Terapia ocupacional e comunicação alternativa em contextos de desenvolvimento humano
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Terapia ocupacional e comunicação alternativa em contextos de desenvolvimento humano - Mariana Gurian Manzini
TERAPIA OCUPACIONAL E COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA EM CONTEXTOS DE DESENVOLVIMENTO HUMANO
Logotipo da Universidade Federal de São CarlosEdUFSCar – Editora da Universidade Federal de São Carlos
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS
Editora da Universidade Federal de São Carlos
Via Washington Luís, km 235
13565-905 - São Carlos, SP, Brasil
Telefax (16) 3351-8137
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Facebook: /editora.edufscar
Instagram: @edufscar
TERAPIA OCUPACIONAL E COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA EM CONTEXTOS DE DESENVOLVIMENTO HUMANO
Mariana Gurian Manzini
Claudia Maria Simões Martinez
(organizadoras)
Logotipo da Editora da Universidade Federal de São Carlos© 2019, dos autores
Capa
Leticia Paulucci
Coordenação editorial
Vitor Massola Gonzales Lopes
Projeto gráfico
Bianca Brauer
Preparação e revisão de texto
Marcelo Dias Saes Peres
Daniela Silva Guanais Costa
Taciana Menezes
Editoração eletrônica (eBook)
Alyson Tonioli Massoli
Coordenadoria de administração, finanças e contratos
Fernanda do Nascimento
Apoio
Fapesp
Processo no 2019/07463-2, Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). As opiniões, hipóteses e conclusões ou recomendações expressas neste material são de responsabilidade dos(as) autores(as) e não necessariamente refletem a visão da Fapesp.
Apoio por mérito
Isaac-Brasil – Associação dos Membros Brasileiros da International Society for Augmentative and Alternative Communication.
Abrato – Associação Brasileira dos Terapeutas Ocupacionais.
Ficha catalográfica elaborada pelo DePT da Biblioteca Comunitária da UFSCar
T315t Terapia ocupacional e comunicação alternativa em contextos de desenvolvimento humano / Organizadoras: Mariana Gurian Manzini, Claudia Maria Simões Martinez. -- Documento eletrônico. -- São Carlos: EdUFSCar, 2023.
ePub: 4.1 MB.
ISBN: 978-85-7600-553-7
1. Terapia ocupacional. 2. Comunicação alternativa. 3. Comunicação suplementar. 4. Contextos de desenvolvimento humano. I. Título.
CDD – 615.8515 (20a)
CDU – 615.851.3
Bibliotecário responsável: Ronildo Santos Prado – CRB/8 7325
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônicos ou mecânicos, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema de banco de dados sem permissão escrita do titular do direito autoral.
Dedicamos este livro aos familiares, aos profissionais da área da educação e da área da saúde e, em especial, às pessoas com severos distúrbios na comunicação oral, pela colaboração, compreensão e participação nas diversas pesquisas aqui apresentadas.
Agradecimentos
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) pela bolsa concedida para realização do estágio pós-doutoral de Mariana Gurian Manzini no Programa de Pós-Graduação em Terapia Ocupacional.
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) pelo apoio financeiro.
À Editora da Universidade Federal de São Carlos (EdUFSCar) pelo apoio na editoração e publicação deste livro.
À Associação dos Membros Brasileiros da International Society for Augmentative and Alternative Communication (Isaac-Brasil) pelo apoio por mérito.
À Associação Brasileira dos Terapeutas Ocupacionais (Abrato) pelo apoio por mérito.
Agradecemos aos autores e coautores dos capítulos e a toda a equipe de editoração, que dedicaram seu tempo e não mediram esforços para a finalização da obra.
