A Biblioteca, Uma Segunda Casa
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Sobre este e-book
Manuel Coutinho
Manuel Carvalho Coutinho é investigador e Professor, nasceu em Lisboa em 1990 e licenciou-se em Filosofia. Enquanto Professor de Filosofia no Ensino Secundário decidiu estudar Jornalismo, tendo depois concluído o Mestrado e o Doutoramento em Ciências da Comunicação. Trabalhou na Comissão Europeia, em Bruxelas, e foi bolseiro de investigação da Universidade Nova de Lisboa. Atualmente é investigador do Centro de Estudos de Comunicação e Cultura da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa.
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A Biblioteca, Uma Segunda Casa - Manuel Coutinho
A Biblioteca: Uma segunda casa
Quem lê quer ler. Mas como fazê-lo, sem poder de compra ou a possibilidade de contacto directo com o livro? Em Portugal, 303 Bibliotecas Municipais, integradas numa rede nacional criada em 1987, procuram cumprir o desígnio estatal de promoção da leitura junto de todos, das crianças aos idosos, de forma aberta e inclusiva.
Este livro retrata 21 destas bibliotecas, no continente e nas ilhas, reproduz de forma vívida a experiência de observação do seu funcionamento quotidiano e os testemunhos de bibliotecários, técnicos e leitores. São projetos muito diversificados, em constante movimento e crescimento, mas são sobretudo espaços feitos para nós e que existem como extensões de nós. Há quem lhes chame de segundas casas.
Manuel Carvalho Coutinho
Investigador e Professor, nasceu em Lisboa em 1990 e licenciou-se em Filosofia. Enquanto Professor de Filosofia no Ensino Secundário decidiu estudar Jornalismo, tendo depois concluído o Mestrado e o Doutoramento em Ciências da Comunicação. Trabalhou na Comissão Europeia, em Bruxelas, e foi bolseiro de investigação da Universidade Nova de Lisboa. Atualmente é investigador do Centro de Estudos de Comunicação e Cultura da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa.
Retratos*
* A colecção Retratos da Fundação traz aos leitores um olhar próximo sobre a realidade do país. Portugal contado e vivido, narrado por quem o viu — e vê — de perto.
A Biblioteca
Uma segunda casa
Manuel Carvalho Coutinho
logo.jpglogo.jpgLargo Monterroio Mascarenhas, n.º 1, 7.º piso
1099-081 Lisboa,
Portugal
Correio electrónico: [email protected]
Telefone: 210 015 800
Título: A Biblioteca, Uma Segunda Casa
Autor: Manuel Carvalho Coutinho
Director de publicações: António Araújo
Revisão de texto: Vasco Rosa
Validação de conteúdos e suportes digitais: Regateles Consultoria Lda
Design: Inês Sena
Paginação: Guidesign
Fotografia da capa: Susana Neves. Sala de leitura da Biblioteca de São Lázaro, situada na freguesia de Arroios. Criada em 1883, é a mais antiga biblioteca municipal de Lisboa.
© Fundação Francisco Manuel dos Santos e Manuel Carvalho Coutinho, Fevereiro de 2024
As opiniões expressas nesta edição são da exclusiva responsabilidade do autor e não vinculam a Fundação Francisco Manuel dos Santos. Livro redigido segundo o Acordo Ortográfico de 1945.
A autorização para reprodução total ou parcial dos conteúdos desta obra deve ser solicitada ao autor e ao editor.
Edição eBook: Guidesign
ISBN 978-989-9153-44-8
Conheça todos os projectos da Fundação em www.ffms.pt
Dedico este livro aos meus pais, que sempre me incentivarem a ler e a gostar de Bibliotecas.
Introdução
Biblioteca Municipal Almeida Garrett — Porto
Biblioteca Municipal de Arouca
Biblioteca Municipal Florbela Espanca — Matosinhos
Biblioteca Municipal de Bragança
Biblioteca Municipal Belmiro de Matos — Vila Flor
Biblioteca Municipal Dr. Júlio Teixeira — Vila Real
Biblioteca Municipal de Coimbra
Biblioteca Municipal Simões de Almeida (tio) — Figueiró dos Vinhos
Biblioteca Municipal Afonso Lopes Vieira — Leiria
Biblioteca Pública de Évora
Biblioteca Municipal de Portel
Biblioteca Municipal José Saramago — Beja
Biblioteca Municipal António Ramos Rosa — Faro
Biblioteca Municipal António da Silva Carriço — Monchique
Biblioteca Municipal Manuel Teixeira Gomes — Portimão
Biblioteca Municipal Ernesto do Canto — Ponta Delgada
Biblioteca Municipal Tomaz Borba Vieira — Lagoa
Biblioteca Municipal de Vila Franca do Campo
Biblioteca Municipal do Funchal
Biblioteca Municipal de Câmara de Lobos
Biblioteca Municipal de Ponta do Sol
Epílogo
Agradecimentos
Depois, de repente começam a surgir bibliotecas diferentes.
