Terapia Gênica com hPEDF via vetores AAVs e Nanopartículas na Asma Alérgica
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Terapia Gênica com hPEDF via vetores AAVs e Nanopartículas na Asma Alérgica - Débora Pires Ferreira
Aos meus pais, por tudo.
A minha avó.
Aos irmãos Celina e Nelsinho Cavalcanti.
ABREVIATURAS
µg – micrograma
µL – microlitro
μm – micrômetro
μM - micromolar
°C - grau Celsius ou centígrado
% - porcentagem
α-SMA - alfa actina de músculo liso
A - adenina
AAP - proteína de ativação de montagem
AAT - alfa-1-antitripsina
AAVs - vírus adeno-associados
AdV – adenovírus
ADA - deficiência de adenosina desaminase
AGEs - produtos finais da glicação avançada, do inglês Advanced Glycation End-products
AIDS - síndrome da imunodeficiência adquirida
AMPc - adenosina 3’,5’-monofosfato cíclico
Ang II - Angiotensin II
AP-1 - proteína ativadora 1
ApoE - apolipoproteína E
APRIL - ligante indutor de proliferação
Arg – Arginina
Asp – Aspartato
ATGL - lipase triglicerídica adiposa
ATP - adenosina trifosfato
ATS - American Thoracic Society
AT/RT - tumor teratóide/rabdóide atípicos
AKT - homólogo do oncogene viral de timoma murino v-akt
FGF - fator de crescimento de fibroblasto
bFGF - fator de crescimento de fibroblasto básico
BAL - lavado broncoalveolar
BALF – fluido do lavado broncoalveolar
BAX - Bcl-2 associada a X
Bcl2 - linfoma de células B 2, do inglês B-cell lymphoma 2
Bcl-x- linfoma extra-grande de células B, do inglês B-cell lymphoma-extra large
BDNF - fator neurotrófico derivado do cérebro
BSA - albumina sérica bovina
C – capeamento, do inglês end-capping
C – citosina
CAR-T - células T do receptor de antígeno quimérico
Cas9 – proteína 9 associada a CRISPR
CBA - Promotor de β actina de galinha, do inglês chicken β-actin
CBG - globulina ligadora de cortisol
CCL - ligante da quimiocina motivo C-C
CCl4 - tetracloreto de carbono
cDNA - ácido desoxirribonucléico complementar
CFDA - China Food and Drug Administration
c-FLIP - proteínas celulares inibidoras de FLICE
CFTR - regulador de condutância transmembranar de fibrose cística
cg - cópias genômicas
CK2 - caseína quinase 2
CLCs - cristais de Charcot-Leyden
cm - centímetro
CP – partículas convencionais
CRISPR - repetições Palindrômicas Curtas Agrupadas e Regularmente Interespaçadas
CTL - linfócitos T citotóxicos
CVF - capacidade vital forçada
CXCL - ligante de quimiocina motivo C-X-C
cysLTs - leucotrienos cisteínicos
DAMPs - padrões moleculares associados a danos
DATASUS - Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde
DMRI - degeneração macular relacionada à idade
DNA- ácido desoxirribonucleico
DPOC - doenças pulmonares obstrutivas crônicas
dsDNA - DNA de dupla fita, do inglês double strand DNA
E – glutamato
ECP - proteína catiônica eosinofílica
EDN - neurotoxina derivada de eosinófilos
eGFP- proteína verde fluorescente melhorada, do inglês enhanced green fluorescent protein
EGF - fator de crescimento epidérmico
EGFR-PTK- proteína tirosina cinase do receptor do fator de crescimento epidérmico
EMA - Agência Europeia de Medicamentos
EMT - transição epitelial-mesenquimal
EndMT - transição endotelial-mesenquimal
EPC-1 - população inicial que duplica o cDNA-1, do inglês early population doubling cDNA-1
ET-1 - endotelina 1
EPO - peroxidase eosinofílica
EPR - epitélio pigmentado da retina
EPR - Expert Panel Report
