Aquele que tudo devora
()
Sobre este e-book
Relacionado a Aquele que tudo devora
Ebooks relacionados
Bagageiro Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAs palavras trocadas Nota: 0 de 5 estrelas0 notasBichos contra a vontade Nota: 5 de 5 estrelas5/5Desamparo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Sonata de Deus e o diabolus:: música, cinema e pensamento modernista Nota: 0 de 5 estrelas0 notasFront Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEnquanto Deus não está olhando Nota: 0 de 5 estrelas0 notasArraia de fogo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPoemas 1999-2014 Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO som vertebrado Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAs duas mortes de Francisca Júlia: A Semana antes da Semana Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO doce e o amargo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA expedição Montaigne Nota: 0 de 5 estrelas0 notasLiteratura Brasileira e Mal-Estar: O Futuro Abolido em Três Romances de 30 Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMateriais para confecção de um espanador de tristezas Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEntre os atos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasDiscurso do Prêmio Nobel de Literatura 2014 Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAjudar a cair Nota: 0 de 5 estrelas0 notasFragmentos completos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasSaudades: história de menina e moça Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPor Que Começo do Fim Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMãe ou Eu também não gozei Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA Morte do Palhaço Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO Concerto das Letras: Contos inspirados em música Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAmar é crime Nota: 0 de 5 estrelas0 notasGrito em praça vazia Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO pão e a pedra Nota: 0 de 5 estrelas0 notasSós Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO templo dos meus familiares Nota: 0 de 5 estrelas0 notasA declaração de amor do menino negro: texto teatral para quatro atores Nota: 0 de 5 estrelas0 notas
Poesia para você
Eu tenho sérios poemas mentais Nota: 5 de 5 estrelas5/5Todas as flores que não te enviei Nota: 5 de 5 estrelas5/5Desculpe o exagero, mas não sei sentir pouco Nota: 5 de 5 estrelas5/5Sede de me beber inteira: Poemas Nota: 4 de 5 estrelas4/5Textos Para Serem Lidos Com O Coração Nota: 5 de 5 estrelas5/5Alguma poesia Nota: 5 de 5 estrelas5/5Pra Você Que Sente Demais Nota: 5 de 5 estrelas5/5Todas as dores de que me libertei. E sobrevivi. Nota: 5 de 5 estrelas5/5Laços Nota: 5 de 5 estrelas5/5A DIVINA COMÉDIA - inferno Nota: 0 de 5 estrelas0 notasO amor vem depois Nota: 4 de 5 estrelas4/5O Profeta Nota: 5 de 5 estrelas5/5Sentimento do mundo Nota: 0 de 5 estrelas0 notasEmily Dickinson: Poemas de Amor Nota: 5 de 5 estrelas5/5Poemas selecionados Nota: 5 de 5 estrelas5/5Se você me entende, por favor me explica Nota: 5 de 5 estrelas5/5Acreditar em mim é a minha única possibilidade de existir Nota: 5 de 5 estrelas5/5A Odisseia Nota: 0 de 5 estrelas0 notasOs Lusíadas (Anotado): Edição Especial de 450 Anos de Publicação Nota: 0 de 5 estrelas0 notasTudo que já nadei: Ressaca, quebra-mar e marolinhas Nota: 4 de 5 estrelas4/5Bukowski essencial: poesia Nota: 5 de 5 estrelas5/5A Vida Contada pela Morte Nota: 5 de 5 estrelas5/5Marília De Dirceu Nota: 0 de 5 estrelas0 notasContos Pornôs, Poesias Eróticas E Pensamentos. Nota: 0 de 5 estrelas0 notasMeus Amores, Minhas Dores Nota: 0 de 5 estrelas0 notasPoemas Terapêuticos Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAs palavras voam Nota: 5 de 5 estrelas5/5Melhores Poemas Cecília Meireles (Pocket) Nota: 0 de 5 estrelas0 notasFernando Pessoa: Citações, Poemas e Afins Nota: 0 de 5 estrelas0 notasAntologia Poética Nota: 5 de 5 estrelas5/5
Categorias relacionadas
Avaliações de Aquele que tudo devora
0 avaliação0 avaliação
Pré-visualização do livro
Aquele que tudo devora - Philippe Wollney
o ponto está riscado: há que se ler a poética para entender a política
há que se ler o encanto para se entender a ciência
a ciência encantada das macumbas,
luiz antônio simas e luiz rufino
I.
continuo incapaz de contar uma história
de contar uma história que não seja dessa forma
nessa fôrma
costelas à vista expondo o tutano tectônico
como um estilete leitoso sulcando
os lábios das rochas, a língua no osso
rastros rupestres de onças na caatinga
cantigas aos sons de maracás, plumas de anacãs
líricas efusões pintadas com gordura e saliva
xamã de sumé no sertão da escrita
aboio de gestos — continuum constrito
— agora que aprendi o seu idioma
posso amaldiçoá-lo
continuo incapaz
inconcluso persisto
porque a poesia não está para a perfeição
e sim para o delito, e eu insisto
no erro de contar qualquer história que seja
fazendo elipse, chiste, luz curvada e atraída
pelo buraco oculto que é todo poema
uma vocação de camuflar abismos e flutuar no vácuo
inabilidade pelo tédio de descrever quem é fulano
ou que beltrano sorria como se olhasse para a morte
ou que sicrano tinha cheiro de pelo de cachorro molhado
ou sobre um ninguém que não esperava ganhar vintém
de nada e nures de néris de reles de ralo de raro e naco e necas
de pessoa sequer
um texto dobrando a esquina
dando as costas, cerrando as cortinas
rede de embalar na alegórica voz do oculto
nesse vulto esquivo drenado pelos olhos
hipermetrópicos, vertiginosos, miopíticos
que tantos chamam de mal olhado
e outros acreditam em malassombro
fantasmagoria
acesso ao passado
que insiste em não calar
salvarei meu corpo dos livros
salvarei minha vida das letras e gavetas?
II.
e eu