Sumário
Prefácio
Apresentação
Gurian Manzini e Claudia Maria Simões Martinez
REFLEXÕES SOBRE A TERAPIA OCUPACIONAL E O USO DA COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA EM CONTEXTOS DE VIDA DIÁRIA
potencialidades, experiências e desafios
Mariana Gurian Manzini, Miryam Bonadiu Pelosi e Claudia Maria Simões Martinez
LAZER, RECREAÇÃO E BRINCADEIRA NO CONTEXTO SOCIAL DAS CRIANÇAS E JOVENS USUÁRIOS DE COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA
Beata Batorowicz e Nadia Browning
COMUNICAÇÃO SUPLEMENTAR E ALTERNATIVA NO CONTEXTO DA ATENÇÃO BÁSICA
Aila Narene Dahwache Criado Rocha e Camila Boarini dos Santos
A COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA NO CONTEXTO HOSPITALAR
Miryam Bonadiu Pelosi, Patrícia Santos de Oliveira Coelho, Kelly do Valle e Janaína Santos Nascimento
TERAPIA OCUPACIONAL E COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA NO CONTEXTO ESCOLAR
Gerusa Ferreira Lourenço e Barbara de Brito Oliveira
COMUNICAÇÃO SUPLEMENTAR E ALTERNATIVA (CSA)
intervenção de terapia ocupacional no contexto clínico
Maria Madalena Moraes Sant'Anna, Renata Cristina Bertolozzi Varela e Vera Lucia Vieira de Souza
COMUNICAÇÃO ALTERNATIVa PARA UMA CRIANÇA COM PARALISIA CEREBRAL NÃO ORALIZADA
intervenção em terapia ocupacional conjunta nos contextos escolar, clínico e familiar
Mariana Gurian Manzini e Claudia Maria Simões Martinez
CONCEPÇÕES, PRÁTICAS E FORMAÇÃO EM TECNOLOGIA ASSISTIVA DE TERAPEUTAS OCUPACIONAIS, FISIOTERAPEUTAS E FONOAUDIÓLOGOS DA CAPITAL ALAGOANA
David dos Santos Calheiros, Raquel Lima da Silva, Flávia Calheiros da Silva e Emanuele Mariano de Souza Santos
Sobre os(AS) Autores(as)
Prefácio
Como representantes da Isaac-Brasil, estamos honradas em escrever o prefácio desta obra organizada pelas terapeutas ocupacionais Mariana Gurian Manzini e Claudia Maria Simões Martinez. Este apoio corrobora a missão desta entidade de divulgar a Comunicação Alternativa, bem como promover e apoiar a realização de pesquisas e publicações sobre esta temática.
A Isaac-Brasil – Associação dos Membros Brasileiros da International Society for Augmentative and Alternative Communication – é uma comunidade de caráter científico, sociocultural, organizacional, assistencial e educacional que tem como finalidade principal congregar profissionais, usuários e familiares de Comunicação Suplementar e Alternativa (CSA), ou Comunicação Alternativa e Ampliada (CAA) ou Comunicação Alternativa e Aumentativa (CAA), denominada genericamente de Comunicação Alternativa, para a promoção da melhor comunicação possível das pessoas com necessidades complexas de comunicação. Foi fundada em 2005 e atualmente as suas principais ações podem ser conhecidas através do site: www.isaacbrasil.org.br.
Sabemos que a interdisciplinaridade é uma das principais características das práticas relacionadas à Comunicação Alternativa e o valor desta obra está em ressaltar o papel da Terapia Ocupacional. O livro apresenta experiências clínicas, educacionais e de pesquisa realizadas por terapeutas ocupacionais de diversas regiões do país, uma delas no Canadá, e em diferentes contextos de atuação.
Os profissionais que compartilham conosco suas experiências e estudos a cada capítulo são considerados referências no Brasil e em outros países. Por isso, este livro se configura como um marco na história da Comunicação Alternativa e, também, da Terapia Ocupacional, auxiliando na mudança do cenário atual de escassez de publicações nacionais sobre o assunto.
Parabenizamos as organizadoras e todos os autores por esta iniciativa e desejamos que a leitura destas páginas possa inspirar e instrumentalizar outros profissionais, multiplicando ações para o fortalecimento da Comunicação Alternativa.
