Sergipe
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Sergipe - Adeilson Nogueira
SERGIPE
Adeilson Nogueira
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Proibida a reprodução total ou parcial desta obra, de qualquer forma ou meio eletrônico, e mecânico, fotográfico e gravação ou qualquer outro, sem a permissão expressa do autor. Sob pena da lei.
2
AGRADECIMENTOS
Ao amigo e empresário Kaká Santos, companheiro nesta viagem pelo conhecimento.
3
Aos amigos Everton e Elaine por prestigiarem nosso trabalho. O caminho é longo e árduo. Melhor quando o trilhamos juntos.
4
ÍNDICE
INTRODUÇÃO......................................................................................06
CONQUISTA E COLONIZAÇÃO.............................................................09
SERGIPE EM GUERRA..........................................................................22
CAPITANIA E PROVÍNCIA.....................................................................79
GOVERNANTES.................................................................................107
5
INTRODUÇÃO
Inicialmente nome de um rio da região. Do tupi siri
(Siri, caranguejo), i
(água, rio), pe
(caminho, curso), isto é, curso do rio dos siris; Cyrigipe em carta do padre Manuel da Nobrega, de 1559; Cirigi , em José de Anchieta (1585); Cerigipe, na História do Brasil, de frei Vicente do Salvador; Seregipe, em Gabriel Soares de Sousa, Gregório de Matos e Aires do Casal; Serzipe, na História da América Portuguesa, de Rocha Pita. Os critérios ortográficos vigentes no Brasil para com os geônimos brasílicos postulam Serjipe.
6
É muito glorioso à história de Sergipe registrar o fato de se ter em seu território levantado o primeiro grito de revolta, pondo em atividade a primeira deliberação patriótica para romper as poderosas fortificações holandesas.
Em virtude da lei de 22 de Agosto de 1587, a guerra de Sergipe, sancionada pelo rei, foi considerada justa, e pois, boa oportunidade ofereceu de grandes lucros pela escravização do índio. De fato, quatro mil índios ficaram sob o peso do cativeiro.
O braço africano, que era tanto mais importado quanto maior o protecionismo dos jesuítas ao indígena, foi largamente conduzido para a nova capitania e reunido ao do índio, que a lei considerava escravo; e ativaram o início da colonização em beneficio da raça conquistadora, que entrava na concorrência em pequeno número relativamente às duas. Entretanto seus caracteres étnicos predominaram, em vista da vantagem de seu grau de civilização e de cultura, amontoado por um passado histórico de muitos séculos. Generalizou-se sua língua, sua política e sua religião, que se infiltraram nas novas gerações.
Qual seria o futuro da colonização na Bahia se a conquista de Sergipe não antecedesse um conjunto de circunstâncias tão desfavoráveis a si, e como colônia nascente não fornecesse auxílio para destruir os elementos contrários, que tendiam a fortificar-se? Além disso, ponto intermediário entre os dois mais populosos centros coloniais de então - Bahia e Pernambuco - na colonização de Sergipe as duas capitanias encontraram condições favoráveis à sua prosperidade, em vista da facilidade de comunicação que lhes oferecia.
7
Se não fosse por Sergipe, Bagnuolo teria realizado sua estratégia política perante Nassau, a quem entregou a destruição de uma pequena riqueza pública, amontoada por uma vida de quarenta e tantos anos. Eis antecedentes históricos, que têm sido tão injustamente esquecidos pelos historiadores pátrios para o delineamento dos princípios dirigentes da civilização brasileira.
8
CONQUISTA E COLONIZAÇÃO
O território de Sergipe era compreendido na doação que El-Rei Dom João III fez da capitania da Bahia a Francisco Pereira Coutinho, a 5 de Abril de 1534, cujo foral foi passado a 21 de Agosto do mesmo ano, doação que se estendia, em distância de cinquenta léguas, da barra do rio São Francisco à ponta da Bahia de Todos os Santos.
Alguns lavradores e colonos que residiam entre o Rio Real e o Itapicurú pediram em 1590 auxílio ao governador do Brasil, Cristovão de Barros, a assistência contra o gentio da terra que lhes arruinavam as fazendas, desde esse tempo ficaram aqueles moradores sujeitos a província da Bahia e os governadores gerais alargaram os limites daqueles distritos, estendendo-os até o Rio São Francisco.