EROs – espécies reativas de oxigênio
ERK - quinase regulada por sinal extracelular
Ex. - exemplo
F - fenilalanina
FasL - ligante de Faz
FAP-1 - fosfatase-1 associada ao Fas
FDA - Food and Drug Administration
FeNO - fração exalada de óxido nítrico
FEV1 - Volume Expiratório Forçado em 1 segundo
FGFR1- receptor 1 do fator de crescimento de fibroblasto
FIX - fator IX
Flipl- FLICE-like de forma longa
Flt-1 - receptor 1 do fator de crescimento endotelial vascular
FPI - fibrose pulmonar idiopática
FVC - capacidade vital forçada expiratória
g -gramas
G- guanina
Gal-10 - galectina-10
GAGs - glicosaminoglicanos
GDNF - fator neurotrófico derivado de células gliais
GFP - proteína verde fluorescente, do inglês green fluorescent protein
GINA - Global Initiative for Asthma
GM-CSF – fator estimulador de colônias de granulócitos e macrófagos
H2O2- peróxido de hidrogênio
hAAT - alfa-1-antitripsina humano
hASCs - células-tronco derivadas do tecido adiposo humano
HCC - carcinoma hepatocelular humano
HDM - House Dust Mite
HDR - reparo dirigido por homologia
HGF – fator de crescimento de hepatócito
HIF-1α - fator induzível por hipóxia 1 alfa
HMGB1 - proteína de grupo de alta mobilidade 1
hMSCs - células-tronco mesenquimais humanas
hPEDF - fator derivado do epitélio pigmentado de humano
HPV - vírus do papiloma humano
HSCs - células-tronco hematopoéticas
Hsp47 - proteína de choque térmico 47
HSPG - proteoglicano heparan sulfato
HSV-1 - vírus herpes simples tipo 1
HSVtk - timidina quinase do herpes simplex vírus I
HUVEC - células endoteliais da veia umbilical humana
ICS - corticoides inalatórios
ILC-2 - células linfoides inatas do tipo 2
i.n. - intranasal
iNOS - Óxido nítrico sintase induzível
i.p. – intraperitoneal
IP-10 - Interferon gamma-induced protein 10
iPLA2 - fosfolipase A2 independente de cálcio
IRS-2 - substrato do receptor de insulina 2
i.v. – intravenoso
IAM - infarto agudo do miocárdio
ICAM-1 - Molécula de adesão intercelular-1
IFN – interferon
Ig- Imunoglobulina
IgE - imunoglobulina alérgeno específica
IkB - inibidor de NF-kB
IL – interleucina
iNOS - óxido nítrico sintase induzível
irpm- incursões respiratórias por minuto
iRNA – RNA de interferência
i.t. - intratraqueal
ITRs - repetições terminais invertidas
JAK- Janus kinase
JNKs - quinases Jun N-terminais
K - lisina
kb – quilobases
kDa – quilodalton
kg - quilograma
L - litro
LABAs - agonistas β2 de longa duração
LamR - receptor da laminina
LDL - lipoproteína de baixa densidade
LTC4 - leucotrieno C4
LPS - lipopolissacarídeos
LRP6 - receptor de lipoproteínas de baixa densidade relacionada a proteína 6
Lys – Lisina
m - metro
M – mutante
M1 - macrófago tipo 1
M2- macrófago tipo 2
MA - macrófagos alveolares
M-AAV - vírus adeno-associado mutante, do inglês mutant AAV
MAPKs - proteínas quinases ativadas por mitógeno
MBP-1 - proteína básica principal 1
MCP- 1 - proteína quimioatraente de monócitos 1
MEC - matriz extracelular
Mer – números de resíduos em um peptídeo
mg – miligrama
MHC - complexo principal de histocompatibilidade
min - minuto
mL – mililitro
mm – milímetro
mM - milimolar
MMP - metaloproteinase da matriz
MPP – partículas muco penetrantes
mRNA - ácido ribonucleico mensageiro
MT1-MMP - metaloproteinase-1 de matriz tipo membrana
mTOR - proteína alvo da rapamicina em mamíferos
MUC5AC - mucina 5AC
mV - milivolts
NAbs - anticorpos neutralizantes
