Tipo assim:: Adolescente
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Sobre este e-book
Algumas coisas mudam, sim, mas no geral vivemos essa fase de modo muito parecido. Nessa etapa de definições, a gente sente medo, vive encanado, curte estar com os amigos, fica louco pra namorar, e cada um experimenta, a seu modo, o desenvolvimento da autonomia, da habilidade de decidir a própria vida. Não é fácil, mas é muito bom.
Jairo e Soninha contam um pouco do que viveram na adolescência e também do que veem hoje. Entre os temas de sempre (pode x não pode, primeiro beijo etc.), eles comentam os mais recentes (aids, adolescência prolongada, contato precoce com drogas, entre outros).
Além de ser uma leitura legal para adolescentes, pais e professores, ao comprar este livro você ainda vai poder apoiar uma ação muito bacana, pois os autores cederam seus direitos autorais para a Casa Bodisatva, que trabalha com pessoas em situação de vulnerabilidade social.
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Pré-visualização do livro
Tipo assim: - Soninha Francine
TIPO ASSIM:
ADOLESCENTE
Jairo Bouer
Soninha Francine
Recomendado para toda a galera
(e para os pais da galera)
Papirus 7 Mares>>
Sumário
Ganhando autonomia
E aí, você já beijou?
Princípios e limites
O valor da conquista
Fantasiado de alface
A escola
Ser igual ou ser diferente. Essa é a questão?
Estereótipos, drogas e sexo
É chegada a hora?
A primeira vez
Responsabilidade e prazer
Olhando para trás
Final feliz
Notas
Sobre os autores
Para saber mais
Redes Socias
Créditos
Ganhando autonomia
Jairo Bouer – Para falar sobre a adolescência, acho que poderíamos começar contando um pouco sobre nossas próprias experiências. Fico lembrando da minha adolescência com 12, 13 anos e me vem uma sensação de que essa é uma fase muito boa da vida, talvez seja uma das melhores fases. Essa sensação de que você está rompendo com a casca da infância, de que pode começar a decidir por si mesmo, você vai ganhando mais autonomia... Enfim, ganhando asas para fazer as suas coisas, mas, ao mesmo tempo, você é muito encanado, tem muitas dúvidas. Eu era um adolescente muito tímido, tinha dificuldade de falar com as pessoas, de falar em público, de me colocar e, ao mesmo tempo, eu sabia muito bem que queria me expandir, crescer, viver as coisas. Então, acho que, talvez, o que mais tenha marcado a adolescência, na minha memória, seja essa divisão, esses dois lados da moeda. De um lado, eu posso tudo, vou em frente, alguma coisa nova está começando; e, do outro, um freio de mão que é, na verdade, seu mesmo – de medo, incerteza, insegurança, timidez, medo de não ser aprovado pelas pessoas ou pelas situações, medo de não conseguir fazer as coisas. Assim, minhas lembranças da adolescência são um misto dessas duas tendências: de um lado, o desejo de romper e, do outro, o medo, as inseguranças. Para mim, a adolescência é essa balança que oscila de um lado a outro, o tempo inteiro.
Soninha Francine – Sabe, lembro direitinho de alguns dias na minha vida em que eu percebi que tinha crescido. Era uma sensação incrível. Eu morava em uma rua sem saída, uma vila, e havia muitas crianças. As casas eram pequenas e a rua era o quintal de todo mundo. Então, passei dos 6 aos 13, 14 anos brincando na rua, jogando bola... Aquela coisa de sonho, de livro, como Uma rua como aquela.[1] Às vezes surgiam umas modas – amarelinha, por exemplo, e a gente ficava semanas jogando amarelinha. Mas o esporte oficial era queimada. Era uma delícia! Geralmente, era meninos contra meninas, já havia rivalidade, sabe? Eu, é claro, sempre tinha de pedir para a minha mãe para sair. Então, vinha a minha melhor amiga, tocava a campainha em casa e a minha mãe já dizia: Puxa, logo cedo! Já começou!
. E eu: Mãe, posso sair?
. Aí ela dava uma dificultada assim: Você já tomou café? Já fez lição? Você já arrumou sua cama, já não sei-o-que mais? Mas é muito cedo, espera mais uma meia hora
. E, finalmente, quando ela deixava, eu podia sair para brincar na rua. Pois eu me lembro direitinho do dia, acho que eu já estava na quinta série, em que abri a janelinha da porta e vi que a minha amiga estava saindo da casa dela e eu, com a maior naturalidade, abri a porta de casa e saí também. Eu não estava pensando algo do tipo: Ah, que se dane, eu não vou perguntar para a minha mãe
. Foi tão natural, sabe? Eu já tinha crescido! Tanto que minha mãe não brigou comigo. Ela não falou: Aonde você pensa que vai sem me pedir autorização?
. Sabe, foi uma virada, assim, que me dei conta na hora... Eu simplesmente abri a porta e saí. Só depois que já estava lá fora, percebi: Nossa! Eu nem pedi. Eu não precisava mesmo
.
Lembro também, mais para a frente, de um dia em que eu estava sentada na calçada conversando com a minha amiga até umas dez da noite. Em um dado momento, a gente se deu conta do que estava acontecendo: primeiro, estávamos conversando, e não brincando. Não estávamos jogando, sei lá, cinco-marias ou outra brincadeira qualquer. Ficamos durante horas conversando, conversando, conversando. Nós nos sentimos grandes, sabe? Nem falamos isso uma para a outra. Mas nos sentimos tão grandes ali, às dez da noite, conversando por tanto tempo. Aí, uma coisa que fico pensando de hoje em dia, que acho muito triste, é que quando as coisas ficam fáceis demais, perde-se o sabor da conquista. Na verdade, na minha época, eu já ouvia coisas do tipo: Ah, hoje em dia, sair, namorar, beijar é tão mais fácil do que era
. A gente dava festinha em casa, festa de aniversário, e quando tocavam aquelas músicas lentas, a gente dançava agarradinho... Isso com 12, 13 anos... Eu me lembro de as minhas tias passarem e dizerem pra minha mãe: Olha, Neide, que absurdo esses meninos! Quando eu era da idade deles, a gente não dançava assim colado! Separa, separa!
. E a gente lá, agarradinho, dançando. Tudo bem, era mais cedo do que na época da minha mãe, mas dançar abraçado era o máximo da ousadia. Colar no menino de quem você gostava... E depois vinha o beijo. Muito depois, né!? E, então, o