Eliana Cristina Moreira
Fonoaudióloga
Presidente da
Isaac
-Brasil (2018-2019)
Renata Cristina Bertolozzi Varela
Terapeuta Ocupacional
Vice-presidente da
Isaac
-Brasil (2018-2019)
Apresentação
Mariana Gurian Manzini
Claudia Maria Simões Martinez
Este livro nasce de um desejo de reunir as contribuições da terapia ocupacional no uso da comunicação suplementar e/ou alternativa desenvolvidas nos diferentes contextos de desenvolvimento humano.
A aprovação da Dra. Mariana Gurian Manzini no pós-doutorado do Programa de Pós-Graduação em Terapia Ocupacional da Universidade Federal de São Carlos – PPGTO/UFSCar, sob a supervisão da Profa. Dra. Claudia Maria Simões Martinez, docente integrante da Linha 1 Promoção do Desenvolvimento Humano nos Contextos da Vida Diária
alavancou o desenvolvimento e permitiu a finalização desta obra.
Os autores deste livro, todos eles terapeutas ocupacionais, apresentam expertise na área da tecnologia assistiva, em especial na área da comunicação suplementar e/ou alternativa. Além disso, eles representam a terapia ocupacional nas diversas regiões do Brasil e do Canadá, docentes de universidades públicas e particulares. Este livro apresenta uma outra singularidade importante, pois muitos autores fazem parte da Associação dos Membros Brasileiros da International Society for Augmentative and Alternative Communication (Isaac-Brasil) e International Society for Augmentative and Alternative Communication (Isaac-International).
Com grande alegria tivemos a honra de contar com o apoio de Eliana Moreira e Renata Varela, presidentes da Isaac-Brasil, na redação do prefácio desta obra.
Este livro contou com a autoria ilustre de duas terapeutas ocupacionais do Canadá: Ms. Nadia Browning, precursora da comunicação alternativa no Brasil e atual presidente do conselho da Isaac-Internacional – Brasil/Canadá e a professora Dra. Beata Batorowicz, docente da Queen’s University, School of Rehabilitation Therapy em Ontário, Canadá, ambas autoras do capítulo que versa sobre o lazer e a recreação de crianças e jovens usuários de CSA.
De igual importância, o livro também obteve a participação de terapeutas ocupacionais brasileiros como: professora Dra. Miryam Bonadiu Pelosi, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e representante do Conselho Científico da Isaac-Brasil, Patrícia Santos de Oliveira Coelho, Kelly do Valle e Janaína Santos Nascimento da UFRJ, abordando a comunicação alternativa no contexto hospitalar; professora Dra. Gerusa Ferreira Lourenço e Barbara de Brito Oliveira da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), discorrendo sobre comunicação alternativa no contexto escolar; professora Dra. Aila Narene Dahwache Criado Rocha, da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho
(Unesp) e membro do Conselho Científico da Associação dos Membros Brasileiros da Isaac-Brasil e Camila Boarini dos Santos da Unesp, tratando do tema da comunicação alternativa no contexto da atenção básica; professora Dra. Maria Madalena Moraes Sant’Anna da Faculdade Método de São Paulo (Famesp), professora Dra. Renata Cristina Bertolozzi Varela, da Famesp e vice-presidente da Isaac-Brasil, e professora Dra. Vera Lucia Vieira de Souza, da UFRJ e membro do Conselho Científico da Associação dos Membros Brasileiros da Isaac-Brasil, discutindo a comunicação alternativa no contexto clínico; professora Dra. Mariana Gurian Manzini e professora Dra. Claudia Maria Simões Martinez, da UFSCar, apresentando um caso sobre comunicação alternativa no contexto escolar, clínico e familiar conjuntamente e professor Dr. David dos Santos Calheiros, Raquel Lima da Silva, professora Ms. Flávia Calheiros da Silva e professora Ms. Emanuele Mariano de Souza Santos da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal), discorrendo sobre concepções, práticas e formação em tecnologia assistiva. Este último capítulo, embora não discorra diretamente sobre o recurso da CSA, traz importante contribuição sobre a formação do terapeuta ocupacional para uso desse recurso.
