A homeopatia e os peixes: importância, potencial, revisão e análise
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A homeopatia e os peixes - Paulo Roberto de Souza Marques
1. INTRODUÇÃO
A eficácia e a importância da homeopatia são notáveis em seres humanos desde 1841 no Brasil (CORRÊA et al., 1997; SANTOS e DE SÁ, 2014; TARCITANO FILHO e WAISSE, 2016; PINHEIRO, 2017; BRASIL CRFSP, 2019). Bem como o fato de ser indicada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), ser reconhecida como especialidade médica veterinária pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária em 1996 (PINTO, 1998; TELESI JÚNIOR, 2016) e de ser aplicada em sistemas orgânicos de produção animal e vegetal, via Instrução Normativa nº 46 de 06/10/2011 do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
Apesar da relevância da homeopatia, existem poucos medicamentos testados em animais de produção domeśticos e selvagens, a exemplo de aves, mamíferos e, principalmente, avaliações em répteis e peixes (NERVIS, 2016; KANAYAMA, 2017). Há expectativas com relação ao uso mais amplo da homeopatia em animais de produção, a fim de assegurar produtos com menor ônus de resíduos químicos e menor custo de produção (DIAS NETO, 2013, NERVIS, 2016). Além disso, ocorre a resistência que os microrganismos adquirem sob os tratamentos tradicionais como os antibióticos alopáticos, por causa do uso generalista e limitado número de princípios ativos disponíveis no mercado de organismos aquáticos. O uso de medicamentos tradicionais, invariavelmente, necessita da realização do vazio sanitário; ou quando utilizados necessitam do período de carência, para o medicamento ser metabolizado e eliminado do corpo do peixe. Outra situação é que a ausência de tratamento por falta de medicamentos; ou a opção de não utilizar tratamento, acarretando no sacrifício de peixes doentes e em prejuízos econômicos (PAVANELLI et al., 2008; SANTOS, 2011; DE SOUZA MARQUES, 2020).
Ademais, o tratamento homeopático proporciona benefícios ambientais, sociais e econômicos. Por este motivo a homeopatia tende a ser aplicada em animais aquáticos, cuja importância psicológica, social, econômica, nutricional e ambiental para humanos é notória (ORTIZ-CORNEJO et al., 2017). Portanto, é pertinente a pesquisa que visa a influência dos medicamentos homeopáticos sobre parâmetros zootécnicos e nos aspectos clínicos dos peixes. Essa demanda ocorre não apenas pela carência de medicamentos da alopatia, fitoterapia e homeopatia no mercado de organismos aquáticos; como também pelos dados disponíveis limitados sobre o tema (DE SOUZA MARQUES, 2020).
Desta forma, a ampla revisão foi realizada com o objetivo de evidenciar os impactos da homeopatia no tratamento de peixes ornamentais e de corte no cenário mundial, assim como disponibilizar informações pertinentes sobre futuras linhas de pesquisa nessa temática. Pois a homeopatia por ser energia, tem a vantagem de não deixar resíduos de elemento químico, molécula química ou substância química no ser vivo e no ambiente; é permitida e utilizada na produção orgânica, agroecológica e na permacultura; os remédios descritos da matéria médica já foram testados em seres humanos; a maioria dos medicamentos homeopáticos não foram testados em peixes; o medicamento homeopático gera menos alteração na homeostasia e menos mal estar animal na contenção e aplicação do que o alopático; pode ser aplicado na prevenção e no tratamento do paciente, bem como nas endemias, epidemias e pandemias quando acomete populações; o custo de produção do homeopático é mais baixo do que o alopático, sendo portanto de melhor potencial para as pesquisas do que o alopático.
2. OBJETIVO
2.1. OBJETIVO GERAL
✔ Avaliar sistematicamente a eficácia dos medicamentos homeopáticos em espécies de peixes de corte e ornamental descritas na literatura.
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
✔ Identificar o desenvolvimento de pesquisa com medicamentos homeopáticos em peixes nos últimos 20 anos;
✔ Identificar os polos de pesquisa com homeopatia em peixes no cenário mundial e nacional;
✔ Identificar e quantificar os medicamentos homeopáticos mais utilizados em peixes, assim como as espécies mais estudadas;
✔ Estimular pesquisa com medicamentos homeopáticos em peixes;
✔ Direcionar novas pesquisas, para expandir o conhecimento atual sobre homeopatia em peixes;
✔ Avaliar a eficácia do medicamento homeopático em peixes por meio do estudo da meta-análise.