NADPH- nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato
NAEPP - National Asthma Education and Prevention Program
NPC1 - doença de Niemann-Pick tipo C1
NF-kB - fator nuclear kappaB
ng – nanograma
NK - Natural Killer
NLR - receptor tipo nod
NLR – sequência de localização nuclear
NLRP3 - domínio pirina da família NLR contendo 3
nm – nanômetro
NO - óxido nítrico
NP – nanopartícula
OIR - retinopatia induzida por oxigênio
ORF - janela aberta de leitura
OTC - deficiência de ornitina transcarbamilase
OVA - ovalbumina
P - pressão
P – prolina
PAEs - poli (aminoésteres)
PAF - fator de ativação de plaquetas
PAMPs - padrões moleculares associados aos patógenos
pb - pares de bases
PBAE - poli-beta-amino-éster
PCL - poli (ε caprolactona)
PCR - Reação em Cadeia da Polimerase
PCR - proteína C reativa
PDGF - fator de crescimento derivado de plaquetas
PDI - índice de polidispersidade
pDNA – DNA plasmidial
PECAM-1 - molécula de adesão celular endotelial plaquetária
PEDF - fator derivado do epitélio pigmentado
PEDF-R – receptor do PEDF
PEG - polietilenoglicol
PEI - polietilenoimina
PGD2 - prostaglandina D2
pH - potencial hidrogeniônico
PI3-K - fosfatidilinositídeo 3-quinase
PKA - proteína quinase A
PLA - poli (ácido lático)
PLA2 - fosfolipase A2
PLL - poli-L-lisina
PLXDC - proteínas contendo domínio de plexina
PPARγ - receptor de peroxissoma ativado por proliferador gama
ppb - partes por bilhão
PRR - receptores de reconhecimento de padrões
PUMA - modulador de apoptose regulado positivamente por p53
PVC - policloreto de vinila
PKD – proteínas quinases D
QV - qualidade de vida
R- receptor
rAAV - vírus adeno-associados recombinantes
RANTES - Regulada na ativação, células T normais expressas e secretadas
RCEC - células endoteliais de capilares da retina
RCL - alça central reativa, do inglês "reactive center loop"
Rh – rhesus
RMN - ressonância magnética nuclear
RNA - ácido ribonucleico
ROS - espécies reativas de oxigênio
S – serina
SABAs - agonistas β2 de curta ação
SA-β-gal - beta-galactosidase associada à senescência
SAHF - focos heterocromáticos associados à senescência
scAAV - AAV autocomplementar, do inglês self complementary AAV
SCID - síndrome de imunodeficiência combinada grave
Serpinas – inibidor de serina protease
SIA - ácido siálico
siRNA - RNA silenciador
SMAD - mães contra decapentaplégicos
SNC – sistema nervoso central
SNPs - polimorfismos de nucleotídeo único
ssAAV - AAV fita simples, do inglês single strand AAV
ssDNA - DNA fita simples, do inglês single strand DNA
STZ – estreptozotocina
SUS - Sistema Único de Saúde
sv40 - vacuolante símio
T - timina
T – treonina
TAMs - macrófagos associados à tumores
TGF-β - Fator de transformação do crescimento beta
Th - T helper
TH - tirosina hidroxilase
Thr – treonina
TIMP - inibidor tecidual de metaloproteinases
TLR - receptor tipo toll
TMV - vírus do mosaico do tabaco
TNF - fator de necrose tumoral
TRAIL - Ligante Indutor de Apoptose Relacionado ao TNF
Treg - células T reguladoras
TSLP - linfopoietina estromal tímica
TSP-1 - trombospondina 1
TYK – tirosina quinase
Ub - ubiquitina
V’- fluxo aéreo
VA – vias aéreas
Val - valina
VCAM-1 - proteína de adesão celular vascular-1
VE - ventrículo esquerdo
VEGF - fator de crescimento endotelial vascular
VEF1 - volume expiratório forçado no primeiro segundo
VLPs - vacinas com partículas semelhantes a vírus
VR - vírus