Em cidades grandes, em cidades pequenas, por aqui e por ali.
São bibliotecas cheias de luz, espaçosas, onde apetece estar.
E os meninos começaram a saber o seu significado,
e como é bom por lá ficar o tempo que lhes apetecer.
ALICE VIEIRA
Na memória de quem lê há sempre um livro especial e mesmo,
nalguns casos, uma Biblioteca inesquecível.
CARLOS REIS
Introdução
As Bibliotecas Municipais em Portugal
Segundo a Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas, em 2023 contam-se 303 Bibliotecas Públicas Municipais em Portugal, estando a maioria destas integrada na Rede Nacional de Bibliotecas Públicas. Isto significa que apenas cinco municípios não possuem ainda uma Biblioteca Municipal, sendo que, por agora, esse serviço público será realizado através de uma Biblioteca Itinerante: isto é, uma Biblioteca móvel inserida num veículo devidamente equipado que se desloca regularmente até localidades que tipicamente se encontram afastadas da Biblioteca Municipal mais próxima.
Quando falamos de 303 Bibliotecas Municipais, importa notar que a sua história é algo recente. De facto, as primeiras Bibliotecas Públicas em Portugal, designadas inicialmente como Bibliotecas Populares, remontam ao século XIX e foram criadas em resposta à escolaridade obrigatória e ao aumento da alfabetização. No ano 1870 projeta-se que as Câmaras Municipais deveriam ter pelo menos uma Biblioteca na sede do concelho, de forma a fornecer às classes populares o acesso à cultura impressa. Contudo, trinta anos depois as poucas Bibliotecas que existiam estavam ainda longe desse ideal e, na sua larga maioria, eram usadas apenas pela elite.
Com a Primeira República, em 1910, retoma-se o objetivo de instituir Bibliotecas por todo o país, e também múltiplas Bibliotecas Móveis ou Itinerantes. Mais uma vez, este projeto ambicioso não alcançou os resultados esperados: por volta de 1919 havia apenas 68 Bibliotecas Públicas, a maioria destas possuía escassos recursos, e as 50 Bibliotecas Móveis outrora em atividade estavam reduzidas a menos de metade. Com o Estado Novo, a partir de 1933, há uma ligeira melhoria, contando-se em meados do século 84 Bibliotecas Públicas. Contudo, a larga maioria destas eram apenas pequenas salas de leitura e a sua documentação continuava a ser reduzida e somente para consulta presencial.
Tudo mudaria a partir de 1958, quando a instituição privada Fundação Calouste Gulbenkian começou a criar uma grande rede de Bibliotecas Fixas e Itinerantes. Esta decisão histórica ajudou Portugal a escapar do panorama desprovido e antiquado a que estava preso, criando-se assim uma nova política de um espaço aberto e de um incentivo à cultura e requisição de livros. Com o crescimento da rede, em 1972 a Fundação Calouste Gulbenkian geria 166 Bibliotecas Fixas e 62 Bibliotecas Itinerantes espalhadas pelo território português (segundo dados da newsletter da Fundação Calouste Gulbenkian, n.º 94, junho de 2008; sobre esta temática recomenda-se também a leitura da obra Homens Livro, 2022).
Ainda assim, por volta da década de 1980, as Bibliotecas da Gulbenkian, «que durante décadas asseguraram o serviço de leitura pública em Portugal», estavam a «viver os seus últimos dias» (segundo a comunicação apresentada por Zélia Parreira no Colóquio Internacional «O Lugar da Cultura», no Centro Cultural de Belém, a 17 de abril de 2015). Os novos tempos imponham um novo conceito de Biblioteca.
É então que, em 1987, o Estado Português começa a implementar um programa nacional para a criação e desenvolvimento de Bibliotecas Públicas, quer através do apoio a bibliotecas já existentes, quer através da criação de novas Bibliotecas Municipais, em edifícios construídos de raiz ou através da reabilitação e adaptação de edifícios existentes. Com o avançar deste programa público começam então a fechar as Bibliotecas Fixas da Fundação Calouste Gulbenkian (doando estas o seu espólio às novas Bibliotecas Municipais), e são desativadas as suas Bibliotecas Itinerantes que, durante 44 anos, terão emprestado cerca de 97 milhões de livros pelas 3900 povoações por onde passaram.
Apesar de tudo, demorariam a ter efeito os esforços do Estado em alterar o panorama nacional. O «Relatório sobre as Bibliotecas Públicas em Portugal», de 1996, nota que estas Bibliotecas estavam ainda atrasadas. Em larga parte, por ausência de uma verdadeira Rede de Bibliotecas Públicas, grande falta de meios tecnológicos para suportar os serviços técnicos, escassez de recursos humanos qualificados, para além da necessidade de dar maior autonomia às Bibliotecas. Nas décadas seguintes, contudo, conseguiu-se progressivamente implementar um novo conceito de Bibliotecas Municipais em Portugal