Viagens
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Sobre este e-book
Viagens cria uma ponte entre a realidade e o imaginário, num cenário e dinâmicas do universo fantástico.
Carlos sofre um acidente de parapente. Em consequência, congemina uma narrativa visionária que partilha com uma sua vizinha e admiradora, num ambiente intimista, mas não íntimo, e ambos partem para a descrição das mais mirabolantes viagens, onde os papéis de escritor e de narrador se fundem, e onde o que importa é o viajar das palavras e nas palavras.
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Viagens - Dina de Carvalho
Voo livre
Esconde-se o sol no horizonte, pintando de cores alaranjadas o contorno da terra com o céu que se vai aquietando na negritude da noite, quando Carlos se lembra que nunca voou durante a noite. O equipamento jaz no porta-bagagem do carro, as aerovias estão livres, e dos voos que realizou durante o dia já conhece sobremaneira as rampas e as condições dos saltos. A noite está boa de térmicas, massas de ar ascendente como uma coluna contínua, com brisa de vento fraco, constante e muito suave. Ótima para o voo livre. Monta o parapente. Conecta-se com ele. Faz o check-in antes da descolagem, corre de frente para o abismo e com um bom vento de frente salta do ponto mais elevado dos montes da Serra dos Candeeiros.
Carlos, escritor de profissão, considerava-se um desportista nato. Gostava de se sentir bem fisicamente. Mente sã em corpo são, costumava ironizar. Praticava corrida, natação, bicicleta, mas em horários livres. Quando se sentia solitário e sem imaginação vestia o seu equipamento de marca e lá ia ele correr para o estádio universitário. Sentia-se jovem e admirado pelas pessoas que por ele passavam. Sobretudo as universitárias de longos cabelos descolorados e peitos virgens amassados contra os livros que apertavam nos braços. Sorria-lhes, e elas correspondiam com risadinhas maliciosas.
Se o atacava a depressão, ia para a piscina. A água limpava-lhe a alma e transportava-o às origens, o nascimento, a mãe. Nada melhor do que reconfortar-se no útero da mãe para voltar a nascer. Novo e renascido. Muitas vezes pegava na bicicleta e ia para as ciclovias do paredão. Ver o mar a fugir à velocidade da sua pedalada era algo que o fascinava. Aspirar o cheiro da maresia, das algas e dos mexilhões na maré-baixa. Era o seu luxo, o passeio de bicicleta pelo paredão. Em Oeiras, na Ericeira, qualquer paredão que cheire a mar. Mas ultimamente precisava de dominar a adrenalina. Sentia-se armadilhado no vazio da sua relação com Mariana. E a vizinha do segundo andar dava-lhe voltas à cabeça. Não lhe saia do pensamento. Sobretudo à noite. Antes de adormecer, pela noite, vinha a lembrança. Só necessitava de um minuto de êxtase com aquela mulher! Um minuto de amor noturno na areia da praia, com aquela mulher de verdade. Mas jurou ser fiel a Mariana.
Precisava de dominar a adrenalina. Pensar noutros voos. Há uns meses que Carlos se inscrevera num curso para obter a licença de voo de parapente. E para aprender. Precisava de abrir as asas rumo à liberdade, de tirar os pés da terra para esquecer as suas mulheres. Para não pensar mais em mulheres. Ao que parecia, estava a resultar.
Já tinha aprendido o salto, a condução e também a técnica para análise dos locais de salto e das condições meteorológicas. Aprendeu sobretudo a observar. Observar as condições do dia, as temperaturas, a velocidade do vento, as nuvens, o sol, a sombra… Já aprendeu os nomes das nuvens: os nimbos, os cúmulos, os cirros e os estratos. A presença de cirros-cúmulos mostra que há turbulência na atmosfera. Se predominarem os cúmulos-nimbos, é sinal de tempestades. Quando os estratos-cúmulos e nimbos-estratos se juntam, as suas nuvens baixas e cinzentas indicam chuva sem relâmpagos. Mas o tempo estava bom, e todos os dias Carlos saía com os instrutores para voar em novos locais, crescentes de perigo e de aventura. Para saltar, bastava a existência de um ponto alto para que um piloto se projete e dedique, de corpo e alma, à prática do parapente. Primeiro foi Santa Cruz. Seguiu-se-lhe São Martinho do Porto. A Ericeira. Muitos voos. Já estava no aperfeiçoamento. Até já fora à Arrábida e sonha um dia destes estar preparado para voar nos Alpes: Chamonix, Annecy e tantos, tantos e belos paraísos espalhados pelo globo. Sonhar não custa dinheiro. Tanto mais que a realidade é cruel quando despida de sonhos.
Hoje está na Serra dos Candeeiros. Discutiu com Mariana pelo telefone e ficou muito perturbado. Uma discussão terrível em que ela lhe impôs o regresso a casa e ao trabalho. Ele sabe que precisa de trabalhar, de escrever! Mas