Wnt - Site de integração relacionado ao Wingless, do inglês Wingless-related integration site
WT- selvagem, do inglês wide type
Y - tirosina
Y-F - tirosina para fenilalanina
SUMÁRIO
Capa
Folha de Rosto
Créditos
1.1. INTRODUÇÃO
1.1.1. ASMA
1.1.1.1. DEFINIÇÃO
1.1.1.2. EPIDEMIOLOGIA
1.1.1.2.1. DISTRIBUIÇÃO
1.1.1.2.2. FATORES DETERMINANTES
1.1.1.2.2.1. FATORES GENÉTICOS E EPIGENÉTICOS
1.1.1.2.2.2. ETNIA
1.1.1.3. DIAGNÓSTICO
1.1.1.4. CONDIÇÕES ASSOCIADAS
1.1.1.5. FENÓTIPOS E ENDÓTIPOS
1.1.1.6. CLASSIFICAÇÃO
1.1.1.7. ASMA ALÉRGICA
1.1.1.7.1. FISIOPATOLOGIA
1.1.1.7.1.2. EVENTOS INICIAIS
1.1.1.7.1.3. RESPOSTA IMUNOLÓGICA
1.1.1.7.1.4. A RESPOSTA TH2
1.1.1.7.1.5. FASE TARDIA
1.1.1.7.1.6. REMODELAMENTO DAS VIAS AÉREAS
1.1.1.7.1.7. COMPONENTES DO PROCESSO DE REMODELAMENTO
1.1.1.7.1.8. BRONCOCONSTRIÇÃO
1.1.1.7.1.9. TRATAMENTOS
1.1.1.7.1.9.1. CORTICOSTEROIDES
1.1.1.7.1.9.1.1 EFEITOS COLATERAIS
1.1.7.1.9.2. AGONISTAS Β2 ADRENÉRGICOS
1.1.7.1.9.2.1. EFEITOS COLATERAIS
1.1.7.1.9.3 ANTAGONISTAS DOS RECEPTORES MUSCARÍNICOS
1.1.7.1.9.3.1. EFEITOS COLATERAIS
1.1.1.7.1.9.4. NOVOS ALVOS TERAPÊUTICOS
1.1.1.7.1.9.4.1. ANTICORPOS MONOCLONAIS
1.1.1.7.1.9.4.1.1 EFEITOS COLATERAIS
1.1.1.7.1.9.4.2. ALVOS TERAPÊUTICOS EM DESENVOLVIMENTO
1.1.1.7.1.9.4.3. TERAPIAS ANTI-FIBRÓTICAS
1.1.2. O FATOR DERIVADO DO EPITÉLIO PIGMENTADO (PEDF)
1.1.2.1. CARACTERIZAÇÃO
1.1.2.2. INTERAÇÃO COM COMPONENTES DA MEC E RECEPTORES DE SUPERFÍCIE CELULAR
1.1.2.3. FUNÇÕES
1.1.2.3.1. EFEITOS NA REGULAÇÃO DO CICLO CELULAR E ENVELHECIMENTO
1.1.2.3.2. EFEITOS NA APOPTOSE
1.1.2.3.3 EFEITOS ANTI-ANGIOGÊNICOS
1.1.2.3.3.1. INIBIDOR DE METALOPROTEINASES DE MATRIZ (MMPS)
1.1.2.3.4. EFEITOS ANTI-INFLAMATÓRIOS
1.1.2.3.5. EFEITOS ANTIOXIDANTES
1.1.2.3.6. EFEITOS ANTITUMORAIS
1.1.2.3.7. EFEITO ANTI-FIBRÓTICO
1.1.2.4. PEDF NO PULMÃO
1.1.2.4..1 PEDF NA ASMA
1.1.3. TERAPIA GÊNICA
1.1.3.1. HISTÓRICO
1.1.3.2. APLICAÇÃO CLÍNICA DA TERAPIA GÊNICA
1.1.3.3. POSIÇÃO ATUAL DA TERAPIA GENÉTICA
1.1.3.4. DEFINIÇÃO
1.1.3.5. MECANISMO
1.1.3.5.1. VETORES
1.1.3.5.1.1 VETORES NÃO-VIRAIS
1.1.3.5.1.2. VETORES VIRAIS
1.3.5.1.2.1. VÍRUS ADENO-ASSOCIADO (AAV)
1.1.3.5.1.2.1.1. ESTRUTURA
1.1.3.5.1.2.2. AAV COMO VETOR PARA TERAPIA GÊNICA
1.1.3.5.1.2.2.1. APLICAÇÃO CLÍNICA DO AAV
1.1.3.5.1.2.2.1.1. TERAPIAS EMERGENTES
1.1.3.5.1.2.2.2. LIMITAÇÕES E MELHORAMENTO DO RAAV
1.1.3.6. TERAPIA GÊNICA NO PULMÃO
1.1.3.6.1. AAV NO PULMÃO
1.1.3.6.2. AAV SOROTIPO 8 (AAV8)
1.1.3.6.2.1. AAV8 NO PULMÃO
1.2. NANOPARTÍCULAS
1.2.1. POLÍMEROS
1.2.1.1. POLÍMEROS NATURAIS
1.2.1.2. POLÍMEROS SINTÉTICOS
1.2.1.3. POLÍMEROS BIODEGRADÁVEIS
1.3. POLÍMEROS NA TERAPIA GÊNICA
1.3.1. POLI (Β-AMINOÉSTERES) (PBAES)
1.3.2. RELAÇÃO ESTRUTURA-FUNÇÃO
1.3.3. NANOPARTÍCULAS COM REVESTIMENTO DE PEG
1.3.4. USO DE PEG-PBAE PARA TERAPIA GÊNICA NO PULMÃO
2. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Landmarks
Capa
Folha de Rosto
Página de Créditos
Sumário
Bibliografia
1.1. INTRODUÇÃO
1.1.1. ASMA
1.1.1.1. DEFINIÇÃO
A asma é uma doença respiratória caracterizada por inflamação crônica das vias aéreas, associada à hiper-responsividade brônquica e ao remodelamento pulmonar. Tem origem multifatorial, consequência de complexas interações genético-ambientais, apresentando, assim, heterogeneidade na manifestação clínica, quanto ao tipo e intensidade da inflamação e remodelamento das vias respiratórias (PAPI, et al., 2018; GINA, 2021).
