uma flor que ficava atrás do banco em que eu estava sentado. Por alguns segundos fiquei chateado por ela ter me abandonado, mas em seguida, tornei-me maravilhado ao vê--la entre as margaridas amarelas do pequeno jardim daquela pracinha.

    Eu gostava tanto de ir aquele lugarzinho arborizado, onde era possível sentir o cheiro das árvores. Era coisa de se encher os olhos aqueles floridos e coloridos canteiros de diversas espécies de flores e plantas. Dei-me conta que, pouco a pouco, meu estado de espírito transfigurava-se. De uma alma agitada e angustiada, para um estado de completa paz e sossego. Um bem-estar que há muito tempo não sentia. Mas qual seria a explicação?

    Fiquei ali debruçado sobre as guardas do banco a contemplar toda a ternura daquela borboleta. Então, depois de uns poucos minutos de profunda reflexão, tomado fui de um êxtase advindo dos pensamentos que invadiam minha cabeça. Eram pensamentos de luz, como se tivessem sido transmitidos por aquela borboleta. Tais pensamentos fize-ram-me, em pouquíssimo tempo, encontrar o que estava a procurar desde a adolescência. As respostas das quais tanto minha alma procurava.

    Foi um despertar em meio à dor. Uma luz no fim do túnel. Os pensamentos vinham como fechas, numa velocidade surpreendente. Eram verdadeiros raios de luz em minha densa escuridão. Um a um iam se encaixando dentro de minha cabeça.

    As borboletas estão por aí a voarem levemente pelos jardins, e diariamente nos apontam um caminho de libertação por elas mesmas experimentado. Um caminho em que necessário foi passar pelos ciclos, ficar presas no casulo, rastejar ao chão como verme, para só então criarem asas e voarem. Aquela borboleta azul estava a sussurrar ao meu ouvido o calor daquelas palavras reveladoras naquela manhã congelante.

    Finalmente entendia que havia me tornado refém de minhas emoções. Que era um prisioneiro em meu próprio casulo. Que toda dor e sofrimento que me causam tristeza eram consequência do que permitia, do que abrigava inconscientemente dentro de mim, e como reagia a cada situação. Que em hipótese alguma poderia sentir-me bem, a menos que mergulhasse em meu universo interior a fim de chegar a própria compreensão de meu verdadeiro ser, e a partir daí buscar a transformação.

    Jamais me esquecerei daquele dia marcante em que um minúsculo ser me trouxe de volta o sorriso, e me fez compreender que felicidade é inteiramente resultado do que se é, e que é impossível ser plenamente feliz sem entender e viver o princípio da verdadeira liberdade emocional.

    Poesia nas entrelinhas da vida

    Estamos certos e em pleno juízo ao dizer que os poetas estão loucos, e os meninos ingênuos, não passam de sonhadores, que nada sabem, ao afirmar que a vida é bela, que valem a pena as flores, embora haja espinhos; que a alegria compensa toda dor, e a leveza da vida, está escondida na pureza e inocência da simplicidade e do amor?

    Venha, caminhemos, de mãos dadas. Quem sabe as respostas, encontraremos à beira do caminho, às margens dos rios, entre os vales, no cume dos montes. Após mergulharmos nas profundezas, quem sabe, porventura, descobriremos o encanto do profundo.

    Vívida vida

    Tenho uma vida parar viver,

    ninguém pode vivê-la por mim.

    É única, inevitável, intransponível.

    Se aqui está, é que há sentido sublime,

    é o divino: a força do destino.

    É inevitável não viver!

    Viver é mais do que se pode ver.

    É ir além, é superar-se.

    É a oportunidade sem volta,

    a porta que aos poucos se desdobra.

    E não se

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