Espera-se que a reunião dos temas e experiências apresentadas nesta obra, a partir da divulgação de conhecimentos teóricos e práticos do campo da Terapia Ocupacional com o uso de recursos da comunicação suplementar e/ou alternativa, possa contribuir para o desenvolvimento de competências comunicativas em crianças, jovens e parceiros de comunicação. Espera-se ainda que o uso de recursos de CSA em diferentes contextos de desenvolvimento humano possa promover o engajamento de pessoas com dificuldades na comunicação oral e/ou escrita na direção de conquistarem seus direitos às ocupações.
Por fim, agradecemos muito especialmente a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) pelo apoio ofertado, viabilizando a publicação deste livro.
REFLEXÕES SOBRE A TERAPIA OCUPACIONAL E O USO DA COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA EM CONTEXTOS DE VIDA DIÁRIA
potencialidades, experiências e desafios
Mariana Gurian Manzini[1]
Miryam Bonadiu Pelosi[2]
Claudia Maria Simões Martinez[3]
Comunicação suplementar e/ou alternativa: conceito, surgimento, expansão e peculiaridades
A Tecnologia Assistiva (TA) engloba áreas de comunicação suplementar e/ou alternativa, adaptações de acesso ao computador, equipamentos de auxílio para visão e audição, controle do meio ambiente, adaptação de jogos e brincadeiras, adaptações da postura sentada, mobilidade alternativa, próteses e órteses.[4] Dentre as áreas que a Tecnologia Assistiva abrange, neste capítulo será evidenciada a comunicação suplementar e/ou alternativa (CSA), a qual é definida pelo uso de gestos, expressões faciais e corporais, símbolos gráficos (fotos, figuras, objetos, entre outros), voz digitalizada ou sintetizada.[5]
Para von Tetzchner e Martinsen e Pelosi,[6] a CSA possui um grupo integrado de componentes que auxiliam no desenvolvimento da comunicação. São eles:
• Símbolos: representações de objetos, pessoas, ações, relações e conceitos utilizados para expor o pensamento. Podem ser visuais, auditivos, gráficos, gestuais, expressões faciais, movimentos corporais e táteis.
• Recursos: objetos ou equipamentos utilizados para transmitir as mensagens desejadas. Pode-se citar como recursos as pastas, livros, fichários, aventais, comunicadores de voz, dispositivos móveis e computadores. Estes podem ser divididos em recursos de alta e de baixa tecnologia.
• Estratégias: modo como os recursos são usados durante a interação face a face. As estratégias adotadas resultam da demanda, necessidade e habilidades individuais de cada sujeito.
• Técnicas de seleção: maneira que a pessoa seleciona os símbolos no seu recurso alternativo de comunicação. Pode-se citar como técnicas a seleção direta por meio do apontar, a seleção pelo olhar, a técnica de varredura e a codificação.
A comunicação suplementar e/ou alternativa constitui-se como uma área de caráter multidisciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar[7] que abrange profissionais de diferentes campos de conhecimento (educação, saúde, linguagem, engenharia e informática): terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos, fisioterapeutas, educadores especiais, pedagogos, psicólogos, engenheiros, protéticos, enfermeiros, entre outros.[8] Esses profissionais utilizam os recursos alternativos de comunicação com pessoas que apresentam comprometimentos na oralidade, escrita ou gestualidade.[9] De acordo com a American Speech Language Hearing Association (1989), a comunicação alternativa objetiva compensar, temporária ou permanentemente, a incapacidade ou deficiência do indivíduo com desordem severa de comunicação oral ou escrita.