É definida pela recorrência de sintomas respiratórios como sibilos, falta de ar, sensação de aperto no peito
e tosse, que variam com o tempo e em intensidade (GINA, 2021). Além disso, diferentemente das doenças pulmonares obstrutivas crônicas (DPOC), como enfisema e bronquiectasia, que apresentam condição obstrutiva irreversível, a asma apresenta obstrução reversível das vias respiratórias, com limitação variável do fluxo de ar expiratório (SMITH, et al., 2021).
Em asmáticos, o estreitamento das vias aéreas se deve a uma combinação de fatores que incluem a hiper-responsividade brônquica, hipersecreção de muco, edema e alterações estruturais referentes ao remodelamento. Neste sentido, a limitação variável do fluxo de ar pode progredir para limitação persistente do fluxo ou obstrução fixa das vias aéreas (HOUGH, et al., 2020).
Os sintomas e a obstrução do fluxo de ar podem se resolver espontaneamente ou em resposta à medicação, podem estar ausentes por semanas e meses, ou piorar durante os períodos de exacerbação, levando à insuficiência respiratória e ao risco de morte (GINA, 2021). Tais crises asmáticas são desencadeadas por fatores como exposição a alérgenos aéreos, poluição do ar, exercício físico, mudanças no clima, infecções virais do trato respiratório superior e fármacos como a aspirina (TIOTIU, et al., 2020; WARK, et al., 2018).
1.1.1.2. EPIDEMIOLOGIA
1.1.1.2.1. DISTRIBUIÇÃO
A asma é a doença respiratória crônica mais comum em todo o mundo, acometendo cerca de 340 milhões de pessoas (1-18% da população geral) de todas as idades, sendo um problema mundial de saúde (MATTIUZZI, LIPPI, 2020).
Sua prevalência é mais alta em países desenvolvidos, como a Austrália (15%), e mais baixa em países em desenvolvimento, como a China (2%) (TO, et al., 2021). O Brasil é o 8º país em prevalência de asma, com aproximadamente 20 milhões de asmáticos (10%) (Figura 1). É um dos países com maior incidência de asma em crianças, com altas taxas de asma grave. No sul do Brasil, 20% das crianças em idade escolar têm asma, muitas delas com doença não controlada (CARDOSO, et al., 2017). A incidência de sintomas de asma entre adolescentes, de acordo com estudos internacionais, foi de 20%, uma das mais elevadas do mundo. Entre adultos de 18 a 45 anos, 23% dos brasileiros tiveram sintomas de asma no último ano, porém apenas 12% destes tinham diagnóstico prévio de asma (PIZZICHINI, et al., 2020). Segundo o banco de dados do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), ligado ao Ministério da Saúde, no Brasil ocorrem, em média, 120 mil hospitalizações anualmente, sendo a quarta causa de hospitalizações pelo SUS. O custo da hospitalização, de apenas um paciente por ano, é de 733,00 dólares norte-americanos, o que ressalta a grande utilização de recursos da saúde e os elevados custos econômicos da asma (CARDOSO, et al., 2017). Esse custo seria significativamente reduzido com o controle adequado da doença, todavia, apenas 12,3% dos asmáticos apresentam asma bem controlada (PIZZICHINI et al., 2020).
Observa-se um declínio de hospitalizações e mortes devido à asma em alguns países, inclusive no Brasil (PIZZICHINI, et al., 2020). Apesar disso, a asma continua impondo um enorme fardo aos sistemas de saúde e à sociedade (GINA, 2021). O custo para os pacientes, família e comunidade é desproporcionalmente alto em países de baixa e média renda, gerando uma grande disparidade global em termos de absenteísmo e queda de produtividade escolar e no trabalho, e na qualidade e anos de vida perdidos por causa da doença (CAMINATI, et al., 2021; JANSSON, et al., 2020). Sendo assim, o controle da asma é de extrema importância (GINA, 2021).
Figura 1: Prevalência mundial da asma. Modificada de MORAES, SEARS, SUBBARAO, 2018.
1.1.1.2.2. FATORES DETERMINANTES
A maior prevalência