A nova etiqueta: comportamentos, virtudes e interações à luz de um novo tempo
De Andréia Dias
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Sobre este e-book
Tudo mudou. Regras. Comportamentos. Interações.
E, nesse sentido, como agir nesse cenário volátil, em que tudo parece ser reinventado num ritmo quase diário? Como conduzir a própria vida e a busca por felicidade nessa usina tecnológica em movimento incessante? É isso que a escritora Andréia Dias nos ensina com este livro, em relação a comportamentos, virtudes e interações à luz de um novo tempo.
A obra revela as origens desse código de conduta, sua evolução ao longo da História e, principalmente, os dilemas que ele enfrenta hoje, em um mundo bombardeado por mudanças estruturais. O leitor entenderá que a Nova Etiqueta não é como a antiga, ou seja, um conjunto de regras de comportamento que especificam como devemos nos comportar socialmente e, sim, um exercício permanente de nossas próprias virtudes, sempre em favor do bem comum, algo que excede em muito a nossa esfera privada.
Por meio de uma leitura cativante, o leitor descobrirá como a etiqueta pode ser uma ferramenta poderosa de engrandecimento pessoal, um facilitador de interações e de boas causas e, acima de tudo, um gerador de equilíbrio e autoconhecimento nesses nossos tempos tão difíceis e desafiadores.
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A nova etiqueta - Andréia Dias
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A Rui Koji Nakagawa,
meu amor (in memoriam).
Para Ana Harumi,
minha filha.
Agradecimentos
Gratidão é, sem dúvida, uma das minhas virtudes preferidas e a qual faço questão de exercitar.
Então, quero agradecer primeiramente aos meus pais, Mércia e Arlindo, pela vida e educação. A minha irmã Adriana, pelo amor incondicional e a minha prima/irmã Fernanda, pelo ombro. A minha família, por ser parte da minha história, especialmente a minha tia/madrinha Lourdes, por seu carinho. A Dona Seika Nakagawa, que me inspira na arte de ter uma vida verdadeiramente virtuosa. Um obrigada especial a José Ruy Gandra, por nossas enriquecedoras conversas, por sua orientação e tão importante contribuição na construção deste projeto. Estendo minha gratidão a Beth Klock, por sua paciência ao lhe confidenciar minhas virtudes e vícios; a Inês Pereira, por sua colaboração e entusiasmo em nossas discussões sobre a Nova Etiqueta. Ao Dr. Thiago José Buer Reginato, pela atenção e acompanhamento no meu processo de reconstrução. As minhas amigas Angel’s
e Sabidinhas
, pelo constante apoio. Grata, por toda a minha preciosa rede de antigas e novas amizades que sempre me incentiva.
Prefácio
por Ada de F.M. Dencker
A Cultura Digital mudou as formas de relação social, instituindo um novo conjunto de práticas, costumes e formas de interação social, processadas pelas TICs — tecnologias de informação e comunicação. Isso acarretou uma grande mudança nas formas de relacionamento nas comunidades, nas famílias, escolas e corporações impactadas pela redução cada vez maior do contato face a face. Valores como delicadeza, empatia, respeito, foram sendo colocados em segundo plano na medida em que o comunicador se sente diante de uma máquina e não de uma pessoa. Com a Pandemia da Covid e a necessidade do isolamento, essas mudanças se acentuaram e acarretam diferentes formas de comportamento, frequentemente insolentes e agressivas. Em um cenário hostil como o que estamos vivendo, a proposta feita por Andréia Dias de uma Nova Etiqueta, como fator promotor e renovador das relações sociais, com base em virtudes esquecidas, é um bálsamo. A rica experiência de vida da autora, trazida com inteligência e sensibilidade na narrativa, nos coloca no cenário da vida atual com seus sofrimentos, angústias e frustrações. A inspiração na cultura oriental, o cultivo da beleza, das cores, do respeito, traz de volta uma nova forma de etiqueta com base em valores como empatia, solidariedade, busca de novas formas de superação e autoafirmação que não implicam na exclusão do outro. A hospitalidade, a cortesia, a observância de regras e o cultivo das amizades, nas relações virtuais, são fundamentais para o aprimoramento da Cultura Digital que a cada dia vem deteriorando as relações sociais e tornando as redes espaços de exclusão. Minha relação com a autora, que se mantém até hoje, apesar da diferença de idade e da falta de contato pessoal, é exemplo da possibilidade do exercício da empatia mesmo por meio das redes. Andréia, para mim, é um exemplo da capacidade de enfrentar a vida seguindo padrões éticos, cultivando valores morais, superando as adversidades com base em suas experiências de vida. O resultado é que ela nos oferta não um manual com regras de etiqueta, mas uma bússola que permite navegar de forma segura e solidária nas ondas revoltas do mundo que estamos enfrentando. Aqui você não vai encontrar fórmulas prontas, conselhos pontuais e regras antiquadas de etiqueta. Andréia nos inspira a construir as próprias regras, com base em virtudes, na busca de um mundo melhor, mais belo, mais justo, inclusivo e hospitaleiro fundamentado em uma relação democrática entre a teoria e a prática. A experiência de vida em diferentes níveis sociais e culturais, a observação de princípios e valores diversos, levam Andréia a cultivar a fecundidade das diferenças culturais para fundamentar a força com que desenvolve suas habilidades na resolução de problemas. Como disse Habermas na Inclusão do outro: a reflexão sobre experiências, práticas e formas de vida traz a consciência um saber ético de que ainda não dispomos pela autoridade epistêmica
.