A prática da comunicação suplementar e/ou alternativa teve início nos anos 1950 nos Estados Unidos, Canadá e Europa.[10] No Brasil, iniciou-se no final da década de 1970 em São Paulo e Rio de Janeiro.[11] Mais especificamente em São Paulo, o emprego da comunicação alternativa deu-se em 1978 com o Sistema Bliss de Comunicação, na Associação Educacional Quero-Quero de Reabilitação Motora e Educação Especial, um centro de habilitação que atendia pessoas com paralisia cerebral sem prejuízo intelectual.[12] Neste período, os principais usuários de CSA eram pessoas com deficiência neuromotora, comprometimento sensório-motor, deficiência intelectual e autismo.
Neste contexto, na década de 1980, o sistema Bliss foi implementado na Associação de Pais e Amigos do Excepcional de Niterói e, em especial, pela terapeuta ocupacional Nadia Browning na Sociedade Pestalozzi do Rio de Janeiro. O sistema Pictogram Ideogram Communication (PIC) e o sistema Picture Communication Symbol (PCS) foram implementados em São Paulo e Florianópolis no final dos anos 1980.[13] Usualmente, o PCS vem sendo o sistema mais utilizado,[14] pois possui desenhos bidimensionais com relação idêntica com o objeto a que se refere.[15]
Nos últimos anos, após a tradução para a língua portuguesa do conjunto de pictogramas do Portal Aragonês de Comunicação Aumentativa e Alternativa (ARASAAC) e do site em que os aplicativos e símbolos são hospedados, observou-se a ampliação do uso destes símbolos em diferentes aplicativos desenvolvidos no Brasil, como o software Scala[16] e o software Prancha Fácil.[17]
Muitos fatores influenciaram positivamente o surgimento e a expansão da comunicação suplementar e/ou alternativa em âmbito nacional e internacional, entre estes pode-se citar: o uso de pranchas com figuras para pessoas sem fala articulada, sistemas de sinais e gestos, acionadores, equipamentos para o controle do ambiente, constituição da Isaac[18] e Isaac-Brasil.[19]
Outros fatores que auxiliaram na consolidação da comunicação suplementar e/ou alternativa em âmbito nacional referem-se aos incentivos à legislação brasileira para a sistematização de políticas para garantia dos direitos de pessoas com deficiência na área da Tecnologia Assistiva e utilização de recursos de CSA. As leis 10.048/2000 e 10.098/2000 estabelecem normas para a promoção da acessibilidade física e comunicativa.[20] O parecer CNE/CEB 17 teve como objetivo o desenvolvimento de estudos na área da comunicação, a fim de buscar melhores recursos para auxiliar e ampliar a capacidade do público-alvo da educação especial de exercer de maneira plena a cidadania.[21] No Decreto 5.296/04, surge o Comitê de Ajudas Técnicas (CAT), com o objetivo de fazer com que todas as pessoas com deficiência no Brasil pudessem ter acesso às tecnologias das quais precisavam para uma maior autonomia e igualdade de oportunidades.[22]
Além dos avanços legais, os pesquisadores da área estão investindo significativamente em pesquisas e divulgando o conhecimento nos eventos específicos da área da comunicação alternativa. Até o momento a Isaac internacional já organizou dezesseis conferências internacionais, as quais acontecem de dois em dois anos em diferentes países.[23] A Isaac-Brasil já organizou sete eventos nacionais em diferentes regiões brasileiras: I Congresso Brasileiro de Comunicação Alternativa – Rio de Janeiro (2005); II Congresso Brasileiro de Comunicação Alternativa – Campinas (2007); III Congresso Brasileiro de Comunicação Alternativa – São Paulo (2009); IV Congresso Brasileiro de Comunicação Alternativa – Rio de Janeiro (2011); V Congresso Brasileiro de Comunicação Alternativa em Gramado (2013); VI Congresso Brasileiro de Comunicação Alternativa em Campinas (2015); e VII Congresso Brasileiro de Comunicação Alternativa em Natal (2017).
A terminologia oficial Augmentative and Alternative Communication – AAC
foi