9
Sergipe influiu diretamente sobre o movimento da civilização no Brasil. Sob a ação de princípios, que foram transplantados da metrópole, em que a força dirigente não foi uma posse indivisa entre Estado e povo, entre aristocracia e democracia cabendo àquele toda onipotência, toda direção, e a este toda passividade, toda
obediência;
as
condições
físicas poderosamente
contribuiram para fortalecerem-se esses principios, cujos perniciosos efeitos só uma bem acumulada e disseminada ciência restringirá e apagará.
Nos primeiros tempos históricos esse resultado era impossivel, porque a nascente raça, aquela que, por justos motivos, devia sentir amor ao país e mover-se por sentimentos próprios, atravessou um longo periodo de preparação, uma vida secular de assimilação de forças, para criar o espírito cético e levantar a revolta contra a nobreza, que tudo espoliava e tudo avassalava.
Só ulteriores períodos poderiam ser os encarregados de tão nobilitante empenho, cujo início amplamente se faz sentir no atual momento histórico.
E durante esse período de florescência, em que a raça americana ia perdendo a hereditariedade mental e moral dos seus progenitores, quanta coerção, quanto sofrimento, quanta perda de vida mesmo, não sofreu ela por parte da nobreza, da oligarquia portuguesa, da política colonial?
Se elas tornavam exclusiva a si a posse do governo, a direção do movimento, nunca poderiam criar princípios de utilidade real, que servissem de base de uma civilização e que dirigissem o intelecto 10
de um povo. Isto havia de vir do elemento plebeu, democrático, que afrontava o perigo para reunir os elementos da organização de uma ciência, verdadeira lei mental do espírito humano. O
governo não é uma causa de progresso, quando muito um seu expoente. Como ele a religião, força altamente poderosa na história colonial, cuja promiscuidade de interesses prendia nas mãos das duas classes toda atividade, toda deliberação, toda vida nacional, em suma.
E isto era o resultado mais direto do regime de colonização, que Portugal instituiu por uma centralisação administrativa, em que representam saliente papel as duas classes, entrando cedo em coesão, pelo sentimento religioso que as prende, e pela proteção da coroa ao clero, a quem entrega a direção moral das almas do novo continente.
A classe popular não era concedido elaborar nessa organização, privilégio exclusivo da nobreza. Paupérrima de cultura, inconsciente do valor das liberdades, pela hereditariedade dos seus antecedentes, sob a ação da direção moral do clero, que fortalecia os sentimentos de lealdade, reverência e susperstição, características bem visíveis da civilização portuguesa, ela estava muito longe de tornar efetiva a causa de real progresso a ciência.
As leis que dirigiam o espírito dos homens, naquela época, estavam em desequilíbrio de ação, bastante visível durante todo periodo colonial. E elle é a causa real do caminhar lento que leva o paiz. Ao passo que a natureza, fertil, rica, de aspecto assustador, desviava os espíritos da tendência analítica e positiva, excitando 11
as faculdades da imaginação, o baixo nível do intelecto nacional impossibilitava essa mesma tendência.
Muito tinha que trabalhar a classe popular para vencer tão grandes obstáculos, pois em seu seio é que devia iniciar-se o movimento de progresso. O elemento plebeu foi, pois, a força mais ativa e de maior coesão do intelecto brasileiro. Foi ele quem atirou no caminho da inquirição, das pesquisas, o organismo nacional, deixando o selo de sua passagem no accumulo de sciencia e sua distribuição, que a nação vai realizando à proporção que se vai integrando e diferenciando-se o legítimo tipo brasileiro.
Teatro das explorações dos franceses que, de longas eras, trataram com os naturais, cuja vontade procuravam domar, fazendo da região seu maior ponto de reforço, depois que foram expelidos de outros pontos; a conquista de Sergipe evitou uma invasão sobre a Bahia, para qual se preparavam, sendo ela causa real deste feito bélico.
Em geral diz-se que a conquista de Sergipe foi motivada por uma ordem de Felipe I, de Portugal, que a requerimento dos habitantes