Boa leitura a todos.
Ada de F.M. Dencker, Doutora em Ciências da Comunicação. Professora universitária e Membro do corpo editorial de várias revistas como Turismo em Análise, Boletim de Estudos em Hotelaria e Turismo, Ensino e Pesquisa em Turismo, Caderno Virtual de Turismo (UFRJ), Revista Cultura e Turismo, Revista Rosa dos Ventos e Revista Hospitalidade.
Prefácio:
O sentimento do mundo
por José Ruy Gandra
Em seu caminho acidentado história adentro, é bem provável que nunca, como agora, o ser humano tenha enfrentado tantas perplexidades e dúvidas diante das mudanças na realidade que o cerca. Afinal: que mundo é esse, o dos algoritmos, de pessoas e empresas hiperconectadas e de avanços tecnológicos que vão se sobrepondo quase que diariamente? Como devemos encará-lo? A resposta é... Ainda não sabemos! Tudo o que podemos dizer, por ora, é que ele veio para ficar. A revolução digital, com sua fúria transformadora, não deixou praticamente nada em pé. Amplificada e, de certa forma, antecipada pela pandemia, ela subitamente virou do avesso padrões, regras, comportamentos, valores e costumes que nos acompanharam por séculos. Em todas as áreas. No plano pessoal. Em família. No trabalho. Em sociedade. Como agir nesse cenário altamente volátil, em que tudo parece ser reinventado num ritmo quase diário? Mais importante ainda. Como conduzir a própria vida e a busca por felicidade nessa usina tecnológica em movimento incessante? É isso que Andréia Dias nos ensina, com este seu livro mais que bem-vindo. Tudo mudou, ela nos ensina. Regras. Comportamentos. Interações. Mas o ser humano, em sua essência, permanece o mesmo. O dilema retorna então à esfera da qual jamais deveria ser saído. Retorna para nós mesmos, que nos equilibramos entre dois mundos: o que ele era e o que se tornou. Uma nova realidade que pode nos excluir sumariamente do jogo, por não conseguirmos acompanhá-lo; mas pode também nos impulsionar de modo fantástico em todas essas dimensões. Seguir um caminho ou outro depende fundamentalmente de nós mesmos. Não é à toa que Andréia considera a etiqueta uma ferramenta poderosa de desenvolvimento pessoal. Em sua análise serena, ela nos mostra que, muitíssimo mais que um mosaico de regras frívolas, excludentes e de baixa serventia social, a etiqueta pode ser a senha para um novo olhar sobre o mundo, as nossas relações com os outros e, acima de tudo com a nossa própria consciência. De que modo? Basicamente, sendo nós mesmos. Genuínos. Ou, para usar uma expressão recorrente nesta obra, exercitando as nossas virtudes. Não de modo hipócrita, como tantos. Mas sim deliberadamente. Sentimentos como a coragem, o respeito, o equilíbrio, o discernimento e o zelo não se encontram nas prateleiras de supermercados. Eles nascem em casa, no cultivo diário que só a educação familiar pode proporcionar. Noutras palavras: as virtudes e valores são como flores. Se bem regadas, desabrocham. Se negligenciadas, fenecem. A Nova Etiqueta, no entanto, não se limita à esfera pessoal. Ao contrário. Ela tem um olho permanentemente aberto para o coletivo. É desse modo que as virtudes, uma capacidade individual cultivada, colocam-se a serviço de algo muito maior: o bem comum. O mundo, sabemos muito bem, vive hoje uma pulsão áspera entre o individualismo extremo ocidental e o coletivismo estatal chinês, que avança em todo o planeta. Algo novo, ainda inimaginável, decerto brotará dessa esquina da História. A Nova Etiqueta, como concebida por Andréia, é a nossa contribuição para que, num momento tão complexo, as mais nobres qualidades humanas possam aflorar como um código de conduta democrática e solidária. Parafraseando Carlos Drummond de Andrade e seguindo os conceitos de Andréia, não seria descabido dizer que a etiqueta é um novo sentimento do mundo. Aproveite, portanto, para lapidar o seu.