3. REFERENCIAL TEÓRICO
3.1. A IMPORTÂNCIA DA AQUICULTURA NO CENÁRIO MUNDIAL
No mundo existe uma preocupação com as mudanças climáticas e a degradação ambiental sobre os recursos naturais, a exemplo dos recursos hídricos. Ao mesmo tempo que o planeta precisa alimentar neste século XXI (2001-2100 d.C) mais de 9 bilhões de pessoas. Por este motivo, a Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável das Nações Unidas traçaram objetivos para o desenvolvimento sustentável (FAO, 2020). Dentre os objetivos está o de conservar e utilizar sustentavelmente os oceanos, os mares e os recursos marinhos. Frente a estes objetivos surge o Crescimento Azul ou Revolução Azul da FAO em 2013, que visa a ordenação dos recursos para os organismos aquáticos, no intuito de ter bens e serviços ecossistêmicos junto com o uso dos oceanos, das águas continentais e das áreas alagadas, proporcionando benefícios sociais e econômicos (FAO, 2020).
Desde 1961 o crescimento mundial de consumo de pescado tem duplicado por causa do crescimento demográfico. Acarretando o desenvolvimento de técnicas e tecnologias na aquicultura; de tal maneira que a aquicultura se expandiu a partir da década de 80 (1980-1989) (SIQUEIRA, 2018) e vem crescendo desde 1990 de acordo com a FAO (2020). Este crescimento influencia a produção da atividade pesqueira mundial, onde em 2018 cerca de 46% da produção foi da aquicultura e 52 % da pesca extrativista, ambas com destino principalmente para consumo humano, sendo que 2% foram para produção de subprodutos, como ração para animais, adubo para vegetais e outros fins (FAO, 2020).
Em termos de consumo aparente per capita anual em 2017, o mundo consome 20,3 kg per capita anual (FAO, 2020). Nos países desenvolvidos o consumo é de 24,4 kg/ano, seguido dos países em desenvolvimento com consumo de 19,4 kg per capita anual, enquanto no Brasil o consumo per capita anual está na faixa de 5 a 10 kg/ano (FAO, 2020).
Segundo a FAO (2020), cerca de 59,51 milhões de pessoas no mundo em 2018, têm a pesca de captura e a aquicultura como a principal fonte de renda, além do fato do pescado ser a principal fonte de proteína de origem animal para milhares de pessoas. Em 2018, a produção mundial da pesca de captura foi de 96,4 milhões de toneladas de peso vivo e a aquicultura foi de 82,1 milhões de toneladas (FAO, 2020).
Mesmo com a queda da taxa percentual de crescimento anual da quantidade de produção da aquicultura de 2001 a 2018; o cultivo de animais aquáticos na aquicultura cresceu em média 5,3 % por ano, no mesmo período de 2001 a 2018 (FAO, 2020). Ao mesmo tempo a produção de animais aquáticos aumentou de 25,7 % em 2000 para 46,0 % em 2018 (FAO, 2020), com o aumento de 472 espécies ornamentais e de corte de animais aquáticos para fins comerciais em 2006 para 622 espécies em 2018 (FAO, 2020). Aumentando a taxa de crescimento anual do comércio internacional de pescados em produtos pesqueiros em 5% em 2018 (FAO, 2020).
Por outro lado, o aumento da atividade pesqueira causa uma redução do nível da população de peixes marinhos que estão dentro de um nível biologicamente sustentável, para a manutenção da espécie e para o fornecimento de alimentação para seres humanos. Uma vez que, ao longo dos anos, o nível biológico de várias espécies está baixando de 100 %. Indo para 90% em 1974 para o nível de 65,8% em 2017 (FAO, 2020). Esta observação é importante para o reordenamento da pesca e planejamento do incentivo da aquicultura ao nível mundial. Pois na captura marinha, a FAO (2020) cita 1.800 (100%) espécies de pescado, onde 1. 530 (85%) são peixes de barbatanas e 270 (15%) são espécies sem barbatanas. Se não forem tomadas medidas para o ordenamento e o controle de pesca e/ou criação de espécies, este número de pescado pode diminuir em quantidade. Um alerta para o setor, uma vez que em 2017, o consumo mundial de pescado representou 17% de toda proteína animal consumida por seres humanos (FAO, 2020).
Além da produção de carne de pescado, existe a produção de farinha de peixe e de óleos, este último rico em ácidos graxos poliinsaturados (AGPI). Entre estes, temos os ácidos graxos ômega-3 precursor dos ácido eicosapentaenoico e ácido docosahexaenóico, os quais previnem enfermidades cardiovasculares, câncer de cólon, favorecem o sistema imunológico positivamente, além de atuar no cérebro e na retina. A aquicultura além de fornecer alimento para animais de estimação, também gera para seres humanos outros benefícios, como: vestimentas, artesanato, biocombustíveis, biomedicina, insumos para a indústria farmacêutica de cosméticos, existe também a possibilidade da aquisição de peixes ornamentais para criação