José Ruy Gandra, jornalista, historiador e biógrafo.
Introdução
É importante relatar que nasci em uma família simples, filha de um retirante pernambucano e neta de imigrantes espanhóis. Durante a infância, meu mundo se resumia ao que podia ver da janela no caminho que ia da minha casa, na zona norte da capital paulista, ao cinturão verde onde imigrantes japoneses cultivam flores e verduras. Era dali que meu pai tirava o sustento da família. A presença das flores em minha vida foi muito intensa desde o princípio: minha casa sempre cheia de flores que preenchiam meu imaginário com perfumes, cores e belezas diversas. Meu encantamento por esse universo de harmonia e beleza foi naturalmente fazendo parte da minha formação como pessoa. Dos sítios nós saíamos carregados de flores que eram distribuídas pelas floriculturas do centro de São Paulo. Eu, ainda tão menina, não sabia, mas naquele convívio entre imigrantes tão diversos, uma história de amor improvável talvez tenha sido semeada.
Foi em 1989, aos 17 anos, que aquela sementinha plantada em minha infância começou a germinar. Durante as aulas de biologia do cursinho pré-vestibular, eu não sabia, mas aquele professor tão jovem – apenas 22 anos, estudante de Medicina na USP – tinha os olhos "puxadinhos’’ só para mim. Rui era o seu nome. A simpatia mútua, as conversas entusiasmadas pós-aula, a sintonia e a atração foram o início do que se tornaria minha história de amor e de vida. Durante um ano ele me seguiu de longe, esperando, segundo ele, eu desabrochar. Coincidentemente, minha única irmã caçula, Adriana Dias S. Morita, também se relacionou e se casou com um rapaz de descendência japonesa e hoje mora no Japão com seu marido e com meu sobrinho.
Após esse ano distantes, ele já estava se formando e começava a residência médica no Instituto da Criança do Hospital das Clínicas de SP – porque tinha escolhido a pediatria como carreira – e eu, ainda tímida, cursava Comunicação Social e Publicidade e Propaganda. Foi quando nos reencontramos, ou melhor, ele me encontrou.
No dia 15 de janeiro de 1991, ele teve coragem e decidiu me procurar em meu trabalho na época. Aproveitando uma tempestade de verão, me ofereceu uma carona. Só não contava que uma enchente nos manteria presos no carro por um longo tempo. Do rádio ouvíamos notícias nada boas: a Guerra do Golfo havia começado e o comentarista já especulava que o mundo estava à beira da terceira guerra mundial. Que nada! Ali estava nascendo uma grande história de amor. Já apaixonados, olhando a tempestade cair, nós naquele momento já sabíamos que seria o primeiro dia do restante de nossas vidas. E assim foi.
Mas não pense que foi um mar de rosas não! Meu pai pernambucano era muito rígido, extremamente controlador, conservador, possessivo e machista. Já do outro lado, na família dele não havia ninguém que não fosse de origem japonesa e eu era, portanto, quem não seria bem aceita. O único jeito foi namorarmos escondido, antes do pedido que seria feito cinco anos depois. Nossa união foi sem pompa; apenas a oficializamos em cartório, onde enfim nossos pais se conheceram e iniciamos nossa jornada de lutas e vitórias.
Ele esteve presente em todos os momentos decisivos da minha vida: na escolha da minha profissão, no meu primeiro estágio, nos inúmeros desafios pessoais, nas decisões da minha carreira acadêmica e profissional, no nascimento e primeiros passos de nossa filha e também no meu dia a dia. Para nós não havia obstáculos ou barreiras, pois sabíamos que onde existe lealdade, respeito e amorosidade, existe amor. Ele consentiu que eu voasse sozinha, sempre estimulando meu desenvolvimento e minha liberdade. Eu, com mochila nas costas, descobri muitos lugares e